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Direito Constitucional I - Neoconstitucionalismo e Constitucionalismo Latino-Americano

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DIREITO CONSTITUCIONAL I
NEOCONSTITUCIONALISMO E CONSTITUCIONALISMO LATINO-AMERICANDO
Hodiernamente, estamos na fase conhecida como Neoconstitucionalismo que apresenta características distintas da fase anterior. Assim, de acordo com o estudado em sala de aula, podemos afirmar que Neoconstitucionalismo e o Constitucionalismo Latino-americano possuem as mesmas características? Justifique.
A partir da análise de suas características é possível identificarmos convergências e divergências entre o neoconstitucionalismo e o constitucionalismo latino-americano, de tal forma que embora certas características sejam comuns a ambos, esses movimentos não se confundem, pois o segundo possui peculiaridades próprias que vão além da proposta neoconstitucionalista.
Inicialmente é necessário entender que o neoconstitucionalismo representa uma certa ruptura com o constitucionalismo liberal de previsão meramente formal de direitos e também com o constitucionalismo social que – apesar de propor a materialização dos direitos por meio da positivação de normas sociais e do estabelecimento da atuação estatal em prol da efetivação desses direitos – não foi capaz de evitar a deflagração de duas grandes guerras, com destaque para as atrocidades cometidas na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) com o Holocausto nazista. É o que se depreende da lição de Lenza (2018, p. 81):
Visa-se, dentro dessa nova realidade, não mais apenas atrelar o constitucionalismo à ideia de limitação do poder político, mas, acima de tudo, busca-se a eficácia da Constituição, deixando o texto de ter um caráter meramente retórico e passando a ser mais efetivo, sobretudo diante da expectativa de concretização dos direitos fundamentais.
O neoconstitucionalismo, portanto, busca garantir materialmente os direitos fundamentais a todos, destacando-se seu cunho axiológico com a relevância dos valores ao lado do direito positivado, “concretizando os direitos fundamentais e as garantias de condições mínimas da dignidade da pessoa humana” (Messa, 2018, p. 53).
Apesar desse esforço, o neoconstitucionalismo não tem se mostrado capaz de atender à pluralidade social e cultural existente na sociedade. De certa forma, seu princípio universalizante acaba sendo uma imposição de “padronização” do modo de ser da maioria em detrimento das minorias. Podemos tomar como exemplo disso o atual movimento contrário às “demasiadas dimensões” das terras indígenas demarcadas, protegidas em sede constitucional, sob o argumento de que o indígena não necessita de tanto espaço “ocioso”. Ora, esta é claramente uma interpretação sob a lógica capitalista do homem branco, dado que é sabido que o modo de vida tradicional do índio requer todo um habitat para garantir sua subsistência.
Foram problemáticas desse tipo que possibilitou a emergência do novo constitucionalismo latino-americano, em que alguns dos países latino-americanos buscaram ampliar a concretização efetiva dos direitos humanos e da participação popular no processo democrático, dando vez e voz às minorias historicamente marginalizadas, em especial, os indígenas.
Para Pedro Lenza (2018, p. 86) o denominado novo constitucionalismo latino-americano:
(...) sedimenta-se na ideia de Estado Plurinacional, reconhecendo, constitucionalmente, o direito à diversidade cultural e à identidade e, assim, revendo os conceitos de legitimidade e participação popular, especialmente de parcela da população historicamente excluída dos processos de decisão, como a população indígena.
Verifica-se, portanto, que embora haja similaridades entre o neoconstitucionalismo e o novo constitucionalismo latino-americano, especialmente quanto à preocupação em ser ver concretizados os direitos positivados e a valorização axiológica das normas jurídicas, não se pode afirmar que esses movimentos possuem as mesmas características, uma vez que o segundo propõe uma abordagem que proporcione um protagonismo muito maior para as classes desfavorecidas, elevando a status constitucional suas características sociais, culturais, religiosas, étnicas e econômicas mais peculiares.
Neste aspecto é esclarecedor o ensinamento de Alves (2012, p.142) ao exemplificar o constitucionalismo latino-americano:
A título exemplificativo, veja-se a Constituição da Bolívia (2009), em que há tratamento do direito indígena em 80 dos 411 artigos. Ressalte-se os seguintes direitos: cotas para parlamentares que sejam oriundos dos povos indígenas; garantia de propriedade exclusiva da terra, recursos hídricos e florestais pelas comunidades indígenas; equivalência entre a justiça indígena e a justiça comum. Todas essas alterações positivam os valores propostos pelo novo constitucionalismo: pluralidade, inclusão, participação efetiva e maior legitimidade da Constituição e da ordem jurídica.
Ressalte-se que Raquel Yrigoyen (2008) denomina esse novo constitucionalismo latino-americano como “constitucionalismo pluralista” e identifica três ciclos em seu desenvolvimento.
O primeiro seria o constitucionalismo multicultural (1982-1988), onde segundo ela considerou-se a diversidade cultural e o reconhecimento de direitos indígenas específicos. O segundo teria sido o constitucionalismo pluricultural (1988-2005), aqui tem-se o conceito de “nação multiétnica” e o desenvolvimento do pluralismo jurídico interno, sendo incorporados vários direitos indígenas ao catálogo de direitos fundamentais. Por fim, o terceiro ciclo seria o do constitucionalismo plurinacional (a partir de 2006), o qual nasce no contexto da aprovação da Declaração das Nações Unidas Sobre os Direitos dos Povos Indígenas (2007), tendo como marco a promulgação das constituições do Equador (2008) e da Bolívia (2009).
Portanto, resta claro que o constitucionalismo está em constante processo de evolução. Trata-se de um movimento dinâmico, atento às demandas sociais e aos processos históricos pelos quais passam a humanidade. É nesse sentido que o novo constitucionalismo latino-americano abre a possibilidade para uma resposta original que considera e respeita a história e as características próprias dos povos latino-americanos e quem sabe, possa fomentar a melhoria do constitucionalismo em todo o mundo na medida em que os povos passem a aplicar seu conceito de plurinacionalidade, permitindo o atendimento das especificidades de cada povo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Marina Vitório. Neoconstitucionalismo e Novo Constitucionalismo Latino-americano: características e distinções. In: Rev. SJRJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 34, p. 133-145, ago. 2012.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
MESSA, Ana Flávia. Direito Constitucional. 5.ed. São Paulo: Rideel, 2018.
ZOUEIN, Luís Henrique Linhares. Constitucionalismo Latino-americano e Estado Plurinacional. Disponível em: https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/09/03/constitucionalismo-latino-americano-e-estado-plurinacional/. Acesso em: 09/02/2020.
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