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O PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA NO DIREITO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR Por SANDRO LÚCIO DEZAN 1 O princípio da eficiência compreende valor normativo constitucional basilar do agir administrativo (art. 37, caput, CF/88), prescrevendo que a Administração e seus servidores devem não somente cumprir o prescrito em lei, mas, assim proceder de forma a obter o melhor resultado, o resultado ótimo para o caso concreto. Implica a correta interpretação e observância das leis e regulamentos e dos demais princípios administrativos, tais como o da legalidade, da celeridade processual, da moralidade etc. 2 Na qualidade de gestão da coisa pública, a Administração e seus agentes possuem o dever de se conduzirem de forma a afastar comportamentos desidiosos, morosos, insuscetíveis de resultados desprovidos de efeitos práticos, burocráticos e sem fins específicos, para proverem não somente o resultado por si só, mas também o resultado de ação ou omissão harmonicamente alinhado com os fins da lei e da vontade social – relaciona-se diretamente, portanto, ao princípio da legalidade administrativa e com o procedimento adequado, ou seja, o devido processo legal, para a obtenção doe resultado justo. É a imposição principiológica de operar com ausência de erros, de desvios, de tutelas outras que não as miradas pelo interesse público, consubstanciando, como ensina Celso Antônio Bandeira de Mello, “uma faceta de um princípio mais amplo já superiormente tratado, de há muito, no direito italiano: o princípio da ‘boa administração’” 3 . 1 Doutorando em Direito e Políticas Públicas, pelo Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. Doutorando e Mestre em Direitos e Garantias Constitucionais Fundamentais, pela Faculdade de Direito de Vitória – FDV. Doutorando em Ciências Jurídicas Públicas, pela Escola de Direito da Universidade do Minho – UMINHO (Braga, Portugal). Professor de Direito Administrativo, Direito Penal, Direito Processual Penal, Direitos Humanos e Direitos Fundamentais, em Faculdades e Cursos Preparatórios para Concursos Públicos. Professor Visitante (Investigador Não Permanente) do Mestrado em Ciência Polícias do Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna – ISCPSI, Lisboa, Portugal. 2 Para estudo mais completo sobre o princípio da eficiência no direito Administrativo Disciplinar, conferir nosso livro “Fundamentos de Direito Administrativo Disciplinar”. 3 MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 1999. p. 92. Por abordarmos a questão procedimental a ensejar a eficiência do aparato administrativo, convém trazer à análise – e isso novamente repetido quando do trato do princípio da proporcionalidade – a intrínseca – porém não conflitantes ou amalgamas - relação entre eficiência e proporcionalidade (e ou razoabilidade também). O princípio da proporcionalidade desempenha – grosso modo - uma função instrumental ao princípio da eficiência, na medida em que este último, de caráter material, ou seja, de “aferição” precisa somente quando da avaliação do resultado almejado pela Administração, depende, na essência, do desenvolvimento de um procedimento proporcional. Nisso, interligam-se, porem sem se caldearem, o “formal” e o “material”, na indisponível aplicação do “ótimo administrar”. Há, por se constatar, distinções essenciais entre tais princípios, que poderíamos tachar de disparidades ontológicas, para propósito único, qual seja, a concreção do interesse coletivo ou da finalidade pública. A proporcionalidade (e aqui também, por sua natureza instrumental, incluímos a razoabilidade) está para o procedimento assim como a eficiência está para o resultado. Apenas para ilustrar, por meio de imagem de “inferência imediata”, baseada em um “quadrado de oposição clássico ou tradicional”, seguido de algumas simples proposições lógicas, teríamos as seguintes ilações: Pp → Ef ↔ Pp ≠ Ef DISTINÇÃO ONTOLÓGICA PROPORCIONALIDADE EFICIÊNCIA PROCEDIMENTO (Critério Formal) RESULTADO (critério Material) [Proposição formal em que se assenta que a Proporcionalidade (Pro) implica ou pressupõe a Eficiência, mas se, e somente se, apresentarem conteúdos ontológicos distintos]. Pp ╞ Formal [Proposição em se infere que o Princípio da Proporcionalidade apresenta conteúdo semântico formal]. Ef ╞ Material [Proposição em se infere que o Princípio da Eficiência apresenta conteúdo semântico material]. Assim, teremos que: ∀ Ato Ef ├ Pp [ou seja, todo e qualquer ato eficiente decorre da proporcionalidade do procedimento para a obtenção desse ato final]. E, por derradeiro: ∀ Ato Material ├ For [todo e qualquer ato material decorre da forma procedimental, para a obtenção desse ato final]. Os símbolos acima representam: Ef - princípio da eficiência Pp - princípio da proporcionalidade (ou da razoabilidade, ou ainda qualquer outro postulado aplicativo) → “símbolo condicional” que implicação, fazendo compreender que a sentença anterior é consequência da sentença ou proposição posterior. ↔ “símbolo bicondicional” que se relacionam entre si a proposição antecedente e a proposição cosequente, em que, ausente qualquer delas não há consequente lógico deles derivados. ≠ símbolo bem conhecido n matemática, propondo que o elemento antecedente é diferente, em essência, do elemento proposicional consequente. ╞ símbolo conhecido como “martelo semântico”, denotando, ou inferindo, a essência da proposição precedente. ∀símbolo afeto a lógica de predicados e conhecido como “quantificador universal”, com o sentido de “para todo”, ou “qualquer que seja”. ├ símbolo conhecido como “martelo sintático”, denotando, ou inferindo, uma função de dependência da proposição consequente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 1999. DEZAN, Sandro Lucio. Fundamentos de direito administrativo disciplinar. 2. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2011.
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