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TIPOS SANGUÍNEOS EM CÃES E GATOS

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________________________ 
 
* Soratto, P.C. Tipos sanguíneos em cães e gatos. Seminário apresentado na disciplina Bioquímica do 
Tecido Animal, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul, 2016. 9p. 
TIPOS SANGUÍNEOS EM CÃES E GATOS* 
 
Histórico da transfusão 
A transfusão sanguínea é considerada uma forma de transplante, onde o sangue é 
transplantado do doador para o receptor, utilizada geralmente em casos de anemia, hemorragia, 
coagulopatia ou hipoproteinemia. Após ser coletado do cão doador, o sangue pode ser 
imediatamente transfundido em um animal receptor, ou pode ser fracionado em 
hemocomponentes (KRISTENSEN; FELDMAN, 1995). 
A história do início das transfusões sanguíneas passou por várias etapas. Inicialmente 
envolvendo transfusões de um animal para outro e em seguida, transfusões de animais ao 
homem. Os primeiros experimentos relatos com transfusão de sangue ocorreram em Oxford no 
ano de 1666, com Richard Lower (1631-1703) quem realizou experimentos com sangue 
transfundido de um cão para outro. Em 1667 Lower realizou outra transfusão, em um estudante 
da Universidade de Cambridge que havia rachado a cabeça, com sangue de ovelha transfundido 
duas vezes, e o estudante sobreviveu. Porém após este caso, outras transfusões foram realizadas 
sem o mesmo sucesso e logo esta terapia caiu em descrédito (GIANGRANDE, 2000) 
A primeira pessoa que realizou transfusão de sangue de um humano para outro foi James 
Blundell, obstetra do Hospital St. Thomas, em Londres. Após ver muitos casos de pacientes 
morrendo por hemorragia pós-parto, desenvolveu uma pesquisa sobre transfusão de sangue 
usando apenas cães. Ele mostrou que a morte por hemorragia poderia ser evitada em cães e 
concluiu que "somente o sangue humano deveria ser empregado", depois de observar que a 
doação de sangue canino para humanos levava a morte. Ele desenvolveu uma seringa com duas 
vias, e isso foi usado com um considerável grau de sucesso no tratamento de mulheres com 
hemorragia pós-parto. Seu primeiro relato de uma transfusão de sangue de entre humanos foi 
apresentado à Sociedade Médico-Cirúrgica de Londres em 22 de dezembro de 1818. Isso 
representou o início da era moderna da medicina transfusional (BLUNDELL, 1828; JONES; 
MACKMUL, 1928). 
A medicina transfusional veterinária teve início apenas a partir de 1950 quando a 
existência de equipamentos apropriados tornou praticáveis as transfusões, e nos últimos anos, 
tem ocorrido interesse cada vez mais intenso na pesquisa, e também nos aspectos clínicos da 
medicina transfusional veterinária. Bancos de sangue veterinários, para suprir a demanda das 
clínicas, foram estabelecidos desde então principalmente nos grandes centros (KRISTENSEM; 
FELDMAN, 1995). 
2 
 
Atualmente no Brasil houve um crescente interesse da comunidade científica na área da 
medicina veterinária transfusional, resultando em algumas publicações recentes sobre 
armazenamento de hemocomponentes, frequência de tipo sanguíneo, reações transfusionais e 
fatores de exclusão laboratorial em cães doadores de sangue (Reichmann e Dearo, 2001; 
Gonçalves, 2006; Callan, M.B. et al., 2008; Lacerda et al., 2009; Back et al., 2011; Baumgarten 
et al., 2011; Costa, 2011; Esteves et al., 2011; Viana, 2011; Casari, 2012; Kohn, Classe e 
Weingart, 2012; Souza et al., 2012; Thomovsky e Bach, 2014). 
 
Os doadores caninos 
O candidato a doador de sangue canino deve ser saudável, ter idade entre 2 e 8 anos, com 
preferência para mais novos que serão doadores por mais tempo e o peso deve estar em torno de 
28 kg. Devem ser cães com temperamento calmo, para facilitar a manipulação durante a coleta. 
O cão deve receber cuidados veterinários, incluindo vacinas e vermífugos regularmente. Os 
doadores não podem estar recebendo nenhuma medicação, assim como não podem ter recebido 
nenhuma transfusão sanguínea anteriormente, evitando a presença de anticorpos contra 
diferentes tipos de sangue. O uso de sedativos não é recomendado para doadores, pois requerer 
de sedação para o processo é um dos fatores que leva a exclusão de um possível doador. Para 
prevenir a possibilidade de efeitos adversos de estresse na cadela e seus filhotes, fêmeas em 
período pós-parto são evitadas como doadoras. As fêmeas doadoras devem ser nulíparas e 
castradas. Cães podem doar de 13 a 17 mL de sangue/kg de peso corporal em intervalos de 3 a 4 
semanas. 
Após o levantamento do histórico do animal, um segundo processo de triagem inicia 
através do exame clínico do doador, sendo importante que a saúde do doador seja assistida 
regularmente por um veterinário. Exames laboratoriais incluindo hemograma completo, 
bioquímica sérica de função renal e hepática, urinálise e exame de fezes são indicados para 
triagem. O hematócrito dos candidatos a doadores deverá estar acima de 40%. A determinação 
do hematócrito é indispensável para garantir produtos sanguíneos com adequada concentração 
de hemácias para transfusão e para prevenir a ocorrência de anemia secundária à doação nos 
cães e gatos doadores. 
Os testes específicos para doenças infecciosas, vão depender da epidemiologia de 
determinada doença na região geográfica do animal. Doenças infecciosas que potencialmente 
são transmitidas através da transfusão sanguínea incluem Babesia sp., Leishmania spp., Erlichia 
spp., Anaplasma sp., Neorickettsia sp., Brucella canis, Trypanossoma cruzi, Bartonella vinsonii 
e Mycoplasma spp. Além destes, o teste para Dirofillaria immits também é rotina para doadores 
3 
 
que vivem em regiões endêmicas. Triagem para agentes infecciosos que podem ter algum 
impacto sobre a saúde do doador também é uma importante consideração. 
 
Tipagem sanguínea em caninos 
As membranas celulares de eritrócitos têm antígenos espécies específicos (glicolipídeos e 
glicoproteínas) que constituem a base para a classificação de grupos de sangue. Sabe-se que 
assim os cães têm diferentes tipos sanguíneos, denominados DEA 1.1, DEA 1.2, DEA 3, DEA 
4, DEA 5, DEA 7. Os grupos DEA 6 e DEA 8 foram reconhecidos na Segunda Oficina 
Internacional de Imunogenética, mas devido a inexistência de anti-soros para estes antígenos 
não têm sido estudados. Cães não apresentam em seu organismo anticorpos naturais contra o 
sistema DEA 1, o que ocorre apenas nos sistemas DEA 3, DEA 5 e DEA 7. 
Anticorpos contra DEA 1.1 ou 1.2 são produzidos num receptor negativo 4-14 dias depois 
a primeira transfusão de eritrócitos positivos para ambos os DEA 1.1 ou 1.2 e induz a uma 
reação transfusional retardada que leva a destruição rápida de eritrócitos transfundidos, 
diminuindo a eficácia da transfusão. Se o cão recebe subsequentes transfusões de sangue 
incompatíveis, o destinatário sensibilizado pode desenvolver uma reação hemolítica aguda. 
DEA 1.1 é referido como tendo a maior relevância clínica por sua antigenicidade forte, 
e é considerado o mais forte entre todos antígenos. Portanto, a tipagem sanguínea de 
ambos, doadores e destinatários, para este antígeno é altamente recomendado. 
Os anticorpos anti-DEA 4 raramente ocorrem, e os cães DEA 4 negativos sensibilizados 
não apresentam hemólise após transfundidos com sangue DEA 4 positivos. Sendo assim, são 
considerados doadores universais os cães negativos para todos os outros grupos e positivos para 
DEA 4. 
Cães DEA 3 tem uma baixa prevalência nos Estados Unidos (6%), com maior frequência 
em cães da raça Greyhound. DEA 4 tem uma alta prevalência (98%) . Reação hemolítica grave 
à transfusão ocorreu em um cão DEA 4-negativo previamente sensibilizado a partir de 
exposição a um doador DEA 4-positivo. Antígenos DEA 5 e 7 estão presentes em 23% e 45%, 
respectivamente, da população canina, e controvérsia existea respeito do significado clínico dos 
anticorpos dirigidos. 
A prática de transfusão exclusivamente de produtos DEA 1.1 limita a sensibilização e a 
ocorrência de reações de transfusão hemolítica aguda. A tipagem para outros antígenos DEAs 
tem sido difícil devido à disponibilidade limitada dos reagentes e à dificuldade na interpretação 
dos resultados de aglutinação. Atualmente, aglutinação em tubo é o único procedimento 
utilizado para testar DEA 1.1, 1.2, 3, 4, 5, e 7. O teste é restrito a um laboratório (Animal Blood 
4 
 
Resources International). Métodos disponíveis para tipagem de antígenos DEA 1.1 incluem 
cartões de digitação (DMS RapidVet-H, DMS Laboratories), kits de cartucho (Teste Rápido 
DEA1.1, Alvedia), aglutinação em tubo e coluna de aglutinação em gel dentro de microtubos 
(ID-Gel Teste Canine DEA 1.1, DiaMed-Vet). 
A tipagem sanguínea é sempre recomendada em cães, assim em casos de emergência 
transfusional canina é preconizado o uso de bolsas de doadores DEA 1.1 negativo, por ser o 
grupo sanguíneo mais seguro. Um novo tipo sanguíneo foi identificado recentemente em 
Dálmatas denominado Dal. Dálmatas que não apresentam o antígeno Dal, podem sofrer reações 
transfusionais hemolíticas tardias e agudas. 
O teste de reação cruzada pode ser usado quando a tipagem sanguínea não é avaliada ou 
não está disponível. Um resultado compatível não significa que o doador e o receptor possuem o 
mesmo tipo sanguíneo, mas que não foram detectados anticorpos no soro do receptor contra as 
hemácias do doador, prevenindo apenas a ocorrência de reação transfusional hemolítica aguda e 
não as demais reações imunológicas. O teste de compatibilidade sempre deve ser realizado antes 
da transfusão. 
 
Os doadores felinos 
O doador felino ideal deve ter idade aproximada de 1 a 8 anos e pesar acima de 4,0 kg. 
Machos são mais procurados por serem maiores. O animal deve ser vacinado anualmente para 
doenças infecciosas importantes. Devido à preocupação com doenças infecciosas os doadores 
devem viver preferencialmente sem acesso à rua. É preconizado que os animais tenham 
temperamento dócil, mas independentemente do temperamento, a maioria dos gatos irá exigir 
algum tipo de sedação ou contenção química para a coleta do sangue. Um protocolo eficaz 
consiste na associação de cetamina ao midazolam, a dose necessária de sedativos, bem como a 
escolha do protocolo varia entre os estudos, com relatos sobre a coleta com a associação de 
cetamina, na dose 5-6 mg/kg, ou midazolam na dose 0,1 mg/kg. 
A avaliação do histórico do animal a fim de identificar qualquer tratamento recente, 
doença grave anterior ou transfusão já realizada é tão importante quanto um exame físico 
adequado. Exames laboratoriais como hemograma completo e triagem bioquímica devem 
realizados e atualizados a cada doação. Exames complementares para algumas doenças 
específicas também devem ser realizados como vírus da leucemia felina (FeLV), 
imunodeficiência felina (FIV) e peritonite infecciosa felina (PIF), além de testes para 
dirofilariose e infecção por Hemobartonella. Gatos adultos podem doar no máximo 11 a 13 
mL/kg a cada dois ou três meses. 
5 
 
 
Tipagem sanguínea em felinos 
Em felinos o sistema de antígenos de células vermelhas adotado foi o de grupo sanguíneo 
AB, que contém três tipos de sangue: tipo A, Tipo B e do tipo raro AB (AUER & BELL 1981, 
GIGER 2000). Embora os antígenos de superfície dos eritrócitos do sistema de grupo sanguíneo 
AB dos felinos seja diferente do sistema de grupo sanguíneo ABO humano os gatos também 
possuem aloanticorpos naturais (também conhecido como isoanticorpos) contra o antígeno de 
grupo sanguíneo faltante. Estes aloanticorpos são de grande importância na prática clínica 
porque podem induzir a reações de incompatibilidade sanguínea. O tipo sanguíneo de gatos é 
determinado por seus 3 alelos, aonde A é dominante sobre o raro AB que é dominante sobre o 
B. O tipo A é o sangue mais comum encontrado em gatos domésticos. Contudo, a frequência 
dos tipos de sangue em gatos domésticos sem raça definida varia em todo o mundo. Em uma 
pesquisa feita em gatos de raça foi relatado que 46% de Angora Turco e 60% de Van Turco 
tinham sangue tipo B (ARIKAN et al., 2003). 
Gatos tipo A podem ter fracos anticorpos anti-B, o que pode causar uma sobrevida curta 
dos eritrócitos em um receptor tipo B. No entanto, gatos tipo B, tem fortes anticorpos anti-A 
podendo causar uma reação fatal com apenas 1 mL de sangue transfundido. O tipo AB não 
possui anticorpos tipo A nem B. Porém, gatos AB apenas devem receber transfusões de tipos A 
ou AB, pois o tipo B possui muitos anticorpos anti-A. 
Incompatibilidade sanguínea pode causar duas reações potencialmente fatais. A primeira 
é a reação transfusional hemolítica aguda que esta associada com anemia hemolítica grave, 
choque anafilático e pode levar até a morte, especialmente quando um gato tipo B recebe sangue 
tipo A. Estas reações podem ser evitadas pela tipagem de felinos doadores e receptores e antes 
da transfusão. A segunda reação de incompatibilidade é a isoeritrólise neonatal felina, que 
ocorre quando gatos filhotes do tipo A ou AB são gerados de uma gata do tipo B. Isoeritrólise 
neonatal é provocada pela absorção de aloanticorpos anti-A, que ocorrem naturalmente no 
colostro da gata tipo B. Estes aloanticorpos só são transferidos através do colostro para os 
filhotes durante o primeiro dia de vida e causa destruição de glóbulos vermelhos destes. Os 
sinais clínicos em filhotes afetados podem ser variáveis, variando de ausentes para 
hemoglobinúria grave e da morte nos primeiros dias de vida. Isoeritrólise neonatal pode ser 
evitada, evitando acasalamentos entre gatas do tipo B e gatos tipo A ou AB. 
Um dos métodos utilizado para tipagem sanguínea felina é preparado a partir de soro de 
gatos do tipo B contendo anticorpos anti-A e uma solução anti-B preparada com Triticum 
vulgaris, uma lectina de germe de trigo que induz preferencialmente aglutinação das células do 
tipo B. O sangue é centrifugado para separar plasma e eritrócitos. Depois disso, as células são 
6 
 
ressuspensas em solução tamponada com fosfato para alcançar um hematócrito de 4%. Depois 
são pipetados o anti-soro (50 µL) e uma solução de anti-B (50 µL) em dois tubos separados, é 
adicionada a suspensão de células do sangue (25 µL) para cada tubo e mistura-se 
cuidadosamente. Em seguida os tubos são incubados a temperatura ambiente durante 15 
minutos, e recentrifugados durante 15 segundos. Finalmente, os tubos são suavemente agitados, 
e a presença de aglutinação é registrada. 
Em gatos como não existem doadores universais deve-se sempre fazer uma tipagem 
sanguínea antes da transfusão, mesmo em caso de emergência para evitar risco de vida. 
Recentemente o antígeno MiK também foi detectado (WEINSTEIN, 2007). É essencial que 
além da tipagem sanguínea realize-se um teste de compatibilidade entre doador e receptor antes 
da primeira transfusão em felinos. 
 
Reações transfusionais 
Antes de indicar uma transfusão é importante avaliar a relação risco-benefício deste 
hemocomponente para o animal, pois algumas reações transfusionais podem ocorrer e 
prejudicar a condição clínica do receptor. As reações podem ser imunológicas, hemolíticas ou 
não e não imunológicas. A triagem correta do doador evita que ocorra algumas reações durante 
a transfusão. 
As reações hemolíticas agudas ou reações de hipersensibilidade tipo II, são caracterizadas 
por hemólise intra ou extravascular, mediadas por IgG ou IgM e verificadas nos cães 
previamente sensibilizados para DEA 1.1. Nessa alteração pode ocorrer fixação do 
complemento, liberação de substâncias vasoativas e de citocinas infamatórias. Aseveridade 
depende da titulação de anticorpos e os sinais clínicos observados são hipertermia, taquicardia, 
taquipneia, dispneia, tremores vasculares, vômito, icterícia, hemoglobinemia e hemoglobinúria. 
Na suspeita desta reação a transfusão deve ser suspensa e o paciente monitorado. Os mesmos 
sinais ocorrem em contaminação bacteriana da bolsa de sangue. Neste caso uma hemocultura 
deve ser realizada para confirmar esta reação. 
As reações não hemolíticas são reações agudas alérgicas ou anafiláticas 
(hipersensibilidade tipo I), muitas vezes mediadas pelo IgE e mastócitos, e os sinais mais 
comuns são prurido, eritema, edema, vômito e dispneia. Quando esse tipo de reação ocorre, a 
transfusão também deve ser suspensa e o paciente deve ser examinado em busca de evidências 
de choque. Revertendo o caso a transfusão pode ser retomada. Reações não hemolíticas também 
podem ocorrer contra leucócitos e plaquetas, caso em que hipertermia é verificada em até 20 
horas após a transfusão. 
7 
 
Reações tardias podem ocorrer até 2 a 21 dias após a transfusão e os sinais são de uma 
hemólise extravascular, e uma redução do hematócrito é observada. 
Reações não imunológicas podem ocorrer por rápida administração de 
hemocomponentes. Nestes casos a transfusão deve continuar, porém com uma menor taxa de 
infusão. Policitemia e hiperproteinemia podem ser observadas também por excesso de 
administração de hemocomponente. Outras causas de reações incluem contaminação bacteriana, 
trombose, acidose, hipercalemia, embolia gasosa e transmissão de doenças infectocontagiosas. 
A ocorrência de reações transfusionais pode ser diminuída seguindo as normas 
apropriadas do uso de produtos sanguíneos. Um dos métodos mais importantes para evitar uma 
reação é minimizar a transfusão de produtos desnecessários ao paciente, fracionando os 
hemocomponentes sempre que possível. 
 
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