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RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DO SEMINÁRIO 1

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RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DO SEMINÁRIO
 09 FEVEREIRO DE 2020.
Índice 
1 – INTRODUÇÃO 
2 – PAINEL 
2.1 O papel do Conselho Tutelar e sua articulação com o Sistema de Garantias de Direitos - Claudio Hortêncio Costa – NECA
2.2 A Ética e o Sigilo na ação conselheira – Edson Mauricio Cabral – NECA 
2.4 Orientações para os grupos de trabalhos – Tema: Atribuições do Conselho Tutelar – Alice Duarte Bittencourt – NECA 
3 – PAINEL 
3.1 Plano de Trabalho de um Conselho Tutelar: como elaborar um planejamento para o início dos trabalhos – Patricia Kelly Ferreira – NECA 
3.2 Trabalho em Grupos por cidades Elaborar um esboço do planejamento para início dos trabalhos 
3.3 Encerramento
1 – INTRODUÇÃO
O seminário foi aberto pela Rosana Cardoso, Diretora Técnica II da cidade de Fernandópolis e uma das representantes da (fef) – Fundação Educacional de Fernandópolis - São Paulo. Ela destacou a importância de se garantir o protagonismo aos jovens. "Nós temos de estar ao lado deles, mediando os conflitos. Não podemos considerá-los cidadãos de segunda classe." O seminário foi idealizado pelos municípios que possuem serviços de acolhimento onde se faz necessário conversar com os conselheiros tutelares sobre toda a rede mostrando o papel do Conselho Tutelar e sua articulação com o sistema de garantia e direitos, o seminário foi preparado pelos pesquisadores do NECA - Núcleo de pesquisadores de estudos sobre crianças e adolescentes, feitos em dois dias 06-07/02/2020, ela destaca que os conselheiros necessitam estarem capacitados, pois cada caso e um caso que requer sabedoria para realmente encaminhar essas crianças e adolescentes que estão em situação de riscos, nos mostrando que como conselheiro tutelar deveu ter sabedoria em cada caso, estando em nossas mãos se vamos abrir sonhos novos horizontes ou se vamos penalizar essas crianças, onde urge mudar essa sociedade e essa cultura de violência que faz parte do nosso cotidiano nas nossas cidades. Ela também destaca que é necessário o apoio do CMDCA para que façam bastante planos de capacitações, os municípios e as Drads que investem nos Conselhos Tutelares.
2 – PAINEL 
2.1 O papel do Conselho Tutelar e sua articulação com o Sistema de Garantias de Direitos - Claudio Hortêncio Costa
 – NECA
O Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA) consolidou-se a partir da Resolução 113 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) de 2006. O início do processo de formação do SGD, porém, é fruto de uma mobilização anterior, marcada pela Constituição de 1988 e pela promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como parâmetro para políticas públicas voltadas para crianças e jovens, em 1990.
O SGDCA é formado pela integração e a articulação entre o Estado, as famílias e a sociedade civil como um todo, para garantir que a lei seja cumprida, que as conquistas do ECA e da Constituição de 1988 (no seu Artigo 227
) não sejam letra morta. Onde a Rede de proteção e o Conselho Tutelar tem que caminhar juntas, discutindo o que está nas entrelinhas da lei fazendo que esse discurso chegue do menor para o maior. O ponto de referência foi Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Paraná, Murillo José Digiácomo, sua fala é sobre importância dos temas discutidos sobre o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente. De forma articulada e sincrônica, o SGDCA estrutura-se em três grandes eixos estratégicos de atuação: Defesa, Promoção e Controle. Essa divisão nos ajuda a entender em quais campos age cada ator envolvido e assim podemos cobrar de nossos representantes suas responsabilidades, assim como entender as nossas como cidadãos dentro do Sistema.
Por um lado, temos as leis e as instâncias judiciais que devem garantir a Defesa, a fiscalização e sanções quando detectarmos o descumprimento de leis. Instâncias do Judiciário, conjuntamente com organizações da sociedade civil, devem zelar para que a lei seja aplicada de fato. Um dos principais órgãos é o Conselho Tutelar, que está na ponta da abordagem com a sociedade e funciona como um guardião, ao observar e encaminhar em campo os casos de violações dos direitos que podem vir a ocorrer com crianças e adolescentes. Outro ator sobre o qual ouvimos muito falar é o promotor do Ministério Público, que age em casos de abusos dos direitos. São exemplos do que podemos entender como Defesa.
Já no eixo da Promoção estão todos os responsáveis por executar o direito, transformá-lo em ação. Nessa perspectiva, os professores e os profissionais da educação são os atores que executam o direito à educação, enquanto médicos, enfermeiros e outros profissionais que trabalham em clínicas, hospitais, postos de saúde e afins são os responsáveis pela realização do direito à saúde. Considerando todas as necessidades básicas (alimentação, vestuário, remédio, educação, profissionalização), serão inúmeros os atores sociais e equipamentos relacionados – de organizações da sociedade civil organizada, inciativa privada e instituições governamentais. O governo também exerce um papel importante na promoção de direitos, por exemplo, com políticas sociais, como o Bolsa-Família. Este é parte integrante do Sistema de Garantias, pois, numa visão abrangente, deve ser garantida a autonomia financeira familiar. Em 1996, o Governo Federal criou o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), cujo objetivo era unir essas diversas esferas de uma forma mais orgânica para erradicar o trabalho infantil. Foi criado em 1991 o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), “a instância máxima de formulação, deliberação e controle das políticas públicas para a infância e à adolescência na esfera federal”. Resolução 113 do Conanda sobre fortalecimento do Sistema de Garantia dos Direitos. RESOLUÇÃO Nº 113
, DE 19 DE ABRIL DE 2006. Trata-se do órgão responsável por tornar efetivo os direitos, princípios e diretrizes contidos no ECA. No âmbito estadual, um exemplo de promoção é a realização de Medidas Socioeducativas. Sendo um assunto polêmico no Brasil, devido aos frequentes escândalos de abuso que vemos contra adolescentes nas unidades de internação do país. O trabalho da Assistência - Social também entraria nesse campo. Por último, temos o eixo do Controle, e aqui ganham destaque os Conselhos de Direitos. 
Os Conselhos são espaço de participação da sociedade civil para a construção democrática de políticas públicas. São espaços institucionais para o cidadão formular, supervisionar e avaliar políticas públicas junto a representantes do governo. Eles podem ter caráter deliberativo, normativo ou consultivo. Há Conselhos atuantes no âmbito municipal, estadual e nacional, como o Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente; o Conselho da Assistência Social; da Educação e da Saúde, sendo eles o sistema de garantia dos direitos.
Antes da criação do SGD, o ECA, no seu artigo 88
, já estabelecia a atuação articulada das diversas esferas para a efetivação dos direitos nele previstos. 
A Autonomia dos Conselhos é plena dentro de qualquer ação do conselho (o conselho não pode julgar) ele defende e não promove. Ele sempre defende e garantem os direitos da criança, o conselho tem o controle da efetivação dos direitos da criança, e o acolhimento é sempre a última alternativa, pois a criança sempre vai preferir estarem com as famílias, os direitos humanos e direito fundamental. 
O CMDCA deve participar de comissões de ética e funcionários designados. O articulador de rede é o Conselho Tutelar.
Conselho Tutelar: 
· Nenhuma decisão deve ser tomada individualmente e sim em sua totalidade; 
· As reuniões devem ser semanais e com todo o colegiado;
· A medida relacionada a qualquer caso deve ser pelo colegiado;
· A criança/adolescente e prioridade absoluta;
· O conselheiro não é cargo eletivo, o conselho tutelar é um processo de escolha;
· O Conselho Tutelar pode e deve solicitar palestras seja pagando ou através de voluntariados, junto às escolas e comunidades.
· A lei 12696
 já garantedireitos sociais do Conselheiro Tutelar.
Sobre as atribuições: As atribuições específicas do Conselho Tutelar estão relacionadas no Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 95 e 136) e serão apresentadas a seguir, as atribuições do Conselho Tutelar o mesmo tem atribuições não competências há uma diferença entre atribuição e competências (funcional).
Diante disso devem os Conselheiros Tutelares regularmente eleitos e empossados:
1. Atender crianças e adolescentes e aplicar medidas de proteção.
2. Atender e aconselhar os pais ou responsável e aplicar medidas pertinentes previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
3. Promover a execução de suas decisões, podendo requisitar serviços públicos e entrar na Justiça quando alguém, injustificadamente, descumprir suas decisões.
4. Levar ao conhecimento do Ministério Público fatos que o Estatuto tenha como infração administrativa ou penal.
5. Encaminhar à Justiça os casos que a ela são pertinentes.
6. Tomar providências para que sejam cumpridas as medidas socioeducativas aplicadas pela Justiça a adolescentes infratores.
7. Expedir notificações em casos de sua competência.
8. Requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e adolescentes, quando necessário.
9. Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentar para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente.
10. Entrar na Justiça, em nome das pessoas e das famílias, para que estas se defendam de programas de rádio e televisão que contrariem princípios constitucionais bem como de propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
11. Levar ao Ministério Público casos que demanda ações judiciais de perda ou suspensão do pátrio poder.
12. Fiscalizar as entidades governamentais e não governamentais que executem programas de proteção e socioeducativos. 
Procurando saber quais são os direitos violados que está no art.°. 1 aos 86 da Constituição Federal falando sobre os direitos fundamentais.
O conselho Tutelar e vinculado administrativamente (sem subordinação) ao município, ressaltando a importância de uma relação ética e responsável com todo adm. Municipal e a necessidade de cooperação técnica com as secretarias, departamentos e programas da prefeitura voltados para a criança e o adolescente.
· Guia de Conduta 
· Corregedoria 
· Comissão de ética (Resolução 75/2001
 Conanda).
2.2 A Ética e o Sigilo na ação conselheira – Edson Mauricio Cabral
 – NECA 
A orientação deixa claro sobre o bom senso que o Colegiado deve ter, em confiar informações tácitas ou expressas a pessoas que não são Conselheiros Tutelares (no caso estamos tratando sobre essa categoria).
Inclusive parece que é comum os Conselheiros conversarem tudo que viram e ouviram com algumas pessoas, em alguns municípios de São Paulo a legislação que trata do Conselho Tutelar trás expressamente que todos os funcionários colocados à disposição do Conselho Tutelar ficam obrigados ao sigilo dos casos atendidos, respondendo na forma da Lei, sempre que for constatado e confirmado o desvio de conduta.
RESOLUÇÃO Nº – 170, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2014 – CONANDA.
Art. 28. É vedado o exercício das atribuições inerentes ao Conselho Tutelar por pessoas estranhas ao órgão ou que não tenha sido escolhido pela comunidade no processo democrático a que alude o Capítulo II desta Resolução, sendo nulos os atos por elas praticados.
Art. 36. Em qualquer caso, deverá ser preservada a identidade da criança ou adolescente atendido pelo Conselho Tutelar.
§ 1º O membro do Conselho Tutelar poderá se abster de pronunciar publicamente acerca dos casos atendidos pelo órgão.
§ 2º O membro do Conselho Tutelar será responsável pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar.
§ 3º A responsabilidade pelo uso e divulgação indevidos de informações referentes ao atendimento de crianças e adolescentes se estende aos funcionários e auxiliares a disposição do Conselho Tutelar.
Art. 41. Cabe à legislação local definir as condutas vedadas aos membros do Conselho Tutelar, bem como, as sanções a elas cominadas, conforme preconiza a legislação local que rege os demais servidores.
Parágrafo único. Sem prejuízo das disposições específicas contidas na legislação local, é vedado aos membros do Conselho Tutelar:
I – receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, vantagem pessoal de qualquer natureza;
II – exercer atividade no horário fixado na lei municipal ou do Distrito Federal para o funcionamento do Conselho Tutelar;
III – utilizar-se do Conselho Tutelar para o exercício de propaganda e atividade político-partidária;
IV – ausentar-se da sede do Conselho Tutelar durante o expediente, salvo quando em diligências ou por necessidade do serviço;
V – opor resistência injustificada ao andamento do serviço;
VI – delegar a pessoa que não seja membro do Conselho Tutelar o desempenho da atribuição que seja de sua responsabilidade;
VII – valer-se da função para lograr proveito pessoal ou de outrem;
VIII – receber comissões, presentes ou vantagens de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
IX – proceder de forma desidiosa;
X – exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício da função e com o horário de trabalho;
XI – exceder no exercício da função, abusando de suas atribuições específicas, nos termos previstos na Lei nº 4.898, de nove de dezembro de 1965;
XII – deixar de submeter ao Colegiado as decisões individuais referentes à aplicação de medidas protetivas a crianças, adolescentes, pais ou responsáveis previstas nos arts. 101 e 129 da Lei n° 8.069, de 1990; 
XIII – descumprir os deveres funcionais mencionados no art.38 desta Resolução e na legislação local relativa ao Conselho Tutelar.
CAPACITAÇÃO É UM DEVER, UM DIREITO E UMA RESPONSABILIDADE DE TODOS.
Empodere os atores do Sistema de Garantia em sua região – Promova Capacitação.
2.3 Debate com o público presente
 A ética não é qualquer coisa. Não é só uma palavra ou um chavão. Ética, nos Conselhos Tutelares, como noutros lugares de interação social, tem a ver com postura pessoal, com capacidade e pré-disposição para o diálogo, para - centralmente - uma escuta do outro como também possuidor de conhecimentos e condições de colaborar na solução de suas próprias questões. E o problema todo é o de como se faz isso.
Todos nós temos uma ética, uma forma de julgar os acontecimentos e nos relacionarmos em sociedade. Uns são membros de partido político, outros não. Alguns são pertencentes a algum tipo de organização religiosa, têm suas crenças e, a partir delas, buscam o bem para o semelhante, e igualmente outros não. Pois como disse Shakespeare, "algumas pessoas simplesmente não se importam".
Portanto, permanece a dificuldade de aliar o técnico com o político. Por quê? Porque precisamos de distância profissional no atendimento. Temos que ouvir a todos com a busca de uma imparcialidade que não é neutra: a busca da preservação dos direitos de cada criança e adolescente, algumas vezes, momentaneamente, em contradição com o que dizem pais e educadores, e isso não é fácil.
2.4 Orientações para os grupos de trabalhos – Tema: Atribuições do Conselho Tutelar – Alice Duarte Bittencourt
 – NECA 
E, nesse aspecto, quero chamar atenção para o colegiado, pois o Conselho Tutelar é um órgão colegiado e suas decisões precisam ser coletivas. Como um grupo, constituído por cinco pessoas, com trajetórias diferenciadas, o espaço semanal, e de cada momento de discussão de caso, pode ser um bom exercício prático de diálogo e alargamento de horizontes individuais e coletivos. Conselho Tutelar com decisões individuais, como regra, e sem colegiado 'pra valer', não é o Conselho Tutelar que precisamos para realizar a proteção prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Colegiado é lugar de cuidado, pois discutimos processos não pessoas.
Finalmente, quero reiterar que nos Conselhos Tutelares, os conselheiros não salvam ninguém. Deve-se trabalhar para que cada criança, adolescente, pai, mãe, outrosfamiliares, preferencialmente em articulação com profissionais da educação, saúde e assistência social, em ações de rede, construa seus caminhos de vida e responsabilize-se, de acordo com suas possibilidades, por isso. Quanto mais sutil e discreta, melhor a intervenção. Os conselheiros não devem ser imprescindíveis na vida daqueles que atendem, mas sim eficientes no cumprimento de suas funções, para as quais receberam um mandato popular. Isso é diferente de militância e de credo religioso, embora, é claro, nossas bagagens devam nos acompanhar e ajudar a iluminar nosso caminho - mas não devem fazer de outros, necessariamente, seguidores.
Penso que estar aberta a ouvir, escutando e levando em conta o que o outro fala, é uma postura necessária, talvez a mais indispensável para se for conselheiro/a; senão nossos conselhos podem ficar avacalhados e nossas certezas nos ofuscar.
Diante da relevância das atribuições, o Estatuto da Criança e do Adolescente criou duas figuras infracionais vinculadas à atuação dos conselheiros tutelares.
A primeira, de natureza penal, que está no artigo 236, tipifica como crime o impedimento ou embaraço da ação do Conselho Tutelar no exercício de sua função. A segunda, de natureza administrativa, que se revela no descumprimento de determinação do Conselho Tutelar.
A maior ação do Conselheiro está em fortalecer o colegiado, uma vez que o colegiado que não se entende, tende a colocar em risco as situações atendidas no Conselho. Um encaminhamento equivocado pode trazer grandes danos. Um Colegiado que exercita as suas opiniões tende a errar menos e a proteger mais, a garantir mais direitos a sua clientela e a se fortalecer, pude perceber que o Colegiado, quando divide bem as suas tarefas, consegue manter o Conselho atualizado, equilibrado e uniforme, pois nessa divisão de tarefas que vão além do atendimento direto à comunidade, tais como participar de diversas reuniões no poder público: Secretarias de Educação, Saúde, Assistência Social, Especial da Criança, Orçamento Público Municipal etc; além das reuniões da comunidade, tais como: Fórum de Entidades, Fórum de defesa da criança e do adolescente, enfim tudo o que diz respeito à garantia e preservação dos direitos desse público.
Quando o Colegiado não se entende e não se informa, quem perde é a criança e o adolescente. É muito importante que o Conselheiro tenha fundamentada a opinião do seu colegiado, pois quando vai aos lugares para atendimento ou participação, ele está representando um Colegiado e não a sua própria pessoa, pois é uma figura pública, inclusive formador de opiniões.
A ação conselheira fiscaliza se as políticas públicas para atendimento à infância e adolescência estão sendo eficazes e suficientes para atender as demandas do município. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é parte de suas entranhas: com o hábito de usá-lo acabamos nos apropriando dos artigos, pois, caso não os mencionemos em nossas requisições, elas acabam por ficar muito simples.
Uma das ações que o conselheiro deverá se empenhar a todo o momento é a de divulgar o ECA. Seja em escolas, comunidades, no ônibus na rua, em seminários, palestras, workshop, dinâmicas ou oficinas, o importante é que a divulgação aconteça.
São de pequenas ações que conseguimos alcançar os maiores objetivos. Veja a luta da formiga em carregar enormes folhas para o seu formigueiro para se precaver do inverno e garantir a sua sobrevivência. Conforme o tempo passa e a umidade atinge o formigueiro a folha em sua decomposição criam-se fungos, que alimentarão a formiga para que ela sobreviva todo o inverno.
A Ação Conselheira é assim: deve percorrer diversos lugares defende e garantem direitos ensinando a sua clientela a se munir do ECA para defender-se, criando uma rede de fiscalização de direitos na comunidade a qual irá apontar as suas necessidades e reivindicar que o poder público cumpra o seu papel de agente executor de políticas públicas para a infância e adolescência, as quais com uma per capta justa e descente evitarão que os nossos jovens corram o risco de cumprirem medidas socioeducativas de internação.
3 – PAINEL
3.1 Plano de Trabalho de um Conselho Tutelar: como elaborar um planejamento para o início dos trabalhos – Patricia Kelly Ferreira
 – NECA 
Qual a sua finalidade? 
Elaborar normas gerais para a formulação e implementação da política de atenção dos direitos da criança e do adolescente, observadas as linhas de ação e as diretrizes conforme dispõe a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), bem como acompanhar e avaliar a sua execução.
Conhecer e entender a Legislação: 
Para o bom desempenho é imprescindível que o Conselheiro tenha pleno conhecimento da legislação, em especial.
1. Leis e Decretos de criação do Conselho e Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente;
2. Regimento Interno;
3. Resoluções do Conselho Municipal vigentes;
4. Resoluções do CONANDA.
É de suma importância que a legislação do Conselho esteja em sintonia com o ECA, Legislação Municipal e demanda municipal.
Conhecendo a realidade das crianças e adolescentes no município
É muito importante contar com o apoio de alguns órgãos que tem trabalho direto com a população, como por exemplo: 
1. Conselhos tutelares;
2. Agentes de saúde da família;
3. Escolas;
4. Postos de saúde;
5. Vara da Infância;
6. Organizações da sociedade civil, entre outros. 
Para conhecer melhor a situação das crianças e adolescentes no município, o primeiro passo é realizar um diagnóstico desta situação. Em municípios pequenos a tarefa é mais fácil.
O Conselho Tutelar é um parceiro estratégico para o levantamento da situação da criança e do adolescente no município. É ele quem recebe as denúncias dos casos de violação dos direitos, é ele quem faz encaminhamentos das demandas. É ele, portanto, quem pode auxiliar o conselho no levantamento tanto dos principais problemas enfrentados, quanto da ausência de programas de atendimento nas diferentes áreas, como saúde, educação, cultura, esporte, lazer, convivência familiar e comunitária.
Em municípios maiores, é importante contar com a assessoria de instituições especializadas na realização de diagnósticos. Para isso, é necessário que o Conselho inclua no seu planejamento a contratação destas instituições para auxiliá-lo neste levantamento e que solicite dos órgãos municipais como as secretarias de saúde, da educação, da assistência social, entre outros, o repasse de dados sobre a situação da infância e adolescência no município.
É muito importante que os conselhos façam isso no início da gestão municipal, pois é no primeiro ano de gestão que o plano plurianual é elaborado e aprovado pela Câmara de Vereadores. O PPA será a diretriz.
 REALIZAR O DIAGNÓSTICO
Realizar o diagnóstico é o primeiro passo na realização do planejamento e para a construção do plano de ação municipal. Elaborá-lo é identificar e analisar a situação da criança e do adolescente no município, buscando conhecer quais são os principais problemas e desafios a ser superado, entender quais são suas causas, observar quais são seus efeitos, para definir as melhores formas de agir para transformar e melhorar a vida da população infanto-juvenil. O diagnóstico ajudará a dimensionar as necessidades e demandas de programas e serviços que garantam os direitos das crianças e adolescentes no município.
Por exemplo, o conhecimento da realidade municipal, por meio do diagnóstico, poderá indicar as áreas de maior vulnerabilidade social bem como as necessidades de crianças e adolescentes em idade escolar, como por exemplo, a criação de programas de transporte escolar da população nesta faixa etária que vive no meio rural, ou em localidades mais distantes da sala de aula, ou mesmo identificar a demanda pela construção de escola mais próxima da moradia destas crianças, ou a necessidade de criação de programa para dependentes de substâncias químicas, ou um programa de combate ao trabalho infantil e exploração sexual.
A realização do diagnósticoda situação de crianças e adolescentes no município possibilitará o acompanhamento e avaliação do plano de ação, e a identificação e avaliação das mudanças geradas na vida de crianças e adolescentes no município no período determinado.
A elaboração do diagnostico terá mais qualidade quanto maior for o envolvimento dos responsáveis que conhecem e atuam diretamente com as políticas para crianças e adolescentes.
Quanto mais informações, pontos de vista e amplo envolvimento, melhor será a capacidade de identificar e analisar os problemas e maior a qualidade das propostas e ações para enfrentá-los.
 Como fazer?
· Pesquisar e descrever os problemas: levantar informações sobre as condições de vida das crianças e adolescentes, pesquisar e organizar dados para compreender a sua situação no município. O uso de indicadores, ou seja, dados qualitativos e quantitativos relativos à saúde, educação, assistência social, cultura, esporte, lazer, entre outros, ajuda a dimensionar e contribui para descrever os problemas existentes. Se no seu município estes dados não estiverem organizados, há que se fazer um esforço para que eles fiquem disponíveis de maneira organizada. Para o mapeamento da realidade das crianças e adolescentes é recomendável:
– Consultar a população, criando espaços de diálogos com os diferentes setores, regiões do município e pessoas de atuação reconhecida em favor das crianças e adolescentes. 
– Consultar os órgãos municipais responsáveis pelas ações nas áreas de saúde, educação, assistência social, cultura, esporte, lazer, entre outros.
– Consultar os Conselhos Tutelares, Vara da Infância e Ministério Público, conhecendo as principais denúncias de violações de direitos e demandas.
– Acessar as informações disponíveis em estudos realizados pelo IBGE, IPEA, Ministérios da Saúde e da Educação, UNICEF, organismos estaduais, universidades e institutos de pesquisa.
– Considerar as resoluções das Conferências Municipais sobre a criança e o adolescente, saúde, educação, assistência social, políticas para as mulheres, promoção da igualdade racial, direitos humanos, entre outras.
· Explicar as causas dos problemas: após o levantamento da situação e a descrição dos problemas, é necessário identificar as causas dos problemas, considerando, inclusive, que um problema pode ter muitas causas. Explicar um problema é reconhecer as consequências que o problema provoca, permitindo uma melhor visão sobre as ações necessárias para enfrentá-lo. A explicação de um problema implica em estabelecer distinção entre:
– Os indicadores: o problema se identifica por meio de…
– As causas: o problema se deve a…
– As consequências: o problema produz impacto em… 
· O que fazer para superar os problemas levantados?
– Este é o papel do Plano de Ação Municipal.
MODELO DE PLANO DE AÇÃO
	Metas      
	Ações
	Recursos
	Prazo
	Responsáveis
	Toda criança de 7 a 14 anos na escola com evasão zero
	Localizar crianças e adolescentes fora da escola e matriculá-las imediatamente
	–          Mutirão de visitas domiciliares
–          Matrículas fora de prazo
–          Campanha de orientação às famílias para matricular seus filhos
	Até maio de 2020
	Secretaria da educação
+
Conselho Municipal dos Direitos da Criança
+
Conselho Municipal da Educação
	
	Garantir a permanência da criança na escola
	–          Distribuição do kit de material escolar
–          Transporte gratuito
–          Bolsa-família (para famílias de baixa-renda)
–          Campanha de orientação às famílias para a permanência da criança, enfatizando os benefícios da escolarização.
–          Equipe de apoio pedagógico
	
	
	
	Criar programa de apoio, orientação e auxílio às famílias.
	–          Programa de geração de renda
–          Redes comunitárias de solidariedade e apoio às famílias de baixa-renda
	Até junho de 2020
	Secretaria da Assistência Social
+
Conselho Municipal dos Direitos da Criança
+
Conselho de Assistência Social
	Adolescentes
E comunidades
	Justiça Restaurativa
	–          Formação de Lideranças
	Até julho de 2020
	Parceria com a Vara da infância e Promotoria
3.2 Encerramento 
O Conselho Tutelar é um instrumento fundamental da exigibilidade dos direitos da criança e do adolescente. Trata-se de uma arma, para luta, e de uma ferramenta, para o trabalho, em favor da população infanto-juvenil. Ele existe para corrigir os desvios dos que, devendo prestar certo serviço público, não o fazem por negligência, imprudência, desentendimento ou qualquer outro motivo. Percebemos que Conselho Tutelar não pode ser confundido ou transformado em um executor de programas de atendimento. Ele é um zelador dos direitos da criança e do adolescente: sua obrigação é fazer com que a não oferta ou a oferta irregular dos atendimentos necessários à população infanto-juvenil sejam corrigidos. O Conselho Tutelar vai sempre requisitar serviços dos programas públicos e tomar providências para que os serviços inexistentes sejam criados. Percebemos o grande valor de fazermos as capacitações enriquecendo – nos para o dia a dia tanto no trabalho bem como em nosso aperfeiçoamento como pessoa. Para facilitar o seu trabalho, o conselheiro tutelar deve estar sempre atento a isso e desenvolver habilidades imprescindíveis:
· de relacionamento com as pessoas;
· de convivência comunitária;
· de organização do trabalho social.
O conselheiro tutelar deve ser um construtor, um organizador, um persuasor permanente, com ações que combatam os pequenos atos malfeitos, improvisados, impensados e de horizonte curto. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inovação representada pelos Conselhos Tutelares como órgãos autônomos, permanentes e não jurisdicionais, não foi ainda sentida no Brasil com mais repercussão, pelas dificuldades que se interpõem à concretização de suas atribuições, quer seja, pelas incompreensões de suas funções, pela ameaça que pode representar o poder que lhes foi atribuído, ou pela dificuldade de romper com o instituído. 
Com a autonomia que lhes foi garantida, os Conselhos Tutelares poderiam inovar deslocando-se de suas sedes fixas e, como órgãos itinerantes, mediante articulação com a sociedade, promover revoluções moleculares aqui e acolá em favor da garantia de direitos. Como órgãos permanentes, o importante é assegurar a continuidade de seus avanços, sem recuos a cada renovação de seus membros, o que pode ser obtido com legitimidade e capacitação permanente. 
A caracterização de órgão não jurisdicional lhes garante uma pontencialidade na mobilização de políticas sociais, sem a desnecessária judicialização das praticas interventivas que afligem a infância.. Estes três predicados dos Conselhos Tutelares, se efetivamente cumpridos, dariam mais vitalidade a estes órgãos que atuam como molas mestras da política de proteção à criança e ao adolescente no Brasil.
Com isso, verificamos que cabe aos conselheiros tutelares agirem com sabedoria e utilizarem o que lhes confere o ECA, sempre no melhor proveito da criança e do adolescente e, com isso exigir que os pais, responsável ou ainda que a sociedade e o Estado cumpram os seus papéis estabelecidos no art. 227 da Carta Magna, bem assim nas demais disposições, nacionais e internacionais, garantindo os Direitos Humanos fundamentais inerentes à criança e ao adolescente.
O seu maior patrimônio é a sua história.
Roberto Silva
� “O conteúdo deste relatório é resultado do Seminário Regional de Formação dos Conselheiros Tutelares de Fernandópolis – SÃO PAULO”.
� Claudio Hortêncio Costa - Advogado, mestre em Direito das Relações Sociais pela Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC /SP). Doutor em Serviço Social pelo Departamento de Estudos Avançados em Serviço Social da PUC/SP. Possui vinte e cinco anos de experiência com o tema das medidas socioeducativas e violência contra crianças e adolescentes. Professor no Mestrado Profissional Adolescente em Conflito com a Lei da Universidade UNIBAN/Anhanguera, de 2009 a 2016. Supervisor do Centro de Atendimento Socioeducativo (CASE)da Fundação Criança São Bernardo do Campo.
� ** A Constituição diz em seu Artigo 227: “Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
� RESOLUÇÃO Nº 113, DE 19 DE ABRIL DE 2006. O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – CONANDA, no uso das atribuições legais estabelecidas na Lei n.º 8.242, de 12 de outubro de 1991 e no Decreto n° 5.089 de 20 de maio de 2004, em cumprimento ao que estabelecem o art. 227 caput e §7º da Constituição Federal e os artigos 88, incisos II e III, 90, parágrafo único, 91, 139, 260, §2º e 261, parágrafo único, do Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal nº 8.069/90, e a deliberação do Conanda, na Assembleia Ordinária n.º 137, realizada nos dias 08 e 09 de março de 2006, resolve aprovar os seguintes parâmetros para a institucionalização e fortalecimento do Sistema de Garanta dos Direitos da Criança e do Adolescente.
� Fontes: Site da � HYPERLINK "http://www.sdh.gov.br/" \t "_blank" �Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República�; site do ECTI da Fundação Telefônica.
� Lei nº 12.696 de 25 de julho de 2012.
Altera os arts. 132, 134, 135 e 139 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 ( Estatuto da Criança e do Adolescente ), para dispor sobre os Conselhos Tutelares.
� RESOLUÇÃO Nº 75 DE 22 DE OUTUBRO DE 2001
Dispõe sobre os parâmetros para a criação e funcionamento dos Conselhos Tutelares e dá outras providências
� Edson Mauricio Cabral - Assistente social, mestre em serviço social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Trabalhou na Secretaria da Criança e Adolescente do Estado de São Paulo; Secretaria de Habitação da cidade de São Paulo; Prefeitura Municipal de Santo André; Legião Brasileira de Assistência; Fundação Orsa; Fundação Abrinq; Associação de Apoio ao Programa Comunidade Solidária; Projeto Meninos e Meninas de Rua de São Bernardo do Campo. Prestou assessoria aos conselhos tutelares da cidade de São Paulo e realizou formação de conselheiros de direitos e tutelares dos municípios de Caçapava/SP, Lins/SP, Porto Real/RJ, Juiz de Fora/MG e Uberlândia/MG. É associado do NECA – Associação dos Pesquisadores de Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e ao Adolescente. Título da dissertação de Mestrado: A participação da sociedade civil nos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente: possibilidades e limites – 2013.
� Alice Duarte de Bittencourt - Bacharel em Letras, Especialista em Administração e Elaboração de Projetos Sociais pela Univ. Gama Filho/RJ, Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas pela FGV /RS, Especialista em Direitos da Criança e do Adolescente pela Fundação Escola do Ministério Público/RS, vice-presidente do CMDCA e Presidente da Comissão Eleitoral da Eleição dos Conselhos Tutelares de Porto Alegre/RS, Professora da Fundação Escola do Ministério Público para os Conselhos Tutelares do Rio Grande do Sul, Coordenação de Implantação e Implementação do Serviço de Apadrinhamento Afetivo para Crianças e Adolescentes com remotas chances de Adoção, Coordenação de Implantação e Implementação do Serviço de Famílias Acolhedoras, membro do GT Nacional Pró-Convivência Familiar e Comunitária (UNICEF e ABTH) desde 2005, ex - Coordenadora da Política Nacional da Convivência Familiar e Comunitária da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, membro do Comitê de Desenvolvimento de Pesquisas e Projetos e do Comitê Gestor do NECA, consultora da Fiocruz/MDS para elaboração e formação de Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes.
� Patricia Kelly Ferreira - Pedagoga, Educadora Social, Conselheira Tutelar de 2002 a 2008 no município de São Paulo, Coordenadora pedagógica em Serviço de Acolhimento Institucional, Gerente de serviço de acolhimento institucional de 2011 a 2017, Professora associada do NECA e formadora em Conselhos Tutelares e Apadrinhamento Afetivo.

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