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TEMA DE FÓRUM 
 
Disciplina: CONTABILIDADE 
Professor: Rodolfo Gaboardi 
 
Contadores dispostos à mudança tem um futuro próspero 
 
Marcia Ruiz Alcazar* 
 
Começamos 2019 com tudo novo: novo governo, novas propostas para que o 
Brasil siga o caminho do desenvolvimento, com as reformas que se fazem 
necessárias e a diminuição dos gastos do governo. Apoiamos uma política tributária 
mais justa, o combate à corrupção e a aplicação dos recursos públicos de forma 
correta e transparente, como quer o novo governo. 
Nós contadores temos as informações e os instrumentos de controle que podem 
ajudar a passar a limpo as contas públicas, alicerçadas na governança, no 
compliance, nas práticas regulatórias, com responsabilidade e ética. 
De tempos em tempos, aparecem notícias profetizando que esta ou aquela profissão 
vai acabar. De fato, com a evolução tecnológica, muitos profissionais acabaram 
perdendo seus cargos – caso das telefonistas, dos acendedores de lampiões ou dos 
vendedores de enciclopédias. 
Certamente, não é o caso dos profissionais da contabilidade. Apesar de já 
estarmos em plena 4ª Revolução Industrial, com emprego de inteligência artificial, o 
trabalho do profissional da contabilidade requer continuidade da aprendizagem, 
empatia com o cliente e decisões analíticas. 
Não apenas não seremos extintos como pudemos comprovar na nossa recente 
participação no World Congress of Accountants (WCOA 2018), em Sydney, Austrália, 
com a presença de quase 6.000 profissionais de 131 países presentes, que a 
contabilidade é uma ciência que exige estratégia, pois toda informação obtida – 
mesmo que seja por inteligência artificial – terá que ser conferida, analisada e 
chancelada pelo profissional da contabilidade. 
 
 
Nós queremos contribuir para uma política econômico-social nova para o nosso 
país porque somos uma profissão que passou por uma série de mudanças que 
ajudaram a melhorar nosso desempenho profissional, contribuiu para o crescimento 
dos empreendimentos e pode ajudar a salvar nosso país! 
Os contadores passaram de relevantes a essenciais. Somos profissionais de 
tomada de decisão e não apenas de organização da informação, pois esta já está 
sendo estruturada e organizada pelas plataformas de reconhecimento digital da 
informação, os Robotic Process Automation (RPA), a Artificial Intelligence (AI), a 
Internet of Things (IOT), entre tantas outras soluções tecnológicas exponenciais. 
Se o mundo não acabou no ano 2000 como alguém pode afirmar que a profissão 
contábil vai acabar em poucos anos? Em 1946 conquistamos a regulamentação da 
profissão contábil em nosso país como guarda-livros e hoje, nem livros temos mais 
para guardar. 
Que a transformação sempre presente em nossas vidas traga a simplificação 
desejada e que a automatização de processos impacte positivamente na vida de 
todos os contadores. 
Um Brasil melhor precisa de mais contadores habilitados colaborando com um 
ambiente de negócios muito mais harmonizado e menos burocrático. Uma sociedade 
qualificada entende e respeita a contabilidade e não a confunde com burocracia 
brasileira. 
Contabilidade evidencia, revela, sinaliza, demonstra, inspira, simplifica a vida e 
dá condições plenas para que todo e qualquer patrimônio seja gerido com 
responsabilidade, zelo e transparência. 
Quem procura só preço e compara a contabilidade a qualquer coisa chata com 
certeza arca com o ônus em ignorar como nós contadores somos protagonistas em 
atuarmos com transparência na proteção do interesse público. 
Onde há ordem existe progresso e onde há progresso tem sempre contabilidade 
reconhecida, valorizada e feita por profissionais da contabilidade devidamente 
habilitados. 
Não existe fé pública e nem fé tecnológica sem a presença do profissional da 
contabilidade. Nada substitui a essência existente na subjetividade das decisões. 
Essa capacidade humana todos nós profissionais da contabilidade já detemos e 
precisamos sempre nos orgulhar de ter um CRC. 
 
 
*Presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo 
(CRCSP). 
 
 
Artigo: O futuro da contabilidade pertence ao profissional que se reinventar 
 
Marcia Ruiz Alcazar* 
 
O desenvolvimento de novas tecnologias que passam a fazer parte do nosso 
dia a dia costuma assustar diversos profissionais. Além da necessidade de 
adaptação, é comum surgir o receio de que o trabalho executado passará a ser 
realizado por uma máquina. Na área contábil, a apreensão não é diferente, ainda 
mais em meio à transformação do mundo 4.0 sobre o qual paira a ameaça de 
substituição dos trabalhadores pela inteligência artificial. 
É fato que as máquinas foram incorporadas ao nosso trabalho, mas isso de 
modo algum significou o fim da nossa profissão. Pelo contrário, ao nos 
desvencilharmos de alguns processos mais mecânicos, ganhamos tempo para 
realizarmos outros de cunho intelectual. Deixamos para as máquinas o que pode ser 
automatizado e nos debruçamos sobre o que precisa de interpretação. O resultado 
disso é que nossa profissão não acabou. Ela evoluiu. 
Se o desassossego persiste devido às mudanças que continuam em curso, 
pelas vivências em cursos de gestão e inovação contábil realizados na Universidade 
de Stanford (Vale do Silício), no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e, 
futuramente, no Imperial College, em Londres, afirmo, sem receio algum, que nossa 
profissão não irá acabar. Ao invés disso, ela continuará avançando. 
O modelo convencional de organização e processamento das informações será 
substituído. Vejam o que aconteceu com sistema financeiro, com os meios de 
pagamento etc. O serviço contábil também compõe a indústria de serviços 
financeiros. Temos hoje as criptomoedas, como bitcoins, ethereum, entre outras, e a 
revolucionária tecnologia blockchainque é o nosso velho conhecido livro de razão 
contábil. 
 
 
A tecnologia vai colaborar muito com a atividade desenvolvida pelo contador. 
Imagine, por exemplo, que todos os contribuintes apresentarão dados estruturados, 
vinculados e validados. O tempo oneroso de higienização da informação que é 
dispendido no processo contábil será eliminado. Não será mais necessário classificar, 
conciliar, elaborar análises. A informação estará lapidada exigindo do profissional 
muito mais assertividade, visão crítica, questionamentos e raciocínio lógico. A ciência 
contábil poderá ser exercida sem desvios de foco e tempo e energia não serão mais 
desperdiçados com as diversas obrigações fiscais impostas pelo governo brasileiro. 
Pela natureza de nosso trabalho, temos acesso a diversos dados dos nossos 
clientes. Sabendo que a moeda do futuro é a informação, precisamos nos dar conta 
disso e aproveitarmos as inúmeras oportunidades de prestarmos serviços únicos e 
personalizados para nossos clientes. 
O Estado de São Paulo possui cerca de 20 mil organizações contábeis e muitos 
se questionam sobre o futuro desses empresários. Uma saída é desenvolver e 
oferecer aos clientes ações relacionadas à economia e consumo colaborativos. 
Plataformas de mineração de dados poderão indicar necessidades comuns e o 
empresário contábil poderá ser o grande mentor desse novo tempo para as micro e 
pequenas empresas que, segundo o Sebrae, representam 99% dos 6,4 milhões de 
estabelecimentos no país e precisam manter sua contabilidade terceirizada. 
Nosso trabalho como contadores é relevante para o mundo dos negócios. 
Precisamos nos valorizar. Porém, para isso, é necessário também nos reinventarmos 
neste mercado em constante evolução se quisermos acompanhar o novo mundo 4.0. 
O processo de estruturação da informação tem cada vez menos valor. A moeda do 
futurojá é o dado estruturado. 
A formação dos novos profissionais deve focar no estudo das normas contábeis 
e no desenvolvimento do raciocínio lógico e do senso crítico. Ao mesmo tempo, é 
preciso desmistificar o que é mineração e engenharia de dados, trabalhar com 
soluções inovadoras que substituem todo e qualquer processo manual, fomentar a 
economia colaborativa e desenvolver, além de networking, a viabilidade de 
coworkingpara incentivar a relevância da profissão ainda na universidade. 
 
 
 
O governo brasileiro de alguma forma impulsionou isso e ao implementar no 
país o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), que nos apresenta uma grande 
oportunidade. O olhar da responsabilidade subjetiva, delegado a nós, profissionais 
contábeis, com a implementação das normas internacionais (IFRS), jamais será 
substituído por um robô. 
Embora a relevância do valor humano na tomada de decisões não perca seu 
valor, não podemos dizer o mesmo do profissional que ficar em sua zona de conforto. 
O domínio da ciência contábil não será suficiente para assegurar a permanência no 
mercado de trabalho se o profissional não entender que vivemos uma revolução e 
investir em conhecimentos na área de tecnologia. 
Neste 22 de setembro, data em que comemoramos o Dia do Contador, quero 
parabenizar os quase 95 mil contadores no Estado de São Paulo e mais de 350 mil 
em todo o país que escolheram a ciência contábil para suas vidas. Que estas 
reflexões sobre o futuro da nossa profissão sejam estímulos para desenvolvermos 
todo o nosso potencial. Somos profissionais resilientes, não tememos as disrupturas. 
Como bem escreveu o professor de Literatura Fernando Teixeira de Andrade: 
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do 
nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos 
lugares. É o tempo da travessia. E se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para 
sempre à margem de nós mesmos. ” 
 
*Presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo – 
CRCSP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Artigo: Excesso de exigências burocráticas contribuem para fechamento de 
empresas no Brasil 
 
Marcia Ruiz Alcazar* 
 
Mais de 60% das empresas brasileiras fecham antes de completarem cinco 
anos, segundo pesquisa do IBGE, divulgada em 2017. Os dados mostram que, dentre 
as causas do fechamento, a burocracia na operação da empresa impede o bom 
andamento dos negócios. Os empreendedores e gestores no Brasil dedicam uma 
enorme quantidade de tempo - em torno de 2.000 horas por ano, segundo o Banco 
Mundial, apenas para lidar com questões burocráticas e com o pagamento de 
impostos. 
No lugar de focar na gestão e operação do seu negócio, empreendedores 
sofrem com a complexidade tributária. No Brasil, são criadas 30 novas regras 
tributárias todos os dias, ou mais de uma norma a cada hora. Existem em vigor 63 
tributos e 97 obrigações acessórias, que devem ser enviados ao Fisco com prazos 
pré-estabelecidos, sob pena de multa. 
É esse emaranhado em que se embolam as empresas e onde os profissionais 
da contabilidade, que lidam com essa burocracia tributária, são obrigados a seguir 
3.790 normas, o que equivale a 5,9 quilômetros de folhas impressas, segundo 
pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). 
Exportados para sistemas desenvolvidos pelo Fisco, com transmissão via 
internet, nem por isso a burocracia diminuiu. A via eletrônica continua complexa e 
burocrática, serve para aumentar o custo da fiscalização, gerando um valor maior 
para as empresas, que devem ter mais sistemas e mais controle para prestar ao 
Fisco. 
O profissional da contabilidade brasileiro precisa ter um conhecimento 
enciclopédico: deve conhecer a legislação federal, as 27 legislações tributárias 
estaduais e as 5.570 municipais! 
As novas normas surgidas todos os dias, com várias exceções à regra, cada 
uma com um cálculo diferente, de cada regulamentação específica, que muitas vezes 
devem ser enviadas em duplicidade - pois nem todos os sistemas dos estados estão 
 
integrados -, obriga os profissionais e empresários da contabilidade a trabalharem 
muito mais para o governo do que para seus clientes. 
Segundo o Banco Mundial, o Brasil é o campeão de desperdício de tempo no 
cálculo e pagamento de impostos. As 1.958 horas gastas por ano nessa tarefa 
colocam o Brasil como lanterninha no cumprimento das obrigações tributárias. A 
Bolívia ocupa o penúltimo lugar com 1.025 horas por ano; a Argentina gasta, em 
média, 311,5 horas/ano; o México, 240,5 horas/ano e os países da Organização para 
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 160,7 horas anuais. 
Obrigação acessória não deve ser obrigatória. Já basta cumprirmos a obrigação 
principal de pagar impostos abusivos neste país. 
Não criamos resistência alguma para que a plataforma do Sistema Público de 
Escrituração Digital (Sped) desse certo, participamos de comitês técnicos com 
postura sempre colaborativa em busca de um ambiente de negócios muito mais 
favorável, acreditando que as antigas obrigações acessórias seriam extintas. Mas 
hoje temos mais estas obrigações acessórias: Sped NF-e, Sped ECD, Sped ECF, 
Sped Contribuições, Sped Fiscal, Sped e Social. 
Na prática fomos enganados, acumulamos função de controle fiscal com essa 
imposição. Estamos atolados e sobrecarregados com tanta redundância de 
informação. Até quando? 
Agora queremos o FIM! FIM das multas das obrigações acessórias e, 
principalmente, o FIM das antigas obrigações acessórias. Em tempos de Sped não 
podemos aceitar esse acúmulo de função de controle fiscal. O que o governo precisa 
já tem, e com requintes de detalhes. Que ele se organize, estruture esses dados e 
pare de transferir para sociedade essa responsabilidade e esse custo desnecessário. 
Sai governo, entra governo, o Brasil discute a necessidade de fazer uma reforma 
tributária e simplificar o pagamento de impostos. Atualmente, há uma proposta em 
análise no Congresso. O foco é a unificação de alguns impostos e fim de isenções 
fiscais. Mas não há previsão, no entanto, de redução da burocracia. 
Antes de uma reforma tributária para redução de impostos, precisamos mesmo 
é que sejam revogadas todas as obrigações acessórias. É injusto exigir de todos, 
quando apenas poucos contribuintes são fiscalizados. 
 
 
Será que existe algum candidato com essa coragem e vontade política? A 
sociedade clama por isso há décadas e é ignorada. A classe contábil, que é composta 
por 500 mil profissionais no Brasil, atende mais de 20 milhões de empresas, que ao 
todo empregam mais de 100 milhões de trabalhadores. Merece seu devido respeito, 
pois sabe com propriedade o que pede. 
 
Vamos exigir isso de quem ousa pedir nosso voto! 
 
Mais simples do que a reforma tributária é a revogação de todas as obrigações 
acessórias. Se é acessória, não deve ser obrigatória. 
 
Esse não é o Brasil que queremos! 
 
*Presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo 
(CRCSP) 
 
REFERENCIA 
https://online.crcsp.org.br/portal/noticias/sala-da-presidencia-artigos.asp

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