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trabalho empresarial

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RELATÓRIO 
 CONFLITO DE COMPETÊNCIA
Aluna: Klévia Brilhante de Almeida
Professora: Gisely Souza
 
IGUATU-CE
FEVEREIRO DE 2020
Diante do caso em análise, o qual visa à apreciação de um conflito de competência, impetrado pela empresa NUTRISAL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE SUPLEMENTOS PARA ALIMENTAÇÃO ANIMAL LTDA E OUTROS apontando como suscitados o Juízo de Direito da 2.ª Vara Cível de Rio Verde/GO, onde se processa a recuperação judicial da suscitante e o Juízo da 29.ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo/SP, no qual tramita a execução de cédula de crédito rural ajuizada pelo Banco ABC Brasil S/A, ora interessado.
De acordo com o Código de Processo civil em seu Art. 115, há conflito de competência:
I – quando dois ou mais juízes se declaram competentes;
II – quando dois ou mais juízes se declaram incompetentes;
III – quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos.
É sabido que cada causa é de competência de um juízo ou tribunal, mas em razão de recursos interpostos ou em casos de duplo grau de jurisdição necessário, dois ou mais órgãos jurisdicionais podem atuar de forma sucessiva. Entretanto, não deve ser admitido que mais de um órgão jurisdicional tenha a competência de julgar a mesma causa, tampouco que todos se recusem a prestar a atividade jurisdicional devida.
Os autores alegam que em 23 de abril de 2014, foi deferido o pedido de soerguimento em favor da sociedade empresarial pelo juízo goiano (fls. 197/211, e-STJ), todavia, a casa bancária ajuizou uma ação de execução (processo n.º 1068873-41.2014.8.26.0100), em face das pessoas físicas que avalizaram o título cambiário: os sócios da empresa recuperanda e de suas esposas. Defendem, ainda, que "o plano de recuperação da empresa já foi apresentado e nele consta o arrolamento do presente débito no rol de credores.” Informam, por fim, que o Juízo da 29.ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo, nos autos da ação executiva, deferiu inaudita altera pars o arresto dos imóveis indicados pelo exequente na petição inicial. Ou seja, o juiz decidiu sem que ouvisse a outra parte. Diante do exposto, a empresa NUTRISAL, requereu, assim, liminarmente, o cancelamento dos leilões designados pelo Juízo de Direito da 29.ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo/SP e, no mérito, pleitearam a declaração da competência do juízo da recuperação judicial. Mas o pedido liminar foi indeferido.
O caso em tela, após passar por todos os tramites possíveis, cabíveis e legais, chegou até o Superior Tribunal de justiça- STJ, onde foi apreciado e votado pelos seus ministros, através das câmaras ali existentes. EXMO. SR. MINISTRO MARCO BUZZI (Relator), inicialmente, destacou a competência do STJ para o conhecimento e processamento do presente conflito, uma vez que envolve juízos vinculados a Tribunais diversos, nos termos do que dispõe o artigo 105, I, "d", da Constituição Federal. O Tribunal atua, em última instância, na solução de conflitos de natureza infraconstitucional. Funciona como órgão de convergência do direito pátrio ao julgar causas oriundas de todo o território nacional, em todas as vertentes jurisdicionais não especializadas. É também chamado de “Tribunal da Cidadania”, devido à sua origem na “Constituição Cidadã”. Sua competência originária e recursal está prevista no art. 105 da Constituição Federal. De acordo com o Plano STJ 2020, a missão e a visão de futuro do Tribunal estão assim definidas: Missão – Oferecer à sociedade prestação jurisdicional efetiva, assegurando uniformidade à interpretação da legislação federal. Visão de Futuro – Tornar-se referência na uniformização da jurisprudência, contribuindo para a segurança jurídica da sociedade brasileira. Apesar de o julgamento do Recurso Especial ser da competência do STJ, ele NÃO é interposto diretamente neste Tribunal. Sua interposição se dá no tribunal de origem, ou seja, no Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal onde tramita o processo. 
 Examinando os autos, observa-se que o processo executivo não foi ajuizado contra a empresa recuperanda X, mas em face dos avalistas da cédula de crédito rural por ela firmada junto ao Banco ABC Brasil S/A.
 Como se vê do item X da CCB, os executados FABIO, VIRGÍNIA, FAUSTO e RAQUEL figuraram no título como avalistas e coobrigados, tendo assumido, por força da Cláusula 10, as mesmas obrigações da NUTRISAL, emitente da CCB (doc. 3). Verifica-se, ainda, da leitura do título de crédito juntado às fls. 110/126 (e-STJ), que os referidos sócios da empresa em processo de soerguimento, ora suscitantes, encontram-se nominalmente identificados como avalistas da dívida. Delineado o cenário fático, procura-se, agora, decidir se a execução deve prosseguir em relação aos devedores coobrigados, ainda que sócios da sociedade empresarial limitada (contrato social acostado às fls. 18/24, e-STJ). 
O processamento da recuperação judicial de empresa ou mesmo a aprovação do plano de recuperação não suspende ações de execução contra fiadores e avalistas do devedor principal recuperando. Esse é o entendimento da 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça. A decisão foi tomada em julgamento de recurso especial sob o rito dos repetitivos, estabelecido no artigo 543-C do Código de Processo Civil.
A Seção fixou a seguinte tese:
 A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das execuções, nem tampouco induz suspensão ou extinção de ações ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória, pois não se lhes aplicam a suspensão prevista nos artigos 6º, caput, e 52, inciso III, ou a novação a que se refere o artigo 59, caput, por força do que dispõe o artigo 49, parágrafo 1º, todos da Lei 11.101/2005.
 Cumpre destacar que a orientação jurisprudencial esposada pelo Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso repetitivo, firmou-se no sentido de que o disposto no art. 49, §1º, da Lei 11.101/2005, prevê que os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso.
Por fim, o STJ entendeu improvido o agravo regimental interposto. Sendo assim, declara o prosseguimento da execução da cédula de crédito bancária n.º 2127312 junto ao Juiz de Direito da 29.ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo/SP, uma vez que, os autores integram como avalistas (conforme contrato), e não apenas como sócios com capital limitado.
REFERENCIAS:
BRASIL. Supremo Tribunal de Justiça. Conflito de competência nº 142.726/go (2015/0207184-8), Relator: ministro Marco Buzzi. DJ: 01/03/2016. Jusbrasil. 2016. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/diarios/documentos/310182326/andamento-do-processo-n-2015-0207184-8-conflito-de-competencia-01-03-2016-do-stj?ref=topic_feed. Acesso em: 24 fev.2020.
BRASIL, Código de Processo Civil. Lei 13.105/2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em 22 de fevereiro de 2020.
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em 22 de fevereiro de 2020.
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