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trab novo winnicott

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De acordo com sua teoria, Winnicott nos remete à compreensão dos estágios mais primitivos do desenvolvimento emocional do ser humano. Em sua prática, como pediatra e psicanalista, constatou que boa parte dos problemas emocionais parecia encontrar sua origem nas etapas precoces de desenvolvimento. Pode-se dizer que o cerne de seus estudos concentrou-se na relação mãe – bebê, pois para ele as bases da saúde mental de qualquer indivíduo são moldadas na primeira infância pela mãe, através do meio ambiente fornecido por esta ( Winnicott, 1948).
De acordo com (Valler, 1990:155), o ambiente tem uma influência decisiva na determinação do psiquismo precoce.
Ao longo de toda sua obra, percebe-se que Winnicott preocupou-se em afirmar que não pretendia instruir as mães sobre o que têm que fazer com seus bebês, pois acredita na capacidade de toda mãe tem de cuidar bem de seu filho e ressalta que faz seu trabalho simplesmente sendo devotada (mãe devotada comum). A palavra devoção significa uma adaptação sensível e ativa às necessidades de sua criança ( Winnicott, 1948,1952).
Segundo (Winnicott, 1960) com o cuidado recebido da mãe a continuidade da linha da vida do bebê se mantém e ele experiencia uma “continuidade do ser”.
De acordo com ( Winnicott, 1978), se a mãe proporciona uma adaptação suficientemente boa, a linha de vida da criança é perturbada muito pouco por reações, sendo essas interrompendo o ‘continuar do ser’ do bebê, gerando uma ameaça de aniquilamento.
O momento do nascimento, o bebê é dotado por um complexo anatômico e fisiológico, de motilidade, sensibilidade, e junto a isso, de um potencial para o desenvolvimento da parte psíquica da integração psicossomática. Nesse início o bebê não se encontra preparado para lidar com as demandas do meio interno e externo devido sua fragilidade psicobiológica inicial, necessitando da interferência do meio ambiente maternante. Em outras palavras, é necessário que as condições ambientais sejam adequadas, que a maternagem seja “suficientemente boa” ( Winnicott, 1999ª). 
Winnicott como já mencionada acima, complementa sua teoria com o conceito de “mãe suficientemente boa”, ou seja, aquela atenta e capaz de compreender as necessidades da criança e corresponder a elas. Se a mãe é suficientemente boa, há criação de um bom vínculo e consequentemente de um apego seguro, caso contrário se torna inseguro. Crianças com apego seguro, na fase adulta apresentam autoconfiança na vida adulta.
Diferente da outra teoria, não me vêm como um método de acolhimento a encantadora de bebês, visto que é um manual que ensina como fazer com as rotinas dos bebês, visto que nem sempre dá para segui o que o livro coloca e acaba sendo um “manual” com seu método explicativo de como lidar com o bebê, a criança mesmo que exista uma realidade bastante diferente já que cada criança se diferencia uma da outra.
Tornar os pais dependentes de sua normativa, não é legal, pois cada bebê é único no mundo.
Acredito que o sucesso de Tracy Hogg seja decorrente da nuclearização da família. Anos atrás as mães aprendiam a cuidar de seus bebês com suas mães, avós e tias. Hoje isso não ocorre mais, As famílias estão cada vez mais distantes, sendo menores e com menos trocas. E assim os livros como esse da “encantadora” ganham espaço e suprem os pais com suas informações indispensáveis.
Como efeito não tanto positivo, um contraste no aspecto daquela “mãe suficientemente boa”,
Pensamos que Winnicott não pretendeu ensinar as mães a serem suficientemente boas, até porque não é algo a ser ensinado. Para ele, o seio constitui um símbolo, não de fazer, mas de ser. A mãe não desempenha um papel, não o intelectualiza, apenas vive de modo genuíno e mais do que qualquer coisa, sente e conta ao seu bebê que a vida é digna de ser vivida.
A mãe suficientemente boa ajuda a formar a mente do bebê, assim possibilitando a experiência da onipotência primária, base do fazer criativo: o bebê crê que ela cria o mundo. Essa percepção criativa do mundo é uma experiência do self, núcleo singular do sujeito. Winnicott acredita que a localização do self no corpo não é uma experiência dada desde sempre, mas sim fruto do desenvolvimento saudável.
Diferente da literatura da “encantadora de bebês”, Winnicott explica que não é necessário a mãe ter uma compreensão intelectual de sua função ou tarefas. Para ele, a mãe está preparada para a mesma, em sua essência, pela orientação biológica em relação ao seu próprio filho. Implica mais o fato de sua devoção do que de sua compreensão para que seja suficientemente boa para obter sucesso nas primeiras etapas da vida do bebê. Sem esta presença vital nenhuma técnica, receita ou conselho valem.
Buscamos soluções para que os bebês parem de se comportar como bebês e sejam independentes o mais rápido possível.
Chegamos ao ponto onde precisamos de técnicas, de livros e cursos e vídeos para dizer o óbvio: crianças são pessoas. São seres em desenvolvimento em situação de completa vulnerabilidade e necessitam de compreensão, paciência e empatia. Dar colo e aconchego ao filho virou uma “técnica”. Somos uma civilização em que amor, carinho e respeito por crianças precisa de prescrição.
A criação ou educação com apego é um tipo de filosofia de criação, idealizada pelo pediatra William Sears e sua esposa Martha Sears que se baseia na teoria do apego, levando em consideração a importância do vínculo entre pais e bebê principalmente em seus primeiros anos de vida.
Há uma diferença importante entre essas teorias, onde a criação com apego é uma forma de educar que oferece recursos que podem auxiliar na formação de um bom vínculo entre pais e bebê. A forma de educar um filho é algo pessoal, se baseia em valores, crenças e história de vida dos pais e cada um usará aquela que faz mais sentido para a família.
Desde da publicação do livro The baby Book (considerado a Bíblia da criação com apego), essa filosofia evoluiu e passou a ser moldada por outros profissionais.
Existem hoje diversas “regras e parâmetros” que supostamente determinam se de fato os pais estão ou não criando seus filhos com apego.
Segundo Dr. Sears, é importante lembrar que a criação com apego é uma abordagem e não um conjunto de regras. Portanto, enquanto o vínculo gerado no parto, na amamentação, no uso do sling e na cama compartilhada segura, são encorajados neste estilo de parentalidade, os benefícios do apego não são exclusivos daqueles que são capazes de fazer todas as coisas. Os princípios da Criação com Apego são ser responsivo e sensível às necessidades do seu bebê, cuidar do seu filho através do toque e criar um vínculo que permita que as necessidades da criança sejam facilmente cuidadas.
Visualizo semelhanças entre as duas teorias tanto de Winnicott, quanto de Sears, onde se a mãe não souber olhar seu filho recém-nascido como um ser humano, haverá poucas chances de ter uma saúde mental sólida como uma criança em sua vida posterior, para que assim possa ostentar uma personalidade rica e estável, suscetível não só de adaptar-se ao mundo, mas de também participar de um mundo exige adaptação.
Em contrapartida, povos distantes, que não tinham o desenvolvimento tecnológico e todos os aparatos médicos que os ocidentais, foram observados em sua maneira de cuidar das crianças.
E aí, o apego era evidente. Fora os hábitos mais “fanáticos” relacionados a rituais e tradições religiosas, os bebês e as crianças viviam em contato intenso e frequente com seus cuidadores.
Foi quando os psicanalistas começaram a entrar no campo da primeira infância. Até então, se preocupavam com o psiquismo a partir do Complexo de Édipo, lá pelos cinco, seis anos em diante.
Winnicott, trabalhava com crianças institucionalizadas e fora fundamental para a opinião pública na Inglaterra entendesse que o contato intenso e constante entre mãe (ou cuidador substituto) e o bebê era fundamental para a saúde emocional deste. 
Ele, por sua vez, tinha o maior cuidado de enfatizar que qualquer pessoa poderia substituir essa mãe, desde que estivesse empática com essa criança.
Décadas depois,o Attachment Parenting se tornou não só uma corrente teórica, mas um approach ideológico que reúne não só cientistas do comportamento humano e animal, mas também pais e mães em torno de críticos sobre as formas mais usuais de se cuidar dos bebês ocidentais.
Essa corrente tem sido difundida por Dr. Sears, que virou praticamente uma “patente” da criação com apego.
Algumas de suas dicas são interessantes para as mães que, vivendo a maternidade pela primeira vez, se deparam com questões práticas pouco ou não abordados por seus médicos.
Para Sears, o mais importante é devolver às mães a autonomia para serem mães, ou seja, irão saber como agir diante de um novo ser, se estiverem em condições de desenvolver a empatia necessária.

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