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Psicologia Jurídica NP1 NP2

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MÓDULO 01 - INTRODUÇÃO AO CAMPO DA PSICOLOGIA JURÍDICA
Leitura Básica – LAGO, Vivian de Medeiros et al. Um breve histórico da Psicologia Jurídica no Brasil. Estudos de Psicologia (Campinas). Vol26, no. 24, pp483-491.2009
O que é Psicologia Jurídica?
Definições
"A Psicologia Jurídica é fundamentada como uma especialidade que desenvolve um grande e específico campo de relações entre os mundos do Direito e da Psicologia nos aspectos teóricos, explicativos e de pesquisa, como também na aplicação, na avaliação e no tratamento" (Colégio Oficial de Psicólogos, 1997)
"Área da Psicologia que se relaciona com o Sistema de Justiça e o termo jurídica é adotado porque é abrangente e refere-se aos procedimentos ocorridos nos tribunais, bem como aqueles que são fruto da decisão judicial ou ainda aqueles que são de interesse do jurídico ou do Direito" (França, 2004)
"O objeto do estudo da Psicologia Jurídica são os comportamentos complexos que podem vir a ocorrer ou ocorrem nos tribunais ou que levam os sujeitos aos tribunais. É a interface com o Direito que delimita a ação do Psicólogo jurídico" (Popolo, 1996)
História da Psicologia Jurídica no Brasil
• Não há um único marco histórico que defina esse momento em nosso país.
• A história dos psicólogos jurídicos no Brasil inicia-se exatamente no momento em que nossa profissão foi reconhecida, pois uma das atribuições do psicólogo é de emitir pareceres e laudos após minuciosa avaliação.
• A inserção foi de forma gradual  e lenta e sempre a partir de trabalhos voluntários no Tribunal de Justiça, avaliando indivíduos que haviam cometido crimes e com adolescentes infratores.
• O psicólogo atuando no sistema penitenciário, faz seu trabalho há pelo menos 40 anos, mas foi somente a partir da promulgação da Lei de Execução Penal (Lei Federal 7210/84) que o psicólogo passou a ser reconhecido legalmente pela instituição penitenciária.
• A participação do psicólogo nas questões judiciais no Estado de São Paulo começou em 1980, no Tribunal de Justiça do Estado, quando um grupo de voluntários orientava pessoas que lhes eram encaminhadas pelo Serviço Social (apoio a questões familiares) - tendo como objetivo principal sua restruturação e posterior manutenção da criança no lar.
• Em 1985, o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, apresentou à Assembléia Legislativa um projeto de Lei criando o cargo de Psicólogo Judiciário - o que significou a consolidação do posto de psicólogo no Sistema Judiciário. (Cesca, 2004; Shine, 1998).
As funções do psicólogo jurídico, no exercício de suas atribuições, são assim sintetizadas:
1. Avaliação e diagnóstico: em relação às condutas psicológicas dos atores jurídicos.
2. Assessoramento: orientar e/ou assessorar como perito - órgãos judiciais em questões próprias
3. Intervenção: planejamento e realização de programas de prevenção, tratamento, reabilitação e integração de atores jurídicos na comunidade - no meio penitenciário, tanto individual quanto coletivamente.
4. Formação e Educação: treinamento e seleção de profissionais para o trabalho na área, além de informação de conteúdos técnicos úteis à sua atuação.
5. Campanhas de Prevenção Social contra a criminalidade em meios de comunicação.
6. Pesquisa de relevância Social e Científica
7. Vitimologia: orientação e acompanhamento psicológico à vítimas de violência.
8. Direito de Família: separação, disputa de guarda, regulamentação de visitas, destituição do poder familiar.
9. Direito Civil: interdição, indenização.
10. Direito Trabalhista: indenizações.
11. Direito Penal: insanidade mental, estudo sobre progressão de pena.
12. Direito da Criança e do Adolescente: Adolescentes infratores, medidas sócio-educativas.
13. Mediação de conflitos
14. Carcerária ou Penitenciária: estudos sobre reeducandos, intervenção junto ao preso e sua família além de trabalho com egressos. 
Outra questão extremamente importante e que abarca a atuação do Psicólogo Jurídico é o trabalho interprofissional. Normalmente, pelo fato do psicólogo jurídico atuar em instituições (Poder Judiciário e instituições de assistência social) , o papel da equipe interprofissional tem como fundamento predominante a interdisciplinariedade, cuja prática objetiva a interação entre os profissionais que buscam um trabalho comum. As equipes interprofissionais estão previstas no ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente - nos artigos 150 e 151 - que afirma que compete a equipe interprofissional, fornecer subsídios por escrito mediante laudos ou verbalmente (em audiência) - além de trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros - tudo sob a imediata subordinação à autoridade judicária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico. Dentro do Poder Judiciário - a equipe mínima de trabalho é composta de psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e outros que se façam necessário. 
O trabalho da equipe interprofissional é um dos principais dispositivos para implantação de uma postura de assistência e orientação humanizada. Essas equipes atuam em sintonia e colaboração, para formar uma compreensão integral e compartilhada dos sujeitos em conflito com a lei - além do perfil e dinâmica de suas famílias. Seu funcionamento facilita o compartilhamento de informações, respeito às diferenças, melhores oportunidades para planejamento dos serviços, maior eficiência na resolução dos problemas, aumento na motivação e no sentimento de confiança - além da adesão às sentenças do judiciário.
Diferentes especialidades complementam-se de forma articulada. O trabalho interprofissional - realizado por profissionais de diferentes saberes - mas que tem em comum  - interesses e áreas de atuação afim. Todo este trabalho deve ser conduzidodentro de uma ética possível - preservando sempre a ética profissional que compete a cada especialidade. Para que o trabalho profissional aconteça - há a necessidade de comunicação, troca de saberes, e de transferência de conceitos de uma especialidade para outra. existem alguns aspectos que podem ser facilitadores deste processo: compartilhamento de saberes entre os profissionais, possibilidade de construção de uma compreensão ampliada, autonomia, horizontalidade, diálogo entre os profissionais e integração.
MÓDULO 02 - AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA EM CONTEXTO FORENSE
BRANDÃO, E. P. Psicologia Jurídica no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Nau, 2005, pg. 51- 80
 
 SHINE, S. A Espada de Salomão: A Psicologia e a Disputa de Guarda de filhos.  São Paulo. Casa do Psicólogo. 2007. pg 117-177
 
 
Avaliação Psicológica em contexto forense
Esta é uma modalidade específica de avaliação com caracteristícas intrínsecas ao seu objeto e objetivo. Chama-se forense se estiver restrita ao ambiente do Fórum. A Psicologia Jurídica é assim chamada porque está relacionada à uma condição mais ampla e diz respeito a tudo que faz interface com o Direito.
O Objeto da avaliação em questão é um problema a ser resolvido e sempre há uma questão a responder, enquanto que o objetivo da avaliação é a demanda que é feita ao psicólogo em sua avaliação.
Em casos de disputa de guarda, na Vara de Família, recorre-se ao perito psicólogo com o intuito de buscar uma resposta a questões problema de origem e natureza psicológicas, mas cujo objetivo final é definir o guardião legal de uma criança. Uma vez que a abordagem da Psicologia se caracteriza, então, pela dimensão subjetiva - em última instância o objeto da observação e da avaliação psicológica - é sempre pertinente ao sujeito.
 A perícia psicológica consiste em um exame que se caracteriza pela investigação e análise dos fatos e pessoas, enfocando os aspectos emocionais e subjetivos das relações entre as pessoas, estabelecendo uma correlação de causa e efeito das circunstâncias, e buscando a motivação consciente e inconsciente para a dinâmica da personalidade dos envolvidos (ex.: casal e filhos). É preciso sempre estar atento a toda dinâmica do casal - seus relacionamentos dentro e fora do casamento e a forma como lidam com a própria
situação que demandou o litígio. Como muitas vezes a avaliação psicológica vem para responder que pode ser o melhor guardião de uma criança - na disputa entre os pais - a observação acurada e cuidadosa de relação de ambos com a criança é fundamental para que uma resposta fidedigna seja dada ao juiz e incorporada ao processo.
O  trabalho técnico do perito envolve o contato tanto com o cliente quanto com as pessoas que serão avaliadas - a considerar que o cliente neste caso é o juiz (aquele que quer subsídios para sua decisão e faz questionamentos ao perito). A leitura dos autos do processo é um passo importante para o bom desenvolvimento do seu trabalho - seja como perito oficial do juiz, seja como assistente técnico. Esta leitura, assim como conhecer todos os meandros e detalhes de um processo judicial (tais como prazos, procedimentos, petições e termos) é decisivo para o entendimento da questão legal em jogo - bem como para apreciar toda a dinâmica processual. 
A entrevista psicológica é a técnica por excelência à qual se associa o trabalho do pscólogo. Alguns autores sugerem que a avaliação da família em litígio seja feita por uma equipe interdisicplinar  - dado o caráter desgastante da própria atividade pericial. 
Vamos entender que são as pessoas que fazem parte deste processo?
1. Perito: nomeado pelo juiz segundo critérios de confiança e capacitação.
2. Assistente Técnico: Profissional indicado, opcionalmente, pelas partes, na função de consultor para reforçar a argumentação apresentada nos autos.
Vale ressaltar que ambos são importantes e podem/devem fazer parte do processo avaliativo dentro do contexto forense/jurídico.
O PERITO PARCIAL OU ASSISTENTE TÉCNICO
Neste caso o psicólogo pode e deve agir com isenção, conduzindo seu trabalho segundo os referenciais técnicos e éticos de sua área.
Ao atuar para uma das partes tornar-se-á parcial e isto, não quer dizer que o psicólogo irá descuidar-se de fazer tudo conscienciosamente. Dentro da prática pericial, existem alguns assistentes técnicos que imbuídos pela lógica adversarial, pretendem que o seu laudo fique a favor de quem o contratou, não existindo nenhum compromisso com a imparcialidade ou isenção. Estes assistentes, também chamados de “pistoleiros”  - são antiéticos ao defender  uma das partes ou um determinado resultado, por meio de omissão de dados desfavoráveis. Esta é uma prática incompatível com a obrigação do perito de dizer a verdade.
Perito adversarial: é aquele que procede uma avaliação imparcial, mas com término do processo, ele se coloca ativamente e abertamente do lado do genitor escolhido como mais adequado. Esta é uma posição perigosa, pois a função de julgamento cabe exclusivamente ao juiz.
O profissional perito deve, portanto, simplesmente apresentar as descobertas, opiniões e previsões de forma imparcial e neutra.
Em uma disputa de guarda, explicitar a dinâmica familiar tanto para o juiz quanto para os próprios membros seria a tarefa precípua de uma avaliação psicológica forense.
A avaliação psicológica realizada deve ser traduzida em um relatório que chamamos laudo pericial e juntada nos autos para que o juiz possa se valer de mais esse cabedal teórico e técnico, antes de dar sua sentença sobre o caso. Em outras palavras, o laudo tem como objetivo fornecer subsídios para auxiliar o juiz na decisão judicial.
A Lei 4119 de 27 de agosto de 1962 que dispõe sobre a regulamentação da profissão de psicólogo, afirma que dentre outras coisas, “cabe ao psicólogo realizar perícias e emitir pareceres sobre a matéria de Psicologia”.
A avaliação psicológica será realizada mediante as preferências e escolhas técnicas do profissional que a realiza – não havendo protocolo específico para tal. Na maioria dos casos são feitas entrevistas semi-dirigidas com as pessoas envolvidas além da aplicação de testes – quando necessário. Entrevistas com terceiros envolvidos e instituições também são comuns.
 Quais são nossas maiores dificuldades?
Em uma disputa de guarda, quando vamos avaliar os genitores - temos algum instrumento que seja especializado para determinar qual é o melhor para tornar-se detentor da guarda? Temos definições esteriotipadas que podem nos confundir e até nos trair quanto à esta realidade.
 
Quando escolhemos um genitor – automaticamente excluímos o outro genitor da vida da criança – que passará a visitá-lo periodicamente. Este pode se sentir incapaz de exercer tal função, se sentir humilhado e até descartado – o  que ajuda no seu afastamento e até desligamento da função de pai ou mãe.
O laudo psicológico acaba servido de combustível para o fogo da desavença familiar, reacendido a cada decisão judicial. Se o psicólogo auxilia o magistrado a decidir o melhor guardião – por um lado, por outro, ele fornece um poderoso instrumento – com argumentos técnicos sobre defeitos e virtudes de um e de outro – para s famílias darem prosseguimento aos processos judiciais.
Percebe-se também que o embate judicial entre pai e mãe – servem para que estes deem continuidade ao casal conjugal e às suas dificuldades de elaboração do luto desta conjugalidade. Aqui, “ o litígio está a serviço de uma busca de reencontro ou aproximação daquele ou daqueles que não se conformam em estar separados”.
 
 
 Muitas vezes os filhos são usados como instrumentos de vingança e constrangimento, não havendo bom senso que faça apelo ao fim do conflito. É certamente impróprio indagar à criança com quem ela deseja ficar, cuja decisão pode acarretar, num outro momento, grave sentimento de culpa por rejeitar um dos genitores.
É comum a fantasia infantil de que os pais voltarão a conviver harmoniosamente no mesmo espaço doméstico. Embora vivendo num lar cujos pais estão infelizes com o casamento, as crianças não experimentam o divórcio como solução ou alívio para tal situação.
Muitas preferem o casamento infeliz a separação. Assim, pedir para que a criança se posicione em relação ao divórcio soa inábil e de certa forma, contrário aos seus interesses.
Dolto (1989) – afirma que a criança deve ser ouvida pelo juiz, o que não pressupõe lhe impor a escolha dos genitores e seguir o que ela sugere. Escutar a criança tem como significado o fato de ela ser membro da família e ter vontade de falar sobre o que se passa com ela, assim como tirar dúvidas sobre tal situação. Ao final, é importante a criança saber que o divórcio dos pais foi reconhecido como válido pela justiça e que, dali por diante, os pais terão outros direitos – mas que não estão liberados de exercerem seus deveres de parentalidade.
É comum a criança se sentir culpada pela separação e daí se sentir um peso para os pais. Por isso, é preciso ficar atento às preferências da criança quanto à guarda e súbitas intenções de mudança. Também é muito comum que a criança faça aliança com que dispõe de sua guarda – isto ocorre por conta do tempo de convivência prolongada e de afinidades – mas esta condição também precisa ser observada.
 MÓDULO 03 - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ECA
Nossa leitura será : Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990).
O artigo 227 da Constituição Federal Brasileira - afirma em sua integra que - "É dever da família, da sociedade e do Estado com absoluta prioridade o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
Quando da elaboração da Constituição Federal - este artigo foi pensado a partir da atuação do Movimento Nacional dos meninos e meninas de rua e Pastoral do Menor - que mobilizou centenas de brasileiros no sentido de buscar e garantir a primazia do cuidado às crianças e adolescentes do Brasil. Esta proposta tinha como objetivo primordial - extinguir em definitivo o "Código de Menores" - que era um compêndio de determinações antiquado e que figurava a idéia central de controle e discriminação desta população
- determinado pelo então regime ditatorial vigente da época.
O Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei de 13 de julho de 1990 - permanece até os dias de hoje como uma mudança pontual na legislação brasileira. Através dele foi dado um novo enfoque à proteção integral, uma concepção sustentadora da Convenção Internacional dos Direitos da Criança e do Adolescente aprovada pela Assembléia Geral da ONU - em 20 de novembro de 1989. A partir da Constituição de 1988 e do Estatuto da Criança e do Adolescente - nossas crianças e adolescentes - sem distinção de raça, classe social, ou qualquer outra forma de discriminação, passaram de "objetos" do Estado a sujeitos de direitos - e passaram a ser compreendidas como pessoa em desenvolvimento. Por conta disto, deve ser assegurado a todas elas a prioridade absoluta na formulação de políticas públicas e destinação de recursos nas dotações orçamentárias das diversas instâncias administrativas do país - ou seja, nos governos municipal, estadual e federal.
Vamos agora conhecer os preceitos básicos que regem o Estatuto da Criança e do Adoelscente.
 
 O Estatuto da Criança e do Adolescente 
Art 1º. Esta lei dispõe sobra a proteção integral à criança e ao adolescente
Art 2º. Considera-se criança, para os efeitos desta lei, a pessoa até doze anos incompletos, e adolescentes entre doze e dezoito anos de idade.
Explicação: é importante considerar esta distinção - principalmente quando estamos nos referindo à compreensão de ato infracional e posterior aplicação das medidas socioeducativas, Isto quer dizer que - criança não comete ato infracional e a ela será aplicada medidas de proteção e aos pais medidas que o responsabilizem. Já para o adolescente poderá ser compreendido o ato e consequente aplicação de medida socioeducativa.
Parágrafo único Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Explicação: o que se considera aqui é o momento em que o fato observado ocorreu - assim - mesmo que o adolescente já tenha completado a maioridade - ele terá sua responsabilidade aplicada dependendo da idade em que oato infracional ocorreu - por exemplo.
 Art. 3º. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Explicação: aqui as crianças sairam do papel de sujeitos em situação de irregularidade - como era compreendido no Código de Menores e passa e ser compreendido como um sujeito de direitos e pertinente à proteção integral - que passa a ser garantida por lei.
Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. 
Explicação: Neste artigo fica explícito qual a responsabilidade da sociedade e dos órgãos públicos em relação aos cuidados que devem ser colocados à disposição das crianças e adolescentes. Fica declarado também quais são as prioridades em relação ao que deve ser oferecido às crianças e aos adolescentes em sua totalidade.
 Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. 
Explicação: A sociedade como um todo deve responsabilizar-se por qualquer criança e/ou adolescente que conheça e que esteja sendo alvo de exploração, negligência, violência ou discriminação. Todo e qualquer caso deve ser denunciado junto aos órgãos competentes de proteção a violação de direitos.
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais. 
Explicação: O Conselho Tutelar é o principal órgão de proteção à criança e ao adolescente e surgiu - exatamente a partir da implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente. A escola, a creche, o hospital ou qualquer instituição ou cidadão podem realizar a denúncia de maus-tratos e esta não precisa ter seu denunciante identificado.
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. 
 Explicação: estes artigos colocam a criança e o adolescente em condição de igualdade em relação à qualquer outro indivíduo e não permite que seja feita nenhuma qualidade de discriminação. As atitudes, idéias e liberdade de expressão devem ser respeitadas e toda e qualquer instituição deve valorizar a criança e o adolescente em sua plenitude.
 Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
§ 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta
§ 2o A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.
§ 3o A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em programas de orientação e auxílio, nos termos do parágrafo único do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. 
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.
 
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
§ 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada. 
 Explicação: A família é sem dúvida a principal referência que toda criança e todo adolescente tem em sua história de vida e portanto, todos tem o direito de ser criado
em ambiente familiar - seja em sua família de origem , seja em uma família substituta. Há que se considerar que a família substituta (seja uma mãe social ou a família extensa) - deve ser o acolhimento escolhido em caráter provisório - sempre dando a oportunidade para que a família natural se reorganize e possa - no menos tempo possível - trazer seus filhos para sua convivência.
 
 MÓDULO 04 - SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL
Leitura Básica
ASSSOCIAÇÃO DE PAIS E MÃES SEPARADOS (ORG.)  Síndrome da alienação parental e a tirania do guardião: aspectos psicológicos, sociais e jurídicos. Porto Alegre. Editora Equilíbrio. 2007. pg 29-80
Bons estudos!
Síndrome de alienação parental – a exclusão de um terceiro
  
Alienação – conotação negativa e sempre coloca o alienado alheio aos acontecimentos e atrelado ao alienador.
Descrita pela primeira vez por Richard Gardner – psiquiatra americano que observou comportamentos alienadores em algumas mães em processo de separação litigiosa. Pode ser descrita como o conjunto de comportamentos advindos da falta de contato entre um dos pais com os filhos. 
Os comportamentos apresentados pela criança – iniciam-se com um afastamento progressivo do progenitor que não detêm a guarda – mediado por aquele que a tem. Dois fenômenos são fortemente observados: o desapego com o genitor ausente e a simbiose forçada com o genitor presente – combinando a dependência exacerbada por um e o ódio pelo outro. 
Os sentimentos nas crianças são os mais diversos e de uma relação boa com a mãe e o pai – termina no afastamento total deles. Aliado ao genitor que tem a guarda, o filho passa a nutrir os mesmos sentimentos que este em relação ao genitor afastado.  Os pais alienadores mostram-se instáveis, controladores, ansiosos, agressivos, paranoicos e até perversos. 
Todas estas características ficam mais evidentes durante o processo de separação litigiosa.  Nota-se que o alienador projeta nos filhos todas as suas frustrações, numa possibilidade de atingir o outro progenitor. O alienador acredita – mesmo que inconscientemente – poder formar entre ele e o filho uma díade completa – onde nada falta – privando a criança do contato – até mesmo de manifestar sentimentos e percepções.  O alienador vai de maneira insidiosa – persuadindo seus filhos, levando-os a um afastamento progressivo do outro progenitor. Este distanciamento pode ser vivenciado pela criança como um desamparo – resposta a uma situação que o sujeito tem de enfrentar sem ter recursos para tal. 
O genitor ausente ou alienado - privado do contato com o filho, tem uma vida marcada pelo estresse advindo de uma luta infrutífera, apresentando frequentemente comportamentos depressivos.  As crianças que vivem sob uma situação de alienação parental – são ansiosas, tem baixo-autoestima, agressivas se estão sempre prontas para se “defender”. 
Dolto afirma que “é necessário para a criança que haja um adulto que a impeça de ter intimidade total com seu genitor” – e complementa: “o menino precisa de homens para se construir, mesmo que esteja confiado a guarda da mãe”. Termina afirmando – “Tanto a menina quanto o menino precisam da presença masculina para se desenvolver bem”. 
A SAP é danosa em vários sentidos, sendo que o principal deles é o de causar uma hemiplegia simbólica nas crianças que dela são feitas vítimas, na medida em que pretende excluir uma das figuras parentais.
    
Quem é o genitor alienador?
Ele é produto de um sistema ilusório criado por ele mesmo onde todo o seu ser se orienta para a destruição da relação com o outro genitor. Ele não consegue individualizar – reconhecer os filhos como seres humanos separados de si mesmo. Deixar os filhos em contato com o outro genitor ou mesmo qualquer outra pessoa é para ele – como arrancar parte do seu corpo, sendo muito convincente seu desamparo e nas suas descrições quanto mal a que ele foi inflingido e às crianças pelo genitor alienado.
    
O que é clássico na SAP?
 Recusar chamadas telefônicas
Organizar atividades com os filhos quando do período de visitas do outro genitor
Apresentar o novo relacionamento como “seu pai” ou “sua mãe” – em substituição ao genitor descontínuo.
Interceptar correspondências e/ou presentes.
 Desvalorizar e insultar o outro genitor na presença dos filhos.
 Recusar dar informações da vida do filho ao outro genitor.
 Impedir o genitor alienado de exercer seu direito de visita.
  
8.        “Esquecer” de avisar o outro genitor de compromissos importantes da criança. 
         Ameaçar os filhos caso estes mantenham contato com o outro genitor.
         Culpar o outro genitor por comportamentos inadequados dos filhos.
    
Outras características importantes
O relacionamento desses genitores que tentam destruir o vínculo de seu ex-parceiro, com seus filhos, é frequentemente caracterizado nos registros periciais, ou no relato das testemunhas, como extremamente controlador e simbiótico.
    
2.    A simbiose é clara quando ao exame de determinadas situações encontramos crianças incapazes de autonomia no fazer e no pensar, reportando-se para tudo e a todos os momentos ao genitor alienador que funciona como um “ego auxiliar” – sem o qual essas crianças parecem incapazes de sobreviver.
  
3.    Os genitores alienadores são superprotetores e para livrar-se do genitor alienado podem fazer falas denúncias de abuso sexual e/ou físico e psicológico.
  
4.    Existem pais alienadores que impedem que visitas ocorram – até mesmo as vigiadas e impedem ou dificultam que o trabalho pericial seja feito – distanciando a criança do contato com qualquer pessoa externa ao seu relacionamento com ela.
  
5.        Podem apresentar comportamentos psicopático, impulsivo e agressivo injustificado.
  
6.        O genitor alienador sempre tem certeza das suas acusações.
  
7.    A Síndrome de alienação parental é uma forma de violência psicológica e deixa sequelas irreparáveis – o alienador é o real abusador.
  
8.       O alienador precisa de cuidados psicológicos de urgência e até o possível afastamento seu da criança – embora isto custe mais um desamparo para a criança – que também precisa ser cuidada emocionalmente.
 MÓDULO 05 - VITIMIZAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Leitura básica: SHINE, Sidney. Avaliação Psicológica e Lei: Adoção, Vitimização, Separação Conjugal, dano Psíquico e outros temas. SP: Casa do Psicólogo, 2005 (pg 51 – 69).
 
 
BRANDÃO, Eduardo P. Psicologia Jurídica no Brasil. RJ: Ed Nau, 2005 (pág. 277 – 305).
 
As crianças e adolescentes vítimas de violência e de maus tratos apresentam sinais e sintomas característicos. São casos que dependem de observação atenta e aprofundada do profissional responsável pela avaliação - pois a violência tende a ser encoberta, principalmente quando a criança ou o adolescente são vítimas dos próprios pais ou parentes mais próximos. O complo do silêncio também contribui para a não descoberta da violência - este envolve todo o contexto da violência, no qual os familiares, o agressor e a própria vítima passam a compactuar para a perpetuação das respostas agressivas. Este silêncio cria um segredo entre vítima e agressor, que deve ser desvendado no momento certo e com as devidas precauções do profissional - "fase da revelação" - que para algumas vítimas, dependendo das características de personalidade e do tipo e frequencia da agressão, ocorre com mais facilidade do que para outras.
 
Parece que muitos agressores foram vítimas de violência em sua infância e adolescência e na fase adulta reproduzem este quadro. Outra característica comum da maioria dos agressores é o uso de álcool e drogas.
Tipos de violência:
Violência física: pode ser definida como atos violentos com uso da força física de forma intencional, praticada por pais, responsáveis, familiares ou pessoas próximas da criança ou do adolescente, com o objetivo de ferir, lesar ou destruir a vítima, deixando ou não marcas.
Violência sexual: consiste em todo ato ou jogo sexual, relação heterosseual ou homossexual, cujo agressor está
em estágio de desenvolvimento psicosexual mais adiantado que a criança ou adolescente. Tem por intenção estimulá-la sexualmente ou utilizá-la para obter satisfação sexual. apresenta-se sob a forma de práticas eróticas e sexuais impostas pela violência física, ameaças ou indição de sua vontade. Esse fenômeno violento pode variar desde atos em que não se produz o ato sexual, até diferentes ações que incluem contato sexual visando lucros como é o caso da prostituição e da pronografia.
Negligência: desigma as omissões dos pais ou de outros responsáveis pela criança ou adolescente (inclusive instituição), quando deixam de prover as necessidades básicas para o seu desenvolvimento físico, emocional e social, O abandono é considerado uma forma grave de negligência e esta significa ainda, a omissão de cuidados básicos como a privação de medicamentos; a falta de atendimento aos cuidados necessários com a saúde; ausencia de proteção contra as inclemências do tempo (frio e calor); o não provimento de estímulos e condições para a frequência escolar.
Violência Psicológica: constitui toda forma de rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito, cobranças exageradas, punições humilhantes e utilização da criança ou do adolescente para atender as necessidades psíquicas do adulto. Todas essas formas de maus tratos psicológicos causam dano ao desenvolvimento e ao crescimento biopsicossocial da criança e do adolescente, podendo provocar efeitos muito deletérios na formação da personalidade e na sua forma de encarar a vida. Pela falta de materialidade do ato que atinge, sobretudo, o campo emocional e espiritual da vítima e pela falta de evidências imediatas de maus tratos, este tipo de violência é dos mais difíceis de serem identificados.
 
 MÓDULO 06 - VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER – ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS NAS DELEGACIAS DE DEFESA DA MULHER – LEI MARIA DA PENHA.
Leitura Básica: JONG, Lin Chaw; SADALA, Maria Lucia Araujo; TANAKA, Ana Cristina D’Andretta. Desistindo da denúncia ao agressor: relato de mulheres vítimas de violência doméstica. Rev. Esc. Enfermagem USP. São Paulo, v 42, no. 4, Dez 2008.
MOREIRA, Myrella Maria Normando e PRIETO, Daniela. “Da sexta vez não passa”: violência cíclica na relação conjugal. Psicologia IESB, vol2, no. 1, 58-69, 2010
A violência doméstica contra a mulher compreende situações diversas, como violência física, sexual e psicológica cometidas por parceiros íntimos. Desde sempre presente na história da humanidade, esta situação só foi reconhecida como agravo à saúde pública a partir da década de 90, por organizações internacionais, como a OMS.
Estudiosos acreditam que o comportamento violento e transmitido transgeracionalmente, pois é na família que os indivíduos recebem as primeiras lições de violência. (Soares, 1999; Dias, Moraes & Reichenheim, 2006, Cabral, 1999; Filho, Neto & Silva, 2009). E nas relações familiares que meninos ou meninas, vitimam ou testemunhas de violência aprendem que aqueles que amam ou são amados são também aqueles que batem.
Dessa forma transmite-se a mensagem que bater em outros membros da família algo é aceitável, tornando a violência permissível, quando outros recursos não funcionaram. Tais crianças, por sua vez, teriam mais chances de serem vitimas ou perpetradores de violência na fase adulta.
 A visão da família como santuário sagrado acabou gerando uma barreira de proteção contra um fato um tanto desconcertante e, para muitos, inaceitável: e exatamente dentro da própria casa que as mulheres correm risco de serem agredidas, estupradas, ameaçadas e mortas (Soares, 1999).
Apos a quebra deste silencio perpetrado por muitos anos, a violência domestica passa a ser percebida pelos governos mundiais e pela sociedade em geral e estes por sua vez dão visibilidade ao que antes era apenas mantido entre as paredes do lar.
 No que diz respeito às mudanças sociais no Brasil, em agosto de 2006, entrou em vigor a Lei Maria da Penha   que trata exclusivamente de crimes cometidos contra a mulher no ambiente familiar. Esta Lei criou mecanismos para coibir e prevenir a violência domestica e familiar contra a mulher nos termos da Constituição Federal e da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher.
A violência no ambiente domestico ocorre com freqüência e difícil de ser reconhecida, pois e cercada pelo medo, dor e silencio das mulheres (Brasil, 2006). Freqüentemente os casais que se envolvem em violência domestica formam vínculos patológicos que se retro-alimentam em uma progressiva onda de violência em que coexistem o ódio e o rancor. A patologia de um dos cônjuges pode ser amplamente predominante e o terror da perda do objeto “amado” pode levar o individuo a utilizar como defesa atos que intimidam seu parceiro (Borges, Sa & Werlang, 2009).
Safiotti (1999) afirma que as relações violentas tendem a obedecer a uma escala progressiva através dos anos de relacionamento, iniciando com agressões verbais, ameaças de morte, passando para as físicas e/ou sexuais, chegando ate mesmo o homicídio.
A violência psicológica ocorre de diversas formas como retrata Miller (1995/1999) e Hirigoyen (2005): a humilhação, o questionamento quanta a competência da companheira como mãe, mulher, esposa e profissional; o isolamento, proibindo-a desde manter contato com a família ate impedindo-a de
Trabalhar e ou estudar; o aviltamento, a lavagem cerebral, o cativeiro, o controle, impedindo-a de sair de casa ou ate mesmo de um cômodo especifico; o ciúme patológico; o assedio; as intimidações e ameaças, dentre outros. A violência psicológica tem como principal objetivo controlar, solucionar conflitos e manter a esposa sob seu jugo. Uma característica comum aos homens que praticam abusos emocionais e a habilidade em encontrar um ponto fraco na esposa, utilizando-o como uma arma para mante-la como sua propriedade. Alguns utilizam os filhos, outros o trabalho, ou ainda sua capacidade como dona de casa e como mulher.
 
VIOLENCIA FISICA
Apos a implantação do domínio sobre o parceiro por meio da violência psicológica, a violência física e a etapa final presente na violência conjugal.
Hirigoyen (2005) afirma que na grande maioria das vezes a violência Física é surge quando a mulher resiste à violência psicológica. E a agressão física que e considerada como violência pela própria mulher e pela sociedade, já que deixa traços visíveis. A violência física pode ser caracterizada pela ocorrência de empurrões, tapas, murros, queimaduras, braços torcidos, enforcamentos, socos, pontapés, puxar cabelos, ameaças com algum tipo de instrumento ou arma de fogo, que possa causar lesões internas, externas ou ambas (Alves & Diniz, 2005, Azambuja, Blank, Cardoso, Day, Debiaggi, Machado, Reis, Silveira, Telles & Zoratto, 2003 e Hirigoyen, 2005).
A violência física tem por objetivo marcar o corpo, destruir o pensamento e por fim anular o outro como sujeito. Os atos de violência física podem se repetir ou não ocorrer mais de uma vez, mas quando não são denunciados, ha sempre uma escala da intensidade e freqüência das agressões (Hirigoyen, 2005).
 VIOLENCIA PSICOLOGICA
Ha uma diferença entre um casamento ruim e um casamento abusivo. Embora todo casamento no qual ocorra o abuso seja obviamente ruim, nem toda relação marital ruim e abusiva. E a assimetria na relação, o que diferencia uma simples briga de casal de uma relação marcada pela violência. Um dos parceiros utiliza seu poder, sutilmente ou por meio da forca, para controlar, manipular e aprisionar o outro quando se trata de uma relação violenta (Hirigoyen, 2005, Miller, 1995/1999).
A violência física e precedida pela violência psicológica, na qual o agressor impõe a vitima diversas formas de violência. Faz-se necessário entendermos inicialmente à violência psicológica para compreender de que maneira se instaura a violência física no casal.
Hirigoyen (2005) ressalta que não existe violência física sem que anteriormente não tenha ocorrido a violência psicológica. A autora afirma que a violência psicológica
caracteriza- se quando uma pessoa possui diferentes atitudes e expressões que objetivam aviltar ou negar a individualidade do outro, obter a submissão, manter o controle e o poder, tomando o parceiro como um objeto.
As vitimas tem dificuldades em perceber e reconhecer a violência psicológica, uma vez que esta apresenta um limite impreciso e subjetivo, em que um mesmo ato pode ter significações distintas dependendo do contexto em que se apresenta e pode ter significações diferentes que se alteram de acordo com seus atores.
  A violência psicológica ocorre de diversas formas como retrata Miller (1995/1999) e Hirigoyen (2005): a humilhação, o questionamento quanta a competência da companheira como mãe, mulher, esposa e profissional; o isolamento, proibindo-a desde manter contato com a família ate impedindo-a de Trabalhar e ou estudar; o aviltamento, a lavagem cerebral, o cativeiro, o controle, impedindo-a de sair de casa ou ate mesmo de um cômodo especifico; o ciúme patológico; o assedio; as intimidações e ameaças, dentre outros. A violência psicológica tem como principal objetivo controlar, solucionar conflitos e manter a esposa sob seu jugo. Uma característica comum aos homens que praticam abusos emocionais e a habilidade em encontrar um ponto fraco na esposa, utilizando-o como uma arma para mante-la como sua propriedade. Alguns utilizam os filhos, outros o trabalho, ou ainda sua capacidade como dona de casa e como mulher.
  
VIOLENCIA CICLICA
A violência contra a mulher e um processo continuo e repetitivo. A violência pode ser apresentada em ciclos, sendo composto por quatro fases distintas, mas que se retroalimentam.
 A primeira fase e representada pela fase da construção da tensão. Durante esta fase a violência não aparece diretamente, mas traduz- se pela ocorrência de agressões verbais, silêncios hostis, olhares agressivos, ciúmes, ameaças, destruição de objetos e irritação excessiva do agressor. Tudo o que a esposa             faz o deixa com raiva e irritado. Esta faz de tudo para ser carinhosa atenciosa e          prestativa, atendendo prontamente aos desejos do marido, acreditando ser capaz     de controlar a situação. Contudo, o agressor tende a responsabilizar a vitima por      todos os seus problemas e frustrações. Neste momento, a mulher atribui a si a             responsabilidade pela frustração e irritação do marido e desenvolve    inconscientemente um processo de constante auto-acusacao. Se ela pergunta o       que esta errada, ele lhe diz que não ha nada de errado e que e ela quem esta             inventando coisas e conseqüentemente iniciam-se as agressões verbais e as     ofensas (Soares, 1999 e Hirigoyen, 2005).
 Na segunda fase, a tensão aumenta e atinge seu ponto Maximo, configurando a fase da agressão. O agressor perde o controle e surgem então agressões mais graves. A violência física inicia-se de forma gradual com empurrões, torções nos braços, tapas e, por conseguinte, socos e a utilização de armas de fogo. O agressor pode ainda forçar a companheira a manter relações sexuais com
            o objetivo de obter maior dominação. A vitima, por sua vez, não esboça reação,        pois o terreno já foi preparado na fase de tensão para que esta não se defenda.     Entretanto, se tentar defender-se ou questionar tal comportamento, a tendência    e que a violência aumente. Esta fase pode ser caracterizada pela liberação da energia negativa acumulada na fase de tensão e pode ser mais breve em          comparação com as outras fases da violência cíclica (Soares, 1999 e Hirigoyen,      2005).
A terceira fase pode ser descrita como a fase do pedido de desculpas no qual o agressor tende a minimizar seu comportamento agressivo ou ate mesmo anula-lo. Esta fase e acompanhada de arrependimento e o homem tenta encontrarem uma explicação para o seu comportamento.
 O objetivo desta fase e responsabilizar a companheira e fazer com que ela não sinta mais raiva pelas agressões sofridas. Neste momento, o marido pede perdão, jura que tais comportamentos jamais se repetirão que ira procurar ajuda de médicos psiquiatras ou os Alcoólicos Anônimos, por exemplo. A esposa por sua vez, sentindo-se mais uma vez culpada, acredita que se estiver mais atenciosa,se modificar seu comportamento e evitar atitudes que aborreçam o marido,       evitara que seu cônjuge se irrite e perca o controle novamente (Hirigoyen, 2005).
A quarta e ultima fase e conhecida como fase de lua de mel. Apos terem cessados os ataques violentos, as agressões físicas e os incessantes Pedidos de desculpas e promessas inicia-se a quarta fase. Sua principal característica e a ausência de tensão e o comportamento amoroso do esposo. Este se comporta de forma agradável, amável, ajuda nas tarefas domesticas, mostra-se apaixonado e realiza diversos esforços para tranqüilizar a esposa levando-a, inclusive, a pensar que e ela quem detém o poder da relação.
 
 Neste momento, as mulheres acreditam que podem corrigir esse homem e que com seu amor, paciência e dedicação ele voltara a ser aquele homem gentil por quem se apaixonaram. E geralmente neste momento que as mulheres agredidas retiram as queixas. Entretanto, esta falsa esperança faz com que as mulheres tornem-se mais tolerantes a agressão. Tais comportamentos podem ser percebidos como uma manipulação perversa a fim de manter a relação conjugal.
Esta mudança de atitude pode ser explicada pelo medo do abandono, medo de perder a mulher.
Com a violência instalada, os ciclos se repetem e aceleram tanto no tempo como em intensidade, ou seja, as fases tendem a serem mais curtas e mais intensas. As vitimas por sua vez tentam reconfortar e satisfazer o agressor, observando os sinais sutis que precedem a crise. Diante das agressões verbais, comportam-se de maneira constrita e acalmam o parceiro. Perante as agressões físicas, tendem a fugir ou tentam escapar, pois e uma questão de sobrevivência e evitam o confronto, pois sabem que tal comportamento aumentara a violência (Hirigoyen,   2005).
MÓDULO 07 - ADOÇÃO.
Leitura básica: SHINE, Sidney. Avaliação Psicológica e Lei: Adoção, Vitimização, Separação Conjugal, dano Psíquico e outros temas. SP: Casa do Psicólogo, 2005 (pg. 73 a 108).
 BRANDÃO, Eduardo P. Psicologia Jurídica no Brasil. RJ: Ed Nau, 2005 (pg. 99- 139). 
·        Em 1927 foi criado o primeiro Código de Menores brasileiro, porém este não trouxe nenhuma contribuição à questão da adoção e nem contribuiu para diminuir o número de crianças abandonadas no país, apenas enfatizou a institucionalização de crianças como uma forma de proteção à infância.
·        A lei 3133/57 trouxe algumas modificações importantes para adoção, mas ainda estava longe de ser um recurso simples: a idade mínima do adotante foi reduzida para 30 anos, e a diferença de idade ente adotante e adotado também foi diminuída para 16 anos, permitindo-se a adoção mesmo se o adotante tivesse filhos legítimos, legitimados ou reconhecidos.
·        Foi somente com a lei 6697/90, com a instituição do no Código de Menores, que houve maior progresso na questão da adoção: passou-se a admitir uma forma de adoção simples, que era autorizada pelo juiz e aplicável aos menores em situação irregular e houve substituição da legitimação adotiva pela adoção plena.
·        A questão da adoção do ECA derivou o art. 227 da Constituição Federal que diz: “Os filhos havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”.
·        Ocorreu então, maior facilitação para realizar uma adoção com a promulgação do ECA: a idade mínima exigida para o adotante que, antes era de 30 anos, passou a ser de 20 anos, respeitada a diferença de 16 anos entre a pessoa que adota e a que é adotada; autorizou a adoção por pessoas solteiras, viúvas, conviventes e divorciadas; possibilitou a adoção unilateral, que é aquela em que o marido, ou companheiro pode adotar o filho de sua esposa sem que haja o rompimento dos laços
de família da criança com sua mãe biológica; admitiu a adoção póstuma, na hipótese de o candidato à adoção falecer no curso do processo, e garantiu o pleno direito à sucessão do filho adotado.
·        E ainda segundo o ECA – a adoção é plena e irrevogável e será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.
·        O ECA destina ao Judiciário todas as providências e procedimentos referentes à adoção e desse modo, prevê e torna obrigatória a existência de equipe interprofissional (psicólogos e assistentes sociais) para atuar nas diversas etapas do processo. Essa legislação também descreve os requisitos necessários aos adotantes e adotados.
·        Todo pretendente à adoção participa de um processo avaliativo e este estudo realizado com os pretendentes pauta-se, em certo sentido, numa proposta de atuação profilática, na medida em que interroga seu desejo e considera suas singularidades antes de assumirem a guarda de uma criança e/ou na fase inicial no novo contato.
·        Esse trabalho caracteriza uma forma de prevenção, pois tem como objetivo abordar possíveis conflitos dos pretendentes e as interrogações que formulam, tentando evitar que dúvidas e ansiedades interfiram no vínculo a ser formalizado com a criança.
·        O discurso dos pretendentes pode revelar o funcionamento psíquico, encenando o pedido manifesto e os desejos inconscientes a ele subjacentes.
·        Critérios de avaliação dos pretendentes acabam servindo apenas como referencial do que se deve pesquisar e aprofundar no decorrer da avaliação dos mesmos.
·        É necessário que se escute o pretendente, pois esta está à frente de qualquer outro critério. A prioridade está na escuta singular dos aspectos subjetivos e não na fixação de critérios que possam se constituir em referências mais objetivas.
·        O fato de alguns pretendentes sentirem-se inseridos num processo avaliativo pode propiciar, no início, ausência de espontaneidade e tendência a um discurso pautado nas convenções sociais ou em elementos que, segundo suas crenças, poderão ser valorizados no parecer judicial.
·        No decorrer dos contatos, dependendo do vínculo que se estabelece entre profissional e os pretendentes, essa situação pode se alterar, cedendo lugar a um contato mais franco, autêntico e revelador de significados.
·        O modo como cada profissional entende seu trabalho e a conotação que lhe atribui parece também promover ressonâncias importantes que influenciam, em certo sentido, os resultados que dele se obtém.
·        Os testes psicológicos podem ser utilizados em alguns casos, pois eventualmente facilitam a expressão dos pretendentes. O teste é utilizado como um instrumento facilitador, um meio e não como um fim. 
·        As entrevistas, comumente de 4 a 6, são realizadas com pretendentes, mas caso estes tenham filhos, ainda que de uniões anteriores, eles podem e devem ser incluídos nos contatos, para que se verifique como lidam com a idéia da ampliação da família e se existe a possibilidade de assumirem os cuidados com a criança na falta eventual dos pais. 
·        Para casais com filhos, revela-se útil a realização de pelo menos uma entrevista familiar, para observar a dinâmica das interações entre os membros.
·        Em geral, o casal é entrevistado conjuntamente. Algumas vezes torna-se necessário permitir que as particularidades de cada um possam emergir por meio de contatos individuais.
·        É importante conhecer a opinião dos membros da família extensa. Quando uma criança é adotada, esta é por uma família e não por uma pessoa. Assim ela deve ser inserida no seu familiar como um todo.
·        A história pessoal e familiar dos candidatos e a história do romance do casal podem revelar elementos sobre a dinâmica familiar e conjugal, possíveis alianças ou incompatibilidades, aspectos da vida afetiva e sexual, peculiaridades dos vínculos e o lugar reservado para a criança no imaginário do casal.
·        Interessa indagar tudo o que diz respeito à criança, para além das características físicas preferidas. Mesmo as escolhas racionalmente justificadas podem revelar o que está atuante no desejo dos pretendentes, além desses dados serem uteis no momento em que alguma criança lhes for apresentada.
·        A escolha do nome do filho é um dos elementos repletos de significados. O nome não designa um corpo, mas a existência de um sujeito. O sobrenome inscreve a criança numa linhagem, enuncia um laço e ao mesmo tempo produz também interdições de laços – laços incestuosos. Nomear é, portanto, dar a uma criança a possibilidade de se humanizar.
·        Alguns adotantes revelam rigidez quanto à escolha do nome e insistem na mudança do prenome mesmo quando a criança o tem como referência fundamental. A própria legislação permite, nos casos de adoção, a modificação do prenome da criança sem necessidade de justificativa.
·        Alguns pretendentes mantêm sentimentos ambivalentes e hostis com relação aos pais biológicos que doam seus filhos. Por conta disto, tendem a negá-la, ressaltando a qualidade dos vínculos formulados com a criança.
·        Outro motivo forte para a negação é que a adoção traz fim à dor intensa causada pela esterilidade ou as perdas que a motivaram. Há ainda os que objetivam salvar o casamento, ter companhia na velhice ou ter alguém para receber a herança.
·        Também não são incomuns os pedidos pautados em questões religiosas ou “vocações”. 
·        A decisão pode estar associada ao desejo dos postulantes de se tornarem pais e de constituírem ou ampliarem a família – estes não têm problemas quanto a contar a verdade sobre a adoção.
·        A postura dos pretendentes quanto à revelação para a criança das origens biológicas e da adoção é elemento importante e, no trabalho de acompanhamento com os futuros pais, constitui fator preponderante.
·        A revelação constitui um dos pontos mais críticos e difíceis de serem vividos pelos pais adotivos: decorridos alguns anos, muitos pais não conseguem desempenhar a tarefa do modo como supunham.
·        Sob o pretexto de evitar um trauma à criança ou sob a alegação de que temem perder o amor do filho, certos pais optam pelo silêncio ou pela omissão de elementos da história. E sem que de início percebam, esse silêncio, além de ineficaz, torna-se patogênico.
·        A verdade sempre deve ser dita à criança. Dizer à criança que ela foi escolhida dentre tantas para ser amada e respeitada por essa família – que a acolheu do abandono que sofreu. Ambos (adotantes e adotados) se amparam na dor de perdas e por isso, estão juntos agora.
·        É preciso observar a forma como se fala com a criança sobre a adoção. Dizer que não são os pais verdadeiros – dá um sinal de falsidade na relação.
·        Deve-se dar a oportunidade da criança de questionar e entender a situação da forma que ela bem entender. O fato deve ser revelado aos poucos e todos os fatos devem ser nomeados e significados.
·        Não basta que os pais contem o que ocorreu ao filho – é importante que esta verdade faça parte do discurso da família, que possa ser veiculada sempre que houver interesse ou necessidade.
·        Quando não se sabe detalhes da história pregressa da criança, é preciso que ela saiba disto. Não se devem inventar pedaços da história. Estas lacunas devem ser de conhecimento da criança.
·        Não há consenso sobre em que momento da vida da criança a verdade seja revelada. Este momento deve ser avaliado pelos pais e decidido em conjunto por eles.
·        A respeito do estágio de convivência, o acompanhamento realizado aqui, busca saber como está se dando a adaptação entre a criança e seus novos pais, que dificuldades ou dúvidas emergem como a situação vivida se coaduna com as expectativas anteriormente formuladas, como os adotantes conseguem integrar aquela criança desconhecida à condição de filho e até mesmo pesquisar a ocorrência de algum fato grave que implique sérios riscos ao bom prognóstico da adoção.
·        Os novos pais podem não estar preparados para compreender e lidar com as angústias, fantasias, medos e hesitações manifestadas por seus filhos, assim como acontece a qualquer pai e mãe. A diferença é que terão ainda de enfrentar suas imperfeições e o sentimento de incompletude e, na medida do possível, elaborar perdas, lutos, duvidas quanto às suas capacidades, temores relacionados ao passado desconhecido da criança e empreender um longo percurso para serem também adotados pelos novos filhos.
 
 
·        Desde as primeiras civilizações, costumava-se adotar uma criança como uma forma de manutenção da família ou para perpetuar o culto ancestral doméstico. O objetivo principal desta medida não era necessariamente “proteger a criança”, pois a filosofia do “melhor interesse para a criança” tem origens recentes em todo o mundo.
·        No passado, a adoção tinha somente o objetivo de ser um instrumento para suprir as necessidades de casais inférteis e não como um meio que pudesse dar uma família para crianças abandonadas.
·        Esta modalidade de adoção é conhecida como “adoção clássica”, e ainda hoje, no Brasil, este tipo de adoção predomina em detrimento da chamada “adoção moderna” cujo objetivo é garantir o direito a toda criança de crescer e ser educada em uma família.
 
·        Existem diferentes definições de adoção, entre elas, está a de Robert (1989), para quem a adoção é a criação jurídica de um laço de filiação entre duas pessoas.
·        A adoção começou realmente a adquirir um sentido mais social, voltando-se ao interesse da criança, após a Primeira Guerra Mundial, por causa do grande numero de crianças órfãs e abandonadas, e a adoção começou a ser entendida como uma solução para a ausência de pais e o bem-estar das crianças. No entanto, depois da Segunda Guerra Mundial, este renovado interesse público pela adoção foi incentivado somente a recém-nascidos.
·        Atualmente, os norte-americanos são, em todo o mundo, os mais numerosos a recorrer à adoção, e estima-se que o numero de crianças adotadas nos EUA esteja em torno de 5 a 9 milhões, e este aspecto mostra como é importante para a sociedade americana entender e enfrentar as dificuldades nesse tipo de filiação.
 
·        No Brasil, o abandono de crianças não é uma situação recente. Marcílio (1998) relata que o ato de expor os filhos foi introduzido no Brasil pelos brancos europeus, pois os índios não abandonavam os próprios filhos. Nos períodos colonial e imperial, crianças legítimas e ilegítimas eram abandonadas em diversos locais urbanos, na tentativa dos pais de livrarem-se do filho indesejado, não amado ou ilegítimo.
·        Para estas crianças denominadas de enjeitadas, desvalidas ou expostas, foi copiado o modelo europeu: a Roda dos Expostos, que permitia o abandono anônimo dos bebês. As Rodas dos Expostos existiram em nosso país até a década de 1950, e fomos o último país do mundo a acabar com elas.
·        As possibilidades de adoção constantes no Código Civil brasileiro de 1916 assemelhavam-se àquelas ditadas pelo Código Napoleônico. Eram excessivamente rígidas e conseqüentemente, isto dificultava o seu uso social: somente podiam adotar os maiores de 50 anos, sem filhos legítimos ou legitimados.
MÓDULO 08 - MÉTODOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS
 
Nossa bibliografia básica para este tema é: CEZAR- FERREIRA, V A da M. Família, Separação e Mediação - Uma visão psicojurídica. São Paulo: Método.3 ed.;2011 (p149-175)
  
O QUE É O CONFLITO?
Antes de conhecermos e entendermos as técnicas e formas de solucionar um conflito - precisamos ter com clareza o conceito do que é "conflito" - Este é por definição - um conjunto de propósitos, métodos ou condutas divergentes, oposto de congruência. Observando o convívio social das pessoas, tem-se observado que este vem sofrendo diversas modificações ao longo da história da humanidade - o que tem gerado constantes conflitos entre as pessoas. 
A comunicação pode colocar algumas armadilhas, logo, para evitá-las é preciso que se criem condições para o diálogo - sempre para que este ocorra de forma saudável. É preciso que haja coincidência de tema - que os interlocutores deêm ao assunto a mesma importância e que cheguem a uma definição comuns dos termos utilizados na conversação. É comum que os litigantes precisem de um interlocutor para que a conversa flua de forma natural e eficaz e para isso - podem lançar mão de um mediador, conciliador ou negociador. Esses facilitadores da comunicação passam a fazer parte do problema a ser discutido - do diálogo e da solução.
Assim, nota -  se que as pessoas tem lidado com seus conflitos de duas formas: por intermédio da cooperação (os próprios envolvidos busacam uma solução para o conflito que os aflige e buscam para isso processos de mediação e/ou conciliação) ou por intermédio da via adversarial (que ocorre quando um terceiro - seja um juiz ou um árbitro - são chamados para colocar fim ao litígio - sendo este de qualquer natureza)

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