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Projecto do mestrado Aparicio

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7
Projecto de Dissertação
Tema
A globalização e a questão social no pós - modernidade: a relação entre a exclusão sociala reincidência criminal- Moçambique
Proponente:
Aparício Francisco Nhacole
Índice	 pág
1. Introdução	5
1.1. Justificativa	5
1.2 Problematizaçao	6
1.3. Pergunta de Partida	7
1.4. Hipotese	7
1.5. Objectivos	7
1.6. Revisao da literatura	8
1.7. Metodologia	10
1.8. Bibliografia	12
1. Introdução 
O presente projecto de pesquisa pretende dar conta da interacção que se estabelece entre a produção de identidades individuas/grupos e o processo de exclusão social. Insere no quadro de análise relacional entre comunidade e individuo, “nos e eles, eu e ele”, dando conta da sociedade contemporânea anómica[footnoteRef:1] e individualista que fragmenta a solidariedade colectiva principalmente no prisma afectivo, sob a alçada do modelo capitalista[footnoteRef:2] e da globalização que vem “promovendo e promove” a diferenciação entre indivíduos, violência, miséria e falta de oportunidades. [1: No sentido restrito o termo anómica refere-se descrição de uma sociedade desintegrada de normas sociais. Neste tipo de sociedade os fenómenos não são regidos pela lei de causa e efeito, tudo acontece sem nenhum sentido.] [2: Esta colocação não pretende fazer o juízo de valores nas ideologias capitalismo verso socialismo, mas sim apontar o individual, particular como marcas do sistema, contra o comunal.] 
	De acordo com a Oranização Mundial de Saúde, mais de 30% das mortas que acontecem todos os diais estão relacionadas às causas da pobreza. A miséria e o esarçamento do tecido social tem ainda como consequências a violência, as drogas e a criminalidade que vivemos mas que permanecem silenciosas até que cruzem o nosso caminho.
Conforme vai-se industrializando/capitalizando a sociedade, mais indiferente e “fria” torna-se com as causas humanas. As virtudes que no passado eram estimuladas e consideradas como é o caso da afeição natural, simpatia[footnoteRef:3] e a compaixão, actualmente tornaram-se obsoletas e inoperantes, curiosamente neste período da globalização, que ensina que o mundo está tão próximo (aldeia global) e o outro não é estranho, mas o ilustre diferente. As pessoas “próximas tornam-se distantes e as distantes próximas”. [3: Talvez tenha razão Leandro Karanal ao afirmar numa conferencia, intitulado “desafios do professor de História” ao afirmar que no passado as pessoas davam conta dos problemas do outrem. Era sempre comum em acidentes ver pessoas aglumeradas em para apoiar as vitimas, mas actualmente as pessoas aproximam para gravar vídeos e selfes.] 
Comentando o polo da negatividade da globalização Braudillard (1997:28), a ponta o descompasso entre a mundialização e a universalidade. A mundialização irreversível, fruto das tecnoestruturais mundiais, da circulação integral, da informação, e a universalidade de valores no fundo são incompatíveis. O universal se dissolve na cultural particular e toda cultura particular digna perde-se no universal, isto é a cultura ao universalizar-se perde a sua singularidade e morre.
 Talvez seja verdade; o mundo está próximo porque em tempo recorde, o acontecimento que se da no pólo Norte numa velocidade de luz (pelo menos acredita-se que seja a velocidade mais rápida, embora hoje fale-se de velocidade de som como a mais rápida), a informação chega no pólo Sul, mas as pessoas que são a causa e o fim de todas conquistas tecnológicas estão separadas e distantes umas das outras em todas conexões, desde as simples (amigos , família…) às complexas (comunidade)
O objecto desta pesquisa é a exclusão social contra os ex-reclusos na vila municipal de Mandlakazi, que não só produz os fenómenos de desestruturação, dessocialização, desagregação, desafiliaçào e rejeição do espaço social pensável induzindo movimentos de implosão e explosão mas também põe à prova as democracias modernas em todas as áreas geopolíticas e sociais. 
A análise compreensiva das práticas e das lógicas sociais geradas por esta tensão sistemática faz-se, habitualmente, a partir do pólo da positividade e em termos de geoeconomias e tecnocráticos, deixando na penumbra ou mesmo no esquecimento os efeitos perversos das disfunções individuais e colectivas delas decorrentes, consubstanciadas nos processos e situações de exclusão social. Os designados “ excluídos” são efectivamente a sombra dos disfuncionamentos das sociedades. 
Embora a sociedade moçambicana[footnoteRef:4] teoricamente almeje o bem de todos pautado por valores humanos sólidos como a justiça, a igualdade, a equidade e a participação colectiva na vida pública e política de todos os membros da sociedade. Valores baseados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, fruto de um pacto consolidado em 1948 no âmbito da Organização das Nações Unidas[footnoteRef:5] e hoje assumida pelos países democráticos como uma referência de ética e de valores socialmente desejáveis, que não julgam o homem pelo seu aspecto cultural, étnico, linguístico ou até mesmo o seu passado “histórico - social”. [4: Pais africano está situado na costa oriental de África, numa posição estratégica dado quemfunciona como uma porta de entrada para diversos países. Possui fronteiras com a Tanzânia, o Malawi, a Zâmbia, o Zimbabwe, a Swazilândia e a África do Sul.] [5: Moçambique tornou-se membro das Nações Unidas a 16 de Setembro de 1975, no decurso da 30a sessão da Assembleia Geral.] 
Pouco faz com vista a materializar o pacote da Declaração Universal dos Direitos Humanos (acções concretas e eficientes), embora no prisma teórico o Governo em 2007 tenha aprovado uma nova Lei de Protecção Social, esboçando um sistema de segurança social concebido em três pilares. O primeiro sob a direcção do Ministério da Mulher e Acção Social (MMAS), o segundo sob a tutela do Ministério do Trabalho e o terceiro pilar constituído por uma variedade de partes interveniente dos sectores privados e voluntários. 
Essas instituições supracitadas não se fazem sentir na pratica, especialmente com a classe dos ex-reclusos (tanto no paradigma pratico como no teórico). Grande é o drama desta classe dos ex-reclusos em Moçambique. Mesmo após ter cumprido a pena que foi estabelecida pelo Estado, ficam marcados para sempre pelo estigma do seu passado. Com esse peso nas costas, fica difícil conseguir um emprego e a tão almejada inclusão social. O que torna esta classe mais vulnerável em relação as outras.
O projecto é um iniside a favor da inclusão social dos ex-reclusos na vila municipal de Mandlakazi – Moçambique”. Como disse um certo entendido “ alguém deve falar”.O projecto pretende debruçar sobre a questão da responsabilidade social comunitária e sua participação na ressocialização do ex-recluso com base na solidariedade social e tolerância, virtudes imprescindíveis que pouco a pouco estão desaparecendo na mentalidade humana. 
1.1. Justificativa
 O trabalho pretende dar conta da multiplicidade de aspectos que envolvem a vivência da reclusão e da reinserção social dos indivíduos que saem dos estabelecimentos prisionais. Enquadra-se numa aproximação sociológica da instabilidade como Dores (2010) intitula, trabalhando nos liames da prisão e da reinserção. 
A credita ser uma temática à qual é necessário dar visibilidade, em razão da crescente indiferença social relativamente ao caminho destes indivíduos, julgados e sentenciados perpetuamente pela “amarga lupa” de rejeição comunitária a todos níveis. Acredita ser oportuno saber, após o cumprimento da sua pena, o que são os ex - prisioneiros? O que fazem? Como vivem? Essas questões são relevantes tendo em conta o processo de rotulagem e estigmatização que dificulta o decorrer da sua vida, sendo exemplo disso a documentação necessária para fazer - se um contrato de trabalho que, em muitos casos, inclui o registo criminal, demonstra como ter um registo ‘limpo’ no papel ou até mesmo para alemdo papel (dimensão social), tem influência na aceitação e na rejeição quer no meio laboral quer no meio familiar. 
De acordo com Walmsley (2015), dados sobre a população prisional mundial indicam uma tendência de aumento do número de reclusos. Por exemplo, em 2000 haviam 8.664.300 e em 2015 cerca de 10.357.134, sendo um crescimento em torno de 20%. Moçambique não é uma excepção os dados mostram também um crescimento. No final de 1999 havia 8.812 reclusos e em 2015 cerca de 15.203. Portanto houve um aumento de 72,5%, e por incrível que parece parte significativa da população prisional moçambicana é constituída por jovens, na faixa dos 16-35 anos. E havendo indicações de um número crescente de reclusos, aumenta também o número dos que retornam à comunidade, conforme explicam (Visher e Travis 2003).
 Entende-se que construir espaço de reflexões e debates científicos que visa produzir novos saberes, susceptíveis de proporcionar diagnósticos de situação mais correctas e estratégias de intervenção mais perfumantes (especialmente na comunidade porque é onde o fenómeno incide) face a esta patologia é uma atitude digna de honra. E isso pressupõe uma inversão de tendência na observação e analise desta realidade transversal e longitudinal ao tecido social nas sociedades pós – modernas. Ou seja partir do pólo da negatividade da globalização e centrar a atenção nos processos e situações de desigualdade e de diferenciação, marginalização e rejeição que conduz à exclusão social e/ou simbólica. 
1.2 Problematização 
A reincidência prisional é o principal indicador da deficiência de qualquer sistema de atendimento jurídico - social, porque através dela é possível perceber que as pessoas entram nas instituições por apresentarem certas carências, que vão desde a falta de moradia digna, da deficiência na escolaridade, ausência de qualificação profissional ou de carácter e personalidade, e que, independentes do tempo que tenham passado sob os cuidados das instituições, ao saírem apresentam as mesmas deficiências que originaram sua entrada no sistema. 
 Os preconceitos, rejeição e repatriamento social são os deméritos que os prisioneiros no dia-a-dia enfrentam. Esta classe é sem dúvida um “arbusto” que o acaso fez nascer no meio do caminho e que os passantes logo fazem morrer, nele batendo de todos os lados e dobrando-o em todos os sentidos. Sendo “prático” e cómodo sentenciar, punir, separar, isolar aquilo que é considerado o lixo da sociedade, o que está sem “utilidade”, o que ameaça a ordem social, aquilo que ofende a moral e os bons costumes, caindo no engano de acreditar nas medidas paliativas que a prisão resolve o problema da violência e difícil garantir condições humanas que possibilitem a recuperação, através de um espaço capaz de oferecer condições de reflexão, acesso a políticas públicas que os tornem cidadãos. Perante esta situação, questiona-se? 
1.3. Pergunta de Partida
Qual é a situa?
1.4. Hipótese
Aventa-se a hipótese segundo a qual o processo da inserção social dos ex-reclusos na comunidade municipal de Manndlakazi é reflectida directamente no modo de vida dos mesmo, desde os preconceitos, isolamento, condições insalubres sobrevivendo em espaços inapropriados para dormir, alimentação inadequada e principalmente a vulnerabilidade quase sistemática no cometimento de outros delitos no curto intervalo de tempo, tornando certa a reincidencia criminal dos mesmos um fenomeno certo.. 
1.5. Objectivos
Geral 
· Compreender o processo da inserção social dos ex-reclusos na comunidade municipal de Mandlakazi
Específicos
· Fazer a fundamentação teórica sobre o aspecto em estudo, 
· Descrever a situação prisional na vila municipal de Mandlakazi 
· Captar o significado atribuído pela comunidade à ex - prisioneiros 
· Analisar o processo inserção social ex-reclusos na vila municipal de Mandlakazi
1.6. Revisão da literatura 
Esta temática social, já foi pesquisada em outros ângulos, destacando:
 Young (2002), que aborda a temática “exclusão social em três concepções (i), aquela que culpa os indivíduos por sua falta de motivação e sua auto - exclusão da sociedade como um todo, embora a responsabilidade última seja colocada no welfare state , que é visto como impulsionando um estado de “dependência”, segundo o qual, mesmo se trabalho está disponível no mercado, a subclasse não quer empregarem – se , (ii) aquela que vê o problema como um tipo de falha do sistema de providência de empregos, que leva a uma situação de “isolamento social” em que as pessoas perdem a capacidade para encontrar trabalho, em conjunto com um isolamento espacial das oportunidades de trabalho. Aqui a exclusão directa, por exemplo, por causa do racismo é explicitamente enumerada como uma razão primária para a exclusão social, (iii) por fim, há aquela que pontua a rejeição activa da subclasse pela sociedade, por meio da diminuição da indústria, da estigmatização dos desempregados, e da estereotipação de uma subclasse como criminogênica e drogada, cujas imagens são frequentemente racializadas e cheias de preconceito. Esta ultima abordagem merece muito destaque por constitui o foco da pesquisa.
Hoch e Rocca (2007), abordam a problemática no âmbito da resiliência, entendido na psicologicamente como o ato de recuperar-se, ir para frente, é vencer provas e crises da vida, resistindo primeiro para depois superá-los, para que assim possa seguir vivendo da melhor forma possível, sendo uma pessoa melhor. É a capacidade para desenvolver-se bem, para continuar projectando-se no futuro apesar dos acontecimentos desestabilizadores, de condição difíceis e de traumas às vezes graves. É a capacidade humana universal de lidar e de superá-la, aprender ou mesmo ser transformado com a adversidade inevitável da vida. Essa capacidade de protecção permite a “uma pessoa, um grupo ou uma comunidade impedir, diminuir ou superar os efeitos nocivos da adversidade”.
Neste pensamento de Hoch e Rocca faz-se uma reflexão acerca do processo de recuperação de presos bem como a a sua aceitação por da resiliência. Não se pode esperar uma sociedade solidária e fraternal sem entender-se o poder da resiliência. A comunidade “deve” investir todos os esforços no sentido de ajudar essa classe social compreendendo que, não se trata apenas de tentar recuperar “homicidas”, “traficantes”, “assaltantes”, etc., para transformá-los em “homens bonzinhos”, mas de se pensar num processo de revisão da pessoa e transformação humana, devendo esse indivíduo ser observado e trabalhado em todo seu contexto social e em sua totalidade enquanto ser social, resignando a sua existência e superando os efeitos das adversidades as quais foram submetidos.
Segundo Patrocínio (2010), entende que exclusão social nos ex - prisioneiros, é o reflexo da fraca resiliência da comunidade em conviver em situações traumáticas, a passagem por uma situação de vulnerabilidade social. É um processo incapacitante pelo qual determinada condição (aguda ou crónica) afecta a funcionalidade das pessoas adultas e muito mais das pessoas idosas. Assim a resiliência comunitária se torna relevante para mobilizar a adaptação das pessoas, a potencializar a força interna que cada um possui e que minimiza os eventos stressantes seus efeitos negativos.
Gonçalves (2000), faz uma conexão Outras teorias procurara explicar as condutas criminais, baseando – se na teoria do “Desvio Cultural” originária da Escola de Chicago. O autor faz uma conexão do crime baseado nas mudanças sociais ocorridas à época por força da industrialização, desorganização social e, também familiar que deteriorou significativamente os laços de coesão existentes no seio das comunidades urbanas.
 Exemplifica tal situação com o “enfraquecimento das redes de controlo da família convencional e da comunidade, permitindo a emergência de uma tradição delinquente que, por sua vez, lançava as sementes para a eclosão dos bandidos delinquentes” Para estes, em determinados contextos as instituições tradicionais tornam-se incapazes de manter a solidariedade social de promover a defesa,transmissão de valores convencionais e, na ausência destes, acaba por irromper uma tradição delinquente que vai dar origem e perpetuar uma subcultura desviante particularmente activa no seio de bandos (gangs) marginais. Este apontamento é bastante interessante, se tomar-se em conta a actual conjuntura do crime. Os chamados crimes organizados, maioritariamente composto por grupos de pessoas, que actua um pouco por todo país, incluindo a vila de Mandlakazi.
A teoria da Anomia de Almeida (1995), também tem uma fonte explicativa sobre a problemática da exclusão social verso criminalidade. O autor acredita que “é a sociedade que pela sua estrutura encoraja o indivíduo a praticar os actos passíveis de sanção”, isto é, o ser humano é socializado em torno de padrões culturais que enfatizam a ambição e o sucesso e, dessa forma, a competição e a vitória. Em contrapartida, os meios institucionais e legítimos postos ao alcance do indivíduo para cumprir essas aspirações de obter um bom emprego, por exemplo não estão ao alcance, em termos de igualdades/oportunidades, de todas as classes sociais. 
Assim, “o indivíduo encontra-se perante uma contradição: ter uma legítima aspiração de ser bem-sucedido na vida e a impossibilidade de realizar esse desejo por meio das regras convencionais aprendidas. Daí a pessoa ‘ser forçada’ a delinquir, para resolver esta ‘dissonância cognitiva’”. Acredita-se que os jovens oriundos de classes sociais mais desfavorecidas não podem ‘competir de igual forma com os oriundos das classes mais altas levando os primeiros aos comportamentos desviantes de forma a se igualarem com os segundos. Esta teoria carece da explicação para os crimes cometidos por indivíduos originários das tais classes mais altas, pois na sua lógica estes teriam disponíveis os meios para atingir os seus objectivos e dessa forma, não precisariam de recorrer à delinquência.
1.7. Metodologia 
Para a realização deste estudo será feita uma pesquisa de cariz qualitativa – fenomenológica para conhecer a face da exclusão social comunitária contra ex – prisioneiros na vila municipal de Mandlakazi. Estudos desta natureza requerem este tipo de abordagem visto ser de natureza social, porque de acordo com Apolinário apud Wetimane (2012:87), trata-se de uma modalidade segundo a qual os dados são colectados através de interacções sociais e sujeitos a uma análise subjectiva pelo pesquisador, em que os sujeitos constroem e reconstroem suas histórias e trajectórias, por meio de seus relatos e discursos. Preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais trabalhando com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes. 
Este método caracteriza-se por objectivação do fenómeno; hierarquização das acções com muita precisão das relações entre o global e o local em determinado fenómeno. Pauta muito pela observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural; respeito ao carácter interactivo entre os objectivos buscados pelas orientações teóricas e seus dados empíricos; busca resultados os mais fidedignos possíveis; nesta ordem de ideia, na presente pesquisa vai se estudar as relações sociais entre a comunidade da vila municipal com os ex – prisioneiros, seus resultados (faces da exclusão). 
A operacionalização do método de pesquisa ocorreu em três fases: o trabalho teórico que baseou-se na selecção bibliográfica de obras físicas e electrónicas, analisadas com vista a estabelecer maior entrosamento do tema em estudo e perceber o estágio actual da abordagem do tema. Trabalho de campo que consistiu no levantamento de dados através de entrevistas semi - estruturadas estabelecidas por em um guião que será previamente elaborado, com recurso à língua portuguesa e changana. As entrevistas incidem sobre os ex - prisioneiros as redes societais (família, comunidade e estrutura local).
 No total serão entrevistadas vinte (20), pessoas com o recurso ao critério aleatório, dos quais catorze homens (14), e seis mulheres (6). Do grupo dos homens vai se entrevistar-se dez (10) ex - prisioneiros onde o objectivo da entrevista será averiguar a dinâmica relacional com a comunidade, seus desafios e perspectivas sobre o pano de ser alvo de exclusão social. Quatro (4) pais de ex – prisioneiros sendo (dois homens e duas mulheres), objectivo será de colher o senso paternal, desafios e imagem que projectam pelo facto de serem membros cruciais para a vida dos seus filhos. Liderança municipal em numero de dois (2), com o fito de averiguar quais são as estratégias que estão sendo adoptadas com vista a fazer face as necessidades urgentes desta classe. Será também entrevistado um (1) líder comunitário para dele perceber qual é a dinâmica relacional entre comunidade com os ex – prisioneiros. Seis (6) pessoas vitimam pelo público-alvo da pesquisa. Com este grupo pretende-se apurar o grau de satisfação/ insatisfação por estarem a compartilhar o mesmo espaço social, colher argumentos que justifica a exclusão social comunitária contra os ex – prisioneiros. 
A promessa da ciência e a frustração gerada
No século XIX e principalmente no XX a ciência teve um desenvolvimento explosivo.
Paralelamente a isto, o ateísmo floresceu como nunca. A ciência tanto progredia quanto prometia muito.
Alicerçado na ciência, o homem se tornou ousado em seu sonho de progresso e modernidade. Milhões
deles, inclusive muitos intelectuais, baniram Deus de suas vidas, de suas histórias. A ciência se tornou o
deus do homem. Ela prometia conduzi-lo a dar um salto nos amplos aspectos da prosperidade biológica,
psicológica e social. A solidariedade cresceria, a cidadania floresceria, o humanismo embriagaria as
relações sociais, a riqueza material se expandiria e atingiria todo ser humano, a miséria social seria
extinguida e a qualidade de vida atingiria um patamar brilhante. As guerras, as discriminações e as
demais violações dos direitos humanos seriam lembradas como manchas das gerações passadas. Belo
sonho.
A ciência fazia uma grande e espetacular promessa, que não era dita por palavras, mas, ainda assim,
era forte e arrebatadora. Era uma promessa sentida a cada momento que se dava um salto espetacular na
engenharia civil, na mecânica, na eletrônica, na medicina, na genética, na química, na física etc. A
expansão do conhecimento se tornava incontrolável. Cada ciência se multiplicava em outras novas. Cada
viela do conhecimento se expandia e se tornava um bairro inteiro de informações. Encontrava-se um
microcosmo dentro das células. Descobria-se um mundo dentro dos átomos. Compreendia-se um mundo
com bilhões de galáxias que pulsavam no espaço. Produzia-se um universo de possibilidades nas
memórias dos computadores.
A ciência desenvolveu-se intensamente, todavia frustrou o homem. De um lado, fez e continua
fazendo muito. Causou uma revolução tecnológica no mundo extrapsíquico e mesmo no seu próprio
organismo, por intermédio dos exames laboratoriais, das técnicas de medicina. Revolucionou o mundo
extrapsíquico, o mundo de fora do homem, mas não o mundo intrapsíquico, o mundo de dentro do
homem, o cerne da sua mente. Conduziu o homem a conhecer o imenso espaço e o pequeno átomo, mas
não o conduziu a explorar seu próprio mundo interior. Produziu veículos automotores, mas não veículos
psíquicos capazes de conduzir o homem a caminhar nas trajetórias do seu próprio ser. Fabricou
máquinas para arar a terra e produzir mantimentos para saciar a fome física, mas não gerou princípios
psicológicos e sociológicos para “arar” sua rigidez intelectual, seu individualismo e nutri-lo com a
cidadania, a tolerância, a preocupação com o outro. Produziu informações e multiplicou as
universidades, mas não resolveu a crise de formação de pensadores...
A ciência não causou a tão sonhada revolução do humanismo, da solidariedade, da preservação dos
direitos humanos. Não cumpriu as promessas mais básicas de expandir a qualidade de vida psicossocial
do homem moderno.
O homem do final doséculo XX se sentiu traído pela ciência e o do terceiro milênio se sente hoje
frustrado, perdido, confuso, sem âncora intelectual para se segurar.
1.8 Cronograma de actividades 
	Actividades
	Mês 
	
	2020
	2021
	
	J/F/M
	A/M/J
	J/A
	S/O
	N/D
	J/F/M
	A/M
	J/J
	A/S
	O/N
	D
	Levantamento de literatura
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Montagem do Projeto
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Coleta de dados
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Tratamento dos dados
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Elaboração do Relatório Final
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Revisão do texto
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Entrega do trabalho
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
1.8. Bibliografia 
ALMEIDA, João Ferreira. “A Investigação em Ciências Sociais”. Lisboa: Presença. 1995.
CRUSEMANN, Frank. “Preservação da liberdade: o decálogo em perspectiva histórico-social”. 2. ed. São Leopoldo: Sinodal/CEBI, 2006, p. 19.
GONÇALVES, Rui Abrunhosa. “A adaptação à prisão – um processo vivido e observado”. Lisboa: Direção Geral dos Serviços Prisionais. ISBN. 1993.
HOCH, Lothar, ROCCA, Susana. “Sofrimento, resiliência e fé: implicações para as relações de cuidado”. São Leopoldo: Sinodal/EST, 2007.
INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIAIS E ECONÓMICOS, “Protecção social: abordagens, desafios e experiências para Moçambique” in comunicações apresentadas na II conferência. Maputo. IESE. 2009
MELILLO, A; OJEDA, E.N.S. “Resiliência, descobrindo as próprias fortalezas”. Artmed: Porto Alegre, 2005.
MIRABETE, Júlio Fabrine, “Execução Penal”, 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2000.
SIQUEIRA. Jailson R. “O Trabalho e a assistência social na reintegração do preso à sociedade’’. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, nº 67, Ed. especial XXVI, p.53-75, 2001.
Visher, C. A., & Travis, J. “Life on the outside: Returning home after incarceration”. The Prison Journal. (2011 
 WALMSLEY, R. “World prison population list. London: Institute for Criminal PolicyResearch”.2015..Retiradohttp://www.prisonstudies.org/sites/default/files/resources/downloads/world_prison_population_list_11th_edition.pdf
BRAUDRILLARD, J. Le paroxyst indifferent. Paris. Editora Pus. Ed. 1997

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