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1 
 
 
FUNDAMENTOS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA 
1 
 
 
 
 
 
Sumário 
A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO DOS 
MODELOS EDUCATIVOS ................................................................................. 3 
AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO SISTEMA DE ENSINO BRASILEIRO NO 
CONTEXTO EDUCACIONAL MUNDIAL ........................................................... 4 
A IMPORTÂNCIA DA ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO 
BÁSICA .............................................................................................................. 6 
LEGISLAÇÃO – NOÇÕES BÁSICAS ................................................................. 8 
A EDUCAÇÃO NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS .................................. 10 
AS LEIS DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL – LDBS ... 16 
OS NÍVEIS E AS MODALIDADES DE EDUCAÇÃO E ENSINO ...................... 37 
A EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................................... 37 
O ENSINO FUNDAMENTAL .............................................................. 39 
O ENSINO MÉDIO ............................................................................. 42 
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ............................................ 45 
EDUCAÇÃO ESPECIAL .................................................................... 47 
EDUCAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS ............................................ 50 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 54 
 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a INSTITUIÇÃO, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A INSTITUIÇÃO tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas 
de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO CONTEXTO DA 
GLOBALIZAÇÃO DOS MODELOS EDUCATIVOS 
 
 “Há mais mistérios entre o céu e a Terra do que supõe a nossa vã 
filosofia” (William Sheakespeare, em Hamlet). Não poderia ser mais verdadeira 
a frase deste grande escritor. Muitas vezes nos imaginamos que existe entre os 
governos a intenção básica de constituir ações que visem a melhoria da vida de 
seus cidadãos. 
Mas nem sempre é assim, a crença que existe autonomia de organização 
econômica, política e social por um país sem a interferência externa é atualmente 
impossível. Tudo se relaciona e existem sempre interesses nos bastidores dos 
grandes arranjos internacionais. 
Na educação não é diferente. Desde a crise internacional do capital, 
quando os grandes interesses econômicos perceberam que as formas de 
produção do estado de bem-estar social colocava em risco a sociedade 
capitalista, os grandes economistas propuseram uma grande mudança nas 
formas de trabalho e de formação humana. 
Saímos de um modelo de produção em série de produtos, com grandes 
estoques para uma produção industrial em tempo real, apoiada em fatores 
tecnológicos e de grandes avanços no perfil da mão de obra a ser utilizada. Não 
havia mais espaço para o trabalhador sem qualificação, apenas os mais 
preparados encontrariam lugar no sistema produtivo. 
As nações de maior poderio econômico perceberam a necessidade de 
reestruturação e, entenderam que um dos principais requisitos para esta nova 
demanda seria a educação dos trabalhadores para a nova realidade do trabalho. 
Reunidos, as grandes potências mundiais indicaram às organizações 
multilaterais, em que têm direito à voz e voto, que haveria necessidades de 
expansão dos programas educacionais em países que se desenvolviam e 
formavam mão de obra, voltados à qualificação do trabalhador para o mercado. 
4 
 
 
Não seria um mercado recompensador, pois ficava claro que nos países 
em desenvolvimento a mão de obra trabalharia muito mais, por muito menos 
devido a todas as desigualdades existentes. 
Assim, desenvolveram fundos de financiamento de ações educacionais, 
via Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional para financiar ações de 
modernização destes países em desenvolvimento, desde que esses 
desenvolvessem novas práticas educativas para um mundo mais moderno. 
E assim se fez, por trás de um discurso de desenvolvimento global, a 
globalização realizou em diversos momentos, nos últimos 30 anos, diferentes 
conferências de apoio à “Educação Para Todos”, patrocinada pela ONU e suas 
organizações. 
Estes documentos geraram marcos de intenção de mudança, em que os 
signatários assumiam a responsabilidade de transformarem-se para a 
globalização da educação, para uma educação internacional, de primeiro 
mundo. 
O que vamos ver, a seguir, é o enredo que se criou até a construção, 
oportuna diga-se, das leis que estruturam a educação no Brasil. Desde as 
diretrizes gerais na Constituição Brasileira, até a confecção dos Planos 
Nacionais de Educação prescritos por ela. 
Mostraremos de que forma as articulações políticas neoliberais realizaram 
manobras de votação para garantir a inserção brasileira na realidade neoliberal 
mundial. 
 
AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DO SISTEMA DE ENSINO 
BRASILEIRO NO CONTEXTO EDUCACIONAL MUNDIAL 
O enredo internacional de “Educação para todos” e suas influências na 
estrutura educacional brasileira 
A análise de uma estrutura de educação no contexto de uma sociedade 
em transformação, não pode e não deve ser feita apenas pelas citações de suas 
leis. Torna-se claro, para aqueles que querem fazer da educação sua área de 
5 
 
 
atuação, que as demandas políticas e sociais são as orientadoras dos modelos 
educacionais vigentes em uma nação. 
Em países democráticos, como o Brasil, a legislação educacional passa 
pelos mecanismos reguladores e representativos da sociedade, em que nestas 
fazem-se presentes diferentes formas de pensar a sociedade, o governo e a 
nação. Também se percebe que a manutenção de uma nação, na sociedade de 
relações internacionais, segue um direcionamento de seus interesses nas trocas 
comerciais que se estabelecem. 
O processo de globalização econômica e as transformações do mundo do 
trabalho têm levado à necessidade de mudanças no modo de qualificação do 
trabalhador, exigindo deste uma formação mais técnica visando o trabalho 
tecnológico. Este novo perfil tem feito com que haja maior interesse das grandes 
economias mundiais nas áreas de formação educacional dos países em 
desenvolvimento. 
Quando analisamos os efeitos das propostas trazidas pela Conferência 
Internacional de Educação para Todos JONTIEN (1990), percebemos, por meio 
dos estudos de diferentes autores nacionais, a grande interferência dos 
interesses internacionais na formação para o trabalho, conforme tem sido 
estabelecido nas diretrizes legais da educação brasileira nestes últimos vinte 
anos. 
Foi Casassus que apresentou um primeiro balanço, após uma década das 
reformas ocorridas na América Latina, indicando que: 
As mudanças ocorridas são importantes e serviram para mostrar a 
complexidade com que ocorrem as mudanças da educação. Depois de dez 
anos, as mudanças também foram assimiladaspela população e parecem 
naturais. Por isso, é interessante destacar dinamismo do setor e recordar que 
tem sido o setor da educação que tem operado como ponta-de-lança da 
reforma do Estado (CASASSUS, 2001, p. 28). 
Esta dimensão das mudanças ocorridas deve ser considerada no 
momento de analisarmos os documentos que norteiam a estrutura e o 
funcionamento da educação brasileira, visto que, no contexto das oportunidades 
6 
 
 
para todos, existem conflitos de interesses entre as garantias sociais e os 
interesses econômicos, fazendo com que a educação possa estar a serviço de 
interesses internacionais em que a preparação para o trabalho supera a 
demanda da formação do homem pleno. 
Como nos aponta Souza: 
Para garantir a implementação, no âmbito internacional, de políticas 
macroeconômicas e de desenvolvimento social coerentes com esses novos 
parâmetros, com uma orientação padronizada e global a todos os países [..] 
organismos internacionais de desenvolvimento [...] elaboraram e divulgaram as 
diretrizes gerais e orientadoras das Reformas de Estado, em especial, do setor 
educacional, o que é perceptível por meio de seus documentos oficiais 
(SOUZA, 2002, pp.89-90). 
Desta forma, entendemos que as mudanças na estrutura da educação 
brasileira e de seu funcionamento também sofrem as influências claras destes 
direcionadores internacionais e servem a interesses econômicos em que a 
formação humana foi relegada a um plano secundário. 
 
A IMPORTÂNCIA DA ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA 
EDUCAÇÃO BÁSICA 
A importância da Estrutura e do Funcionamento da Educação Básica, são 
dois elementos para uma educação de qualidade. Para uma melhor 
compreensão da temática primeiramente iremos de forma preliminar conceituar 
Estrutura e Funcionamento em seguida e de forma breve apresentaremos a 
política de educação nacional brasileira para se conhecer como a educação é 
estruturada e definida pela lei de Diretrizes e Bases 9394/96 em nosso país, será 
abordado também as modalidades de ensino e os direitos e deveres do estado 
com relação a educação de nosso país, no segundo tópicos socializaremos o 
resultado da pesquisa de campo, e por fim as considerações finais. 
Este trabalho se constitui de grande relevância no sentido de contribuir 
para o conhecimento e reflexão da realidade educacional brasileira, 
7 
 
 
especialmente para aqueles que se encontram em processo de formação nessa 
área da atuação profissional. 
A estrutura e o funcionamento da educação básica apoiam-se numa 
estrutura definida pela legislação. De início, portanto, é necessário obter um 
conhecimento sobre noções básicas de legislação para entender esse 
funcionamento. 
Por outro lado, apenas a compreensão histórica do tratamento dado à 
educação nos principais diplomas legais que tratam do assunto no país poderá 
promover o aprendizado e a compreensão adequada da questão. Por isso, num 
segundo momento, esse aspecto do tema será devidamente apresentado neste 
texto. 
Toda essa trajetória é necessária para entender os caminhos trilhados 
pela legislação educacional até redundar no atual sistema, definido pela Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, vigente no país atualmente. 
Os detalhes a respeito do tratamento dado ao assunto nessa lei comporão, 
portanto, o restante deste texto, com ênfase no sistema educacional brasileiro. 
O tema é de fundamental importância para você, futuro professor, pois a 
estrutura e o funcionamento da educação básica representam o “pano de fundo” 
de toda a sua atuação profissional no futuro. Há assuntos correlatos que 
permeiam o tema. Por isso, aqui e ali será necessário recorrermos a eles, com 
intuito de esclarecer essa questão de tão grande importância para a sua 
formação. 
De modo geral, a disciplina Estrutura e Funcionamento da Educação 
Básica, ora em desenvolvimento, visa propiciar as condições para que você 
compreenda esse sistema, reconheça-o como um elemento de reflexão sobre a 
realidade educacional brasileira e se sinta estimulado a acompanhar as medidas 
que alteram o sistema, pois isso altera o pano de fundo do seu futuro profissional. 
Aqui, você tomará conhecimento da evolução histórica da educação 
brasileira, aprenderá a conceituar palavras-chave para a sua formação, como 
“sistema” e “sistema escolar”, conhecerá alguns dos motivos que levaram à atual 
estrutura administrativa e didática do sistema, entre outros aspectos relevantes. 
8 
 
 
LEGISLAÇÃO – NOÇÕES BÁSICAS 
Legislação é a “parte da ciência do Direito que se ocupa especialmente 
do estudo dos atos legislativos” (Orlando, P., apud Oliveira, T.N.O.). É também 
“o conjunto das leis que regulam particularmente certa matéria” (Freire, L., apud 
Oliveira, T.N.O.). Legislação educacional pode ser definida, portanto, como o 
conjunto de diplomas legais e documentos correlatos que regulam a educação. 
Legislar é atribuição do Poder Público, principalmente do Poder 
Legislativo. Num regime democrático, inclusive, é indelegável a outro poder. 
Ciclo evolutivo de uma lei 
No caso brasileiro, a estrutura do sistema escolar é estabelecida por um 
diploma legal específico, chamado “Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional - LDBEN”. Sendo assim, é importante contextualizar esse diploma legal 
denominado “Lei” na estrutura legal vigente no país, para sabermos qual o seu 
poder de influência sobre outros diplomas legais e o seu grau de importância na 
hierarquia legal. 
A partir do surgimento de uma ideia, até passar a vigorar no país, uma lei 
passa por etapas de um processo que é apresentado sucintamente a seguir: 
• Iniciativa - pode partir de um legislador (vereador, deputado ou 
senador) ou de todo o Legislativo. 
• Discussão - no Legislativo: 
- esfera municipal – Câmara Municipal; 
- esfera estadual – Assembleia Legislativa; 
- esfera federal – Câmara dos Deputados, Senado ou Congresso 
Nacional. 
• Votação - no Legislativo. 
• Sanção - prerrogativa do Poder Executivo (Prefeito, Governador ou 
Presidente). Trata-se da aprovação da deliberação do legislativo, que levará em 
conta: 
- a constitucionalidade; 
9 
 
 
- a oportunidade; 
- a necessidade do projeto de lei. 
• Promulgação – trata-se da autenticação da regularidade da lei e a 
ordem para a sua execução. É um ato do poder executivo, pelo qual a lei adquire 
força obrigatória. 
• Publicação - divulgação da lei em Diário Oficial para que se torne 
conhecida por todos. 
• Veto - prerrogativa do chefe do Poder Executivo, ou seja, sua 
manifestação contrária à conversão do projeto de lei em lei. Pode ser em parte 
ou na sua totalidade. O veto provoca um novo exame da lei no legislativo, onde 
pode ser rejeitado por voto da maioria dos legisladores. 
Evidentemente esse é um processo demorado, afinal, quanto mais 
importante for o assunto, a tendência é de que mais acalorados sejam os 
debates políticos sobre a lei, pois, nesse processo, agentes sociais de interesses 
diferentes discutem um assunto de interesse comum até chegarem a um texto 
final. 
Classificação e hierarquia das leis 
Classificação 
Quanto à classificação, há uma relação direta entre os diferentes níveis 
de poder, que podem ser assim sintetizados: 
• Leis federais – as mais importantes. 
• Leis estaduais – podem complementar as federais, sem contrariá-
las. 
• Leis municipais – podem complementar as estaduais, sem 
contrariá-las. 
 
 
 
10 
 
 
Hierarquia 
Quanto à hierarquia entre os diplomas legais, a relação que se estabelece 
é a seguinte: 
• Constitucionais – as mais importantes. 
• Complementares – regulamentam normas constitucionais, ou seja, 
complementam a Constituição e se aderem a ela, como se fossem suas partes 
integrantes. 
• Ordinárias – leis comuns que regulamentam dispositivos 
constitucionais, porém, sem aderirem à Constituição. 
Ficou demonstrado que, quanto à hierarquia, as normas constitucionais 
são as mais importantes.A Constituição é entendida como a “Lei Suprema” e 
fundamental do Estado e da vida jurídica de um país. Nela são estabelecidas as 
normas fundamentais, às quais todos os demais diplomas legais devem 
conformar-se, cumprindo o “princípio de constitucionalidade”. 
A LDBEN é uma lei ordinária federal, portanto, subordinada apenas à 
Constituição Federal e suas leis e decretos-leis complementares. Todo o 
restante da legislação educacional do país deve seguir as diretrizes e normas 
nela estabelecidas. 
 
A EDUCAÇÃO NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
 
No Brasil, em pleno século XXI, a educação escolar ainda é um produto 
social desigualmente distribuído. O acesso a um padrão elevado de qualidade 
ainda depende de fatores como classe socioeconômica, sexo, etnia, local de 
residência etc. Tais fatores estão diretamente ligados, inclusive, ao tipo de rede 
escolar a ser frequentado, seja pública ou particular. 
Pode-se afirmar que, a partir de um certo momento da história (o advento 
da república), o discurso político que insistia sobre a função homogeneizadora e 
igualitária da escola, que fabrica cidadãos iguais, foi-se esvaziando 
progressivamente de sua substância. Passamos a vivenciar uma 
11 
 
 
heterogeneidade provocada pela atual fragmentação da estrutura do sistema 
escolar brasileiro em várias redes, reproduzindo e acentuando as desigualdades 
sociais e comprometendo o desenvolvimento econômico e social do país. 
Como cada rede se dirige a consumidores diferentes, a estrutura do 
sistema deixa de ser de livre mercado concorrencial e passa a acentuar, cada 
vez mais, disparidades sociais que se refletem em estatísticas educacionais 
muito diferenciadas. 
A atual estrutura da educação básica é o reflexo de um histórico de 
acontecimentos cujas raízes remontam ao descobrimento do país. Por isso, na 
sequência, serão apontados os principais fatos históricos do processo que 
geraram a atual estrutura: 
A partir do Descobrimento e até a Independência, o Brasil foi uma colônia 
de Portugal. Desse modo, não dispunha de uma constituição própria. Nesse 
período, dentre os principais fatos relacionados à educação que ocorreram, 
destacam-se: 
1549 – chegada dos jesuítas ao Brasil – período marcado pela educação 
para a catequese e a instrução dos “gentios”, através de escolas de primeiras 
letras e colégios; 
1759 – expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal - tentativa de 
laicização do ensino. A educação deveria ser posta a serviço dos interesses civis 
e políticos do império lusitano; 
1808 – chegada da família real ao Brasil – a partir dessa data, a 
administração de D. João VI passou a privilegiar os estudos técnico-militares e 
a deixar em plano inferior à instrução elementar; 
Finalmente, em 1822 o país se tornou independente, ou melhor, parte 
integrante do império português. Desde então, passou a ser regido por normas 
constitucionais próprias, ou seja, num certo sentido passou a definir o seu próprio 
futuro em todos os aspectos, inclusive a educação. No período do império, os 
principais fatos a serem destacados são sucintamente apresentados a seguir: 
1822 – Independência do Brasil – com o advento da independência, surgiu 
uma nova política para a instrução popular; 
12 
 
 
1824 – promulgação da Constituição do Império – aqui, pela primeira vez, 
reconhece-se o direito de todo cidadão brasileiro à instrução primária gratuita. 
Este princípio repetiu-se em quase todas as demais constituições brasileiras, 
exceto a de 1891, que silenciou a esse respeito. Essa Constituição garantia, 
também, a existência de colégios e universidades onde se ensinassem os 
“elementos das ciências, belas artes e artes”; 
1837 – criação do Colégio Pedro II - instituiu o modelo dos estudos 
secundários; 
1854 – Reforma Couto Ferraz - estruturou a instrução primária elementar 
gratuita, garantida na Constituição, em dois níveis; 
1878 – Reforma Leôncio de Carvalho - consagrou o regime de exames 
parcelados no ensino médio; 
Em 1889 foi proclamada a república. A partir de então, gradativamente a 
educação passou a crescer em importância no cenário político e social do país. 
A seguir, são apresentados os principais fatos ocorridos entre esse momento 
histórico e a promulgação da atual Constituição da República Federativa do 
Brasil, em 1988: 
1889 – Proclamação da República – o advento do novo regime, num 
primeiro momento, não trouxe significativas alterações para a instrução pública. 
1891 – promulgação da primeira Constituição da República Brasileira - a 
nova Constituição pouco modificou a partilha de atribuições entre o governo 
central e os governos locais. Mesmo assim, concedeu competência ao 
Congresso Nacional para legislar sobre o ensino superior e estabeleceu ensino 
leigo, a ser ministrado nos estabelecimentos públicos; 
1924 – criação da Associação Brasileira de Educação – ABE – essa 
agremiação passou a reunir elementos de todo o país na discussão de uma 
política nacional de educação; 
1930 – fim da chamada “República Velha”: Getúlio Vargas no poder – 
Getúlio pôs fim ao sistema oligárquico e esvaziou o regionalismo, além de 
redefinir o papel do Estado a partir de uma ação mais intervencionista em todos 
os setores da vida nacional, sobretudo na educação; 
13 
 
 
1931 – criação do Ministério da Educação e Saúde Pública e do Conselho 
Nacional de Educação. Ainda nesse ano, ocorreu a Reforma Francisco Campos, 
promovendo a educação em caráter nacional; 
1932 – Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova – nesse manifesto, a 
educação foi reconhecida como direito de todos e dever do Estado; 
1934 – Constituição outorgada por Vargas – aqui, pela primeira vez, 
inúmeros dispositivos constitucionais foram dedicados à educação, dentre os 
quais se destacam: a difusão, por parte da União e dos estados, da instrução 
pública em todos os seus graus; a isenção de qualquer tributo aos 
estabelecimentos particulares de educação gratuita ou profissional, oficialmente 
considerados idôneos; a criação de fundos para auxílio a alunos necessitados, 
mediante fornecimento gratuito de material escolar, bolsas de estudo, 
assistência alimentar, dentária e médica; estabelecimento da educação como 
direito de todos; a liberdade de ensino 
a todos os graus; o planejamento nacional da educação; a ministração do 
ensino em idioma pátrio; a tendência à gratuidade do ensino posterior ao 
primário; a laicidade do ensino primário, secundário, profissional e normal, nas 
escolas públicas; a exigência de concursos de títulos e provas para provimento 
dos cargos do magistério oficial; a liberdade de cátedra; a aplicação de recursos 
na manutenção e desenvolvimento dos sistemas educativos; a destinação de 
recursos à educação nas zonas rurais; a garantia de ensino primário gratuito aos 
operários ou aos filhos destes, por parte das empresas industriais ou agrícolas; 
o desenvolvimento das ciências, das artes, das letras e da cultura em geral pelos 
poderes públicos; 
1937 – segunda Constituição outorgada por Vargas – apesar de restringir 
liberdades individuais, dedicou alguns dispositivos à educação, dentre os quais 
se destacam: a substituição do conceito de educação como “direito de todos” 
pelo de educação como “dever e direito natural dos pais”, atribuindo à família a 
responsabilidade primeira pela educação integral da prole e, ao Estado, o dever 
de colaborar com a execução desta responsabilidade, suprindo as deficiências 
e lacunas da educação particular; dedicou atenção à infância e à juventude, ao 
dispor sobre a garantia da assistência física, moral e intelectual, a ser-lhes 
14 
 
 
prestada pelos responsáveis e, na falta destes, pelo Estado; a garantia de 
educação de crianças e adolescentes carentes em estabelecimentos federais, 
estaduais e municipais; a destinação do ensino público pré-vocacional e 
profissional aos menos favorecidos e o ensino particular acadêmico às classes 
privilegiadas;a obrigatoriedade da educação física, do ensino cívico e dos 
trabalhos manuais em todas as escolas primárias e médias, como requisito para 
a sua autorização e reconhecimento; estabelecimento de gratuidade e 
obrigatoriedade do ensino primário; instituição, para os mais ricos, de uma 
contribuição “módica e mensal” para o caixa escolar; estabelecimento da 
laicidade do ensino ministrado nas escolas primárias e médias. 
Esta Constituição omitiu-se, no entanto, quanto à aplicação de recursos 
públicos para a manutenção e o desenvolvimento do ensino; 
1942 – Reforma Gustavo Capanema – por meio dela, surgiram o “ginásio” 
e o “colégio”. Dentro do colégio, houve uma subdivisão em dois cursos: o 
clássico e o científico; 
1946 – promulgação da Constituição Pós “Ditadura Vargas” - em 1945, 
após a queda da Ditadura Vargas, retoma-se a orientação descentralista e liberal 
da Constituição de 1934. Merecem destaque os seguintes dispositivos: 
estabelecimento de que “cabe à União legislar sobre as diretrizes e bases da 
educação nacional e organizar o sistema federal de ensino, de caráter supletivo, 
estendendo-se a todo o país, nos estritos limites das deficiências locais (art. 5 e 
170)”; estabelecimento do princípio da obrigatoriedade do ensino primário para 
todos, com gratuidade nas escolas públicas; o estabelecimento da laicidade do 
ensino primário e médio oficial; a prioridade da família na educação; a liberdade 
da iniciativa privada com relação ao ensino; a obrigatoriedade da ministração do 
ensino na língua nacional; a vitaliciedade e a liberdade de cátedra; a aplicação 
de recursos provenientes de impostos no desenvolvimento do ensino; o 
desenvolvimento dos sistemas de ensino federal e dos territórios através de 
Fundo Nacional; a autonomia dos estados e do Distrito Federal na organização 
de seus sistemas de ensino; a assistência educacional aos necessitados; a 
manutenção obrigatória, por parte das empresas, do ensino primário gratuito aos 
servidores e seus filhos; a criação de institutos de pesquisas; 
15 
 
 
O amparo à cultura como dever do Estado; 
1961 – promulgação da Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional – LDB (Lei 4.024) – finalmente a educação passa a ter um conjunto de 
diplomas legais que regulam assunto. Trata-se de um importante passo no 
sentido da unificação do sistema de ensino e da eliminação do dualismo 
administrativo herdado do Império. Nesse ano, também foram criados o 
Conselho Federal de Educação e os conselhos estaduais de educação; 
1964 – implantação da Ditadura Militar – a partir dela, passou a ocorrer 
uma progressiva centralização política e administrativa, na contramarcha do 
processo de descentralização estabelecido pela LDB. Criou-se o Ministério do 
Planejamento, que passou a liderar o processo de planejamento da educação; 
1967 – promulgação da Constituição – com a mudança imposta pelo 
regime militar, esperavam-se grandes mudanças na Constituição, mas foram 
mantidos os principais dispositivos sobre a educação consagrados pela 
Constituição de 1946, com exceção feita ao dispositivo que trata da aplicação de 
recursos públicos no ensino. Merecem destaque: a ampliação das possibilidades 
da iniciativa privada, em relação ao desenvolvimento do ensino, garantindo 
amparo técnico e financeiro do poder público, inclusive através de bolsas de 
estudos; o estabelecimento da faixa etária de obrigatoriedade escolar primária, 
entre os sete e os quatorze anos; 
1968 – Promulgação da Lei nº 5.540, que organizou e normatizou o ensino 
superior; 
1969 – promulgação da Emenda Constitucional nº 1 – esse diploma legal 
não trouxe, no que se refere à educação, grandes novidades. Os principais 
destaques são os seguintes: acréscimo da expressão “é dever do Estado” ao 
dispositivo que trata do “direito de todos à educação”, o que passou a garantir 
este direito; a extinção da liberdade de cátedra, restringindo a liberdade de 
comunicação de conhecimentos; a omissão sobre a aplicação de recursos 
tributários ao ensino; a instituição do salário-educação; 
1971 – promulgação da Segunda LDB brasileira (Lei nº 5692) – no cerne 
da ditadura militar, essa lei apresentava uma tendência centralizadora; 
16 
 
 
1982 – promulgação da Lei 7.044 – aboliu a obrigatoriedade da 
profissionalização no ensino de segundo grau; 
1983 – promulgação da Emenda Constitucional nº 24 – recuperou o 
dispositivo constitucional de 1946, que tratava da aplicação de recursos 
tributários ao ensino; 
1988 – promulgação da Constituição da República atualmente em vigor – 
com o fim da ditadura militar, a nova Carta Magna estabelece que a 
responsabilidade pela organização dos sistemas de ensino deixa de ser 
exclusiva dos estados, reconhecendo-se a existência dos sistemas municipais. 
Além disso, estabelece a convivência entre as redes pública e particular; 
1996 - promulgação da atual LDB (Lei 9.394) – apoiada na nova 
Constituição, é considerada uma lei completa. 
 
AS LEIS DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO 
NACIONAL – LDBS 
 
No total, três leis de diretrizes e bases da educação nacional foram 
promulgadas no Brasil, todas em tempos recentes, a partir de 1961. Até então, 
o Brasil possuía apenas leis e decretos que organizavam ou disciplinavam 
determinados níveis de ensino, separadamente. 
Primeira LDB – Lei Federal nº 4.024, de 20 de dezembro de 
1961 
Esta primeira LDB foi considerada uma lei completa, pois estabelecia 
diretrizes e bases para toda a educação nacional, ou seja, para todos os níveis 
de ensino, desde a pré-escola até o ensino superior. Foi apresentada ao 
Congresso Nacional em 1948 e somente aprovada 13 anos depois, após várias 
discussões entre os setores interessados da sociedade. 
Seus títulos tratavam de questões educacionais amplas, como: 
• os fins da educação; 
17 
 
 
• o direito à educação; 
• a liberdade do ensino; 
• os deveres do Estado para com a educação; 
Estabeleceu a seguinte estrutura para o ensino: 
• Cursos 
- Primário – obrigatório e gratuito nas escolas públicas, com duração 
de quatro anos. 
- Ginásio – não obrigatório e gratuito nas escolas públicas, com 
duração de quatro anos. Em razão do número insuficiente de vagas, havia a 
necessidade de realização de “exames de admissão”. 
- Colegial – Subdividido em “clássico” e “científico”, não era 
obrigatório, mas era gratuito nas escolas públicas, com duração de três anos. 
- Superior – não obrigatório e gratuito nas escolas públicas. 
Segunda LDB – Lei Federal nº 5.692, de 11 de agosto de 1.971 
A primeira mudança introduzida, com relação à anterior, dizia respeito à 
unificação do ensino primário com o ginásio, constituindo o primeiro grau, o que 
significou o prolongamento da escola única, comum e contínua de oito séries. 
Essa lei não renovou toda a anterior, mas vários de seus artigos, 
principalmente os que tratavam dos antigos ensinos primário, ginasial e colegial. 
Revogou 86 artigos da lei anterior, sendo que 34 permaneceram em vigor. 
Essa lei não foi considerada completa, pois limitou-se a estruturar apenas 
dois níveis de ensino, não tratando do ensino superior. Foi elaborada e aprovada 
durante o regime militar, sem discussões ou sugestões por parte da sociedade 
e por “decurso de prazo”, em 40 dias. A reforma do ensino foi realizada com base 
em dois eixos: 
• adequação do sistema educacional à política socioeconômica da 
época, o chamado “milagre econômico”; 
18 
 
 
• necessidade de atender à demanda da sociedade por mais 
escolaridade. 
Seu grande mérito foi unificar os antigos cursos primário e ginasial, 
transformando-os no “curso de 1º Grau”, abolindo, assim, as barreiras do exame 
de admissão. 
Seus títulos tratavam de questões específicas de 1º e 2º Grau, como: 
• objetivos desses níveis de ensino; 
• objetivos das matérias de ensino; 
• mínimo de dias letivos e carga horária anual dos cursos; 
• normas para o financiamento desses níveisde ensino; 
• normas para a formação de docentes. 
Essa lei estabeleceu a seguinte estrutura para o ensino: 
 Ensino de 1º Grau – obrigatório e gratuito nas escolas públicas, 
com duração de oito anos; 
 Ensino de 2º Grau – não obrigatório, mas gratuito nas escolas 
públicas, com duração de 3 a 4 anos e obrigatoriamente 
profissionalizante; 
A obrigatoriedade da profissionalização do Ensino de 2º Grau foi abolida 
em 1982, já que fora um completo fracasso, devido à falta de condições e de 
recursos necessários, por parte da maioria das escolas. 
Essa lei, conhecida como “colcha de retalhos”, esteve em vigor até 1.996, 
quando foi aprovada uma nova LDB, em vigor até os dias de hoje. 
 Terceira LDB – Lei Federal nº 9.394 de 20 de dezembro de 1.996 
Trata-se da lei atualmente vigente, que estabelece as diretrizes e bases 
da educação nacional e norteia a estrutura e o funcionamento da educação no 
país em todos os níveis, da Educação Infantil ao Ensino Superior. 
De modo geral, a estrutura do ensino apresenta a seguinte configuração: 
• Educação Básica, compreendendo: 
19 
 
 
- Educação Infantil – gratuita na escola pública, não obrigatória; 
- Ensino Fundamental – gratuito na escola pública e obrigatório; 
- Ensino Médio – gratuito na escola pública, não obrigatório, mas 
com tendência à progressiva obrigatoriedade. Envolve o ensino 
profissionalizante, desvinculado do propedêutico, sendo que a profissionalização 
pode-se dar paralelamente ou após o aluno ter concluído o Ensino Médio. 
Ensino Superior 
A elaboração dessa nova LDB surgiu da necessidade da educação 
atender e adequar-se à realidade brasileira e às exigências de um mundo cada 
vez mais globalizado. Do mesmo modo, era necessário elaborar uma lei que 
fosse mais adequada aos dispositivos constitucionais que tratam da educação. 
A partir da sua entrada em vigor, novas medidas e regulamentações vêm 
surgindo, tanto por parte do Ministério da Educação quanto do Conselho 
Nacional de Educação e dos conselhos estaduais e municipais, visando adequar 
seus dispositivos às condições locais e regionais. 
Breve histórico do encaminhamento e tramitação 
A atual LDB foi proposta no final de 1988, durante o Governo Sarney, após 
a promulgação da atual Constituição da República. 
O então denominado “Projeto de Lei Otávio Elísio” tramitou no Congresso 
Nacional e recebeu 1.263 emendas até sua primeira votação na Comissão de 
Educação do Congresso, cujo relator era o então Deputado Federal Jorge Hage, 
em junho de 1990. 
O projeto de lei continuou a ser discutido durante todo o governo Collor / 
Itamar, agora com novo congresso que havia sido reformulado em 1.990. Nesse 
período, o Senador Darcy Ribeiro colocou em discussão o seu primeiro projeto 
sobre assunto em maio de 1.992, o qual foi aprovado na Câmara dos Deputados 
em maio de 1.993, tendo como relatora da Comissão a Deputada Federal Ângela 
Amin. No senado, foi alvo de um Parecer do Senador Cid Sabóia em novembro 
de 1.994, postergando sua aprovação. 
20 
 
 
No Governo F.H.C., em fevereiro de 1.996, o projeto de lei do Senador 
Darcy Ribeiro foi aprovado no Senado, tendo ele mesmo como relator, e na 
Câmara dos Deputados em dezembro de 1.996, tendo como relator o Deputado 
Federal Jorge Hage. O projeto recebeu a sanção presidencial sem vetos e foi 
publicado no Diário Oficial da União em 20 de dezembro de 1.996, passando a 
vigorar na forma de lei. 
Títulos 
Na sequência serão abordados os principais aspectos de cada título, no 
que concerne à sua formação e atuação profissional. Ressalta-se que é do seu 
maior interesse a leitura atenta do conteúdo completo da lei, de modo a propiciar 
a reflexão adequada. Aqui, serão apenas citados os principais aspectos e, 
eventualmente, alguns deles são comentados. 
Título I – Da Educação 
Basicamente apresenta o conceito do termo “educação” com um sentido 
bastante amplo e, segundo alguns críticos, com certa ambiguidade 
terminológica. Além disso, define os limites da lei e registra que a educação 
escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. 
Ao afirmar que a educação é um somatório de processos formativos que 
ocorrem na sociedade, e se desenvolvem mediante a interação do educando 
com a vida familiar, a convivência humana no trabalho, nas instituições de ensino 
e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas 
manifestações culturais, o artigo procura abranger todas as fontes de estímulo 
educativo a que estão sujeitos os indivíduos no seu processo formativo. 
No § 1º, o artigo destaca a abrangência da LDB, que se refere 
exclusivamente à educação escolar, uma vez que essa é uma lei destinada a 
regulamentar a estrutura e funcionamento dos sistemas de ensino. As 
instituições próprias a que se refere este parágrafo são as escolas regulares que 
integram tais sistemas. 
O § 2º, ao declarar que a educação escolar se deve vincular ao mundo do 
trabalho e à prática social, preconizou a formação concomitante do cidadão e do 
trabalhador. 
21 
 
 
 
Título II – Dos Princípios e Fins da Educação Nacional 
Define os seguintes princípios: 
• igualdade de condições para acesso e permanência na escola; 
• liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o 
pensamento, a arte e o saber; 
• pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; 
• respeito à liberdade e apreço à tolerância; 
• coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; 
• gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
• valorização do profissional da educação escolar; 
• gestão democrática do ensino público; 
• garantia de padrão de qualidade; 
• valorização da experiência extraescolar; 
• vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas 
sociais. 
E as seguintes finalidades: 
• pleno desenvolvimento do educando; 
• preparação para o exercício da cidadania; 
• qualificação para o trabalho. 
O artigo 2º caracteriza a educação como dever da família e do Estado. Na 
verdade, mais que dever, ela é uma função da família e do Estado, que dela não 
se podem alienar. Esse artigo trata de três assuntos ao mesmo tempo (dever de 
educar, princípios inspiradores da educação e fins da educação). 
22 
 
 
O artigo 3º arrola os princípios que devem presidir a organização e o 
funcionamento escolar. Um breve comentário se faz necessário para um melhor 
entendimento dos mesmos. 
I- Se o ensino fundamental é obrigatório e universal, há que se insistir 
nessa igualdade de acesso e permanência a fim de que eventuais diferenças de 
natureza socioeconômica não venham a privilegiar uns em detrimento dos 
outros. Não basta oferecer vagas para todos na faixa etária de 6 a 14 anos na 
primeira série do ensino fundamental, também é preciso assegurar a 
permanência do educando na escola. É um alerta contra a evasão e pela 
retenção escolar. 
II- A liberdade de aprender, ensinar, pesquisar, bem como de divulgar a 
cultura, o pensamento e o saber é inerente ao sistema democrático e não pode 
ser cerceada de forma alguma. É desse princípio que nasce, por exemplo, a 
possibilidade de haver cursos livres diversos e o direito da iniciativa privada de 
implantar rede de escolas particulares. 
III- O pluralismo de ideias e concepções é outro princípio básico da 
democracia, que deve ser livremente buscado e pesquisado pelo confronto de 
diferentes ideias e concepções. 
IV- O respeito à liberdade e o apreço à tolerância é consequência do inciso 
anterior, pois sem o respeito a esse apreço, o pluralismo se tornaria inviável. 
V- A coexistência de instituições públicas e privadas de ensino reflete, na 
prática, a liberdade de ensinar. Abrir escolas é direito de qualquer cidadão, 
atendidos os requisitos legais. 
VI- A gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais, expressa 
a preocupação social da universalização da oferta de oportunidades 
educacionais, apesar da limitaçãoda capacidade de atendimento das escolas 
públicas, devido à escassez dos recursos orçamentários destinados à educação. 
VII- A valorização dos profissionais da educação se faz urgente na 
atualidade brasileira. Não se pode ter qualidade de ensino sem se dispor de 
professores qualificados. A qualificação docente diz respeito tanto à sua maior 
titulação, quanto à sua melhor remuneração. 
23 
 
 
VIII- A gestão democrática visa à participação da comunidade escolar – 
professores, funcionários, alunos, pais ou membros da comunidade - no governo 
da escola. Só se aplica obrigatoriamente às escolas públicas, por definição 
constitucional (artigo 206, inciso VI da Constituição Federal). 
IX- A garantia do padrão de qualidade do ensino supõe a formulação 
desse padrão pelos sistemas de ensino. O padrão de qualidade deve conquistar 
patamares cada vez mais altos de qualificação pelas escolas. 
X- A valorização da experiência extraescolar, não apenas para permitir 
matrícula inicial dos alunos em séries mais avançadas do processo de 
escolaridade, ou para eliminar matérias equivalentes do currículo, ou ainda para 
a certificação de equivalência com séries e cursos, sobretudo no campo das 
habilitações profissionais, é um princípio flexibilizador da ação educativa. 
XI- Já comentado no artigo 1º § 2º da mesma Lei. 
Título III – Do Direito à Educação e do Dever de Educar 
Nesse título define-se “Educação” como “dever do Estado”. É importante 
notar que o Ensino Superior não aparece nesse título, o que pode significar que 
não seja dever do Estado. O conteúdo se atém especificamente à Educação 
Básica e define cada elemento da seguinte forma: 
• Educação Infantil – atendimento gratuito às crianças de zero a 
cinco anos (de acordo com a legislação correlativa mais atualizada); 
• Ensino Fundamental – obrigatório e gratuito nas escolas públicas 
(ou seja, caso não haja vagas, o sistema é obrigado a criá-las para prover o 
atendimento nessa faixa escolar, inclusive para os que a ele não tiveram acesso 
na idade própria); 
Ensino Médio – progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade; 
Educação especial – atendimento especializado gratuito aos educandos 
com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino. 
Deve-se ressaltar que, com base neste título da lei, qualquer pessoa pode 
exigir do Poder Público o direito ao acesso ao Ensino Fundamental. Acrescenta-
24 
 
 
se, ainda, que a educação é definida, também, como dever da família, com 
matrícula a partir dos seis anos (legislação correlativa atualizada). 
O Estado, entendido no caso como o Poder Público (União, Estados, 
Município e Distrito Federal), para dar efetividade à obrigatoriedade inscrita na 
Constituição, assume o ônus de manter gratuitamente as escolas de ensino 
fundamental de qualidade desejável, de modo a assegurar matrícula a todas as 
crianças em idade escolar, e àquelas que não puderam estudar na idade própria. 
Para que melhor se cumpra este dever, estados e municípios, com a assistência 
da União, deverão recensear periodicamente a população em idade escolar, 
bem como jovens e adultos que não estudaram na idade própria, fazer-lhes a 
chamada pública por ocasião da matrícula e atuar junto a pais e responsáveis 
para que os encaminhem à escola. 
O Ensino Médio, que sucede ao Fundamental, ainda apresenta 
insuficiência de oferta de vagas nas escolas públicas. A lei fala em progressiva 
extensão da obrigatoriedade desse ensino, tendo em vista que os países mais 
avançados mantêm escolaridade obrigatória de mais de doze anos. Como toda 
obrigatoriedade passa a implicar gratuidade, há que se estendê-la 
progressivamente e sem prejuízo de que o ensino fundamental venha a ser 
plenamente satisfeito em sua demanda. 
O atendimento especializado aos educandos com necessidades especiais 
se fará não só gratuitamente, como também na escola comum. Somente nos 
casos extremos é que se justificaria a oferta de vagas em escolas especiais. O 
texto legal privilegia o atendimento em classes comuns de alunos e não trata de 
casos clínicos. 
As creches e pré-escolas mantidas pelo Poder Público atenderão crianças 
de zero a cinco anos de idade, de modo inteiramente gratuito, embora não se 
trate de nível obrigatório. 
O ensino noturno deverá ser ofertado pelo Poder Público, e sua estrutura 
e funcionamento devem sempre levar em conta as condições do aluno. Esse 
ensino é uma alternativa de escolaridade destinada de preferência aos alunos 
trabalhadores e se reveste de um alto sentido social, garantindo as condições de 
acesso e permanência na escola. 
25 
 
 
Além do oferecimento de vagas, no Ensino Fundamental público, deverá 
ser garantido o atendimento por meio de programas suplementares de material 
didático, transporte, alimentação e assistência à saúde. 
Deverão ainda ser garantidos os padrões mínimos de qualidade de 
ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas por aluno, de insumos 
indispensáveis ao desenvolvimento do processo ensino - aprendizagem. 
Título IV – Da Organização da Educação Nacional 
A organização é apresentada para as diferentes esferas de governo, 
definindo os limites de cada sistema e suas respectivas incumbências, da 
seguinte forma: 
• União 
— Sistema federal, que compreende: 
— escolas federais; 
— escolas particulares de Educação Superior. 
• Órgãos federais de educação. 
- Incumbências: 
— elaboração do Plano Nacional de Educação, em colaboração com os 
Estados, Distrito Federal e Municípios; 
— prestar assistência técnica e financeira aos Estados, Distrito Federal e 
Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento 
prioritário à escolaridade obrigatória; 
— estabelecer competências e diretrizes curriculares para assegurar a 
formação básica comum; 
— autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, 
respectivamente, os cursos das instituições de Educação Superior e os 
estabelecimentos do seu sistema de ensino. 
• Estados 
- Sistema estadual, que compreende: 
26 
 
 
— escolas estaduais; 
— escolas municipais de Educação Superior; 
— escolas particulares de Ensino Fundamental e médio; 
— órgãos estaduais de educação. 
- Incumbências: 
— assegurar o Ensino Fundamental e oferecer com prioridade o ensino 
médio; 
— assegurar a formação dos profissionais da educação; 
— autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar os cursos das 
instituições de Educação Superior e os estabelecimentos do seu sistema de 
ensino; 
• Municípios 
- Sistema municipal, que compreende: 
— escolas municipais de Educação Básica; 
— escolas particulares de Educação Infantil; 
— órgãos municipais de educação. 
- Incumbências: 
— oferecer Educação Infantil em creches e pré-escolas e, com prioridade, 
o Ensino Fundamental; 
— autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu 
sistema de ensino. 
Nesse contexto, portanto, a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de 
ensino. 
Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, 
articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo a função normativa, 
redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais. 
27 
 
 
Ainda dentro deste título, a lei estabelece as incumbências dos 
estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema 
de ensino, entre elas a de elaborar e executar sua proposta pedagógica, 
administrar seu pessoal e seus recursos financeiros e materiais, assegurar o 
cumprimento dos dias letivos, oferecer meios para a recuperação dos alunos, 
criar processo de integração escola X comunidade; também estabelece as 
incumbências dos docentes como: participar da elaboração da proposta 
pedagógica da escola, elaborar e cumprir o plano de trabalho, segundo a 
proposta pedagógica, zelar pela aprendizagem dos alunos,estabelecer 
estratégias de recuperação dos alunos de menor rendimento, colaborar com as 
atividades de articulação escola X comunidade. 
De acordo com suas peculiaridades, os sistemas de ensino definirão as 
normas da gestão democrática do ensino público, conforme os princípios de 
participação: 
• dos profissionais da educação na elaboração do projeto 
pedagógico da escola; 
• das comunidades (escolar e local) em conselhos escolares ou 
equivalentes. 
Título V – Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino 
A educação escolar se divide em: 
• Educação Superior 
- Envolvem cursos sequenciais por campo do saber, de graduação, 
extensão e pós-graduação. 
• Educação Básica, subdividida em: 
- Educação Infantil – como primeira etapa da Educação Básica, tem 
como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, 
em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a 
ação da família e da comunidade. Será oferecida em:— creches para crianças 
de até 3 anos; 
— pré-escola para crianças de 4 a 5 anos. 
28 
 
 
Nessa etapa não há obrigatoriedade de cumprir a carga, horária mínima 
anual de 800 horas distribuídas nos 200 dias letivos, como não há também 
avaliação com objetivo de promoção. A avaliação na educação infantil destina-
se ao acompanhamento e registro do desenvolvimento da criança. 
• Ensino Fundamental – como segunda etapa da educação básica, 
com duração de 9 anos, obrigatório e gratuito na escola pública iniciando-se aos 
6 anos de idade, tem como objetivo a formação básica do cidadão, mediante: 
- o desenvolvimento da capacidade de aprender, pelo domínio da 
leitura, da escrita e do cálculo; 
- a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, 
da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; 
- o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em 
vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e 
valores; 
- o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade 
humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. 
O Ensino Fundamental é ministrado em língua portuguesa, assegurada 
às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos 
próprios de aprendizagem. 
O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação 
básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas 
públicas de Ensino Fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural 
religiosa. Cabe aos sistemas de ensino definir os conteúdos do ensino religioso, 
ouvida a entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas. 
A jornada escolar no Ensino Fundamental incluirá pelo menos 4 horas de 
trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de 
permanência na escola para o tempo integral, a critério dos sistemas de ensino. 
• Ensino Médio – como etapa final da educação básica, com duração 
mínima de 3 anos. Apresenta as seguintes finalidades: 
- consolidação e aprofundamento dos conhecimentos adquiridos; 
29 
 
 
- preparação básica para o trabalho e para a cidadania, para 
continuar aprendendo; 
- aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a 
formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento 
crítico; 
- compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos 
processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada 
disciplina. 
O currículo do Ensino Médio observará as seguintes diretrizes: 
- destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do 
significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de 
transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento 
de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; 
- adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a 
iniciativa dos estudantes; 
- incluirá uma língua estrangeira moderna, como disciplina 
obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter 
optativo, dentro das disponibilidades da instituição; 
- incluirá a filosofia e a sociologia como disciplinas obrigatórias em 
todas as séries do ensino médio. 
 Ao término do Ensino Médio, o aluno deve demonstrar: 
- domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a 
produção moderna; 
- conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; 
- domínio dos conhecimentos de filosofia e sociologia, necessários 
ao exercício da cidadania. 
Deve também prestar o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM e 
participar de processos seletivos para evoluir ao Ensino Superior. 
30 
 
 
O nível médio de ensino comporta diferentes concepções: uma 
concepção propedêutica destina-se a preparar os alunos para o prosseguimento 
dos estudos no curso superior; para a concepção técnica, no entanto, esse nível 
de ensino prepara a mão de obra; na compreensão humanística e cidadã, o 
Ensino Médio é entendido no sentido mais amplo, que não se esgota nem na 
dimensão da universidade, nem na do trabalho, mas compreende as duas – que 
constroem e reconstroem pela ação humana, pela produção cultural do homem 
cidadão – de forma integrada e dinâmica. 
Essa concepção está expressa em alguns documentos oficiais sobre as 
competências e habilidades específicas esperadas do aluno deste nível de 
ensino. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais, instituídas pela 
Resolução nº 3, de 26 de junho de 1998, a base nacional comum dos currículos 
do Ensino Médio será organizada em áreas de conhecimento, a saber: a) 
linguagens, códigos e suas tecnologias; b) ciências da natureza, matemática e 
suas tecnologias; c) ciências humanas e suas tecnologias. 
Os princípios pedagógicos que estruturam os currículos do Ensino Médio 
são: identidade, diversidade, autonomia, interdisciplinaridade e 
contextualização. 
Identidade: supõe o reconhecimento das escolas que oferecem esse nível 
de ensino, como instituições de ensino de adolescentes, jovens e adultos, 
respeitadas suas condições e necessidades de espaço e tempo de 
aprendizagem. 
Diversidade e autonomia: referem-se à diversificação de programas e 
tipos de estudos disponíveis, estimulando alternativas, de acordo com as 
características do alunado e das demandas do meio social. 
Interdisciplinaridade: relaciona-se ao princípio de que todo conhecimento 
mantém diálogo permanente com outros conhecimentos. 
Contextualização: significa que a cultura escolar deve permitir a aplicação 
do conhecimento às situações da vida cotidiana dos alunos, de forma que 
relacione teoria e prática, vida de trabalho e exercício da cidadania. 
31 
 
 
A LDB estabelece que o Ensino Médio poderá preparar aluno para o 
exercício de profissões técnicas, desde que atendida a sua formação geral. Essa 
preparação para o trabalho e a habilitação profissional poderá ser desenvolvida 
nos próprios estabelecimentos de Ensino Médio ou em cooperação com 
instituições especializadas em educação profissional. Essa educação 
profissional técnica será desenvolvida ou articulada com o Ensino Médio ou 
subsequente a ele, em cursos específicos, observados os objetivos e definições 
contidas nas diretrizes curriculares nacionais, as normas complementares dos 
respectivos sistemas de ensino e as exigências de cada instituição de ensino, 
nos termos de seu projeto pedagógico. Os diplomas de cursos de educação 
profissional técnica de nível médio, quando registrados, terão validade nacional 
e habilitarão ao prosseguimento de estudos na educação superior. 
A Educação Profissional e Tecnológica integra-se aos diferentes níveis e 
modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da 
tecnologia. Abrangerá os seguintes cursos: 
• de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; 
• de Educação Profissional técnica de nível médio; 
• de Educação Profissional tecnológicade graduação e pós-
graduação. 
A Educação Profissional será desenvolvida em articulação com o ensino 
regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições 
especializadas ou no ambiente de trabalho. Destina-se ao aluno matriculado no 
Ensino Fundamental, Médio ou Superior, ou egresso deles, bem como ao 
trabalhador em geral, jovem ou adulto. 
Portanto, a Educação Profissional insere-se entre a Educação Básica e 
Educação Superior, ou seja, não pertence a um ou a outro, especificamente. 
Essa modalidade visa conduzir o aluno ao permanente desenvolvimento de 
aptidões para a vida produtiva. Divide-se em três níveis: 
• Básico – visa à qualificação, atualização e profissionalização, 
Apresenta currículo variável e representa a educação não formal. Ao final, o 
aluno recebe um “certificado de qualificação”. 
32 
 
 
• Técnico – visa à habilitação profissional. É estudado em módulos, 
é regido por diretrizes curriculares nacionais, sendo que 70% das disciplinas 
compõem um currículo básico e 30% das disciplinas são escolhidas pela escola. 
Ao final, o aluno recebe um “diploma técnico”. 
• Tecnológico – áreas especializadas voltadas a alunos formados em 
Ensino Médio ou Técnico. Ao final, o aluno recebe um “diploma de tecnólogo”. 
Ressalta-se que a Educação Básica envolve, também, a Educação de 
Jovens e Adultos e a Educação Especial. 
A Educação de Jovens e Adultos é destinada para educar aqueles que 
não tiveram, na idade própria, acesso ou continuidade de estudos no Ensino 
Fundamental e Médio. Preferencialmente deverá articular-se com a Educação 
Profissional. 
Haverá exames para a conclusão do Ensino Fundamental e Médio, 
exigindo, no mínimo, 15 e 18 anos respectivamente. Também os conhecimentos 
e habilidades adquiridos por meios informais poderão ser aferidos e 
reconhecidos, mediante exames. 
A Educação Especial é a modalidade de educação escolar, oferecida 
preferencialmente na rede regular de ensino, para alunos portadores de 
necessidades especiais, com início na faixa etária de zero a seis anos. Quando 
não for possível a integração dos alunos nas classes comuns de ensino regular, 
o atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços 
especializados. Quando necessário, haverá serviços de apoio especializado, na 
escola regular, para atender às peculiaridades dessa clientela. 
Condições que os sistemas de ensino deverão oferecer para os 
educandos com necessidades especiais: 
• currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização 
específica para atender às suas necessidades; 
• para os alunos que não puderem atingir o nível exigido para a 
conclusão do ensino fundamental, será oferecida a terminalidade específica de 
acordo com suas capacidades; 
33 
 
 
• os superdotados terão possibilidade de terminar o curso em menor 
tempo; 
• professores especializados para atendimento a esse tipo de 
educando; 
• educação especial para o trabalho e efetiva integração na vida em 
sociedade, no trabalho e em cursos posteriores; 
• acesso do aluno especial aos benefícios dos programas sociais 
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. 
Instituições privadas sem fins lucrativos, que atendam à educação 
especial, poderão ter apoio técnico e financeiro do Poder Público. A oferta de 
educação especial é dever constitucional do estado. 
De modo geral, a Educação Básica tem por finalidade desenvolvimento 
do educando, assegurando-lhe a formação comum indispensável ao exercício 
da cidadania e proporcionar meios para progredir no trabalho e em estudos 
posteriores. 
Deve-se organizar em séries anuais ou semestrais, ciclos, grupos por 
idade ou competência, conforme interesse do processo de aprendizagem. A 
escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando tratar de transferência, 
tendo como base as normas curriculares gerais. 
O calendário escolar deve ser adequado às peculiaridades locais, 
inclusive climáticas e econômicas, da região onde a escola se insere, a critério 
do respectivo sistema de ensino. 
Nos níveis Fundamental e Médio, a carga mínima anual será de oitocentas 
horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, 
excluindo-se o tempo reservado aos exames finais. 
O currículo deve ser composto por uma base nacional comum, mais uma 
parte diversificada, de acordo com as características regionais e locais da 
sociedade, da cultura, da economia e da clientela. Obrigatoriamente os 
currículos devem abranger o estudo de: língua portuguesa, matemática, 
conhecimento do mundo físico e natural, conhecimento da realidade social e 
34 
 
 
política, arte, educação física (facultativa nos cursos noturnos) e língua 
estrangeira moderna. 
O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos 
diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento 
cultural dos alunos. A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo 
do ensino da arte. 
A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é 
componente curricular obrigatório da Educação Básica, sendo sua prática 
facultativa ao aluno: que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis 
horas; maior de trinta anos; que estiver prestando serviço militar, que tenha prole. 
A escolha obrigatória de pelo menos uma língua estrangeira moderna, a 
partir da quinta série, ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das 
possibilidades da instituição. 
Ainda nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, públicos e 
privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e 
indígena (Lei nº 11.645/2008). Os conteúdos referentes a esses estudos serão 
ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de 
educação artística e de literatura e história brasileiras. 
A avaliação deve ser contínua e cumulativa, com prevalência dos 
aspectos qualitativos e dos resultados ao longo do período. A recuperação é 
obrigatória e, de preferência, paralela ao período letivo. Há, ainda, a 
obrigatoriedade de frequência mínima a 75% do total de horas/ano. 
Título VI – Profissionais da Educação 
Nesse título, a LDB aponta os fundamentos para a formação de 
educadores e para a sua valorização. Define como profissionais da educação e 
objeto das disposições desse título: 
• docentes para a Educação Básica; 
• docentes para o Ensino Superior; 
• educadores ligados à: 
35 
 
 
- administração; 
- planejamento; 
- inspeção; 
- supervisão; 
- orientação. 
A formação de docentes para atuar na Educação Básica será feita em 
nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades 
e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para 
exercício do magistério na Educação Infantil e nas quatro primeiras séries do 
Ensino Fundamental, a oferecida na modalidade Normal. (Decreto nº 3276/99-
regulamentação). 
A formação de profissionais de educação para administração, 
planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a Educação 
Básica será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-
graduação, a critério da instituição de ensino. 
A formação docente, exceto para a Educação Superior, incluirá prática de 
ensino de, no mínimo, trezentas horas. 
A preparação para o exercício do magistério superior será feita em nível 
de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado. 
Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da 
educação, assegurando-lhes: 
• ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; 
• aperfeiçoamento profissional continuado; 
• piso salarial profissional; 
• progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na 
avaliação do desempenho; 
• período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na 
carga de trabalho; 
36 
 
 
• condições adequadas de trabalho. 
TítuloVII – Dos Recursos Financeiros 
Neste título são tratados os dispositivos dos mais fundamentais, pois 
define-se de onde deve vir o dinheiro para financiar a educação no país. 
São definidos os percentuais constitucionais de recursos para a educação 
em geral, as despesas para manutenção e desenvolvimento do ensino, o padrão 
mínimo de oportunidades educacionais para o Ensino Fundamental e o custo 
mínimo por aluno, de modo a se atingir um mínimo de qualidade no ensino. 
Os recursos públicos destinados à educação são originados das receitas: 
de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios; de transferências constitucionais e outras; do salário-educação e de 
outras contribuições sociais; de incentivos fiscais e de outros recursos previstos 
em lei. 
A arrecadação, aplicação desses recursos, repasse de valores, despesas 
com manutenção e desenvolvimento do ensino, compreendendo aí, entre outras, 
a remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da 
educação, serão assuntos tratados especificamente na disciplina Planejamento 
e Políticas Públicas da Educação no próximo semestre. 
Título VIII – Das Disposições Gerais 
Assuntos de âmbito geral são tratados nesse título. Dentre eles, 
destacam-se: 
• Estabelecimento de programas intensivos de ensino e pesquisa 
para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas. 
• Incentivo ao desenvolvimento e a veiculação de programas de 
ensino à distância em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação 
continuada. 
• Permissão de organização de cursos ou instituições de ensino 
experimentais. 
37 
 
 
• Aproveitamento dos discentes da educação superior em tarefas de 
ensino e pesquisa pelas respectivas instituições, exercendo funções de 
monitoria, de acordo com o seu rendimento e seu plano de estudos. 
Título IX – Das Disposições Transitórias 
Aqui são tratadas as disposições provisórias, ou seja, por tempo definido. 
É instituída a “década da educação” entre dezembro de 1.996 e dezembro de 
2.006. Nesse período, por exemplo, as instituições escolares devem aproveitar 
o período de transição estabelecido para adequarem-se às novas regras 
estabelecidas na Lei 9394/96. 
 
OS NÍVEIS E AS MODALIDADES DE EDUCAÇÃO E 
ENSINO 
A EDUCAÇÃO INFANTIL 
As Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 4024/61 e 5692/71 
davam outras denominações para esse nível de ensino: educação pré-escolar 
para a LDB 4024/61 e “educação que preceda o ensino de primeiro grau” para a 
Lei 5692/71 em espaços específicos para crianças, entendido mais tarde pelo 
Conselho Federal de Educação como educação pré-escolar. 
Santos (2002, p. 71) considera que a denominação educação pré-escolar 
baseava-se no fato de ser uma modalidade de ensino que atendia as crianças 
antes da fase escolar que se iniciava aos sete anos de idade, segundo as LDB 
anteriores, ou seja, a educação pré-escolar era a modalidade de ensino para 
atender crianças de zero a seis anos de idade. 
A expressão Educação infantil e sua concepção como primeira etapa da 
Educação básica foi acolhida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDB). Se o direito de 0 a 06 anos à Educação em creches e pré-
escolas já estava assegurado na Constituição de 1988 e reafirmado no Estatuto 
da Criança e do Adolescente de 1990, a tradução deste direito em diretrizes e 
normas, no âmbito da Educação nacional, representa um marco histórico de 
grande importância para a Educação infantil em nosso país. 
38 
 
 
A inserção da Educação infantil na Educação básica, como sua primeira 
etapa, é o reconhecimento de que a Educação começa nos primeiros anos de 
vida e é essencial para cumprimento de sua finalidade, afirmada no Art. 22 da 
Lei 9394/96: “a Educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, 
assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e 
fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e nos estudos posteriores”. 
A Educação infantil recebeu um destaque na nova LDB, inexistente nas 
legislações anteriores. É tratada na Seção II, do capítulo II (Da Educação 
Básica), nos seguintes termos: 
Art. 29 A Educação infantil, primeira etapa da Educação básica, tem com 
finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em 
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação 
da família e da comunidade. 
Art. 30 A Educação infantil será oferecida em: I – creches ou entidades 
equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré–escolas para 
crianças de quatro a seis anos de idade. 
Art. 31 Na Educação infantil a avaliação far-se-á mediante 
acompanhamento e registro de seu desenvolvimento, sem o objetivo de 
promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. 
Da leitura desses artigos, é importante destacar, além do que já 
comentamos a respeito da Educação infantil como primeira etapa da Educação 
básica: 
1) A necessidade de que a Educação infantil promova o 
desenvolvimento do indivíduo em todos os seus aspectos, de forma integral e 
integrada, constituindo-se no alicerce para o pleno desenvolvimento do 
educando. O desenvolvimento integral da criança na faixa etária de 0 a 06 anos 
torna – se imprescindível a indissociabilidade das funções de educar e cuidar. 
2) Sendo o papel da Educação infantil complementar ao da família e 
da comunidade, deve estar com essas uma articulação, o que envolve a busca 
constante do diálogo com as mesmas, mas também implica um papel específico 
das instituições de Educação infantil no sentido de ampliação das experiências, 
39 
 
 
dos conhecimentos da criança, seu interesse pelo ser humano, pelo processo de 
transformação da natureza e pela convivência em sociedade. 
3) Ao explicitar que a avaliação na Educação infantil não tem objetivo 
de promoção e não constitui pré-requisito para acesso ao ensino fundamental, a 
LDB traz uma posição clara contra as práticas de alguns sistemas e instituições 
que retêm as crianças na pré-escola até que se alfabetizem, impedindo seu 
acesso ao ensino fundamental aos sete anos. 
4) Avaliação pressupõe sempre referências, critérios, objetivos e deve 
ser orientadora, ou seja, deve visar o aprimoramento da ação educativa, assim 
como o acompanhamento e registro do desenvolvimento (integral, conforme Art. 
29) da criança deverá ter como referência objetivos estabelecidos no projeto 
pedagógico da instituição e o professor. Isto exige que o profissional da 
Educação infantil desenvolva habilidades de observação e de registro do 
desenvolvimento da criança e que reflita permanentemente sobre sua prática, 
aperfeiçoando-a no sentido do alcance dos objetivos. 
Para Brandão (2004, p. 57), os alunos da educação infantil não estão 
sujeitos a avaliações de desenvolvimento, pois é terminantemente proibido o uso 
de resultados para fins de registros e impedimento de prosseguimento de 
estudos na primeira série do ensino fundamental. 
O ENSINO FUNDAMENTAL 
Anteriormente à Lei 11.274/06 o Ensino Fundamental estava configurado 
com uma duração mínima de oito anos (séries). Após a nova Lei o mesmo deve 
ter a duração mínima de 09 anos. Ele é constitucionalmente obrigatório e gratuito 
na escola pública, tendo por objetivo a formação básica do cidadão. Essa 
formação deverá, segundo Piletti, ser alcançada mediante o desenvolvimento da 
capacidade de aprender, processo de aprendizagem que deve ter como meios 
básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo. 
Vejamos o que dispõe o Art. 32 da LDB 9394/96: 
Art. 32: o Ensino Fundamental, com duração mínima de oito anos, 
obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do 
40 
 
 
cidadão. É obrigatório para todas as crianças na faixa etária entre 07 e 14 anos 
e jornada escolar anual de 800 horas-aula, distribuídas em 200 dias letivos. 
A meta de cada escolade ensino fundamental é fornecer ao aluno acesso 
à base comum nacional e à parte diversificada, o que inclui as características 
regionais da sociedade, da cultura, da economia e do cotidiano do aluno. 
O Ensino Fundamental terá por objetivo a formação básica do cidadão, 
mediante: 
I- O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios 
básicos, o pleno domínio da leitura e do cálculo; 
II- A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, 
da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; 
III- O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo em vista a 
aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; 
IV- O fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de 
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. 
Qual a fundamentação legal sobre a ampliação do Ensino Fundamental? 
Para se apropriar do amparo legal sobre a ampliação do Ensino 
Fundamental, é interessante uma perspectiva do seguinte histórico do 
ordenamento político-legal: 
Lei nº. 4.024, de 20 de dezembro de 1961 - Estabelecia 04 anos de Ensino 
Fundamental. 
Acordo Punta del Leste e Santiago - Compromisso de estabelecer 06 anos 
para o Ensino Fundamental até 1970. 
Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971 - Obrigatoriedade do Ensino 
Fundamental de 08 anos. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – admite a 
matrícula no Ensino Fundamental de 09 anos, a iniciar-se aos 06 anos de idade. 
Lei nº. 10. 172, de 09 de janeiro de 2001 - Aprovou o Plano Nacional de 
Educação/PNE. 
41 
 
 
O Ensino Fundamental de 09 anos se tornou meta progressiva da 
Educação nacional. 
Lei nº. 11.114, 16 de maio de 2005 – torna obrigatória a matrícula das 
crianças de seis anos de idade no Ensino Fundamental. 
Lei nº. 11.274, de 06 de fevereiro de 2006 – amplia o Ensino Fundamental 
para nove anos de duração, com a matrícula de crianças de seis anos de idade 
e estabelece prazo de implantação, pelos sistemas, até 2010. 
Principais objetivos e características do Ensino Fundamental segundo 
Brandão, interpretando a legislação: 
• Compreensão por parte do aluno, dos ambientes natural e social, 
do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta 
a sociedade. 
• Fortalecer Fortalecer os vínculos os vínculos de família, os laços 
de família, os laços de solidariedade de solidariedade humana e de humana e 
de tolerância recíprotolerância recíproca em que se assenta a vida em 
sociedade. 
• Ensino ministrado em língua portuguesa e de forma presencial. 
Ensino a Distância somente em situações emergenciais. 
• Às comunidades indígenas fica assegurada a utilização de suas 
línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. 
• Ensino religioso de matrícula facultativa e observado o respeito à 
diversidade cultural religiosa existente no Brasil, sendo vedada qualquer 
discriminação. 
• Jornada escolar de no mínimo quatro horas diárias de trabalho 
efetivo em sala de aula, período que pode ser progressivamente ampliado, até 
se transformar em Ensino Fundamental de tempo integral, a critério do respectivo 
sistema de ensino. 
Segundo Brandão (2004, p. 61), existe uma diferença entre o Ensino 
Fundamental Diurno e o noturno, uma vez que as mesmas regras não são 
aplicadas ao Ensino Fundamental noturno e outros tipos de organização, o que 
42 
 
 
permite uma significativa diferença de qualidade para o período diurno e de pior 
qualidade para o período noturno. 
Para o autor, o fato da Legislação não permitir turnos escolares com 
jornadas menores de quatros horas diárias, proíbe a criação de turnos 
intermediários em escolas cujas regiões não demandam de vagas suficientes 
para atendimento dos alunos em idade escolar. Isso é positivo, pois quando a 
demanda de alunos é maior que a demanda de vagas, escolas devem ser 
construídas e profissionais da educação contratados. 
O Ensino Religioso é obrigatório e segundo a Lei, se constitui em 
disciplina assim como as demais do currículo escolar, porém com algumas 
restrições: a oferta é obrigatória pelo Estabelecimento de Ensino, mas é 
facultativa ao aluno; deve assegurar o respeito à diversidade cultural religiosa 
existente no Brasil, sem quaisquer formas de preconceitos. 
Para Brandão (2004, p. 60), o fato da oferta da disciplina ser obrigatória 
na rede pública de ensino, mas facultativa ao aluno, por um lado preserva sua 
opção religiosa, principalmente quando o motivo é o desacordo ao conteúdo do 
Ensino Religioso ofertado, e por outro lado, ao optar por não realizar a matrícula, 
o aluno sofre invariavelmente certa discriminação, em função de sua opção 
religiosa ser diferente do conteúdo ofertado pela escola. Essa discriminação 
ainda que se dê em maior ou menor grau, será sempre uma discriminação. 
O ENSINO MÉDIO 
Numa definição bastante concisa, a LDB 9394/96 confere uma nova 
identidade ao Ensino Médio, o de etapa final da educação básica. A Constituição 
de 1988 garante a educação como dever do Estado e confere a este nível de 
ensino o estatuto de direito de todo cidadão. Portanto, o Ensino Médio é direito 
de todos aqueles que o desejam e obrigação do poder público. Assim, a LDB por 
ser uma diretriz legal, reitera essa obrigatoriedade. 
Dispõe a Lei 9394/96 sobre o Ensino Médio: 
Do Ensino Médio: 
Art. 35. O ensino médio, etapa final da Educação básica, com duração 
mínima de três anos, terá como finalidades: 
43 
 
 
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no 
ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; 
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para 
continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a 
novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; 
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a 
formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento 
crítico; 
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos 
processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada 
disciplina. 
Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste 
Capítulo e as seguintes diretrizes: 
I - destacará a Educação tecnológica básica, a compreensão do 
significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de 
transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento 
de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; 
II - adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a 
iniciativa dos estudantes; 
III - será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina 
obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter 
optativo, dentro das disponibilidades da instituição. 
IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas 
obrigatórias em todas as séries do ensino médio. (Incluído pela Lei nº. 11.684, 
de 2008) 
§ 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão 
organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: 
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a 
produção moderna; 
44 
 
 
II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem. 
Para a LDB, a educação não é uma mera transmissão de conhecimentos 
e informações. A educação abrange vários modos de formação do ser humano 
e a pessoa é educada para seu desenvolvimento, para a cidadania e para o 
trabalho. 
Então, os sistemas de ensino devem organizar os conteúdos por meio de 
currículos que priorizem as capacidades estabelecidas na LDB, pois como vimos 
no Art. 35, III, o educando deve ter formação ética, desenvolvimento da 
autonomia intelectual e pensamento crítico. 
Segundo a LDB, “o ensino médio, etapa final da educação básica, tem o 
caráter de uma educação geral, e “deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à 
prática

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