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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/306098039 Manejo de Pragas para Cultura do Morangueiro: Sem Resíduo de Agrotóxicos Research · August 2016 DOI: 10.13140/RG.2.1.3987.7364 CITATIONS 0 READS 1,118 5 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Influência de Radiação Eletromagnética na Captura de Duponchelia fovealis Zeller, 1847 (Lepidoptera: Crambidae) View project Previsão Da Ocorrência E Manejo De Tuta Absoluta (Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae) Em Tomateiro Estaqueado Irrigado View project Dirceu Pratissoli Universidade Federal do Espírito Santo 265 PUBLICATIONS 1,718 CITATIONS SEE PROFILE José Romário de Carvalho Universidade Federal do Espírito Santo 52 PUBLICATIONS 22 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by José Romário de Carvalho on 14 August 2016. 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Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Núcleo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Manejo Fitossanitário de Pragas e Doenças, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil) Manejo de Pragas para Cultura do Morangueiro: Sem Resíduo de Agrotóxicos/ Victor Dias Pirovani, Dirceu Pratissoli, José Romário de Carvalho, Leandro Pin Dalvi. – Alegre, ES: NUDEMAFI, Centro de Ciências Agrárias, UFES, 2015. 64p. (Série Técnica / NUDEMAFI, ISSN 2359-4179; 2) 1. Pragas agrícolas. 2. Identificação. 3. Morangueiro – cultura. 4. Pragas – controle biológico. I. Pirovani, Victor Dias. II. Pratissoli, Dirceu. III. Carvalho, José Romario de. IV. Dalvi, Leandro Pin. V. TÍTULO. CDU: 632 AUTORES Victor Dias Pirovani Engenheiro Agrônomo, Professor do Instituto Federal de Minas Gerais, Campus São João Evangelistas, Doutorando em Produção Vegetal pela Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre, ES, victorpirovani@gmail.com Dirceu Pratissoli Engenheiro Agrônomo, Dr. em Entomologia, Professor Titular do Departamento de Produção Vegetal, NUDEMAFI, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre, ES, pratissoli@cca.ufes.br José Romário de Carvalho Engenheiro Agrônomo, Biólogo, Doutorando em Produção Vegetal pela Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre, ES, jromario_carvalho@hotmail.com Leandro Pin Dalvi Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia, Professor Adjunto do Departamento de Produção Vegetal, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre, ES, leandropin@yahoo.com.br SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 5 IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS PRAGAS ..................................................................................... 6 A. PRAGAS-CHAVE: ....................................................................................................................6 B. PRAGAS SECUNDÁRIAS: ......................................................................................................... 8 C. PRAGAS EMERGENTES: ....................................................................................................... 12 D. OUTROS INSETOS QUE PODEM ATACAR A CULTURA: ....................................................... 14 MÉTODOS GERAIS DE MANEJO .................................................................................................... 15 MÉTODOS DE MANEJOS DE ACORDO COM A PRAGA IDENTIFICADA: ........................................... 17 REFERÊNCIA CONSULTADAS ....................................................................................................... 23 PRANCHA 1 .................................................................................................................................. 26 PRANCHA 2 .................................................................................................................................. 27 PRANCHA 3 .................................................................................................................................. 28 PRANCHA 4 .................................................................................................................................. 29 PRANCHA 5 .................................................................................................................................. 30 PRANCHA 6 .................................................................................................................................. 31 PRANCHA 7 .................................................................................................................................. 32 PRANCHA 8A ............................................................................................................................... 33 PRANCHA 8B ............................................................................................................................... 34 PRANCHA 9A ............................................................................................................................... 35 PRANCHA 9B ............................................................................................................................... 36 PRANCHA 10 ................................................................................................................................ 37 PRANCHA 11 ................................................................................................................................ 38 ANEXO 1 ...................................................................................................................................... 39 ANEXO 2 ...................................................................................................................................... 40 ANEXO 3A .................................................................................................................................... 45 ANEXO 3B .................................................................................................................................... 46 ANEXO 4 ...................................................................................................................................... 47 ANEXO 5 ...................................................................................................................................... 62 ANEXO 6 ...................................................................................................................................... 63 M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 5 INTRODUÇÃO O morango é uma fruta consumida e apreciada em todo o mundo e seu consumo é citado em épocas remotas, quando era conhecido como "fragum" ou "fraga", devido ao seu sabor doce. Existem relatos dessa cultura sendo cultivada na Europa por volta do século XV, em hortas francesas e inglesas. O morangueiro, tal como conhecemos nos tempos atuais é o resultado do cruzamento natural de duas espécies de morangueiro selvagens, Fragaria chiloensis, originária do Chile, e Fragaria virginiana, da América do Norte. Essas duas espécies de morango selvagens foram encontradas pelos europeus por volta do século XVII e levadas para a Europa os quais foram cultivados em hortas caseiras, onde se acredita que tenha ocorrido o cruzamento natural e consequentemente a formação do híbrido de morango que foi obtido a mais de 300 anos. Novas hibridizações feitas com outras espécies nos programas de melhoramento, a partir da metade do século XX, geraram a gama de cultivares que temos disponíveis hoje no mercado. O morango é a espécie de maior expressão econômica entre as pequenas frutas, sendo produzido e apreciado nas mais variadas regiões do mundo. O cultivo dessa olerícola é caracterizado pela grande demanda de mão-de-obra e a alta rentabilidade por área, sendo que, na maioria das vezes, o cultivo do morangueiro é feito em pequenas propriedades que utilizam a mão-de-obra familiar, durante todo o ciclo da cultura, sendo a maior parte da produção destinada ao mercado in natura. A produção de morango pode sofrer diversas injúrias, de natureza biótica ou abiótica, que prejudicam tanto o desenvolvimento vegetativo quanto a produção. Entre os fatores bióticos que podem causar injúrias à cultura do morangueiro destacam-se insetos, ácaros, fungos, bactérias, vírus e nematóides. Devido o mercado consumidor de morango ser muito exigente, na maioria das vezes o padrão da qualidade do fruto estabelecido é elevado (frutos sem defeitos, por exemplo), a maioria dos produtores erroneamente buscam atender essa exigência baseando seu controle fitossanitário exclusivamente com insumos químicos. Em face da busca pela qualidade de vida, o consumidor está exigindo uma maior oferta de alimentos livres de agrotóxicos, que respeitem os preceitos da sustentabilidade, da conservação do meio ambiente e do bem estar humano. Nesse conceito a produção orgânica de morango tende a assumir um novo posto na agricultura brasileira, apesar de hoje representar apenas 1% das nossas áreas cultivadas com morango. M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 6 O cultivo orgânico pode ser definido como um sistema de produção que evita ou exclui amplamente o uso de fertilizantes, agrotóxicos, reguladores de crescimento e aditivos para a produção vegetal e alimentação animal, elaborados sinteticamente. Tanto quanto possível, os sistemas agrícolas orgânicos dependem de rotação de culturas, de restos de culturas, estercos animais, de leguminosas, de adubos verdes e de resíduos orgânicos de fora das fazendas, bem como de cultivo mecânico, rochas e minerais e aspectos de controle biológico de pragas e patógenos, para manter a produtividade e a estrutura do solo, fornecer nutrientes para as plantas e controlar insetos, ervas invasoras e outras pragas. Com esta circular técnica pretende-se fornecer informações a respeito da identificação correta das pragas, técnica de menor impacto ambiental, visando o manejo dessas pragas do morangueiro em sistemas de cultivos orgânicos, bem como informações adicionais a respeito de biofertilizantes, uso de plantas e seus extratos, caldas e formulações naturais, acessórios e produtos biológicos, além da identificação de inimigos naturais que poderão auxiliar o manejo dessas pragas. IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS PRAGAS A. PRAGAS-CHAVE: Ácaro rajado Tetranychus urticae Kock (Acari:Tetranychidae) Os ácaros representam as principais pragas do morangueiro. O ácaro-rajado é uma espécie com um grande número de culturas de importância econômica como hospedeiras (mais de 150) e com ampla distribuição geográfica. Ocorre principalmente em épocas secas e de baixa precipitaçãoanual. Se mal controlado pode reduzir a produção em até 80% no máximo desenvolvimento populacional da praga (PRANCHA 1). - Características da praga (Identificação): Possuem cerca de 0,4 mm de comprimento. Sua coloração varia entre amarelo e verde escuro. Seu corpo é coberto por longas setas e apresentam duas manchas escuras no dorso, uma de cada lado. A fase jovem e adulta 7 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o do ácaro-rajado é diferenciada basicamente pelo tamanho. O ácaro-rajado tece teia na parte inferior das folhas, onde deposita seus ovos, característica que facilita sua identificação em campo. - Sintomas e danos: as injúrias provocadas são decorrentes da alimentação do ácaro tanto na fase jovem quanto na fase adulta. Para alimentar-se da planta tanto o adulto quanto a fase jovem ingerem o seu conteúdo celular. Esses ácaros vivem em colônias, os quais, para se alimentarem, inicialmente tecem uma teia na borda da folha onde passa a raspar a face inferior. Os primeiros sintomas aparecem com a seca dessas bordas. Com a intensidade do ataque as folhas vão perdendo a coloração tornando-se cloróticas com manchas avermelhadas, e posteriormente ficam toda necrosada e secam. O fruto também pode ser atacado, ficando nesse caso seco e escuro, comprometendo diretamente a produção. Broca-dos-frutos Lobiopa insularis, Castelnau (Coleoptera: Nitidulidae) Esse inseto é um pequeno besouro que é atraído pelos voláteis/odores de frutos de morango maduros ou em fermentação no solo. É uma praga generalista, isto é, na ausência de morango pode atacar frutos de outras culturas, tais como: goiaba, laranja, pêssego, dentre outros (PRANCHA 2). - Características da praga (Identificação): O adulto possui o corpo achatado, com tamanho variando de 5 a 8 mm de comprimento. A coloração do corpo é marrom escura com manchas laterais amareladas. As larvas são achatadas, de coloração creme e medem cerca de 6 a 8 mm de comprimento no último estágio de desenvolvimento; possuem pequenas projeções laterais ao longo do abdome. Em sistema de cultivo, onde os canteiros são cobertos com lona plástica, os insetos passam a fase de pupa logo abaixo do plástico, próximos à região da base da planta. - Sintomas e danos: Tanto os adultos quanto as larvas alimentam-se dos frutos maduros, tornando-os imprestáveis para a comercialização. Além disso, a alimentação desses insetos dos frutos do morangueiro pode acelerar a sua decomposição. As perdas podem atingir cerca de 20% da produção. Adicionalmente aos danos diretos, esses besouros podem ser vetores de fungos que causam podridão aos frutos de morangueiro. M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 8 B. PRAGAS SECUNDÁRIAS: Ácaro do enfezamento Phytonemus pallidus Banks (Acari: Tarsonemidae) Praga de difícil visualização devido ao seu tamanho reduzido. Normalmente ficam protegidos da radiação solar abrigando-se na parte central da planta, nas folhas, entre os pecíolos, na base das pétalas e sépalas e em pilosidades de frutos imaturos. Praga com diversos hospedeiros ornamentais, como: violeta e gerânio (PRANCHA 3). - Características da praga (Identificação): são ácaros muito pequenos com cerca de 0,3 mm de comprimento. Os machos são menores que as fêmeas e possuem coloração amarelada. Já as fêmeas podem variar a coloração entre marrom-clara e branca. - Sintomas e danos: quando em pequenas infestações a face superior das folhas fica enrugada; já em infestações severas a região da coroa fica encarquilhada, as folhas novas não se abrem de forma adequada, ficam pequenas e com os pecíolos extremamente curtos. Dessa forma, um grave nanismo (plantas pequenas) pode vir a ser observado. Contudo nas folhas em desenvolvimento percebe-se a ocorrência de clorose, a qual fica com aspecto clorótico (amareladas) ou bronzeado e rígido. Em folhas já desenvolvidas, os maiores sintomas do ataque, pode ser visualizado na face inferior das mesmas, um aspecto áspero, perdendo seu brilho. Além disso, o pedúnculo quando atacado, apresenta uma coloração escura, devido a alimentação dos ácaros, o que propicia a interrupção da seiva e morte dessas folhas. O ataque nos frutos pode ocorrer, o qual é consequência da raspagem dos ácaros no tecido externos para sua alimentação. Em frutos novos percebe-se uma coloração escura nos mesmos, tendo como consequência uma interrupção no desenvolvimento e provoca o que se chama de nanismo. Naqueles, em estado de maturação, a película externa por sofrer danos, devida a alimentação, ficam com aspecto áspero, e quando em contato com o sol se rompe tornam-se rugosos. Esses frutos perdem sua qualidade e não servem, tanto para consumo “in natura”, quanto para o processamento industrial 9 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o Ácaro vermelho Tetranychus desertorum Banks (Acari: Tetranychidae) Assim como o ácaro-rajado, o ácaro-vermelho também possui um grande número de espécies vegetais hospedeiras e encontra-se amplamente distribuído. Seus danos podem ser extremamente prejudiciais à cultura, reduzindo drasticamente a produção (PRANCHA 4). - Características da praga (Identificação): Existe uma acentuada diferença entre a coloração do ácaro-vermelho na fase jovem e machos e fêmeas da fase adulta. Machos e jovens do ácaro-vermelho possuem coloração verde-amarelada, enquanto as fêmeas são avermelhadas. Assim como o ácaro-rajado, tecem teia na planta e ocupa a parte inferior dos folíolos de morango, o que ajuda no reconhecimento da praga. - Sintomas e danos: Os danos são semelhantes aos causados pelo ácaro-rajado e são causados pela sua alimentação. As folhas apresentam manchas no início do ataque, que se tornam avermelhadas com o decorrer do tempo. Posteriormente essas folhas secam. Esses danos reduzem consideravelmente o tamanho e o número de morangos. Pulgão-verde Capitophorus fragaefolii Cock (Hemiptera: Aphididae) Esse inseto possui hábito gregário, isto é, vivem em colônias com vários indivíduos próximos uns aos outros. Essas colônias concentram-se principalmente na face inferior das folhas. Em altas infestações a face superior também pode ser colonizada; normalmente quando isso ocorre adultos alados responsáveis pela dispersão da espécie são comuns de serem observados (PRANCHA 4). - Características da praga (Identificação): popularmente conhecido como pulgão verde do morangueiro, sua coloração na fase áptera (sem asas) pode variar de amarelada a verde claro. A fase jovem desses insetos (ninfas) são um pouco menores que os adultos que medem cerca de 1,5 mm de comprimento. O corpo é recoberto por cerdas. Já a fase alada (com asas) possui coloração geral amarelo-esverdeado com a cabeça escura e atinge cerca de 3,0 mm de comprimento. - Sintomas e danos: A constatação da ocorrência desse pulgão na cultura pode ser feita através do exame das folhas baixeiras e, também, pela presença de formigas junto às plantas de morangueiro. O ataque ocorre sob o coleto, inflorescências e frutos imaturos. M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 10 Nessas regiões os insetos sugam seiva da planta, o que acarreta em diminuição do potencial produtivo e no aparecimento de um fungo conhecido popularmente como “fumagina” (camada escura sobre sua superfície) que cresce sob a planta em virtude das fezes açucaradas desses insetos e diminui o potencial fotossintético do morangueiro. A associação simbiótica com formigas lava-pés também pode trazer transtorno devido essas fazerem um montículo de terra na base das plantas para proteger a colônia de pulgão. Outro sério problema trazido por C. fragaefolii é a transmissão do “vírus do mosqueadodo morangueiro – “Strawberry mottle virus, SMoV”. Essa virose pode reduzir a produção em até 30%. Pulgão Cerosipha forbesi Weed (Hemiptera: Aphididae) Apesar de características comportamentais semelhantes ao pulgão-verde do morango, esse pulgão não transmite nenhuma virose. Seus principais prejuízos estão relacionados ao hábito alimentar de sugar seiva da planta e da associação simbiótica com formiga lava-pés (PRANCHA 5). - Características da praga (Identificação): Os adultos podem ser alados (com asas) ou ápteros (sem asas). Os alados e ápteros possuem comprimento semelhantes, de aproximadamente 1,3 mm. Alados tem abdome mais claro que o tórax e a cabeça, que são de coloração negro-brilhante. Geralmente, a coloração dos ápteros varia de verde- escura a negra. São normalmente encontrados nas axilas das plantas vivendo em simbiose com as formigas. - Sintomas e danos: as regiões de ataque são semelhantes ao pulgão-verde - Capitophorus fragaefolii. Sugam a seiva de brotos, região do coleto, inflorescência e frutos imaturos do morangueiro. Seus ataques são mais frequentes entre junho e dezembro. A associação com formigas lava-pés é muito comum, e por protegerem a colônia de pulgões dificulta seu controle. Além disso, o aparecimento de “fumagina” também pode ocorrer em virtude do ataque dessa praga. Lagarta-rosca Agrotis ipsilon Hufnagel (Lepidoptera: Noctuidae) 11 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o Com uma grande quantidade de hospedeiros e amplamente distribuída essa praga causa danos principalmente em plântulas novas. Os danos são causados pela fase jovem, as lagartas, que possuem hábito noturno. Esse comportamento dificulta o diagnóstico em nível de campo o que pode comprometer ou retardar as medidas de controle. Possuem grande potencial de reprodução; cada fêmea pode depositar até 1.000 ovos (PRANCHA 6). - Características da praga (Identificação): Os adultos são mariposas com 35 mm de envergadura e asas de coloração marrom. As asas anteriores possuem manchas triangulares negras, e a borda apical mais clara. As lagartas são escuras, com cerca de 45 mm de comprimento. Durante o dia abrigam-se no solo. São popularmente conhecidas como lagarta-rosca pois quando tocadas enrolam-se. - Sintomas e danos: As lagartas cortam as plantas novas na altura do colo. Quando o estágio vegetativo é mais avançado, as lagartas podem abrir galerias na base do colo. O seu ataque reduz o estande/número de plantas da área e consequentemente diminui a produção e aumentam o custo com o replantio de mudas. Formiga lava-pés Solenopsis saevissima F.Smith (Hymenoptera: Formicidae) Popularmente conhecida como “formiga lava-pés” ou “formiga fogo”, devido a sua ferroada dolorida e ardente, resultando em uma sensação de queimadura. Estão amplamente disseminadas no território brasileiro (PRANCHA 7). - Características da praga (Identificação): As operárias podem atingir cerca de 5mm de comprimento, enquanto a rainha é um pouco maior, com cerca de 7mm. A coloração varia entre um tom avermelhado e marrom. Seus ninhos são formados por montículos de terra solta ao redor da base da planta de morango. - Sintomas e danos: Não se alimentam da planta. Seus danos estão relacionados aos montículos de terra sobre a planta. Estes retardam o desenvolvimento da planta, prejudicando a produção. Além disso, possuem associação simbiôntica com os pulgões, alimentando-se das fezes açucaradas desses insetos protegendo-os do ataque de inimigos naturais, como as joaninhas. M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 12 C. PRAGAS EMERGENTES: Lagarta-do-morangueiro Duponchelia fovealis, Zeller (Lepidoptera: Crambidae) É uma praga polífaga, que ataca diversos gêneros de plantas de importância agrícola, ornamentais e invasoras. Foi introduzida no Brasil em 2008, no Paraná. Posteriormente em 2010 chegou ao Espírito Santo e recentemente, em 2013, ao Sul de Minas Gerais. Esta praga vem causando prejuízos significativos à cultura do morango. - Características da praga (Identificação): O adulto é uma mariposa de coloração castanho-acinzentado; nas asas anteriores podem ser observadas duas linhas transversais amarelas e paralelas entre si, sendo que na linha mais próxima ao ápice da asa pode-se verificar a presença de um desenho em forma de "U. A mariposa possui em media 19 mm de envergadura e cerca de 10 mm de comprimento. Este inseto voa principalmente à noite, embora também faça voos curtos irregular durante o dia quando perturbadas, antes de se fixar novamente na cultura. Os jovens são lagartas de coloração creme com pontuações marrons ao longo do corpo e cabeça marrom. Os ovos são depositados principalmente nas folhas, próximos as nervuras e são de coloração creme, tornando-se avermelhados próximos a eclosão das lagartas (PRANCHA 8). - Sintomas e danos: Os danos dessa praga são causados pelas lagartas que atacam folhas, flores, coroas e também os frutos e em infestações severas são capazes de debilitar as plantas, reduzir a produtividade e levá-las a morte. A lagarta desse inseto vive entre as folhas e na coroa da planta, próximas ao solo. Locomovem-se rapidamente e preferem locais úmidos, na camada superior do solo, ou nas raízes expostas das plantas. É comum a presença de teias na base da planta, onde as lagartas se encontram (PRANCHA 9). Tripes das flores Frankliniella occidentalis Pergande (Thysanoptera/Thripidae) Frankliniella occidentalis é uma espécie polífaga, originária da região que compreende o Canadá e os Estados Unidos da América. Atualmente está amplamente distribuída em todo o mundo, 13 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o com registro de ocorrência em países de todos os continentes. Estima-se que 244 espécies de plantas distribuídas em 62 famílias botânicas sejam hospedeiros potenciais da espécie. - Características da praga (Identificação): O adulto é um pequeno inseto com asas franjadas, típicas de insetos pertencentes a essa Ordem. O macho, um pouco menor que a fêmea, apresenta tamanho variando de 1,2 a 1,3 mm de comprimento, possui abdome estreito e arredondado. Já as fêmeas podem atingir 1,7 mm de comprimento e seu abdome é arredondado. A coloração varia entre amarelo pálido e castanho escuro, sendo os espécimes amarelos com manchas marrons os mais comuns no Brasil. As ninfas logo após a eclosão são brancas transparentes tornando-se amareladas a partir do segundo ínstar e não possuem asas (PRANCHA 10). - Sintomas e danos: fases jovens e adultas são facilmente encontradas no interior das flores, alimentando-se do seu pólen. A alimentação nessa região provoca lesões, as quais se tornam bronzeadas, e as pétalas passam a ter um aspecto de murchamento. A principal consequência, devido às injúrias provocadas nas flores, é que as mesmas podem se tornar estéreis, impedindo a formação de morangos. Os frutos do morangueiro atacados por tripes apresentam um bronzeamento, além de uma maturação desuniforme, deformações (malformações) e aquênios com dilatações visuais perceptíveis. Frankliniella occidentalis tem sido considerado um agente de dispersão do fungo Botrytis cinerea, responsável por causar a podridão cinzenta no morango (PRANCHAS 10 e 11). Brocão Spodoptera eridania (Cramer) (Lepidoptera: Noctuidae) É uma espécie polífaga, ocorrendo, principalmente, nas regiões de clima tropical das Américas, bem como em regiões temperadas, tem-se relato desta praga alimentando-se de algodão, soja, feijão, plantas daninhas (corda-de-viola, beldroega, tiririca etc.), milho, sorgo, hortaliças e frutíferas (PRANCHA 12). - Características da praga (Identificação): O adulto é uma mariposa de coloração cinzento-clara,tendo nas asas anteriores acinzentadas, uma mancha escura na borda superior da asa e uma mancha negra no centro das mesmas. Os ovos são ovipositados em massas, sempre depositados na face inferior das folhas. As lagartas possuem coloração variável; quando jovens geralmente são cinza escuro, com uma faixa lateral M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 14 longitudinal esbranquiçada, que é interrompida por uma mancha escura no tórax. Quando desenvolvidas são cinza claro com desenhos pardos sobre o corpo, porém essa tonalidade pode variar. - Sintomas e danos: O primeiro sintoma de sua presença é quando se constata folhas bronzeada e com orifícios. Esse bronzeamento decorre das lagartinhas rasparem a face inferior das folhas. Posteriormente migram para a base da planta onde passam a se alimentar do colo das plantas, ficando abrigadas no solo próximo às plantas. Durante a frutificação, quando os frutos estão em processo de maturação, as lagartas podem lesioná-los fazendo furos de alimentação. D. OUTROS INSETOS QUE PODEM ATACAR A CULTURA: - Formiga cortadeira (Atta sp.): Comumente chamadas de saúvas. A característica marcante é que possuem três espinhos no dorso. Possui coloração vermelha a marrom-escuro. Os ninhos tem o monte de terra solta de forma arredondada e lisa, sendo comum encontrar gravetos e folhas em suas proximidades. Ocorrem em várias regiões do Brasil, atacando, principalmente gramíneas, porém também ocorrer em algodoeiro, cafeeiro, coqueiro, goiabeira, mandioca, mangueira, etc. (PRANCHA 13). - Cupim subterrâneo (Coptotermes sp): São insetos sociais que vivem em colônias. As operárias são ágeis e apresentam coloração amarelo pálido ou branco, sendo que na maioria das vezes são desprovidas de olhos compostos e ocelos. Fazem todas as funções da colônia, exceto a procriação. Os soldados diferenciam-se das operárias por possuírem movimentos lentos e cabeça mais volumosa. A função é de defesa da colônia, mas também auxiliam no trabalho das operárias. A época de propagação dessa espécie é variável, geralmente ocorre entre os meses de agosto a outubro, sendo que após a revoada os indivíduos que não foram destruídos, caem ao chão e reúnem-se dois a dois, formando assim um novo casal real, que dará início a um novo cupinzeiro. Geralmente ocorrem de agosto a outubro, atacando culturas de importância econômica como milho, arroz, eucalipto, hortaliças, onde alimentam-se das raízes das plantas, prejudicando o seu desenvolvimento (PRANCHA 13). 15 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o MÉTODOS GERAIS DE MANEJO 1. Antes da implantação da cultura: Adquirir mudas vigorosas, sadias e livres de pragas; Planejar o cultivo em talhões facilitando a diagnose e o controle da praga; Cultivar os talhões em faixas, separando-os por espécies anuais que floresçam de modo que possam servir como atrativos (que produzem pólen) para inimigos naturais (girassol, margaridas etc.) e outras espécies que são denominadas de companheiras (aquelas que repelem as pragas). A instalação de linhas dessas plantas próximas dos canteiros pode ser benéfica devido a repelência de pragas nocivas. Dentre essas podemos citar: alecrim repele borboletas; hortelã repele formigas e borboletas; mastruço e arruda repelem afídeos. Um bom método natural para espantar as formigas é espalhar sementes de gergelim em torno dos canteiros. Além disso, o gergelim colocado sobre o formigueiro intoxica o fungo e ajuda a eliminar o ninho das formigas. Outras plantas como a erva-cidreira, citronela e o girassol são também indicadas para repelir pragas dos cultivos (ANEXO 1). Planejar a rotação de culturas com espécies de família botânica diferentes do morango e que não sejam hospedeiras das mesmas pragas; Utilizar uma cultivar adequada a região e época de plantio favorecendo o escape de picos populacionais das pragas; Não realizar o cultivo de morango escalonado, ou seja, áreas novas ao lado de áreas velhas. Esse manejo evita que a praga possa infestar as áreas novas após o fim ou durante o ciclo de cultivo das áreas mais velhas; Se possível realizar o plantio sobre palhada; Evitar o plantio de plantas que possam ser hospedeiras das pragas do morangueiro próximo as áreas de cultivo. Realizar análise prévia da fertilidade do solo para que a adubação orgânica do solo ou foliar atenda as exigências da cultura, evitando com isso excesso ou deficiência de nutrientes essenciais à cultura. Esse processo de fertilização da cultura de forma antecipada propicia o desenvolvimento de plantas mais sadias o que impede que qualquer ataque de insetos-praga, cause danos. Para essa etapa podemos sugerir M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 16 alguns biofertilizantes que possam ser empregados, sem causar nenhum efeito colateral nas plantas, ao produto e ao produtor (ANEXO 2) . Fazer a utilização, nas mudas e no transplantio do fungo Trichoderma harzianum, que é um organismo antagonista, o qual inibe e bloqueia o desenvolvimento de fitopatógenos no solo, utilizando-se de alguns mecanismos como a antibiose, o parasitismo e a competição. Além disso, permite o bom desenvolvimento radicular da planta, liberando substâncias chamadas metabólitos, que atuam como fito-hormônios e indutores de resistência, além de auxiliar na decomposição de matéria orgânica e na liberação de nutrientes. Esse fungo já é produzido e comercializado no Brasil, havendo várias marcas. Como exemplo pode citar o Trichodermil® que é o mais tradicional no mercado (ANEXO 3A). 2. Durante o cultivo: Controlar plantas daninhas ao redor e entre os canteiros de morango, pois essas podem servir de abrigo para as pragas, principalmente os sugadores de seiva como pulgão, tripes etc; Evitar adubação nitrogenada em excesso, o que favorece o ataque de insetos que se alimentam da seiva das plantas, tais como os pulgões e principalmente os ácaros; Manejar de forma adequada a irrigação para o rápido estabelecimento da cultura, uma vez que a falta de água induz um estresse fisiológico na planta comprometendo seu desenvolvimento. Já o excesso de água, possibilita o surgimento de pragas e doenças de solo; Fazer vistorias constantes na cultura a fim de se verificar o aparecimento de pragas; Reconhecer e diferenciar pragas e inimigos naturais presentes nos cultivos (PRANCHAS 1 a 13; ANEXO 6) ; Fazer sistematicamente a limpeza nos canteiros eliminando frutos, folhas baixeiras e secas e outras estruturas vegetais atacadas ou infestadas por pragas e/ou caídas no solo. Fazer uma adubação orgânica a cada 30 dias para que, durante a produção, as plantas não apresentem deficiências nutricionais, o que comprometeria a produção bem como propiciaria o ataque de pragas (ANEXO 2); 17 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o Fazer aplicações de Trichoderma sp. aos 20, 40, 60, 90 e 120 dias após o transplantio (ANEXO 3A). Fazer a aplicação, de forma preventiva, de formulados naturais, principalmente os do grupo de caldas e emulsões, sendo de preferência a calda bordalesa, calda viçosa e calda sulfocálcica (ANEXO 4); Adotar táticas para atrair e fazer a preservação de inimigos naturais, dentro ou próximo às áreas de cultivo do morango, através do plantio de plantas atrativas, ou seja que produzem pólen em excesso, bem como pelo uso de alimentadores (ANEXO 5). Existem alguns predadores naturais que estão sempre presentes no ambiente de cultivo, como por exemplo, joaninhas, percevejo-predador (Orius sp.), tesourinhas, crisopídeos ou bicho lixeiro e aranhas (ANEXO 6). 3. Após o ciclo de cultivo: Destruir os restos culturais após o final do cicloda cultura, evitando a reprodução e manutenção dos insetos pragas nas áreas de cultivos; Adotar o vazio sanitário garantindo que as áreas ao entorno e a áreas de cultivo permaneçam ao mesmo tempo livres de cultivos de morango e de plantas hospedeiras das mesmas pragas do morangueiro; MÉTODOS DE MANEJOS DE ACORDO COM A PRAGA IDENTIFICADA: 1. Ácaros Devido ao tamanho reduzido em comparação com os insetos, a diagnose será baseada na presença ou ausência dos sinais de infestação. Verificar se existe a presença de teias (Ácaro-rajado; Ácaro-vermelho); deformação dos frutos e bronzeamento de caules, ramos (PRANCHA 1); Algumas das recomendações abaixo devem ser implementadas previamente; no entanto quando constatada a presença de ácaros pode-se optar pelas medidas de manejo. M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 18 Realizar a liberação de ácaros predadores da família Phytoseiidae (ANEXO 3B). Além disso, manejar o ambiente de forma que a população de ácaro predador se mantenha (ANEXO 6). Esse manejo inclui a conservação de plantas não hospedeiras dos ácaros pragas ao redor dos cultivos, por exemplo. Evitar o excesso de adubação nitrogenada, já que esse excesso favorece o ataque e desenvolvimento dos ácaros pragas; Aplicação de produtos biológicos a base do fungo Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, na proporção de 125 gramas de cada produto para cada 100 litros de água. Alguns cuidados devem ser tomados na aplicação do fungo, como por exemplo, realização da pulverização nas horas mais frescas do dia, isto é, com temperaturas mais amenas e aplicação em ambiente com a umidade relativa acima de 70%, o que favorece a germinação do fungo e aumenta a sua eficiência de controle (ANEXO 3A); O uso de óleo da casca de laranja a 1% tem dado bons resultados de manejo, porém recomenda-se fazer pelos menos três aplicações em intervalos de três dias e com um alto volume de calda (ANEXO 3B); Uso de extratos de nim ou de produtos comerciais à base de óleo de nim (ANEXO 3B); Para o manejo dos ácaros também se pode utilizar caldas, emulsões e extratos botânicos listados no anexo 4; No entanto recomendamos os seguintes formulados: calda de enxofre, permanganato do potássio, cal, sabão e suas misturas (receitas 3 e 4), extrato de fumo (receitas 5 e 6), manipueira e emulsionável Pratissoli; 2. Pulgões A coloração amarela atrai algumas espécies de pragas, dentre elas o pulgão. Placas adesivas de coloração amarela podem ser utilizadas nas bordaduras dos cultivos para capturar esses insetos (ANEXO 5); A aplicação de produtos biológicos a base do fungo Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae. Alguns cuidados devem ser tomados na aplicação do fungo, como por exemplo, realização da pulverização nas horas mais frescas do dia, isto é, com temperaturas mais amenas e aplicação em ambiente com a 19 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o umidade relativa acima de 70%, o que favorece a germinação do fungo e aumenta a sua eficiência de controle. Existem várias marcas comerciais no mercado e como exemplo, podemos citar o Boveril e Metarril, que são os mais tradicionais. Na proporção de 125 gramas de cada produto para cada 100 litros de água tem-se se obtido bons resultados (ANEXO 3A); O uso de óleo da casca de laranja a 1% tem dado bons resultados de manejo; porém recomenda-se fazer pelos menos três aplicação em intervalos de 3 dias e com um alto volume de calda (ANEXO 3B); Para o manejo dos pulgões também se pode utilizar caldas, emulsões e extratos botânicos listados no anexo 4. No entanto recomendamos os seguintes formulados: emulsão de querosene e sabão, de permanganato do potássio, cal, sabão e suas misturas (receitas 2, 3 e 4), emulsão de óleo, alho (receitas 1 e 2), fumo ( receitas 1, 2, 3, 4, 5, e 6), manipueira, nim, pimenta malagueta (receitas 1 e 2), calda de mamona e emulsionável Pratissoli; Uso de extratos de nim ou de produtos comerciais à base de óleo de nim (ANEXO 3B); 3. Lagarta-rosca A realização de um bom preparo do solo é fundamental para o manejo dessa praga, assim como a completa eliminação de plantas hospedeiras. Restos de cultura na área garantem à praga meios de sobrevivência e perpetuação, portanto devem ser eliminados; Uso de armadilha luminosa para a captura dos adultos dessa mariposa (ANEXO 5). Existem vários modelos, porém todos deverão estar equipados com lâmpadas do tipo Luz negra; Aplicações de produtos a base do fungo entomopatogênico e Metarhizium anisopliae. Quando o produto comercial for Metarril, recomendamos uma dosagem de 700 gramas por hectare sendo que o volume de calda deva ser de 300 litros (ANEXO 3A); Iscas a base de melaço de cana-de-açúcar e farelo de milho em garrafas pet com pequenas aberturas podem ser utilizadas na área visando à captura de adultos. (ANEXO 5); M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 20 Um grande potencial de manejo para essa praga é o uso de nematoides do gênero Steinernema. Esse agente de controle biológico tem a capacidade de penetrar no solo e atingir as lagartas que estão em repouso no solo, matando-as em poucos dias. Ainda não existe nenhum produto comercial registrado para nossas pragas. No entanto as espécies Steinernema carpocapse e Steinernema feltiae já são comercializados na Europa e os mesmos estão em processo de registro no Brasil (ANEXO 3A). 4. “Formiga lava-pés” Normalmente o controle dos pulgões nas áreas de cultivos é responsável pelo controle das formigas. Caso isso não seja suficiente, a destruição mecânica dos ninhos pode ser realizada. Recomenda-se também o uso de qualquer um dos formulados à base de fumo (receita 3), manipueira e emulsionável Pratissoli (ANEXO 4). 5. Broca-dos-frutos O controle cultural destaca-se como o principal método de controle para a Broca-dos- frutos do morango (Lobiopa insularis). As respectivas alternativas de manejo são: Eliminar plantas hospedeiras como: goiaba, maçã, pêssego, melão, tomate, manga, laranja etc. ao redor dos cultivos de morango ou eliminar frutos temporões e/ou atacados pela broca; Frutos infestados pela praga devem ser eliminados dos canteiros por meio de limpeza e coleta, evitando assim a reprodução da espécie dentre dos campos de produção de morango; Como a preferência dessa praga é por frutos de morango em estágio avançado de maturação, realizar a colheita com a maturação na faixa de 75-80% de coloração vermelha diminui significativamente o ataque dessa praga; Realizar ao menos três colheitas semanais e dar preferência aos frutos em estágio mais avançado de maturação; Na entressafra, inspecionar os possíveis hospedeiros alternativos (goiaba, maçã, pêssego, melão, tomate, manga, laranja), evitando que a população se desenvolva em outra cultura; 21 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o Uso de iscas atrativas: utilizando potes plásticos (margarina, manteiga etc.) com suco de morango triturado diluído em água (50-50%) como atrativo para o adulto; As tampas dos potes devem ser furadas com diâmetro de 0,5 cm; Distribuir dentro da lavoura as armadilhas; Trocar semanalmente o atrativo em épocas quentes ou quinzenalmente em épocas frias; Inspecionar as armadilhas uma ou duas vezes por semana e eliminar manualmente os adultos capturados; Aplicações de produtos a base do fungo entomopatogênico e Metarhizium anisopliae. Quando o produto comercial for Metarril, recomendamos uma dosagem de 700 gramas por hectare sendo que o volume de calda deva ser de 300 litros (ANEXO 3A); 6. Tripes: Altas temperaturas e ausência de chuvas favorecem o desenvolvimento dos tripes,portanto evitar o plantio nesse período é fundamental; Eliminação de plantas hospedeiras, como o picão preto, presentes próximas ao cultivo; Evitar plantios consecutivos na mesma área; Placa adesiva azul ou amarela também exerce um controle importante de tripes (ANEXO 5). Devem ser instaladas nos campos de cultivo, sempre nas bordaduras; . O uso de óleo da casca de laranja a 1% tem dado bons resultados de manejo; porém recomenda-se fazer pelos menos três aplicação em intervalos de três dias e com um alto volume de calda (ANEXO 3B); Para o manejo dessa praga recomendamos os seguintes formulados listados anexo 4: emulsão de óleo, alho (receitas 1 e 2), fumo (receitas 5, e 6), manipueira, nim; 7. Lagarta do morangueiro: Recentemente introduzida no país ainda não existe um programa de manejo implementado para essa praga, algumas informações com base em pesquisas em andamentos sugerem medidas eficientes para o seu controle: M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 22 Adquirir mudar sadias, livres da praga; Promover uma higienização das mudas: essas ao passarem pelo processo de toalete deverão ficar imersas em água sanitária a 2% por no mínimo 1 minuto; isto fará com que as lagartinhas que porventura estiverem nas mudas serão expulsas de seus esconderijos; Limpeza das plantas de morango, evitando o acúmulo de folhas velhas que mantém as lagartas protegidas, favorecendo o seu desenvolvimento; Eliminação dos restos culturais ao final do ciclo produtivo do morango, evitando que o inseto tenha alimento para continuar a desenvolver-se; Utilização de produtos comerciais biológicos à base de Bacillus thuringiensis (Bt) para controlar lagartas novas. Existe algumas marcar já registradas para uso comercial no Brasil (ANEXO 3B); Utilização de parasitóides de ovos, como espécies do gênero Trichogramma, para diminuir a sua população (ANEXO 3A).; Uso de armadilha luminosa para a captura dos adultos dessa mariposa (ANEXO 5). Existem vários modelos, porém todos deverão estar equipados com lâmpadas do tipo Luz negra. Além disso, essas armadilhas deverão estar disposta bem próximas aos canteiros e se esses forem com túneis os mesmos deverão ter parte a lona levantada durante o período da noite, ou essas armadilhas ficarem no interior dos túneis; Utilização de feromônio sexual para captura de machos adultos reduziria o acasalamento e diminuindo as gerações seguintes da praga seria a prática ideal; no entanto esse feromônio só tem registro para comercio e uso na Europa (ANEXO 3B). Como é um produto biológico e específico o governo brasileiro deveria liberar o uso em nossos cultivos; Apesar de não existir nenhum produto comercial registrado para nossas pragas, o uso das espécies Steinernema carpocapse e Steinernema feltiae pode ser uma opção importante para o manejo dessa praga (ANEXO 3A). 23 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o 8. Brocão: Por ser uma praga emergente para a cultura do morangueiro, não há nenhum método de manejo implementado, no entanto, com base em nossas pesquisas podemos fazer as seguintes recomendações: Uso de armadilha luminosa para a captura dos adultos dessa mariposa (ANEXO 5). Existem vários modelos, porém todos deverão estar equipados com lâmpadas do tipo Luz negra; Utilização de produtos comerciais biológicos à base de Bacillus thuringiensis (Bt) para controlar lagartas novas (ANEXO 3B); Utilização de parasitóides de ovos, do gênero Trichogramma, para diminuir a sua população (ANEXO 3A); Uso dos seguintes formulados listados no anexo 4: permanganato do potássio + cal, sabão e suas misturas (receitas 1 e 2), fumo ( receitas 3, 5 e 6), manipueira, nim, calda de mamona; 9. Formiga cortadeira: Uso dos formulados a base de pão caseiro e gergelim, listados no anexo 4; 10. Cupim subterrâneo: Uso dos seguintes formulados listados no anexo 4: sabão e suas misturas (receitas 1 e 2), fumo ( receitas 3, 5 e 6), manipueira, emulsionável Pratissoli. Todos esses formulados em grande volume, na forma de rega sobre os canteiros; REFERÊNCIA CONSULTADAS ANTUNES, O.T.; CALVETE, E.O.; ROCHA, H.C.; NIENOW, A.A; MARIANI, F.; WESP, C.L. 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M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 28 PRANCHA 3 A- Adulto do ácaro; B e C - Retorcimento dos bordos de folhas novas; D- Face inferior de folhas adultas com aspecto de áspero devido o ataque; E- Pedúnculo das folhas escurecidos devido ao ataque; F- Frutos com aspecto de áspero devido o ataque 29 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o PRANCHA 4 A- Fase adulta e formas jovens na folha de morango (fase sem asa - ápteros); B- Colônia de ácaro vermelho. M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 30 PRANCHA 5 A-B: Pulgões na folha de morango (fase sem asa - ápteros); C: Pulgões com asas (alados). 31 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o PRANCHA 6 A: Fase jovem da lagarta-rosca; B: Pupa; C-D: Adulto. M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 32 PRANCHA 7 A-C-D: Montículos de terra decorrente da infestação de formigas lava-pé; B: Formiga adulta. 33 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o PRANCHA 8A A-B: Adulto; C-D: Ovos; E-F: Lagartas. M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 34 PRANCHA 8B G-H: Danos provocados nos frutos pela lagarta; I-K: danos provocados nas plantas pelas lagartas. 35 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o PRANCHA 9A A-B: Adulto do tripes-das-flores; C-F: Danos progressivos as flores do morangueiro. M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 36 PRANCHA 9B G-H: bronzeamento nos frutos provocados pelo tripes-das-flores; I-L: Danos nos frutos de morango. 37 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o PRANCHA 10 A- Adulto do brocão; B- Folhas raspadas pelas lagartinhas; C- Perfurações provocadas por lagartas grandes; D- Lagartas broqueando a base da planta; E- Lagarta abrigando-se sob a lona; F- Dano no frutos provocado pelas lagartas grandes M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 38 PRANCHA 11 A e B- Adultos de formigas cortadeiras; C e D- Soldados de cupins. 39 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o ANEXO 1 PLANTAS ATRATIVAS E COMPANHEIRAS QUE PODEM SER EMPREGADAS NA CULTURA DO MORANGUEIRO M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 40 ANEXO 2 BIOFERTILIZANTES QUE PODEM SER EMPREGADOS NA CULTURA DO MORANGUEIRO AGROBIO - DESENVOLVIDO POR PESQUISADORES DA PESAGRO-RJ. Na Região Sudeste, um dos biofertilizantes mais utilizados em várias culturas é o Agrobio, produzido e pesquisado na Estação Experimental de Itaguaí (EEI) da PESAGRO RIO, em Seropédica, RJ. Este produto é usado como fertilizante foliar e também como meio de controle de algumas doenças em mudas de hortaliças folhosas, ornamentais e frutíferas em geral. O Agrobio (FERNANDES, 2000) é obtido da atividade de microrganismos em sistema aberto, em substrato composto pela mistura de água, esterco bovino fresco, melaço, leite e sais minerais. No cultivo protegido do tomateiro sob manejo orgânico conduzido na EEI-PESAGRO, observou- se que pragas e doenças foram mantidas sobre controle mediante o uso do Agrobio e de adubação orgânica, sendo a produção final equivalente às obtidas com o uso de insumos químicos (FERNANDES et al., 2000). Pulverizações com Agrobio em mudas de maracujazeiro amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa L.) proporcionaram maior altura, número de ramos e de frutos e deixaram a cultura livre de doenças (COLLARD , 2000). Para o preparo são necessários: Ingredientes: 200 litros de água; 100 litros de esterco fresco bovino; 20 litros de leite de vaca ou soro de leite; 3 kg de melaço. Modo de Preparo: Misturar bem e deixar fermentar por uma semana em uma bombona ou caixa d'água de plástico com tampa, com capacidade de 500 l (ver Figura 1). A esse caldo nutritivo, nas sete semanas subsequentes, são acrescentados, semanalmente, e em sequência, os seguintes ingredientes previamente dissolvidos em água. Ingredientes: 430 g de bórax ou ácido bórico; 570 g de cinza de lenha; 850 g de cloreto de cálcio; 43 g de sulfato ferroso; 60 g de farinha de osso; 60 g de farinha de carne; 143 g de termofosfato silício- magnesiano; 1,5 kg de melaço; 30 g de molibidato de sódio; 30 g de sulfato de cobalto; 43 g de http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/sistemasdeproducao/cafe/anexo07.htm#figura05 41 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o sulfato de cobre; 86 g de sulfato de manganês; 143 g de sulfato de magnésio; 57 g de sulfato de zinco; 29 g de torta de mamona; 30 gotas de solução de iodo a 1%. Nas quatro últimas semanas, são adicionados 500 ml de urina de vaca. A calda deve ser bem misturada duas vezes por dia. Após oito semanas o volume deve ser completado para 500 litros e coado. O Agrobio pronto apresenta cor bem escura e odor característico de produto fermentado, pH na faixa de 5 a 6. A análise química do biofertilizante forneceu os seguintes resultados: 34,69 g/l de matéria orgânica; 0,8% de carbono; 631 mg/l de N; 170 mg/l de P; 1,2 g/l de K; 1,59 g/l de Ca e 480 mg/l de Mg, além de traços dos micronutrientesessenciais às plantas. Testes microbiológicos não detectaram coliformes fecais, bactérias potencialmente patogênicas em produtos preparados conforme as recomendações. Figura 1: Produção do biofertilizante líquido Agrobio. a) caixa d'água com tampa; b) bancada de concreto; c) registro de duas polegadas; d) balde com tela para coagem; e) pá. (Foto: Arquivo Embrapa Agrobiologia). Usos mais frequentes e formas de aplicação: Tratamento de mudas: Aplicação foliar a 2%. Hortaliças folhosas: Aplicação foliar a 4% após o transplante e uma semana depois (ou 2 %, duas vezes/semana). M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 42 Hortaliças de fruto: Aplicação Foliar a 4%, semanalmente. Fruteiras: Foliar a 4%, em cinco pulverizações/ano, preferencialmente em períodos após as podas, colheitas e estresse hídrico. Observações: Nas pulverizações, molhar totalmente as folhas e ramos das plantas, chegando ao ponto de escorrimento, para um maior contato do produto com a planta. -Validade do produto: 12 meses após o seu preparo. BOKASHI AERÓBIO Para o preparo são necessários: Ingredientes: 250 Kg de terra virgem de barranco isento de sementes; 100 Kg de esterco de galinha (ou farelo de soja); 100 Kg de farelo de arroz; 75 Kg de farinha de osso; 1 litro de microrganismos (EM-4) diluídos em 20 a 30 litros de água; Modo de Preparo: Deixar fermentar durante 7 a 10 dias, revirando três vezes ao dia nos 3 a 4 primeiros dias. Usos mais frequentes e formas de aplicação: Adubo orgânico de excelente qualidade, muito utilizado na adubação de plantio das espécies mais exigentes, tais como morango, tomate, couve flor, brócolis, frutíferas, etc. Dosagens recomendadas: 300 g/cova (morango, tomate, etc.); 200 a 300 g/m² no preparo de canteiros de hortaliças; 150 a 200 g/m em sulcos; 500 g/cova em fruteiras. 43 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o BIOFERTILIZANTE VAIRO Para o preparo são necessários: Ingredientes: 3 Kg Sulfato de Zinco; 1 Kg Sulfato de Magnésio; 0,3 Kg Sulfato de Manganês; 0,3 Kg Sulfato de Cobre; 2 Kg Cloreto de Cálcio; 1 Kg Bórax (ou Ácido Bórico 1,0 Kg); 0,125 Kg Cofermal (Cobalto, Ferro e Molibidênio). Modo de Preparo: Este biofertilizante líquido é bastante conhecido e de simples produção. O mesmo é produzido a partir da fermentação metanogênica ou anaeróbica de esterco fresco bovino. O esterco de gado leiteiro possibilita um efluente de melhor qualidade, pois os animais recebem dieta mais balanceada, contendo grande variedade de microrganismos, o que acelera a fermentação. No preparo, o esterco fresco, complementado ou não com urina, deve ser misturado em volume igual de água não clorada, sendo a mistura colocada em biodigestor hermeticamente fechado. Podem ser empregados bombonas plásticas, tomando-se o cuidado de manter o nível da mistura no mínimo 10 cm abaixo da tampa, onde se adapta um sistema de válvula hidráulica de pressão ou uma mangueira plástica fina, cuja extremidade é mergulhada em recipiente com água, para permitir a saída do gás metano, produzido na fermentação, mantendo-se a condição de anaerobismo (fermentação sem oxigênio). O final do processo, que dura de 30 a 40 dias, coincide com a cessação do borbulhamento observado no recipiente d’água. Nessa ocasião, a solução deverá ter atingido pH próximo a 7,0. Para separação da parte ainda sólida do produto utiliza-se peneiramento e coagem. Usos mais frequentes e formas de aplicação: O biofertilizante Vairo, como passou a ser designado, é recomendado em dosagens mais elevadas (até 30% - 300 ml/l de água) e demonstra múltiplas finalidades, desde ação controladora sobre determinados microrganismos fitopatogênicos, até promoção de florescimento e de enraizamento em algumas plantas cultivadas, possivelmente pelos hormônios vegetais nela. M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 44 SUPERGORDO Para o preparo do supergordo são necessários: Ingredientes: 70 kg de esterco fresco; 110 litros de água; 1 litro de urina de vaca; 15 litros de soro de leite; 7 kg de cinza; 5 kg de samambaia do mato; 5 kg de urtigão; 15 litros de garapa de cana; 3 kg de caruru. Modo de Preparo: Misturar os 70kg de esterco e 1 litro de urina de vaca com os 110 litros de água e ir acrescentando os demais ingredientes dando um intervalo de 3 dias. O período de fermentação pode durar em torno de 40 a 60 dias. Usos mais frequentes e formas de aplicação: Trata-se de um produto de fertilização foliar. Um biofertilizante natural. A aplicação é feita via foliar tendo semelhança com o supermagro. As porcentagens para o uso também são semelhantes. Deve ser aplicado nas horas mais frescas do dia e com uma umidade ideal no solo. 45 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o ANEXO 3A PRODUTOS QUE PODEM SER EMPREGADOS NA CULTURA DO MORANGUEIRO M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 46 ANEXO 3B PRODUTOS QUE PODEM SER EMPREGADOS NA CULTURA DO MORANGUEIRO 47 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o ANEXO 4 CALDAS, EMULSÕES E EXTRATOS BOTÂNICOS CALDAS E EMULSÕES I. 1- CALDA SULFOCÁLCICA Resultado de uma reação corretamente balanceada entre o cálcio e o enxofre dissolvidos em água e submetidos à fervura, constituindo uma mistura de polissulfetos de cálcio. Foi preparada pela primeira vez no ano de 1852, por Grison. Além do seu efeito fungicida, exerce ação sobre ácaros, cochonilhas e outros insetos sugadores. Apresenta também ação repelente sobre “brocas” que atacam tecidos lenhosos. Ingredientes (Para preparar 20 litros de calda) • 5 kg de enxofre • 20 litros de água • 2,5 kg de cal virgem Modo de Preparo: Em tambor de ferro ou latão sobre forno ou fogão, adicionar vagarosamente a cal virgem a 10 litros de água, mexendo constantemente com uma pá de madeira. No início da fervura, misturar vigorosamente o enxofre previamente dissolvido em água quente e colocar o restante da água, também pré-aquecida. Ferver uma hora e quando a calda passar da cor vermelha para a pardo-avermelhada estará pronta. Após o resfriamento deverá ser coado em pano ou peneira fina para evitar entupimento dos pulverizadores, sendo que, a borra restante, poderá ser empregada para caiação de troncos de arbóreas. A calda pronta deve ser estocada em recipiente de plástico opaco ou vidro escuro e armazenada em local escuro e fresco, por um período relativamente curto, sendo ideal sua utilização até, no máximo, 60 dias após a preparação. Antes da aplicação sobre as plantas, através de pulverizações foliares, a calda concentrada deve ser diluída. Para controlar essa diluição determina-se a densidade através de um densímetro ou aerômetro de Baumé com graduação de 0 a 500 Be (graus de Baumé), sendo considerada boa a calda que apresentar densidade entre 28 a 320 Be. M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 48 Usos mais frequentes e formas de aplicação: Hortaliças – pulverizações foliares quinzenais, utilizando-se 0,5 litros para 20 litros de água. Observações: a Calda Sulfocálcica é fitotóxica para as cucurbitáceas (abóbora, pepino, melancia, melão etc), e também para outras espécies de plantas quando a temperatura for elevada. Não aplique sobre a florada, nem nos dias muito quente. Cuidado com os olhos, a calda é cáustica e arde na pele e nos olhos. O uso rotineiro da calda Sulfocálcica requer certos cuidados que são listados a seguir: 1 - a qualidade e a pureza dos componentesda calda determinam sua eficácia, sendo que a cal não deve ter menos que 95% de CaO; 2 - a calda é alcalina e altamente corrosiva. Danifica recipientes de metal, roupas e a pele. Após manuseá-la, é necessário lavar bem os recipientes e as mãos com uma solução a 10% (100 ml/l de água) de suco de limão ou de vinagre em água; 3 - a calda sulfocálcica pode ser fitotóxica para muitas plantas, principalmente quando a temperatura ambiente é elevada, sendo conveniente testá-la antes de emprego em maior escala e sempre preferir efetuar os tratamentos à tardinha; 4 - utilizar equipamento de proteção individual quando das realizações das pulverizações; 5 - não descartar os excedentes em nascentes, cursos d’água, açudes ou poços; 6 - Após aplicação de caldas a base de cobre (Bordalesa e Viçosa), respeitar o intervalo mínimo de 20 dias para tratamento com sulfocálcica. I. 2- CALDA BORDALESA É uma suspensão coloidal, de cor azul celeste, obtida pela mistura de uma solução de sulfato de cobre com uma suspensão de cal virgem ou hidratada. Acredita-se que foi usada pela primeira vez na Europa no ano de 1800 para controle de doenças de origens fúngicas. Ingredientes (Para preparar 100 litros de calda a 1%): • 1 kg de sulfato de cobre em pedra moída ou socada • 1 kg de cal virgem • 100 litros de água 49 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o Modo de preparo • O sulfato de cobre deve ser colocado em um saco de pano poroso, deixado imerso em 50 litros de água por 24 horas, para que ocorra total dissolução dos cristais. Em outro vasilhame procede-se a queima ou extinção da cal em pequeno volume d’água; à medida que a cal reagir, vai-se acrescentando mais água até que se completem os 50 litros. • Em um terceiro recipiente de cimento-amianto ou plástico, devem ser misturados vigorosamente os dois componentes ou acrescentar-se o leite de cal à solução de sulfato de cobre, aos poucos, agitando fortemente com uma peça de madeira. • Atenção: Antes de usar a calda bordalesa, é preciso fazer o seguinte teste: para saber se a calda está ácida ou não, mergulhe na mesma parte da lâmina de uma faca de aço, ou outro objeto que não seja inox, por 3 minutos. Se a parte da lâmina que estava mergulhada na calda não escurecer, a calda está pronta. Porém, se escurecer, a calda está ácida. Desta forma, é preciso misturar um pouco de cal virgem e repetir o teste. A reação ácida é indesejável, porque provoca fitotoxicidade decorrente do sulfato de cobre livre, formando-se rapidamente um precipitado que prejudica a aplicação. Assim a reação deve ser neutra ou, de preferência, levemente alcalina. É necessário coar antes das pulverizações. Nesta fase a calda já está pronta para uso, não havendo necessidade de diluição. Usos mais frequentes e formas de aplicação: • Hortaliças – tratamento preventivo, através de pulverizações foliares quinzenais. • Culturas perenes - realizar pulverizações foliares quinzenais após as manifestações dos sintomas das doenças. Para que serve a Calda Bordalesa? • a) Controlar doenças como requeima, pinta preta, antracnose, tombamento, ferrugem, rubelose, melanose, verrugose, cercosporiose, míldio, podridão de frutos, etc. • b) Controlar vaquinhas, angolinhas, cigarrinhas verdes, cochonilhas, tripes, etc. Atenção: A calda bordalesa deverá ser utilizada assim que estiver pronta. Na época de verão, em plantas novas, a calda bordalesa deve ser usada em concentrações menores, como: 100g de sulfato de cobre, 100g de cal virgem, para 20 litros de água. O uso rotineiro da calda bordalesa deve obedecer a certos requisitos, a seguir relacionados: 1 - O sulfato de cobre deve possuir, no mínimo, 98% de pureza e a cal não deve conter menos que 95% de CaO; 2 - a calda deve ser empregada logo após o seu preparo ou no máximo em três dias; quando estocada pronta, perde eficácia com rapidez; M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 50 3 - aplicar a calda somente com tempo claro e seco; 4 - os recipientes de plástico, madeira ou alvenaria são os mais indicados, porque não são atacados pelo cobre e pela cal; 5 - utilizar equipamento de proteção individual quando da realização das pulverizações; 6 - não descartar excedentes em nascentes, cursos d’água, açudes ou poços; 7 - obedecer a intervalos de 15 a 25 dias entre aplicações de calda sulfocálcica e de calda bordalesa. I. 3- EMULSÃO DE QUEROSENE E SABÃO Ingredientes: • 400 g de sabão comum • 1 litro de querosene • 1 litro de água Modo de preparo: Picar as 400g de sabão em 1 litro de água e colocar no fogo para derreter o sabão. Quando ferver, retirar do fogo e misturar 1 litro de querosene, sempre mexendo até que o querosene se misture totalmente com a água e o sabão, formando uma pasta cremosa de cor cinza clara. Mexer até esfriar. Usos mais frequentes e formas de aplicação: Recomenda-se no controle de cochonilhas e pulgões. Como aplicar: A emulsão deve ser pulverizada no máximo dentro de três dias, depois de preparada; Para controlar cochonilhas, misturar 1 litro da emulsão para cada 8 litros de água; Para controlar cochonilhas nos troncos das árvores, misturar 1 litro da emulsão para cada 5 litros de água; Para controlar pulgões, misturar 1 litro da emulsão para cada 15 litros de água; 51 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o Em plantas mais tenras, novas ou em época quente de muito sol, as pulverizações devem ser com concentrações mais fracas; A emulsão de querosene e sabão não deve ser pulverizada nas horas mais quentes do dia. I.4- ENXOFRE Ingredientes: • 1 litro de enxofre líquido Microsol • 100 litros de água Modo de preparo: • Dissolver 1 litro de Microsol em 100 litros de água. Usos mais frequentes e formas de aplicação: • Recomenda-se no controle de ácaros. Como aplicar • Aplicar três vezes a cada 30 dias, no período de Junho a Agosto. Observação: não é tóxico. I. 5- PERMANGANATO DE POTÁSSIO + CAL Ingredientes: 8 litros de água 15 gramas de permanganato de potássio 100 g de cal virgem Misturar em 8 litros de água 15 gramas de permanganato de potássio (previamente dissolvido em 1 litro de água morna). Adicionar primeiramente o permanganato de potássio em um pouco de água quente, para acelerar o processo, mais 100 g de cal virgem (previamente dissolvida em 1 litro de água). Usos mais frequentes e formas de aplicação: M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M o r a n g u e i r o | 52 Inseticida (pulgões, lagartas, besouros, ácaros, mosca branca) fungicida (botrytes, mildio e oídio). I.6- SABÃO E SUAS MISTURAS Receita 1 Ingredientes: 50 g de sabão de coco em pó 5 litros de água. Preparo: Coloque 50 g de sabão de coco em pó em 5 litros de água fervente. Aplicação: essa solução deve ser pulverizada frequentemente no verão e na primavera. Usos mais frequentes e formas de aplicação: Para o controle de cochonilhas e lagartas. Receita 2 Ingredientes: 1 colher (sopa) de sabão caseiro 5 litros de água. Preparo: utilize uma colher (sopa) de sabão caseiro raspado e misture em 5 litros de água agitando bem até dissolver o mesmo. Aplicação: essa calda deve ser aplicada sobre as plantas com o auxílio de pulverizador ou regador. Usos mais frequentes e formas de aplicação: Para o combate de pulgões, cochonilhas e lagartas. Receita 3 Ingredientes: 1 kg de sabão picado 3 litros de querosene 3 litros de água. Preparo: derreta o sabão picado numa panela com água. Quando estiver completamente derretido, desligue o fogo e acrescente o querosene mexendo bem a mistura. 53 | M a n e j o d e P r a g a s p a r a C u l t u r a d o M