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História da Arte Contemporânea

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Prévia do material em texto

História da Arte 
Contemporânea
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Rita Garcia Jimenez
Revisão Textual:
Profa. Ms. Alessandra Fabiana Cavalcanti
Arte Concreta, Grupo Fluxus e Minimalismo
• Arte Concreta
• Fluxhouse – Um Mundo para a Arte
• Minimalismo
 · Conhecer os aspectos conceituais, históricos e estéticos da Arte Con-
creta e do Minimalismo e conhecer o trabalho do Grupo Fluxus.
 · Apreciar, analisar significativamente, ler e criticar manifestações artís-
ticas contemporâneas.
 · Valorizar a pesquisa sobre os aspectos conceituais, históricos e estéti-
cos da Arte Concreta, do Minimalismo e do Grupo Fluxus.
 · Valorizar a arte como construção de conhecimento e de cultura.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Arte Concreta, Grupo 
Fluxus e Minimalismo
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Arte Concreta, Grupo Fluxus e Minimalismo
Contextualização
Chegamos à década de 1970, em nossos estudos da história da arte 
contemporânea. Assim como o mundo, ela também avançou. Entender o passado 
é entender o presente e ter condições de elaborar o futuro – ainda que ele seja 
imprevisível. Mas, como estamos em permanente formação pessoal, profissional, 
social, precisamos criar nossas considerações para que a educação que iremos 
transmitir tenha subsídio.
O acesso à experiência estética, a partir do contato com a atitude e o trabalho 
dos artistas, é fundamental. Os nomes são muitos, os trabalhos são inesgotáveis, 
mas a vontade de expressar algo é fundamental. Muitos artistas expõem sua 
própria intimidade, histórias e vivências – assim como todos nós – como referência 
estética ou conceitual, na tentativa de resgatar e DE compreender, muitas vezes, 
sua identidade. Assim, nos deparamos com objetos do cotidiano guindados à 
arte, sons, movimentos, atitudes, que, normalmente, precisam do espectador/
observador para existirem.
Assim como o Grupo Fluxus – que tinha na performance sua grande marca –, a 
nossa vida também está em permanente ebulição. Seus artistas não se furtaram em 
questionar temas como a fragilidade e as estranhezas do corpo, a identidade, a sutil 
fronteira entre os espaços públicos e privados, o contexto urbano, a diversidade 
cultural, de gênero e o uso de aparatos tecnológicos e digitais, entre tantas formas 
de expressão. Aliás, encontrar essas formas de expressão parece ser o elemento 
fundamental. Então, vamos lá, que o tempo é agora.
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Arte Concreta
O deslumbrante predomínio da razão humana, o triunfo do homem sobre 
o caos. (Denise René, uma das maiores galeristas europeias do século XX)
Arte Concreta – ou Concretismo – significou uma redefinição do conceito de 
abstração, em busca de uma maior adequação à verdade do trabalho de arte, 
principal ponto de partida para muitos artistas desde os anos 1930 até 1950. 
A ideia era de uma pintura feita com linhas e ângulos retos, utilizando-se as três 
cores primárias (vermelho, amarelo e azul) e as não-cores (preto, branco e cinza). 
As composições deveriam ser reduzidas ao mínimo, as superfícies das obras não 
revelariam o trabalho dos pinceis e o objetivo seria construir imagens em que 
prevalecessem a harmonia e a ordem.
O movimento foi definido pelo artista e teórico holandês Theo van Doesburg 
(1883-1931), no manifesto As bases da Arte Concreta, publicado no primeiro e 
único número da revista Art Concret, em 1930. O manifesto diferenciava a Arte 
Concreta de toda uma gama de novos estilos figurativos como o Surrealismo, por 
exemplo, de certas formas de arte como a abstração expressiva de Vassili Kandinski 
(1866-1944) e obras de natureza abstrata como no Cubismo e no Futurismo. Nada 
havia de sentimental, nacionalismo ou romântico na Arte Concreta. Suas raízes se 
encontram no Suprematismo de Kasimir Malevitch (1878-1935) – que se voltou 
para a pesquisa com formas geométricas puras –, no Construtivismo, ligado à 
vanguarda russa no início do século XX; no movimento holandês De Stijl e no 
Elementarismo de Van Doesburg.
Fig. 1 – Estudo de cores - Quadrados com círculos 
concêntricos (1913), de Vassili Kandinski, aquarela, 
guache e lápis no papel (0,2 m × 0,3 m).
Fonte: wassilykandinsky.net
Fig. 2 – Suprematismo nº 50 (1915), 
de Kasimir Malevitch, óleo 
sobre tela (0,6 m x 0,9 m).
Fonte: wikiart.org
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UNIDADE Arte Concreta, Grupo Fluxus e Minimalismo
O objetivo do Concretismo era ser uma arte 
universalmente clara, um produto não da men-
te irracional – conforme reivindicavam os sur-
realistas –, mas da mente racional e consciente 
de um artista livre do ilusionismo e do simbo-
lismo. A arte deveria ser uma entidade em si 
mais do que um veículo para ideias espiritu-
ais ou políticas. Na prática, o termo tornou-se 
sinônimo de abstração geométrica na pintura 
e na escultura. Nas obras de arte existe uma 
ênfase em materiais reais e em espaços reais, 
a predileção pelas grades, pelas formas geo-
métricas e pelas superfícies homogêneas. Os 
artistas se inspiravam com frequência em con-
ceitos científicos ou em fórmulas matemáticas. 
A obra de arte não representa a realidade, mas 
evidencia estruturas, planos e conjuntos rela-
cionados, que falam por si mesmos.
A Arte Concreta adquiriu um ímpeto con-
siderável, apesar da morte de Van Doesburg, 
em 1931. Inicialmente, o grupo Abstraction 
Création a apoiou, até sua dissolução, em 
1936, quando o termo e o conceito foram re-
elaborados pelo artista e arquiteto suíço Max 
Bill (1908-1994), ex-aluno da Bauhaus – escola 
alemã, criada em 1919, que buscou capacitar 
seus alunos na teoria e na prática das artes para 
que criassem produtos artísticos, comerciais e 
populares. Bill foi fundamental, também, para 
a introdução do Concretismo no Brasil, a par-
tir das exposições dele e da delegação suíça na 
I Bienal de São Paulo, em 1951. A partir des-
se momento, o Concretismo nacional ganhou 
densidade e especificidade própria, principal-
mente em São Paulo, especialmente com Wal-
demar Cordeiro (1925-1973).
Fig. 3 – Concretismo brasileiro: Estrutura 
plástica (1949), de Waldemar Cordeiro, 
têmpera sobre tela (0,7 m x 0,5 m)
Fonte: itaucultural.org.br
Fig. 4 – Cartaz para a exposição da 
Bauhaus, em julho-setembro de 1923, 
criado por Joost Schmidt (1893-1948)Fonte: designculture.com.br
Fig. 5 – Ritmo em quatro quadrados (1943), de Max Bill
Fonte: lohse.ch
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Entre os artistas que trabalharam com estilos geometricamente abstratos nos 
anos 1930, estão os franceses Jean Gorin (1899-1981), Jean Hélion (1904-
1987) e Auguste Herbin (1882-1960), o italiano Alberto Magnelli (1888-1971), o 
holandês César Domela (1900-1992), os ingleses Bem Nicholson (1894-1982) e 
Barbara Hepworth (1903-1975), os americanos Iliá Bolotóvski (1907-1981) e Ad 
Reinhardt (1913-1967), entre outros.
A partir do pós-guerra, Paris tornou-se o centro mais importante da Arte 
Concreta. Denise René – uma das maiores galeristas europeias do século XX – abriu 
sua galeria com o objetivo de promover novos tipos de arte como a Arte Concreta. 
No ano seguinte, foi realizada uma exposição na capital francesa, organizada com 
apoio de Nelly van Doesburg, viúva de Theo, e, em 1946, foi criado o Salon des 
Réalités Nouvelles (Salão dos Novos Realistas) para expor a abstração geométrica.
Além de Max Bill, os também suíços Richard Paul Lohse (1902-1988) e Verena 
Loewensberg (1912-1986), recolocam o problema da bidimensionalidade do 
espaço pictórico introduzido pelo Cubismo ao definir o quadro como suporte sobre 
o qual a realidade é reconstruída, e passível de ser apreendida de múltiplos ângulos.
Fig. 6 – Quatro grupos simétricos (1947/1959), de Richard Paul Lohse, óleo sobre tela (0,5 m × 1 m)
Fonte: lohse.ch
Fig. 7 – Sem título, de Verena Loewensberg (1949), óleo sobre tela
Fonte: wikiart.org
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UNIDADE Arte Concreta, Grupo Fluxus e Minimalismo
A Arte Concreta continuou a recrutar participantes no plano internacional, du-
rante o final dos anos 1940 e nos anos 1950, por meio de grupos que se forma-
ram na Argentina, no Brasil, na Itália e na Suécia. Uma nova geração de artistas 
contribuiu para o surgimento do Minimalismo, entre outros movimentos e estilos 
de arte em meados do século XX. A década de 1950 é muito importante para 
o estilo, pois é quando ocorre a primeira edição da Documenta de Kassel, em 
1955, na Alemanha, que se tornaria uma das mais concorridas exposições de arte 
contemporânea do mundo. Desde então, a mostra é realizada a cada cinco anos.
Fig. 8 – Grande homem sentado (1955), de Hans Mettel, 
na primeira edição da Documenta de Kassel, na Alemanha.
Fonte: documentaarchiv.de
Fluxus
“Fluxus não foi um momento na história ou um movimento artístico. 
É um modo de fazer coisas..., uma forma de viver e morrer”. (Dick 
Higgins, 1938-1998)
Fluxus é atitude. Atitude diante do mundo, do fazer artístico e da cultura. Menos 
que um estilo, um conjunto de procedimentos, um grupo específico ou uma coleção 
de objetos, ele se manifesta nas mais diversas formas de arte: música, dança, 
teatro, artes visuais, poesia, vídeo, fotografia e outras. Seu nascimento oficial está 
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ligado ao Festival Internacional de Música Nova, em Wiesbaden, Alemanha, em 
1962, e a George Maciunas (1931-1978), artista lituano radicado nos Estados 
Unidos, que batiza o movimento com uma palavra de origem latina. Fluxu significa 
fluxo, movimento, escoamento. O termo Fluxus, originalmente criado para dar 
título a uma publicação de arte de vanguarda, passa a caracterizar uma série de 
performances organizadas por Maciunas na Europa, no início dos anos 1960. São 
elas que estão na raiz de festivais realizados em Copenhague, Paris, Düsseldorf, 
Amsterdã e Nice, os Festum Fluxorum.
Fig. 9 – Atividades ao piano (1962), com George Maciunas, Dick Higgins, Wolf Vostell, 
Benjamin Patterson e Emmett Williams (da esquerda para a direita), no Fluxus 
Internationale Festspiele Neuester Musik, em Wiesbaden, Alemanha
Fonte: georgemaciunas.info
George Maciunas
Em 1963, Maciunas escreve o Manifesto Fluxus, exigindo que o mundo fosse 
expurgado da “náusea burguesa, da cultura intelectual, profissional e comercial”. 
Prometeu que o Fluxus iria promover a arte viva, fundir os quadros revolucionários 
culturais, sociais e políticos numa frente e numa ação unidas. De perfil internacional, 
interdisciplinar e plural do ponto de vista das artes, defendia:
“Livrem o mundo da arte morta, da imitação, da arte artificial, da arte 
abstrata... Promovam uma arte viva, uma antiarte, uma realidade não 
artística, para ser compreendida por todos, não apenas pelos críticos, 
diletantes e profissionais...”.
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UNIDADE Arte Concreta, Grupo Fluxus e Minimalismo
Fig. 10 – Manifesto Fluxus, escrito em 1963, por George Maciunas
Fonte: georgemaciunas.info
Dessa forma, o Fluxus mobiliza artistas de vários países: Ben Vautier (1935-) e 
Robert Filliou (1926-1987), da França; Dick Higgins (1938-1998), Robert Watts 
(1923-1988) e George Brecht (1926-), dos Estados Unidos; Yoko Ono (1933-
), Shigeko Kubota (1937-2015) e Takako Saito (1929-), do Japão; Wolf Vostell 
(1932-1998) e Joseph Beuys (1921-1986), da Alemanha; e Nam June Paik (1932-
2006) – marido de Shigeko – da Coreia do Sul, além de outros representantes 
destes países e de países nórdicos.
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Fig. 11 – Homenagem a Henry Ford e Jacqueline Kennedy (1967), de Wolf Vostell, instalação
Fonte: guerra-creativa.com
O grupo de artistas, que deixou marcas significativas nas artes nas décadas 
de 1960 e 1970, opôs-se aos valores burgueses, às galerias e ao individualismo. 
A maioria das obras desse grupo informal internacional envolvia a colaboração 
com outros artistas ou com o espectador. Logo ele se tornaria uma comunidade, 
em permanente expansão, composto por artistas de várias áreas e nacionalida-
des, trabalhando juntos. O grupo é uma derivação do movimento Neodadá dos 
anos 1950 e 1960, de Marcel Duchamp (1887-1968), do Novo Realismo, entre 
outras influências como o compositor experimental norte-americano John Cage 
(1912-1992).
Muitos dos artistas visuais e compositores do grupo americano conheceram 
pessoalmente ou estudaram com Cage. Dick Higgins (1938-1998) recordou: “A 
melhor coisa que nos aconteceu nas aulas de Cage foi o conceito que ele nos 
transmitiu de que ‘tudo é possível’, pelo menos potencialmente...”. Paik, que se 
destacaria em videoarte, chegou a descrever sua carreira como “nada mais do que 
um prolongamento de um evento memorável em Darmstadt, no ano de 1958”. Ele 
se referiu à excursão europeia, realizada entre 1958 e 1959, por Cage. O músico, 
na tentativa de criar composições não-narrativas e aleatórias, incorporando ruídos e 
interferências do meio, inspirou os artistas na tentativa de dialogar com o cotidiano 
em seus trabalhos.
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UNIDADE Arte Concreta, Grupo Fluxus e Minimalismo
Como seus contemporâneos, os artistas do Fluxus buscavam uma integração 
mais próxima entre a arte e a vida e uma abordagem mais democrática no sentido 
de criar, de acolher e de colecionar arte. Eram ativistas anárquicos e radicais 
utópicos e buscavam inserir a arte no cotidiano das pessoas, defendendo a ideia 
de que todos deveriam compreendê-la. Nesse sentido, há também uma influência 
do Construtivismo Russo, na medida em que o grupo refletia sobre sua função 
social e sobre a participação política dos artistas. O movimento unia diferentes 
linguagens às artes plásticas, sendo composto também por cineastas, músicos 
e atores. Seus integrantes procuravam inovar e ampliar as formas de expressão 
artísticas, utilizando suportes transitórios e/ou reprodutíveis, como happenings, 
performances, fotografias e instalações.
Da mesma maneira que Cage permitia que qualquer som se tornasse música, o 
Fluxus permitiu que qualquer coisa fosse usada para a arte. Em outro manifesto, 
desta vez publicado em 1965, Maciunas afirmou: “A tarefa do artista é demonstrar 
que qualquer coisa pode ser arte e que qualquer pessoa pode fazê-la”. Ao longo 
dos anos 1960 e 1970, realizaram-se inúmeros festivais, concertos e turnês, bem 
como surgiram jornais, antologias, filmes, comidas, jogos, lojas, exposições do 
Fluxus e, até mesmo Fluxcasamentos e Fluxdivórcios.
Com a morte de Maciunas, em 1978, o Fluxus chegou ao fim. No entanto, 
seus artistas continuaramativos, mas seguindo caminhos diversos. Em 1983, 
seus trabalhos e performances puderam ser vistos na XVII Bienal de Arte de São 
Paulo, quando o grupo teve uma ala dedicada à sua produção e a documentos que 
registravam sua trajetória. O conceito de “faça você mesmo” permeou a obra do 
Fluxus, a qual existiu – em grande parte – sob a forma de orientações escritas para 
serem levadas adiantes por outras pessoas.
Caixas (Múltiplos) Fluxos
Maciunas e Dick Higgins foram os integrantes do Fluxus que popularizaram os 
trabalhos denominados Múltiplos (caixas), um outro modo de auxiliar as pessoas no 
acesso às obras de arte. As caixas Fluxus consistiam em trabalhos (filme, gravura, 
impressos, etc.) ou apropriação de objetos de pequena escala acomodados em 
malas ou em pequenas caixas. Em 1964, os dois artistas, produziram uma série 
de 20 exemplares de Múltiplos Fluxus, possibilitando a redução dos preços de 
trabalhos artísticos e facilitando a sua aquisição.
Os múltiplos, no conceito dos artistas do Grupo Fluxus, eram objetos encon-
trados em lojas de tranqueiras, de ferragens, de farmácias, ou de qualquer outro 
comércio que oferecesse objetos, ferramentas para determinados fins. Os objetos 
eram organizados e instalados em caixas de madeiras em tamanhos variados e de-
pois nomeados, a partir de etiquetas impressas ou de impressões sobre as caixas. 
Em 1964, também finalizaram a primeira caixa Fluxus do ano ou Fluxus year 
box, que continham cerca de 20 envelopes com trabalhos de integrantes do grupo 
de todo o mundo.
16
17
Fig. 12 – Múltiplos Fluxus (1962-1968), do Grupo Fluxus
Fonte: fluxusheidelberg.org
Fluxhouse – Um Mundo para a Arte
Fig. 13 – Fluxhouse: o mundo da arte sonhado e concretizado por George Maciunas 
no Soho, em Nova York. Na foto, Yoko Ono e John Lennon na Fluxhouse.
Fonte: georgemaciunas.com
De 1966 a 1975, George Maciunas percebeu os objetivos sociais da Fluxus 
no sentido de uma concepção pragmática e não-elitista da arte em seu trabalho 
como um planejador urbano nas Cooperativas Fluxhouse. Com 20 mil dólares 
subsidiados do Fundo JM Kaplan e da Fundação Nacional para as Artes, ele 
comprou sua primeira construção, em 1966, no bairro SoHo, em Nova York, e a 
converteu em lofts que foram utilizados como espaços de trabalho para os artistas. 
Maciunas continuou neste sistema até adquirir onze unidades de cooperação.
17
UNIDADE Arte Concreta, Grupo Fluxus e Minimalismo
As cooperativas Fluxhouse no bairro nova-iorquino do SoHo podem ser consideradas 
como a primeira Fluxcity de Maciunas, propriedade coletiva que oferece o espaço para o 
desenvolvimento da arte. A partir da década de 1980, o SoHo transforma-se em uma área 
próspera para a arte contemporânea e famoso pelas suas galerias e pelos artistas que atrai. 
Em 1992, o New York Times reconheceu a contribuição de Maciunas e cunhou o famoso 
apelido Pai do SoHo.
http://zip.net/bhtpcd
Ex
pl
or
Fig. 14 – Módulos pré-fabricados do Sistema de Prédios Fluxcities de 
George Maciunas desenvolvido atualmente pela Fluxus Foundation Inc
Fonte: georgemaciunas.com
Joseph Beuys
O alemão Joseph Beuys (1921-1986) - viveu muitas histórias. Piloto de combate 
da Deutsche Luftwaffe – Força Aérea Alemã –, na Segunda Guerra Mundial (1939-
1945), contava que seu avião caíra na Crimeia e que só resistira aos ferimentos 
por ter sido salvo por um grupo de tártaros que lhe esfregou o corpo com gordura 
e o envolveu com feltro. Conforme o artista, não foram os ferimentos físicos que 
lhe causaram maior sofrimento, mas as feridas psicológicas, resultado da culpa que 
sentia por suas ações e as da Alemanha na guerra.
A obra de Beuys era a antítese da uniformidade e da monumentalidade nazista. 
Ele fazia arte a partir de animais mortos, trapos imundos e ideias extravagantes. 
Beuys encontrou em George Maciunas sua alma gêmea e no Fluxus sua casa. O 
artista alemão levou adiante a ideia estabelecida pela arte performática de que um 
artista podia ser o meio para a sua arte e tornou-se a obra de arte. Suas palestras, 
performances e debates excêntricos ficaram famosos entre os críticos e as pessoas 
do mundo artístico pela energia, pela imaginação e pelo caos.
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Em uma de suas performances, chamada Eu gosto da América e a América 
gosta de mim – conhecida como ação Coiote –, realizada em 1974, na Galeria 
René Block, em Nova York, ele se enclausurou em uma espécie de jaula com um 
coiote durante uma semana, enrolado em um manto de feltro, com um cajado e 
exemplares do The Wall Street Journal, que eram entregues todos os dias. Esses 
eram os elementos da sua obra. O que no princípio parecia ser – e de fato era – um 
ato perigoso, ao final tornou-se um convívio até certo ponto amistoso com o coiote 
que, em raros momentos, dormia tranquilamente próximo ao artista. A atmosfera 
era de deslocamento e de incomunicabilidade. Uma grade separava o público do 
espaço em que a ação se desenvolvia.
Fig. 15 – Eu gosto da América e a América gosta de mim (1974), performance de Joseph Beuys
Fonte: epokal.com
Beuys logo se tornou um dos mais proeminentes artistas da vanguarda interna-
cional. A incorporação de animais em suas ações e em suas atividades como plan-
tar árvores, também contribuiu para que ele fosse visto como uma figura significa-
tiva da política cultural, especialmente, em relação ao surgimento do movimento 
“verde”, na Alemanha – ele participou da formação do Partido Verde alemão.
Nam June Paik
O sul-coreano Nam June Paik (1932-2006) está para a Videoarte, assim como 
Marcel Duchamp está para a Arte Conceitual. Integrante do Fluxus, auxiliou na 
expansão dos conceitos da arte para além das formas e das galerias, avançou 
nas descobertas tecnológicas e nas rupturas estéticas que cercavam os recursos 
– até então novos e comerciais – do vídeo, buscando sua releitura visionária para 
o campo artístico, a partir da segunda metade do século XX. O artista também 
salientará a distância de suas propostas daquelas designadas oficialmente como 
culturais: “Happening é apenas uma coisa nesse mundo, uma coisa pela qual não 
conseguimos ficar ‘famosos’. Se você faz publicidade com antecedência, convida 
os críticos, vende ingressos às pessoas esnobes e compra muitas cópias dos jornais 
que escreverem algo sobre o evento – deixa de ser happening. Passa a ser somente 
um concerto”. Happening é um acontecimento/experiência de curta duração.
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UNIDADE Arte Concreta, Grupo Fluxus e Minimalismo
Formado em História da Arte pela faculdade de Tóquio, Paik também estudou 
História da Música na Alemanha, quando teve contato com experiências estético-
musicais inovadoras, sobretudo com John Cage. No Fluxus, se destacou por suas 
performances, quebras de estéticas e intervenções eletrônicas. Mas foi com a 
Exposition of Music-Electronic Television, em 1963, realizada em Wuppertal, 
Alemanha, e sua relação com a eletrônica – especialmente a televisão – que o 
artista começou a escrever um novo capítulo na história da arte. Paik criou um 
ambiente de desorientação que antecipa muito do que estava por vir na década 
de 1960: os visitantes, recebidos na entrada por uma cabeça de boi pendurada na 
entrada, não foram apenas confrontados com a novidade da imagem eletrônica 
em 12 monitores de TV, mas também foram integrados a uma instalação dadaísta 
que incluía quatro pianos preparados, objetos de som mecânico, toca-discos e 
instalações com fitas de áudio.
Fig. 16 – Exposition of Music-Electronic Television (1963), de Nam June Paik
Fonte: artuzel.com
Outro ponto importante no trabalho de Paik foi a influência que ele recebeu do 
artista performático alemão – também integrante do Fluxus –, escultor e ativista 
Joseph Beuys, que atuou na quebra da estética conservadora da arte ao trazer o 
público para um contato próximo da realidade da própria criação, da obra, da ideia, 
do fazer e do sentir do artista. O trabalho de Wolf Vostell, a partir de intervenções 
com rádios e televisores também foi crucial para as massificações idealistas dePaik.
Algumas exposições do artista sul-coreano mostravam as relações humanas e 
como elas se situavam entre as novidades do mundo contemporâneo, tendo como 
base a tecnologia como, por exemplo, na performance em Park Avenue, em 
Nova York, em que seu robô foi esmagado por um carro, enquanto atravessava a 
rua. Ao lado da artista performática Charlotte Moorman (1933-1991), Paik passou 
a estudar a junção de imagens, música e performance, originando então a obra TV 
Cello – um grande violoncelo formado por aparelhos de televisão.
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Fig. 17 – TV Cello (1971), de Nam June Paik, com a participação da artista Charlotte Moorman
Fonte: artnews.com
As performances e simbologias de Paik influenciaram gerações de novos ar-
tistas. Seus suportes visuais, diálogos eletrônicos, conversações monocromáticas 
foram determinantes para diversos artistas se desenvolverem além das galerias e 
irem em direção à arte digitalmente exposta. Algumas esculturas eletrônicas de 
Paik ficaram marcadas no imaginário de diversas gerações.
Fig. 18 – Electronic Superhighway: Continental U.S. (1995), de Nam June Paik, 
instalação com circuito de vídeo, néon, aço e componentes eletrônicos
Fonte: khanacademy.org
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UNIDADE Arte Concreta, Grupo Fluxus e Minimalismo
Yoko Ono
A artista – e eterna viúva do ex-Beatle, John Lennon – Yoko Ono (1933-), 
envolveu-se em muitas atividades do Fluxus, principalmente nos anos 1960, tanto 
em Nova York quanto no seu país de origem, o Japão. Essas atividades abrangiam 
desde “pinturas didáticas” e vocalizações em eventos de música até performances. 
Algumas dessas atividades, como o uso que a artista fazia de seu próprio corpo e na 
evocação das relações de poder entre o homem e a mulher, previam um trabalho 
que seria, em um momento posterior, abertamente feminista e também pacifista.
Fig. 19 – Uma grapefruit no mundo do parque... (1961). Yoko Ono está atrás de um cartaz que 
anuncia sua presença no Carnegie Hall, em Nova York, onde a artista realizou uma performance 
“para morangos e violino”, que incluía texto e som. Foto de George Maciunas.
Fonte: modernamuseet.se
Yoko é uma artista que atua em várias frentes e plataformas e se tornou mun-
dialmente conhecida quando se casou com John Lennon, dos Beatles, na década 
de 1960. Ela se dedica às artes plásticas, ao cinema, às produções, é ativista e 
começou a ganhar reconhecimento a partir do trabalho com o músico de jazz 
americano e produtor de cinema Anthony Cox, com quem mais tarde se casou.
O trabalho de Yoko, na maioria das vezes, buscava a participação do público. 
Suas intervenções – assim como de todos os artistas do grupo – buscavam tirar 
os espectadores de seus estados de espírito normais de semi-inconsciência para 
mergulhá-los em um estado de autoconsciência e de percepção intensificadas. Sua 
peça de arte performática – e a mais famosa – foi Cut Piece (1964), na qual 
ela expressou com profundidade essa ideia. Alarmante e poderoso, o trabalho 
demonstra, com consequências perturbadoras, como a plateia pode ser um 
elemento intrínseco em uma obra de arte.
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Vale a pena sabermos um pouco mais sobre Cut Piece: a performance começava com Yoko 
sentada sozinha, impassível e silenciosa, no assoalho de um palco, com as pernas sob o corpo 
e jogadas para um lado. Ela usava um vestido simples, preto. Alguns centímetros à sua frente, 
também sobre o assoalho do palco, estava uma tesoura. Depois que a plateia se acomodava, 
os espectadores eram convidados a subir, um de cada vez, pegar a tesoura e cortar o vestido 
dela. A princípio o público demorava um pouco a reagir, e quando reagiam, se mostravam 
hesitantes. Pouco a pouco, porém, fi cavam cada vez mais confi antes e ousados à medida 
que, corte por corte, o vestido da artista era despedaçado. A plateia passa a testemunhar um 
evento de violação com agressores e vítima, de sadismo e masoquismo. Não há uma história 
preconcebida com um desfecho previsível, mas – como em toda arte performática – há uma 
narrativa: uma conversa provocada pela artista com o público. Ao despertar os sentidos, 
desafi ar e ajudar a compreender o mundo, Cut Piece cumpre defi nitivamente seu papel de 
obra de arte. A performance teve uma repercussão positiva na crítica.
https://youtu.be/lYJ3dPwa2tI
Ex
pl
or
Fig. 20 – Cut Piece (1964), performance de Yoko Ono, em Quioto, Japão
Fonte: artversed.com
De 1964 a 1972 Yoko Ono produz vários filmes experimentais, entre eles o 
polêmico Nº 4 (também conhecido como Bottoms), que apresenta 365 closes de 
nádegas, e Nº 5, uma sequência de bocas que mostram a transição de um sorriso 
para uma expressão séria.
Minimalismo
O Minimalismo, movimento identificado mais especificamente com a atividade 
escultural, pode ser entendido, pelo menos em parte, como uma continuação da 
pintura por outros meios. O termo foi aplicado pelos críticos aos artistas norte-
americanos Donald Judd (1928-1994), Robert Morris (1931-), Dan Flavin (1933-
1996), Carl Andre (1935-), Sol LeWitt (1928-2007) e Richard Serra (1939-), entre 
outros, a partir de características semelhantes encontradas em seus trabalhos no 
mundo artístico de Nova York, a partir de meados dos anos 1960.
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UNIDADE Arte Concreta, Grupo Fluxus e Minimalismo
As práticas da pintura de abstração cromática de Ad Reinhardt (1923-1967) e de 
Frank Stella (1936-) abriram caminho para os escultores minimalistas. As “pinturas 
negras” de Stella – completas abstrações que consistiam em tiras negras separadas 
por finas faixas de tela sem pintura – foram apresentadas em Nova York, em 
1959. As telas renegavam a hierarquia da composição e não revelavam qualquer 
significado secreto, nem símbolos ou referências. Essas foram as influências e as 
características que os escultores minimalistas traduziram para as três dimensões.
Fig. 21 – Pintura abstrata nº 5 (1962), de Ad Reinhardt, óleo sobre tela (1,5 m x 1,5 m)
Fonte: tate.org.uk
Fig. 22 – Gran Cairo (1962), de Frank Stella, acrílica sobre tela (2,1 m × 2,1 m)
Fonte: artsy.net
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Donald Judd, que começou como pintor, escreveu em seu ensaio Objetos 
específicos, em 1965, que muito da arte que estava sendo feita não podia mais 
ser descrita como pintura ou escultura. Em lugar destes, ele usou o termo obra 
tridimensional: “O espaço real é intrinsecamente mais vigoroso do que a tinta 
sobre uma tela (...). A nova criação assemelha-se obviamente mais à escultura 
do que à pintura, porém, está mais próxima da pintura (...). A cor jamais deixa 
de ter importância, o que não costuma acontecer na escultura”. Judd também 
lembra a questão da tridimensionalidade em suas obras: “As três dimensões são 
um espaço real. Isso nos livra do problema do ilusionismo e do espaço literal, do 
espaço dentro e em torno de marcas e cores (...). Os muitos limites da pintura já 
não estão mais presentes”.
Esse aspecto também foi observado pelo crí-
tico de arte Clement Greenberg: “O que parece 
definido é que (os artistas) empenham-se na ter-
ceira dimensão porque ela é, entre outras coisas, 
uma coordenada que a arte deve compartilhar 
com a não-arte (como o Dadá, Duchamp e ou-
tros já vistos)”. Havia outros termos circulando 
na época, mais notadamente Arte ABC e Estru-
turas Primárias, mas Minimalismo foi o que per-
sistiu para descrever as estruturas geométricas 
aparentemente simples que os artistas estavam 
criando. Os próprios artistas não gostavam des-
sa denominação devido à implicação negativa 
de que seu trabalho era simplista e desprovido 
de “conteúdo artístico”. Em 1967, Greenberg 
sugeriu que o Minimalismo era “vanguardista” 
demais, intelectual demais, e que não permitia 
interpretações mais profundas do que “uma por-
ta, uma mesa, uma folha de papel”.
Judd trabalhava com três dimensões desde 
1961. Em suas prateleiras ele mistura a apresen-
tação tradicional de obras pintadas (niveladas à 
parede) com a da escultura. Mas, essas pratelei-
ras são pintura ou escultura? O artista usa a cor, 
assim como na pintura, mas elas se projetam 
das paredes(a própria parede se torna parte da 
obra). Entretanto, os materiais utilizados – como 
madeira compensada, alumínio, acrílico, ferro e 
aço inoxidável – não são comuns em esculturas.
Fig. 23 – Sem título (1969), de Donald Judd, 
latão e acrílico fl uorescente colorido em 
suportes de aço (2,9 m x 0,6 m x 0,6 m)
Fonte: khanacademy.org
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UNIDADE Arte Concreta, Grupo Fluxus e Minimalismo
Em 1971, Donald Judd muda-se para a pequena cidade de Marfa (com apenas 2,3 mil 
habitantes) no estado norte-americano do Texas, onde transforma várias edificações em 
instalações permanentes de sua obra e de outros artistas. Marfa passou de uma pequena 
cidade dedicada à criação de gado e sede de uma base militar para o status de cult graças 
ao artista que, impressionado pela aridez da terra e a sua luz magnífica, considerou o 
lugar ideal para desenvolver sua obra. O artista deixou Manhattan para se instalar em um 
lugar perto da fronteira mexicana onde adquiriu várias propriedades em ruínas no hostil 
deserto de Chihuahua, de natureza selvagem. Judd criou, assim, uma linguagem baseada 
na ocupação do espaço. Ele colocou, por exemplo, em uma das propriedades, 15 blocos de 
concreto, expondo seus lados crus e seus elementos constitutivos sob uma luminosidade 
vigorosa e um impiedoso calor.
Fig. 24 – Sem título (1980 a 1984), de Donald Judd, 
15 blocos de concreto (2,5 m x 2,5 m x 5 m)
Fonte: chinati.org
Fig. 25 – Sem título (1982-1986), 100 obras de Donald Judd (em um antigo 
depósito de Artilharia), alumínio laminado (1 m x 1,2 m x 1,8 m cada)
Fonte: chinati.org
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Fig. 26 – Detalhe do interior do antigo depósito de Artilharia onde estão obras de Donald Judd
Fonte: chinati.org
Simplicidade da Forma x Simplicidade da Experiência
As pinturas abundantemente gestuais 
da geração anterior de artistas, os expres-
sionistas abstratos, pareciam repletas de 
conteúdo emocional e expressivo. Em 
contraste com isso, o trabalho minimalis-
ta tinha uma aparência monocromática, 
engenhada, impessoal e se, por analo-
gia, uma obra de Jackson Pollock (1912-
1956) ou de Willem de Kooning (1904-
1997) eram “cheias” de arte, então Sem 
título (Peça de canto), de 1968, de Ro-
bert Morris, feita de madeira compensada 
triangular; a simplicidade dos arranjos dos 
tijolos pegados ao chão de Carl Andre; ou 
a obstinação das construções de madeira 
semelhantes a caixas de Judd, sem título 
e pintadas predominantemente com seu 
vermelho-cádmio favorito, devem, neces-
sariamente, ter parecido muito “vazias”.
Fig. 27 – Sem título (Peça de canto), de 
Robert Morris, madeira compensada 
pintada (1,9 m x 2,7 m)
Fonte: guggenheim.or
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Fig. 28 – Equivalente VIII (Tijolos), 1966, de Carl Andre, tijolos refratários (0,1 m x 0,6 m x 0,2 m cada)
Fonte: tate.org.uk
Importante!
A série Equivalente, de Carl Andre, criada em 1966, consistia em oito obras separadas, 
cada uma com um arranjo único de 120 tijolos feitos com areia e cal. Embora os 
arranjos fossem diferentes, em cada caso os constituintes – tijolos de peso e de 
dimensões idênticas – eram os mesmos. As obras, portanto, eram “equivalentes” no 
uso de materiais. O arranjo Equivalente VIII, de 1966, parava na altura do tornozelo e, 
segundo consta, oferecia aos observadores a sensação de estarem atravessando um mar 
de tijolos. A aquisição de Equivalente VIII, em 1972, pela Tate Gallery – museu nacional 
de arte moderna do Reino Unido sediado em Londres, compreende quatro galerias: Tate 
Britain, Tate Liverpool, Tate St. Ives e Tate Modern, conta ainda com a Tate Online – causou 
um grande alvoroço. Como a obra original não havia sido vendida, Carl havia devolvido 
os tijolos para pegar seu dinheiro de volta. Ele recriou a peça para a Tate. Os detratores do 
artista entenderam que o museu havia desperdiçado dinheiro ao comprar um “simples” 
arranjo de tijolos, ao que seus defensores colocavam a criação entre as mais importantes 
produzidas pela arte contemporânea no século XX. A peça foi vandalizada com tinta no 
ano de sua aquisição, mas voltou a ser exposta em 1977.
Você Sabia?
Em um dos primeiros usos do termo Minimalismo, o filósofo Richard Wollheim 
escreveu, em 1965, que o caráter vazio dessas obras “poderia ser expresso 
dizendo-se que elas possuem um conteúdo artístico mínimo: na medida em que 
elas ou são, em um grau extremo, indiferenciadas nelas mesmas e, portanto, 
possuem muito pouco conteúdo de qualquer espécie, ou porque a diferenciação 
que chegam a exibir, à qual pode ser bastante considerável em certos casos, não 
vem do artista, mas de uma fonte não-artística, como a natureza ou a fábrica”. O 
novo grupo de artistas demonstrou preferência por materiais e por métodos de 
produção em massa – acrílico, alumínio, vigas de madeira, luzes fluorescentes, 
aço galvanizado e azulejos – e contratavam operários para produzir as esculturas 
de acordo com suas especificações.
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As caixas cúbicas de Morris, de 1965, também revelam preocupações 
semelhantes. Os grandes objetos espelhados, os espectadores e o espaço da 
galeria interagiam e constituíam parte de uma obra em mutação, que dramatiza a 
experiência de ver, do ato da percepção e da expressão do espaço e do movimento. 
Em uma declaração, em 1966, o artista afirma: “A simplicidade da forma não se 
equaciona necessariamente com a simplicidade da experiência. As formas unitárias 
não reduzem os relacionamentos. Elas o ordenam”.
Fig. 29 – Sem título (Caixas cúbicas), 1965, de Robert Morris, vidro espelhado e madeira (dimensões variáveis)
Fonte: inhotim.org.br
Em 1967, outro crítico de arte norte-americano, Michael Fried publicou um 
ensaio no qual também criticava as esculturas minimalistas por serem pouco 
mais do que simples objetos. Entretanto, ele lembrou que as obras alteravam o 
relacionamento entre os observadores e os tradicionais objetos de arte. Ele sugeriu 
que essas obras existiam nas galerias de uma forma semelhante ao cenário do 
teatro e que a interação individual com elas era um componente necessário à 
experiência artística. Os objetos tinham como propósito o contato e o exame 
direto do observador, em vez de serem simplesmente contemplados à distância. 
Fried temia que o Minimalismo contribuísse para o fim definitivo do objeto de arte.
Entretanto, as esculturas de Sol LeWitt reafirmam o caráter de objeto das formas 
minimalistas e a necessidade da presença do observador para que se completem. 
Cubo incompleto aberto (Fig. 30), de 1968, é o contorno tridimensional em 
alumínio de um cubo no qual faltam cinco de suas 12 linhas laterais. A obra integra 
a coleção Variações de cubos incompletos abertos, integrada por mais de 100 
peças. Sua simplicidade matemática é perturbada pela necessidade de o observador 
imaginá-lo completo. Depois de 1968, LeWitt criou Cubo enterrado contendo 
objeto de importância (mas de pouco valor) ao enterrar um pequeno cubo 
no jardim de um colecionador holandês. Uma série de fotos documenta o artista 
enquanto cava o buraco, ao lado do objeto e enquanto o cobre, em um gesto de 
adeus ao Minimalismo. O trabalho posterior de LeWitt ajudou a fazer com que o 
mundo da arte avançasse mais na direção da desmaterialização do objeto artístico, 
por meio da arte conceitual.
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UNIDADE Arte Concreta, Grupo Fluxus e Minimalismo
Fig. 30 – Cubo incompleto aberto (1968), de Sol LeWitt, alumínio em laca branca (1 m x 1 m x 1 m)
Fonte: artgallery.nsw.gov.au
A arte minimalista não representava nem se referia diretamente a nenhuma 
outra coisa, não era metafórica, nem se oferecia como o símbolo de nenhuma 
verdade espiritual ou metafísica. Esse 
fato explica, em parte, porque há um 
grande número de obras denominadas 
Sem título, uma vez que dar nome a 
alguma coisa seria subordiná-la àquilo 
que foi nomeada.
No caso de Dan Flavin, a cor 
que ele usava não era “aplicada” a 
absolutamente nada. O artista utilizou, 
primeiramente em 1961, luz elétrica 
em seus trabalhos, passando para 
tubos fluorescentesdois anos depois 
com A diagonal de 15 de maio 
de 1963 (Fig. 31). Colocando os 
tubos sobre a parede em diferentes 
alinhamentos e combinações, ele 
logo começou a projetar arranjos 
para lugares específicos. Mais do que 
qualquer suporte – presença física dos 
tubos – o objetivo do trabalho de Flavin 
era a luz colorida que eles emitem.
O artista explorou temas relacionados ao espaço e à luz. Suas obras parecem 
incorporar uma tendência minimalista particular: representar o objeto por si 
mesmo. No entanto, no emprego da luz e na exploração do espaço em que ela está 
instalada, a obra de Flavin parece se aproximar de um estado desmaterializado, 
independente do próprio objeto. “Simbolizando seu encolhimento – tornando-se 
ínfima”, escreveu o artista sobre o Minimalismo, em 1967. Como Donald Judd, 
Flavin estudou história da arte na Universidade de Columbia (Estados Unidos) e 
sempre admitiu as referências históricas em sua obra, como Marcel Duchamp e 
seus readymades e os construtivistas.
Fig. 31 – A diagonal de 15 de maio de 1963 (1963), 
 de Dan Flavin, tubo fluorescente branco pendurado 
a 45 graus do plano horizontal.
Fonte: omgstory.com
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Fig. 32 – Sem título (1996), de Dan Flavin, instalação com lâmpadas 
fl uorescentes no Richmond Hall (Huston, Texas)
Fonte: menil.org
Richard Serra
De todos os artistas minimalistas, Richard Serra (1939-), é um dos que mais 
evoca o mundo da indústria por meio da utilização de materiais como o chumbo e 
o aço oxidado. Algumas de suas obras foram descritas como “arte em processo”, 
porque suas formas são derivadas simplesmente da maneira como são produzidas. 
O significado e o efeito das esculturas de Serra frequentemente dependem do seu 
relacionamento com o local. Quando sua controversa escultura Arco inclinado 
(Fig. 33), de 1981, foi retirada do seu lugar na Federal Plaza, em Nova York, em 
1989, o artista afirmou que removê-la seria o mesmo que destruí-la.
Fig. 33 – Arco inclinado (1981), de Richard Serra, placa de metal curva de 3,6 metros de altura.
Fonte: tate.org.uk
A ambição do Minimalismo era relocar as origens do significado de uma 
escultura para o exterior, não mais modelando sua estrutura na privacidade do 
espaço psicológico, mas sim na natureza convencional, pública, do que podemos 
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UNIDADE Arte Concreta, Grupo Fluxus e Minimalismo
denominar de espaço cultural. Adereço de 1 tonelada (Castelo de cartas), 
de 1969, mostra um trabalho contra a escultura como metáfora de um corpo 
dividido entre interior e exterior. A simplicidade da forma da escultura, que assume 
a configuração de um cubo, parece pertencer a uma lógica atemporal e não ao 
momento de sua experiência. A obra é formada por quatro placas de chumbo, de 
250 kg cada, apoiadas uma contra a outra, criando pontos de contato somente 
nos cantos superiores, sem utilizar nenhum meio permanente para fixá-las em sua 
posição. Integridade estrutural e equilíbrio.
Fig. 34 – Adereço de 1 tonelada (Castelo de cartas), de 1969, de Richard Serra, 
quatro chapas de chumbo (1,2 m x 1,2 m x 0,02 m).
Fonte: moma.org
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Museu de Arte Contemporânea (MAC)
https://goo.gl/KsIFMP
Fluxus
https://goo.gl/rhCLbM
Minimalismo
https://goo.gl/7VGdbM
Fluxus
http://www.fluxus.org/
Tate Gallery
https://goo.gl/Vt7HSu
 Livros
Minimalismo
BATCHELOR, D. Minimalismo. São Paulo: Cosac Naify, 2000.
O que é Fluxus? O que não é! O porquê
DANTO, A. O que é Fluxus? O que não é! O porquê. Nova York: DAP-Distributed 
Art, 2003.
 Vídeos
Fluxus – What is Fluxus? (O que Fluxus?)
https://youtu.be/cGZ9OS1Oj14
Fluxus
https://youtu.be/rZRpjFtzJpo
Fluxus Marriage
https://youtu.be/AVDB1oy1O8s
 Filmes
Joseph Beuys – Todo Homem é um Artista
Documentário, 56 min, cor.
Marcel Duchamp – O Pintor e sua Obra
Documentário, 31 min. PB.
Arte conceitual. Vídeo Arte na Escola
Documentário, 24 min, cor.
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UNIDADE Arte Concreta, Grupo Fluxus e Minimalismo
 Visite
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC)
O museu foi criado em 1963, quando a Universidade de São Paulo recebeu o acervo 
do antigo MAM de São Paulo. De posse desse rico acervo composto, entre outras, 
por obras de Amedeo Modigliani, Pablo Picasso, Joan Miró, Alexander Calder, Wassily 
Kandinsky, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Emiliano Di Cavalcanti, Alfredo Volpi, 
Lygia Clark e uma estupenda coleção de arte italiana do começo do século XX, o 
museu atende aos principais objetivos da Universidade: busca do conhecimento e 
sua disseminação pela sociedade. MAC USP Ibirapuera, Av. Pedro Álvares Cabral, 
nº 1301, São Paulo/SP. Visitação: terça a domingo, das 10 às 18 horas. Telefone: 
(11)2648.0254. Entrada gratuita.
www.mac.usp.br
Instituto Cultural Inhotim
Um dos mais relevantes acervos de arte contemporânea do mundo e uma coleção 
botânica que reúne espécies raras e de todos os continentes. Os acervos são mobilizados 
para o desenvolvimento de atividades educativas e sociais para públicos de faixas 
etárias distintas. Rua B, 20, Brumadinho/MG, fone: 31 3571-9700. Terça a sexta-
feira: 9h30 às 16h30; sábado, domingo e feriado: 9h30 às 17h30.
www.inhotim.org.br
 Leitura
Waldemar Cordeiro. Fantasia Exata (Conceitos)
Itaú Cultural.
https://goo.gl/KqLHTF
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Referências
ARCHER, M. Arte conte mporânea – Uma história concisa. São Paulo: Martins 
Fontes, 2001.
ARGAN, G. C. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
BELL, J. Uma nova história da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
CANTON, K. Do moderno ao contemporâneo. São Paulo: WMF Martins 
Fontes, 2009.
CAUQUELIN, A. Arte contemporânea – Uma introdução. São Paulo: Martins 
Fontes, 2005.
DEMPSEY, A. Estilos, escolas e movimentos – Guia enciclopédico da arte 
moderna. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
FARTHING, S (org.). Tudo sobre arte – Os movimentos e as obras mais importantes 
de todos os tempos. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.
GRAHAM-DIXON, A. (ed.). Arte – O guia visual definitivo da arte: da pré-história 
ao século XXI. São Paulo: Publifolha, 2012. 
JANSON, H. W. e JANSON, A. F. Iniciação à história da arte. São Paulo: 
Martins Fontes, 1996. 
KRAUSS, R. Caminhos da escultura moderna. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
PROENÇA, G. História da arte. São Paulo: Ática, 2010.
STANGOS, N. Conceitos da arte moderna. Rio de Janeiro: Jorge Zahar 
Ed., 1991.
Sites consultados
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arteconcretista.wordpress.com/movimento-concretista/>. Acesso em: 8 jun 2016.
Salão Novos Realistas. Disponível em: <http://www.realitesnouvelles.org/
exposants/tous.php>. Acesso em: 10 jun 2016.
Cooperativas Fluxhouse. Disponível em: <http://georgemaciunas.com/>. 
Acesso em 20 jun 2016.
A arte eletrônica de Nam June Paik. Disponível em: <http://lounge.obviousmag.
org/zoom_nas_visceras/2015/02/a-arte-eletronica-de-june-paik.html>. Acesso 
em: 4 jul 2016.
Joseph Beuys: o elemento material como agente social. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-53202011000200008>. 
Acesso em: 8 jul 2016.
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