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GESTÃO DA SEGURANÇA EMPRESARIAL AULA 3 Prof. Antonio Carlos Tammenhain 2 CONVERSA INICIAL Dentro da organização da empresa, a atividade de segurança é tão importante quanto as demais, como produção, marketing, contabilidade, finanças e administração. Assim sendo, é indispensável que a empresa zele pela área de segurança da mesma forma que pelas outras, e, nesse mister, a criação de um departamento de segurança deve ser a primeira providência a ser tomada. O tema desta aula é justamente a organização e o funcionamento de um departamento de segurança orgânica. TEMA 1 – NOÇÕES DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO Departamentalização é um tipo de especialização horizontal da organização de tarefas que busca a alocação eficiente de recursos e pessoas a fim de melhor administrá-los dentro da estrutura global da empresa. Para tanto, observa alguns critérios: Por funções: reúne funções comuns ou atividades semelhantes para formar uma unidade organizacional. Por produtos ou serviços: feita conforme as atividades inerentes a cada um dos produtos ou serviços da empresa. Por localização geográfica: consiste no agrupamento de atividades conforme os lugares onde estão localizadas as operações. Por clientes: agrupamento de atividades de tal maneira que elas se concentrem em um determinado uso do produto ou serviço. Por fases do processo (ou processamento): agrupamento de atividades que se concentram nos processos de produção ou equipamento, possibilitando maior especialização de recursos alocados e mais rápida comunicação de informações técnicas. Por projetos: há atribuições temporárias para os funcionários, tendo em vista que há datas de início e término para cada projeto. Por matriz: semelhante à de projeto, com a diferença fundamental que, no caso da departamentalização por matriz, o administrador de projeto não tem autoridade de linha sobre os membros da equipe. Em vez disso, a organização do administrador de projeto é sobreposta aos vários 3 departamentos funcionais, dando a impressão de uma matriz. Mista: cada parte da empresa tem a sua estrutura da forma mais adaptada à sua própria realidade organizacional, sendo o tipo mais frequente de departamentalização. A departamentalização também deve observar alguns princípios: O do maior uso, o qual pressupõe que o departamento que faz o maior uso de uma determinada atividade deve tê-la sob sua gerência. O do maior interesse, pelo qual o departamento que detém o maior interesse pela atividade deve supervisioná-la. O da separação e controle, pelo qual as atividades de controle devem estar apartadas das atividades controladas. O da supressão e coerência, que preconiza a eliminação da concorrência entre departamentos, agrupando, em um mesmo departamento, todas as atividades correlatas. TEMA 2 – MISSÃO, VISÃO E VALORES Missão: tem o escopo de demonstrar a necessidade da existência de um determinado departamento ou organização, bem como destacá-lo perante a concorrência e estabelecer o seu espaço no mercado, sendo a do departamento de segurança prover e manter a segurança dos funcionários, clientes, ativos tangíveis ou intangíveis, instalações e equipamentos, com o escopo de garantir à empresa o nível de segurança necessário para o bom desenvolvimento de suas atividades fins. Valores: norteiam a definição do comportamento individual, ético e profissional da equipe para uma missão organizacional eficiente. Visão: compreensão da posição que se pretende ocupar num cenário futuro, isto é, uma imagem ambiciosa de um estado que se deseja alcançar a longo prazo ou um marco para um ponto de chegada em um determinado período. TEMA 3 – ORGANIZAÇÃO Somatória de pessoas, máquinas, equipamentos, recursos financeiros e outros ativos. A organização é o resultado da combinação de todos estes 4 elementos voltados a um objetivo comum, produzindo qualidade como consequência. Ela pode ser caracterizada por três vieses ou perspectivas: Perspectiva estática: organização como disposição ordenada de pessoas que constituem uma rede de relações com posições distintas distribuídas dentro de um mesmo quadro – organograma – hierarquicamente estabelecido. Centralizada: propicia facilidade de controle, mas reduz a independência departamental na tomada de decisões. Descentralizada: facilita um ambiente competitivo entre as unidades e dá mais agilidade ao processo decisório, mitigando, todavia, o controle. TEMA 4 – ORGANOGRAMA Melhor forma de representação gráfica da estrutura hierárquica de uma organização, consistindo na configuração global dos cargos e da relação entre as funções, autoridade e subordinação no ambiente interno de uma organização. Utilidade: facilitar a visualização da cadeia de comando, permitindo que sejam prontamente identificados os responsáveis por cada área ou setor e ajudando na identificação de falhas estruturais da empresa, tais como duplicidade de funções. Apresentação: a mais prática é a que contém somente o nome dos cargos. Objetivos: Indicar os diferentes órgãos competentes de uma organização. Informar os elos e liames de interdependência entre os diversos departamentos e apontar os níveis hierárquicos em que se decompõe uma certa empresa. Tipos: de acordo Ballestero-Alvarez (2006), há quatro: Por linha: de mais fácil leitura, inspirado nos modelos de organização militar, no qual o nível hierárquico mais elevado possui lugar de destaque. Muito empregado por organizações com estrutura hierárquica rígida. Recomendável para empresas com estruturas hierárquicas mais enxutas, tem como variação o organograma circular ou radial. De assessoria: também é derivado do em linhas, contudo possui mais 5 conexões horizontais, que representam assessorias compostas por especialistas que se prestam a orientar a gerência em seu processo de tomada de decisões. Funcional: recomendável sempre que a estrutura organizacional da empresa for assentada no critério funcional, pois nele são representadas as funções desempenhadas por todos os chefes e subordinados. Matricial: é o mais complexo de todos os tipos. Resulta da combinação de duas formas de organização da empresa (conforme estudado no tópico acerca dos critérios de departamentalização). Constituição: em geral, o organograma típico de um departamento de segurança é constituído por (Soares, 2008, p. 40): Presidente ou diretor geral; Gestor de segurança; Supervisor de segurança; Vigilante; Pessoal de apoio; Pessoal de emergência. TEMA 5 – CENTRAL DE SEGURANÇA Local onde devem estar centralizados todos os serviços de segurança, organizado e dirigido pelo gestor de segurança. Recursos (Soares, 2008, p. 40): Monitoramento eletrônico de todas as áreas e dependências da empresa; Painel de controle das tubulações de água, ar-condicionado, centrais de energia elétrica e elevadores; Controle do som ambiente, com canal exclusivo de penetração para avisos sobre incêndios, emergências e situações de crimes ou violências; Central de alarmes de furtos, assaltos, incêndios e outras emergências; Central de radiocomunicação envolvendo o pessoal de segurança e todas as áreas da empresa; Linhas exclusivas de telefone, independentes da central telefônica e de telefonistas; Burocracia interna da gerência de segurança. 6 NA PRÁTICA O departamento de segurança de uma empresa, pelas suas características inerentes, melhorse adéqua ao critério de departamentalização funcional, e o seu tamanho e a complexidade de seu sistema e da sua equipe vão depender diretamente do porte da empresa. Contudo, muito embora Henri Fayol, criador da Teoria Clássica da Administração, em sua obra Administração Industrial e Geral (1916), já tivesse elencado, entre as funções essenciais dentro da empresa, a “função de segurança”, lamentavelmente ainda hoje se percebe a negligência de muitas empresas, inclusive de grande porte, na implementação devida de um departamento de segurança propriamente organizado e estruturado, omitindo-o de seus organogramas. No Brasil, portanto, no que toca à segurança empresarial, ainda acaba por prevalecer o empirismo, a improvisação e a clandestinidade em detrimento da regularidade e da profissionalização, de forma que cumpre aos profissionais dedicados à área combater esta realidade e demandar que não mais sejam relegadas a segundo plano a formação e a profissionalização adequada do pessoal de segurança. FINALIZANDO Tivemos a oportunidade de adquirir uma visão panorâmica e introdutória acerca de alguns conceitos de administração úteis e aplicáveis à organização de um departamento de segurança orgânica a fim de que o aluno, quando do desempenho da função de gestor de operações de segurança, esteja dotado dos conhecimentos necessários para bem organizar, de forma estruturada, eficaz e eficiente, um adequado e equipado departamento de segurança. 7 REFERÊNCIAS BALLESTERO-ALVAREZ, M. E. Manual de organização sistemas e métodos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. 7. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. COELHO, F. da C. Gestão e modelos legais de segurança privada: um estudo em empresas orgânicas e especializadas. Dissertação (mestrado) – Universidade FUMEC. Faculdade de Ciências Empresariais, 2011. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução a administração. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1992. OLIVEIRA, D. P. R. Sistemas, organização e métodos: uma abordagem gerencial. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2005. RODRIGUES, S. B.; CUNHA, M. P. (Org.). Estudos organizacionais: novas perspectivas na administração de empresas (uma coletânea luso-brasileira). São Paulo: Iglu Editora, 2000. SOARES, P. L. Manual de organização, planejamento e administração de segurança empresarial. São Paulo: Sicurezza, 2008. ZANETIC, A. Segurança privada: características do setor e impacto sobre o policiamento. Revista Brasileira de Segurança Pública, [S. l.], Ano 3, mar./abr. 2009.
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