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RA :8028283 Atividade de Portfólio Atividade Referente a Disciplina de Saúde da Criança e Adolescente, sobre orientação da Prof. Danielle Monteiro Vilela POLO Boa vista /RR 20 de outubro de 2019 Aluno: Nario Silva de Lima Projeto de Prática A Enfermagem e a saúde do adolescente: transtornos alimentares Objetivos Averiguar mudanças na percepção corporal e comportamento alimentar em adolescentes do sexo feminino após implementação de uma ação educativa no cenário escolar. Objetivos especifico Identificar adolescentes do sexo feminino com alterações da autoimagem/ e ou comportamento alimentar de risco; Levantar os questionamentos, dificuldades, medos e anseios das adolescentes de risco relacionados aos transtornos alimentares. Desenvolver uma ação educativa utilizando a perspectiva, problematizada em relação aos transtornos alimentares; Avaliar os efeitos de uma ação educativa na percepção corporal e no comportamento alimentar de adolescentes do sexo feminino. Introdução Os transtornos alimentares têm seu diagnóstico baseado em características psicológicas, comportamentais e fisiológicas. Caracterizam-se por severas perturbações no comportamento alimentar e imagem corporal e afetam principalmente jovens do sexo feminino. A importância dada à imagem e à aparência é notória nos dias atuais. Cada vez mais um modelo de beleza vem ganhando força a despeito das reais necessidades e possibilidades da população. O ideal de um corpo magro ou bem delineado nem sempre é alcançado, proporcionando desconforto à pessoa que o busca. Em contrapartida, o sobrepeso vem crescendo de forma alarmante, apresentando-se como um problema de saúde pública no Brasil, inclusive entre crianças e adolescentes Podendo levar aos transtornos alimentares que são definidos como distúrbios psiquiátricos caracterizados por alterações do padrão alimentar e por distorções relacionadas com os alimentos e com o peso corporal, resultando em efeitos adversos sobre o estado nutricional. São doenças que afetam adolescentes e jovens adultos, de ambos os sexos, ocasionando prejuízos psicológicos, biológicos, sociais e o aumento da morbimortalidade. Ao refletir sobre o assunto, percebi o quanto é desigual à luta das mulheres contra as mídias que estabelecem o culto ao corpo magro. Percebe-se que esse comportamento adotado pelos adolescentes é motivado pela sociedade ocidental que subjuga e age com preconceito em relação às pessoas consideradas fora dos padrões atuais. Entendo que a mídia, redes sociais ou outros meios de comunicação não devem ser considerados como os responsáveis pelo desenvolvimento dos transtornos alimentares, porém é perigosa a associação entre felicidade e magreza tantas vezes exultadas pelas mídias. Desse modo, observei que as adolescentes poderiam ser as mais prejudicadas com esse problema. Pois, nessa fase da vida, passamos por um processo de crescimento, desenvolvimento e transformações no corpo que podem gerar instabilidade e insegurança em relação a nossa autoimagem. Os transtornos alimentares são doenças psíquicas caracterizadas por graves alterações do comportamento alimentar. Geralmente apresentam as suas primeiras manifestações na infância e na adolescência. Nessas faixas etárias os transtornos podem ser divididos em dois grupos. Os que acontecem precocemente na infância e que representam alterações da relação da criança com a alimentação estão incluídos: a pica (ingestão de substâncias não nutritivas) e o distúrbio de ruminação (episódios de regurgitação repetida que não podem ser explicados por nenhuma condição médica). No segundo grupo estão os principais transtornos alimentares: a anorexia e a bulimia. Estas, os transtornos alimentares apresentam ocorrência global: estudos mostram prevalência significativa tanto em países desenvolvidos, como os EUA, Japão, Israel e nações europeias (NAKAMURA et al., 2000; ROJO et al., 2003), quanto em países em desenvolvimento (NOBAKHT; DEZHKAM, 2000). Estes estudos pesquisam adolescentes e adultos, e as taxas de prevalência de bulimia nervosa variam entre 0,4 % a 3,2 % no sexo feminino e entre 0 % a 0,36 % no sexo masculino; as taxas de anorexia variam entre 0,5 % e 0,9 % no sexo feminino e as taxas de síndromes parciais estão entre 2,8 % e 6,6% no sexo feminino e entre 0,5% e 0,8% no sexo masculino. Esses índices variam muito porque dependem de uma série de fatores, que divergem em cada estudo, tais como população analisada, faixa etária, país pesquisado, metodologia utilizada, entre outros. Existem poucas pesquisas epidemiológicas em transtornos Alimentares em países em desenvolvimento e o Brasil também revela carência de pesquisas nessa área. No entanto, a experiência clínica sugere que esses transtornos também têm prevalência significativa no Brasil (KESSELER et al., 2013). Transtornos alimentares: anorexia e bulimia Anorexia: É uma desordem caracterizada por uma imagem distorcida do próprio corpo e um medo mórbido de engordar, o que leva à recusa de manter um peso minimamente normal. Estima-se que atinge de 0,3 a 0,5% da população, e 90% dos casos ocorrem com mulheres. Geograficamente, os países em que mais ocorrem casos de anorexia são os da Europa e Estados Unidos, e raramente na Ásia e África. No Brasil não existem dados precisos, mas sabe-se que a maior incidência é entre as classes média-alta e alta. Os primeiros sintomas da anorexia surgem no início da adolescência, e se dão em duas fases: 13-14 anos, 16-17 anos. Os dois picos de maior incidência são aos 14 e 16 anos. O índice de mortalidade é de 4% em anoréxicos tratados, e maior nos não tratados, chegando a 30%. Bulimia: A bulimia é um distúrbio grave da alimentação, muitas vezes confundida com a anorexia, mas sua origem e tratamento são bastante diferenciados. A bulimia é considerada uma faceta da depressão psíquica. Nesse caso, o indivíduo tem “fome” voraz, e compulsão ao se alimentar. Por isso, alimenta-se excessivamente, e, em seguida, tem episódios de culpa, remorso, arrependimento, e tenta “reparar” ou “desfazer” sua ação, provocando vômito, tomando laxante, por exemplo. A doença também atinge mais o sexo feminino de classe média- alta e alta, mas a incidência é maior entre 18 e 40 anos de idade, faixa etária superior à característica da anorexia. A incidência é grande em cursos secundários e universitários, e entre as pacientes existe forte presença de problemas afetivos, transtornos ansiosos, abuso e dependência de drogas. A anorexia e a bulimia são patologias que podem evoluir com gravidade significativa, sendo que a bulimia apresenta os índices de recuperação completa mais altos (HERZOG et al., 2000; CORDÁS et al., 2004). A porcentagem de pacientes com anorexia que se recuperam totalmente não é muito alta: somente cerca de 50% dos pacientes evoluem para uma recuperação total, sendo que 20% permanecem com sintomas residuais e 30% apresentam um curso crônico independente do tratamento utilizado. A anorexia tem taxa de mortalidade maior que qualquer outro transtorno psiquiátrico, Os fatores predisponentes dos transtornos alimentares são categorizados em três grupos: individual, familiar/hereditário e sociocultural. Entre os fatores individuais destacam-se os traços de personalidade como: baixa autoestima, traços obsessivos e perfeccionistas (na anorexia), impulsividade e instabilidade afetiva (na bulimia). História de transtornos psiquiátricos como: depressão, transtornos de ansiedade e dependência de substâncias são ainda características desse grupo. No grupo familiar e hereditário aparece a agregação familiar, a genética e padrões de interação familiar como: rigidez, impulsividade e evitacão de conflitos (anorexia) e desorganização e falta de cuidados (bulimia).Enquanto nos grupos socioculturais observa-se o ideal cultural de magreza, grande parte dos estudos realizados com adolescentes constata que são mais comuns as adolescentes do sexo feminino quando comparadas aos do sexo masculino, cultivarem o medo da obesidade e má-aceitação do corpo, o que pode relacionar-se a casos de baixa autoestima, inferioridade e rejeição (FERNANDES, 2007). O empenho feminino, especialmente, desde a infância e/ou adolescência em melhorar a forma física é motivado pelo receio de se tornar alvo de discriminação. A insatisfação corporal, o medo de engordar e as alterações na autoimagem levam à busca de uma aparência socialmente moldada, com a adoção de comportamentos de risco à saúde e ao bem estar, como prática de dietas da moda e jejuns, dentre outros. Para que estes programas tragam resultados positivos, é importante o envolvimento da comunidade escolar através não apenas dos professores e alunos. São necessárias intervenções em sala de aula, realização de aconselhamento para grupo de risco de desenvolver os transtornos; incentivo à oferta de alimentos saudáveis nas cantinas; modificação dos conteúdos trabalhados nas salas de aulas de educação física; e a realização de atividades externas junto à comunidade e os pais. Na sequência, recomenda-se integração entre escolas, serviços de saúde, centros comunitários, organizações religiosas e mídia locais para que haja reforço dos programas desenvolvidos pelas escolas, Historicamente, saúde e educação têm vivenciado aproximações e distanciamentos, e destes têm surgido algumas experiências que refletem encontros e desencontros, no que diz respeito ao cumprimento das suas missões e do seu papel social. Os diversos contextos históricos e as formas como os diversos atores se inserem e compõem esses contextos têm sido determinantes na configuração desses movimentos. Dessa maneira, os transtornos alimentares por já representarem um problema de saúde pública, com prevalência e incidência subestimadas em todo mundo, deve estar inserido nas diretrizes da nova política de atenção à saúde do escolar no Brasil. Outros distúrbios alimentares que afetam as crianças e o adolescente são a obesidade infantil - aumento visível na população, não só infantil como adulta também. A obesidade não tem nível socioeconômico, ela aparece em todas as camadas sociais e já é considerada o mal do século. Juntamente com a obesidade se instalam outras doenças associadas como diabetes, hipertensão e dislipidemias, além dessas patologias existem consequências psicossociais como: discriminação, baixa autoestima, depressão e socialização diminuída. É difícil determinar se uma criança em crescimento está ou não obesa. O estado nutricional do adolescente reflete o grau no qual as necessidades fisiológicas de nutrientes estão sendo ou não atendidas. O equilíbrio entre a ingestão de nutrientes e as necessidades do organismo determinam um estado nutricional ótimo. A ingestão de nutrientes depende do consumo real de alimentos e é influenciada pelos fatores: socioeconômicos, comportamento alimentar, ambiente emocional, influências culturais, patologias (afetam a capacidade de comer e/ou absorver nutrientes). As necessidades de nutrientes irão depender de fatores como: estresse, infecções, trauma, crescimento, gravidez, manutenção do peso, estresse psicológico. O estado nutricional ótimo promove o crescimento e o desenvolvimento, mantém a saúde geral, sustenta as atividades da vida diária e protege o corpo contra doenças. A escolha de hábitos saudáveis ajuda a crianças e adolescente a prevenir diversas doenças crônicas e patológicas, a escolha da dieta influencia profundamente as perspectivas de saúde a longo prazo. As doenças que afligem as pessoas de todo o mundo podem ser divididas em dois grupos principais: as infecciosas e as degenerativas. As primeiras são transmissíveis e estão ligadas a condições de vida das pessoas, como higiene, saneamento, moradia, abastecimento de água, etc. A nutrição tem uma influência no estado de saúde geral da pessoa, para que ela se recupere. Pessoas desnutridas, com deficiências nutricionais têm menor resistência e capacidade de defender seu organismo, pois apresentam menor eficiência do sistema imunológico. As doenças degenerativas não são transmissíveis, mas se desenvolvem ao longo da vida, de acordo com os hábitos e estilo de vida das pessoas. A soma de fatores que contribuem para que essas doenças. Quando a alimentação da criança e do adolescente está mal controlada, ou seja, come-se qualquer coisa a qualquer hora e em qualquer quantidade, apenas para “matar a fome”, o corpo começa a sofrer as consequências, tais como o aumento de peso, levando as pessoas à obesidade, ao diabetes e à hipertensão arterial. Nossa alimentação deve ser balanceada, obedecendo a quantidade correta de carboidratos, gorduras e proteínas, para que possamos viver de maneira saudável e tranquila. Métodos Para a consecução dos objetivos propostos, optou-se por uma abordagem metodológica mista na combinação do enfoque quantitativo e qualitativo junto as adolescentes, procurando assim, compreender sua vulnerabilidade em relação aos transtornos alimentares. As escolhas dos temas desenvolvidos emergiram de situação problema, filmes sobre a temática e textos de revistas direcionadas aos adolescentes. As temáticas apontadas e discutidas pelo grupo foram: alimentação saudável na adolescência, exercícios físicos, insatisfação corporal e autoestima. Resultados – as adolescentes apresentaram baixa renda, pais com baixa escolaridade, que viviam juntos. Estas possuíam como padrão de beleza feminina o corpo magro, tendo como referência atrizes e modelos. Muitas se mostraram insatisfeitas com sua imagem corporal desejando uma silhueta mais magra, mesmo Encontrando-se com IMC adequado, algumas apresentaram comportamento alimentar alterado e um percentual considerável gostaria de se submeter a cirurgias plásticas. Conclusão A mudança no estilo de vida da sociedade ocidental e o avanço tecnológico aumentou o acesso a diferentes tipos de mídia e está, por sua vez, tem vinculado um padrão de beleza irreal na maioria das vezes incompatível com a saúde, além de estimular o consumo alimentar excessivo de baixo valor nutritivo. O adolescente, que ainda está passando por mudanças e formando identidade corporal, tende a se sentir insatisfeito com sua imagem. A partir desta insatisfação começa a busca por um corpo ideal, que é magro para as adolescentes do sexo feminino e forte para os adolescentes do sexo masculino. Verificou-se que antes da ação educativa existia uma elevada prevalência de insatisfação corporal, sendo expressivo o percentual de adolescentes que mesmo apresentando o IMC considerado adequado gostariam de ser mais magras. Talvez influenciadas por modelos e atrizes de corpos magros apontados por elas como sendo o padrão ideal de beleza feminina. Além disso, muitas expressaram o desejo de realizar cirurgia plástica se tivessem oportunidade. A ação educativa utilizando metodologias ativas foi uma aliada importante como estratégia na prevenção dos transtornos alimentares, estimulando as adolescentes a refletirem como poderiam contribuir para a melhoria das condições de saúde e autoestima. O envolvimento da comunidade escolar foi essencial para o sucesso da ação educativa através da participação dos professores e coordenadores nos encontros, pela possibilidade de sensibiliza-los sobre a problemática dos transtornos alimentares. A escola tem representado um importante cenário para o encontro entre saúde e educação abrigando amplas possibilidades de iniciativas, como de promoção e prevenção da saúde de crianças e adolescentes, que poderão contribuir na redução dos riscos ligados a estas fases da vida. A implementação de uma ação educativa utilizando a metodologia da problematizaçãona prevenção dos transtornos alimentares teve impacto positivo na medida em que a produção do conhecimento gerado no grupo operativo propiciou uma reflexão crítica sobre os padrões de beleza impostos socialmente e o papel da mídia na valorização da beleza magra como bem de consumo, em detrimento de aspectos que envolvem valores éticos e morais no convívio em sociedade. Contribuindo para aumento da autoestima, diminuição do comportamento alimentar alterado, e desconstrução de mitos sobre os exercícios físicos entre as adolescentes. Descritores: Transtornos alimentares; Adolescentes, Educação em Saúde, Promoção da saúde. 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