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Resenha_do livro_Contribuições para a gestão da zona costeira do Brasil_MORAES

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CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DA ZONA COSTEIRA DO BRASIL: elementos para uma 
geografia do litoral brasileiro 
Antônio Carlos Robert Moraes 
2ª edição ampliada. São Paulo: Annablume, 2007. 232 p. 
Eron Bispo de Souza 
Urbanista, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia – UFBA 
O autor 
Antônio Carlos Robert Moraes possui graduação em Geografia (1977) e em Ciências Sociais (1979) pela 
Universidade de São Paulo (USP). Mestrado (1983), doutorado (1991) e livre docência (2000) em 
Geografia Humana pela Universidade de São Paulo. Atuou como professor do Departamento de Geografia 
da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e como consultor do 
Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro do Brasil a convite do Ministério do Meio Ambiente e 
também desenvolveu a metodologia do Programa de Gestão Integrada da Zona Costeira de Moçambique, 
a convite da União Mundial pela Natureza (UICN). 
A obra 
O livro reúne uma série de estudos acerca da geografia litorânea do Brasil, com textos teóricos e práticos 
em torno da gestão desta porção do território nacional, escritos em momentos distintos e com diversas 
finalidades, resultantes das atividades do autor sobre o tema. Seu objetivo é expressar uma experiência 
pessoal no relacionamento complexo e tenso entre o pensar e o agir. A segunda edição foi ampliada em 
dois capítulos, sendo, pois, constituída por nove capítulos. 
A localização litorânea representa uma situação geográfica singular. A Zona Costeira afirma-se na 
atualidade como um espaço privilegiado para o planejamento e a gestão. No caso brasileiro, essa 
qualidade ganha mais importância em virtude da extensão do litoral do país. 
No primeiro capítulo, “Beira do mar, lugar comum? A valorização e a valoração dos espaços litorâneos”, 
discute-se sobre a valorização e a valoração dos recursos naturais e ambientais, fazendo uma 
aproximação com as áreas litorâneas, partindo da premissa da valoração da base espacial, para definir o 
valor dos lugares, tendo como paradigmas teóricos as teorias de renda fundiária e da valorização do 
espaço. Destaca o papel determinante do Estado na valoração e valorização dos espaços costeiros. 
O segundo capítulo “A ocupação da Zona Costeira do Brasil: uma introdução” inicia-se com os critérios 
polêmicos de definição e delimitação da Zona Costeira (ZC). Faz um apanhado histórico do modelo de 
ocupação do território nacional, desde a colonização, concentrado na costa, destacando os fatores que 
contribuíram para o seu enorme adensamento, como as atividades portuárias, a industrialização, 
movimentos migratórios, o turismo. Cita também a ação estatal, via planejamento, na incorporação dos 
espaços costeiros à economia. 
No terceiro capítulo, “Urbanização e políticas urbanas federais na Zona Costeira” avalia-se o crescimento 
exorbitante da população do país e da urbanização, com a ausência de planejamento, que vieram 
acompanhados de problemas sociais e ambientais. Mostra as disparidades existentes nos cenários 
estaduais da ZC e a capacidade diferenciada destes para gerir políticas públicas. Salienta o desmanche 
na estrutura federal de planejamento com o regime militar. 
O quarto capítulo, “As ações federais de planejamento na Zona Costeira: estrutura, performance, 
dificuldades”, destaca a recomposição da estrutura do planejamento estatal, que sofreu um descrédito a 
partir da década de 1980. Referencia o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro de 1988, que adota 
princípios descentralizadores e cooperativos entre as instâncias de governo, além da parceria com a 
sociedade nas ações da ZC, alertando que a Constituição Federal de 1988 define as competências de 
cada esfera governamental. Aponta que um dos desafios do planejamento é compatibilizar o crescimento 
econômico com padrões sustentáveis de uso dos recursos naturais na ZC. 
“O Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro: uma síntese” é o tema do quinto capítulo que aborda 
os aspectos físico-naturais, legais e históricos da ZC, enfatizando que para manter a preservação deste 
ambiente o governo brasileiro adotou o referido programa. Realiza um apanhado histórico sobre as ações 
de planejamento e gestão da ZC do Brasil iniciadas na década de 1970, citando os eventos, os órgãos e 
as políticas criadas. Faz-se um balanço das atuações do GERCO nos estados costeiros e o processo de 
revisão do PNGC, destacando os avanços, as dificuldades e perspectivas para o futuro do programa. 
O sexto capítulo, “Subsídios para uma Agenda 21 do litoral brasileiro”, busca fornecer aportes teóricos 
para a ação federal na ZC, patrimônio nacional. Assim, faz-se uma análise da legislação incidente listando 
as atribuições de cada ente federativo na matéria, ressaltando que muitas das atribuições necessitam de 
regulamentação. Destaca a amplitude do PNGC que envolve preservação ambiental, urbanização, uso e 
ocupação do solo, habitação, recreação, etc. Cita ainda a ZC no planejamento estratégico, nos 
compromissos internacionais do Brasil e as políticas públicas federais. 
No sétimo capítulo, “Configuração de metodologia para o macrozoneamento costeiro”, analisa-se o 
zoneamento e o macrozoneamento do GERCO enquanto instrumento de planejamento territorial, citando 
as lacunas presentes, a padronização desnecessária diante das diversidades de situações da ZC, sendo 
necessário repensar o modelo institucional do programa, revendo as competências dos entes federativos, 
com uma maior presença da União na ZC. Propõe-se um novo modelo institucional e uma nova 
metodologia para o macrozoneamento costeiro. 
O oitavo capítulo, “Classificação das praias brasileiras por níveis de ocupação: proposta de uma tipologia 
para os espaços praiais”, trata das várias possibilidades de classificação das praias como forma de 
subsidiar a implementação do Projeto Orla. Tipifica aspectos variados (densidade, formas de ocupação do 
solo) presentes na ZC, nas escalas macro, meso e microrregionais. Destaca as tipologias das praias por 
nível de ocupação: praias urbanas, praias não-urbanas; praia de núcleo urbano, praia de cidade pequena, 
média ou grande; praia de ocupação intensa ou em processo de ocupação, etc., além da possiblidade de 
classificação conforme as perspectivas de gestão. Conclui-se que a gestão da orla deve ocorrer de 
maneira integrada com o gerenciamento da ZC, pois muitos dos fatores impactantes ocorrem além de 
seus limites. 
O nono capítulo, “O Programa brasileiro de gerenciamento costeiro no limiar do século XXI”, se propõe a 
analisar o GERCO, para avaliar o passado e programar as ações futuras. Estrutura-se em quatro fases: a 
primeira foi marcada pelo planejamento centralizado do período militar com ênfase no zoneamento; a 
segunda fase emergiu no período de redemocratização, descentralização e cooperação das ações entre 
níveis de governo; a terceira, é marcada pela maior abertura do programa à sociedade, com o advento do 
Projeto Orla; a quarta e atual fase, corresponde à radicalização das práticas democráticas e da presença 
forte da sociedade civil na condução do programa. Destaca a necessidade de repensar a questão 
federativa, construindo-se pactos intergovernamentais, maior aproximação do GERCO com os municípios 
e de adotar um processo de revisão periódica do PNGC. 
Crítica 
Este livro surge num momento importante para a temática no Brasil, no qual estava se iniciando o 
interesse do Estado pelo planejamento e gestão da Zona Costeira. Fornece um diagnóstico amplo de 
variados aspectos presentes no espaço costeiro do país, sendo de suma importância para gestores e 
estudiosos do tema. A obra é a principal referência sobre o tema no Brasil. 
Destaca-se o forte caráter avaliativo e propositivo apresentado pela obra, principalmente em razão do 
autor ter participado como consultor do Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro, fornecendo 
importantes detalhes e contribuições. 
Demonstra os impactoscausados pela ocupação e utilização intensa, ausentes de planejamento, que 
geraram um quadro de carências e deficiências em infraestrutura de equipamentos e serviços. Verifica-se 
que desde o período colonial a ocupação concentrou-se na costa do território, se acentuando no decorrer 
do tempo. 
Contribui com uma avaliação precisa do GERCO mostrando suas potencialidades e deficiências, 
apontando caminhos para o aprimoramento e avanço deste importante programa. 
O livro é conciso apresentando uma leitura de fácil compreensão, obrigatória para técnicos, acadêmicos e 
estudiosos da Zona Costeira brasileira, das áreas litorâneas em geral, de diversas disciplinas: Geografia, 
Direito, Ecologia, Geologia, Arquitetura, Urbanismo, etc. 
Ressalva 
Em sua análise (proposta) para o PNGC Moraes argumenta que o Brasil é marcado por heterogeneidades 
em âmbito estadual e mais ainda no nível municipal. Entretanto, o autor defende uma maior presença da 
União na ZC, o que vai de encontro com os princípios de autonomia dos entes federativos sobre seus 
territórios e de descentralização, estabelecidos pela Constituição. 
Talvez o caminho possa ser no sentido de um maior acompanhamento e avaliação das ações dos entes 
subnacionais, com mais descentralização de recursos conforme as metas atingidas (pois muitos estados e 
municípios não possuem a capacidade técnica e financeira para executar as ações na ZC) e cobrança por 
resultados, como ocorre nos EUA.

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