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AFIRMAÇÃO HISTÓRICA A antiguidade produziu: ✓ O cosmopolitismo de Diógenes, o Cínico (412 a 323 a.C.) ✓ O estoicismo de Zenão de Citium (334 a 262 a.C.). Ambas as filosofias se baseavam em uma concepção racional dos direitos do homem, inerentes à própria natureza humana, como princípio organizador da vida, na unidade moral e dignidade do homem, que era um ser dotado de liberdade e razão. Esse pensamento foi a gênese do chamado “Direito Natural”, que conhecemos hoje, e do estabelecimento de Direitos Humanos universais, ou seja, que transcendem a fronteira jurídica soberana dos Estados. A democracia ateniense e a República romana trouxeram a limitação do poder dos governantes e atribuíram essa prerrogativa ao povo, que pela primeira vez na história governou a si mesmo. Constroem-se os conceitos de cidadania e participação popular nas decisões do Estado, como representação dos direitos civis e políticos que temos hoje, bem como o respeito à lei estabelecida com legitimidade. Durante a Idade Média, a concepção de Direitos Humanos foi fortemente influenciada pelo pensamento cristão. Com a concepção teológica do “Direito Natural”, estabelecia-se o princípio da igualdade essencial de todos os seres humanos, independentemente das diferenças culturais e biológicas. Naquele período, a sociedade europeia era formada por três estamentos: a nobreza, o clero e o povo, governados pelas leis impostas pelo monarca. A Magna Carta, declarada pelo Rei John da Inglaterra em 1215, concedia direitos e liberdades aos senhores feudais da época e também aos representantes da igreja. Esse documento representava a limitação do poder monarca. A Era das Luzes resgatava a compreensão racional clássica dos Direitos Humanos, ressaltava a liberdade e defendia a participação democrática das demais camadas da sociedade até então negligenciadas pelo clero e pela nobreza. O iluminismo, o jusnaturalismo e o contratualismo influenciaram o “Renascimento” das artes e ciências e, também, do pensamento político. Inspiradas nesse pensamento, revoluções importantes ocorreram na Europa e no Novo Mundo (a América), as quais mudaram para sempre a construção da sociedade e do Estado. Dessas manifestações resultaram alguns documentos de importância histórica, dentre os quais podemos destacar o Bill of Rights (1689), que, fruto da Revolução Gloriosa ocorrida na Inglaterra no mesmo período, retirava parte do poder do monarca e o transferia para o Parlamento, como representante do povo. Fortemente influenciada pelos ideais iluministas e republicanos, a Independência Americana contribuiu para a propagação de valores consagrados na Declaração de Virgínia de 1776, na Declaração de Independência dos EUA (1776) e na Declaração Norte-americana (1787). A independência americana influenciou outras revoluções no mundo, sobretudo na Europa e, mais tardiamente, na América do Sul. A Revolução Francesa, a mais notória das revoluções influenciadas pela Independência americana, conferiu grande contribuição para a afirmação histórica dos Direitos Humanos, que está manifestada na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) e na Constituição Francesa de 1791, em que, pela primeira vez, foram reconhecidos direitos humanos de caráter social, indicando um ensaio ao controle de constitucionalidade previsto na disposição que impõe que “o Poder Legislativo não poderá fazer nenhuma lei que prejudique ou impeça o exercício dos direitos naturais e civis, consignados no presente título e garantidos pela Constituição”. EVENTOS: 1848: A denúncia da exploração promovida pelo modelo capitalista e a necessidade de mudanças sociais refletiram-se no Manifesto Comunista de Marx e Engels. O marxismo promoveria a tentativa de revolucionar a estratificação social causada pelo conflito de classes, histórica e materialmente determinado. Segundo o pensamento marxista, existiam duas classes: a da burguesia, detentora dos meios de produção, e a do proletariado, excluída dos meios de produção, a qual só tinha a força de trabalho como bem. 1889: O século XIX e início do século XX marcaram uma intensa competição entre os países europeus por mercados consumidores e matérias-primas em uma voraz expansão do capitalismo imperialista (conceito cunhado por Vladmir Lenin). Os frequentes conflitos na Europa por expansão e conquista vitimavam a população civil e expunham os beligerantes a condições deploráveis, tudo para a satisfação dos interesses políticos dos Estados. Porém, o direito internacional em construção e difusão de valores universais resultaram no advento da Convenção de Genebra (1889), que foi a gênese do Direito Humanitário 1891: A Igreja Católica, também reagiu a essas condições sociais desumanas. Sua manifestação veio com a Encíclica Rerum Novarum (1891), proferida pelo Papa Leão XIII, que define os direitos e as responsabilidades do capital e do trabalho; descreve a justa função do governo; defende os direitos dos trabalhadores à organização de associações para tentarem conseguir salários e condições de trabalho justas. Tal documento inaugura a “Doutrina Social da Igreja”, que elege princípios: a) Princípio da dignidade da pessoa humana; b) Respeito à vida humana; c) Direito de associação; d) Direito de participação; e) Opção preferencial pelos pobres; f) Princípio da solidariedade; g) Princípio da subsidiariedade; h) Princípio do bem comum; i) Princípio da destinação universal dos bens. 1945: A humanidade presenciou duas guerras mundiais – Primeira Guerra (1914–1919) e a Segunda Guerra (1939–1945) – e suas consequências catastróficas para os direitos humanos fizeram com que surgisse a necessidade de construir um sistema internacional de proteção a esses direitos e instituições capazes de promover a paz entre os povos. A criação da organização das nações unidas (ONU) teve esse intuito em sua gênese: A carta das nações unidas ou carta de são Francisco (1945). 1948: O horror do holocausto e da devastação causada pelas bombas nucleares em Hiroshima e Nagasaki, revelaram a fragilidade da vida humana diante dos delírios de poder das grandes potências. Tornava-se urgente uma resposta da comunidade internacional que afirmasse valores humanos universais, reconhecendo os direitos da pessoa humana, para além das fronteiras dos Estados. O resultado dessa constatação foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), que constitui o principal documento de proteção aos direitos humanos, sobretudo porque é a partir dele que o indivíduo passa a ser considerado sujeito de direitos no plano internacional.
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