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apostila 06

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 AS NOVAS CONFIGURAÇÕES DA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA .......... 5 
3 O divórcio .................................................................................................... 8 
3.1 Divórcio: considerações gerais ............................................................. 9 
3.2 A guarda dos filhos ............................................................................. 12 
3.3 Motivos que originam o divórcio ......................................................... 13 
3.4 Parentalidade e divórcio ..................................................................... 13 
3.5 Considerações sobre o processo psicológico da elaboração do luto . 14 
3.6 Etapas do processo psicológico do luto ............................................. 16 
3.7 O processo psicológico e o processo judicial ..................................... 18 
3.8 Enquadramento jurídico ..................................................................... 19 
3.9 Efeitos do divórcio .............................................................................. 20 
3.10 Os filhos do divórcio ........................................................................ 20 
3.11 A vida pós-divórcio .......................................................................... 21 
3.12 Abertura ao diálogo ......................................................................... 21 
3.13 O homem-pai no divórcio ................................................................ 21 
3.14 A mulher-mãe no divórcio ............................................................... 22 
4 ALIENAÇÃO PARENTAL .......................................................................... 23 
4.1 Consequências psicológicas da (sap) ................................................ 24 
4.2 Aspectos jurídicos da alienação parental ........................................... 25 
4.3 Divergências sobre a (sap) ................................................................. 27 
4.4 Elementos de identificação da alienação parental e da síndrome da 
alienação parental ................................................................................................. 28 
4.5 Graus de extensão e falsas alegações de abuso e implantação de 
memórias 31 
4.6 As consequências da síndrome da alienação parental na criança ..... 33 
 
3 
 
4.7 Papel da psicologia em relação à síndrome da alienação parental .... 37 
5 CONSTRUÇÕES E RECONSTRUÇÕES DO MODELO FAMILIAR: 
CASAMENTOS, SEPARAÇÕES E RECASAMENTOS ............................................ 40 
6 CASAMENTO: CRISE E TRANSFORMAÇÃO DA FAMÍLIA .................... 44 
7 FORMAÇÃO DO NOVO CASAL: RECASAMENTO ................................. 46 
7.1 Os membros da família recasada ....................................................... 51 
7.2 Papéis e funções de padrasto e madrasta ......................................... 53 
7.3 Expectativas, crenças e mitos da família recasada ............................ 58 
7.4 Afetividade na família recasada ......................................................... 60 
7.5 Relacionamento entre irmãos, meios-irmãos e coirmãos ................... 62 
8 A ESCOLHA DA INTERVENÇÃO SISTÉMICA: A CONSULTA 
PSICOLÓGICA DA TERAPIA FAMILIAR .................................................................. 64 
8.1 Famílias recasadas: características e especificidades ....................... 70 
8.2 Estrutura: como é constituída a família recasada ............................... 71 
9 FAMÍLIAS RECASADAS E TERAPIA DE FAMÍLIA: UM ENCONTRO DE 
INFORMAÇÕES ........................................................................................................ 72 
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 81 
11 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 84 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
A Rede Futura de Ensino, esclarece que o material virtual é semelhante ao da 
sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno 
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta 
, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse 
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. 
No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão 
ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 AS NOVAS CONFIGURAÇÕES DA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA 
 
Fonte: osalto.com.br 
Na contemporaneidade observa-se várias composições familiares constituídas 
pelos laços da aliança. A consanguinidade deixou de ser condição necessária e 
obrigatória e cedeu espaço ao afeto em questões de laços e obrigações familiares. 
Assim, deixou-se de falar em família, mas em famílias, dada a existência de diversas 
configurações familiares. A família contemporânea passou a conviver com uma 
pluralidade de outros padrões de casamentos e famílias. 
A concepção da família nuclear constituída por pai, mãe e filhos a que 
estávamos habituados não existe mais como modelo único; a sociedade passou por 
inúmeras transformações e com ela o comportamento dos seus integrantes e da vida 
familiar. Segundo Vaitsman "A participação crescente das mulheres nas atividades 
públicas e a conquista de direitos formais de cidadania não apenas desafiaram a 
hierarquia sexual moderna, mas atingiram em cheio o coração da família" 
(VAITSMAN, 1994, p. 32). 
O fato da mulher estar inserida no mercado de trabalho e não ser dependente 
financeiramente do homem é outro elemento que contribuiu para as novas 
configurações familiares. A família moderna se estruturou de maneira hierárquica e 
desigual para a mulher. 
 
6 
 
" Segundo Vaitsman, quando a divisão sexual do trabalho e o individualismo 
patriarcal são redefinidos e homens e mulheres passam a se ver como iguais, 
criam-se condições sociais particularmente favoráveis para que este conflito 
se manifeste, levando a um maior número de separações." (VAITSMAN, 
1994, p. 35). 
A busca pela individualidade e a livre escolha abriu espaço para o conflito se 
manifestar. Sarti (2006,) afirma que "as pessoas querem aprender, ao mesmo tempo, 
a serem sós e a "serem juntas"" (SARTI, 2006,). Na família as coisas que antes eram 
predeterminadas, hoje são objetos de constantes negociações. Homens e mulheres 
passaram a se ver como iguais e isso não só abriu espaço para o conflito, como 
também levou muitos casais a se separarem. 
A organização da família contemporânea foi construída e desconstruída de 
acordo com os aspectos sociais, econômicos, políticos e religiosos. As novas relações 
passaram a conviver, ou não, com os filhos do primeiro relacionamento e com os filhos 
do cônjuge do segundo casamento. Desses novos relacionamentos surgiram novos 
filhos que passaram a conviver juntos nessa nova família reconstituída. 
Nas novas organizações familiares os papéis são constantemente avaliados e 
reavaliados, buscando na relação a satisfação de todos. Nesse contexto a figura do 
pai também se modificou, tornando-se mais afetivo e participativo na educação dos 
filhos. Antes a figura do pai era temida por sua autoridade edistanciamento dos filhos. 
A modernidade aproximou ambos, pais e filhos passaram a se relacionar de maneira 
mais próxima e afetiva, bem diferente da época do Brasil Colonial, onde a figura 
paterna provocava medo. 
A modernização levou as mulheres a estudar e a se prepararem melhor para 
exercerem atividades especializadas. Na contemporaneidade elas são a maioria nas 
universidades e estão ocupando, no mercado de trabalho, profissões antes só 
ocupadas pelo sexo masculino. Elas estão presentes nas construções civis, nas 
academias universitárias, na política, nas grandes empresas liderando e comandando. 
A maternidade, como escolha, tornou-se uma das grandes conquistas das 
mulheres que podem deixar a maternidade para mais tarde, depois de consolidar a 
sua carreira profissional. A contemporaneidade trouxe também a possibilidade de 
dizer não à maternidade. O censo do IBGE aponta o crescimento de mulheres que 
têm optado por não ter filhos. 
 "Entre as mulheres que têm no currículo um diploma de ensino superior, pouco 
mais de um quinto optou por não experimentar a maternidade" (JIMENEZ, 2013). 
 
7 
 
A infertilidade foi passível de ser contornada, em muitos casos, mediante as 
novas tecnologias da reprodução assistida. Isso representou um ganho expressivo 
para as mulheres. Essas mudanças representam uma revolução nos costumes dos 
quais a mulher tem sido protagonista. 
As mulheres têm liderado o ranking nos pedidos de divórcio na maioria dos 
estados brasileiros (180graus, 2012). A taxa de divórcio, em 2011, atingiu o índice 
mais alto desde 1984 (IBGE, 2011). O crescimento do divórcio por iniciativa das 
mulheres tem crescido por conta da postura diferente em relação ao casamento. Com 
a independência financeira e a realização profissional, as mulheres não mais precisam 
se sujeitar a um relacionamento insatisfatório. A própria desmistificação do casamento 
eterno, só dissolvido pela morte, tem levado muitas mulheres não somente a 
romperem, como também a refazerem suas uniões, através de uma nova organização 
familiar. 
Segundo IBGE, com as relações mais flexíveis têm ocorrido mudanças 
substanciais no compartilhar da guarda dos filhos. Mesmo que ainda hoje a 
guarda permaneça, na maioria das vezes, com a mãe, cresce, segundo 
dados do censo, o número de casais que compartilham a guarda de seus 
filhos menores (IBGE, 2011). 
A guarda compartilhada tornou-se um avanço nas novas organizações 
familiares. Antigamente essa prerrogativa era quase inexistente, ficando a guarda dos 
filhos exclusivamente com a mãe. Na contemporaneidade percebe-se uma 
negociação na educação e nas responsabilidades para com os filhos. 
Essa mudança aponta para as transformações históricas ocorridas no âmbito 
familiar, fazendo com que as próprias leis do direito da família adaptassem-se à 
realidade moderna, desvinculando-se, aos poucos, dos preceitos da religião. 
A guarda compartilhada, além de ser um avanço nas novas configurações 
familiares, representa uma conquista para a mulher. Ao compartilhar o cuidado dos 
filhos sobra mais tempo para que a mulher se dedique a projetos pessoais, 
profissionais ou ao próprio lazer, tendo um tempo só para si. As mudanças 
possibilitaram novas recomposições e a pluralidade de situações cotidianas 
impediram um padrão dominante de casamento e família. 
Mesmo que os papéis tenham se flexibilizado, na maioria das vezes as 
mulheres permaneceram como as principais responsáveis pela administração da 
 
8 
 
organização doméstica e familiar. Cresceu o número de famílias chefiadas por 
mulheres. A chefia feminina vem sendo vivenciada em diferentes segmentos sociais. 
As mulheres, embora sujeitas às inúmeras restrições, também atuam como 
sujeitas de suas vidas, resistindo e protagonizando novos modelos familiares. A 
mulher assumiu vários papéis: mãe, esposa e profissional. 
Diante desses novos papéis da vida cotidiana, as mulheres tiveram que 
inventar novas respostas. As dificuldades financeiras abriram espaços para as redes 
de solidariedade e resgataram vínculos de parentesco que foram perdidos pela 
modernidade. No cuidado com os filhos recorre-se às creches, aos vizinhos, às avós 
ou mesmo contrata-se os serviços de uma babá. 
Na contemporaneidade observa-se o crescimento das avós que cuidam dos 
seus netos, enquanto as mães/pais trabalham fora. Com atitudes práticas as famílias 
vão se articulando e buscando, de forma criativa, melhores condições de assegurar a 
sobrevivência, proteção e inclusão social. 
Com o crescimento do número de divórcios no país não dá para pensar que as 
pessoas que participam de alguma religião estejam imunes ao divórcio. Cada vez mais 
as pessoas estão buscando a realização e a felicidade. 
Com a modernidade as pessoas passaram a ter mais coragem de assumir suas 
escolhas e optar por relacionamentos que lhes tragam mais prazer e realização. Como 
a infelicidade na vida matrimonial e familiar não escolhe pessoas por causa de sua 
classe social, etnia e por sua opção religiosa, também nas comunidades religiosas 
observam-se, cada vez mais, diversas configurações familiares. 
3 O divórcio 
O divórcio é a suspensão da convivência conjugal com motivos bem definidos 
que originam ruptura no seio do casal. 
Segundo Wikipédia, divórcio, do latim “ divortium”, derivado de “divertere”, em 
português significa separar-se. O divórcio é o rompimento legal e definitivo 
do vínculo de casamento civil. (Wikipédia,2008). 
Existem três formas de dissolução de casamento: o divórcio, a anulação e a 
morte de um dos cônjuges. Os bens do casal ficam sujeitos ao regime de bens 
 
9 
 
adoptado na altura do casamento que podem ser a separação de bens, bens 
adquiridos ou comunhão de adquiridos. 
 Os países que têm as taxas mais altas de divórcio são os Estados Unidos, a 
Dinamarca e a Bélgica, os que têm as taxas mais baixas de divórcio são a Itália, a 
Irlanda o que se pode relacionar com o fato de serem países extremamente católicos. 
O poder paternal é atribuído na maior parte das vezes à mãe. Muitas vezes os motivos 
que vão levar ao divórcio são a incompatibilidade de temperamentos, a intransigência, 
a infidelidade e a irritação, entrar com um pedido de divórcio nem sempre é uma 
atitude fácil, mas muitas vezes é necessária. 
3.1 Divórcio: considerações gerais 
“A pedra de toque para a vida familiar ainda é o legendário “e assim eles 
casaram e viveram felizes para sempre” (MINUCHIN, 1990). No entanto, este final 
feliz dos contos infantis, nem sempre corresponde à experiência da realidade. 
O divórcio é a dissolução do casamento deixando os sujeitos livres e 
descompromissados do matrimônio assumido. Segundo Diniz (2006), o divórcio é a 
dissolução de um casamento válido, ou seja, a extinção do vínculo matrimonial, que 
se opera mediante sentença judicial, habilitando assim as pessoas a buscarem novas 
núpcias. De acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número 
de divórcios vem aumentando consideravelmente (45,6%). Esse aumento é explicado 
por conta da mudança na Constituição. Até 2010 a separação judicial deveria 
acontecer por um período de dois anos, sendo tal condição, uma exigência prévia para 
a realização do divórcio. 
 Depois desta data, essa exigência deixou de existir, podendo o casamento ser 
desfeito imediatamente com o ato do divórcio. Isto significa que mais pessoas estão 
livres para casar outra vez, fazer o “recasamento” e constituir uma nova família. O 
conceito de divórcio e o de separação judicial, apesar de serem muito semelhantes, 
se diferenciam quando analisados legalmente. 
A separação judicial refere-se à separação de corpos com a manutenção do 
vínculo matrimonial. O divórcio promove a cessação definitiva e imediata do 
casamento. 
 
10 
 
No entanto, apesar da existência de uma possível crise, Mcgoldrick (1995, 
pg.23) afirma que: “Uma interrupção ou deslocamento do tradicional ciclode vida 
familiar, produz um tipo de profundo de desequilíbrio que está associado às 
mudanças, perdas e ganhos no grupo. ” 
Sendo o divórcio definido como dissolução legal do casamento na vida dos 
cônjuges, é de se esperar que, essa dissolução, vivida em termos de um processo, 
leve os cônjuges a experenciarem diferentes fases na sua realização. 
Diversos autores abordam fases que o casal vivencia por conta dos 
envolvimentos emocionais relacionados ao divórcio e dos reajustes necessários na 
família pós-divórcio. 
Nazareth (2004) aponta três fases do processo de separação: a fase 
aguda, a fase transitória e a fase ajuste: 
 A fase aguda: corresponde à fase antes do divórcio contendo a insatisfação 
de um ou dos dois parceiros com a relação, estando presentes sentimentos 
ambivalente instabilidade e insegurança. Nessa fase o parceiro sente bastante 
insatisfeito com a relação, vendo que suas expectativas em relação ao outro 
estão sendo frustradas. 
 A fase transitória: é a separação propriamente dita, é quando a relação se 
dissolve. Período importante onde exige-se grande esforço da família (pais e 
filhos). Nessa fase, a família precisa reorganizar os papéis, analisar como será 
o futuro de cada membro, sendo preciso comunicar aos filhos, a decisão do 
casal neste momento é necessária, para lidar com as mágoas e as frustações 
causadas pela separação. 
 A fase do ajuste: ocorre com a condição da aceitação, tendo-se à chance de 
um novo começo de vida a partir do desaparecimento das mágoas causadas 
por conta do divórcio, a partir deste marco, surgem novos projetos de vida. 
Pode surgir também o “recasamento”, que se refere ao início de um novo 
envolvimento, e a inserção desse novo membro a família. 
A classificação mais utilizada sobre as fases do divórcio é a proposta por 
McGoldrick (1995). Nessa escala, observam-se diferentes fases que usualmente são 
vividas no ciclo de vida familiar para que os casais possam se reestabilizar e se 
desenvolverem. São elas: 
 
11 
 
1ª Fase: Decisão - A decisão de divorciar-se é a aceitação do fracasso no 
casamento, ou seja, quando o casal percebe que o casamento não está mais trazendo 
o bem-estar para si e para a família. 
2ª Fase: Planejamento - lidando com a dissolução do sistema familiar surgem 
questões a serem resolvidas: a custódia dos filhos, o funcionamento da família após 
o divórcio, o manejo da mesma para uma nova adequação à situação, entre tantas 
outras condições a serem consideradas. 
3ª Fase: Luto A separação mobiliza o luto pela perda da família originalmente 
idealizada, a reestruturação do relacionamento conjugal, o realinhamento do 
parentesco com as famílias envolvidas, a adaptação à vida separada. Ou seja, o casal 
terá que lidar com a perda de uma vida a dois, para uma vida solitária. Vão ter que 
reconstruir o parentesco com a família para que mesmo separados continuem unidos 
em razão do bem-estar do filho. 
4ª Fase: Aceitação - abandono de fantasias de reunião, recuperação de 
esperanças, sonhos, expectativas. Superação das raivas, mágoas, culpas pela 
responsabilidade do fracasso, projetos de novos sonhos e expectativas para um novo 
futuro. 
As dificuldades matrimoniais não atingem e nem são vividas exclusivamente 
pelo casal. O estado de desentendimento entre os pais abala os filhos, tão 
profundamente, quanto o casal. A maneira como cada membro do casal lidará com o 
fim do casamento, pode propiciar aos filhos, uma melhor ou uma pior elaboração da 
separação (ALMEIDA, 2010). 
Por conta do processo do divórcio, o desenvolvimento normal da vida da família 
é interrompido causando bruscas alterações. Mcgoldrick (1995) ainda ressalta que, 
na maioria dos divórcios, um dos cônjuges quer sair do casamento mais do que o 
outro. Não sendo esta decisão mútua, aquele que não quer se separar acaba ficando 
vulnerável a um desequilíbrio emocional, à baixa autoestima, sentimento de 
impotência e humilhação. 
No entanto, quando a família consegue negociar a crise de uma forma 
amigável, o impacto do divórcio poderá ser amenizado na vida de cada um e, 
principalmente na dos filhos pequenos. 
 
12 
 
3.2 A guarda dos filhos 
Uma das implicações mais delicadas do divórcio, diz respeito ao cuidado, 
responsabilidade e guarda dos filhos do casal. Por isso todas as questões que possam 
interferir diretamente na vida dos filhos, devem ser lidadas com cuidado. 
Segundo Dias (2008), “o rompimento da vida conjugal dos genitores não deve 
comprometer a continuidade dos vínculos parentais, pois o exercício do poder familiar 
em nada deve ser afetado pela separação. ” 
 No entanto, esta condição ideal, nem sempre corresponde aquilo que 
usualmente é experenciado pelas famílias que estão em processos de separação. 
Muitas vezes, os casais que se divorciam, transformam a guarda dos filhos em uma 
disputa mobilizada pelo poder e/ou pela vingança. 
Guarda é “um instituto jurídico através do qual se atribui a uma pessoa, o 
guardião, um conjunto de direitos e deveres a serem exercidos com o objetivo de 
proteger e prover as necessidades e desenvolvimento do filho” (Carbonera, 2000,). 
A guarda pode ser unilateral e/ou compartilhada. No modelo de guarda 
unilateral, os filhos residem com apenas um dos pais. Esta escolha pode ser realizada 
de comum acordo pelo casal, ou quando necessário decidido em juízo. 
 Ocorre naturalmente que as crianças fiquem com a mãe tendo o pai o dever 
de contribuir financeiramente com a criação dos filhos e o direito de visita. Quando o 
casal decide, de forma amigável, como ficará a guarda dos filhos, tudo se torna menos 
desgastante não só para o casal como também, para seus filhos. 
Na guarda compartilhada, os pais dividem igualmente a responsabilidade de 
tomar decisões em relação à vida do filho e possuem os mesmos direitos, ficando 
estes filhos, alternadamente nas casas de ambos. 
Esse tipo de guarda começou a se desenvolver depois que os pais 
reivindicaram a igualdade do direito para viverem com os filhos e se deslocarem da 
posição passiva para mais ativa, na vida dos filhos. 
A determinação sobre a guarda dos filhos tem a preocupação de assegurar o 
melhor interesse para o menor, cabendo aos pais também visarem esse objetivo. 
Toda criança tem o direito ao convívio familiar e ao contato com ambos os pais. 
Quando existe uma violação desse direito por parte de um dos genitores, frustrando 
ao filho a expectativa de conviver com o outro genitor, considera-se um desrespeito 
 
13 
 
aos direitos da criança podendo se configurar como um princípio de Alienação 
Parental. 
3.3 Motivos que originam o divórcio 
Embora possa não parecer, o casamento ainda continua a ser o que era. As 
pessoas quando casam ainda acreditam no “Até que a morte os separe” e ainda têm 
como principal objetivo a busca da felicidade. 
Os primeiros sinais de desencanto surgem com as incompatibilidades de feitios 
que são acentuados pelo convívio entre os membros do casal; o desequilíbrio na 
divisão de tarefas; quando o casal começa a entrar na rotina e os problemas 
económicos. Outro dos problemas muito frequentes e que podem minar a vida de um 
casal é a falta de diálogo e as constantes discussões. 
Apesar de cenários de grande instabilidade emocional, as pessoas continuam 
juntas quer por motivos económicos, quer pelo bem-estar dos filhos. 
3.4 Parentalidade e divórcio 
Quando um casal sem filhos resolve desfazer o casamento, a ruptura tende a 
ser menor, pois menos pessoas estão envolvidas, e a redefinição dos papéis de cada 
um não é tão complexo. Neste caso, não há necessidade de manter contato, com o 
ex-parceiro, a não ser que seja uma escolha dos dois (Peck & Manocherian, 1995). 
Por outro lado, após o nascimento do primeiro filho é o momento em que o 
casal tem o maior risco de se divorciar. 
A chegada de um filho exige uma redefinição de papéis, tornando cada membro 
do casal um progenitor, adicionando-seao casal conjugal o que se chama de casal 
parental (Martins, 2011; Peck & Manocherian, 1995). Assim, quando ocorre a 
separação conjugal, há a necessidade do contato continuado de ambos em função da 
educação e do cuidado com os filhos, o que torna o processo muito mais complexo. 
Alguns autores sugerem que o divórcio pode gerar conflitos de lealdade nos 
filhos, uma situação na qual estes precisem estabelecer aliança com um dos pais em 
detrimento do relacionamento com o outro (Brown, 1995; apud Hetherington, Cox & 
Cox, 1977; Wallerstein & Kelly, 1980). 
 
14 
 
De uma forma geral, o divórcio, muitas vezes, transforma a relação de cada um 
dos pais com os filhos, na medida em que cada ex-cônjuge, agora, precisa dar conta 
dos filhos e da casa sozinhos. 
Hoje, ainda, a mulher é a maior responsável pelo cuidado com os filhos após o 
divórcio (nos dados do IBGE de 2013, em 86,8% dos casos, a guarda dos filhos ficou 
com a mãe), o que faz com que a carga de trabalho sobre ela - tanto na profissão 
quanto em relação ao cuidado com os filhos - seja maior. Brown (1995), existe uma 
tendência maior de afastamento do pai quando os conflitos conjugais ainda são muito 
presentes, e ele se sinta incapaz de lidar com a ex-mulher que, por sua vez, tenta 
afastar os filhos da influência do pai: 
"Segundo Brown, conforme o tempo passa, um pai que tem dificuldade em 
manter contato com seus filhos pode sair de suas vidas completamente. Ele 
pode fazer isto assumindo um emprego em outro estado, ou diretamente, 
simplesmente deixando de fazer as visitas. Isto tende a acontecer mais nas 
famílias em que os conflitos conjugais ainda estão muito vivos, mesmo que 
não sejam discutidos, e o pai se sente incapaz de lidar com a ex-mulher. Da 
mesma forma, a ex-mulher também pode decidir afastar os filhos da influência 
direta do pai. (...) quando isso acontece, o pai pode sentir uma perda 
esmagadora que o deixa impotente para buscar outras oportunidades, tais 
como férias escolares, para visitas". 
Cada vez mais, estes divórcios ocorrem porque um ou ambos os cônjuges não 
estão mais felizes com o relacionamento. Separar-se, portanto, seria uma chance de 
encontrar felicidade de outra forma, muitas vezes em um outro casamento. 
De acordo com McGoldrick & Carter (1995), utilizando-se das estatísticas da 
década de 80 nos Estados Unidos, 65% das mulheres e 70% dos homens divorciados 
casarão novamente. Na realidade Brasileira, 20% dos casamentos de 2013 foram 
recasamentos (IBGE, 2013), o que representa um aumento de quase 100% em 
relação aos dados de 2003. Assim, torna-se cada vez mais importante entender a 
realidade das famílias recasadas e as características de funcionamento deste arranjo 
familiar. 
3.5 Considerações sobre o processo psicológico da elaboração do luto 
A perda da pessoa amada produz aquilo que, em psicologia, contrapondo-se à 
dor física (no corpo), denomina-se dor psíquica: uma fratura do vínculo amoroso com 
o outro, uma dissociação relacional (ego-alter), mais precisamente daquele objeto de 
 
15 
 
desejo que foi idealizado como destinado a viver junto, a con-vivere, a participar de 
uma comum-unidade. 
A expressão dessa dor, no entanto, em regra, assume uma dimensão 
existencial, que coloca em questão o próprio sentido da vida e, às vezes, pode 
conduzir a uma angústia (desespero) referida como um dilaceramento da alma. 
Do ponto de vista neuropsíquico, entretanto, a dor da perda imprime 
impressões que ficam gravadas sob a forma de memórias, que serão muitas vezes 
recordadas, isto é, reprocessadas pelo afeto (re-cordis), passadas outras vezes pelo 
coração, até se diluir em níveis suportáveis de vividos atuais. 
O afeto é sempre um eterno retorno, uma reedição de um evento primitivo, uma 
repetição do “passado”, não tão passado porque ainda vive no presente. 
Essas breves considerações psicológicas acerca da psicodinâmica do afeto 
são esclarecedoras para compreender o germe do litígio presente em várias 
demandas na área de família. 
O processo judicial pode, nesse quadro, ser palco de disputas cujo litígio, sua 
parte manifesta e material, pode trazer consigo outro litígio, submerso, latente, que 
radica nas profundezas do inconsciente. O processo explícito pode alimentar o 
implícito e o sistema de justiça ser o espaço dessa contenda 
Daí a razão e a importância de os operadores do direito estarem cientes dos 
caminhos inconscientes que podem servir como causa subjacente dos processos 
judiciais. 
 A Emenda Constitucional nº 66, ao suprimir a necessidade de propositura de 
duas ações distintas, primeira da separação e depois a do divórcio, que muitas vezes 
retroalimentavam a litigiosidade e fomentavam o conflito, favorece, sob o ponto de 
vista psicológico, à elaboração do luto. Seguindo esse entendimento, são oportunos 
os ensinamentos do professor Rodrigo da Cunha Pereira: 
Esta Emenda Constitucional ajudou também a diminuir a litigiosidade entre os 
casais. Com isto o fim da discussão de um culpado, o casal teve que elaborar a dor 
do fim do casamento e encontrar uma saída ética e menos traumática que é o fim m 
da briga. É lamentável como todos nós, operadores do Direito nos permitimos ser 
instrumentos de “gozo” com as demandas judiciais. 
Refiro-me ao termo psicanalítico que, resumidamente falando, significa 
estacionar em um ponto de prazer, ainda que pela via do sofrimento. (...) os restos do 
 
16 
 
amor que são levados ao judiciário, geralmente, significam uma perpetuação da 
relação através da briga. É preciso cortar este jogo perverso que alimenta a 
degradação do outro. É preciso substituir o discurso da culpa, que é paralisante do 
sujeito, pelo discurso da responsabilidade, que ajuda a construir e dar autonomia às 
pessoas, para que elas possam ser sujeitos da própria vida. 
Nessa complexa trajetória da perda, do luto e de sua elaboração, entra em cena 
o sentimento de dependência próprio da condição humana. Consoante Mira y Lopez: 
Quando o outro se transforma em objeto de desejo, a ele é atribuído um enorme 
poder. Poder que gera vulnerabilidade, uma dependência que é sentida como 
prejudicial à pretensa dignidade do ego. 
 Por mecanismos inconscientes, dentre eles a negação e a formação reativa, a 
paixão amorosa pode se transformar em paixão odiosa. “Em todo amor existe, latente, 
um germe de rivalidade, capaz de transformá-lo em ódio. Nada há tão semelhante ao 
abraço como o estrangulamento” 
Odiando, pode-se prescindir do outro. Entretanto, para que isso se cumpra, é 
necessário atacá-lo e destruí-lo. A pulsão amorosa se transmuta na pulsão tanática. 
O ódio passa a ser, então, a sombra do amor. Nesse quadro, o amor (a-mors = não à 
morte) converte-se no seu oposto. Já não se morre de vida, mas vive-se de morte. 
3.6 Etapas do processo psicológico do luto 
Sob o prisma psicológico, o divórcio provoca reações emocionais típicas da 
perda afetiva, dando ensejo ao denominado processo de luto, um trabalho psicológico 
complexo. 
Foi Klüber-Ross (1994) quem estabeleceu e sistematizou as etapas do 
processo psicológico do luto, identificando cinco estágios, a saber: 
 Estágio do Choque e Negação: O choque é sempre a primeira reação 
decorrente do impacto da informação traumática que a perda envolve, 
havendo um estado de confusão e negação acerca de sua real 
ocorrência. 
 Estágio da Raiva: Sentimento de frustração, injustiça, impotência, 
frustração e atribuição de culpa ou responsabilidade a terceiros surgem 
frente à perda logo após a etapa do choque e da negação. 
 
17 
 
 Estágio da Negociação ou Barganha: Nesta etapa de elaboração do 
luto, a pessoa tenta negociar a sua condição. Avaliando os contras, mas 
conseguindo ver também algum fator positivo (possibilidade de 
tratamento, por exemplo), se estabelece uma forma de avaliação da 
situação acompanhada do desejo de que alguma transação com a perda 
seja viável. 
 Estágios da Depressão:Nessa fase aparecem os sinais de depressão: 
 Desesperança; 
 Tristeza profunda; 
 Retraimento; 
 Isolamento; 
 Fraqueza emocional; 
 Perda de sentido das coisas; 
 E, às vezes, ideação suicida. 
 Estágio da Aceitação e Superação: 
Nesse estágio deve ocorrer a compreensão da morte ou perda como um 
acontecimento inevitável, um fato que faz parte da vida, surgindo 
sentimentos de apaziguamento e conforto emocional frente àquilo sobre 
o que a pessoa não tem o poder de transformar. 
O luto mal elaborado ou não resolvido pode implicar sérias consequências, 
dentre elas o denominado Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). A pessoa 
sofre pesadelos dramáticos e recorrentes nos quais revivencia a experiência 
conflituosa da perda de maneira terrorífica, apresenta flashbacks nos quais se reedita 
o evento estressor, acontece o despertar súbito com suores e tremores, e surgem 
sintomas emocionais como sentimentos de ódio, desconfiança ou perseguição. 
A par de todas as especificidades relacionadas à perda e ao seu processo de 
elaboração, pode se elencar algumas condutas que devem ser evitadas durante o 
trâmite de um processo judicial: 
 Não aumentar o grau de litigiosidade processual; 
 Não intensificar demandas (papel do advogado como o primeiro juiz da 
causa); 
 Não incentivar o descumprimento de acordos e decisões; 
 
18 
 
 Não aumentar a carga de recursos; 
 Não estender o prazo real (judicial) dos conflitos e das demandas; 
 Prevenir a instauração de Síndromes Emocionais (Síndrome de 
Alienação Parental); 
 Não dificultar soluções acerca da guarda dos filhos; 
 Não potencializar o conflito em torno da questão alimentícia (pensão); 
 Prevenir quadros depressivos ou reativos inesperados. 
De acordo com Carter e McGoldrick, para que cada cônjuge possa seguir com 
sua vida, é necessário libertar-se emocionalmente, recuperar o senso de si próprio 
que lhe permita seguir em frente sozinho. Elaborar o divórcio emocional é um processo 
triplo: implica fazer um luto pelo casamento e pela família perdida, examinar o próprio 
papel na deterioração do casamento, e planejar uma maneira de viver sem distorções. 
3.7 O processo psicológico e o processo judicial 
Como não se exige mais o tempo mínimo de 1 ano da separação judicial ou de 
2 anos da separação de fato, a questão do tempo necessita ser avaliada corretamente. 
Não o tempo cronológico ou processual, mas o tempo psicológico (emocional / interno 
/ lógico). 
Com efeito, o processo psicológico está regido por um tempo que é interno e 
que depende de muitas variáveis, algumas delas de natureza inconsciente. E o 
inconsciente, como se sabe, é atemporal. Nele não existe passado, nem presente, 
nem futuro. 
O curso do processo psicológico depende também do tipo de personalidade do 
sujeito (características que são personalíssimas), da natureza do conflito emocional, 
do fator desencadeante, das condições, recursos e mecanismos de defesa da pessoa 
que enfrenta a perda, e das estratégias de coping que o indivíduo possui como 
repertório instrumental para fazer frente à solução do conflito emocional naquele 
momento. 
Também fatores como idade, suporte familiar, recursos positivos ou negativos 
de trabalho, relacionamentos afetivos e interpessoais, condições físicas favoráveis ou 
desfavoráveis e auxílio técnico-profissional, são elementos importantes para dar a 
 
19 
 
marcha e o andamento ao processo psicológico até sua final resolução, com a 
elaboração do luto. 
O processo psicológico envolve um compromisso do sujeito para consigo 
mesmo, tratando-se de um fenômeno de natureza intrapessoal (intrarsubjetivo), 
enquanto o direito e o processo judicial resolvem conflitos de natureza interpessoal 
(intersubjetivo). 
Deve-se atentar para o fato que existem demandas judiciais, especialmente as 
relacionadas ao direito de família, que se iniciam ou se sustentam apenas por 
questões de ordem psicológica, o que aponta para o pressuposto de que o processo 
psicológico nem sempre coincide, no aspecto temporal, com o processo judicial. 
3.8 Enquadramento jurídico 
Quando não existe comunhão de vida entre os membros do casal e haja da 
parte de um deles ou dos dois a vontade de a restabelecer, estamos perante uma 
separação de fato. 
Será decretado judicialmente o divórcio quando: 
 Existir separação de fato por três anos consecutivos; 
 Existir separação de fato por um ano, se o divórcio for requerido por um 
dos cônjuges sem oposição do outro 
 Existir ausência de um dos cônjuges, sem dar notícias por tempo inferior 
a dois anos, alteração das faculdades mentais do outro cônjuge; 
 Existir uma violação dos deveres conjugais. A violação dos deveres 
conjugais verifica-se quando: Palavras ou atos que atinjam a honra, a 
reputação, a consideração social, o brio, o amor próprio, a sensibilidade 
e a susceptibilidade do parceiro; 
 Praticar adultério 
 Abandono do domicílio conjugal; 
 Incumprimento da obrigação de socorro e auxílio nas responsabilidades 
inerentes à vida da família; 
 Incumprimento da obrigação de prestar alimentos. 
No caso de divórcio por mútuo consentimento, os cônjuges não terão que 
revelar o motivo que levou ao divórcio. (Pedido de Divórcio, 2006). 
 
20 
 
3.9 Efeitos do divórcio 
O divórcio é um momento triste na vida de uma pessoa. A pessoa passa por 
um momento de luto, que pode originar depressões e angústia. Na época de divórcio 
as pessoas passam por mudanças constantes do humor. 
O divórcio produz uma série de efeitos próprios tais como: 
 Filhos menores do casal, este é o principal motivo de conflito entre os 
casais, uma vez que se trata de seres humanos e não de objetos. O 
destino dos filhos e a sua alimentação podem ser regulados de acordo 
com os pais, mas se os pais não conseguirem chegar a um acordo, o 
tribunal decidirá de acordo com o superior interesse das crianças. 
 Prestação alimentar: na separação judicial de pessoas e bens mantém-
se o direito a alimentos. Também o divórcio não extingue 
automaticamente tal direito. Na fixação do montante de alimentos o 
tribunal deve tomar em conta a idade, o estado de saúde dos cônjuges, 
as suas qualificações e possibilidades de emprego, etc. 
3.10 Os filhos do divórcio 
O divórcio altera profundamente a vida das crianças. Muitas vezes, as crianças 
numa situação de divórcio alteram o conceito de família, perdem a intimidade com um 
dos pais e sentem-se abandonadas, os efeitos do divórcio na criança variam de acordo 
com a idade e o sexo. Muitas vezes a identidade da criança é modificada. 
Os filhos de pais divorciados partilham desilusões e atitudes. O fato de serem 
filhos de pais divorciados vai afetar as suas relações presentes e futuras. O divórcio 
provoca traumas na criança. Para os filhos de pais divorciados há um maior anseio 
em conseguirem construir uma relação romântica duradoura. Quando há um divórcio, 
as crianças sentem-se abandonadas. 
É sempre importante lembrar as crianças que: 
 O divórcio não é culpa delas; 
 Aquilo que elas pensam é importante; 
 Que há coisas que elas podem fazer para se sentirem melhor; 
 Tanto a casa do pai, como a da mãe devem ter rotinas parecidas; 
 
21 
 
 Elas continuam a ser amadas depois do divórcio dos pais; 
 Os pais devem continuar a falar dos problemas dos filhos um com o 
outro; 
 A postura dos pais influencia a vivência dos filhos depois do divórcio. 
3.11 A vida pós-divórcio 
Os pais podem assumir duas posturas, uma das quais é a postura construtiva, 
que acontece quando os pais colocam o bem-estar dos filhos acima de todas as 
coisas. Estes pais procuram nunca manipular os filhos em seu benefício. 
O outro tipo de postura, é a postura destrutiva, que ocorre quando os filhos são 
utilizados como joguetes, para atingir o outro cônjuge. Iniciam-se em Jogos de poder 
em que os filhos passam a ser as principais vítimas. 
3.12 Aberturaao diálogo 
O divórcio é uma situação muito complicada para os filhos, por isso os pais 
devem adoptar uma postura de verdade perante os filhos. Com a tomada de decisão 
do divórcio os pais devem conversar com os filhos para tirarem todas as dúvidas que 
possam surgir. Nunca se deve deixar as crianças na dúvida, porque isso vai provocar 
sentimento de insegurança e medo aos filhos. 
A criança deve ficar a par do divórcio dos pais através deles e não através de 
terceiros. É importante deixar as crianças expressarem as suas emoções, mesmo que 
custe aos pais vê-los sofrer. 
3.13 O homem-pai no divórcio 
O papel do homem-pai tem que ser adaptado à realidade de hoje. Sabe-se hoje 
em dia que “pai é quem cuida e desse cuidado nasce o amor”. 
Ser-se homem e ser-se pai são rituais que regulam a vida em sociedade, onde 
a família é o ponto mais sensível da sua existência e continuidade. O pai até aos anos 
70 era visto como progenitor biológico que tinha a função de educar, transmitir os 
valores e a responsabilidade pessoal e social, a mãe era a pessoa que tinha a função 
 
22 
 
mais emotiva e talvez o mais importante, a de dar amor aos filhos. Homem e mulher 
quando há um divórcio ouvem coisas diferentes por parte das pessoas. 
 Os homens ouvem dizer que a mulher é que é importante para assegurar o 
desenvolvimento equilibrado de uma criança, quando isso não é verdade. O pai é tão 
fundamental como a mãe. 
O homem divorciado pode passar por várias fases, a primeira é a de celibatário, 
depois vive uma segunda adolescência, onde se entrega a um jogo de sedução. O 
homem entrega-se mais depressa a um jogo de sedução. O homem entrega-se mais 
depressa a um segundo casamento. A separação acontece muito antes do divórcio, 
há um divórcio psicológico antes do divórcio judicial. 
O homem tem que tentar manter uma boa relação com a ex-mulher para não 
perder o direito aos filhos. O direito de visitar os filhos, a pensão de alimentos e a 
convivência com o segundo marido da ex-mulher são alguns desafios que se impõe 
aos homens. Por vezes, o divórcio é um acontecimento positivo, mas muitas vezes 
pode ser o acontecimento mais infeliz a seguir à perda de um filho. 
3.14 A mulher-mãe no divórcio 
O divórcio é o segundo acontecimento mais traumático na vida humana a seguir 
à morte de um filho. Formar uma família traz novos e complexos papéis havendo um 
acréscimo de responsabilidades e trabalho. A mulher tem que ser uma mãe perfeita e 
apoiar o seu companheiro nas fragilidades afetivas. Muitas vezes, as mulheres casam-
se com perspectivas pouco realistas, acreditam na existência do príncipe encantado 
onde podem encontrar um homem, pai, irmão, amigo e companheiro. 
Com o casamento muitas vezes surge a desilusão. Um divórcio quando há 
filhos e não foi desejado assume um significado de uma morte em vida. A mulher sente 
a perda do ente gostado, mas não pode fazer o luto adequado porque este morreu 
mas continua vivo. A mulher passa por uma grande instabilidade afetiva, muitas vezes 
com depressões. O risco de suicídio é três vezes superior, com o aumento do 
consumo de tabaco, drogas bebidas alcoólicas e condutas de risco. A superação da 
crise do divórcio é muito importante por causa dos filhos. 
 
23 
 
4 ALIENAÇÃO PARENTAL 
Sabe-se que nos últimos 20 anos ocorreu um aumento significativo do número 
de divórcios no Brasil, como relata Guilhermano (2012), consequentemente, 
elevaram-se os números de disputa pela guarda dos filhos. Diante desse cenário, a 
ocorrência das atitudes de alienação parental passou a ser mais frequente, apesar de 
que tais atitudes sempre tenham existido. Isso acontece, pois, em muitos casos, as 
separações conjugais são repletas de conflitos e sofrimentos, onde é gerado em uma 
das partes um sentimento de vingança direcionado ao ex-cônjuge. 
Esse tema para Velly (2010) tem despertado muito interesse tanto da área da 
Psicologia como na área do Direito porque envolve, diretamente, aspectos oriundos 
de ambas as áreas que, portanto, devem se unir para uma melhor compreensão deste 
fenômeno. 
As dimensões desse fenômeno são maiores do que pode parecer porque a 
separação do casal, provoca na mãe um sentimento de rejeição e abandono, 
transformando-se em um desejo de vingança, usando o filho como instrumento para 
se vingar do ex-companheiro, uma vez que é do interesse dele manter o vínculo com 
o filho. 
A alienação parental para Fonseca (2006) está relacionada com as atitudes do 
genitor alienante (genitor guardião) na tentativa de afastar o outro genitor da vida do 
filho. Conforme Velly (2010), tal alienação é uma forma de abuso ou maltrato ao 
menor, cujo genitor guardião utiliza de diversas formas e estratégias para transformar 
a consciência de seus filhos, como se programasse a criança para odiar o outro genitor 
sem justificativa, de tal modo que o próprio menor adere essa conduta de 
desmoralização do outro genitor, destruindo o vínculo afetivo da criança com o genitor 
alienado. 
O guardião segundo Rosa (2008), reiteradamente coloca barreiras 
relacionadas às visitas, tais artifícios e manobras vão desde invenções de doenças a 
compromissos arranjados de última hora, decorrentes de um desejo de prejudicar o 
ex-cônjuge, sendo a criança utilizada como um instrumento de vingança. A mãe é 
quem geralmente, apropria-se do papel de progenitor alienante, cabendo ao pai à 
parte alienada. Isso se dá pelo fato de que ainda nos dias de hoje, na maior parte dos 
casos de separação judicial é a mãe quem detém a guarda dos filhos. 
 
24 
 
Segundo Silva, o alienador pode ser também, avós, madrasta/padrasto, o pai, 
familiares, ou até mesmo amigos que manipulam a mãe ou o pai contra o 
outro, envolvendo os filhos para que rejeitem o outro pai ou a outra mãe 
(SILVA, 2011). 
A situação de alienação pode ser agravada com o surgimento das primeiras 
acusações, como as de abuso emocional, que pode ocorrer em casos de discordância 
de opiniões entre os ex-cônjuges. Por exemplo, um dos genitores incentivar a criança 
a praticar certa atividade, deixar que a criança coma ou não certo tipo de alimento, 
dar permissão para que a criança durma mais do que o necessário ou apresentá-la a 
uma nova pessoa que está se relacionando afetivamente, conduzem a interpretações 
subjetivas, onde a depender da maneira e do contexto em que é contada, são 
consideradas danosas ou abusivas. Ocorrendo esse fenômeno repetidas vezes, tais 
acusações, geram efeitos emocionais nas crianças induzindo possivelmente à 
alienação (XAXÁ, 2008). 
De acordo com Pinto (2012) o genitor alienante em geral é uma pessoa, 
dominadora, manipuladora, com baixa autoestima que se recusa a cumprir as 
decisões judiciais e a submeter-se a tratamentos. 
Segundo Fonseca (2006), a alienação Parental pode durar anos seguidos, 
levando a graves consequências psíquicas e comportamentais no filho, que poderão 
ser superadas apenas com a sua independência do progenitor alienante, onde poderá 
se conscientizar de que foi influenciado a agir de tal forma. 
4.1 Consequências psicológicas da (sap) 
Para Caldero e Carvalho (2005 apud YAEGASHI; MAINARDES; YAEGASHI, 
2011), a origem da depressão infantil possui associação com fatores biológicos e 
ambientais. Dessa forma, um dos fatores ambientais que mais favorecem o 
desencadeamento da depressão na infância seria a dinâmica familiar. 
Segundo Dias , uma vez que consumada a alienação e a desistência do 
genitor não guardião em ser presente na vida dos filhos, dá-se lugar ao 
surgimento da SAP, fato que certamente terá sequelas importantes, de modo 
a comprometer definitivamente o desenvolvimento normal da criança. Em 
consequência dessa síndrome instalada no menor, o mesmo quando adulto, 
possivelmente irá padecer de um complexo sentimento de culpa por sua 
cumplicidade referente à tamanha injustiça cometida ao genitor alienado 
(DIAS, 2006). 
 
25 
 
Os efeitos aversivos e maléficosprovocados pela SAP para Pinto (2012) variam 
conforme a idade, temperamento, personalidade, e nível de maturidade psicológica 
da criança, e o grau de influência emocional que o genitor alienante tem sobre ela. 
No tocante as consequências que a SAP pode gerar, Silveiro (2012) salienta que a 
criança sofre muito mais com o conflito entre o casal e da privação do contato com um 
dos seus genitores, do que com a separação dos pais. Crianças pequenas são muito 
dependentes dos adultos no sentido de construção da percepção de realidade, 
discriminar sentimentos, e até mesmo para terem uma noção mais real ou adequada 
de si mesmas. 
A criança que se encontra em envolvimento com a SAP, em um primeiro 
momento sente uma angústia muito forte, e vários sintomas, como agressividade, 
inibições, medo, tiques nervosos, somatizações e bloqueios na aprendizagem. 
 Além disso, a criança fica com uma visão de que o mundo se fundamenta em 
dois opostos (bem e mal), ou seja, uma visão maniqueísta da vida, e ao ser privada 
do contato com um de seus genitores, perde também o modelo de identificação de um 
dos pais. 
 De igual modo, a criança pode ser atingida por consequências mais sérias, 
como a depressão crônica, desespero, transtornos de identidade e de imagem, 
incapacidade de adaptação, isolamento, incontrolável sentimento de culpa, 
desorganização, comportamento hostil, dupla personalidade, podendo chegar a casos 
mais graves ao envolvimento com entorpecentes, violência e futuramente até mesmo 
praticar suicídio (SILVEIRO, 2012). 
Uma das características psicológicas da SAP seria a repetição do 
comportamento aprendido no futuro por parte da criança, levando a privação de um 
dos pais como modelo de identificação. É de fundamental importância a convivência 
com ambos os pais, pois através dessa relação triangulada e também da relação entre 
eles que será construída a identidade sexual da criança (VELLY, 2010). 
4.2 Aspectos jurídicos da alienação parental 
Acerca dos esclarecimentos jurídicos enfatizamos apenas os aspectos mais 
relevantes que envolvem a temática alienação parental. 
 
26 
 
Primeiramente devemos destacar a separação judicial de um casal que na 
disputa de guarda dos filhos, um dos dois fica com a guarda e o outro recebe o que é 
chamado de direito de visitas. O genitor não guardião tem seu direito garantido por lei, 
não apenas do contato físico e comunicação com o filho, mas também o de participar 
ativamente do crescimento e da educação do mesmo. 
 O direito de visitas tem o intuito de assegurar o vínculo familiar entre o genitor 
não guardião e o filho que está sob a guarda do antigo cônjuge, dessa forma 
garantindo não apenas os interesses e necessidades do genitor não titular da guarda, 
mas também principalmente do menor envolvido. Diante de tal importância, o direito 
de visitas não deve ser dificultado ou negado, a menos que haja motivos graves que 
a justifique (FONSECA, 2006). 
O tema SAP tomou grandes proporções no Brasil através das associações de 
pais separados que, inicialmente, promoviam e realizavam debates sobre a igualdade 
de direitos e deveres de pais separados. No entanto muitas dessas associações em 
2006 mudaram o foco para a temática SAP, mesmo ano em que tramitava o projeto 
de lei sobre a guarda compartilhada. 
Essa lei foi aprovada em 2008, desde então houve um aumento de publicações 
e eventos. Assim, as informações por meio dos diversos tipos de mídia sobre a SAP, 
geraram uma mobilização da opinião pública que acabou gerando um projeto de lei 
com o objetivo de identificar e punir o genitor responsável pela alienação parental dos 
filhos. Em agosto de 2010 esse projeto foi aprovado transformando em Lei (SOUSA; 
BRITO, 2011). 
Essa Lei foi sancionada mais precisamente no dia 26 de agosto de 2010, 
tornando-se a Lei ordinária 12.318/2010 que aborda o assunto da alienação parental, 
fazendo um alerta acerca dos típicos comportamentos do genitor alienante, 
instrumentos de provas a serem utilizados, a importância dos critérios de perícia, e 
em casos concretos colocando à disposição a tomada de medidas coercitivas 
(GUILHERMANO, 2012). 
Em casos de indícios de alienação parental, o juiz pode solicitar perícia 
psicológica ou biopsicossocial, cujos casos de alienação parental devem ser 
analisados por um profissional especializado da área, pois não se deve arriscar ter 
uma formulação de baixa qualidade do laudo. 
 
27 
 
De acordo com a autora, o Juiz nos casos de constatação da alienação 
parental, poderá impor algumas sanções, onde o mesmo avaliará quais medidas são 
as mais cabíveis a depender do nível de gravidade do caso, tais medidas podem ser: 
Segundo Guilhermano, advertir o alienador; ampliar a convivência familiar 
com o alienado; multa; determinar acompanhamento psicológico e/ou 
biopsicossocial; alteração da guarda ou para o outro genitor ou para guarda 
compartilhada; suspensão do poder familiar entre outras (GUILHERMANO, 
2012). 
De acordo com a autora, vale a ressalva que a advertência foi inclusa na lei, 
pois em muitos casos o fato do reconhecimento da alienação parental por parte do 
judiciário já se faz suficiente para a interrupção dessa prática, algo muito valioso 
referente à prevenção e a educação. 
4.3 Divergências sobre a (sap) 
A SAP no Brasil ainda é pouco debatida e estudada acerca de seu conceito, 
assim como questionamentos sobre a relação de distúrbios infantis com a disputa 
entre pais separados, o que estaria levando a uma visão com poucas críticas a 
respeito, estendendo esse problema a um conceito de que grande parte dos casos de 
litígio conjugal desencadeia consequentemente a SAP. Embora a criação da lei que 
visa proteger o menor da alienação parental envolva nesse cenário aspectos 
psicológicos, não há um aprofundamento necessário na análise desse tema por parte 
de profissionais da Psicologia (SOUSA; BRITO, 2011). 
Desde a origem do levantamento da teoria sobre a SAP, até as pesquisas mais 
recentes, nota-se muitas dúvidas e divergências sobre a relevância, manifestação e 
sintomas que caracterizam esta síndrome (MARINI; MELO; INGOLD, 2012). 
De acordo com Gardner (2002), uma síndrome segundo a definição médica 
seria: 
Segundo Gardner, é um conjunto de sintomas que ocorrem juntos, e que 
caracterizam uma doença específica. Embora aparentemente os sintomas 
sejam desconectados entre si, justifica-se que sejam agrupados por causa de 
uma etiologia comum ou causa subjacente básica (GARDNER, 2002). 
 
28 
 
Em relação à SAP, o que dá consistência para que ela seja considerada uma 
síndrome é que a maior parte dos sintomas (se não todos) aparecem juntos e de 
maneira previsível (GARDNER, 2002). 
A alegação de quem nega a existência da SAP para Gardner (2002), algumas 
vezes parte de pessoas adversárias da disputa de guarda das crianças, 
provavelmente em especial profissionais da saúde mental e legal que estejam em 
apoio a alguém que seja o programador da SAP, utilizando-se de argumentos de que 
a SAP não consta no DSM-IV. Tal fato ocorreu devido à escassez de artigos na 
literatura na época para que a SAP fosse incluída no referido manual. 
Ainda de acordo com o autor, grande parte dos princípios científicos com pouco 
tempo de seu desenvolvimento repercute nos tribunais inevitavelmente de forma 
controversa. 
4.4 Elementos de identificação da alienação parental e da síndrome da 
alienação parental 
De acordo com Annibelli (2011) embora seja um distúrbio atual nos presentes 
casos de disputas de guarda, a síndrome da alienação parental é de difícil 
identificação, porque, às vezes, não há certeza das argumentações a respeito do 
genitor alienado. Entretanto, quanto antes for detectada, maiores serão as 
oportunidades de diminuir os prejuízos ocasionados e voltar à condição anterior a 
existência da SAP. Porém, não há forma de reconhecer a síndrome sem que exista 
conhecimento precedente a esta. 
O objetivodeste subitem é esclarecer quais são os elementos descritos pelos 
autores que escrevem acerca da síndrome da alienação parental que favorecem a 
identificação de sua ocorrência. 
O genitor alienante geralmente “joga e chantageia sentimentalmente o menor, 
com expressões do tipo: ‘você não quer ver a mãe triste, né? ’”. (FREITAS, 2015, p. 
27). Para Cuenca (2008) ao observar o perfil do genitor alienador, pode-se concluir 
que este comumente demonstra uma grande impulsividade e baixa autoestima, 
também medo de abandono recorrente. 
Para o autor, o alienador acredita continuamente que os filhos se encontram 
dispostos a atender as suas necessidades e, na sua relação com esses, alterando 
suas atitudes entre atos de bondade e cruéis ataques. 
 
29 
 
O genitor alienador pode até perder o interesse pelo filho, contudo, poderá vir 
a fazer da ação pela guarda apenas uma ferramenta de poder e controle, e não um 
anseio de afeto e cuidado. 
Para Freitas (2015) o genitor alienador, com o decorrer do tempo, pode 
transparecer uma personalidade agressiva, diferentemente do pai alienado, que 
normalmente não tem comportamentos hostis. Contudo, o genitor alienado pode vir a 
perder a razão em decorrência da dor ocasionada pela campanha difamatória e pela 
separação dos filhos, originando frustração. 
Apesar de ser compreensível a frustração do genitor alienado, a constatação 
desse sentimento pode vir a ser usada pelo genitor alienador como justificativa de 
seus comportamentos de alienação, e não como resultado desta. 
Contudo, se a campanha de menosprezar e invalidar o genitor alienado não 
surtir o efeito almejado nas crianças, o genitor alienador tende a ficar excessivamente 
triste e inconsolável, pois havia imenso desejo de vingança e objetivava-se que as 
crianças odiassem o outro pai. 
De acordo com Souza (2014) pode ser verificado que no parágrafo único 
do artigo 2º da Lei 12.318, de agosto de 2010, podem ser observados alguns 
exemplos de como a alienação pode ser identificada: 
Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação 
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, 
pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, 
guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao 
estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. 
 Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, 
além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, 
praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: 
 Realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no 
exercício da paternidade ou maternidade; 
 Dificultar o exercício da autoridade parental; 
 Dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; 
 Dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; 
 
30 
 
 Omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre 
a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de 
endereço; 
 Apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou 
contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança 
ou adolescente; 
 Mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a 
dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, 
com familiares deste ou com avós. 
Estas são apenas algumas das formas de promover a alienação, conforme bem 
explicita o legislador no parágrafo único, contudo se faz necessário exemplificar outros 
tipos de ações de alienação parental, estes exercidos pelo pai alienador. Nesses 
exemplos é possível observar claramente, como simples frases ou comportamentos 
do dia a dia podem estar comprometendo o desenvolvimento emocional da criança 
afetada. 
Segundo Freitas , é a recusa de passar as chamadas telefônicas; a passar a 
programação de atividades com o filho para que o outro genitor não exerça o 
seu direito de visita; apresentação do novo cônjuge ao filho como seu novo 
pai ou mãe; denegrir a imagem do outro genitor; não prestar informações ao 
outro genitor acerca do desenvolvimento social do filho; envolver pessoas 
próximas na lavagem cerebral dos filhos; tomar decisões importantes a 
respeito dos filhos sem consultar o outro genitor; sair de férias sem os filhos 
e deixá-los com outras pessoas que não o outro genitor, ainda que este esteja 
disponível e queira cuidar do filho; ameaçar o filho para que não se 
comunique com o outro genitor (FREITAS, 2015). 
Em relação à criança, é possível identificar a Síndrome da Alienação Parental 
em razão da mudança de comportamento em relação ao genitor alienado. Gardner 
(2001a, 2002a apud SOUSA, 2010) define que o diagnóstico da SAP deve ser 
realizado a partir dos sintomas apresentados pela criança, contudo sabendo da 
existência de conflito familiar. 
Ele dá maior importância à avaliação individual, qualificando um genitor como 
alienador, o outro como alienado, e um ou mais filhos que exibam os sintomas da 
síndrome como alienados. 
O psiquiatra norte-americano elaborou um quadro de sintomas que, de acordo 
com ele, aparecem juntos, definindo-os por síndrome. Esses sintomas aparecem, na 
maioria das vezes, em crianças que os pais estão em litígio conjugal. 
 
31 
 
Gardner afirma que, mesmo sendo sintomas visivelmente diferentes, estes 
terão a mesma etiologia. Os sintomas por ele apresentados são: 
‘Campanha de difamação’; ‘racionalizações pouco consistentes’; ‘absurdas 
ou frívolas para a difamação’; ‘falta de coerência’; ‘pensamento 
independente’; ‘ suporte ao genitor alienador no litígio’; ‘ausência de culpa 
sobre a crueldade e/ou exploração do genitor alienado’; ‘a presença de 
argumentos emprestados’; ‘animosidade em relação aos amigos e/ou família 
do genitor alienado (GARDNER, 1998a, 1999a, 2001a, 2002a, apud SOUSA, 
2010, p. 105). 
Para Silva (2011) o alienador não é essencialmente a genitora ou o genitor, 
mas também primos, avós, tios, atuais cônjuges ou companheiros da genitora ou do 
genitor. Esses fazem uso do vínculo mais próximo do menor com a mãe ou o pai para 
influir mensagens degradantes a respeito do genitor alienado na situação. 
Silva (2011) postula ainda que a SAP recebe críticas por parte de profissionais 
de diversas áreas, inclusive de saúde mental e jurídicas, com a alegação de que não 
foi conhecida por nenhuma associação profissional nem científica, sendo que sua 
admissão no DSM-IV (da APA – Associação de Psicólogos Americanos) e no CID-10 
(da OMS – Organização Mundial da Saúde) foi rejeitada, afirmando-se que a 
Síndrome não oferece bases empíricas. 
Contudo, a SAP existe, pode ser confirmada em numerosos casos em que os 
filhos passam a rejeitar o genitor alienado sem motivo justificável e, para isso distorce, 
cria ou extrapola situações diárias para tentar “explicar” a necessidade de banimento 
do outro pai. Infelizmente, os filhos são os mais miseravelmente penalizados pela 
imaturidade dos genitores quando estes não sabem afastar o fim conjugal da vida 
parental, prendendo o estilo de viver dos filhos ao contexto de relação que eles, 
genitores conseguirão estabelecer entre si, depois do fim da vida conjugal (FREITAS, 
2015). 
4.5 Graus de extensão e falsas alegações de abuso e implantação de memórias 
Embora se trate de um processo contínuo, Gardner (1999b apud SOUSA 2010) 
classificou a síndrome da alienação parental em três graus de extensão: leve, médio 
e severo. No grau leve, a criança exibiria manifestações leves e cessantes de alguns 
dos sintomas. Já no segundo grau, o moderado, destacado este pelo autor como o 
mais comum, os sintomas acontecerão mais visivelmente, onde a criança faria 
 
32 
 
comentários ofensivos contra o pai alienado, que é visto pela criança como mal e o 
pai alienador como bom. 
As visitações são realizadas com grande aversão, mas quando o alienador se 
afasta a criança consegueficar tranquila e se aproximar do pai alienado. Referente 
ao último grau, o severo, este para o autor, representa a menor parte dos casos da 
SAP. 
Os sintomas aparecerão com maior intensidade, o pai alienador e a criança 
alienada compactuarão de uma doença emocional, em que poderão partilhar de 
fantasias paranoides, um padrão agressivo de dúvidas e desconfianças generalizadas 
com relação ao pai alienado, a criança se desespera frente à ideia de ficar com este, 
mantendo-se assim as visitas impossíveis (SOUSA, 2010). 
De acordo com Silva (2009 apud ANNIBELLI, 2011) no último grau, não mais 
permanece a incoerência de emoções, pois a criança abomina o pai alienado. 
 Nesses casos, a criança está totalmente envolvida na conexão de 
dependência específica, que a impede pela liberdade e a imparcialidade em relação 
ao discurso do genitor alienador. Neste estágio a aceitação da criança alienada por 
parte do que lhe fala o pai alienador é tão intensa, que falsas memórias são 
enraizadas, motivo das desleais agressões verbais, físicas, e até falsos abusos 
sexuais. 
Para Silva (2011) uma das formas mais sórdidas de alienação parental, 
também assinala o nível grave da SAP, que vai além de “esquecer” de avisar sobre a 
festa no colégio ou não dar recados deixados por telefone, mas envolve as falsas 
acusações de abuso sexual que têm sido realizadas de maneira crescente nas 
delegacias de polícia. 
Fonseca (2006 apud BUOSI, 2012) também defende que quando a síndrome 
está num estágio mais grave, até mesmo ideias de abuso sexual podem ser 
implantadas no menor. A criança passa a reproduzir o que lhe é assegurado pelo pai 
alienador como se “aquela coisa” verdadeiramente tivesse acontecido, já que 
discordar das ideias do pai guardião, que supostamente está a resguardá-la, passa a 
aparecer como uma deslealdade. 
Deste modo, ocorrem as implantações de falsas memórias e as próprias 
crianças podem ficar num grau de ansiedade, pânico e medo tão forte que somente a 
 
33 
 
ideia de visitar o genitor alienado, leva-os a agir agressivamente e gritar frente ao 
contato com este, mesmo sem uma causa correspondente. 
Nesse sentido Buosi (2012) postula que a memória é, deste modo, não tão-
somente a lembrança daquilo que as pessoas verdadeiramente vivenciaram, mas 
também uma combinação de tudo aquilo que olham, acreditam, pensam, aceitam e 
recebem do meio externo. 
Silva (2011) postula que o sujeito que leva a criança a rejeitar sem motivo o 
outro genitor inclusive frente a relatos falsos de molestação sexual, exibe um distúrbio 
psicopático gravíssimo, uma sociopatia crônica, porque não possui nenhuma emoção 
de consideração e apreço pelo outro, importando-se apenas com suas próprias 
preocupações egoísticas. Denunciam o outro genitor de violência ao filho, mas quando 
manipulam emocionalmente a criança para relatar acusações falsas, tornam-se os 
reais agressores da criança, não compreendendo de que as ligações parentais são 
fundamentais para a estabilização psíquica desta como ser em desenvolvimento. 
De acordo com Alves (2007 apud BUOSI, 2012), as falsas memórias podem 
ser percebidas como um fenômeno no qual a pessoa se recorda de algo de forma 
alterada do que houve de fato ou, até mesmo, se lembra de situação, evento e/ou 
lugar inexistente. Essa categoria de erros na memória não essencialmente se embasa 
no conhecimento direto, mas sim incluem interferências, interpretações e mesmo 
implicações ministradas por sujeitos de nossa convivência de forma propositada ou 
não, ao lado com outras experiências de nossa vida real. 
Buosi (2012) ressalta que é de extrema importância esclarecer que as falsas 
memórias diferenciam-se da mentira. No momento em que um indivíduo mente, tem 
consciência de que está alegando algo que não se trata da verdade e tem uma 
intencionalidade com aquele comportamento. Entretanto, nas falsas memórias, o 
indivíduo não tem condições de perceber que não vivenciou aquela situação, 
relatando-a como se a tivesse vivido. 
4.6 As consequências da síndrome da alienação parental na criança 
Existem inúmeras consequências quanto a aspectos psicológicos e futuros 
comportamentos por parte de crianças que tenham vivenciado a síndrome da 
alienação parental ou a alienação parental. Porém, chama a atenção o fato de que 
 
34 
 
não se tem conhecimento de qualquer estudo científico concretizado sobre o tema, 
que venham acrescentar suas declarações (SOUSA, 2010). 
Para Buosi (2012) a personalidade do sujeito é formada por fatores derivados 
de muitos contextos, precisando sua integridade ser resguardada de riscos e ameaças 
que podem afetar o livre desenvolvimento do ser humano. Contudo, no transcorrer da 
vida, múltiplos fatores psíquicos podem enfraquecer a estruturação da psique, 
sobretudo na fase da infância, período de suma importância na concepção da 
subjetividade. 
Nessa edificação psíquica pessoal, o afeto do amor toma um espaço 
imprescindível, sem o qual dificilmente haverá uma direção adequada da estruturação 
de personalidade. As crianças incluídas em ocorrências da SAP exibem diferentes 
comportamentos e sentimentos que geram danos ao desenvolvimento de sua 
personalidade, especialmente sentimentos de baixa estima, afastamento de outras 
crianças e medos que podem causar transtorno de personalidade e de conduta graves 
na fase adulta. 
Fonseca (2007) afirma que em decorrência da SAP, a criança pode passar a 
manifestar vários sintomas. Em determinado momento pode-se observar doenças 
psicossomáticas, ansiedade, nervosismo, depressão e, até mesmo, agressividade. 
Em casos mais graves, eventualmente, observa-se a presença de depressão crônica, 
comportamentos hostis, desorganização mental, transtornos de identidade, levando, 
até mesmo, ao suicídio. Em fases posteriores de desenvolvimento, os riscos ficam 
maiores de desencadear comportamento de abuso de substâncias psicoativas. 
Para Trindade (2007) os conflitos podem surgir na criança como forma de 
insegurança e medo, dificuldades escolares, isolamento, baixa tolerância à frustração, 
irritabilidade, enurese, tristeza, transtorno de imagem ou identidade, sentimento de 
desespero, culpa e dupla personalidade. 
De acordo com Féres-Carneiro (2007) outra consequência da Síndrome pode 
ser a imitação do modelo da conduta instruída. Isso pode ser observado quando um 
dos genitores é posto como totalmente mau, ao contrário do que possui a guarda, que 
se põe como inteiramente bom. A criança além de ficar com uma visão dualista dos 
seus genitores fica retirada de um dos pais como exemplo identificatório. 
Silva (2003 apud SOUSA, 2010) postula que a SAP poderá originar graves 
consequências emocionais e estas acabarem ocasionando problemas psiquiátricos 
 
35 
 
pelo resto da vida da criança alienada. Além dos aspectos e comportamentos 
mencionados, Fonseca (2007) e Silva (2003 apud SOUSA, 2010) aludem o total 
afugentamento e rejeição das crianças em relação ao pai alienado, bem como todos 
os familiares e amigos deste. 
Para Silva (2011) na SAP, a criança estabelece alguns mecanismos de defesa 
psíquica que interferem na sua atuação escolar, entre estes mecanismos temos: 
Negação, Racionalização e Sublimação. Na Negação a criança pode contestar que a 
desordem familiar esteja acontecendo, ou que isso esteja comprometendo seu 
desempenho ou atuação na escola. 
Na Racionalização, sempre procura uma elucidação coerente para tudo e na 
Sublimação, aproveita os estudos ou soluções socialmente aceitáveis para não lidar 
com a desordem familiar, como brigas e discórdias entre os genitores, ou conflitos 
psíquicos referentes ao contexto que se encontra inserida. 
As reações da criança envolvida na SAP em dois momentos: nos momentos 
iniciais de estabelecimento da SAP, quando o alienador está empregando suas ideias 
para separar a criança do outro pai, a criança envolve-se com o alienador, por 
vinculação materiale afetiva, ou por receio do abandono e rejeição, acionando em si 
os modos e objetivos do alienador, alienando-se a ele, fazendo apagar-se a confusão 
de sentimentos em relação ao outro pai, demonstrando as emoções apropriadas ao 
esperado pelo alienador. 
Logo após, ocorre à completa eliminação do outro pai, sem consciência, sem 
arrependimento, sem conhecimento de realidade. Sobretudo, quando, por questões 
de conscientização posterior, ou por alguma circunstância impactante, a criança, em 
seguida, desvenda ou entende que tudo que vivenciou foi uma farsa, uma mentira de 
interesse do alienador, que atentou uma assustadora injustiça com o outro pai por 
todas as acusações imprudentes que o alienador pronunciou. 
A criança então passa a experimentar ódio pelo genitor alienador, pelo 
manuseio e pelas falsidades e passa a sentir arrependimento e um grande sentimento 
de culpa por ter detestado o outro pai sem ter tido causas admissíveis para isso, nesse 
caso, tudo o que ocorreu foi por empenho do alienador, e não seu próprio (SILVA, 
2011). Velly (2010) ressalta que uma das consequências dessa Síndrome pode 
também ser o efeito bumerangue, que acontece quando esta criança vitimada, já em 
sua adolescência ou idade adulta tem uma percepção mais aperfeiçoada dos 
 
36 
 
episódios do passado, entendendo as iniquidades que atentou com o pai que foi 
alienado, o que desencadeou um relacionamento extremamente lesado. 
 Nesse momento passa a culpar e investir fúria contra o pai guardião, em função 
do estímulo que este fez para estabelecer e conservar-se nessa situação. 
O sentimento de culpa e arrependimento vivenciados pela vítima, que percebe 
que de maneira injusta atacou o pai alienado, será individualmente tomada de muito 
sofrimento, levando-a até mesmo a comprovar a conexão de causalidade entre a 
conduta do alienador e os danos psíquicos gerados nela. 
De acordo com Silva (2011 apud BUOSI 2012) quando a criança, no decorrer 
do tempo, compreende que foi manipulada por um dos pais e se dá conta do quanto 
foi iludida e levada a agir de forma incisiva com o outro, passa a experimentar ódio do 
alienador e em muitas circunstâncias chega a se manifestar judicialmente, almejando 
ir viver com o pai alienado, procurando recuperar os momentos e vínculos que já foram 
abafados. 
Contudo, as maiores consequências advêm quando isso não é possível, ou 
seja, quando a vítima não consegue descobrir o endereço de moradia do pai alienado, 
ou quando este perdeu o interesse de vê-la, faleceu ou restaurou outra família, ou até 
mesmo o afastamento foi tão grande que não é mais possível sua readmissão. 
Sentimentos de remorso e culpa, com grande intensidade tomam conta do indivíduo 
alienado, que pode levá-lo a envolver-se gravemente com álcool, drogas, crises 
depressivas e até tentativas de suicídio, como já citados por outros autores a cima 
BUOSI, 2012). 
Gijseghem (2005 apud SOUSA 2010) certifica que mesmo na fase adulta, o 
sujeito pode permanecer na condição de alienado, pois esta virou sua realidade 
psíquica. O autor afirma ainda que as oportunidades de reverter à alienação 
enfraquecem-se com o passar dos anos, pontuando ainda que a reversão da 
alienação deveria acontecer até os doze anos, desse modo, antes da adolescência. 
Sousa (2010) postula que, provavelmente, uma das causas para que o discurso 
sobre as consequências da SAP possua fácil apoio de profissionais e genitores é o 
fato de que há, de forma subentendida ou não, uma solicitação contra o sofrimento 
atribuído as crianças, intensificando, com isso, reflexões e debate sobre a essência 
dessa Síndrome. 
 
37 
 
4.7 Papel da psicologia em relação à síndrome da alienação parental 
De acordo com Buosi (2012) o profissional psicólogo diante a síndrome da 
alienação parental age em sentido contrário ao que estabelece as diretrizes nacionais 
do conselho federal de psicologia a respeito do trabalho do mesmo. O processo 
terapêutico das partes abrange uma penalidade que o profissional dirige ao alienador 
quando diagnosticada a síndrome. 
Essa concepção é oposta ao que é proposto nas diretrizes do CFP que defende 
que o trabalho do psicólogo tem seu alicerce no compromisso social e no progresso 
da qualidade de vida das pessoas. 
Nos casos envolvendo a SAP, uma das diretrizes estabelecidas pela justiça é 
o acompanhamento regular para a terapêutica psicológica dos membros da família 
que foram alcançados pela situação. 
O primeiro passo para a intervenção psicológica, segundo Dias (2013), é a 
detecção da síndrome da alienação parental. Para isso, é imprescindível 
conhecimento. Em seguida é importante entender que a SAP é uma condição 
psicológica que precisa de tratamento e intervenção imediata. 
Portanto, a SAP necessita de enfoque terapêutico específico para cada um dos 
sujeitos envolvidos, tendo a necessidade de acolhimento da criança, do alienado e do 
alienador. Logo, por todos os problemas que causa, é importante que a SAP seja 
identificada o quanto antes, pois, quanto mais cedo advirem às intervenções 
psicológicas, menores poderão ser os danos ocasionados e melhor será o prognóstico 
em relação ao tratamento dos envolvidos. 
O tratamento da SAP precisa ser efetivado por apenas um terapeuta, conforme 
apresente Gardner (1999 apud SOUSA, 2010), o qual deve acolher individualmente 
os membros da família atingida pela SAP, analisando a dinâmica familiar. 
 De acordo com Sousa (2010, p. 113), “o atendimento de cada um dos membros 
da família por diferentes terapeutas reduziria a comunicação entre aqueles, como 
também poderia gerar subsistemas antagônicos”. Logo, para o tratamento, deverá 
analisar não só o grau de comprometimento do filho, como também o grau de 
investimento do genitor alienador na difamação e eliminação do outro genitor 
responsável. 
Vale ressaltar que boa parte do que se menciona ao tratamento da alienação 
parental, de acordo com Buosi (2012) se direciona ao genitor alienador. 
 
38 
 
Entretanto, por mais que se faça necessário e indispensável esse tratamento 
individual àquele que realiza comportamentos impróprios socialmente, as outras 
partes envolvidas necessitam tanto quanto este, de uma terapêutica adequada. 
Gardner (1998 apud SOUSA, 2010) recomenda que medidas judiciais sejam 
impostas sobre a conduta de alguns genitores que induzem o filho à SAP. 
Consequentemente, defende que haja imposição judicial de tratamento psicoterápico 
ao genitor alienador. 
O terapeuta também deve estar atento ao fato de que, muitas vezes, o genitor 
alienador não se submete à terapia, e não tem insight sobre os motivos de sua aversão 
acentuada contra o ex-companheiro. 
Os juízes podem determinar a realização da terapia compulsória aos genitores 
para que tratem os distúrbios e os comportamentos motivadores da conduta 
alienadora cometida por um ou os dois. 
Essa atitude jurídica tem o objetivo de tornar os genitores, na medida do 
possível, sujeitos que busquem soluções para a construção de um novo arranjo 
familiar que seja, mas benéfico aos integrantes da família. Dessa forma, o 
acompanhamento psicológico almeja que os genitores compreendam que, apesar de 
não estarem mais em uma relação conjugal, não deixam de serem genitores, e, devido 
a isso, é importante que respondam com as funções inerentes a tal papel (FREITAS, 
2015). 
O tratamento da SAP é também conhecido como terapia da ameaça, onde o 
terapeuta utiliza de ameaças contra o genitor alienador e aos membros da família que 
apoiam e exerçam as condutas do pai alienador. Estas ameaças tem o objetivo de 
eliminar qualquer comportamento que não seja o de cooperar com a terapêutica 
prevista. As ameaças indicadas por Gardner (1991, s/p. apud SOUSA, 2010) vão 
desde a restrição da relação do pai alienador com o filho até ameaças sobre alteração 
de guarda, que de acordo com este autor, servem para que o pai alienador se lembre 
de colaborar.

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