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enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes NOSSA VOZ. NOSSA FORTALEZA. 12 FLUXO DE proteção Neyla Priscilla Dillyane Ribeiro SUMÁRIO 1. A política de atendimento dos direitos de crianças e adolescentes ..................................................................... 179 2. O sistema de garantia dos direitos de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual ........................................... 182 3. Fluxo em casos de violência sexual ........................................................ 184 4. Defesa e responsabilização .................................................................... 189 Referências .................................................................................................. 191 Perfis das autoras e do ilustrador ............................................................ 192 enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 179 A política de atendimento dos direitos DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES Até aqui, conversamos sobre a importância de reconhecer e garantir os direitos huma- nos de crianças e adolescentes de maneira integral, indivisível e universal. Conversa- mos também sobre as várias expressões da violência contra crianças e adolescentes e suas causas estruturais, sobre o Sistema de Garantias de Direitos e o papel de cada ator na prevenção e na reparação dos danos so- fridos pelas crianças e adolescentes. TÁ NA LEI Como vimos, o art. 86 do Estatuto da Criança e do Adolescente determina que “a política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios”. Dessa forma, se a política de atendimento é um conjunto articulado de ações, isto quer dizer que cada órgão público ou organização não governamental tem um papel a cumprir na promoção dos direitos e na prevenção e reparação das violências sofridas por cada criança ou adolescente e deve agir de maneira articulada. Agora, no último fascículo do nosso cur- so, vamos estudar a importância e as pos- sibilidades de uma ação articulada, inte- grada e interdisciplinar no atendimento de crianças e adolescentes em situação de violência sexual. O objetivo aqui é que conheçamos como deve ser o fluxo de proteção diante da suspeita ou confirma- ção de violência sexual. Alguns princípios muito importantes que regem a aplicação das medidas de proteção são a condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos, a obrigatoriedade da informação e a oiti- va obrigatória, e o direito à participação. Isto é, de acordo com o seu estágio de desenvolvimento e capacidade de com- preensão, a criança e o adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de pessoa por si indicada, têm direito a serem ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida de pro- moção dos direitos e de proteção, sendo 180 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste PUXANDO Prosa QUER SABER COMO? Um grande problema que o Fórum DCA Ceará identificou no monitoramento da rede de atendimento em Fortaleza/CE foi que muitos profissionais, seja por falta de formação ou de pessoal suficiente, chegavam a confundir o que era atendimento com encaminhamento, isto é, diante de um caso de violência sexual, sua atuação se resumia a informar qual outro órgão a pessoa deveria procurar (Araújo, 2018). No entanto, cada equipamento da rede deve realizar o atendimento naquilo que lhe cabe quantas vezes forem necessárias e, ao mesmo tempo, encaminhar para os demais órgãos as informações pertinentes, articular o atendimento da criança, isto é, verificar quando e quem pode recebê-la, e fazer o seguimento do atendimento nos órgãos para os quais foi encaminhada, tanto verificando com a criança e sua família se o atendimento vem sendo realizado quanto com os profissionais dos outros órgãos (Comissão Intersetorial de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, 2017). sua opinião devidamente considerada pela autoridade judiciária competente, quando for o caso. Além disso, a criança e o adolescente devem ser informados dos seus direitos, dos motivos que determinaram a inter- venção e da forma como esta se realizará, conforme determina o art. 100 do ECA. Em primeiro lugar, queremos destacar que quando uma criança ou adolescente conta para alguém que sofreu violência sexual, ela tem direito a ser tratada com respeito, ser acolhida, falar livremente so- bre o que ocorreu e sobre como se sente, bem como de permanecer em silêncio so- bre o que não quiser falar. Isso vale tanto para os/as profissio- nais dos órgãos que a atendam quanto para um familiar ou amigo que a criança ou adolescente procura. Jamais a criança ou adolescente deve ser culpabilizada pela violência que sofreu: qualquer comentário destinado a gerar culpa ou vergonha deve ser evitado. A pessoa que está escutando a criança deve se abster de perguntas so- bre o tamanho da sua roupa ou o que ela teria feito para “provocar” a agressão. Isso porque, numa sociedade adultocêntrica como a nossa, a lei busca proteger a dig- nidade sexual de crianças e adolescentes porque elas são consideradas vulneráveis em relação aos adultos, uma desigualda- de que é estrutural. Agora, se alguma criança ou adolescen- te lhe revelar que sofreu uma violência se- xual ou você tomar conhecimento que isso está acontecendo, saiba a seguir a quem procurar e como deve ser o atendimento! TÁ NA LEIImportante enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 181 Nem sempre crianças e adolescentes vão conhecer os termos “violência sexual”, “abuso” e “exploração”. De acordo com a fase de desenvolvimento e com o vocabulário que em seu contexto se utiliza, eles vão ter sua própria forma de narrar o que lhes acontece, sendo necessário que adultos/as tenham sensibilidade para reparar nos relatos e nos sinais que indicam que possam estar em situação de violência. Em muitos casos demoram anos para que o sujeito perceba que foi vítima de uma violência sexual. Por isso, é tão importante orientar desde cedo, e na linguagem apropriada, crianças e adolescentes para o desenvolvimento sexual saudável, para que possam distinguir os toques que são carinhosos dos toques que são violentos, entender as noções de público e privado, respeitar o próprio corpo e o corpo alheio e entender a importância do consentimento. O Instituto Cores desenvolveu dois materiais para prevenção da violência sexual para crianças – o livro e material didático Pipo e Fifi – e para adolescentes – o livro e material didático Tuca e Juba. 182 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordesteção Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste O sistema de garantia dos direitos DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL O fluxo de proteção pode ser iniciado por di- ferentes sujeitos: a própria criança ou ado- lescente ao revelar o ocorrido para alguém próximo, um profissional, o Disque 100 ou através do aplicativo Proteja Brasil; um profissional da educação, da saúde ou da assistência social quando suspeita de que a criança ou adolescente está sofrendo vio- lência; ou qualquer pessoa que tome conhe- cimento do ocorrido. Todos esses devem procurar os órgãos da rede de proteção. Deve-se evitar que a criança ou adoles- cente seja chamado a narrar por diversas vezes o ocorrido de maneira desneces- sária. Relatar acontecimentos dolorosos sem que seja uma demanda do próprio sujeito pode causar constrangimento e sofrimento. Os equipamentos devem fa- zer quantas entrevistas forem necessárias Importante Não é necessário que se tenha provas da ocorrência da violência sexual para que o fluxo seja iniciado, basta a suspeita de que a violência ocorreu ou está ocorrendo para que surja a obrigatoriedade denotificar ao Conselho Tutelar. Não cabe aos indivíduos a produção de provas, mas sim à polícia investigar o caso, enquanto paralelamente a isso a criança e sua família devem receber o devido atendimento em saúde e assistência social, ademais das medidas de proteção aplicáveis que a criança demanda. Obviamente, quanto mais informação a pessoa que está notificando a violência sexual tiver, mais agilmente o fluxo poderá ser acionado. No entanto, o que queremos deixar bem explicado aqui é que, seja qual for a informação que lhe chegou sobre a ocorrência de violência contra uma criança ou adolescente, isso basta para que seja notificado o Conselho Tutelar. FICA A Dica Também é importante destacar que é possível que as instituições destinadas a proteger as crianças e adolescentes acabem sendo palco de violações. Um exemplo disso é o assédio sexual por parte de professores ou profissionais de saúde, ou até mesmo condutas e falas que são revitimizadoras porque causam culpa, vergonha ou constrangimento. Por isso, algumas organizações não-governamentais e já alguns órgãos públicos, como escolas, têm desenvolvido e adotado uma política de proteção de crianças e adolescentes, onde se estabelecem várias medidas de prevenção da violência contra crianças atendidas no cotidiano da instituição, além de medidas a serem tomadas caso esta ocorra. Você pode saber mais lendo a publicação Um lugar seguro para crianças e adolescentes: Guia prático sobre como proteger crianças e adolescentes de situação de violência no espaço institucional, da Terre des hommes Lausanne no Brasil (2014). para o correto atendimento de crianças e adolescentes. No entanto, aquela entre- vista que demanda a narração da violên- cia é chamada escuta especializada e deve ser limitada ao estritamente necessário para o cumprimento de sua finalidade, se- gundo o art. 7 da Lei 13.431, de 2017. As ações institucionais podem ser dividi- das em medidas de urgência para fazer ces- sar a violência, tais como atendimento em saúde para profilaxia de DSTs e de gravidez, prisão em flagrante do investigado e medi- das de proteção de afastamento do investi- gado do local de convivência com criança e adolescentes vítimas; medidas de reparação para o atendimento em saúde, incluindo saúde mental, assistência social e jurídica; e responsabilização do autor da violência. enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 183 TÁ NA LEI INFRAESTRUTURA Apesar dos esforços de norteamento das oitivas no Brasil, ainda não há escolha única por protocolo disciplinar pelo Poder Judiciário do país. Nesse sentido, quanto à infraestrutura do Depoimento Especial, deve-se seguir o que consta na Recomendação nº 33 do CNJ, de 23 de novembro de 2010. Desse modo, as oitivas deverão ser videogravadas em ambiente separado e apropriado ao nível de desenvolvimento do indivíduo que será ouvido, assistido por profissional especializado. Busca-se impedir que a mesma criança seja submetida a vários procedimentos de oitiva, que podem ser evitados pela revisão do material gravado em primeiro momento de escuta. Importante O Conselho Nacional do Ministério Público publicou o Guia prático para implementação da política de aten- dimento de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência. Acesse: http://www.mpsp.mp.br/ portal/page/portal/infanciahome_c/ LIVRO_ESCUTA_PROTEGIDA-1_1.pdf 184 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste Fluxo em casos DE VIOLÊNCIA SEXUAL O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), por meio da Comis- são da Infância e Juventude (CIJ), disponibilizou eletronicamente, em agosto deste ano, o Guia Prático para Implementação da Política de Atendimen- to de Crianças e Adolescentes Vítimas ou Testemunhas de Violência. O material foi produzido pelo Grupo de Trabalho de Acompanhamento do Sistema de Garan- tia de Direitos da Criança e Adolescente Vítima ou Testemunha de Violência, instituído pela Portaria CNMP-PRESI nº 61, de 24 de maio de 2018 e pode auxiliar muito na construção dos fluxos e protocolos aos quais a Lei nº 13.431/2017 se refere. Acesse o link a seguir e e conhe- ça o fluxo sugerido pelo Conselho Nacional do Ministério Público e conheça os demais fluxos: http:// www.mpsp.mp.br/portal/pa ge/ portal/infanciahome_c/LIVRO_ ESCUTA_PROTEGIDA-1_1.pdf De modo simplificado, esse con- junto de encaminhamentos e providên- cias pode ser assim sintetizado: enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 185 3.1 CONSELHO TUTELAR: É a principal porta de entrada para o flu- xo de proteção. Qualquer pessoa, seja ela familiar, conhecido, vizinho, profis- sional de algum órgão público ou organi- zação não governamental, deve procurar o Conselho Tutelar quando tiver conhe- cimento de que uma criança ou adoles- cente está passando por uma situação de violência. Os cidadãos comuns têm a opção de ligar para o Disque 100 ou regis- trar o fato no aplicativo Proteja Brasil. Já os profissionais da educação, da saúde e da assistência social tem a obrigação de notificar o fato para o Conselho Tutelar da respectiva localidade. O Conselho Tutelar, portanto, é uma das principais portas de entrada das crian- ças e adolescentes para o fluxo de prote- ção em casos de violência. Segundo o art. 131 do ECA, ele é órgão permanente e au- tônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade, por meio de eleições, de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Cabe aos/às conselheiros/as tutela- res atender as crianças e adolescen- tes com direitos ameaçados ou viola- dos por ação ou omissão do Estado, por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável, ou quando a ameaça ou violação do direito decorre da própria conduta da criança ou adolescente. Tam- bém cabe ao Conselho Tutelar atender e orientar os pais ou responsável e requi- sitar serviços públicos nas áreas de saú- de, educação, serviço social, previdên- cia, trabalho e segurança. Quando se fala em atender, não custa destacar que o atendimento não se encer- ra com o encaminhamento para outros ór- gãos. É importante que o Conselho Tutelar tenha estrutura para realizar o seguimen- to dos casos acompanhados até que os direitos sejam restituídos. Cabe ainda ao Conselho Tutelar a aplicação de medidas de proteção. E QUAIS SÃO AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO? São medidas previstas no art. 101 do ECA que podem ser determinadas pelo Conselho Tutelar. O ECA prevê algumas possibilidades, mas outras podem ser pensadas: (1) encaminhamento aos pais, mediante termo de responsabilidade; (2) orientação, apoio e acompanhamento tem- porários; (3) matrícula e frequência obriga- tórios em estabelecimento oficial de ensi- no fundamental; (4) inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente; (5) requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; (6) inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; (7) representar à autoridade judiciária solicitando o acolhimento institucional ou familiar. 3.2 SAÚDE O Ministério da Saúde, gestor federal do Sistema Único de Saúde, lançou o docu- mento “Linha de Cuidado para Atenção Integral à saúde de Crianças, Adolescentes e suas Famílias em Situações de Violên- cias” em 2010, para orientar os gestores e profissionais de saúde para uma ação contínua e permanente em atenção inte- gral à saúde de crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violências. A estratégia compreende as dimensões re- sumidas no diagrama da pág. 186. São diversos os riscos a que crianças e adolescentes vítimas de violência sexual estão expostos. Segundo a Norma Técnica de Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mu- lheres e Adolescentes (Ministério da Saúde, 2012), destaca-secomo risco: as DSTs, HIV/ Aids, Hepatite B e Gravidez. Além disso, o documento trata dos cuidados necessá- rios em cada caso, sendo uma importante fonte de consulta para os profissionais de saúde e demais pessoas interessadas. Uma questão deveras relevante a ser considerada nos serviços de saúde é a gravidez em decorrência da violência sexual. A lei brasileira estabelece a possi- bilidade de interrupção legal da gravidez nas seguintes hipóteses (art. 128 do Códi- go Penal): (1) se não há outro meio de sal- var a gestante; (2) se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consen- timento da gestante ou, quando incapaz (menores de 16 anos), de seu representante legal. Além disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069/1990, determina 186 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste 1 Caps: Centro de Atenção Psicossocial; 2 Capsi: Centro de Atenção Psicossocial Infante; 3 Cras: Centro de Referência de Assistência Social; 4 Creas: Centro de Referência Especializado de Assistência Social; 5 CTA: Centro de Testagem e Aconselhamento; 6 SAE: Servico de Atenção )Especializada. • Receber criancas, adolescentes e famílias de forma empática e respeitosa, por qualquer membro da equipe. • Acompanhar o caso e proceder aos encaminhamentos necessários, desde a sua entrada no setor de saúde até o seguimento para a rede de cuidados e de proteção social. • Adotar atitudes positivas e de proteção à crianca ou ao adolescente. • Atuar de forma conjunta com toda a equipe. Realizar consulta clínica: anamnese, exame físico e planejamento da conduta para cada caso. Violência física, sexual ou negligência/ abandono • Tratamento e profilaxia. • Avaliação psicológica. • Acompanhamento terapêutico, de acordo com cada caso. • Acompanhamento pela atenção primária/ Equipes Saúde da Familia. • Caps 1 ou Capsi;2 ou pela rede de proteção Cras;3 Creas4/escolas, CTA5 ou outros complementares. Violência psicológica • Avaliação psicológica. • Acompanhamento terapêutico, de acordo com cada caso • Acompanhamento pela atenção primária/ Equipes Saúde da Família. • Caps1 ou na rede de proteção Cras;3 Creas4/ Escolas etc. • Preencher a ficha de notificação. • Encaminhar a ficha ao Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva), da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). • Cornunicar o caso ao Conselho Tutelar, da forma mais ágil possível (telefone ou pessoalmente ou com uma via da ficha de notificação). • Anexar cópia da ficha ao prontuário/ boletim do paciente. • Acionar o Ministério Público quando necessário, especialmente no caso de interrupção de gravidez em decorrência de violência sexual. • Acompanhar a criança ou adolescente e sua família até a alta, com planejamento individualizado para cada caso. • Acionar a rede de cuidado e de proteção social, existente no território, de acordo corn a necessidade de cuidados e de proteção tanto na própria rede de saúde (atenção primária./ Equipes de Saúde da Família, Hospitais, Unidades de Urgência, Caps ou Capsi, CTA, SAE), quanto na rede de protecão social e defesa (Cras, Creas, Escolas, Ministério Público, Conselho Tutelar e as Varas da Infância e da Juventude, entre outros). ACOLHIMENTO ATENDIMENTO NOTIFICAÇÃO SEGUIMENTO NA REDE DE CUIDADO E DE PROTEÇÃO SOCIAL FONTE: M inistério da Saúde, 2010 enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 187 o atendimento integral em saúde como um direito fundamental, não obstante nos casos de violência. Para o atendimento às solicitantes de interrupção legal da gravi- dez devem ser seguidas as orientações da Portaria nº 1.508, de 2005, sobre o Proce- dimento de Justificação e Autorização da Interrupção da Gravidez. Em nenhum caso, o equipamento de saúde deve exigir que a adolescente ou a família registre boletim de ocorrência para receber o atendimento em saúde. Os pro- fissionais de saúde devem orientar sobre a importância da responsabilização do autor da violência, mas isso não deve ser tomado como requisito ou de alguma maneira ser exigido para o atendimento em saúde. 3.2.1 PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS DA REDE DE SAÚDE ATENÇÃO PRIMÁRIA Nos casos de violência sexual, algumas medidas podem ser implementadas na Atenção Primária, visando prover os cui- dados necessários para a proteção das DST virais e bacterianas, profilaxia HIV e hepatite B e prevenção da gravidez, tais como: capacitar profissionais de saúde para atuar como referência dos cuidados profiláticos e tratamentos de situações de violência sexual no município; estabele- cer fluxos de forma regionalizada para os atendimentos relacionados à interrupção de gravidez decorrentes de violência sexu- al e situações de abortamento. Podemos tomar como exemplo dessa articulação de rede intrassetorial do setor saúde, na atenção primária, as Unidades Básicas/ Equipes da Saúde da Família, como coor- denadora do cuidado no território. REDE PSICOSSOCIAL A rede de atenção psicossocial é constitu- ída por diversos dispositivos assistenciais que possibilitam a atenção psicossocial. Nos casos mais graves de saúde mental de crianças e adolescentes os atendimen- tos acontecem nos Centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (Capsi). É um serviço de atenção diária destinado ao atendimento de crianças e adolescentes com transtornos mentais graves. Os Cap- si acompanham indiretamente casos de violência; e devem ser articulados com os serviços da atenção primária e os serviços de referência para violências. 3.3 PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS DA REDE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL De acordo com a Lei Orgânica da Assistên- cia Social, Brasil (1993), a Assistência So- cial, direito do cidadão e dever do Estado, é política de Seguridade Social não contri- butiva, que provê os mínimos sociais, re- alizada através de um conjunto integrado de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas das populações. A Assistência Social possui a Proteção Social Básica e a Proteção Social Espe- cial. A Proteção Social Básica tem como objetivos prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potenciali- dades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários (PNAS, 2004). Já a Proteção Social Especial, divi- de-se em média e alta complexidade. Além disso, desenvolve serviços que requerem acompanhamento individual e maior flexibilidade nas soluções proteti- vas. Dessa forma, comportam encaminha- mentos monitorados, apoios e processos que assegurem qualidade na atenção pro- tetiva e efetividade na reinserção almeja- da. Esses serviços possuem relação dire- ta com o sistema de garantia de direitos, exigindo, por diversas vezes, uma gestão mais complexa e compartilhada com o Po- der Judiciário, Ministério Público e outros órgãos e ações do Poder Executivo. 3.3.1 CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (CREAS) Os Creas são equipamentos públicos esta- tais responsáveis pela Proteção Social Es- pecial de Média Complexidade, visando à orientação e ao convívio sociofamiliar e co- munitário. Diferente da Proteção Social Bá- sica que se dedica à prevenção, os Creas ofe- recem atendimento dirigido às situações de violação de direitos, por meio do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Fa- mílias e Indivíduos (Paefi). Esse serviço ofe- rece apoio, orientação a acompanhamento a indivíduos e famílias que estejam em situ- ação de ameaça ou violação de direitos. O serviço articula-se com as atividades e aten- ções prestadas às famílias nos demais servi- ços socioassistenciais, nas diversas políticas públicas e com os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos. Deve garantir aten- dimento imediato de forma qualificada, na perspectiva de restauração de direitos. Cabe salientar que no Creas são executados o Pro- grama de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti)e o Programa de Combate à Explora- ção Sexual de Crianças e Adolescentes. 188 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste Nos casos de violência sexual de crian- ças e adolescentes, o Creas é reconheci- damente a unidade responsável por garantir seguranças sociais, tais como: ter reparados ou minimizados os danos por vivências de violações e riscos sociais, ter sua identidade, integridade e história de vida preservados, ser orientado e ter garantida efetividade nos encaminha-mentos (Tipificação Nacional, 2009). 3.3.2 UNIDADES DE ACOLHIMENTO As Unidades de Acolhimento fazem parte da Proteção So- cial Especial de Alta complexi- dade. Os serviços de proteção social especial de alta com- plexidade são aqueles que garantem proteção integral – moradia, alimentação, higie- nização e trabalho protegido para famílias e indivíduos que se encontram sem referência e, ou, em situação de ameaça, necessitando ser retirados de seu núcleo familiar e/ou comunitário. Nos casos de crianças e adolescen- tes que necessitem desse serviço, deve-se considerar que é realizado de forma provisória e excepcional, somen- te nos casos eminentes de risco pessoal e social, cujas famílias ou responsáveis en- contrem-se temporariamente impossibi- litados de cumprir sua função de cuidado e proteção. Nos casos de violência sexual, quando o agressor é um membro da famí- lia e a família extensa não a acolhe. Ainda assim, o acolhimento institucional é uma medida excepcional, visto que possuem outras medidas de proteção. enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 189enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 189 4. Defesa e responsabilização FICA A Dica EM FORTALEZA, O PROGRAMA REDE AQUARELA A Rede Aquarela é uma iniciativa da cidade de Fortaleza no enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes. Tem por objetivo promover e articular atividade de prevenção à violência sexual de crianças e adolescentes, realizar mobilizações e atendimentos especializados, com acompanhamentos sistemáticos, para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual e seus respectivos familiares. O Programa Rede aquarela foi criado em 2005, pela Fundação da Criança e da Família Cidadã – Funci. O eixo Disseminação é responsável por realizar ações de prevenção por meio de campanhas, oficinas e palestras e articulação de redes locais. O eixo atendimento DECECA se materializa na acolhida e na condução da tomada de depoimento da criança vítima ou testemunha de violência na Delegacia de Combate à Exploração de Crianças e Adolescentes em Fortaleza. O eixo Atendimento, na 12ª Vara da Infância e Juventude, realiza atendimentos às crianças e adolescentes e suas famílias durante os procedimentos criminais e o eixo atendimento psicossocial é responsável por realizar atendimento e acompanhamento psicossocial especializado às vítimas e seus familiares (Fórum DCA Ceará; RENAS, 2017). Os principais órgãos que atuam na de- fesa e responsabilização pela violência sexual pertencem à Segurança Pública (Polícia Civil, Instituto Médico-Legal e Polícia Militar) e ao Sistema de Justiça (Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública). O Conselho Tutelar integra o eixo De- fesa do Sistema de Garantia de Direitos, mas, por ser a principal porta de entrada da denúncia e o elo entre a defesa e pro- moção, teve seu papel já destacado. 4.1 INVESTIGAÇÃO POLICIAL Em caso de flagrante delito, o autor da violência deve ser preso em flagrante. Caso não haja flagrante, o inquérito poli- cial pode ser iniciado por iniciativa do/a delegado/a, após requerimento da auto- ridade judiciária, do Ministério Público, ou requerimento da própria pessoa ofen- dida ou seu representante legal. Também o Conselho Tutelar deve comunicar à au- toridade policial a ocorrência de violência sexual. Além disso, qualquer pessoa pode comunicar à autoridade policial a existên- cia de um crime, o que é conhecido como registrar Boletim de Ocorrência (B.O.). Se o investigado pela autoria da vio- lência estiver preso em flagrante ou em prisão preventiva, o inquérito policial deve durar 10 dias ou, se o investigado estiver solto, o inquérito deve terminar no máximo em 30 dias. No entanto, é muito comum que a Delegacia não consiga con- cluir as investigações no prazo determina- do pelo Código de Processo Penal. Nesses casos, a delegacia pode pedir mais prazo para o/a juiz/a competente. Quando concluir as investigações, o/a delegado/a deve escrever um relatório minucioso e enviá-lo ao/à juiz/a compe- tente, que deve disponibilizar o inquéri- to para o Ministério Público para que o/a promotor/a de justiça realize a denún- cia para ter início, de fato, a ação penal contra o autor da violência. Uma novidade que a Lei nº 13.431/2017 trouxe, em seu art. 21, foi a possibilidade de o/a delegado/a requisitar as seguintes medi- das de proteção para o/a juiz/a competente: I. evitar o contato direto da criança ou do adolescente vítima ou teste- munha de violência com o suposto autor da violência; II. solicitar o afastamento cautelar do investigado da residência ou local de convivência, em se tratando de pessoa que tenha contato com a criança ou o adolescente; III. requerer a prisão preventiva do in- vestigado, quando houver suficien- tes indícios de ameaça à criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência; IV. solicitar aos órgãos socioassistenciais a inclusão da vítima e de sua família nos atendimentos a que têm direito; 190 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste V. requerer a inclusão da criança ou do adolescente em programa de proteção a vítimas ou testemunhas ameaçadas; e VI. representar ao Ministério Público para que proponha ação cautelar de antecipação de prova, resguar- dados os pressupostos legais e as garantias previstas no art. 5º desta Lei, sempre que a demora possa causar prejuízo ao desenvolvimen- to da criança ou do adolescente. 4.2 PROCESSO CRIMINAL Nesta fase, o/a juiz/a conduz o processo ouvindo o Ministério Público e a defesa do acusado para declarar sua culpa ou a inocência e o tempo e modo de cumpri- mento da pena. O/A juiz/a pode condenar o autor da violência a pagar uma multa no sentido de contribuir para a reparação dos danos causados pela violência. A víti- ma pode ainda entrar com uma ação cí- vel buscando que a justiça estabeleça um valor a ser indenizado ou outro modo de reparação dos danos sofridos. Uma crítica muito importante que se faz ao atual sistema penal é de que o cri- me é considerado uma ofensa ao Estado e não a uma pessoa concreta, seus familia- res e amigos. Como consequência disso, a vítima e suas necessidades são pouco consideradas no processo. Para buscar di- minuir os traumas e dificuldades adicio- nais que possam surgir da participação no processo criminal, o Conselho Econômico e Social da ONU aprovou a Resolução nº 20/2005 – “Diretrizes para. Justiça envol- vendo crianças vítimas ou testemunhas de crimes” (2005) – determinando, entre outras medidas, o direito de ter sua parti- cipação durante todo o processo apoiada por profissionais e o número de entrevis- tas ser limitada, ser impedido o contato direto com o autor da violência, o proces- so ser o mais célere possível etc. 4.3 PROCESSOS NA VARA DE FAMÍLIA EM CASO DE VIOLÊNCIA SEXUAL INTRAFAMILIAR Em casos de violência sexual intrafamiliar, pode ser necessário dar entrada em ação de guarda e alimentos para que o respon- sável autor de violência perca a guarda da criança ou adolescente e seja obrigado a pagar pensão alimentícia para a criança ou adolescente. Caso condenado no pro- cesso criminal, o responsável autor de vio- lência pode perder o poder familiar. DESAFIOS Apesar de haver uma proposta bem defi- nida de fluxograma para o atendimento de crianças e adolescentes em situação de violência sexual, são enormes os obstácu- los que as crianças e suasfamílias enfren- tam na busca por reparação de direitos. Seja a falta de comunicação e articulação entre os órgãos, a falta de informações so- bre seus direitos, a distância entre os equi- pamentos, a insuficiência de profissionais e de equipamentos, a falta de celeridade no processo criminal, o despreparo de profissionais para acolher os sujeitos, a discriminação sofrida por crianças e ado- lescentes LGBTs e negros/as etc. Uma grande e grave ausência é a falta de atendimento psicológico para os sujei- tos que sofreram violência sexual. A rede de saúde mental está preparada apenas para atender sujeitos que tenham desen- volvido transtornos graves, ainda que de maneira precária, já que os CAPS existen- tes são poucos para a demanda. Naqueles casos em que o sujeito precisa elaborar o sofrimento da violência sexual, não há política pública destinada à realização de psicoterapia ou outras modalidades de atendimento psicológico. Algumas cida- des tem um programa específico, mas a grande maioria de adolescentes têm sido remetida para clínicas-escolas de universi- dades, quando existentes. A Lei nº 13.431, de 04 de abril de 2017, iniciou o debate acerca da necessidade do estabelecimento de protocolos e fluxos para o atendimento de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência. Lei 13.431/Art. 11. “O depoimen- to especial reger-se-á por pro- tocolos e, sempre que possível, será realizado uma única vez, em sede de produção antecipa- da de prova judicial, garantida a ampla defesa do investigado.” Entende-se que a nova Lei pode con- tribuir muito tanto para a esfera “proteti- va” quanto a “repressiva”, especialmente porque proporcionará, aos envolvidos, a necessidade de atuação conjunta a fim de padronizar procedimentos, especializar equipamentos, qualificar profissionais e otimizar sua atuação, evitando a ocorrên- cia da chamada “revitimização” e/ou da “violência institucional”. O Brasil conta com uma política de Es- tado desenhada no Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual con- tra Crianças e Adolescentes, um guia que deve orientar a ação da sociedade civil e do poder público para que consigamos cons- truir, idoso/as, adultos/as, adolescentes e crianças, uma sociedade onde os meninos e meninas possam crescer livres de violên- cia e discriminação. Precisamos de todas e todos comprometidos com essa missão! enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 191 Referências ABMP. (2010). Proteção integral de crianças e adolescentes. Em ABMP, Cadernos de fluxos operacionais sistêmicos. Brasília: ABMP. Araújo, D. V. (2018). Atendimento ou Encaminhamento?: Experiências de formação e articulação a partir de um monitoramento realizado em Fortaleza. Brasília: 2º Congresso Brasileiro de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. Brasil. (1990). Lei nº 8.069/1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília. Brasil. Conselho Nacional do Ministério Público. Guia prático para implementação da política de atendimento de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência / Conselho Nacional do Ministério Público. – Brasília: CNMP, 2019. 106 p. il. Comissão Intersetorial de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. (2017). Parâmetros de Escuta de Crianças e Adolescentes em Situação de Violência. Brasília: Ministério dos Direitos Humanos. Conselho Econômico e Social da ONU. (2005). Diretrizes para a Justiça envolvendo crianças vítimas ou testemunhas de crimes. New York: ONU. Fórum DCA Ceará; RENAS. (2017). Violência Sexual: Monitoramento da Política de Atendimento à Criança e ao Adolescente na Cidade de Fortaleza. Fortaleza: Fórum DCA Ceará; RENAS. Ministério da Saúde. (2010). Linha de cuidado para a atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violências: orientação para gestores e profissionais de saúde. Brasília: Ministério da Saúde. Ministério da Saúde. (2012). Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes: norma técnica. Brasília: Ministério da Saúde. Terre des hommes. (2014). Um lugar seguro para crianças e adolescentes: Guia prático sobre como proteger crianças e adolescentes de situação de violência no espaço institucional. Fortaleza: Terre des hommes Lausanne no Brasil. COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.431/2017. Murillo José Digiácomo; Eduardo Digiácomo. Ministério Público do Estado do Paraná. Disponível em http://www. crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/ caopca/lei_13431_comentada_jun2018. pdf. acesso em 14/10/2019. (MDS), Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional de Assistência Social - PNAS: Norma Operativa Básica - NOB/ SUAS. 2004. Disponível em: <https://www. mds.gov.br/webarquivos/publicacao/ assistencia_social/Normativas/PNAS2004. pdf>. Acesso em: 12 outubro 2019. (CNAS), Conselho Nacional de Assistência Social. Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2013. LEIS MENCIONADAS Lei 9.890, de 13 de julho de 1990, dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências Lei 13.431, de 4 de abril de 2017, estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Anexo 01- Fluxo para Implementação da Lei no 13.431/2017. Ministério Público do Paraná. Acesso em 25 de novembro de 2019. http://www.criminal.mppr. mp.br/arquivos/File/Fluxograma_ implementacao_lei_13431_2017.pdf enfrentamento à violência sexu Realização NOSSA VOZ. NOSSA FORTALEZA. Apoio DILLYANE RIBEIRO (autora) É advogada, assessora jurídica do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca/CE). Possui mestrado em Estudos de Gênero junto à Escuela de Estudios de Género da Universidad Nacional de Colombia.´ NEYLA PRISCILLA CASTRO (autora) É graduada em Assistência Social pela Unifametro e pós-graduanda em Direitos Sociais, Políti- cas Públicas e Serviço Social. Atua no Cedeca/CE e no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP). RAFAEL LIMAVERDE (ilustrador) É ilustrador, chargista e cartunista (premiado internacionalmente) e xilogravurista. Formado em Artes Visuais pelo Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Ceará (IFCE). Escreve e possui livros ilustrados nas principais editoras do Ceará e em editoras paulistas. EXPEDIENTE: FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA João Dummar Neto Presidente André Avelino de Azevedo Diretor Administrativo-Financeiro Raymundo Netto Gerente Editorial e de Projetos Emanuela Fernandes e Aurelino Freitas Analistas de Projetos UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Viviane Pereira Gerente Pedagógica Marisa Ferreira Coordenadora de Cursos Joel Bruno Designer Instrucional CURSO ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Valéria Xavier Concepção e Coordenadora Geral Leila Paiva Coordenadora de Conteúdo Amaurício Cortez Editor de Design e Projeto Gráfico Miqueias Mesquita Designer/Diagramador Rafael Limaverde Ilustrador Mayara Magalhães Revisora Beth Lopes Produtora ISBN: 978-85-7529-936-4 (Coleção) ISBN: 978-85-7529-948-7 (Fascículo 12) Este fascículo é parte integrante do Programa de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha e a Câmara Municipal de Fortaleza, sob o nº 001/2019. Todos os direitos desta edição reservados à: Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 - Fax (85) 3255.6271 fdr.org.br fundacao@fdr.org.br
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