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Criminologia 
Dr. Thiago M. Peres 
Curso de Pós-Graduação 
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Site: www.professorthiagoperes.com.br 
Twitter: @profthiagoperes 
Facebook: www.facebook.com/professorthiagoperes 
Youtube: www.youtube.com/user/ferasdosconcursos 
 
1.CONCEITO 
Para Antonio García-Pablos de Molina, a Criminologia é a ciência empírica e 
interdisciplinar que tem por objeto o crime, o delinquente, a vítima e o controle social do 
comportamento delitivo e que aporta uma informação válida, contrastada e confiável, sobre a 
gênese, dinâmica e variáveis do crime (Tratado de Criminologia, 1999, p. 43). 
Assim, desde já se pode observar que a criminologia é uma ciência interdisciplinar, 
envolvendo campos da sociologia, da psicologia, do direito, da medicina legal etc. 
Os eminentes criminólogos Newton e Valter Fernandes afirmam: “em reunião 
internacional da Unesco, em Londres, logrou-se desmembrar a Criminologia em dois ramos: a 
Criminologia Geral e a Criminologia Clínica”. 
A criminologia geral consiste na sistematização, comparação e classificação dos 
resultados obtidos no âmbito das ciências criminais acerca do crime, criminoso, vítima, controle 
social e criminalidade. A criminologia clínica consiste na aplicação dos conhecimentos teóricos 
daquela para o tratamento dos criminosos. 
 
2.CARACTERÍSTICAS 
Para Antonio García-Pablos de Molina e Luiz Flávio Gomes (2008, p. 32) as 
características da moderna criminologia são: 
a. O crime deve ser analisado como um problema com sua face humana e dolorosa. 
b. Aumenta o espectro de ação da criminologia, para alcançar também a vítima e as 
instâncias de controle social. 
c. Acentua a necessidade de prevenção, em contraposição à ideia de repressão dos 
modelos tradicionais. 
d. Substitui o conceito de “tratamento” (conotação clínica e individual) por 
“intervenção” (noção mais dinâmica, complexa, pluridimensional e próxima da realidade social). 
e. Empresta destaque aos modelos de reação social ao delito como um dos objetos da 
criminologia. 
f. Não afasta a análise etiológica do delito (desvio primário). 
 
 
 
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3.OBJETO 
Houve tempo em que ela apenas se ocupava do estudo do crime (Beccaria), passando 
pela verificação do delinquente (Escola Positiva). 
Após a década de 1950, alcançou projeção o estudo das vítimas e também os 
mecanismos de controle social, havendo uma ampliação de seu objeto, que assumiu, portanto, 
uma feição pluridimensional e interacionista. 
Atualmente o objeto da criminologia está dividido em quatro vertentes: delito, 
delinquente, vítima e controle social. 
Nestor Sampaio descreve tais vertentes da seguinte maneira: 
 Delito: Muitos são os conceitos de delito ou de crime. Para a criminologia, o crime é 
um fenômeno social, comunitário e que se mostra como um “problema” maior, a exigir do 
pesquisador uma empatia para se aproximar dele e o entender em suas múltiplas facetas. 
 Delinquente: para a Escola Clássica, o criminoso era um ser que pecou, que optou 
pelo mal, embora pudesse e devesse escolher o bem. O apogeu do valor do estudo do criminoso 
ocorreu durante o período do positivismo penal, com destaque para a antropologia criminal, a 
sociologia criminal, a biologia criminal etc. 
A Escola Positiva entendia que o criminoso era um ser atávico, preso a sua deformação 
patológica (às vezes nascia criminoso). 
Outra dimensão do delinquente foi confeccionada pela Escola Correcionalista (de 
grande influência na América espanhola), para a qual o criminoso era um ser inferior e incapaz 
de se governar por si próprio, merecendo do Estado uma atitude pedagógica e de piedade. 
Registre-se, por oportuno, a visão do marxismo, que entendia o criminoso como vítima 
inocente das estruturas econômicas. O estudo atual da criminologia não confere mais a extrema 
importância dada ao delinquente pela criminologia tradicional, deixando-o em plano secundário 
de interesse. 
Salienta Sérgio Salomão Shecaira (2008, p. 54) que “o criminoso é um ser histórico, 
real, complexo e enigmático, um ser absolutamente normal, pode estar sujeito às influências do 
meio (não aos determinismos)”. 
 E arremata: “as diferentes perspectivas não se excluem; antes, completam-se e 
permitem um grande mosaico sobre o qual se assenta o direito penal atual”. 
 Vítima: nos dois últimos séculos, o direito penal praticamente desprezou a vítima, 
relegando-a a uma insignificante participação na existência do delito. Verifica-se a ocorrência de 
três grandes instantes da vítima nos estudos penais: 
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a) A “idade do ouro”: compreende desde os primórdios da civilização até o fim da Alta 
Idade Média (autotutela, lei de Talião etc.); 
b) A neutralização do poder da vítima: surgiu com o processo inquisitivo e pela 
assunção pelo Poder Público do monopólio da jurisdição; 
c) A revalorização de sua importância: ganhou destaque no processo penal, após o 
pensamento da Escola Clássica, porém só recentemente houve um direcionamento efetivo de 
estudos nesse sentido, com o 1º Seminário Internacional de Vitimologia (Israel, 1973). 
Tem-se como fundamental o estudo do papel da vítima na estrutura do delito, 
principalmente em face dos problemas de ordem moral, psicológica, jurídica, etc., justamente 
naqueles casos em que o crime é levado a efeito por meio de violência ou grave ameaça. 
Ressalte-se que a vitimologia permite estudar inclusive a criminalidade real, efetiva, 
verdadeira, por intermédio da coleta de informes fornecidos pelas vítimas e não informados às 
instâncias de controle (cifra negra de criminalidade). De outra sorte, fala-se ainda em 
vitimização: 
 Primária: é aquela que se relaciona ao indivíduo atingido diretamente pela conduta 
criminosa. 
 Secundária: é uma consequência das relações entre as vítimas primárias e o Estado, 
em face da burocratização de seu aparelho repressivo (Polícia, Ministério Público etc.). 
 Terciária: é aquela decorrente de um excesso de sofrimento, que extrapola os limites 
da lei do país, quando a vítima é abandonada, em certos delitos, pelo Estado e estigmatizada 
pela comunidade, incentivando a cifra negra (crimes que não são levados ao conhecimento das 
autoridades). 
 O controle social: é também um dos caracteres do objeto criminológico, 
constituindo-se em um conjunto de mecanismos e sanções sociais que buscam submeter os 
indivíduos às normas de convivência social. 
Há dois sistemas de controle que coexistem na sociedade: 
a. Controle social informal ou agente informal (família, escola, religião, profissão, 
clubes de serviço etc.), com nítida visão preventiva e educacional; 
b. Controle social formal ou agente formal (Polícia, Ministério Público, Forças Armadas, 
Justiça, Administração Penitenciária etc.), mais rigoroso que aquele e de conotação político-
criminal. 
 
 
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4.EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CRIMINOLOGIA 
Não encontramos consenso sobre surgimento da criminologia em padrõescientíficos. 
Para considerável parte da doutrina, o fundador da criminologia moderna foi Cesare 
Lombroso, com a publicação, em 1876, de seu livro “O homem delinquente”. 
Para outros, foi o antropólogo francês Paul Topinard quem, em 1879, teria empregado 
pela primeira vez a palavra “criminologia”. 
Há autores que apontam que foi Rafael Garófalo quem, em 1885, usou o termo como 
nome de um livro científico. 
Ainda existem importantes opiniões segundo as quais a Escola Clássica, com Francesco 
Carrara (Programa de direito criminal, 1859), traçou os primeiros aspectos do pensamento 
criminológico. Lembre-se, por oportuno, que o pensamento da Escola Clássica somente 
despontou na segunda metade do século XIX e que sofreu uma forte influência das ideias liberais 
e humanistas de Cesare Bonesana, o Marquês de Beccaria, com a edição de sua obra genial, 
intitulada Dos delitos e das penas, em 1764. 
 
5.PERÍODOS RELACIONADOS À PENA 
 Período da Vingança (Monarquia Absoluta – séculos XV e XVI) 
a. Vingança privada: regido pela Lei de talião, materializada no Código de Hammurabi, 
onde cabia a vítima agir na proporção da ofensa sofrida (“justiça com as próprias mãos”). Havia 
ainda o instituto da composição, pelo qual o ofensor comprava sua liberdade. 
b. Vingança divina: grande influência da religião na vida dos criminosos, eis que a 
sanção penal ficava a cargo dos sacerdotes, os quais alegam que “a repressão ao crime é a 
satisfação dos deuses”. Ex. ordálias ou juízo de Deus, onde aplicava-se o sofrimento físico como 
intimidação ou ainda como prova da culpa ou inocência do acusado. 
c. Vingança pública: a sanção passa a ser aplicada pelo Estado, o qual age em nome 
dos interesses da coletividade. Era o rei, príncipe ou imperador quem aplicava as penalidades, 
exercendo sua autoridade “em nome de Deus”. A pena de morte era injusta e comumente 
aplicada. 
 
 
 
 
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 Período Humanitário (Estado Liberal – séculos XVI e XVII) 
Pode-se dizer que houve uma transformação do Direito Penal. As ideias iluministas, 
baseadas no pensamento racional dedicado a explicar logicamente questões sociais, 
provocaram, na ocasião, movimentos de massa e a Revolução industrial na Europa e, 
posteriormente, a Revolução Francesa de 1789. 
As leis penais que precederam o Iluminismo previam o encarceramento daqueles que 
eram considerados criminosos, por tempo indeterminado, davam poderes ilimitados aos juízes 
que eram considerados arbitrários e unilaterais. 
Previam, ainda, a tortura como meio de obtenção da confissão daquele que era 
considerado criminoso. Surge, nesse período, a Escola Clássica do Direito Penal, na Etapa Pré- 
Científica da Criminologia. 
 
 Período Científico (Naturalismo – séculos XVIII e XIX) 
Nesse período, diante do surgimento da corrente jusnaturalista do direito e do 
positivismo, aponta-se o criminoso como um indivíduo que se assemelha a um doente e como 
tal deve ser encarado. 
O método adotado baseia-se numa investigação experimental indutiva. Surge, então, 
a Escola Positiva do Direito Penal, na Etapa Científica da Criminologia. 
 
6.ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS 
1. Escola Clássica 
Para essa escola, a responsabilidade criminal do delinquente leva em conta sua 
responsabilidade moral e se sustenta pelo livre-arbítrio, este inerente ao ser humano. 
Os princípios fundamentais da Escola Clássica são: 
a) O crime é um ente jurídico; não é uma ação, mas sim uma infração (Carrara); 
b) A punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio; 
c) A pena deve ter nítido caráter de retribuição pela culpa moral do delinquente 
(maldade), de modo a prevenir o delito com certeza, rapidez e severidade e a restaurar a ordem 
externa social; 
d) Método e raciocínio lógico-dedutivo. 
 
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2. Escola Positiva (ou Positivista) 
Nas palavras do professor Nestor Sampaio, a Escola positivista surge com o iluminismo 
do século XVIII. 
Neste período, os positivistas se dirigiram ao estudo do crime valendo-se de métodos 
científicos, e o primeiro grande expoente foi Augusto Comte. 
Pode-se afirmar que a Escola Positiva teve três fases: antropológica (Lombroso), 
sociológica (Ferri) e jurídica (Garófalo). 
O ponto de partida da teoria de Lombroso proveio de pesquisas craniométricas de 
criminosos, abrangendo fatores anatômicos, fisiológicos e mentais. Lombroso propôs a 
utilização de método empírico-indutivo ou indutivoexperimental, que se ajustava ao causalismo 
explicativo defendido pelo positivismo. 
Neste ponto, afirmou que o crime não é uma entidade jurídica, mas sim um fenômeno 
biológico, razão pela qual o método indutivo-experimental deveria ser o empregado. Enrico Ferri 
(1856-1929), por sua vez, criador da chamada “sociologia criminal” defendia que a criminalidade 
derivava de fenômenos antropológicos, físicos e culturais. Ele negou o livre-arbítrio como base 
da imputabilidade, entendendo que a responsabilidade moral deveria ser substituída pela 
responsabilidade social e que a razão de punir é a defesa social (a prevenção geral é mais eficaz 
que a repressão). Classificou os criminosos em natos, loucos, habituais, de ocasião e por paixão. 
Rafael Garófalo (1851-1934) era jurista e afirmou que o crime estava no homem e que se 
revelava como degeneração deste; criou o conceito de temibilidade ou periculosidade, que seria 
o propulsor do delinquente e a porção de maldade que deve se temer em face deste. Fixou, por 
derradeiro, a necessidade de conceber outra forma de intervenção penal – a medida de 
segurança. 
 Seu grande trabalho foi conceber a noção de delito natural (violação dos sentimentos 
altruísticos de piedade e probidade) – (Manual Esquemático de Criminologia, 2012, pg 35). 
Garófalo classificou os criminosos em natos (instintivos), fortuitos (de ocasião) ou pelo defeito 
moral especial (assassinos, violentos, ímprobos e cínicos), propugnando pela pena de morte aos 
primeiros. 
Ainda com base na obra do professor Nestor Sampaio, é importante lembrar que, 
antes da expressão “italiana” do positivismo (Lombroso, Ferrie, Garófalo), já se delineava um 
cunho científico aos estudos criminológicos, com a publicação, em 1827, na França, dos 
primeiros dados estatísticos sobre a criminalidade. 
 
 
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Tal publicação chamou a atenção de importantes pesquisadores, dentre os quais o 
belga Adolphe Quetelet, que ficou fascinado com a sistematização de dados sobre delitos e 
delinquentes. 
Justamente em função disso, em 1835, Quetelet publicou a obra Física social, que 
desenvolveu três preceitos importantes: 
a) O crime é um fenômeno social; 
b) Os crimes são cometidos ano a ano com intensa precisão; 
c) Há várias condicionantes da prática delitiva, como miséria, analfabetismo, clima etc. 
Formulou, ainda, a teoria das leis térmicas: 
 No inverno seriam praticados mais crimes contra o patrimônio; 
 No verão seriam mais numerosos os crimes contra a pessoa; 
 Na primavera haveria maior quantidade de crimes contra a liberdade sexual. Não foi detectado um crime latente no outono. 
Quetelet tornou-se, portanto, defensor das estatísticas oficiais de medição de delitos; 
todavia, guardou certa cautela, na medida em que se apercebeu que uma razoável quantidade 
de crimes não era detectada ou comunicada aos órgãos estatais - cifra negra (Manual 
Esquemático de Criminologia, 2012, pg 31). 
 
3. Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã 
Teve como principais expoentes Franz von Lizst, Adolphe Prins e Von Hammel, 
criadores da União Internacional de Direito Penal, em 1888. 
Esta escola trouxe os seguintes postulados: 
a) o método indutivo-experimental para a criminologia 
b) a distinção entre imputáveis e inimputáveis (pena para os normais e medida de 
segurança para os perigosos); 
c) o crime como fenômeno humano-social e como fato jurídico; 
d) a função finalística da pena – prevenção especial; e) a eliminação ou substituição 
das penas privativas de liberdade de curta duração. 
 
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4. Terza Scuola 
A Terza Scuola Italiana, cujos expoentes foram Manuel Carnevale, Bernardino Alimena 
e João Impallomeni, fixou os seguintes postulados criminológicos: 
 Distinção entre imputáveis e inimputáveis; 
 Responsabilidade moral baseada no determinismo (quem não tiver a capacidade de 
se levar pelos motivos deverá receber uma medida de segurança); 
 Crime como fenômeno social e individual; 
 Pena com caráter aflitivo, cuja finalidade é a defesa social. 
 
7. A MODERNA CRIMINOLOGIA CIENTÍFICA 
A moderna Criminologia científica envolve diversos ramos do conhecimento humano, 
dentre eles podemos citar como principais a biologia, a psicologia e a sociologia criminal. 
 
 Biologia Criminal 
Tem como principal expoente Cesare Lombroso. Muitos deram como ultrapassada, 
porém, o crescimento da neurociência demonstra que a biologia criminal não morreu e que seu 
campo, com o devido cuidado, pode contribuir muito para a compreensão do fenômeno 
criminal. 
 Adverte Eduardo Luiz Santos Cabette que o retrocesso que pode ocorrer com uma 
adesão acrítica a uma criminologia genética com pretensões de controle sobre a conduta 
humana mediante intervenções pré ou pós-delitivas, sustentandose em concepções superadas 
do crime e do criminoso como entes naturais marcados por desvios patológicos, também 
apresenta outra faceta ainda mais sombria e obscura. 
Trata-se de uma clara tendência para a conformação de uma estrutura totalitarista de 
poder (Criminologia Genética, 2008, pg. 56). 
 
 Psicologia Criminal 
Segundo Lélio Braga Calhau, se frustrações, insultos ou modelos agressivos aumentam 
as tendências de pessoas isoladas, então esses fatores têm probabilidade de inspirar as mesmas 
reações em grupos. 
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Leciona Augusto Alvino de Sá que o campo de trabalho do criminólogo clínico 
(psicólogo criminal), via de regra, é o presídio, o sistema penitenciário. 
É ali que ele vai procurar entender e compreender os indivíduos, os grupos que se 
envolveram com a delinquência, e estudar a instituição prisional, suas regra, seus profissionais, 
seu hábitos etc, visando desenvolver estratégias de intervenção que promovam de forma 
saudável a reinserção social dos presos. 
Para tanto, é desejável que o sistema funcione como um todo coerente em seus 
posicionamentos teóricos e em suas práticas (Criminologia Clínica e Psicologia Criminal, 2007, 
pg 18). Este tema será melhor explorado adiante. 
 
 Sociologia Criminal 
De um estudo de criminalidade focado no indivíduo ou em pequenos grupos, a 
Criminologia passou a se preocupar com grande ênfase no estudo da macrocriminalidade, uma 
abordagem dos fatores que levam a sociedade como um todo a praticar ou não infrações 
criminais. 
 
 Modelos sociológicos de consenso e de conflito 
Nessa perspectiva macrossociológica, as teorias criminológicas contemporâneas não 
se limitam à análise do delito segundo uma visão do indivíduo ou de pequenos grupos, mas sim 
da sociedade como um todo. O pensamento criminológico moderno é influenciado por duas 
visões: 
1) Uma de cunho funcionalista, denominada teoria de integração, mais conhecida por 
teorias de consenso; 
2) Uma de cunho argumentativo, chamada de teorias de conflito. São exemplos de 
teorias de consenso a Escola de Chicago, a teoria de associação diferencial, a teoria da anomia 
e a teoria da subcultura delinquente. 
Segundo Nestor Sampaio, as teorias de consenso entendem que os objetivos da 
sociedade são atingidos quando há o funcionamento perfeito de suas instituições, com os 
indivíduos convivendo e compartilhando as metas sociais comuns, concordando com as regras 
de convívio. 
Aqui os sistemas sociais dependem da voluntariedade de pessoas e instituições, que 
dividem os mesmos valores. 
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As teorias consensuais partem dos seguintes postulados: toda sociedade é composta 
de elementos perenes, integrados, funcionais, estáveis, que se baseiam no consenso entre seus 
integrantes. 
De outro lado, são exemplos de teorias de conflito: o labelling approach e a teoria 
crítica ou radical. 
As teorias de conflito argumentam que a harmonia social decorre da força e da 
coerção, em que há uma relação entre dominantes e dominados. 
Nesse caso, não existe voluntariedade entre os personagens para a pacificação social, 
mas esta é decorrente da imposição ou coerção. 
São teorias macrossociológicas da criminalidade: - Escola de Chicago - Teoria da 
associação diferencial - Teoria da anomia - Teoria da subcultura delinquente - Teoria do labelling 
aproach, interacionismo simbólico, etiquetamento, rotulação ou reação social - Teoria crítica, 
radical ou “nova criminologia” 
 
1. Escola de Chicago 
Nas palavras da Professora Monica Gamboa, a escola de Chicago foi o berço da 
moderna sociologia americana e se caracteriza pelo empirismo e por sua finalidade pragmática, 
isto é, pelo emprego da observação direta em todas as investigações. 
Trata da “sociologia da grande cidade”, analisando o desenvolvimento urbano, a 
civilização industrial, a divisão do trabalho, a mobilidade social e a criminalidade ali existente. 
Com o surgimento da escola de Chicago, a criminologia abandonou a figura do 
delinquente nato e passou a valorizar a influência do meio ambiente nas ações criminosas. 
O estudo da grande metrópole norte-americana, por parte dos pesquisadores da 
Escola de Chicago, privilegiou algumas temáticas. 
As variadas formas de criminalidade e o fenômeno da imigração foram os temas mais 
bem estudados. 
Sem dúvida alguma, essa tendência deve-se ao fato de que os problemas sociais que 
mais dramaticamente afetavam a cidade estavam relacionados com a criminalidade, a 
marginalidade e a chegada de grandes contingentes de imigrantes. 
 
 
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Sobre a criminalidade em suas variadas formas, os estudos mais importantes 
chegaram à conclusão de que as zonas ou regiões urbanas que se encontravam em estado de 
deterioração, desorganizadas e carentes de serviços públicos básicos (os chamados cinturões de 
pobreza) eram os habitats propícios para o surgimento e ação das gangues de rua e bandos de 
delinquentes juvenis. 
Consequentemente, eram as regiões que apresentavam as maiores taxas de 
criminalidade. 
Desse modo, os pesquisadores demonstraram que a cidade tinha áreas sociais que 
geravam o crime: o espaço urbano degradado condicionava a quebra das regras e instituições 
sociais (escola, família) e, de certa forma, determinava os comportamentos desviantes. Sobre a 
imigração, os pesquisadores procuraram compreender as interações que ocorrem quando da 
chegada do imigrante na grande metrópole. 
Basicamente, identificaram quatro tipos básicos de interação social: competição, 
conflito, acomodação e assimilação. Essa escola sepulta a Escola Positiva, advogando que, 
apesar de não determinar, o ambiente influencia demasiadamente o individuo a ingressar na 
criminalidade. 
A conclusão a que se chegou foi fruto de uma análise do crime sob o prisma geográfico, 
mais precisamente, a partir de uma percepção empírica da cidade de Chicago, localidade que 
enfrentou extraordinário crescimento populacional, sendo objeto de estudo dos teóricos da 
também denominada Escola Ecológica. 
Entre as contribuições dessa escola destacam-se as do campo metodológico 
associando a pesquisa à formulação de políticas criminais. No âmbito da metodologia instituíram 
a análise estatística evidenciando a distribuição espacial. 
Os estudos realizados apontavam para a necessidade de mudanças efetivas nas 
condições econômicas e sociais das crianças (carreiras dos delinquentes). 
Evidenciaram também as demandas de melhorias sanitárias e manipulação do 
ambiente físico, considerando inclusive as oportunidades de realização dos delitos, como 
estratégias de prevenção que deveria ser priorizadas em detrimento das repressivas. 
Percebeu-se que nas zonas de maior incidência de crimes, habitadas principalmente 
por migrantes e imigrantes, não havia fatores de controle social informal, isto é, era um 
ambiente desprovido de elos sociais. 
 
 
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A Escola de Chicago atenta-se, sobretudo, a força do ambiente que, muito embora não 
gere um criminoso, o influencia bastante. O ambiente propicia o fenômeno do crime. 
Os teóricos de Chicago, e aqui temos a mais importante contribuição dessa escola, 
concluíram que é preferível que se valorize o fator prevenção do que o fator repressão – há a 
consciência de que, ao interferir no ambiente, interfere-se no fator produtor da criminalidade. 
 
2. A teoria ecológica e suas propostas 
Conforme Nestor Sampaio, há dois conceitos básicos para que se possa entender a 
ecologia criminal e seu efeito criminógeno: - A ideia de “desorganização social”; - A identificação 
de “áreas de criminalidade”. 
O crescimento desordenado das cidades faz desaparecer o controle social informal; as 
pessoas vão se tornando anônimas, de modo que a família, a igreja, o trabalho, os clubes de 
serviço social etc. não dão mais conta de impedir os atos antissociais. 
Destarte, a ruptura no grupo primário enfraquece o sistema, causando aumento da 
criminalidade nas grandes cidades. No mesmo sentido, a ausência completa do Estado (não há 
delegacias, escolas, hospitais, creches etc.) cria uma sensação de insegurança, potencializando 
o surgimento de bandos armados, matadores de aluguel que se intitulam mantenedores da 
ordem (Manual Esquemático de Criminologia, 2012, pg 58). 
O segundo dado característico é a existência de áreas de criminalidade segundo uma 
gradient tendency. Para Shecaira (2008, p. 167), “Uma cidade desenvolve-se, de acordo com a 
ideia central dos principais autores da teoria ecológica, segundo círculos concêntricos, por meio 
de um conjunto de zonas ou anéis a partir de uma área central. No mais central desses anéis 
estava o Loop, zona comercial com os seus grandes bancos, armazéns, lojas de departamento, 
a administração da cidade, fábricas, estações ferroviárias, etc. 
A segunda zona, chamada de zona de transição, situa-se exatamente entre zonas 
residenciais (3ª zona) e a anterior (1ª zona), que concentra o comércio e a indústria. Como zona 
intersticial, está sujeita à invasão do crescimento da zona anterior e, por isso, é objeto de 
degradação constante”. 
Assim, a 2ª zona favorece a criação de guetos, a 3ª zona mostra-se como lugar de 
moradia de trabalhadores pobres e imigrantes, a 4ª zona destina-se aos conjuntos habitacionais 
da classe média e a 5ª zona compõe-se da mais alta camada social. 
Devemos registrar que as principais propostas da teoria da ecologia criminal visando o 
combate à criminalidade são: 
a. Alteração efetiva da situação socioeconômica das crianças; 
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b. Amplos programas comunitários para tratamento e prevenção; 
c. Planejamento estratégico por áreas definidas; 
d. Programas comunitários de recreação e lazer, como ruas de esportes, escotismo, 
artesanato, excursões etc.; 
e. Reurbanização dos bairros pobres, com melhoria da estética e do padrão das casas. 
 
3. Associação diferencial 
Teoria criada no final da década de 30, pelo sociólogo Edwin H. Sutherland em apoio à 
lei “anti truste”, verificou que o crime não pode ser definido apenas como disfunção ou 
inadaptação das pessoas de classe menos favorecidas, pois, alguns comportamentos desviantes 
requerem conhecimento especializado, ou ainda habilidade de seu agente, o qual aprende tal 
conduta desviada e associa-se a ela. 
Para o sociólogo, o comportamento criminal é aprendido e não fruto da carga 
hereditária. 
Gangues urbanas ou grupos empresariais que fecham os olhos a fraudes, sonegação 
fiscal ou ao uso de informações privilegiadas do Mercado de Capitais, tirando proveito para si 
próprios, devem ser inseridos nesta categoria de criminosos. 
Assim, em 1939 cunha-se a expressão bite collar crimes (ou white collar crimes), 
identificadora dos crimes cometidos (com caráter inovador) no âmbito profissional de seus 
autores “diferenciados”, uma vez que apresentam pontos acentuados de divergência com os 
criminosos chamados comuns. 
Geralmente são pessoas abastadas financeiramente. 
As classes sociais mais altas acabam por influenciar as mais baixas, inclusive em razão 
do monopólio dos meios de comunicação em massa, que criam estereótipos, modelos, 
comportamentos etc. 
Portanto, não se pode dizer que o crime é uma forma de comportamento inadaptado 
das classes menos favorecidas. 
Não é exclusividade delas, porque assistimos a uma série de crimes de colarinho 
branco (sonegações, fraudes etc.), que são delitos praticados por pessoas de elevada estatura 
social e respeitadas no ambiente profissional (empresários,políticos,industriais etc.). 
 
 
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Youtube: www.youtube.com/user/ferasdosconcursos4. Teoria da anomia 
Representada por Émile Durkheim e Merton. Este explica que o comportamento 
desviado pode ser considerado, no plano sociológico, um sintoma de dissociação entre as 
aspirações socioculturais e os meios desenvolvidos para alcançar tais aspirações. 
Assim, o fracasso no atingimento das aspirações ou metas culturais em razão da 
impropriedade dos meios institucionalizados pode levar à anomia, isto é, a manifestações 
comportamentais em que as normas sociais são ignoradas ou contornadas. 
A anomia é uma situação de fato em que faltam coesão e ordem, sobretudo no que 
diz respeito a normas e valores. Pode-se citar como exemplo a situação de dificuldade de 
controle da ordem pública que a força de paz da ONU enfrenta no Haiti. 
O colapso do governo anterior gerou uma situação de anomia no país (saques, 
estupros e violações constantes de direitos humanos). É uma situação de caos, em que os índices 
de criminalidade encontram terreno propício para forte elevação. Novamente citando Merton, 
o crime é uma das formas individuais de adaptação no quadro de uma sociedade agônica em 
torno de meios escassos. 
Para este autor, em todo contexto sociocultural desenvolvem-se metas culturais e o 
insucesso em atingir tais metas devido à insuficiência dos meios institucionalizados também 
pode produzir a manifestação de um comportamento no qual as regras do jogo social são 
abandonadas ou contornadas. 
O indivíduo não respeita as regras do comportamento que indicam os meios de ação 
socialmente aceitos. Surge então o desvio, ou seja, o comportamento desviante. 
 
5. Teoria da subcultura delinquente 
A teoria da subcultura delinquente é tida como teoria de consenso, criada pelo 
sociólogo Albert Cohen (Delinquent boys, 1955). Três ideias básicas sustentam a subcultura: 
a) O caráter pluralista e atomizado da ordem social; 
b) A cobertura normativa da conduta desviada; 
c) As semelhanças estruturais, na gênese, dos comportamentos regulares e 
irregulares. Essa teoria é contrária à noção de uma ordem social, ofertada pela criminologia 
tradicional. Identificam-se como exemplos as gangues de jovens delinquentes, em que o garoto 
passa a aceitar os valores daquele grupo, admitindo-os para si mesmo, mais que os valores 
sociais dominantes. 
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Para Monica Gamboa, a conduta desses grupos é produto de soluções coletivas dos 
problemas de status, necessidades e frustrações que sofrem as classes baixas num mundo de 
valores e virtudes predominantes da classe média, como a ambição, a autoconfiança, o respeito 
à prosperidade, oposição à violência e proteção de satisfações imediatas. 
O jovem da classe baixa rejeita os valores da classe dominante porque não integram o 
seu mundo (Criminologia, matéria básica, pg 53). Assim, o crime acaba por se tornar sinônimo 
de protesto ou forma de “aparecer”, de ter status e adquirir respeito diante da comunidade. 
 
6. Teoria do Labelling Approach 
A teoria do labelling approach (interacionismo simbólico, etiquetamento, rotulação ou 
reação social) é uma das mais importantes teorias de conflito. 
Surgida nos anos 1960, nos Estados Unidos, seus principais expoentes foram Erving 
Goffman e Howard Becker. Para Raul Eugênio Zaffaroni, a tese central desta teoria pode ser 
definida, em termos gerais, pela afirmação de que cada um de nós se torna aquilo que os outros 
vêem em nós e, de acordo com essa mecânica, a prisão cumpre função reprodutora, ou seja, a 
pessoa rotulada como delinquente assume o papel que lhe é consignado, comportando-se de 
acordo com o mesmo. 
A teoria da rotulação de criminosos cria um processo de estigma para os condenados, 
funcionando a pena como geradora de desigualdades. O sujeito acaba sofrendo reação da 
família, amigos, conhecidos, colegas, o que acarreta a marginalização no trabalho, na escola. 
Para Nestor Sampaio, a criminalização primária produz a etiqueta ou rótulo, que por 
sua vez produz a criminalização secundária (reincidência). A etiqueta ou rótulo (materializados 
em atestado de antecedentes, folha corrida criminal, divulgação de jornais sensacionalistas etc.) 
acaba por impregnar o indivíduo, causando a expectativa social de que a conduta venha a ser 
praticada, perpetuando o comportamento delinquente e aproximando os indivíduos rotulados 
uns dos outros. 
Uma vez condenado, o indivíduo ingressa numa “instituição” (presídio), que gerará um 
processo institucionalizador, com seu afastamento da sociedade, rotinas do cárcere etc (Manual 
Esquemático de Criminologia, 2012, pg 65). 
 
 
 
 
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7. Teoria Crítica, radical ou nova criminologia 
Citando os ensinamentos da professora Monica Gamboa, essa teoria foi firmada em 
1973 com a publicação da obra de Taylor, Walton e Young The New Criminology é uma tendência 
nova na criminologia moderna. 
Consolidou-se ao criticar as posturas tradicionais da teoria do consenso, eis que, 
ancorada no pensamento marxista, acredita ser o modelo econômico adotado em determinado 
local o principal fator gerador da criminalidade (Criminologia, matéria básica, pg 53). 
Afirma ainda que as condutas delitivas dos menos favorecidos são as efetivamente 
perseguidas, ao contrário do que acontece com a criminalidade dos poderosos. 
As principais características desta corrente são: 
a) a concepção conflitual da sociedade e do direito (o direito penal se ocupa de 
proteger os interesses do grupo social dominante); 
b) reclama compreensão e até apreço pelo criminoso; 
c) critica severamente a criminologia tradicional; 
d) o capitalismo é a base da criminalidade; 
e) propõe reformas estruturais na sociedade para redução das desigualdades e 
consequentemente da criminalidade. 
Por fim, é correto concluir que essa teoria considera o problema criminal insolúvel em 
uma sociedade predominantemente capitalista, sendo necessária a transformação da própria 
sociedade para o verdadeiro combate à criminalidade. 
 
8. Neorretribucionismo (lei e ordem; tolerância zero; broken windows theory) 
Uma vertente diferenciada surge nos Estados Unidos, com a denominação lei e ordem 
ou tolerância zero (zero tolerance), decorrente da teoria das “janelas quebradas” (broken 
windows theory), inspirada pela escola de Chicago, dando um caráter “sagrado” aos espaços 
públicos. 
Tem como ponto central a repressão dos pequenos delitos, o que inibiria os mais 
graves (fulminar o mal em seu nascedouro), atuando como prevenção geral; os espaços públicos 
e privados devem ser tutelados e preservados. 
 
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Nestor Sampaio explica que, em 1982 foi publicada na revista The Atlantic Monthly 
uma teoria elaborada por dois criminólogos americanos, James Wilson e George Kelling, 
denominada Teoria das Janelas Quebradas (Broken Windows Theory). 
Essa teoria parte da premissa de que existe uma relação de causalidade entre a 
desordem e a criminalidade. 
A teoria baseia-se num experimento realizado por Philip Zimbardo, psicólogo da 
Universidade de Stanford, com um automóveldeixado em um bairro de classe alta de Palo Alto 
(Califórnia) e outro deixado no Bronx (NovaYork). 
No Bronx o veículo foi depenado em 30 minutos; em Palo Alto, o carro permaneceu 
intacto por uma semana. Porém, após o pesquisador quebrar uma das janelas, o carro foi 
completamente destroçado e saqueado por grupos de vândalos em poucas horas. 
Nesse sentido, caso se quebre uma janela de um prédio e ela não seja imediatamente 
consertada, os transeuntes pensarão que não existe autoridade responsável pela conservação 
da ordem naquela localidade. Logo todas as outras janelas serão quebradas (Manual 
Esquemático de Criminologia, 2012, pg 68). 
Relaciona-se com pequenos crimes que não eram resolvidos, as autoridades 
compreenderam que somente com uma ação intolerante mesmo em crimes de poucas 
repercussões é que se evitaria a disseminação e propagação da criminalidade desenfreada. 
 
9. No que consiste a teoria dos testículos despedaçados? 
A "teoria dos testículos despedaçados" (breaking balls theory), originária da sabedoria 
policial comum, estipula que se os policiais perseguirem com insistência um criminoso notório 
por pequenos crimes ele acabaria vencido pelo cansaço e abandonaria o bairro para ir cometer 
seus delitos em outro lugar. 
Fundamenta a teoria das janelas quebradas quanto a intolerância com os pequenos 
delitos. Segundo esta teoria, a repressão imediata e severa das menores infrações na via pública 
detém o desencadeamento de grandes atentados criminosas (r)estabelecendo nas ruas um 
clima sadio de ordem – prender os ladrões de galinhas permitiria paralisar potenciais bandidos 
maiores. 
A Teoria dos testículos quebrados (ou despedaçados) liga-se intimamente com a Teoria 
das janelas quebradas. 
 
 
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10. Teoria do "cenário da bomba relógio" 
O Cenário da Bomba-Relógio é um “exercício mental” hipotético destinado a 
questionar a proibição absoluta da tortura. Pode ser formulado da seguinte forma: “Suponha 
que alguém envolvido em um ataque terrorista iminente, que matará muitas pessoas, foi 
capturado pelas autoridades e que só se for torturado revelará as informações necessárias para 
impedir o atentado. Ele deve ser torturado?” 
Em discussões públicas, o Cenário é apresentado como questão pessoal a algum dos 
presentes contrário à tortura. Neste contexto, é com frequência personalizado: “Mas suponha 
que você sabe que vai acontecer um atentado em pouquíssimo tempo, matando milhares de 
pessoas, e você está com o terrorista. O único meio de impedir o ataque é torturá-lo. Você faria 
isso, sim ou não?” 
Quaisquer que sejam os motivos de sua apresentação em um determinado contexto, 
o efeito pretendido com o Cenário da Bomba-Relógio é criar dúvida sobre a sabedoria da 
proibição absoluta da tortura. 
Esta dúvida, por sua vez, está em geral destinada a levar o público a aceitar que se crie 
uma exceção jurídica para a proibição, ou ao menos a aceitar que as leis contra a tortura não 
sejam aplicadas em alguns casos. 
O objetivo real dos proponentes do Cenário da Bomba-Relógio seria criar uma exceção 
ampla, enquanto aparentam sugerir algo restrito. Tentando forçar os adversários da tortura a 
admitir que esta poderia ser aceitável, ao menos em casos extremos, os proponentes do Cenário 
da Bomba-Relógio esperam debilitar o próprio conceito de que a oposição à tortura deve ser 
absoluta, como questão de princípio e prática. 
O Cenário, dessa forma, tem sido ultimamente usado pelos que buscam romper o tabu 
contra a tortura para fazer com que pareça aceitável sua aplicação em prisioneiros suspeitos de 
envolvimento em terrorismo, assim como fornecer imunidade legal a eles próprios ou outros 
que autorizem, tolerem, ordenem ou inflijam tortura. 
A presente teoria tem o escopo de relativizar a proibição da tortura (CRFB/88, artigo 
5º, III). 
Segundo a teoria, se bombas relógio são instaladas em determinados locais, não 
havendo outros meios de se localizar as bombas ou desarmá-las, a tortura do terrorista 
responsável é justificável. 
Essa teoria apareceu pela primeira vez no romance de Jean Larteguy, "Les Centurions", 
de 1960, escrito durante a brutal ocupação francesa da Argélia. O herói do livro descobre um 
plano iminente para explodir bombas em toda a Argélia e deve correr contra o relógio para 
impedir. 
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SUPREMA CORTE AMERICANA: O Ministro da Suprema Corte Antonin Scalia disse em 
uma recente entrevista que "o uso de técnicas de interrogatório duras agora amplamente 
condenadas como tortura pode não ser inconstitucional. Segundo a teoria do "cenário da bomba 
relógio", seria difícil excluir o uso da tortura para obter informações de suspeitos de terrorismo, 
se milhões de vidas estão em jogo. 
CRÍTICAS: O uso desmedido dessa teoria tem admitido a prática reiterada da tortura 
em alguns países, como os Estados Unidos. Foi lançado um filme com base nessa teoria: 
AMEAÇA TERRORISTA, com Samuel L. Jackson. 
 
8.CLASSIFICAÇÃO DOS DELINQUENTES 
 Ocasionais: não possuem tendência para o cometimento de crimes, contudo, 
ocasionalmente podem ser influenciados pelo meio social em que vivem ou por conta de uma 
oportunidade surgida. Via de regra se arrependem e não voltam a delinquir. 
 Habituais: diante de um ambiente de miséria moral e material, convivem com 
práticas criminosas desde muito cedo, evoluindo no crime conforme envelhecem. Fazem da 
delinqüência um meio de vida, são “profissionais do crime”. 
 Impetuosos: cometem crimes quando submetidos a fortes emoções, sem 
premeditação. Na maioria dos casos são pessoas nervosas e fanáticas. Tendem a cometer crimes 
passionais. 
 Fronteiriços: caminham sobre a fronteira da doença mental e da normalidade, 
possuindo deformidades no senso ético-moral. Comumente frios e insensíveis e tendem a 
reincidir. 
 Loucos Criminosos: possuidores de doenças mentais que comprometem totalmente 
sua auto-determinação, razão pela qual são considerados inimputáveis face a lei penal. 
 
9.CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA DE HILÁRIO VEIGA DE CARVALHO 
Afastando-se das classificações que levavam mais em conta a personalidade do autor, 
o mestre Hilário Veiga de Carvalho propôs a famosa classificação etiológica de delinquentes, 
conforme a prevalência de fatores biológicos ou mesológicos, a saber: 
 Biocriminosos puros (pseudocriminosos): São aqueles que apresentam apenas 
fatores biológicos. Aplica-se-lhes tratamento médico psiquiátrico em manicômio judiciário. É o 
caso dos psicopatas ou epiléticos que, em crise, efetuam disparos de arma de fogo ou dos 
retardados mentais severos, esquizofrênicos e outros. 
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 Biocriminosos preponderantes (difícil correção): São aqueles que tendem ao delito 
motu próprio; neles já se apresentam alguns fatores mesológicos, porém em menor quantidade. 
São portadores de alguma anomalia biológica, insuficiente para desencadear a ofensiva 
criminosa, mas cedem a estímulos externos e a eles respondem facilmente (“a ocasião faz o 
ladrão”); sugere-se o tratamentoem colônias disciplinares, casas de custódia ou institutos de 
trabalho, com assistência médicopsiquiátrica e eventual internação em hospital psiquiátrico, 
temporária ou definitivamente, conforme o caso; reincidência potencial; 
 Biomesocriminosos (correção possível) São aqueles que sofrem influências biológicas 
e do meio, mas é impossível decidir quais os fatores que mais pesam na conduta delituosa. A 
reincidência é ocasional; sustenta-se o tratamento em regime de reformatório progressivo e 
apoios médico e pedagógico; exemplo: o jovem, inconformado com a sujeição paterna, sonha 
com um carro (objeto do desejo) e, vivendo num ambiente em que vigoram a impunidade e o 
sucesso, vale qualquer preço, rouba um automóvel a mão armada. 
 Mesocriminosos preponderantes (correção esperada): Em geral são tíbios no caráter 
e possuem fraqueza da personalidade (eram chamados por Hilário Veiga de Carvalho de “Maria 
vai com as outras”; embora presentes ambos os fatores, os mesológicos ou ambientais são mais 
numerosos. A reincidência é excepcional e sugere-se o tratamento em colônias, com apoio 
sociopedagógico. 
 Mesocriminosos puros: Nestes só atuam fatores mesológicos, isto é, do meio social, 
uma vez que agem antissocialmente por força de ingerências do meio externo, tornando-se 
quase “vítimas das circunstâncias exteriores”, caso do brasileiro que, a serviço no Oriente, é 
surpreendido bebendo pelas autoridades locais após o término de sua jornada de trabalho, 
apenado com chibatadas, por se tratar de ilícito naquele lugar. No Brasil, tal conduta é 
irrelevante para o direito penal. É o caso, ainda, do índio que, no seio do grupo “civilizado”, 
pratica ato tido como delituoso, mas aceito com normalidade em seu meio. São 
pseudocriminosos, tendo em vista que o crime emana apenas do meio ambiente em que vivem. 
 
10. FATORES CRIMINOLÓGICOS CONDICIONANTES 
Conforme define Garcia-Pablos de Molina, a moderna Criminologia Científica, ao 
explicar o comportamento criminal, se utiliza basicamente de três grandes grupos de modelos 
teóricos: psicológico (“psicologicistas”); biológico (“biologicistas”) e sociológicos (“sociologia 
criminal”. 
 
 
 
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1. Fatores condicionantes psicopatológicos 
A psicologia criminal tem por objeto de estudo a personalidade “normal” e os fatores 
que possam influenciá-la, quer sejam de índole biológica, mesológica (meio ambiente) ou social. 
Por seu turno, a psiquiatria criminal tem por escopo o estudo dos transtornos anormais da 
personalidade, isto é, as doenças mentais, retardos mentais (oligofrenias), demências, 
esquizofrenias e outros transtornos, de índole psicótica ou não. O CID-10 descreve oito tipos de 
transtornos específicos de personalidade, a saber: paranoide, esquizoide, antissocial, 
emocionalmente instável, istriônico, anancástico, ansioso e dependente. São dignos de nota os 
transtornos psicóticos (esquizofrenia), os transtornos de humor e os transtornos e de ansiedade. 
 Esquizofrenia: produz uma transformação psicótica do indivíduo que lhe impede 
estabelecer um juízo correto sobre os dados da realidade, bem como uma ruptura de sua 
biografia que o transforma em um ser essencialmente diferente, rompendo inclusive, sua 
própria identidade. O esquizofrênico sente como seu Eu perde unidade, se cinde, se racha. Sente 
como as idéias, os sentimentos e o pensamento não lhe pertencem, deixam de ser próprios 
porque alguém os governa e manda. No geral, quando praticam crimes, atemorizam porque são 
atrozes, cruéis pela falta de motivação e historicidade, sem sentido e justificação (Criminologia, 
Matéria Básica, pg 37). 
 Transtornos do estado de ânimo e do humor: são os vulgos transtornos bipolares. 
Pode-se dar um único quadro maníaco ou depressivo, ou bem alternância destes, existindo a 
possibilidade de menor intensidade psicopatológica. Clinicamente, a fase depressiva e a 
maníaca apresentam sintomas distintos e, em consequência, uma diferente vocação ou 
propensão ciminógena. Na fase depressiva, a tristeza se corporifica e a inibição pode afetar os 
movimentos, a linguagem e o pensamento. 
 Transtornos de ansiedade (“neuroses”): Não são consideradas doenças. Não 
provocam ruptura da realidade, iniciando-se normalmente durante a infância, preponderando 
no indivíduo interesse por determinado assunto, como futebol, religião, doenças, etc. Cabe 
destacar que não se pode dividir entre neuróticos e não neuróticos, mas sim pessoas com auto 
ou baixo nível de neuroticismo. 
 
2. Fatores condicionantes psicológicos 
Nas palavras da professora Monica Gamboa, se dividem em: 
 Ego fraco ou abúlico: indivíduos altamente influenciáveis com pouca ou quase 
nenhuma vontade própria, em que a vontade de terceiros prevalecem sob sua conduta. 
Geralmente pratica delitos não planejados por si próprio, mas sim por influência de outrem. 
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 Mimetismo: é um modelo, isto é, um modo ou estilo de vida com o qual nos 
espelhamos. Atualmente esta condicionante encontra-se em moda, pois quer o adolescente da 
periferia, quer o da classe mais abastecida financeiramente, acabam por se deixar atrair pela 
“vida bandida”, onde o criminoso goza de status na sociedade, belas mulheres, bons carros, 
poder, dinheiro, etc. 
 Desejo de lucro imediato: pessoas que não suportam a espera bem como terem de 
e esforçar para obter vantagens ou prosperar na vida, o que muitas vezes leva o sujeito para a 
criminalidade. 
 Necessidade de status ou notoriedade: algumas pessoas necessitam estar sempre 
em evidência, mesmo que para isso tenham que aparentar o que não são. Procuram sempre 
chamar atenção e, com isso, há grande possibilidade de desencadearem um lado criminoso 
ainda que para manter o papel que representa perante a sociedade e assim, manter seu status. 
 Insensibilidade moral: indivíduos que carecem de sentimento de piedade e 
compaixão com o próximo. Chamados também de “loucos morais”, são egocêntricos e 
preocupam-se única e exclusivamente com seus interesses. Quando desenvolvem este aspecto 
negativo de sua personalidade, costumam tornar-se torturadores, chefes do crime, criminosos 
do colarinho branco. 
 Espírito de rebeldia: geralmente tem início na adolescência, período em que, diante 
da necessidade de auto afirmação, estabelecem suas próprias regras e persistem na fase adulta 
com tal revolta. São também denominados anômicos. 
 
11. BIOANTROPOLOGIA CRIMINAL 
Pode-se afirmar que os primeiros estudos bioantropológicos, ou melhor, biológicos, 
foram desenvolvidos por Lombroso, com predomínio das análises morfológicas e fisiognômicas. 
Nesse prisma, ganhou relevo a antropometria (estudos das medidas e proporções do 
organismo humano para fins de estatística e comparação), que serviria de base para os estudos 
subsequentes (Manual Esquemático de Criminologia, 2012, pg 72). Merecem destaque as 
teorias dos tipos de autor (Kretschmer, 1921) e das personalidades psicóticas (Schneider, 1923). 
Kretschmer (tipos de autor) diferenciou quatro tipos de constituição corporal: 
 Leptossômicos: alta estatura, tórax largo, peito fundo, cabeça pequena, pés e mãos 
curtos, cabelos crespos (propensão ao furto e estelionato). 
 Atléticos: estatura média, tórax largo, musculoso, forte estrutura óssea, rosto 
uniforme, pés e mãos grandes, cabelos fortes(crimes violentos). 
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 Pícnicos: tórax pequeno, fundo, curvado, formas arredondadas e femininas, pescoço 
curto, cabeça grande e redonda, rosto largo e pés, mãos e cabelos curtos (menor propensão ao 
crime). 
 Displásicos: pessoas com corpo desproporcional, com crescimento anormal (crimes 
sexuais). As maiores críticas a essa corrente foram no sentido de que tinham forte tendência 
discriminatória, adotadas pelo nazi-facismo para justificar a eliminação de “raças inferiores”. 
 
12. ESTATÍSTICA CRIMINAL 
Depois do século XIX, destacou-se a atuação do matemático belga Quetelet, autor da 
Escola Cartográfica (verdadeira ponte entre clássicos e positivistas), que estabeleceu o conceito 
de homem médio e alertou para a questão dos crimes não comunicados ao Poder Público (cifra 
negra). 
Os criminólogos sustentam que, por intermédio das estatísticas criminais, pode-se 
conhecer o liame causal entre os fatores de criminalidade e os ilícitos criminais praticados. 
Servem, ainda, para fundamentar a política criminal e a doutrina de segurança pública quanto à 
prevenção e à repressão criminais. Importante, desde já, sedimentar os seguintes conceitos 
sobre as cifras da criminalidade: 
1. Criminalidade real: é a quantidade efetiva de crimes perpetrados pelos 
delinquentes; 
2. Criminalidade revelada: é o percentual que chega ao conhecimento do Estado; 
3. Cifra negra: a porcentagem não comunicada ou elucidada. Há uma série expressiva 
de delitos não comunicados pelas vítimas às autoridades e várias são as razões que as levam a 
isso:  A vítima omite o ato criminoso por vergonha ou medo (crimes sexuais);  A vítima 
entende que é inútil procurar a polícia, pois o bem violado é mínimo (pequenos furtos);  A 
vítima é coagida pelo criminoso (vizinho ou conhecido);  A vítima é parente do criminoso;  A 
vítima não acredita no aparato policial nem no sistema judicial etc. 
4. Cifra Cinza: são crimes que chegam ao conhecimento da autoridade policial, 
entretanto não prosperam na fase processual, haja vista a composição das partes ou a ausência 
de representação; 
5. Cifra Amarela: são crimes praticados com abuso de poder ou arbitrariedade ou 
violência policial, os quais não são noticiados aos órgãos fiscalizadores competentes 
(corregedorias, por exemplo); 
 
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6. Cifra Dourada: infrações penais praticadas pela elite, não reveladas ou apuradas. 
Exemplo: os crimes de sonegação fiscal, as falências fraudulentas, a lavagem de dinheiro, os 
crimes eleitorais, “crimes do colarinho branco”, etc; 
 7. Cifra verde: são os crimes ambientais cuja autoria não é identificada, 
impossibilitando a responsabilização do delinquente (Exemplo: a pichação). 
 
13. ASPECTOS CRIMINOLÓGICOS DO CRIME ORGANIZADO 
Segundo Nestor Sampaio, no âmbito penal são conhecidas duas espécies de 
criminalidade organizada, com reflexos evidentes para os estudos criminológicos: a do tipo 
mafiosa e a do tipo empresarial. 
 Criminalidade organizada do tipo mafiosa: (Cosa Nostra, Camorra, Ndrangheta e 
Stida, na Itália; Yakuza, no Japão; Tríade, na China; e Cartel de Cali, na Colômbia), cuja atividade 
delituosa se baseia no uso da violência e da intimidação, com estrutura hierarquizada, 
distribuição de tarefas e planejamento de lucros, contando com clientela e impondo a lei do 
silêncio. Seus integrantes vão desde agentes do Estado até os executores dos delitos; as vítimas 
são difusas, e o controle social encontra sério óbice na corrupção governamental. 
 Criminalidade organizada do tipo empresarial: não possui apadrinhados nem rituais 
de iniciação; tem uma estrutura empresarial que visa apenas o lucro econômico de seus sócios. 
Trata-se de uma empresa voltada para a atividade delitiva. Busca o anonimato e não lança mão 
da intimidação ou violência. Seus criminosos são empresários, comerciantes, políticos, hackers 
etc. As vítimas também são difusas, mas, quando individualizadas, muitas vezes nem sequer 
sabem que sofreram os efeitos de um crime. 
 
14. VITIMOLOGIA 
Segundo Benjamim Mendelsohn, a vitimologia é a ciência que se ocupa da vítima e da 
vitimização, cujo objeto é a existência de menos vítimas na sociedade, quando esta tiver real 
interesse nisso. 
A vítima, por sua vez, que sofre um resultado infeliz dos próprios atos (suicida), das 
ações de outrem (homicídio) e do acaso (acidente), esteve relegada a plano inferior desde a 
Escola Clássica (preocupava-se com o crime), passando pela Escola Positiva (preocupava-se com 
o criminoso). 
 
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Segundo a Resolução 40/34 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 29/11/1985, 
vítima é a pessoa que, individual ou coletivamente, tenha sofrido danos – inclusive lesões físicas 
ou mentais – sofrimento emocional, perda financeira ou diminuição substancial de seus direitos 
fundamentais como consequência de ações ou omissões que violem a legislação penal vigente, 
no Estados membros, incluída a que prescreve o abuso de poder. 
1. Classificação das vítimas Embora existam diversas classificações, usaremos nesse 
momento a adotada pelo ilustre Benjamim Mendelsohn: 
 Vítima completamente inocente: É a vítima ideal, que não tem participação alguma 
no crime; 
 Vítima menos culpada que o delinquente: É a vítima descuidada, que de alguma 
forma contribui para o evento criminoso, seja frequentando locais perigosos, seja falando com 
estranhos sobre seu patrimônio, etc; 
 Vítima tão culpada quanto o delinquente: É aquela onde sem sua contribuição o 
crime não teria ocorrido, como nos casos de corrupção, aborto consentido ou rixa; 
 Vítima como única culpada: É aquela que revida a injusta agressão, ou seja, age em 
legítima defesa. Nesse caso, a vítima sofre a influência de seu próprio ato. 
 
 2. Iter victimae 
De acordo com o professor Edmundo de Oliveira, Iter Victimae é o caminho interno e 
externo que segue um indivíduo para se converter em vítima, o conjunto de etapas que se 
operam cronologicamente no desdobramento da vitimização. São eles: 
 Intuição: quando se planta na mente da vítima a idéia de ser prejudicada por um 
ofensor; 
 Atos preparatórios (conatus remotus): momento em que revela a preocupação de 
tomar as medidas preliminares para defender-se ou ajustar seu comportamento; 
 Início da execução: oportunidade em que a vítima começa a operacionalização de 
sua defesa aproveitando a chance que dispõe para exercitá-la; 
 Execução: resistência da vítima para evitar a todo custo que seja atingida pelo 
resultado pretendido por seu agressor. 
 Consumação (consumatio): quando a prática do fato demonstrar que o autor não 
alcançou seu propósito – fins operantis – em virtude de algum impedimento alheio à sua 
vontade, podendo classificar a conduta como tentativa de crime. 
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3. Vitimização primária, secundária e terciária 
A criminologia, ao analisar a questão vitimológica, classifica a vitimização em três 
grandes grupos: 
 Vitimização primária: é normalmente entendida como aquela provocada pelo 
cometimento do crime, pela conduta violadora dos direitos da vítima – pode causar danos 
variados, materiais, físicos, psicológicos, de acordo com a natureza da infração, a personalidade 
da vítima, sua relação com o agente violador, a extensão do dano etc. 
 Vitimização secundária: ou sobrevitimização; entende-se ser aquela causada pelas 
instâncias formais de controle social, no decorrer do processo de registro e apuração do crime, 
com o sofrimento adicional causado pela dinâmica do sistema de justiça criminal (inquérito 
policial e processo penal). 
  Vitimização terciária: falta de amparo dos órgãos públicos às vítimas; nesse 
contexto, a própria sociedade não acolhe a vítima, e muitas vezes a incentiva a não denunciar o 
delito às autoridades, ocorrendo o que se chama de Cifra Negra (crimes que não são levados ao 
conhecimento das autoridades). 
 
15. PREVENÇÃO DO DELITO 
Entende-se por prevenção delitiva o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência 
do delito. Segundo Monica Gamboa, existe um consenso geral em reconhecer que a prevenção 
do delito constituiu um dos principais objetivos da criminologia, afirmando-se com frequência 
que é melhor prevenir o crime do que reprimi-lo. 
De forma mais concreta, quase todos os especialistas na matéria estimam que a 
prevenção do delito representa, senão a principal função, pelo menos uma das mais importantes 
e tradicionais da atividade policial (Criminologia, matéria básica, pag. 69). 
1. Medidas diretas e indiretas de prevenção criminal 
 Medidas indiretas: em regra visam as causas do crime, sem atingi-lo de imediato. O 
crime só seria alcançado porque, cessada a causa, cessam os efeitos (sublata causa tolitur 
efectus). Trata-se de excelente ação profilática, que demanda um campo de atuação intenso e 
extenso, buscando todas as causas possíveis da criminalidade, próximas ou remotas, genéricas 
ou específicas. Como exemplo, pode-se citar: a urbanização das cidades, a desfavelização, o 
fomento de empregos e reciclagem profissional, a educação pública, gratuita e acessível a todos 
etc. 
 
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 Medidas diretas: direcionam-se para a infração penal in itinere ou em formação (iter 
criminis). Grande valia possuem as medidas de ordem jurídica, dentre as quais se destacam 
aquelas atinentes à efetiva punição de crimes graves, incluindo os de colarinho branco; 
repressão implacável às infrações penais de todos os matizes (tolerância zero), substituindo o 
direito penal nas pequenas infrações pela adoção de medidas de cunho administrativo (Police 
acts); atuação da polícia ostensiva em seu papel de prevenção, manutenção da ordem e 
vigilância; aparelhar e treinar as polícias judiciárias para a repressão delitiva em todos os 
segmentos da criminalidade; repressão jurídicoprocessual, além de medidas de cunho 
administrativo, contra o jogo, a prostituição, a pornografia generalizada etc.; elevação de 
valores morais, com o culto à família, religião, costumes e ética, além da reconstrução do 
sentimento de civismo, estranhamente ausente entre os brasileiros (Manual Esquemático de 
Criminologia, 2012, pg 97). 
 
2. Prevenção primária, secundária e terciária 
 Primária: Ataca a raiz do conflito (educação, emprego, moradia, segurança etc.); aqui 
desponta a inelutável necessidade de o Estado, de forma célere, implantar os direitos sociais 
progressiva e universalmente, atribuindo a fatores exógenos a etiologia delitiva; a prevenção 
primária liga-se à garantia de educação, saúde, trabalho, segurança e qualidade de vida do povo, 
instrumentos preventivos de médio e longo prazo. 
 Secundária: destina-se a setores da sociedade que podem vir a padecer do problema 
criminal e não ao indivíduo, manifestando-se a curto e médio prazo de maneira seletiva, ligando-
se à ação policial, programas de apoio, controle das comunicações etc. 
 Terciária: voltada ao recluso, visando sua recuperação e evitando a reincidência 
(sistema prisional); realiza-se por meio de medidas socioeducativas, como a laborterapia, a 
liberdade assistida, a prestação de serviços comunitários etc (Manual Esquemático de 
Criminologia, 2012, pg 98). 
 
3. Prevenção geral e prevenção especial 
 Prevenção geral: a pena se dirige à sociedade, intimidando os propensos a delinquir. 
Como expõe Magalhães Noronha, a pena “dirige-se à sociedade, tem por escopo intimidar os 
propensos a delinquir, os que tangenciam o Código Penal, os destituídos de freios inibitórios 
seguros, advertindo-os de não transgredirem o mínimo ético”. 
 
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 Prevenção especial: atenta para o fato de que o delito é instado por fatores 
endógenos e exógenos, de modo que busca alcançar a reeducação do indivíduo e sua 
recuperação. Por esse motivo, sua individualização se trata de preceito constitucional (art. 5º, 
XLVI). 
 
4. Prevenção geral negativa e prevenção geral positiva 
 Prevenção geral negativa (prevenção por intimidação): a pena aplicada ao autor do 
delito reflete na comunidade, levando os demais membros do grupo social, ao observar a 
condenação, a repensar antes da prática delituosa. 
 Prevenção geral positiva ou integradora: direciona-se a atingir a consciência geral, 
incutindo a necessidade de respeito aos valores mais importantes da comunidade e, por 
conseguinte, à ordem jurídica (Manual Esquemático de Criminologia, 2012, pg 100). 
 
5. Prevenção especial negativa e prevenção especial positiva 
 Prevenção especial negativa: existe uma espécie de neutralização do autor do delito, 
que se materializa com a segregação no cárcere. Essa retirada provisória do autor do fato do 
convívio social impede que ele cometa novos delitos, pelo menos no ambiente social do qual foi 
privado. 
 Prevenção especial positiva: a finalidade da pena consiste em fazer com que o autor 
desista de cometer novas infrações, assumindo caráter ressocializador e pedagógico. 
 
16. TEMAS CONTEMPORÂNEOS EM CRIMINOLOGIA 
Com base na obra de Nestor Sampaio, pode-se observar os seguintes fenômenos: 
 Bulling: consiste no desejo consciente e intencional de maltratar uma pessoa ou 
deixá-la sob tensão, manifestando-se sobretudo no ambiente escolar. Não se confunde com as 
brincadeiras pueris entre crianças e adolescentes. No Brasil não existe correspondente para essa 
palavra inglesa, mas inúmeras condutas significam discriminação e violência, como colocar 
apelidos pejorativos, isolar, perseguir, tiranizar, agredir, roubar, provocar etc. 
 
 
 
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 Assédio moral ou “mobbing”: tema recorrente em criminologia, também chamado 
de manipulação perversa ou terrorismo psicológico, expressões mais comumente empregadas 
para sua definição. “Assediar”, por sua vez, significa perseguir com insistência(incomodar, 
molestar). No setor trabalhista, mobbing significa os atos e comportamentos provindos do 
patrão, gerente, superior hierárquico ou dos colegas que traduzem uma atitude de contínua e 
ostensiva perseguição que possa acarretar danos relevantes às condições físicas, psíquicas e 
morais da vítima. 
 Stalking: é uma modalidade de assédio moral mais grave, notadamente porque se 
reveste de ilicitude penal. Geralmente ocasiona invasão de privacidade da vítima; reiteração de 
atos; danos emocionais; danos a sua reputação; mudança de modo de vida e restrição ao direito 
de ir e vir. Exemplos: ligações no celular, ramalhetes de flores, mensagens amorosas, e-mails 
indesejáveis, espera na saída do trabalho etc. 
 
17. GARANTISMO PENAL 
O garantismo penal tem em Luigi Ferrajoli a figura do seu principal entusiasta. Surge 
com a obra Direito e Razão, considerada por muitos a “bíblia” dos estudos garantistas. 
Trata-se de um modelo universal – e por essa razão se transforma em uma meta a ser 
alcançada pelos operadores do Direito – destinado a contribuir com a moderna crise que assola 
os sistemas penais, desde o nascedouro da lei até o final do cumprimento da sanção penal, 
atingindo, até mesmo, particularidades inerentes ao acusado depois da execução penal. 
Engloba, assim, diversas fases: criação da lei penal, com eleição dos bens jurídicos 
tutelados, validade das normas e princípios do direito e do processo penal, respeito pelas regras 
e garantias inerentes à atividade jurisdicional, a regular função dos sujeitos processuais, as 
peculiaridades da execução penal etc. 
Ferrajoli assenta seu sistema garantista (também chamado de cognitivo ou de 
legalidade estrita) em dez axiomas ou princípios axiológicos fundamentais, a saber: 
1) Nulla poena sine crimine: princípio da retributividade ou da consequencialidade da 
pena em relação ao delito; 
2) Nullum crimen sine lege: princípio da reserva legal; 
3) Nulla lex (poenalis) sine necessitate: princípio da necessidade ou da economia do 
direito penal; 
4) Nulla necessitas sine injuria: princípio da lesividade ou da ofensividade do resultado; 
5) Nulla injuria sine actione: princípio da materialidade ou da exterioridade da ação; 
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6) Nulla actio sine culpa: princípio da culpabilidade ou da responsabilidade pessoal; 
7) Nulla culpa sine judicio: princípio da jurisdicionalidade; 
8) Nullum judicium sine accusatione: princípio acusatório ou da separação entre juiz e 
acusação; 
9) Nulla accusatio sine probatione: princípio do ônus da prova ou da verificação; 
10) Nulla probatio sine defensione: princípio do contraditório ou da defesa, ou da 
falseabilidade. Esses princípios, de índole penal e processual penal, compõem um modelo-
limite, apenas tendencialmente e jamais perfeitamente capazes de atender todos os direitos e 
garantias do ser humano. Irradiam reflexos em todo o sistema, alterando as regras do jogo 
fundamental do Direito Penal. 
 
O que vem a ser o “Garantismo Penal Hiperbólico Monocular”? 
O garantismo penal hiperbólico monocular nada mais é do que uma visão distorcida 
dos reais pilares fundantes da doutrina de Ferrajoli. 
 É "hiperbólico" porque é aplicado de uma forma ampliada, abrangente e 
desproporcional. 
É "monocular" porque só enxerga, focaliza e dá primazia aos direitos fundamentais do 
acusado (apenas um lado do processo). 
Contrapõe-se, deste modo, ao Garantismo Penal Integral, tal como sustentado por 
Ferrajoli, que visa resguardar os direitos fundamentais não só dos acusados, mas também e em 
boa medida, das vítimas, da sociedade como um todo. 
Em síntese, é crítica realizada por defensores da não aplicação exarcebada dos 
garantismos que têm apenas como principal visão a do acusado. Esta corrente seria, neste 
sentido, hiperbólica monuclear, já que extrema e com uma visão apenas (monuclear). 
 
18. DIREITO PENAL E ENFRENTAMENTO DA CRIMINALIDADE MODERNA 
As modificações introduzidas na humanidade ao longo dos últimos anos, com 
fenômenos como a globalização, a massificação dos problemas e, principalmente, a 
configuração de uma sociedade de risco, implicaram em profundas alterações no Direito Penal. 
Criou-se um “direito penal do risco”. 
 
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Nas palavras de Luis Gracia Martín: O direito penal moderno é próprio e característico 
da “sociedade de risco”. O controle, a prevenção e a gestão de riscos gerais são tarefas que o 
Estado deve assumir, e assume efetivamente de modo relevante. 
Para a realização de tais objetivos o legislador recorre ao tipo penal de perigo abstrato 
como instrumento técnico adequado por excelência. Por ele, o direito penal moderno, ou ao 
menos uma parte considerável dele, se denomina como “direito penal do risco”. 
Nesse contexto, a sociedade moderna destaca-se por ser uma sociedade de massas, o 
que no contexto atual significa que se tem de administrar comportamentos de massa distintos, 
mas também uniformes dos cidadãos. 
O comportamento uniforme acarreta especiais dificuldades. Com efeito, o fato de o 
Direito Penal ser frequentemente convocado a controlar os novos problemas sociais acarretou 
mudanças na sua estrutura clássica, deturpando-se inclusive conceitos arraigados ao longo da 
história. 
O poder por ele transmitido mostra-se necessário para enfrentar os novos riscos da 
sociedade, na qual desponta a sensação de insegurança, profundamente institucionalizada, o 
delineamento de uma classe de “sujeitos passivos” dos recentes problemas, a identificação da 
maioria dos membros da comunidade com a vítima do delito e o descrédito de outras instâncias 
de proteção. Daí resultou de modo quase natural a “expansão do Direito Penal”, entrando essa 
disciplina em profundo dilema: Como enfrentar todas essas novas complicações? Com 
intervenção máxima, incriminando o maior número possível de condutas, mesmo sabendo ser 
seu arsenal insuficiente para tanto? Ou deveria limitar-se somente aos casos extremos, de 
afronta a bens jurídicos individuais, relegando para outros ramos do Direito a proteção de 
interesses diversos? 
Em suma, deveria o Direito Penal manter seu perfil clássico ou, então, seria mais 
coerente adaptar-se aos novos tempos, com todas as alterações exigidas para alcançar esse 
patamar? 
É óbvio que, em qualquer das hipóteses, não se pode olvidar a subsidiariedade do 
Direito Penal, muito menos o seu caráter fragmentário, destinando-se exclusivamente à 
proteção de bens jurídicos. 
 Como se sabe, o caráter subsidiário do Direito Penal resulta também da função 
limitadora instituída pelo Estado Democrático de Direito ao ordenamento penal, qual seja, a 
proteção de bens jurídicos fundamentais à coexistência em sociedade, promovendo o livre 
desenvolvimento da personalidade humana. Além disso, refere-se também à necessidade da 
tutela penal, pois sua fundamentação teórica remete ao conceito de Estado que, na acepção 
sob a qual foi instituído pela Constituição, obriga a intervenção punitiva a ter a menor 
intensidade possível, eis que impregnada de elevado índice de restrição e violação de direitos. 
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De fato, deve o Poder Público interferir o mínimo possível na vida do cidadão, 
garantindo-lhe a máxima liberdade. Intrinsecamente relacionado à subsidiariedade, desponta o 
caráter fragmentário do Direito Penal, ou seja, nem toda categoria de ilícitos constitui-se em 
infração penal, mas todo crime ou contravenção necessariamente representa um ato ilícito 
perante o ordenamento jurídico. 
Dessa forma, o Direito Penal somente se legitima quando todos os demais ramos 
mostrarem-se impotentes, uma vez que nele está contida a mais forte agressão estatal contra 
os direitos do cidadão. 
Como ensina Jesús-María Silva Sánchez: Há, pois, ataques contra bens jurídicos penais 
que não dão lugar à punibilidade da conduta correspondente. A ele se refere o princípio da 
fragmentariedade na proteção dos bens jurídicos penais, segundo o qual apenas podem 
constituir fatos penalmente relevantes as modalidades de ataques mais graves contra tais bens 
jurídicos penais. 
A análise da legislação moderna indica que o Direito Penal tem preferido um meio-
termo, buscando a sua adaptação aos novos tempos sem, entretanto, relegar a outros ramos do 
Direito a relevante missão de combate à criminalidade e garantia da paz pública. Possivelmente, 
como afirma Paulo da Silva Fernandes, em razão da “badalada ‘fuga’ para o direito penal, fruto 
do aumento da insegurança e do medo. 
Aquele é tido por muitos, dada a natureza e o âmbito da panóplia de sanções ao seu 
dispor, como o garante par excelénce (do repor) da segurança”. Daí surgem, inexoravelmente, 
alguns problemas. Devem-se evitar a funcionalização e a desformalização do Direito Penal. 
A expansão incontrolável pode provocar o esquecimento de sua função precípua, qual 
seja, a proteção exclusiva de bens jurídicos indispensáveis para o desenvolvimento do indivíduo 
e da sociedade, em face de sua administrativização, e, consequentemente, com a criação de leis 
penais meramente simbólicas e de tipos penais de perigo abstrato em prejuízo de crimes de 
dano e de perigo concreto. 
Essa desmedida funcionalização acarretaria, ainda, na opção constante ao recurso às 
leis penais em branco, a conceitos indeterminados e a cláusulas gerais, flexibilizando, ou até 
mesmo eliminando, conceitos sólidos acerca da tentativa – em face da antecipação da tutela 
penal –, do dolo e da culpa, permitindo, em alguns casos, a responsabilidade objetiva, além das 
definições de autoria e participação. 
 
 
 
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Como destaca Manuel da Costa Andrade, almeja-se, dessa forma, conferir à sociedade 
o “efeito analgésico ou tranquilizante” do Direito Penal. Para solucionar esse impasse, e todos 
os problemas daí decorrentes, a doutrina estrangeira apresenta algumas formas de solução para 
o “mergulho do Direito Penal nas turbulentas águas do risco”: o direito intervencionista, as 
velocidades do Direito Penal, o Direito Penal do inimigo e o Direito Penal como proteção de 
contextos da vida em sociedade. Passemos à análise de cada uma das teorias. 
 
1. DIREITO INTERVENCIONISTA OU DE INTERVENÇÃO 
Ao contrário do que a mera análise gramatical da expressão quer indicar, o direito 
intervencionista ou de intervenção não se contrapõe ao princípio da intervenção mínima, 
consagrado pelas legislações modernas desde que foi previsto originariamente no art. 8º da 
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, datada de 1789. 
O direito intervencionista respeita o princípio da intervenção mínima mais, inclusive, 
do que o Direito Penal clássico. Nem poderia ser diferente, por força da finalidade a que se 
propõe. Seu criador e principal defensor é o alemão Winfried Hassemer. 
Para ele, o Direito Penal não oferece resposta satisfatória para a criminalidade oriunda 
das sociedades modernas. Além disso, o poder punitivo estatal deveria limitar-se ao núcleo do 
Direito Penal, isto é, à estrutura clássica dessa disciplina, sendo os problemas resultantes dos 
riscos da modernidade resolvidos pelo direito de intervenção, única solução apta a enfrentar a 
atual criminalidade. E o direito de intervenção consiste na eliminação de uma parte da atual 
modernidade do Direito Penal, mediante a busca de uma dupla tarefa. Inicialmente, reduzindo-
o ao Direito Penal básico, fazendo parte deste cerne somente as lesões de bens jurídicos 
individuais e sua colocação concreta em perigo. 
Em segundo plano, concedendo aos bens jurídicos “universais” – objetos dos maiores 
riscos e ameaças da atualidade, de natureza difusa e relativamente controláveis – um 
tratamento jurídico diverso do conferido aos bens individuais. Abra-se espaço para o discurso 
da resistência à tutela penal de bens jurídicos difusos e coletivos. 
Deveras, Hassemer afirma que deve ser almejada a criação de um direito 
intervencionista que possibilite tratar adequadamente os problemas que apenas de modo 
forçado podem ser tratados no âmbito do Direito Penal clássico, já que este não tem vocação 
para lidar com as questões inerentes à modernidade. 
Assim, cabe aos aplicadores optar pela sequência na modernização do Direito Penal 
ou, então, por libertá-lo das modernas exigências. Em sua opinião, a primeira opção importa no 
aumento de custos, esvaziando as instituições centrais do Direito Penal, que passaria a ter 
função meramente simbólica. 
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Destarte, para não sobrecarregá-lo com o peso da modernização, deveriam ser 
regulamentados os problemas por ela causados com um direito de intervenção, situado entre o 
Direito Penal e o Contravencional, entre o Direito Civil e o Direito Público, dotado de garantias 
menos amplas das que regem o Direito Penal clássico, com a consequente imposição de sanções 
menos drásticas. 
Ademais, como observado por Alberto Silva Franco, essa nova faceta se situaria fora 
do âmbito do Direito Penal, “nas vizinhanças do direito administrativo sancionador”. 
Em síntese, portanto, o direito de intervenção, na forma proposta por Winfried 
Hassemer, consiste na manutenção, no âmbito do Direito Penal, somente das condutas lesivas 
aos bens jurídicos individuais e também daquelas que causam perigo concreto. 
As demais, de índole difusa ou coletiva, e causadoras de perigo abstrato, por serem 
apenadas de maneira mais branda, seriam reguladas por um sistema jurídico diverso, com 
garantias materiais e processuais mais flexíveis, possibilitando um tratamento mais célere e 
amplo dessas questões, sob pena de tornar o Direito Penal inócuo e simbólico. 
Além disso, não seria tarefa do Poder Judiciário aplicá-las, e sim da Administração 
Pública. 
Cumpre consignar que o direito de intervenção, para ser efetivo, teria de contemplar 
preceitos que atualmente encontram-se no Direito Penal, como os ilícitos econômicos e 
ambientais. 
Não se destina a ampliar a intervenção punitiva do Estado, mas a diminuí-la. 
Exemplificativamente, seria muito melhor a retirada do Direito Penal das condutas que hoje 
constituem crimes ambientais, transportando-as para o direito de intervenção, em que os ilícitos 
seriam combatidos com sanções diversas, mais céleres, tais como a multa, a suspensão e a 
interdição de atividades etc. 
Como afirma o penalista germânico, os limites do Direito de Intervenção ainda não 
estão muito detalhados e a sua própria aplicação revela-sepor ora um tanto quanto temerária. 
São suas palavras: [...] a não intervenção pressupõe o aperfeiçoamento e a 
complementação do saber criminológico, com isso ela torna em prática o interesse preventivo-
individual, a relação com os problemas concretos do caso. 
Dificilmente se pode aceitar que essas alternativas à execução da pena privativa de 
liberdade se tornem possíveis para os delitos e os delinquentes em um tempo previsível. 
Portanto, para isso, depende de que se reúnam, o mais rápido possível, experiências seguras 
sobre os meios não interventivos face a determinadas situações. Sua proposta, contudo, recebe 
fortes críticas. 
Criminologia 
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A propósito, Jorge de Figueiredo Dias assim se refere a essa construção doutrinária. 
Para Figueiredo Dias, o direito de intervenção seria uma inversão temerária dos princípios da 
subsidiariedade e da proporcionalidade, uma vez que relegaria a seara mais suave do 
ordenamento jurídico justamente as infrações que colocam em maior risco a estrutura da 
sociedade, ao mesmo tempo em que, para elas, de grave repercussão difusa, estariam previstas 
sanções muito brandas e insuficientes para a punição e ressocialização de seus autores. 
 
19. MOVIMENTO LEI E ORDEM 
O movimento Lei e Ordem (ou Law & Order) foi um movimento de política criminal 
vigente nos Estados Unidos, em especial a partir dos anos 1980, que, em linhas gerais, endossava 
uma maior atuação policial de modo a restaurar a ordem nos grandes centros urbanos e diminuir 
a criminalidade. 
O Law and Order serviu como contraponto ao abrandamento da repressão policial que 
se deu no período após a Segunda Guerra Mundial e se justificava pela necessidade de combater 
os pequenos delitos ou atos de delinquência que se multiplicavam nas metrópoles, os quais 
causavam uma sensação generalizada de insegurança. 
Essa política criminal ganhou embasamento teórico com a publicação, em 1975, da 
obra Pensando sobre o delito, do criminólogo James Q. Wilson, associado à direita punitiva 
americana, e ganhou fama com o livro Fixing Broken Windows, dos também criminólogos 
George L. Kelling e Catherine M. Coles. 
O movimento Lei e Ordem representa o discurso do Direito Penal Máximo, ou seja, 
que a forma de solução para todos os males da sociedade moderna é indubitavelmente o Direito 
Penal. Passou-se a se proliferar no final do século XX e início do século XXI, principalmente por 
meio da mídia, seu fundamental aliado. 
O forte sensacionalismo que a mídia utiliza, aliado a transmissão de imagens chocantes 
e a uma educação ainda frágil, são os pilares centrais e propulsores, para o crescimento de tal 
movimento. 
O Movimento de Lei e Ordem teve como finalidade transformar conhecimentos 
empíricos sobre o crime, propondo alternativas e programas a partir de sua perspectiva. A pena, 
a prisão, a punição e a penalização de grande quantidade de condutas ilícitas são seus objetivos. 
Para tal ideologia a sociedade estaria dividida em dois grupos: o primeiro, composto de pessoas 
de bem, merecedoras de proteção legal; o segundo, de homens maus, os delinquentes, aos 
quais se endereça toda a rudeza e severidade da lei penal. Adotando essas regras, o Projeto 
Alternativo alemão de 1966 dizia que a pena criminal era "uma amarga necessidade numa 
comunidade de seres imperfeitos 
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A insistência do noticiário sobre o protagonismos dos crimes criou a síndrome da 
vitimização. A população passou a crer que a qualquer momento o cidadão poderia ser vítima 
de um ataque criminoso, gerando a ideia da urgente necessidade da agravação das penas e da 
definição de novos tipos penais, em busca de maior tranquilidade. 
 
1. TOLERÂNCIA ZERO 
Tal doutrina sofreu uma ramificação, no início da década de 90 através do movimento 
que se denominou "Tolerância Zero", que se originou em Nova York, no governo do então 
prefeito Rudolph Giuliani, e assim como o Movimento de Lei e Ordem é também de cunho 
político-criminal. Há uma vulgarização da “teoria da vidraça quebrada”. 
Na realidade a política de tolerância zero, surgiu não com o intuito primordial de 
diminuir a criminalidade, mas de refrear a insegurança das classes altas e médias da sociedade, 
tirando os “excrementos humanos” de vista e recriminando severamente os delitos de menor 
porte. 
Em síntese, o movimento desabrochou-se no seio das classes mais favorecidas da 
sociedade que clamavam por segurança. O governo Giuliani foi marcado por um aumento na 
repressão policial às pessoas consideradas estranhas ou indesejáveis aos “cidadãos”, como 
moradores de rua, limpadores de para-brisa e gangues de jovens. A política criminal 
implementada visava combater os pequenos delitos para restaurar a confiança na população e 
eliminar a sensação de insegurança. 
De fato, apesar de quase todos os nova-iorquinos temerem crimes mais graves como 
homicídio e estupro, o medo que neles incidia vinha de situações aparentemente banais como 
mendicância, porte de drogas e embriaguez. 
Assim, o prefeito colocou a polícia nas ruas para combater qualquer tipo de desordem 
e os resultados imediatos agradaram o eleitorado. Se a política de tolerância zero estava, por 
um lado, atrelada a uma moral ultraconservadora de criminalização da pobreza e gerou efeitos 
perversos à população mais carente, em especial à juventude negra, por outro ela foi 
largamente importada pelos demais países capitalistas. O movimento de lei e ordem busca 
trazer sensação de segurança ao cidadãos e fazer com que eles ocupem locais antes 
abandonados em função da degradação causadas por pessoas com comportamentos 
indesejados, como mendicância, embriaguez, uso e tráfico de drogas, prostituição, dentre 
outros.

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