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TCC - FACULDADE FAVENI- PÓS GRADUAÇÃO GESTÃO EM SAÚDE - VIOLENCIA-ABUSO INFANTO JUVENIL- REG III

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Prévia do material em texto

FACULDADE FAVENI 
 
 
 
ZENAIDE COSTA DOS SANTOS FREITAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIA DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES ,QUE 
SOFRERAM ABUSO SEXUAL E SEU ENFRENTAMENTO INTRAFAMILIAR, 
SENDO ESPECIFICAMENTE DISCRIMINADO NA REGIÃO DE SAÚDE SÃO 
JOÃO/BONSUCESSO EM GUARULHOS, NO PRIMEIRO SEMESTRE DO ANO 
2020 E A SUBNOTIFICAÇÃO COMO PROBLEMÁTICA ENFRENTADA NO 
COTIDIANO, PRINCIPALMENTE EM TEMPOS DE PANDEMIA COVID-19. 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS 
2021 
 
FACULDADE FAVENI 
 
 
 
ZENAIDE COSTA DOS SANTOS FREITAS 
 
 
 
 
 
 
 
NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIA DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES, QUE 
SOFRERAM ABUSO SEXUAL E SEU ENFRENTAMENTO INTRAFAMILIAR, 
SENDO ESPECIFICAMENTE DISCRIMINADO NA REGIÃO DE SAÚDE SÃO 
JOÃO/BONSUCESSO EM GUARULHOS, NO PRIMEIRO SEMESTRE DO ANO 
2020 E A SUBNOTIFICAÇÃO COMO PROBLEMÁTICA ENFRENTADA NO 
COTIDIANO, PRINCIPALMENTE EM TEMPOS DE PANDEMIA COVID-19. 
 
 
 
Projeto de pesquisa apresentado ao curso de 
Pós Graduação de Gestão em Saúde Pública, 
a ser utilizado como diretriz para manufatura 
do trabalho de conclusão de curso. 
 
 
 
 
Guarulhos, 20 de Março de 2021. 
ZENAIDE COSTA DOS SANTOS FREITAS 
 
 
 
NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIA DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES, QUE 
SOFRERAM ABUSO SEXUAL E SEU ENFRENTAMENTO INTRAFAMILIAR, 
SENDO ESPECIFICAMENTE DISCRIMINADO NA REGIÃO DE SAÚDE SÃO 
JOÃO/BONSUCESSO EM GUARULHOS, NO PRIMEIRO SEMESTRE DO ANO 
2020 E A SUBNOTIFICAÇÃO COMO PROBLEMÁTICA ENFRENTADA NO 
COTIDIANO, PRINCIPALMENTE EM TEMPOS DE PANDEMIA COVID-19. 
 
 
Monografia aprovado como requisito parcial para obtenção do titulo de bacharel no 
curso de Pós Graduação da Faculdade Faveni. 
Banca examinadora: 
 
Orientador: 
Faculdade 
 
 Faveni 
Co-orientador: 
 
Faculdade Faveni 
Membro 
 
Faculdade Faveni 
 
 
 
 
Guarulhos, 20 de Março de 2021. 
DEDICAÇÃO 
 
Dedico a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para realização desse trabalho e 
aos que através da sua vontade, buscam ações que gera transformação, solidarizando-se 
para a eliminação da violência sexual contra infanto-juvenil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EPÍGRAFE 
 
Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, 
punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus 
direitos fundamentais (ART. 5º - Lei 13.257). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente a Deus e a todos que contribuíram para que a conclusão desse 
trabalho tornasse possível. De forma especial agradeço o esposo Henrique Gomes 
pelo apoio, Amiga Ana Luiza pela informação, orientação e revisão, minha família 
pelo incentivo na constante busca dos meus objetivos, Regional de Saúde São 
João/Bonsucesso, que me acolheu e confiou o trabalho desde Vigilância 
Epidemiológica até hoje na RUE (Rede de Urgência e Emergência), enfatizo minha 
gestora Alessandra, chefe desse departamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O trabalho tem como tema a notificação de violência sexual das crianças e 
adolescentes que sofreram abuso e seu enfrentamento intrafamiliar, sendo 
especificamente discriminado na Região de Saúde São João/Bonsucesso em 
Guarulhos, no primeiro semestre de 2020 e a subnotificação como problemática 
enfrentada no cotidiano. Tende a apontar as expressões desse fenômeno multiface- 
tado e possível forma de enfrentamento. Mostra os diversos tipos de violência, 
enfatiza que a violência sexual é uma das tipologias da violência intrafamiliar 
culturalmente negligenciada. 
Assim sendo, o presente faz um resgate dos avanços trazidos pela campanha 
da fraternidade 1988 e Estatuto da Criança e do Adolescente, que preconiza 
crianças e adolescentes como sujeitos de direitos e proteção integral, na garantia de 
direitos. 
 
Palavras chaves: Violência intrafamiliar, violência sexual, Criança, Adolescente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The work has its theme the notification of sexuak violence of children and 
adolescents who suffered abuse and their intrafamily coping, being specifically 
discriminated against in the São João/Bonsucesso healt Region in Guarulhos, in the 
first half of 2020 and underreporting as a problem faced in daily life. It tends to point 
out the expressions of this multifaceted phenomenon and possible way of coping. it 
shows the different types of violence, emphasizes that sexual violence is one of the 
types of culturally neglected intrafamily violence. Therefore, the present is a rescue 
of the advances brought about by the 1988 fraternity campaign and the statute of the 
Child and Adolescent, whitch advocates chidren and adolescents as subjects of 
rights and full protection, in guaranteeing rights. 
 
Keywords: Intrafamily violence, sexual violence, child, adolescent 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO...........................................................................................................09 
 
CAPITULO I – UMA REALIDADE INFELIZ, VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR 
CONTRA CRIANÇA E ADOLESCENTE. 
1.1 -VIOLÊNCIA E SINAIS QUE PODEM INDICAR ABUSO.....................................11 
1.2 -MODALIDADES DE VIOLÊNCIA INFANTO JUVENIL......................................16 
 
CAPITULO 2 – ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA DE CRIANÇAS E 
ADOLESCENTES 
2.1 - DESAFIO DO ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A 
CRIANÇA E ADOLESCENTE ...................................................................................19 
2.2 -NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIA SEXUAL, MEIO DE PREVENÇÃO..................23 
 
CONCLUSÃO............................................................................................................28 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................30 
ANEXOS ...................................................................................................................36 
 
 
 
 
9 
 
INTRODUÇÃO 
 
 O referido trabalho tem como tema notificação de crianças e adolescentes 
que sofreram violência sexual e seu enfrentamento intrafamiliar, tendo 
especificamente discriminado na Região de Saúde João / Bonsucesso em 
Guarulhos, neste primeiro semestre de 2020, que em tempo de pandemia, faz 
repensar a busca de maiores desafios, frente a subnotificação. Assim, percorre a 
temática a violência sexual contra criança e adolescente, que faz parte de umas das 
tipologias da violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes. 
Este trabalho além de buscar uma revisão bibliográfica, utilizou documentos 
governamentais, no que se refere aos tipos de violência e expressões da violência 
sexual, bem como serviços em rede no atendimento às vítimas. 
A motivação que me levou á discussão desta temática, está relacionada ao 
trabalho realizado no cotidiano abrangendo a mesma, diante do encaminhamento e 
monitoramento dos casos notificados, os quais aumentam a expectativa de 
discussão, justamente na Região de Saúde III São João/Bonsucesso, em Guarulhos, 
junto ás UBS. 
Assim surge a inquietação, almejando contribuir no fluxo e prevenção, 
referente ao tema, compartilhando o trabalho em rede e medidas de enfrentamento 
e desafios no meio de profissionais da assistência, saúde e educação, e conselho 
tutelar no atendimento das crianças e adolescentes em situação de violência sexual, 
na perspectiva de garantia e efetivação de direitos. 
Essa demanda do tema acontece mundialmente e de forma silenciosa vai 
acometendo a vida das vítimas, se fazendo cada dia mais presente, na qual é 
percebido que as subnotificações também persistiram neste tempo de pandemia por 
conta do COVID. 
É nítido a presença da violência no cotidiano, afetando todo os níveis de 
classes sociais, sem escolhersexo, novel social, econômica, religiosidade ou 
cultura. É sabido também que o impacto da violência sexual sobre as vitimas atinge 
a integridade física, psicológica e social, se fazendo necessário buscar estratégia 
para o enfrentamento desse fenômeno para garantia e efetivação de direito da 
criança e adolescente. 
Foram utilizados dados bibliográficos, o primeiro capítulo trabalhou a temática 
e o tipo de violência, bem como a questão do núcleo familiar, uma vez que a 
violência intrafamiliar se refere a violência praticada por membro da própria família. 
O segundo capítulo retrata o resgate das medidas protetivas de 
enfrentamento da violência perpetrada a crianças e adolescentes, condutas, normas, 
fluxos de encaminhamento, plano nacional de enfrentamento entre outros. Neste 
capítulo, foram abordados dados sobre o SINAN como instrumento, ferramenta 
utilizada, não somente como consolidação de dados estatísticos, mas como meio de 
instrumento na visibilidade e ajuda enquanto trabalho em rede, na garantia de 
direitos focado a partir do ECA. É percebido que a subnotificação persiste, porém a 
notificação facilita o fluxo referente ao acolhimento, encaminhamento e abrigo às 
10 
 
vítimas, através da intervenção do trabalho intersetorial como forma de garantir os 
direitos através de vários atores engajados, com atuação fundamental e de forma 
aguçada, permitindo que os direitos sejam garantidos. 
As considerações finais do presente trabalho apontam dados notificados e 
monitorados sistema de saúde com parceria da Rede, referente às crianças e 
adolescentes, moradores da área de abrangência da Região de Saúde São 
João/Bonsucesso, que sofreram abuso sexual no primeiro semestre de 2020. Por 
sua vez, o seu enfrentamento ambiciona suscitar reflexões sobre subnotificação e 
contribuir para a discussão do enfrentamento da violência, focando na sua 
eliminação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
CAPITULO I – A VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA CRIANÇAS E 
ADOLESCENTES 
 
1.1 - VIOLÊNCIA INFANTO JUVENIL E SINAIS QUE PODEM INDICAR ABUSO 
 
A violência pode ser compreendida como uma forma de opressão, maus tratos, uma 
série de atos praticados no intuito de forçar o outro a abandonar o seu espaço, sua 
autonomia, causando sofrimentos físico ou emocional, trazendo consigo consequências 
gigantescas para a vítima em questão. 
Segundo o Ministério da Saúde: 
“Considera-se violência doméstica/intrafamiliar a que ocorre entre os parceiros 
íntimos e entre os membros da família, principalmente no ambiente da casa, mas não 
unicamente. É toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade 
física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de outra 
pessoa da família. Pode ser cometida dentro ou fora de casa pr algum membro da 
família, incluindo pessoas que passam a assumir função parental, ainda que sem 
laços de consanguinidade, e que tenha relação de poder. A violência 
doméstica/intrafamiliar não se refere apenas ao espaço físico onde a violência ocorre, 
mas também, às relações em que se constrói e efetua. Este tipo de violência também 
inclui outros membros do grupo, sem função parental, que convivam no espaço 
doméstico. Incluem-se aí empregados(as), pessoas que convivem esporadicamente, 
agregados. (https://www.cevs.rs.gov.br/tipologia-da-violencia). 
 
Ao depararmos com a violência intrafamiliar no cotidiano, contra crianças e 
adolescentes, se percebe uma expressão de uma cultura socialmente construída, 
abarcando diversos tipos de violências, como negligência, violência física, violência sexual e 
psicológica. É nitidamente percebido a denotação de superioridade, como a ação que trata 
um ser humano não como sujeito, mas como uma coisa, como afirma Azevedo e Guerra, 
1993, p.33). Esta se caracteriza pela inércia, pela passividade e pelo silêncio de modo que, 
quando a atividade e a fala de outrem são impedidas ou anuladas, há violência. 
De um lado é apresentado a violência intrafamiliar e do outro a violência interpessoal 
na abrangência doméstica/extrafamiliar. A violência extrafamiliar/comunitária é definida 
como aquela que ocorre no ambiente social em geral, podendo ocorrer entre conhecidos ou 
desconhecidos. É praticada por meio de agressão às pessoas, por atentado à sua 
integridade e vida e/ou a seus bens e constitui objeto de prevenção e repressão por parte 
das forças de segurança pública e sistema de justiça (polícias, Ministério Público e poder 
Judiciário), como afirma o Ministério da Saúde. 
Na maioria das vezes, a violência acontece dentro da própria casa, onde se acredita 
que os vínculos afetivos sejam próximos. Assim, os problemas referentes a notificação e 
https://www.cevs.rs.gov.br/tipologia-da-violencia
12 
 
revelação do fato, se dá justamente à medida que há rompimento do segredo, da culpa e do 
medo, o que não é fácil devido o constrangimento da violência sofrida, e muitas vezes o 
abusador convive no mesmo ambiente familiar, sendo o agressor membro da família. 
Mioto fala da família como [...] um núcleo de pessoas que convivem em determinado 
lugar, durante um lapso de tempo, mais ou menos longo, e se acham unidas (ou não) por 
laços consanguíneos. É marcado por relações de gênero e, ou de gerações, e está 
dialeticamente articulada com a estrutura social na qual está inserida (MIOTO, 2000, p. 
217). Porém, é justamente na instituição chamada família que a acontece grande parte das 
violências, na sua variada forma diferentes graus de severidade, sabendo que não se 
produzem de forma isolada, porém segue episódios contínuos, com graves consequências. 
Há que diga que seja tabu por parte da criança, descrito em sua fala, onde adultos 
desacreditam na sua fala. Está impregnado no imaginário social que criança não sabe o que 
diz, que adolescente mente e vive do imaginário, onde ao invés de serem vistas como 
vítimas, passam a ser culpadas e vista como manipuladoras e sedutoras, sendo assim, a 
realidade cruel passa a ser intensificada pelo silencio a ela imposta. 
A violência contra criança e adolescente mundialmente é um tema bastante 
comentado e ao mesmo tempo complexo com histórico multifacetário. Pensar em tempo de 
pandemia, este cenário levou a pensar ainda mais nos instrumentos de prevenção e 
cuidado, e uma vez que ainda se encontra fragilidade nos serviços da Rede, o desafio passa 
a ser maior. 
 Seja em qual for o ambiente familiar, a prevenção é garantir o meio básico para uma 
pessoa se garantir e crescer sem violência, como preconiza o artigo 227 da Constituição 
Federal, em que reforça que é dever de todos lutar em prol das crianças e adolescentes, 
com reflexão e contribuição cotidiana no sistema de garantia de direitos. 
No Brasil, há alto índice de violência sexual, no cotidiano variados são os relatos, se 
percebe-se que é real e muito presente nas famílias brasileiras. De modo geral, a violência 
em sua maior parte, é patriarcal, praticada por pai ou padrasto. É praticada por alguém que 
mantem vínculo afetivo, muito mais perto do que se pode imaginar. Haja vista que a 
violência enfrenta todos os níveis de classes sociais, econômica, religiosa ou cultural, a 
mesma não deve ser reduzida apenas a questão de pobreza, étnico racial, entre outros, pois 
perpassa a tudo isso, podendo haver uma dominação ou coisificação do outro, porém 
grande maioria da população não possui um olhar diferenciado. 
No município de Guarulhos, nossa realidade não é diferente, o crime praticado contra 
crianças e adolescentes, como em todos os locais do universo, também se manifesta de 
várias formas e maus tratos, por ação ou omissão, físico ou emocional, psicológica, abuso 
sexual, negligência, entre outros, ficando o desafio de enfrenta-la em sua complexidade, que 
13 
 
significa não apenas a culpabilização do agressor, mas também estratégias que possibilitem 
a prevenção a fatores de risco e o atendimento especializado.O cotidiano se depara com a violência sexual, onde na maioria dos casos, reforçando 
que o abuso de menores é causado por pessoas da família ou muito próxima. Por isso a 
necessidade de supervisão dos responsáveis, pois quanto mais negligente, mais vulnerável 
a vítima se tornará. 
Criança não se prostitui, ela é violentada, pois ela não é uma pessoa adulta formada 
que decide tornar seu corpo uma mercadoria. Vários são os sinais que podem indicar abuso 
contra crianças e adolescentes, como um conjunto de indicadores, onde se faz necessário 
um olhar de especialista para acompanhar o caso. É nítido que a culpa nunca será da 
criança, mas do adulto, que troca seu desejo em prol da exploração do abuso e poder sobre 
ele, denotando um maxismo em que o corpo do outro é objeto, não sendo visto com 
respeito. 
O perfil da vítima que sofre violência, abuso sexual é mais vulnerável; estudiosos e 
profissionais especializados no atendimento das vítimas de violência sexual, vem alertar que 
é percebido suposto abuso quando a criança ou adolescente apresenta alguns sinais, tais 
como: medo de ficar sozinha ou perto de determinada pessoa que poderá ser o suposto 
abusador, bem como mudança de humor e mudança de comportamento, diferenciado diante 
de determinada pessoa especifica. 
Pode acontecer ainda mudança no modo de vestir e alimentar, quando há choro sem 
motivo, mudança no padrão do sono, apetite, falta de concentração, pânico ao ver o 
agressor, regressão no comportamento, podendo retomar o mesmo comportamento 
abandonado anteriormente, como é o caso de largar de chupar chupeta, fazer xixi na cama, 
entre outros. 
É reforçado também que é percebido suposto abuso quando a criança evidencia 
certas situações como beijo, cantada obscena, usando ou não da força física e ainda 
quando perpetrada, apresentando variados indicadores de alerta, como dor ou inchaço anal 
ou vaginal, infecção urinária, incontinência urinária, sangramento genital, sofrimento 
psicológico, etc. Também pode apresentar ainda comportamento inadequado para idade, 
sensação de culpa, vergonha excessiva, auto fragelo, masturbação excessiva, fuga de casa, 
muitas vezes se apresenta arredio, se isolando, não fica à vontade na presença dos pais, 
evita a todo custo contato social, tentativa de suicídio, etc. 
Um dos indicadores na questão da sexualidade, também pode se dar através de 
desenhos, onde aparecem os genitais, nas brincadeiras, porém apresentando vergonha. 
Pode ainda sofrer violência física pelo agressor, dor ou até mesmo rejeição, além de marcas 
físicas, lesão, entre outros que podem ocasionar doenças sexualmente transmissíveis, além 
de uma gestação indesejada. Diz GABEL, 1997, que: “na criança e no adolescente, quando 
14 
 
o abuso sexual é seguido de violência, há sequelas visíveis, equimose, lacerações, 
infecções, mas as sevícias afetivas são, provavelmente, as mais graves e difíceis de avaliar: 
sentimento de culpa, angústia, depressão, dificuldade de relacionamento e sexuais na idade 
adulta, etc”. 
No entanto ocorre que sempre a criança ou adolescente, são obrigadas a manter 
silencia, devido punição diante da revelação dos segredos. GABEL reforça que o pai ou a 
mãe deveriam exercer papel protetor. Ao inverso, agem como estranhos, onde a omissão 
também pode caracterizar os adultos alheios á família, que em geral preferem ignorar o que 
se passa. As crianças podem chamar a atenção dos pais, com uma queixa ou um 
depoimento, para os gestos de ternura (...), muitos pais terão tendência (...) a interpretá-los 
como “carícias viciosas” ou outros abusos, como afirma GABEL, 1997, p. 84. Afirma ainda 
Karem, 2007, pág, 28: 
 
Acontece que, muitas vezes, a figura de confiança procurada pela 
criança o de ser um adulto ou mesmo o próprio abusador que não 
admite o dito pela criança, negando ou mesmo desmentindo-a. Desta 
forma, a criança fica á mercê de suas próprias idéias e sentimentos 
que contradizem as palavras do adulto, levando-a a uma cisão, na 
qual ela se sente, ao mesmo tempo culpada e inocente. 
 
No entanto, a aproximação excessiva, também pode ser um sinal de alerta, pode 
acontecer oferta de dinheiro e presentes, no intuito de aproximidade. Por isso, a 
necessidade de se criar um ambiente de diálogo, onde a criança confie e possa falar e não 
ser repreendida, sabendo que o adulto vai ouvir e orientar ao invés de brigar. Será um 
problema muito maior, quando não acontece a escuta como deveria, pois ao contrário, 
quando a criança sofre chantagem pelo abusador, acaba se mantendo em silêncio, vindo 
aflorar o ocorrido bem tardiamente. 
É necessário e desejável, o vínculo de confiança entre a criança e o adulto que o 
acolhe, pois em sigilo, as perguntas devem ser adequadas, e sem interromper, validar seus 
sentimentos. Importante não ficar enchendo de perguntas e nem culpabilizá- la por isso, 
afinal quem conta a história é a própria criança que passou por isso, e quem acolhe tem o 
dever de amenizar fazendo a diferença no cotidiano dessa criança ou adolescente. 
. É preciso ação consistente que envolva trabalho da escola, saúde, preparação de 
professores, que as faculdades promovam o tema e saibam que ações poderão fazer, pois 
tais ambientes escolares devem também acolher, notificar, encaminhar ações que ajudam 
na proteção, o que muitas vezes não é percebido. 
Houveram muitos avanços, mas a rede também precisa de atualização constante 
perante o fluxo estabelecido pelo Município e ambos devem estar interligadas para 
enfrentarem juntos a problemática da realidade. 
15 
 
As crianças são as mais afetadas em sua integridade e apesar de ser pouco 
denunciado, há também subnotificação, apesar do Brasil ter como principal denúncia, o 
disque 100 ou 181. É diante da denúncia, que a rede de proteção deve dizer se a base está 
ali pronta para receber a demanda. 
É imprescindível seguir o fluxo, aconselhável acionar o Sistema de Garantia de 
Direitos, através do Conselho Tutelar, Centro de Referência Especializado da Assistência 
Social (CREAS), Delegacia Especializada, Unidade de Saúde, Ministério Público, nos casos 
de violência sexual, Núcleo de Atendimento á Violência (NAV), e outros serviços conforme 
fluxo preconizado, assim como a busca de caminhos para uma resposta mais adequado a 
essa demanda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
1.2 - MODALIDADES DE VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES 
NO ÂMBITO FAMILIAR 
Ficou definido pela Organização Mundial da Saúde, tipologias de grandes grupos 
referente a quem comete o ato de violência, assim, a violência autroprovocada foi definida 
como violência contra si mesmo, a violência interpessoal, podendo ser 
doméstica/intrafamiliar, ligada ao grupo de parentesco principalmente e 
comunitária/extrafamiliar, abrangendo pessoas mais próximas e desconhecidas, e por fim, a 
violência coletiva, ligada a grupos e organizações. 
 
A violência doméstica contra crianças e adolescentes é um assunto 
que apresenta inúmeras dificuldades de identificação. Isso acontece 
por se tratar de situação que ocorre de maneira sigilosa, 
configurando, em muitos casos um segredo familiar. Além disso, as 
próprias palavras utilizadas para se definir violência doméstica contra 
crianças ou adolescentes são utilizadas de modo indiscriminado, 
deturpado ou negligenciando a gravidade do problema (Karen, 2007). 
 
A Organização Mundial da Saúde define a violência em sua relação com criança e 
adolescente, como qualquer conduta que cause danos emocionais, diminuição da 
autoestima ou que prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento do indivíduo, ou também 
que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças, decisões. E ainda 
salienta que consiste no uso intencional da força física ou do poder real, ou mediante 
ameaça. 
Mesmo sem contato físico, a violência traz suas consequências e as mesmas são 
irreparáveis. Ela pode acontecer na forma de maustratos, opressão, danos físico ou 
emocional e certos tipos de abuso contra criança e adolescente, podem ocasionar 
problemas na saúde, sobrevivência, desenvolvimento e dignidade. 
Variados são os tipos de violência praticado contra as crianças e adolescentes na 
âmbito intrafamiliar, e suas modalidades são destacadas através da violência psicológica ou 
moral, negligência, violência física, sexual, exploração. 
 
Violência Física. 
São atos que causam real dano físico ou demanda a possibilidade de um dano 
contra a vítima, através do responsável pelo cuidado. O Ministério da Saúde alerta que há 
violência física quando uma pessoa, que está em relação de poder em relação a outra, 
causa ou tenta causar dano não acidental, por meio do uso da força física ou de algum tipo 
de arma que pode provocar ou não lesões externas, internas ou ambas. 
O responsável tem o dever de proporcionar ambiente favorável de amparo e evitar 
danos no cuidado, ao contrário, pode vir a prejudicar a criança e adolescente num todo, 
17 
 
acometendo o desenvolvimento emocional, muitas vezes físico, favorecendo a 
discriminação, exposição ao ridículo, intimidações, ameaças, rejeição, empurrão, beliscão, 
estrangulamento, queimaduras, perfuração, mutilação, ferimentos com arma branca e arma 
de fogo, castigo repetitivo, além de denegrir doenças á saúde, entre outros. Assim a 
violência física, conforme afirma Guerra (1998, p. 35) é considerada como um ato executado 
com intenção, de causar dano físico a outra pessoa. O dano físico pode ir desde a 
imposição de uma leve dor, passando por um tapa até o assassinato. 
 
Violência Autoprovocada 
O ato é cometido contra a si mesmo, ato destrutivo que possa causar dano físico ou 
até mesmo a própria morte. Sempre representa uma grave ameaça á vida, uma forma 
perversa de chamar a atenção para si ou demonstrar o descaso de sua existência, onde o 
indivíduo provoca lesões em si mesmo, com objetos perfuro cortante, contundentes, 
penetrantes, arma de fogo, Intoxicação exógena por substância química e o ato de agressão 
contra si mesmo, que é o suicídio propriamente dito. 
 Negligência 
É dever do responsável o cuidado com a saúde, higiene, alimentação, educação, 
segurança, lazer, etc., porém a negligência acontece quando o responsável tem condição de 
proporcionar o desenvolvimento, mas não o faz por algum motivo, podendo ser considerada 
falha dos pais ou responsáveis no cuidado das necessidades básicas de sobrevivência, na 
alimentação, vestimenta e higiene, bem como escola e lazer, afeto e proteção, etc. 
Psicologia 
Qualquer ação que coloque em risco a identidade ou o desenvolvimento da criança e 
adolescente, bem como danos á autoestima, podendo acontecer quando há exposição 
constantemente da criança ou adolescente, a situação de humilhação, constrangimento, 
agressões verbais, cobranças, ameaças, punição exagerada. Consequentemente, por parte 
da vítima há sentimento de diminuição, desrespeito, desvalia, abandono e falta de relação 
de confiança e liberdade, se fazendo presente rejeição, discriminação, cobrança exagerada, 
punições humilhantes, entre outros. 
A alienação parental é também uma violência psicológica e comum entre crianças e 
adolescentes. Esse tipo de violência vem a ser a interferência na formação psicológica para 
que repudie o genitor (a), que prejudique a relação de vínculo para com este. Normalmente 
é promovido ou induzido por quem tem a criança ou adolescente sobre sua autoridade 
sendo comum na situação conflituosa de separação 
18 
 
Violência Institucional 
Tende a ocorrer nas instituições oficiais, governamentais ou não, ambas prestam 
atendimentos, seja casa abrigo, centro de acolhimento, creches, escola, hospital, onde é 
observado através da promoção de injustiças sociais, por meio de regras ou normas de 
funcionamento. Em geral, ocorre quando um serviço é negado ou negligenciado ou da forma 
de que este passa a ser ofertado pelas instituições no sistema de apoio à criança e 
adolescente. 
Tal violência pode ocorrer também quando o responsável pela guarda provisória se 
torna agressor do menor. E as vítimas fragilizadas se deparam com profissionais 
despreparados, com atitudes não cabíveis, podendo favorecer a revitimização das mesmas. 
 
Trabalho Infantil 
Além da condição inapropriada e exposto a riscos, as crianças ou adolescentes 
desempenham o trabalho com valor econômico direto ou indireto, consequentemente 
atingindo seu bem estar físico, psíquico, social e moral. 
Tráfico de pessoas 
O tráfico de pessoas está interligado ao trabalho escravo, doméstico, servidão ou 
casamento servil. Em geral, visa lucro através da comercialização, podendo, em muitos 
casos, aliciação de crianças em prostituição, comercialização de seus órgãos. 
Violência sexual 
 
Qualquer ação na qual o autor, se valendo da sua posição usando da força física, 
intimidação ou pressão psicológica, obriga a vítima presenciar ou participar de alguma 
maneira da interação sexual ou utilizar a sua sexualidade, comete a violência. 
Consequentemente acontecem os estupros, abuso sexual infantil, assédio sexual, até 
mesmo abuso incesto. 
Segundo a Organização Mundial da Saúde, Violência sexual é definida como toda a 
ação na qual uma pessoa em relação de poder e por meio de forca física, coerção ou 
intimidação psicológica, obriga uma outra ao ato sexual contra a sua vontade, ou que a 
exponha em interações sexuais que propiciem sua vitimização, da qual o agressor tenta 
obter gratificação. 
 
19 
 
Todo ato ou jogo sexual, relação heterossexual ou homossexual cujo 
agressor está em estágio de desenvolvimento psicossocial mais 
adiantado que a criança ou o adolescente. Tem por intenção 
estimulá-la sexualmente ou utilizá-la para obter satisfação sexual. 
Apresenta-se sob a forma de práticas eróticas e sexuais impostas à 
criança ou ao adolescente pela violência física, ameaças ou indução 
de sua vontade (OMS, 2002, p. 13). 
A violência sexual contra criança e adolescente é um problema que sempre existiu 
na sociedade, por mais que tenha sido mantido em segredo, vem acarretada de culpa, 
vergonha e medo, tanto na vítima quanto nos possíveis denunciantes que se solidarizam 
com a vítima. 
Se dá através de fotos pornografia, penetração, oral, genital ou anal, com carícias e 
beijos não desejados, exibicionismo, masturbação, jogos sexuais, prática ou linguagem 
erótica, práticas libidinosas, erótica, normalmente é forçado e sem consentimento. É muito 
preocupante e se faz necessário um olhar diferenciado pela sociedade, em busca de 
proteção pra fazer valer a garantia de direitos. Para a maioria das pessoas uma questão 
incômoda para se debater ou ser reconhecida pela sociedade, pelo fato da vítima ser uma 
criança (AZEVEDO e GUERRA, 1988). 
Dentre as variadas expressões da violência sexual, Azevedo e Guerra (1988), 
ressaltam que existem diversas expressões de violência sexual, entre elas: 
 
a) Exibicionismo: ocorre quando um adulto expõe principalmente a parte 
genital ou o corpo nu a uma criança/adolescente; b) Voyeurismo: tipologia do 
abuso sexual em que o abusador obtém a satisfação sexual a partir da 
observação de atos ou órgãos sexuais das crianças e adolescentes em trajes 
íntimos ou mesmo sem roupas; c) o abuso sexual verbal que se dá através de 
falas estimulantes ou que tenham a intenção de despertar o interesse infanto-
juvenil sobre práticas sexuais; d) Assédio sexual: que se expressa pelo abuso 
de poder, principalmente através de chantagens e ou ameaças; e) outros 
abusos sexuais sem contatos sexuais, que podem ocorrer pela apresentação 
de fotos ou vídeo pornográfico; pela fotografia de crianças nuas ou em 
posições sedutoras; pelos telefonemas obscenos; pela pedofilia pela Internet, 
e por mostrar filmes e/ou revistas de sexo explícito, entre outros. 
 Atualmente vem ocorrendo outras expressões de violência sem contato físico, foram 
aparecendoe estão interligadas com a tecnologia através da internet e redes sociais, não 
sendo fácil, imperativo conhecê-los, como é o caso do sexting, sextosion, e grooming, a 
comunicação se dá através de mensagem de texto erótica, fotos, e-mail, bate papo, com 
comunicação instantânea e sites de relacionamentos, procedido de chantagem através de 
fotos e vídeos da criança ou adolescente, e então o ato propriamente dito, após 
aproximação via chat ou redes sociais. Esse tipo de violência sexual começa sem contato 
físico, sem o uso da violência física, porém causando danos irreparáveis futuramente. 
Variados são os tipos de violência perpetrada contra criança e adolescentes, ao se 
deparar com essa realidade, se faz necessário políticas públicas que favoreçam esse 
20 
 
espaço e faça valer a garantia de direitos, no sentido de prever, acolher e monitorar, que 
seja notificado os órgão legais, no intuito de fazer valer a “responsabilização legal dos 
envolvidos, a denúncia, a declaração formal, a instauração do devido processo e 
julgamento” (FALEIROS, 1998, p.47). 
Dados apontados através do SINAN e controle de monitoramento da Rede de 
Urgência e Emergência da Região de Saúde lll São João /Bonsucesso. (RUE), em 
Guarulhos, nota-se que a violência sexual identificada pelos serviços de saúde em Hospitais 
e Upas, encaminhados para monitoramento nas UBS do município de Guarulhos, especifico 
na área de abrangência da região de saúde III (18 UBS), é assustador identificando 
números muito altos, referente a essa população vulnerável, apontando efetivamente o 
trabalho de prevenção e ajuda. 
 
 
 
 
 
GRAFICO I - Vítimas de Violência Sexual em Crianças e Adolescentes por UBS na Região de 
Saúde III São João/Bonsucesso primeiro semestre do ano 2020. 
 
 
 
 
Fonte: SINAN NET 2020 
21 
 
CAPITULO 2 – MEDIDAS DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA SEXUAL 
 
2.1 - O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA A CRIANÇA E O 
ADOLESCENTE. 
 
A violência contra as crianças e adolescentes, principalmente sexual, atinge toda e 
qualquer classe social e vem aos poucos ganhando mais visibilidade através de 
reportagens, pesquisas e campanhas diversas, também nas redes sociais, apesar de estar 
muito presente no cotidiano. 
A Constituição Federal de 1988, fortalece a importância de garantir o direito da 
criança e adolescente, tal direito de garantia absoluta viabilizada pelo estado, família e 
sociedade, como prioridade absoluta. O sistema de garantia de direitos da criança e 
adolescente, (SGDCA), vem a contribuir na garantia dos direitos, na consolidação do 
desenvolvimento de política de atendimentos ao direito da criança, baseado no estatuto e na 
constituição federal de 1988, através da dos deveres para com as crianças relacionando 
Estado, família e sociedade. Diz a Constituição Federal em seu artigo 227, que: É dever da 
família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com 
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar. 
Aliado à Constituição, o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), estabelecido em 
13 de julho de 1990, propõe nova política de atendimento, enfatizando essa proteção, 
através da Lei n º. 8.069/90, os direitos e deveres nos planos e programas sociais, e uma 
nova postura frente ao enfrentamento da violência. Fica assegurado que é dever do poder 
público e sociedade assegurar os direitos básicos, preconizado no Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA) no artigo 86, em um conjunto articulado junto ao Estado, União, Distrito 
Federal, municípios, de ações governamentais ou não. 
O Estado por sua vez, na atuação de poder público, tende a fazer valer a legislação 
como é o caso do ECA, que regulamenta a proteção dos direitos da criança e adolescente, 
na sua proteção integral e prioridade absoluta, sob a lei nº 8069/1990. 
O ECA por sua vez, se mostra em grande avanço no que se refere ao direito infanto 
juvenil, enquanto sujeitos da história, salvaguardando todo e qualquer situação de risco e 
violência. Em seu artigo 98, dispõe sobre medidas protetivas, aplicáveis quando os direitos 
forem violados ou ameaçados, no qual temos disposto sobre as medidas de proteção à 
criança e ao adolescente, aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem 
ameaçados ou violados. Cabe enfatizar que o ECA preconiza que a política de atendimentos 
22 
 
dos direitos se dá por meio de um conjunto articulado de ações governamentais e não 
governamentais. Assim, seu artigo 1º da resolução 113/2006, fala do parâmetro para 
institucionalização e fortalecimento do sistema de garantia da criança e adolescente. 
O Conselho Tutelar conforme o ECA, tem a função de aplicar medidas especiais de 
proteção, e o artigo 13 torna obrigatório ao Conselho Tutelar a notificação dos casos de 
violência sexual, no intuito de proteger, apoiando a sociedade civil, na garantia dos direitos 
Uma vez que as notificações são feitas ao Conselho Tutelar, compete aos 
conselheiros através de sua atribuição constatar a denúncia de violação de direitos e 
encaminhar a aplicação de medidas legais, medidas esta previstas no artigo 101, 
determinado pela lei, que viabiliza ações de atendimento e responsabilização, além do 
encaminhamento da vítima para espaço de abrigamento. 
.As situações de violência sexual envolvem o trabalho Intersetorial, abrangendo 
outros serviços para encaminhamentos, como Conselho Tutelar já citado, CREAS, Serviços 
de Saúde, Ministério Público, Delegacia e consequentemente judiciário. 
A Assistência Social é corroborador nesse processo de violência sexual, baseado na 
legislação, o Estado é o mentor na Rede de Proteção Social, seja através do Estado, 
Município ou nível Federal, onde os conselhos participam através de instâncias deliberativas 
e fiscalizadoras. A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) desde 2004, vem 
apresentado diretrizes para efetivação da Assistência Social, realizando ‘de forma integrada 
ás politicas setoriais, visando seu enfrentamento, à garantia dos mínimos sociais, ao 
provimento de condições para atender à universalização dos direitos sociais”. (PNAS, 2004, 
p.31). 
Se estabeleceu o CRAS (centro de referência de Assistência social ) e o CREAS, 
(Centro de Referência Especializado da Assistência Social), como as referências para o 
atendimento ao núcleo familiar. Nas situações de violência sexual, o CREAS, Centro de 
Referência Especializado da Assistência Social, é direcionado para o acolhimento das 
crianças e adolescentes que tiveram seus vínculos familiares rompidos ou fragilizados. 
O trabalho Intersetorial, a comunicação, a troca de experiência com outros 
profissionais, aqui no município de Guarulhos viabiliza o fluxo que se dá através do trabalho 
em Rede, envolvendo: 
 Assistência Social (CREAS) atuando no atendimento da violação de direitos; 
Delegacia para registro da ocorrência policial, Unidades de Saúde (UBS) para 
monitoramento, consulta, contracepção de emergência, profilaxia em até 72 horas, podendo 
ocorrer notificação e encaminhamento, quando procurada. O atendimento às vítimas em 
situação de violência sexual deve ser prioritário e ultrapassar o atendimento emergencial, 
sendo vaga zero na UBS, redução de danos sofridos pelas vítimas. sorologia, vacinação, 
além da obrigatoriedade do Boletim de Ocorrência. Os (Hospitais/UPAS) como porta de 
23 
 
entrada para as vítimas, onde chegam a maior parte dos casos de violência sexual infanto 
juvenil para acolhimento, notificação, consulta, profilaxia, encaminhamentos conforme fluxo, 
Ministério Público, Polícia Científica para encaminhamento (espermograma), a pedido do 
delegado de polícia e NAV (Núcleo de Atendimento á violência), visando o atendimento 
psicossocial, o qual é um serviço especializado no acolhimento e acompanhamentoàs 
vítimas em situação de violência sexual, o Município de Guarulhos, conforme Protocolo 
Municipal: 
 
Trata-se de serviço especializado no acolhimento, atendimento psicossocial e 
psicoterapêutico e acompanhamento humanizado em saúde às pessoas em 
situação de violência sexual, seja recente ou tardia. O atendimento se dá a 
todas as faixas etárias e todos os gêneros, que tenham sido ou ainda sejam 
vítimas de violência sexual. Nos casos de transtornos mentais graves e 
persistentes, bem como de deficiência intelectual e transtorno global do 
desenvolvimento (Autismo) serão atendidos nos serviços especializados, tais 
como CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), CER (Centro especializado à 
Pessoa com Deficiência) ou CAMPD (Centro de Atendimento Multiprofissional 
à Pessoa com Deficiência), com apoio do NAV (Núcleo de Apoio á Violência), 
se necessário. O NAV tem a atribuição de articular e acionar a Rede intra e 
intersetorial com vistas a garantir o cuidado integrado. Protocolo Municipal: 
núcleo de atendimento à violência, 2018). 
 
Consequentemente, a partir do Boletim de Ocorrência (B.O.), notificação, 
acolhimento e encaminhamentos realizados, o Ministério Público é acionado e se dá a 
coleta de depoimento, prevalecendo a Lei 13.431/2017 que preconiza que a vítima seja 
ouvida uma única vez e sem contato com o réu, evitando assim a revitimização. Daí, o 
desenrolar dos processos de investigação ,que tende a dar um parâmetro na possibilidade 
de subsidiar futura decisão jurídica, através dos encaminhamentos realizados, na qual 
seguido da denúncia, se dá início à responsabilização do acusado, por meio de punição 
legal referente ao ocorrido, ou até mesmo arquivamento por falta de provas. Isso se dá 
devido a grande dificuldade de se comprovar os casos de abuso sexual, a maioria dos 
agressores permanece na impunidade. (Karem, 2007, pág, 36). 
A violência sexual é um fenômeno da questão social que chega de forma de 
demanda, precisando que os profissionais tenham uma visão crítica, buscando 
emancipação do sujeito, contra qualquer tipo de violência. (Faleiros, 2001, p. 25). A 
realidade é desafiadora, diante do trabalho interdisciplinar, no combate dos casos de 
violência sexual. Por isso a importância do trabalho intersetorial, para análise de seus 
procedimentos e efetivação dos direitos, conforme fluxo estabelecido. Por sua vez, o 
profissional busca solução, encaminha alternativa de forma ética diante da realidade, onde o 
foco é fazer com que as vítimas consigam superar os traumas sofridos e não se tornem 
propagadoras do fenômeno vivido. 
24 
 
 O enfrentamento necessita de apontamento de variadas possibilidades, uma vez 
que a sociedade naturaliza muito a questão da violência. É valioso também o serviço 
ofertado para atendimento ao agressor, no intuito de romper com o ciclo de violência, onde 
toda e qualquer ação direcionada na questão da violência intrafamiliar, deverá ser permeado 
não no sentido de culpabilizar ou julgar o agressor ou família, mas de garantir os direitos 
dessas crianças e adolescentes. Deve-se também centrar os serviços de atendimento na 
família, cobrando do Estado suporte para prevenção e tratamento de agressão. 
Cotidianamente na porta de entrada do serviço de Rede, percebe-se que não há 
profissionais preparados referente a demanda, que não vê prioridade absoluta nessa 
questão, ocorrendo subnotificação. Sabe-se que é preciso um olhar diferenciado e sensível 
para acolher e entender a demanda, uma vez que se entende ser um caminho de 
possibilidade de ajuda. É urgente também a conscientização da sociedade em não tolerar e 
não se calar diante dos erros cometidos, cobrar políticas públicas, fiscalizar, e também se 
responsabilizar para que os serviços de políticas públicas sejam aprimorados em uma 
responsabilidade compartilhada. Conhecendo os equipamentos, facilitará a orientação e 
conduta. 
É sabido que através do acolhimento e notificação dos casos, se facilita o fluxo do 
trabalho Intersetorial, referente ao acolhimento, encaminhamento, e até mesmo 
abrigamento, onde os atores engajados podem atuar de forma fundamental e intervir em 
prol da garantia de direitos, evitando revitimização. O trabalho em Rede favorece a 
estratégia e defesa, na efetivação e promoção dos direitos baseados na constituição, 
através dos órgãos públicos, potencializando a promoção de direitos nas politicas publicas e 
sociais, no cuidado integral. Uma vez identificado situação de risco que determinem atuação 
da rede, consequentemente o Estado e sociedade tendem a assegurar o pleno exercício 
dos direitos no intuito de salvaguardar as crianças e adolescentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
2.2. NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES 
 
A ficha de notificação, conhecida como SINAN é o registro de informação preenchida 
pelas unidades assistenciais, seja na suspeita ou na confirmação do ocorrido, sendo em 
seguida encaminhada aos serviços responsáveis pela informação, no caso da 
violência/abuso sexual em Guarulhos, encaminhado à vigilância Epidemiológica da 
Secretaria municipal. Normalmente contém nome idade, sexo, escolaridade, tipo de agravo, 
etc. 
A notificação compulsória é um instrumento utilizado desde 1990 com a promulgação 
do ECA (estatuto da Criança e Adolescente). Preconizada pelo ECA, instituída pela Lei 
8069/1990, essa temática da violência toma outro olhar, sendo vista como problema de 
Saúde Pública, posteriormente inserida e “definida um instrumento de notificação de casos 
de suspeita ou de confirmação de violência contra crianças e adolescentes, tem-se aí um 
olhar mais detalhado, sendo então inserida e definida a notificação compulsória na suspeita 
ou confirmação de violência sexual contra criança e adolescente. 
O Ministério da Saúde, através da Portaria MS/GM n° 1.968, de 25 de outubro de 
2001, “dispõe sobre notificação ás autoridades competentes, nos casos de suspeita ou 
confirmação de maus tratos contra crianças e adolescentes atendidos nas entidades do 
sistema único de saúde”. 
A portaria de notificação compulsória nº 1271/2014, define a lista de notificação 
compulsória de doenças e agravos nos serviços de saúde pública ou privado, em território 
nacional, revogado pela portaria GM/MS nº 104 de 25 de janeiro de 2011, publicado no 
diário oficial da união (DOU). Tal portaria visa atender a obrigatoriedade de comunicação da 
notificação compulsória, estabelecendo fluxo, critérios e responsabilidade atribuídas aos 
profissionais e serviços de saúde, em relação a doenças, agravos e eventos em saúde 
pública, sendo de forma imediata, em até 24 horas do ocorrido. 
O ECA, por sua vez, sendo um órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, tem 
a função perante a sociedade de zelar pelos cumprimentos dos direitos infanto juvenil. Seu 
artigo 131 pronuncia medidas de enfrentamento para os casos de violência, entre elas, a 
obrigatoriedade de notificar os casos suspeitos e confirmados ao Conselho Tutelar. Diz o 
artigo 245 do ECA: deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de 
atenção á saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar á autoridade 
competente os casos que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de 
maus tratos contra criança ou adolescente. 
Apesar da obrigatoriedade, ainda há subnotificação, onde profissionais da saúde e 
educação não vem acompanhando esse processo de notificação. Muitas vezes os dados 
26 
 
não fidedignos, traz como consequência a invisibilidade dessa violência contra as crianças e 
adolescentes e como consequência a falta de investimento em criação de serviços 
específicos para atendimento dessas vítimas, favorecendo a violência vivenciada pela 
vítima. Tratando-se de subnotificação, se deduz número alto de dados apontados pela 
estatística, onde podendo acontecer por medo ou vergonha, acarretando em dados irreais, 
colaborando com a inexistênciade uma cultura de denúncia e abuso, fragilizando as vítimas 
e contribuindo para continuidade dos episódios, como afirma AZAMBUJA (2011, p.126). 
A notificação é um instrumento importante no combate á violência sexual infanto 
juvenil, além da notificação ser um controle na consolidação de dados, é instrumento de 
vigilância epidemiológica, com inserção no Sistema Nacional de Vigilância de Agravos em 
Saúde, no Ministério de Saúde. Pode ainda ser instrumento de política pública que 
favoreceu investimento em núcleo de assistência e pesquisas, etc. Sendo assim, a violência 
sexual é de notificação imediata no âmbito do município e deve seguir o fluxo compartilhado 
entre as esferas da gestão do SUS, estabelecido pela Secretaria de Vigilância em Saúde do 
Ministério da Saúde e Município. 
Uma possibilidade de saída é um olhar atento dos profissionais que estão ao redor, 
onde as crianças possam estabelecer um vínculo de confiança ao solicitar ajuda, 
principalmente no ambiente escolar e no âmbito da saúde, que estão de certa forma se 
encontram mais próximas destas vitimas. 
O gráfico de monitoramento da Rede de Urgência e Emergência (RUE) da Região de 
Saúde III, apresenta o índice de violência das crianças e adolescentes abusadas e faixa 
etária, dentro das UBS da área de abrangência da Região de Saúde São João/Bonsucesso. 
 
GRÁFICO 2- Vítimas de Violência Sexual em Crianças e Adolescentes por UBS na 
Região de Saúde III São João/Bonsucesso primeiro semestre do ano 2020. 
Fonte: SINAN NET 2020 
27 
 
 
 GRÁFICO 3 – Faixa etária das Vítimas de Violência Sexual em Crianças e Adolescentes por 
UBS na Região de Saúde III São João/Bonsucesso primeiro semestre do ano 2020. 
 
 
Dentre os 69 casos atendidos, com notificação ou relatórios, 07 eram meninos 
e 62 meninas, ocorrendo 2 abortos legais, sendo o abuso perpetrado em crianças e 
adolescentes nas variadas faixa etária, como apontado através dos dados SINAN 
NET 2020: 
1ano=1, 3 anos=10, 2 anos=1, 4 anos=8, 5 anos =1, 6 anos=5, 7anos=6, 8 
anos=4, 9 anos=8, 10 anos =1, 11 anos =5, 12 anos=3, 13 anos=3, 14 anos=7, 15 
anos = 1, 16 anos=2, 17 anos=2. (Dados SINANNET 2020) 
A tabela abaixo apresenta o tipo de abusador sexual por UBS, dentro da área 
de abrangência da Região de Saúde São João/Bonsucesso 2020: 
 
 
Fonte: SINAN NET 2020 
28 
 
UBS PERFIL DE ABUSADOR Quantidade 
AGUA AZUL IRMÃO-PAI 2 
ALAMO SEM INFORMAÇÃO 0 
ALLAN KARDEC IRMÃO 1 
BAMBI OUTROS 1 
BANANAL 
CUIDADOR GENITOR CONHECIDO 
desconhecido 
4 
CARMELA GENITOR 2 
LAVRAS 
CONHECIDO PAI/IRMÃO/IRMÃO-
DESCONHECIDO 
5 
NOVA BONS. VIZINHO E PAI 2 
H. VELOSO CONHECIDO-PADASTRO 4 
SOBERANA IRMÃO/CONHECIDO/FILHO DO CUIDADOR 3 
PONTE ALTA PADASTRO GENITOR-PRIMO CONHECIDOS 9 
STA PAULA 
PAIS-TIO-PADASTRO-CONHECIDOS-
VIZINHO- PAIS-PADRINHO 
16 
SERÓDIO 
IRMÃO-PADASTRO PRIMODESCONHECIDO-
OUTRA CÇA ANOS-PAI-avô 
8 
PRESIDENTE DUTRA PAI 1 
SANTOS DUMONT 
 PAI-PADASTRO-AVO-VIZINHO-
CONHECIDOS 
8 
MARINÓPOLIS DESCONHECIDO PRIMOS 3 
INOCOOP PRIMO 1 
FORTALEZA PAI VIZINHO DESCONHECIDO IRMÃO 5 
 
 
 
 
 
Fonte: SINAN NET 2020 
– MONITORAMENTO 
VIOLÊNCIA rue 
29 
 
 
Gráfico IV – Perfil do abusador de violência sexual contra Crianças e Adolescentes, por UBS 
na Região de Saúde III São João/Bonsucesso primeiro semestre do ano 2020. 
 
O quarto gráfico apresenta o tipo de abusador por UBS, revelando que a 
maior parte dos abusadores se concentram entre genitores e padrastos, os mesmos 
que deveriam ser os protetores dessas crianças e adolescente. 
 
 
 
Fonte: SINAN NET 2020 
30 
 
CONCLUSÃO 
 
No decorrer do trabalho, foi estudado que a violência é um fenômeno multifacetado, 
se manifestando de variadas formas, uma vez que vislumbra as dimensões 
socioeconômicas, que perpassam a temática. 
Haja vista que a pandemia contribuiu com o crescimento dos abusos e também 
subnotificações, impossibilitando que as vítimas fossem vistas como sujeito. Ao falar de 
vítimas de violência sexual intrafamiliar, se percebe que grande é o número de crianças e 
adolescentes vitimizados. 
 Tal relação entre adulto e vítima, que caracteriza a criança ou adolescente como 
objeto diante da impossibilidade de defesa ou pedido de ajuda, impossibilitando-o de ser 
sujeito de direitos. 
Foi salientado que na maioria das vezes a violência acontece dentro da própria casa, 
onde se acredita que os vínculos afetivos sejam próximos. Os problemas referentes a 
notificação e revelação do fato, se dá justamente à medida que há rompimento do segredo, 
da culpa e do medo, o que não é fácil devido o constrangimento da violência sofrida, e 
muitas vezes o abusador convive no mesmo ambiente familiar, sendo o agressor membro 
da família. 
O tema sobre a violência sexual é muito complexo, porém quando relatado o fato ou 
algo semelhante, deve ser averiguado e pensar alternativas para o encaminhamento do 
caso, com profissionais preparados para atendimento dessa demanda. Muitas vezes a 
criança não tem maturidade para falar experiência sexual, no entanto é averiguado faixa 
etária da idade, buscando saber se está ou não dizendo a verdade. O adolescente também 
muitas vezes tem seu relato em descrédito, principalmente quando a violência é perpetrada 
por pais ou padrastos, onde a genitora se volta contra suas próprias filhas, acusando ou 
culpabilizando-as pelo ato. 
Houveram avanços com a Constituição Federal de 1988 e o ECA em 1990, mas não 
fez com que o ciclo fosse capaz de não se estender. O rompimento não e fácil e imediato, 
por isso as ações em prol do direito precisam ser fortalecidos, se fazendo necessário o 
apoio do Estado, na efetivação de Politicas Públicas, programas, projetos e serviços 
continuados, que devem ser direcionados á família, fazendo com que as políticas 
implementadas busquem garantir os direitos e romper com a violência vivenciada. 
Enfim se enfatizou que o fluxo facilita o atendimento e acolhimento da vítima, 
alertando que o trabalho qualificado em Rede é fundamental, articulando equipe 
multidisciplinar, que capacitados e sensibilizadas referente a demanda, tende a colaborar 
para que esse fenômeno não se reproduza. 
31 
 
Falar sobre violência sexual não é assunto fácil, a prevenção é o caminho, pode se 
dar através de palestras nos espaços onde as crianças estão inseridas, na divulgação de 
livros, cartilhas, músicas e brincadeiras, além da tecnologia pode ser um canal de 
comunicação e informação na prevenção e intervenção. dessa temática. Uma das medidas 
de enfrentamento contra esse tipo de violência, é recorrer a planos e programas sociais, 
onde as políticas públicas e outros órgãos jurídicos poderão auxiliar nesse enfrentamento. 
A sociedade civil deve cobrar do Estado uma atenção às vítimas, solicitando para 
criar, ampliar, e avaliar os serviços ofertados, fiscalizando o cumprimento da lei e 
monitoramento dos casos notificados. Cabe lembrar que na urgência o disque 100 ou 181 
são formas de denúncia, sem necessidade de identificação e influenciam na intervenção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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ANEXOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.guarulhos.sp.gov.br/diário
36 
 
ANEXO 1 –FICHA DE NOTIFICAÇÃO/MINISTÉRIO DA SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
ANEXO 2 
 
 
 
ANEXO 2 
Fluxograma Violência Sexual Município de Guarulhos /PROTOCOLO DE ATENÇÃO Á 
VIOLÊNCIA, maio 2019.

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