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Mercados Financeiros Lauro Marmitt Mercados Financeiros Estimados alunos! O objetivo principal desta etapa é proporcionar a vocês conhecimentos necessários do Mercado Financeiro e de Capitais, envolvendo princi- palmente seus aspectos de importância e risco. Em seguida, serão estuda- dos assuntos envolvendo o mercado monetário, o mercado de derivativos e o mercado de capitais. Esperamos que os objetivos propostos neste módulo sejam alcançados e que os assuntos aqui tratados passem a ser de domínio permanente de vocês, futuros profissionais executivos do mercado. Introdução Lauro Marmitt Estimados alunos, O objetivo principal deste material é proporcionar a vocês os conhe- cimentos necessários de Gerenciamento Financeiro, envolvendo o conhe- cimento do risco e da incerteza e sua importância para o gerenciamento financeiro. Em seguida, serão estudados assuntos envolvendo o mercado monetário, o mercado de derivativos e o mercado de capitais. Sobre minha carreira profissional, sou funcionário aposentado do Ban- co do Brasil, no qual desempenhei a função de Gerente de Agência. Atu- almente, exerço a função de Professor Universitário na ULBRA – Canoas (RS), responsável pelas disciplinas de Economia Monetária e Finanças e Mercado de Capitais. Sou formado em Economia pela ULBRA – Canoas (RS), com Mestrado também em Economia na modalidade Profissionalizante pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Participei do MBA – Finanças para Gerência e Desenvolvimento de Ne- gócios na Fundação Instituto de Administração – FIA – conveniada com a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP). E também do MBA – Formação Geral para Altos Executivos, na Escola Brasileira de Administração Pública – FGV – Rio de Janeiro. Sou profissional certificado ANDIMA na modalidade Multidisciplinar.A certificação Andima é uma exigência legal para que os executivos do siste- ma financeiro possam continuar exercendo as funções gerenciais. Espero que os objetivos propostos nesta disciplina a distância sejam alcançados e que os assuntos aqui tratados passem a ser de domínio per- manente de vocês, futuros executivos do mercado. Sobre o autor Sumário Capítulo 1. Risco e incerteza ..........................................................6 Capítulo 2. O mercado financeiro ...............................................27 Capítulo 3. O mercado monetário ...............................................44 Capítulo 4. Mercado de capitais ..................................................56 Capítulo 5. Mercado de derivativos .............................................69 Capítulo 6. Mercado de ações .....................................................86 Capítulo 7. Governança Corporativa .........................................105 Capítulo 8. Captação de Recursos .............................................116 Capítulo 9. Fundos de Investimentos ........................................139 Capítulo 10. Previdência Privada ...............................................158 Risco e incerteza ÂÂ RISCO é o assunto-chave tratado nesta unidade de es-tudos, dada sua importância para os profissionais do mercado financeiro. Esperamos que, ao final dos estudos deste capítulo, o aluno consiga: Entender dos diversos tipos de riscos e de incertezas que permeiam o mundo das finanças. Decidir com maior grau de confiança, visando à redu- ção do risco. Compreender que a administração eficiente e eficaz desses tipos de risco é fundamental para determinar o su- cesso ou fracasso das organizações na atualidade. Lauro Marmitt Capítulo 1 Capítulo 1 Risco e incerteza 7 1.1 A Relevância do Risco e da Incerteza no Mercado O risco permeia a atividade humana. Tudo que fazemos ou dizemos tem a possibilidade de gerar consequências diferentes daquela que se imagina. Atravessar uma rua pode ter como resultado um acidente. A atitude frente ao risco é diferente para cada pessoa. Ela é inerente à personalidade e mutável com o tempo. As- sim, explica-se o fato de uma pessoa aplicar suas economias em bolsa de valores enquanto outra prefere a segurança da caderneta de poupança, mesmo que a rentabilidade propor- cionada seja inferior. O risco existe quando o tomador da decisão pode basear- -se em probabilidades para estimar diferentes resultados, de modo que sua expectativa se fundamente em dados históri- cos. Há risco quando a distribuição probabilística de retorno é conhecida. Isto é, a decisão é tomada a partir de estimativas julgadas aceitáveis. Risco pode ser definido como uma proba- bilidade de perda. Outro conceito importante, que merece atenção dos ana- listas de crédito, refere-se à incerteza. A incerteza ocorre quan- do alguém não dispõe de dados históricos acerca de um fato e não possui bases estatísticas para fazer cálculos probabilís- ticos, precisando fazer estimativas aceitáveis, exigindo que a decisão se faça de forma subjetiva, isto é, apenas por meio de sua sensibilidade pessoal, acarretando maior grau de risco. 8 Mercados Financeiros A concepção de incerteza encontra-se relacionada à ado- ção da noção de tempo histórico. Um mundo que não está sujeito ao tempo em sua dimensão histórica não está sujeito à incerteza. A incerteza não está presente com a mesma inten- sidade em todos os níveis da atividade econômica. Aquelas atividades que apresentam resultados em um momento muito próximo do tempo em que é possível revisar as expectativas, não estão sujeitas ao mesmo tipo de incerteza que aquelas que geram frutos em momentos distantes no tempo. O grande objetivo que se pretende alcançar é a elimina- ção da incerteza e do risco. Como não há possibilidade de extinção total do risco e da incerteza, devemos utilizar a maior quantidade possível de informações e instrumentos econômi- co-financeiros para minimizá-los. A tomada de decisão em que os resultados são incertos é baseada em uma quantidade limitada de informações. Existindo uma maior quantidade de dados disponíveis, os executivos podem efetuar previsões mais seguras, reduzindo assim os riscos envolvidos. Para isso, precisamos utilizar boas políticas de crédito. Políti- cas são grandes linhas de orientação que norteiam o processo decisório e buscam a equalização dos esforços que devem ser desenvolvidos nos vários níveis hierárquicos de uma Instituição. Nesse contexto, a definição e manutenção das políticas de crédito como forma de atingir padrões de desempenho com- patíveis com a boa técnica e as melhores práticas de mercado, destina-se a orientar todos os envolvidos nas aplicações dos ativos segundo critérios de administração que consideram o risco e o retorno oferecidos pelo cliente seguros. Capítulo 1 Risco e incerteza 9 O detalhamento e a operacionalização das políticas de crédito das instituições são instrumentados por meio de ma- nuais e normativos internos, que devem refletir e reforçar seus princípios. Muito embora se configurem como permanentes, as políticas de crédito não podem ser tidas como imutáveis. Deve-se estipular periodicidade de revisão que seja compatível com as necessidades de rápida adequação ao mercado. A política de aplicação de recursos financeiros deve definir critérios que levem em conta o binômio risco e retorno dos capitais emprestados. Aspectos como agressividade desejada, vocações e potencialidades regionais, origem de recursos, di- recionamento a ser dado em relação a segmentos ou setores específicos e nível de risco admitido pela Instituição são fatores importantes a ser ponderados na distribuição de recursos. Para melhor conduzir economicamente os resultados da aplicação dos recursos, é importante o gerenciamento atento e permanente da carteira de ativos. Na composição da cartei- ra, devem-se estipular concentrações máximas admitidas em cada classe de clientes quanto ao porte da empresa, ramo de atividade dentro do cenário econômico e risco. Já que a atitude frente ao risco é inerente aoser humano e mutável com o tempo, as Instituições Financeiras não podem gerenciar risco de acordo com critérios pessoais. Por isso, tra- çam as diretrizes e definem os parâmetros para as aplicações, a fim de que produzam a lucratividade esperada, garantam o re- torno dos capitais emprestados e mantenham sua rentabilidade. O risco e a incerteza acompanham os executivos respon- sáveis pela análise e decisão do crédito, no qual o grau de 10 Mercados Financeiros sensibilidade de cada um poderá ser o grande diferencial na tomada da decisão final. Tendo presente que a maioria das pessoas é avessa ao risco, a melhor alternativa sugerida é a diversificação na aplicação dos recursos, cujo principal efeito prático será a minimização do risco e da incerteza. 1.2 Os Diversos Tipos de Risco Existem várias definições de risco no mercado, porém, duas se destacam pela utilidade. A primeira definição de risco é a incerteza quantificável matematicamente. Na segunda defini- ção, risco é definido por dois símbolos juntos: o do perigo e o da oportunidade (definição chinesa). A definição reforça a ideia de que risco por si só não é uma coisa ruim. Para crescer, é necessário assumir alguns tipos de risco. É no risco que estão as melhores oportunidades. A palavra risco é originária do italiano “risicare” que sig- nifica arriscar, ousar. O risco é uma opção e não um destino. Ninguém enfrenta um risco na expectativa do fracasso. E pou- cas pessoas ficam ricas sem correr riscos. Capítulo 1 Risco e incerteza 11 1.2.1 Risco de Variação da Taxa de Juros É o risco de perda do valor econômico de um ativo, decorrente dos efeitos de mudanças adversas das taxas de juros da economia. O risco de variação de taxa de juros pode ocorrer quando existir um descasamento entre os prazos de captação e os pra- zos de aplicação de recursos. É da natureza do mercado financeiro compatibilizar prazos e volumes de recursos, ou seja, os recursos ofertados pelos pou- padores, de modo geral, não são exatamente iguais aos dese- jados pelos tomadores, tampouco os prazos dessas operações coincidem. Desse fato, decorre a essência do risco para o inter- mediário financeiro no que se refere ao risco de taxas de juros. Via de regra, quando um emprestador de recursos possuir, em sua carteira, ativos de prazos mais longos, comparativamente a seus passivos, corre o risco de obrigar-se a renovar as opera- ções passivas a taxas de juros mais elevadas, causando prejuízo às operações, pela exposição de risco de refinanciamento. Da mesma forma, quando o emprestador de recursos pos- suir ativos de prazos mais curtos do que os passivos, pode incorrer em perdas em caso de redução das taxas de juros, visto que a captação será remunerada em longo prazo pela taxa pré-fixada para o período, enquanto a aplicação tenderá a ser renovada por taxas menores. Esse mecanismo expõe o investidor ao risco de reinvestimento, que gera incerteza, dado o descasamento de prazos. 12 Mercados Financeiros Para evitar os riscos de descasamento, os investidores fi- nanceiros devem procurar aproximar os prazos de ativos e passivos. Essa tem sido a melhor alternativa, principalmente para os investidores avessos ao risco. Entretanto, essa pre- caução elimina a possibilidade de melhores ganhos por par- te dos especialistas na transformação de ativos/passivos em retornos elevados. 1.2.2 Risco de Mercado O risco de mercado é a possibilidade de oscilações dos valores dos ativos ao longo do tempo, comparativamente aos resulta- dos esperados. Ocorre em função das mudanças nos preços dos ativos e passivos. Existe o risco de mercado sempre que os intermediários fi- nanceiros negociam ativos, passivos e derivativos, ao invés de mantê-los com a finalidade de investimento de longo prazo, financiamento ou proteção. O risco de mercado ocorre sem- pre que um intermediário financeiro assume uma posição a descoberto, tanto comprada como vendida, como, por exem- plo, em títulos de renda fixa, ações, derivativos, ou mesmo mercadorias. Os preços podem variar em direção oposta à desejada, causando prejuízos. Quanto mais voláteis se mos- trarem os preços dos ativos negociados, maiores serão os ris- Capítulo 1 Risco e incerteza 13 cos de mercado enfrentados pelos intermediários financeiros que negociam operações sem cobertura. O risco de mercado pode ser definido como a incerteza a respeito dos lucros de um IF, resultante de mudanças de con- dições de mercado, tais como o preço de um ativo, taxas de juros, volatilidade de mercado e liquidez. Essa incerteza pode ser medida em períodos curtos, como, por exemplo, um dia, ou períodos longos, como um ano. Os principais motivos para a mensuração do risco de mer- cado são: Â Informação Gerencial: fornece informação à Diretoria sobre a exposição a risco assumida pelos operadores, que pode ser comparada ao capital dos investidores financeiros. Â Fixação de Limites: mede o risco de mercado existente nas carteiras dos operadores, permitindo estabelecer li- mites de posição aos operadores. Â Alocação de recursos: permite comparar resultados em diferentes áreas de operação, identificando aquelas que oferecem maior potencial de retorno por unidade de risco. Â Regulamentação: como o risco de mercado é regula- mentado por meio de exigências de capital, é importan- te a existência de padrões de referência no setor. 14 Mercados Financeiros 1.2.3 Risco Tecnológico e Operacional Ocorre em função de falhas operacionais no processamento e controle das operações. É a possibilidade de perdas resultante da inadequação ou falhas em processos internos, falhas huma- nas ou falhas em sistemas operacionais. O risco operacional está intimamente ligado ao risco tecnológico. Nos últimos anos, notadamente no período de 1980 a 1990, os bancos investiram maciçamente em tec- nologia, visando o aumento da eficiência operacional, via redução de custos, conquista de novos mercados e aumento dos lucros. O exemplo mais clássico no Brasil diz respeito à substituição do tradicional caixa de banco por terminais de autoatendimento, hoje responsáveis por mais de 85% das transações efetuadas diariamente. Entretanto, pode ocorrer o risco tecnológico, quando os investimentos em tecnologia forem mal dimensionados e não produzirem os efeitos desejados, em virtude de excesso de ca- pacidade, podendo resultar em sensíveis reduções na eficiên- cia competitiva, levando o banco à insolvência no longo prazo. O risco operacional pode surgir sempre que a tecnologia falhar. Embora essas falhas nos sistemas de computação se- jam raras, sua ocorrência pode levar os bancos a enfrentar sérios problemas. Um caso pontual de risco tecnológico está ligado ao ataque terrorista ao World Trade Center em Nova York, no dia 11 de setembro de 2001, que derrubou as torres Capítulo 1 Risco e incerteza 15 gêmeas. O incidente provocou danos no sistema de seguran- ça do computador de um fundo de crédito municipal, em que cerca de 4.000 pessoas usaram os caixas eletrônicos para desviar US$ 15 milhões. Os fraudadores descobriram que era possível retirar US$ 500.00 por dia dos caixas eletrôni- cos, mesmo que suas contas na Cooperativa não apresentas- sem saldo para tal finalidade. 1.2.4 Risco de Câmbio O Risco de câmbio pode ser interpretado como a possibilidade de perdas devido a mudanças repentinas na taxa de câmbio. A estruturação de operações com o exterior com elevada concentração, ou a compra de papéis de empresas de um único país podem expor os intermediários financeiros ao risco de câmbio. Tendo presente que a correlação entre o retorno de investi- mentos domésticos e no exterior é imperfeita, existe a possibili- dade de ganhos para um intermediário financeiro que preten- da expandir suas aplicações além das fronteiras de seu país. Basicamente, há dois motivos para os investimentos domésticos e no exterior não serem perfeitamente correlacionados entre si: primeiro, as tecnologias existentesnas várias economias são diferentes. Enquanto uma economia pode ser fortemente agrí- cola, outra pode ser essencialmente industrial. Essa diferença pode resultar no crescimento de uma economia, enquanto ou- 16 Mercados Financeiros tra passa por recessão. O segundo motivo está relacionado à falta de correlação perfeita entre as variações das taxas de câmbio entre as moedas dos países envolvidos. Isto é, enquan- to a taxa de câmbio entre dólar e real pode estar subindo, ao mesmo tempo a taxa entre dólar e euro pode estar caindo. As operações de crédito com o Brasil sofrem muito com o risco cambial. Muitas empresas brasileiras dependem de ma- téria-prima importada para desenvolvimento de seus produtos finais, que são comercializados na moeda local, ou seja, o Real. Ocorrendo uma desvalorização do real frente ao dólar, por exemplo, o preço das mercadorias compradas sofre ele- vação de acordo com a perda de valor da moeda, o que nem sempre consegue ser repassado para o consumidor final. Esse mecanismo pode levar muitas empresas ao insucesso. Para evitar esse risco, existem alguns mecanismos no mer- cado capazes de equilibrar essa possível perda. O mais co- mum é o hedge, que significa proteção. Efetuar hedge de uma posição significa protegê-la contra possíveis oscilações desfa- voráveis de preços. Os investidores podem equilibrar os ativos com os passivos em moedas estrangeiras a partir desse meca- nismo para evitar riscos de câmbio. Capítulo 1 Risco e incerteza 17 1.2.5 Risco País É o grau de confiança que o mercado mundial deposita em um determinado País, em relação à sua capacidade de honrar os compromissos externos assumidos. Risco País é o risco de o governo de um país mudar a sua política ao ponto de interferir nos pagamentos a credores es- trangeiros, por questões econômicas ou políticas. Esse risco geralmente está embutido na taxa de juros cobrada por em- préstimos estrangeiros. Dessa forma, o risco-Brasil pode ser mensurado como uma remuneração adicional que os investidores internacionais exi- gem para aplicar seu dinheiro no Brasil. Isso quer dizer que um investidor só vai deixar de investir nos Estados Unidos, onde o risco é praticamente nulo, para in- vestir no Brasil se o rendimento pago for compensador. Quan- to maior for a incerteza ou risco associado a uma aplicação financeira, maior será o retorno exigido pelo investidor. O risco-Brasil funciona como um termômetro da confiança do mercado na capacidade do Brasil de honrar seus compro- missos externos. Quanto maior a probabilidade de calote que o mercado atribuir ao país, maior o seu risco. Para mensurar o risco dos diversos países, existem no mer- cado agências classificadoras de risco como a Moody’s, a Stan- dard & Poors, a Morgan Stanley, a Fitch inglesa, dentre outras. 18 Mercados Financeiros O risco-Brasil é medido pelo índice Embi (Emerging Ma- rkets Bonds Index) do Banco J.P. Morgan. 1.2.6 Risco de Liquidez Risco de Liquidez pode ser definido como a dificuldade de trans- formar determinado ativo rapidamente em dinheiro. Decorre da possibilidade de ocorrer incapacidade de pagamento dos compromissos assumidos. O risco de liquidez pode ser definido como a possibili- dade de perdas decorrentes da falta de recursos suficientes para honrar compromissos nas datas marcadas, em função de descasamentos entre captações e aplicações de recursos, ou mesmo devido à impossibilidade de transformar ativos imobi- lizados em dinheiro quando necessário, diante das condições do mercado. Existe o risco de liquidez toda vez que os depositantes exi- gem dinheiro à vista em troca de seus direitos. Quando os titulares vendem seus direitos financeiros de volta aos Bancos, por exemplo, estes são forçados a obter recursos adicionais para atender as exigências de retiradas, caso contrário, serão obrigados a liquidar ativos antecipadamente. O risco de liquidez mais comum ocorre quando os deposi- tantes de determinada instituição financeira tomam a iniciativa de transformar esses depósitos em dinheiro vivo. Nesse caso, as instituições financeiras são obrigadas a captar recursos adi- Capítulo 1 Risco e incerteza 19 cionais ou liquidar antecipadamente alguns ativos para cobrir as retiradas. O ativo mais líquido é o caixa, entretanto, as insti- tuições financeiras aplicam no mercado o maior valor possível dos recursos, visto que o saldo deixado em caixa não rende juros. Para melhorar o nível de receitas, as instituições finan- ceiras investem os recursos do caixa em ativos menos líquidos, com algum prazo de vencimento futuro. Entretanto, uma instituição financeira que recebe depósito de milhões de correntistas sabe que em condições normais, so- mente uma pequena parcela de depositantes retira o dinheiro de suas contas. Via de regra, a maior parte dos depósitos à vista funciona como quase permanentes no dia a dia, representando uma fonte de recursos a prazo relativamente longa. Além disso, os saques podem ser compensados com novos depósitos, permi- tindo aos bancos calcular com certa precisão o volume diário de retiradas. Um bom planejamento acaba facilitando a administração dos recursos, gerando poucos problemas de liquidez para os bancos. Entretanto, podem surgir sérios problemas de liquidez, quando as retiradas se mostrarem extraordinariamente eleva- das e inesperadas. Esse fato pode ocorrer por vários motivos, com destaque para: Preocupações com a situação financeira de um banco, comparativamente a outros bancos. 20 Mercados Financeiros Quebra de um banco, levando os correntistas a preocupa- ções crescentes com relação à situação dos demais bancos, au- mentando significativamente as retiradas, pelo efeito contágio. Mudanças repentinas de preferências de investidores, em função de cenários macroeconômicos, migrando os recursos monetários para ativos imobilizados. Esse movimento repentino e inesperado das retiradas líqui- das de depósitos pode gerar uma corrida contra uma institui- ção financeira, podendo, inclusive, levá-a à falência por falta de liquidez. A princípio, as instituições financeiras não quebram por falta de patrimônio, e sim por falta de liquidez imediata para saldar as obrigações para com terceiros. 1.2.7 Risco de Crédito O Risco de Crédito é a incerteza do cumprimento de uma obri- gação pela contraparte. É o não recebimento dos valores a que se tem direito. O risco de crédito é definido como a probabilidade de per- das decorrente da incerteza quanto ao recebimento de deter- minado valor emprestado a um tomador de crédito. Sempre há um elemento de risco quando uma pessoa ad- quire um produto ou serviço sem pagar imediatamente por ele. As empresas de telefonia e as de energia elétrica aceitam o Capítulo 1 Risco e incerteza 21 risco de crédito de todos os seus assinantes. Emissores de car- tões de crédito assumem esse risco com todos os portadores de seus cartões. Empresas de todos os setores vendem a seus clientes com algum tipo de prazo. A cada vez que o fazem, aceitam um risco de crédito. Esse risco pode ser assumido por algumas horas ou por um período longo. O risco de crédito é a mais antiga forma de risco nos mer- cados financeiros. É tão antigo quanto os empréstimos em si, com indícios de existência desde 1800 a.C. A Bíblia Sagrada (Eclesiástico 29, 861), refere-se a emprés- timos da seguinte maneira: “ (....) Muitos consideram o empréstimo um presente, e deixam os credores em dificuldade. Antes de receberem, beijarão as mãos de quem empresta e amaciarão a fala so- bre as riquezas do próximo; no dia do vencimento, adiarão a data, responderão palavras evasivas e se queixarão do prazo. Se puderem pagar, é a custo que o credor receberá a metade e deverá considerá-lo um achado; se não pude- rem, defraudam-no em seu dinheiro e ganham um inimigo gratuito; este lhes retribuirá com maldições e injúrias e, em vez de reconhecimento, receberá desonra. Por isso, não por maldade, muitos se recusam a emprestar,temendo serem defraudados sem motivo”. Como alternativa para a diminuição ao risco, os intermedi- ários financeiros procuram sempre que possível diversificar sua carteira de tomadores de crédito, porque conforme a quanti- 22 Mercados Financeiros dade de tomadores aumenta, o risco diminui. Um intermedi- ário financeiro bem diversificado pode ser capaz de gerar um retorno com baixo nível de risco global em seus ativos. O acesso ao crédito fornece aos interessados os meios ne- cessários para aquisição dos bens pretendidos, o que aquece a economia, principalmente pela geração de mais empregos. O crédito oportuniza o crescimento e a osperidade das em- presas e o mercado sabe medir muito bem o nível máximo de exposição ao risco. Os tomadores de crédito também sabem que, se deixarem de honrar seus compromissos, terão sérios problemas diante da dificuldade em obter êxito em novas ne- cessidades de crédito. Os bancos utilizam tanto taxas de juros quanto volume de crédito para controlar o risco de crédito. Os clientes de menor risco pagam uma taxa de juros inferior, enquanto os clientes de risco mais elevado pagam juros maiores, ou um prêmio por ris- co de inadimplência, para remunerar o risco existente. Entretan- to, empréstimos com riscos elevados podem não gerar recursos suficientes para solvência dos compromissos assumidos, tornan- do o tomador inadimplente quando o banco deixa de receber tanto os juros como o valor do principal emprestado. Para minimizar a exposição ao risco de inadimplência nas decisões de crédito, os executivos das instituições finan- ceiras precisam mensurar a probabilidade de inadimplência dos potenciais tomadores de crédito. Essa capacidade está muito ligada à quantidade de informações coletadas, além dos demonstrativos contábeis e relatórios de analistas, que contribuem de forma efetiva para a utilização de métodos Capítulo 1 Risco e incerteza 23 quantitativos de mensuração de probabilidades de inadim- plência dos tomadores. Os analistas de crédito dos bancos utilizam diversos mo- delos para mensuração do nível de risco, incluindo tanto os qualitativos como os quantitativos. No campo qualitativo, os analistas de crédito procuram reunir a maior quantidade pos- sível de informações para enriquecer e tornar mais segura a tomada de decisão. 1.2.8 Risco Sistêmico Os riscos de liquidez e de crédito podem gerar o risco sistêmi- co. Normalmente, ocorre quando as situações de instabilidade geram o chamado efeito dominó, onde são envolvidas várias ou até todas as organizações, rompendo a cadeia de pagamentos e contribuindo para a instalação do risco sistêmico. O risco sistêmico decorre de dificuldades financeiras de uma ou mais instituições que provoquem danos substanciais a outras, ou uma ruptura na condução operacional de nor- malidade do sistema operacional em geral. Como principal exemplo, podemos citar a falência de uma grande empresa. Esse fenômeno certamente acarretará muitos danos a toda cadeia de empresas ligadas a essa empresa, como principais fornecedores de matéria prima, fornecedores de alimentação, serviços de limpeza, dentre outros. Dependendo do grau de vinculação, muitas outras pequenas empresas também pode- 24 Mercados Financeiros rão ter suas atividades encerradas, em função do rompimento do processo de atividades. 1.2.9 Risco de Imagem O Risco de Imagem pode ser interpretado como a possibilidade de perdas decorrentes de alterações da reputação de uma or- ganização junto à sociedade. O risco de imagem pode ser definido como a possibilida- de de perdas decorrentes do desgaste da organização junto ao mercado em que atua. A divulgação de uma publicidade negativa, verdadeira ou não, já é motivo suficiente para uma organização sofrer danos com o risco de imagem. O risco de imagem está diretamente ligado à qualidade do atendimento e dos produtos e serviços oferecidos, bem como à postura ética e profissional dos funcionários das organizações. O risco de imagem é danoso para as organizações quan- do a natureza de seus negócios quebra o elo de confiança. A exposição a esse tipo de risco pode ser reduzida, e até mesmo eliminada, se os funcionários zelarem pelos valores morais e éticos e pela imagem da empresa, atuando sempre em defesa dos princípios da organização. Capítulo 1 Risco e incerteza 25 1.2.10 Risco Legal Envolve questionamentos jurídicos sobre a execução de con- tratos e/ou processos judiciais, podendo ocasionar perdas que afetem as instituições. É o risco de perdas ocasionado pelo descumprimento das leis, normas e regulamentos em vigor. É a possibilidade de perdas decorrentes da inobservância de dispositivos, legais ou regulamentares, em função da mu- dança da legislação. As perdas decorrentes de sanções aplicadas por entidades reguladoras e o pagamento de indenizações por qualquer tipo de dano causado a terceiros por descumprimento da legisla- ção vigente é um bom exemplo de risco legal. Atividades 1) Assinale a alternativa correta. O grau de confiança que o mercado mundial deposita em um determinado País, em relação à sua capacidade de honrar os compromissos ex- ternos assumidos, é caracterizado pelo risco: a) País b) Imagem c) Sistêmico 26 Mercados Financeiros 2) Quanto aos diversos tipos de risco, assinale V ou F: ( ) Os riscos país e de crédito podem gerar o risco sistêmico. ( ) O risco de crédito é a incerteza do cumprimento de uma obrigação pela contraparte. É o não recebimento dos valores a que se tem direito. ( ) O risco legal é o risco de perdas ocasionado pelo des- cumprimento das leis, normas e regulamentos em vigor. ( ) O risco tecnológico ocorre em função de falhas ope- racionais no processamento e controle das operações. É a possibilidade de perdas resultante da inadequação ou falhas em processos internos, falhas humanas ou falhas em sistemas operacionais. 3) Quanto aos diversos tipos de risco, associar: I. Risco sistêmico. II. Risco de mercado. ( ) Risco ocasionado quando há grandes oscilações nos valores dos ativos ao longo do tempo, comparativamente aos resultados esperados. ( ) Risco ocasionado quando as situações de instabilidade geram o chamado efeito dominó, no qual são envolvidas várias ou até todas as organizações, rompendo a cadeia de pagamentos. O mercado financeiro ÂÂ Este Capítulo aborda temas importantes do Mercado Financeiro, centrado na dinâmica do mercado e seu funcionamento. Destaca os principais títulos públicos emitidos pelo Governo. Trata também da Marcação a Mercado, assun- to de vital importância para o entendimento da remunera- ção dos títulos públicos federais. Â Esperamos que, ao final dos estudos deste capítulo, o aluno consiga: Â Compreender a dinâmica de funcionamento do merca- do financeiro. Â Entender os sistemas de liquidação e custódia de títulos. Â Aplicar os conceitos de marcação a mercado e calcular o preço unitário dos papéis. Â Diferenciar os diversos títulos públicos e a sistemática de remuneração. Lauro Marmitt Capítulo 2 28 Mercados Financeiros 2.1 Dinâmica do mercado financeiro A existência de agentes econômicos com superávit em seus orçamentos e de agentes deficitários, ou com projetos de in- vestimentos que exijam recurso acima dos disponíveis, resulta em oferta e procura de dinheiro. Nesse caso, as empresas to- madoras de recursos pagam um prêmio – juros – às unidades superavitárias, para que essas apliquem tais recursos. Do encontro dessas unidades econômicas, seguem diver- sos mercados e diferentes configurações de prazo, do volume de recursos e forma de remuneração pela liquidez. Mercado financeiro é definido como o espaço onde se produz intercâmbio de ativos financeiros e se determina seus preços. É o lugar físico ou ponto de encontro entre ofertadores e toma- dores de dinheiro. O mercado de derivativos contempla as operações com títulos derivativos de commodities, com índices ou com taxas que têm por objetivo assegurar, nofuturo, um ganho ou uma proteção para os ativos. Mercado no qual os agentes econô- micos transferem riscos decorrentes de oscilações de preços ou taxas. Um derivativo é um instrumento cujo valor deriva de outro ativo real ou financeiro, como, por exemplo, ação, moeda es- trangeira, ouro etc. Capítulo 2 O mercado financeiro 29 O mercado de capitais contempla as operações com ações, que em geral têm prazo indeterminado, e as operações são de médio e longo prazos, especialmente as de financiamento do capital de giro e do investimento das empresas. O mercado de capitais desempenha papel importante no processo de desenvolvimento da economia de um país. É nes- se mercado que se efetua a ligação entre os que têm capaci- dade de poupar (investidores) e aqueles carentes de recursos (tomadores) para o longo prazo. Procura suprir as necessida- des de financiamento por meio de operações de emissão de ações, debêntures e commercial papers. O principal objetivo do Sistema Financeiro Nacional é aproxi- mar tomadores e aplicadores de recursos da maneira mais ra- cional, segura e transparente possível a custos compatíveis com a realidade econômica nacional, oferecendo aos participantes credibilidade e rapidez nas operações de trocas de recursos, de modo que promova o desenvolvimento equilibrado do País e sirva aos interesses da coletividade. Instituições Normativas • Conselho Monetário Nacional – CMN • Banco Central do Brasil – BACEN • Comissão de Valores Mobiliários – CVM • Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP 30 Mercados Financeiros • Superintendência de Seguros Privados – Susep Instituições Distribuidoras • Bolsas de Valores • Bolsa de Mercadorias e Futuros • Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários • Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários • Corretoras de Seguros e de Resseguro • Corretores autônomos de Seguros Instituições Especiais • Sistema BNDES, BNDESPAR e Finame • Banco do Brasil S.A. • Banco do Nordeste do Brasil S.A. • Banco da Amazônia S.A. • Caixa Econômica Federal Capítulo 2 O mercado financeiro 31 2.2 Sistemas de liquidação e custódia de títulos As operações com títulos públicos e privados são registradas e liquidadas em ambientes que permitem ao Banco Central mo- nitorar a liquidez da economia. Garantem, assim, maior trans- parência e divulgação, melhorando a formação de preço e a liquidez dos diferentes títulos públicos neles negociados. Grande parte dos títulos públicos e privados negociados no mercado monetário é escritural, ou seja, eles não são emitidos fisicamente. Dessa forma, as negociações com esses valores são controladas e custodiadas por dois sistemas especiais, de- nominados Selic e Cetip. 2.2.1 Selic – Sistema Especial de Liquidação e Custódia de Títulos É um sistema que controla e liquida financeiramente as ope- rações de compra e venda de títulos públicos e mantém sua custódia física e escritural. Sistema desenvolvido em 1980 pelo Banco Central do Bra- sil e pela Andima, para operar com títulos públicos, de emis- 32 Mercados Financeiros são do Bacen e do Governo Federal. É administrado pelo De- partamento de Operações do Mercado Aberto do Bacen. Por meio da Selic, as instituições financeiras podem adqui- rir e vender títulos todos os dias, criando, assim, uma taxa diá- ria conhecida por Taxa Média Selic – TMS, que é a taxa média ponderada das operações realizadas no mercado secundário de títulos públicos federais, representativa das operações de um dia útil. Como os títulos públicos negociados no Selic são de gran- de liquidez e de baixo risco, a taxa definida no âmbito desse sistema é aceita aparentemente como uma taxa livre de risco, servindo de importante referencial para a formação das taxas de juros no mercado financeiro. Os vários negócios com esses títulos são acertados dire- tamente entre os operadores das instituições financeiras cre- denciadas que operam no mercado monetário, repassando as informações ao Selic, via terminal, para que ocorra a transfe- rência do dinheiro, e, posteriormente, dos títulos envolvidos nas operações. Por meio da Selic, o sistema transfere imediatamente o re- gistro do título para a instituição financeira compradora do mesmo e faz o respectivo crédito na conta da instituição finan- ceira vendedora. Assim, as partes envolvidas têm a certeza da validade da operação efetuada. A liquidação financeira é efetuada direta- mente na conta de reservas bancárias das instituições finan- ceiras liquidantes mantidas no Banco Central. Uma instituição Capítulo 2 O mercado financeiro 33 que não tenha conta de reserva bancária junto ao Bacen ope- ra por intermédio de outra que tenha essa conta. Os principais papéis custodiados no Selic são: LTN, LFT, NTN e BBC. Esses títulos são leiloados toda semana pelo Go- verno e são considerados uma opção atrativa para as insti- tuições financeiras e, desde janeiro de 2002, para pessoas físicas. As LTN e LFT são emitidas apenas para captações feitas no mercado interno. Veja como funciona esse sistema: o Governo precisa de capital para honrar suas dívidas tanto de longo, como de cur- to prazo. Só que não consegue gerar receita suficiente para honrar todos esses compromissos. Então, vai ao mercado e faz uma oferta de títulos com taxas pós ou pré-fixadas. As instituições financeiras interessadas compram esses tí- tulos, emprestando dinheiro ao Governo. Depois, colocam os papéis nas carteiras dos fundos de investimento. Com o início da venda direta de títulos públicos pela Internet, o governo pretende pulverizar a dívida, permitindo aos pequenos poupa- dores a aquisição direta de papéis, via Tesouro-Direto. Os títulos públicos federais, classificados pela natureza de suas emissões e suas principais características de negociação, são: LTN – Letra do Tesouro Nacional é um título emitido pelo valor nominal unitário múltiplo de R$ 1.000,00. A sua renta- bilidade é pré-fixada e definida no momento da compra. Embora sua rentabilidade contratada não varie de acordo com a SELIC, pois é pré-fixada, caso o papel seja vendido antes do vencimento, o Tesouro fará a recompra pelo va- 34 Mercados Financeiros lor e pela taxa de juros que o mercado estiver praticando. Contudo, no vencimento, os juros contratados serão ga- rantidos. É um bom investimento a médio e longo prazos (1 a 3 anos). LFT – As Letras Financeiras do Tesouro são títulos emitidos com valores nominais unitários múltiplos de R$ 1.000,00. O seu rendimento é ajustado diariamente pela taxa Selic. Por tratar-se de um investimento pós-fixado, essa modalidade garante ao investidor a atualização diária de seu inves- timento pelas taxas praticadas no mercado. Se os juros caem, a taxa cai na mesma proporção e se os juros so- bem, o retorno aumenta também na mesma proporção. O resgate é efetuado pelo valor nominal, acrescido do respectivo rendimento, desde a data de emissão do título. Investimento para médio prazo. NTN-B – Notas do Tesouro Nacional série B – papéis pós- -fixados com rendimentos atrelados ao IPCA + taxa de juros ao ano. NTN-C – As Notas do Tesouro Nacional série C – são títulos pós-fixados emitidos com valores nominais unitários múlti- plos de R$ 1.000,00. O seu valor nominal é corrigido pelo IGP-M e juros anuais pagos semestralmente sobre o valor atualizado. São emitidas com prazos longos que podem variar de 1 ano até 30 anos. NTN-D – Notas do Tesouro Nacional série D – papéis pós- -fixados com rendimentos atrelados ao dólar, também utili- zados pelo governo para atender às demandas do merca- do por dólar – indexados ao dólar + taxa de juros ao ano. NTN-F – Notas do Tesouro Nacional série F – papéis de longo prazo – com rentabilidade prefixada. Capítulo 2 O mercado financeiro 35 BBC – Bônus do Banco Central – são títulos de curto prazo, geralmente de 28, 35, 42 e 49 dias. Seu rendimento é prefixado e são vendidos nos leilões de títulos públicos re- alizados pelo Banco Central. 2.2.2Cetip – Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos A Cetip é uma associação civil, sem fins lucrativos, criada pelas instituições financeiras, em conjunto com o Banco Central, com a finalidade de garantir mais segurança e agilidade às opera- ções do mercado financeiro brasileiro. A Cetip é um mercado de balcão organizado para registro e negociação de valores mobiliários de renda fixa. Presta servi- ços integrados de custódia, negociação, registro de negócios e liquidação financeira, oferecendo o suporte necessário a toda cadeia de operações. O objetivo da Cetip é dar certeza da validade do título a quem compra e certeza do recebimento do valor a quem o vende, portanto, dando garantia das operações realizadas no mercado financeiro. Funciona desde 1986 como um sistema bastante seme- lhante ao do Selic, só que abrigando títulos privados. Algumas vezes, o sistema opera também com títulos públicos que se encontram em poder do setor privado. 36 Mercados Financeiros Na função de depositária, a Cetip processa a emissão, o resgate e a custódia dos títulos, bem como o pagamento dos juros e demais eventos a eles relacionados. Na maioria das vezes, os títulos são emitidos escrituralmente, isto é, existem apenas sob a forma de registros. A transferência da titularidade do título só é feita após a liquidação financeira da operação, que se dá com a disponi- bilidade dos recursos por parte do comprador. Em virtude de sua liquidação ser efetivada somente no dia útil seguinte, a taxa Cetip costuma ser ligeiramente mais eleva- da que a taxa Selic, porque embute maior risco. O comportamento da taxa Cetip ou D+1 é, em verdade, um balizamento para a taxa Selic ou D+0, no dia útil seguinte, sendo comum essas taxas manterem movimentos harmônicos de elevação e de redução de seus percentuais. 2.3 Marcação a Mercado É a avaliação diária dos ativos que compõe uma carteira de investimentos a preço de mercado. Marcar a mercado significa dar preço diariamente aos ativos. A marcação a mercado é uma espécie de avaliação de uma posição financeira mediante sua comparação pelo pre- ço vigente no mercado em determinada data. Podemos dizer Capítulo 2 O mercado financeiro 37 que marcar a mercado significa atribuir preço diariamente a determinado ativo. É a forma de se atribuir o valor presente de determinado ativo, ainda que seu vencimento esteja distante no tempo. Um fundo de investimento é composto por ativos financei- ros, que podem ser títulos da dívida pública e privada (ativos de renda fixa), bem como papéis negociados nas bolsas de valores (ativos de renda variável). A legislação de fundos de investimen- to determina que os ativos integrantes das carteiras dos fun- dos devem ser registrados pelo seu valor efetivamente pago e ajustados, diariamente, ao valor de mercado, reconhecendo-se contabilmente a valorização ou desvalorização verificada. Para um papel de renda pré-fixado, precisamos calcular o valor do PU (Preço Unitário), aplicando um deságio sobre o valor a par (valor inicial) do papel. A taxa utilizada para o cál- culo do valor presente (mercado) será definida considerando vários fatores. Entre os principais, destacam-se o cenário eco- nômico, o político, o custo de oportunidade e o risco de crédi- to. Com a taxa determinada, obtém-se o valor do papel (PU). Os papéis de renda fixa têm seu preço de mercado conhe- cido como Preço Unitário e são calculados da seguinte forma: PU= FV (1+i/100)nd/nc Onde: FV = valor de face do título I = taxa de juros negociada Nd = período desconhecido Nc = período conhecido 38 Mercados Financeiros Uma vez comprado esse papel com deságio, conforme a data de vencimento se aproxima, o valor do papel valoriza-se até atingir o seu valor de face, na data de vencimento final. Vamos imaginar um papel emitido pelo prazo de 12 meses à uma taxa prefixada de 25% ao ano e um valor de face de R$ 1.000,00. Qual seria o valor presente desse papel? PU= PU= = R$ 800,00252/252 1000 (1+taxa efetiva)DU/ 252 1000 (1+0,25) O mercado trabalha com o conceito de dias úteis, no qual um mês possui 21 dias úteis e um ano 252 dias úteis. No exemplo acima, como o prazo do papel é de um ano, estamos utilizando essa metodologia. Vamos imaginar agora que já passaram 152 dias úteis des- de a data de aquisição desse título, faltando, portanto, 100 dias úteis para seu vencimento, e queremos saber o PU nessa data. Considerando o título com as características acima, seu Preço Unitário é: PU= = R$ 915,26100/252 1000 (1+0,25) Portanto, o mercado aceita o título, nessa data, por R$ 915,26. E se estivesse faltando somente um dia útil para ven- cimento do papel, qual seria seu PU? Capítulo 2 O mercado financeiro 39 PU= = R$ 999,111/252 1000 (1+0,25) Veja que conforme o prazo de vencimento vai chegando, o PU do papel se aproxima do valor de face, no nosso exemplo, R$ 1.000,00. Voltando ao exemplo inicial, vamos imaginar que a taxa de juros não é mais 25% ao ano e sim 40% ao ano. Qual seria o preço do papel com prazo de um ano, na data da compra? PU= = R$ 714,29252/252 1000 (1+0,40) E se a taxa de juros fosse 10% ao ano, qual seria o preço do papel? PU= = R$ 909,09252/252 1000 (1+0,10) Veja a relação entre o nível de taxa de juros e o preço do papel. Existe uma relação inversa entre o PU do papel e o nível de taxa de juros. Quanto maior for a taxa de juros, menor será o PU do papel. Quanto menor for a taxa de juros, maior será o preço do papel. É muito importante o entendimento dessa relação. É exa- tamente por isso que, quando as taxas de juros se elevam, os preços dos papéis a mercado diminuem, ocasionando valori- zações negativas nos fundos de renda fixa dos bancos. Vamos voltar ao exemplo em que já passaram 152 dias úteis desde a data de aquisição desse título, faltando, portan- 40 Mercados Financeiros to, 100 dias úteis para seu vencimento, e queremos saber o PU nessa data. Agora, vamos utilizar a taxa de 40% ao ano. Seu Preço Unitário será: PU= = R$ 875,01100/252 1000 (1+0,40) Portanto, o mercado aceita agora esse título por R$ 875,01. Como se observa, com o aumento da taxa de juros de 25% para 40% ao ano, o preço unitário (PU) de uma LTN ficou reduzido de R$ 800,00 para R$ 714,29. E com a redução da taxa de 25% ao ano para 10% ao ano, o PU passou para R$ 909,09. Vamos reforçar esse conceito: quando há uma diminuição da taxa de juros, o PU aumenta e quando ocorre um aumento da taxa de juros o PU diminui. Assim, o valor do PU é inversamente proporcional à taxa de juros, quando as taxas são pré-fixadas. Já no mercado de títulos com taxas pós-fixadas, ocorre uma relação direta entre taxa de juros e preço do papel, em função do ágio ou deságio existente. Ocorre ágio quando o valor pago no momento de aqui- sição do título é superior ao seu valor de face. O ágio ocorre sempre que a rentabilidade oferecida pelo papel é maior que o preço de mercado no momento da negociação. Capítulo 2 O mercado financeiro 41 Já o deságio acontece quando o valor pago é inferior ao seu valor de face, de maneira que a rentabilidade do título seja maior que a estabelecida originalmente. A marcação a mercado buscou garantir para todos os co- tistas dos fundos de renda fixa a rentabilidade efetiva a que fazem jus, já que em geral cada um deles possui data de apli- cação, data de resgate e período de permanência distintos, e a não marcação a mercado diária poderia, eventualmente, transferir rentabilidade entre os cotistas. A metodologia de apuração do valor de mercado é de responsabilidade de cada instituição financeira. Essa meto- dologia deve ser estabelecida com base em critérios técnicos consistentes e passíveis de verificação, levando em considera- ção a independência na coleta de dados em relação às taxas praticadas nas mesas de operações dos Bancos. O Banco Central admite os seguintes parâmetros: Já no mercado de títulos com taxas pós-fixadas, ocorre uma relação diretaentre taxa de juros e preço do papel, em função do ágio ou deságio existente. Preço médio de negociação do dia da apuração, ou o pre- ço do dia anterior. Valor provável de realização, calculado mediante modelo técnico de precificação. Preço de instrumento financeiro semelhante, em que deve ser levado em consideração, no mínimo, os prazos de venci- mento, o risco de crédito e o indexador utilizado. 42 Mercados Financeiros Atividades 1) Assinale a alternativa correta. São exemplos de instituições normativas do Sistema Financeiro Nacional: a) Conselho Monetário Nacional, Banco Central do Brasil e Bolsas de Valores. b) Superintendência de Seguros Privados, Conselho Mone- tário Nacional e Banco Central do Brasil. c) Banco do Brasil S.A., Bolsa de Mercadorias e Futuros e Comissão de Valores Imobiliários. 2) Quanto aos títulos públicos federais, assinale V ou F: ( ) As Letras Financeiras do Tesouro são títulos emitidos pelo valor nominal unitário múltiplo de R$ 1.000,00. A sua ren- tabilidade é pré-fixada e definida no momento da compra. ( ) As Letras Financeiras do Tesouro são títulos emitidos com valores nominais unitários múltiplos de R$ 1.000,00. O seu rendimento é ajustado diariamente pela taxa Selic. ( ) As Notas do Tesouro Nacional série B são papéis pós- -fixados com rendimentos atrelados ao IPCA + taxa de ju- ros ao ano. ( ) As Notas do Tesouro Nacional série D são papéis pós- -fixados com rendimentos atrelados ao IPCA + taxa de ju- ros ao ano. Capítulo 2 O mercado financeiro 43 3) No que tange aos Sistemas de liquidação e custódia de títulos, associar: I. CETIP. II. SELIC. ( ) É uma associação civil, sem fins lucrativos, criada pelas instituições financeiras, em conjunto com o Banco Central, com a finalidade de garantir mais segurança e agilidade às operações do mercado financeiro brasileiro. ( ) É um sistema que controla e liquida financeiramente as operações de compra e venda de títulos públicos e mantém sua custódia física e escritural. O mercado monetário ÂÂ Este capítulo aborda alguns temas considerados rele-vantes no mercado monetário. Destaca a importância dos instrumentos de política monetária utilizados pelo Governo para condução da Política Monetária. Procura identificar a diferença existente entre o mercado primário e o mercado secundário e as modalidades operacionais desse mercado. Espera-se que, ao final deste capítulo, você consiga: • Entender a importância dos instrumentos de po- lítica monetária e sua finalidade na condução da política monetária. • Aplicar os conceitos de mercado primário e mer- cado secundário. Lauro Marmitt Capítulo 3 Capítulo 3 O mercado monetário 45 • Compreender as diversas modalidades de opera- ções efetuadas entre as instituições financeiras no mercado monetário. 46 Mercados Financeiros 3.1 Dinâmica do Mercado Monetário O Mercado Monetário encontra-se estruturado de forma a executar o controle de liquidez monetária da economia. Nesse mercado, os papéis são negociados tendo como parâmetro de referência a taxa de juros, que se constitui em sua mais impor- tante moeda de transação. Os papéis que lastreiam as operações do mercado mone- tário caracterizam-se pela liquidez e pelos reduzidos prazos de resgate. No mercado monetário, são negociados: Â Os papéis emitidos pelo Bacen voltados à execução da política monetária do governo (BBC e LBC). Â Os títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, com o ob- jetivo de financiar a execução do orçamento fiscal da União (LTN, LFT, NTN). Â Os Títulos emitidos pelos Governos Estaduais, Munici- pais e do Distrito Federal. Â Os certificados de depósitos interfinanceiros (CDI), uni- camente entre instituições financeiras. Â Títulos de emissão privada, como CDB, RDB, LH e LCI, dentre outros. 3.2 Instrumentos de Política Monetária Ao Bacen, como depositário dos recursos da União, compe- te a emissão de moeda, com exclusividade. Emite títulos de responsabilidade própria, de acordo com as condições esta- Capítulo 3 O mercado monetário 47 belecidas pelo Conselho Monetário Nacional e também reali- za operações de compra e venda de títulos públicos federais, como instrumentos para a execução da Política Monetária. Por meio dos instrumentos de política monetária, o governo con- trola a oferta de moeda em nível suficiente para adequar o desenvolvimento econômico e a liquidez do sistema financeiro. Existem quatro instrumentos pelos quais o Banco Central realiza a política monetária: Operações de Mercado Aber- to, Depósito Compulsório, Taxa de Redesconto e, por último, Controle e Seleção do Crédito. O Banco Central, muitas vezes, se encontra em situações nas quais necessita por determinadas razões expandir ou con- trair a base monetária, entendida como a quantidade de mo- eda que circula na economia. Muitas vezes, o governo tem o interesse de fomentar a ativi- dade econômica interna e, para isso, pode utilizar uma política monetária expansionista, que estimule o crescimento econô- mico. Da mesma maneira, quando o interesse do governo é frear a atividade econômica, o Banco Central pode, a partir de determinados instrumentos de política monetária, contrair a base monetária. Quando o governo deseja expandir o crescimento econô- mico, pode realizar um deles ou todos simultaneamente. Uma prática comum é combinar tais políticas monetárias com polí- ticas fiscais. Veja como funciona cada um dos instrumentos de política monetária: 48 Mercados Financeiros Operações de Mercado Aberto, ou Open Market. Consiste na compra e venda de títulos públicos pelo Bacen. Quando o governo objetiva aumentar a oferta de moeda, rea- liza operações de resgate dos títulos em circulação. E quando deseja reduzir a oferta de moeda, realiza operações de coloca- ção de títulos no mercado. O Banco Central, muitas vezes, entra no mercado para comprar ou vender títulos. Esse instrumento de política mone- tária é conhecido por open market, ou operação de mercado aberto. Quando o Banco Central tem o objetivo de expandir a base monetária, entra no mercado comprando títulos. Ao fazer isso, ele coloca em circulação um determinado montante de dinheiro que estava em seu poder. Com um volume maior de dinheiro na economia, ou seja, com uma renda maior, a população irá gastar mais. Isso tem um efeito muito positivo para o crescimento eco- nômico, já que os vendedores irão encomendar mais de seus fornecedores, estes irão, por sua vez, comprar mais mercado- rias das fábricas. Os empresários irão contratar mais pessoas para realizar a produção e, por sua vez, encomendar mais matéria prima. Isso contribui de forma significativa para o crescimento do nível de empregos. Capítulo 3 O mercado monetário 49 A situação contrária ocorre quando o Banco Central colo- ca títulos à venda. Ao vender títulos, o Banco Central recolhe dinheiro das mãos da população. As pessoas gastam menos, e o nível de atividade da economia tende a diminuir. 3.2.1 Depósito Compulsório Percentual sobre os depósitos recolhido pelos Bancos ao Ba- cen. Poderoso instrumento de controle do efeito multiplicador da moeda. O depósito compulsório é uma taxa fixada pelo Banco Central, que determina que uma parte dos depósitos à vista feita pela população nos bancos comerciais vai para o caixa do Banco Central. O Bacen pode aumentar ou diminuir a taxa do depósito compulsório, de acordo com seus interesses. Quando o Banco Central diminui a taxa do compulsório, o montante que os bancos comerciais devem enviar para o Banco Central diminui. Com isso, eles conseguem reter um montante maior para emprestar. Ou seja, a quantidade de crédito disponível à população aumenta. Com isso, mais dinheiro fica disponível para a popu- lação e a base monetária se expande, e, a partir daí, os gastos aumentam e a economia cresce como um todo. Quando o Banco Central aumenta a taxa do compulsório, ocorre a situação inversa. Os bancos comerciais vão dispor 50Mercados Financeiros de menos recursos para emprestar. O crédito disponível para a população diminui e a base monetária se contrai, desacele- rando a economia. A elevação do compulsório também eleva a taxa de juros dos empréstimos, em função da escassez de recursos disponíveis para empréstimos. 3.2.2 Taxa de redesconto ou Empréstimo de Liquidez Linha de crédito do Bacen destinada a suprir eventuais necessi- dades de caixa dos Bancos. A taxa de redesconto é a taxa de juros cobrada pelo Banco Central nos empréstimos aos bancos comerciais. Muitas vezes, os bancos comerciais necessitam de empréstimos de curto pra- zo para cumprir alguns compromissos que, por falta de liqui- dez no período, não teriam como cumprir. O Banco Central funciona como uma espécie de empresta- dor de última instância para os bancos comerciais. Para com- pensar perdas de reservas, as instituições recorrem ao merca- do interbancário. Em último caso, recorrem ao redesconto junto ao Bacen, que atua como o Banco dos Bancos. Normalmente, a taxa de redesconto é superior à taxa de juros praticada pelo mercado, razão pela qual os bancos só recorrem ao redesconto em última instância. Capítulo 3 O mercado monetário 51 A utilização da linha de Redesconto tem um caráter puni- tivo, pois sinaliza uma situação de desequilíbrio da instituição financeira tomadora e, sendo assim, possui um custo mais ele- vado. O Bacen monitora o acesso a essa linha de financia- mento. Se determinada instituição financeira acessá-la com determinada frequência, poderá ser interpelada pelo Bacen. 3.2.3 Controle e Seleção de Crédito Esse instrumento estabelece de forma direta os controles, o vo- lume e o preço do crédito. O controle e a seleção do crédito impõe, de certa forma, algumas restrições ao livre funcionamento das forças de mer- cado. Quando o governo restringe o crédito, está controlando o volume e seu destino; está também controlando o nível de taxas de juros e fixando limites e condições para o crédito. Com esse tipo de medida, o governo reduz as possibilidades dos agentes econômicos efetuarem compras e vendas por meio da utilização do crédito. Por outro lado, quando o governo aumenta o volume de crédito no mercado, está incentivando a demanda por bens e serviços. Esse mecanismo gera uma maior oferta de bens e serviços na economia, podendo resultar em aumento dos pre- ços e consequentemente pode gerar um aumento da inflação. Portanto, esse instrumento pode ser utilizado com a finalidade de inibir os efeitos inflacionários na economia. 52 Mercados Financeiros Atualmente, o governo estabelece anualmente a meta de inflação, entendida como o nível máximo de inflação que as autoridades permitem atingir. O índice oficial adotado pelo Brasil é o IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Ampliado, calculado e apurado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 3.2.3.1 Mercado Primário Para lançar um título no mercado, ou seja, para fazer a primeira venda de um título, o Banco Central realiza o cha- mado leilão primário ou leilão formal. As instituições finan- ceiras credenciadas junto ao Bacen enviam suas ofertas, as quais o Bacen pode aceitar ou não. O processo todo ocorre via computadores. As instituições financeiras credenciadas para atuar como elo entre o Bacen e as demais instituições financeiras são co- nhecidas como Dealers, e sua principal função é atuar como elo entre o Bacen e as demais instituições do sistema finan- ceiro nacional. Os grandes bancos que atuam no mercado brasileiro são credenciados e atuam como Dealers, como, por exemplo, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Unibanco, Santander etc. 3.2.3.2 Mercado Secundário Como as instituições financeiras não são obrigadas a car- regar o papel comprado em leilão primário até o seu venci- Capítulo 3 O mercado monetário 53 mento, é prática comum a venda desses títulos ao mercado. A venda desses títulos a outras instituições cria o mercado secun- dário, que tem no mercado aberto o seu principal instrumento de operacionalização desses títulos. 3.3 Modalidades operacionais do mercado monetário O mercado monetário apresenta diversas modalidades de operações efetuadas entre as instituições financeiras ou com pessoas físicas e jurídicas não financeiras. As principais são descritas a seguir: Leilões Formais – Consistem em ofertas primárias de títulos pelo Banco Central. Qualquer pessoa física ou jurídica, por meio de instituições financeiras (bancos, corretoras e distribuidoras), envia suas ofertas para apreciação do Bacen, até o limite estabelecido para aquela instituição. Configura-se como um mecanismo de financiamento do Governo por meio do mercado financeiro. Leilões Informais (Go around) – Destinam-se a manter o maior nível de competitividade possível, mediante partici- pação de todos os dealers credenciados em uma opera- ção de venda ou resgate de títulos. Em um curto intervalo de tempo – 5 a 10 minutos –, os operadores do Bacen acionam as instituições e acolhem os lances propostos; selecionam os melhores e fecham imediatamente com as instituições, sem divulgar o tamanho do lote vendido, nem o preço médio negociado. 54 Mercados Financeiros Compra e Venda Definitiva – Consiste na compra de um título com a intenção de mantê-lo em carteira até o vencimento. Operações Compromissadas – Refere-se à venda de um tí- tulo efetuada entre uma instituição financeira e uma con- traparte (qualquer pessoa física ou jurídica) com o com- promisso de recomprá-lo a um determinado preço, em data previamente definida. Atividades 1) Assinale a alternativa correta. São instrumentos de política monetária do BACEN: a) Operações de Mercado Aberto, Depósito Compulsó- rio, Taxa de Redesconto e Controle e Seleção do Crédito. b) Operações de Mercado Aberto, Depósito Compulsó- rio, Taxa de Desconto e Controle e Seleção do Crédito. c) Operações de Mercado Fechado, Depósito Compulsó- rio, Taxa de Desconto e Controle e Seleção do Crédito. 2) Quanto aos instrumentos de política monetária do BACEN. Assinale V ou F: ( ) Taxa de redesconto consiste em uma linha de crédito do Bacen destinada a suprir eventuais necessidades de caixa dos Bancos. Capítulo 3 O mercado monetário 55 ( ) Controle e Seleção do Crédito consiste em uma linha de crédito do Bacen destinada a suprir eventuais necessida- des de caixa dos Bancos. ( ) Depósito Compulsório consiste em um percentual sobre os depósitos recolhido pelos Bancos ao Bacen. Poderoso instrumento de controle do efeito multiplicador da moeda. ( ) Controle e Seleção do Crédito é um instrumento que estabelece de forma direta os controles, o volume e o preço do crédito. 3) Quanto às diversas modalidades de operações efetuadas entre as instituições financeiras ou com pessoas físicas e jurídicas não financeiras, associe: I. Leilões Formais. II. Leilões Informais. ( ) Destinam-se a manter o maior nível de competitividade possível, mediante participação de todos os dealers creden- ciados em uma operação de venda ou resgate de títulos. ( ) Consistem em ofertas primárias de títulos pelo Banco Central. Qualquer pessoa física ou jurídica, por meio de instituições financeiras (bancos, corretoras e distribuidoras), envia suas ofertas para apreciação do Bacen, até o limite estabelecido para aquela instituição. Mercado de capitais ÂÂ O objetivo principal deste capítulo é a compreensão das principais noções sobre Mercado de Capitais, um sistema de distribuição de valores mobiliários com o objetivo de proporcionar liquidez aos títulos de emissão das empresas viabilizando seu processo de capitalização. Espera-se que, ao final deste capítulo, você consiga: • Entender o funcionamento do mercado de capitais. • Aplicar as análises fundamentalista ou grafista para investir no mercado de capitais. • Compreender o mercado de capitais como uma oportunidade de alavancagem financeira. Lauro Marmitt Capítulo 4 Capítulo 4 Mercado decapitais 57 4.1 Dinâmica do Mercado de Capitais O Mercado de Capitais pode ser definido como um conjunto de instituições financeiras não bancárias que intermediam nego- ciações de títulos e valores mobiliários, com o objetivo de ca- nalizar os recursos dos agentes compradores, conhecidos como investidores, para empresas privadas, emissoras desses títulos. Ele abrange operações de financiamento do capital de giro e do investimento das empresas, por meio da colocação de ações, bônus de subscrição de ações, commercial papers e debêntures no mercado doméstico, além de DR e eurobonds no mercado internacional. Commercial Papers são títulos que representam alterna- tivas de captação de curto prazo junto aos bancos. É uma Nota Promissória de curto prazo, sem garantia real, destinada a empresas com baixo nível de risco. Debêntures são títulos de crédito de médio ou longo pra- zo, emitidos por sociedade anônima de capital aberto ou fe- chado. A principal finalidade é a captação de recursos para suprimento das necessidades de capital de giro ou projetos de investimento das empresas, normalmente a custos inferio- res aos empréstimos tradicionais. Possibilita a conversão em ações. Eurobonds são títulos de renda fixa para venda a inves- tidores fora do País de domicílio do emissor, com a finalida- 58 Mercados Financeiros de de captação de recursos de médio e longo prazo. Para os investidores globais, o Eurobond apresenta como vantagem liquidez no mercado e isenção de impostos. Depositary Recept – DR são títulos ao portador negoci- áveis no mercado secundário. Esse tipo de operação ocorre quando um banco estrangeiro empresta recursos diretamente a uma empresa brasileira. Para as empresas brasileiras, é uma forma de captação de recursos no mercado internacional, nor- malmente mais baratos e com prazos mais longos. 4.2 Oferta de títulos As ofertas de títulos (ações, debêntures, notas promissórias e bô- nus de subscrição) têm por objetivo a abertura de capital, aumen- to de capital, emissão de títulos de dívida de uma sociedade anô- nima ou a transferência de títulos entre investidores. Estas podem ser feitas por meio de subscrição particular ou de oferta pública. A subscrição particular ocorre quando a emissão é total- mente subscrita por antigos acionistas ou direcionada a um grupo restrito. A subscrição por oferta pública é feita por meio de ampla divulgação no mercado, podendo ser realizada nos mercados primário e secundário. A oferta no mercado primário, também conhecida como underwriting, é a emissão de títulos novos, realizada por uma determinada empresa privada, por intermédio de uma ou mais instituições financeiras, que estruturam e distribuem esses tí- tulos. Já a oferta secundária, consiste na oferta, por meio de Capítulo 4 Mercado de capitais 59 leilão, de uma quantidade considerável de ações já emitidas e pertencentes a uma pessoa física ou jurídica. Nesse caso, não há efeito no caixa da empresa emissora, pois a transferência acontece entre investidores. 4.2.1 Underwriting Underwriting é o lançamento de ações, debêntures ou outro título mobiliário no mercado de capitais. Consiste na colocação (lançamento) ou distribuição no mercado de capitais de ações, debêntures ou outro título mo- biliário qualquer para investimento, ou revenda no mercado de capitais. Os tipos de underwriting existentes no mercado são: Garantia firme – é a operação na qual a instituição finan- ceira coordenadora garante a colocação de um determinado lote de ações a um determinado preço previamente pactuado com a empresa emissora, encarregando-se por sua conta e risco de colocá-la no mercado. Melhores esforços (Best Efforts) – caracteriza-se pelo com- promisso assumido pela instituição em desenvolver os melhores esforços para revender o máximo de uma emissão junto a seus clientes nas melhores condições possíveis e por um prazo deter- minado. Não há o compromisso formal de viabilizar a colocação. 60 Mercados Financeiros Stand by (residual) – caracteriza-se pelo compromisso assumido quanto à subscrição após determinado prazo, das ações que se comprometeu a colocar no mercado, mas que não encontraram interessados. Bookbuilding – trata-se da oferta global das ações de uma empresa visando à colocação de seus papéis no País e no exterior. Essa operação exige maior transparência nas in- formações sobre a empresa emissora e sobre a operação de subscrição. Não há uma definição prévia de preço pela qual a ação será vendida, ou o volume final da operação, mas sim a definição de um intervalo de preço justo que os coordenado- res da emissão e a empresa emissora acordam ser viável para atrair os investidores nacionais e estrangeiros e garantir uma boa liquidez do título no mercado. Para proceder o underwriting é necessário o Banco coor- denador ou banco líder, que é: Um banco de investimento contratado pela empresa para con- dução do processo, que providenciará o seguinte: • modelagem da operação; • documentação necessária à divulgação e ao lançamento; • análise e projeções financeiras da empresa emissora; • divulgação do lançamento dos papéis junto ao público; • formação do preço da ação ou da taxa de remuneração da debênture; • formação de consórcio de bancos que trabalharão em conjun- to com o líder – bancos coordenadores da emissão. Capítulo 4 Mercado de capitais 61 4.3 Agências de Rating São empresas especializadas na avaliação de risco, realizada por meio da análise das condições de um emissor de títulos para honrar seus compromissos, tais como pagamento de ju- ros e dividendos no prazo esperado. Para tanto, utiliza as seguintes informações coletadas na empresa: fluxo de caixa, situação financeira da empresa, pro- jeções financeiras, conjuntura econômica, atividade, concor- rência, perspectivas do mercado em que a empresa emissora atua e procedimentos internos. Essas avaliações tornam-se obrigatórias e são expressas em notas que podem ser apresentadas por meio de caracteres alfabéticos, alfanuméricos e com adição de sinais (+ ou -). Os ratings de crédito são utilizados como indicadores da probabilidade de os investidores receberem seu capital de vol- ta, segundo os termos acordados na ocasião da realização do investimento. Os ratings de crédito não constituem recomendação de compra, venda ou manutenção de um título. Cumprem a finalidade de informação ao investidor. As agências de rating mais conhecidas para títulos de dívida são Standard & Poors; Moody’s; Fitch Atlantic Ratings e Austin Asis. As agências de rating não auditam ou verificam se as in- formações prestadas pelas empresas são verdadeiras ou não. Entretanto, os ratings podem ser mudados em função das alte- rações das informações recebidas. 62 Mercados Financeiros O quadro abaixo mostra as categorias de risco atribuídas por duas empresas classificadoras de risco: Moody’s S&P Categorias de Investimento (Investment Grade) Aaa AAA Possuem menor risco de investimento e a mais elevada capacidade de pagamento do empréstimo e dos juros. Aa AA Títulos de qualidade muito elevada. Elevada capacidade de pagar os juros e o principal. Mudanças em algumas variáveis poderá afetar a capacidade de pagamento. A A Títulos de elevada capacidade de pagamento de juros e principal, apesar de serem mais suscetíveis a efeitos desfavoráveis nas condições econômicas que as categorias anteriores. Baa BBB Têm capacidade adequada de pagamento dos juros e principal. Diante de circunstâncias desfavoráveis, têm probabilidade de diminuição da capacidade de pagamento futura. Se o rating atribuído não estiver situado dentro do grau de investimento acima mostrado, o risco de inadimplência é mais elevado e implicará elevação nas taxas de juros requeridas pelos investidores. 4.4 Metodologias de determinação de preço A determinação do preço justo de lançamento de um título pode ser considerada uma tarefa muito difícil para os ban- Capítulo 4 Mercado de capitais63 cos de investimento responsáveis pela emissão. Por um lado, o preço deve atender às necessidade da empresa emissora, e, por outro, às expectativas do mercado investidor. Na emissão de ações, é necessário estabelecer o preço justo da ação a ser oferecida aos investidores. Se o preço de lançamento for demasiadamente alto, a emissão pode fracassar. Caso ocorra o contrário, os acionistas já existentes poderão sofrer prejuízo. Por essa razão, é fundamental a compreensão dos princi- pais métodos de apuração do valor das ações da empresa. Destacamos a Análise Fundamentalista e a Análise Gráfica ou Técnica. 4.5 Análise Fundamentalista e Grafista 4.5.1 Análise Fundamentalista A Análise Fundamentalista é a metodologia de determina- ção do preço justo de uma ação, fundamentada na expectati- va de resultados da empresa (projeção de resultados, a partir dos resultados anteriores), diferentemente da cotação da bol- sa, que é o preço de mercado. 64 Mercados Financeiros As principais formas para determinação do valor da ação de uma empresa encontradas na análise financeira ou funda- mentalista estão abaixo comentadas. 4.5.1.1 Fluxo de caixa descontado Refere-se ao valor da empresa baseado nas projeções dos seus rendimentos líquidos, para um período determinado, e descontando-os à taxa mínima de atratividade para o empre- endimento. Pode ser baseada em alguns cenários – otimistas, pessimistas ou em condições de normalidade – e nas probabi- lidades associadas a cada um deles. O fluxo médio ponderado, descontado a uma taxa mínima de atratividade, indica o valor da empresa. Leva em conta fa- tores econômicos e financeiros, favoráveis ou desfavoráveis ao empreendimento, a saber: Â Fluxo de caixa – série de valores no tempo, cuja mon- tagem requer diagnóstico de todos os setores, quanto a aspectos internos (política de pessoal, estágio de vida dos produtos, atualização tecnológica do parque indus- trial, competência gerencial) e externos (relacionamento com o mercado consumidor, acompanhamento de evo- luções tecnológicas e administrativas, relacionamento com o setor público, marca etc.). Â Taxa de desconto – o retorno mínimo exigido para a apli- cação dos recursos, dado o risco que o negócio enfrenta. Capítulo 4 Mercado de capitais 65 4.5.1.2 Análise de múltiplos A análise de múltiplos deriva da precificação de ativos comparáveis, padronizados pelo uso de uma variável comum como lucros, fluxos de caixa e receitas. A comparação pode ocorrer com outras empresas de características semelhantes. Na análise de múltiplos, podemos destacar: P/L – É um dos indicadores mais utilizados, em que “P” representa o preço da ação no mercado e “L” o lucro por ação estimado para os próximos anos. VE/EBITDA – “VE” representa o valor de mercado da em- presa mais os empréstimos e financiamentos onerosos, menos as aplicações financeiras. Essa relação indica o prazo para o retorno do capital total (próprio e de terceiros), assumindo- -se que a empresa tenha uma geração de caixa equivalen- te à indicada pelo EBITDA (lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação) em regime de perpetuidade. EBI- TDA significa Earnings Before Interests, Taxes, Depretiation and Amortization. O EBITDA é um número muito valorizado pelo mercado na avaliação de uma empresa. Espelha o desempenho da empre- sa levando em consideração, somente os ganhos gerados por sua atividade principal. É um indicador muito importante, pois mede a produtivida- de e a eficiência do negócio. Por isso, em informações sobre companhias abertas, você vai encontrar com frequência refe- rências ao EBITDA. 66 Mercados Financeiros 4.5.2 Análise Técnica ou Grafista É a metodologia de determinação do preço justo de uma ação que se fundamenta na projeção do comportamento dos preços observados em bolsa ao longo do tempo, representado por gráficos. Estes traduzem o comportamento do mercado e avaliam a participação das massas de investidores que influen- ciam a formação de preços. Nesse tipo de análise, não importam os motivos que levam à mudança de preços de uma ação e sim a mudança de com- portamento do investidor. A análise técnica ou grafista é mais recomendada para visões de curto prazo. Centrada no comportamento dos preços das ações. Seu princípio básico é que a cotação das ações segue padrões e tendências que se repetem. Inicialmente fundamentada na Teoria de Dow (o que acon- teceu hoje poderá ocorrer amanhã), a análise grafista evoluiu para um conjunto de sofisticados estudos de gráficos de pre- ços e volumes, que medem as forças de oferta e de procura de determinada ação, indicando se o investidor deve comprar, vender, não comprar ou não vender. Capítulo 4 Mercado de capitais 67 Atividades 1) Assinale a alternativa correta. São tipos de underwriting existentes no mercado: a) Garantia firme, Comercial Papers, Stand by e Bookbuilding. b) Debêntures, Melhores esforços, Stand by e Bookbuilding. c) Garantia firme, Melhores esforços, Stand by e Bookbuilding. 2) Com relação aos títulos e valores mobiliários negociados no Mercado de Capitais. Assinale V ou F: ( ) Debêntures são títulos que representam alternativas de captação de curto prazo junto aos bancos. É uma Nota Promissória de curto prazo, sem garantia real, destinada a empresas com baixo nível de risco. ( ) Comercial Papers são títulos de renda fixa para venda a investidores fora do País de domicílio do emissor, com a finalidade de captação de recursos de médio e longo prazo. ( ) Debêntures são títulos de crédito de médio ou longo prazo, emitidos por sociedade anônima de capital aberto ou fechado. A principal finalidade é a captação de recur- sos para suprimento das necessidades de capital de giro ou projetos de investimento das empresas, normalmente a custos inferiores aos empréstimos tradicionais. Possibilita a conversão em ações. ( ) Depositary Recept – DR são títulos ao portador negoci- áveis no mercado secundário. Esse tipo de operação ocor- 68 Mercados Financeiros re quando um banco estrangeiro empresta recursos direta- mente a uma empresa brasileira. 3) Quanto aos principais métodos de apuração do valor das ações da empresa, associar: I. Análise Fundamentalista. II. Análise Técnica. ( ) Se fundamenta na projeção do comportamento dos preços observado em bolsa ao longo do tempo, represen- tado por gráficos. ( ) É fundamentada na expectativa de resultados da em- presa (projeção de resultados, a partir dos resultados ante- riores), diferentemente da cotação da bolsa, que é o preço de mercado. Mercado de derivativos ÂÂNeste capítulo, estuda-se o mercado de derivativos, en-tendendo-se derivativo como um instrumento – con- trato ou título – cujo valor decorre ou deriva de outro ativo real ou financeiro (ação, moeda estrangeira, ouro etc.). Espera-se que, ao final deste capítulo, o aluno consiga: • Compreender as características formais do mercado de derivativos. • Diferenciar os segmentos do mercado de derivativos. • Compreender o funcionamento das operações de compra e venda no mercado de derivativos. Lauro Marmitt Capítulo 5 70 Mercados Financeiros 5.1 Dinâmica do Mercado de Derivativos Os derivativos acompanham a história da comercialização de bens e não há um período preciso que identifique o seu surgi- mento. Alguns autores indicam que as primeiras negociações com commodities básicas ocorreram na China antiga, sendo que a primeira bolsa de commodities do mundo é a Chicago Board of Trade e iniciou seus negócios com derivativos no final do século XIX. Esses fatos, aliados ao crescimento do comércio mundial e à recente globalização da economia, aumentaram a demanda dos agentes econômicos pela proteção de seus investimentos e por formas mais eficientes de financiamento. Surgiu a neces- sidade da criação de vários instrumentos que tinham por ob- jetivo diminuir o risco das negociações entre os participantes envolvidos em operações. O mercado evoluiu
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