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Crimes cibernéticos

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INTRODUÇÃO
Esse trabalho de pesquisa tem como objetivo analisar o Crimes Cibernéticos no Brasil, frente ao avanço tecnológico ocorrido nos últimos anos, ressaltando a necessidade do Direito em se moldar e dinamizar-se para acompanhar e solucionar tais conflitos advindos da peculiaridade de nossa época digital.
Ao longo dos anos, a sociedade sofreu mudanças radicais em sua forma de se comunicar, brotando assim, a tecnologia cibernética, criada para beneficiar a população, que carecia cada vez mais de celeridade na troca de informações e que trouxe inúmeros benefícios sociais, econômicos, culturais, entre outros. Da mesma forma e em proporções similares, vários malefícios também surgiram, principalmente causados pelo uso irresponsável e criminoso da internet, exigindo assim, que o ordenamento jurídico, modernize-se, buscando formas para acompanhar e solucionar os litígios advindos desses abusos, mitigando conflitos e harmonizando as relações nos ambientes virtuais.
O foco deste estudo volta-se para o caso da atriz Carolina Dieckmann, que em maio de 2011 foi alvo de um ataque de hackers, que invadiram seu e roubaram suas fotos íntimas e publicando-as na internet. O caso teve grande repercussão na mídia nacional, o que motivou a aprovação da Lei 12.737, de 30 de novembro de 2012, apelidada de “Lei Carolina Dieckmann”, alterando o artigo 154, incluindo os artigos 154-A e 154-B, bem como, os 266 e 298, todos do Código Penal Brasileiro, bem como a importância do Marco Civil da Internet, Lei 12.965/2014, que surgiu, justamente para complementar e preencher as lacunas que ainda persistiam em nosso ordenamento jurídico.
CRIMES CIBERNÉTICOS
 
Com o progresso da tecnologia, a sociedade passa por diversas transformações nas mais diversas dimensões. O advento da internet trouxe diversas benesses, dentre as quais a velocidade de comunicação e o rompimento das barreiras geográficas de separação entre os indivíduos, facilitando as relações e ampliando ainda mais os efeitos da globalização. Entretanto, muitos criminosos se utilizam desta ferramenta para práticas ilícitas, aproveitando-se do crescente número de usuários da Rede mundial, das suas vulnerabilidades, bem como, do atrevido anonimato, que faz com que pessoas mal-intencionadas sintam-se seguras para pôr em prática seus intentos ilegais. 
O “cibercrime”, termo utilizado para definir da ilicitude executada no ambiente virtual, tem gerado bastantes transtornos, tanto para empresas e seus negócios, como para pessoas físicas. Segundo ensinamento de Ivete Senise Ferreira, crimes cibernéticos são: “Atos dirigidos contra um sistema de informática, tendo como subespécies atos contra o computador e atos contra os dados ou programas de computador. Atos cometidos por intermédio de um sistema de informática e dentro deles incluídos infrações contra o patrimônio; as infrações contra a liberdade individual e as infrações contra a propriedade imaterial”.
 Importante classificação faz a doutrina sobre os crimes virtuais como sendo, PUROS e IMPUROS. Os puros, exclusivamente realizados com o uso, e na internet, como o ataque de um hacker a um computador com o intuito de vandalismo, utilizando-se de vírus, que também tem caráter exclusivamente virtual, causando ao usuário transtornos diversos.
 Já os impuros são aqueles em que os meios eletrônicos são utilizados, porém, eles já são crimes tipificados em nosso ordenamento jurídico, como pedofilia, estelionato, crimes contra a honra a intimidade, entre outros.
CRIMES VIRTUAIS NO BRASIL
 
Atualmente, como a internet tornou-se parte da vida cotidiana de praticamente todo indivíduo, nem sempre é preciso um conhecimento avançado sobre a tecnologia da informação ou programação de computadores para que sejam executados os crimes cibernéticos. Muitos crimes contra a honra, por exemplo, podem ser praticados simplesmente ao se postar nas redes sociais mais populares, como Instagram, Facebook ou Twitter, sem necessidade de tantas informações técnicas ou grande aparato tecnológico, facilitando a disseminação desses delitos.
 	No Brasil, apenas a título de informação, o primeiro caso esclarecido de crime cibernético ocorreu em 1997, quando uma jornalista recebia ameaças por e-mail de com mensagens de conteúdo sexual. O crime foi investigado e chegou-se ao responsável: um analista de sistemas, que foi condenado a prestar serviços comunitários numa Academia de Polícia Civil, dando aulas de informática para policiais. 
A exemplo de delitos puros ou próprios, ocorridos apenas no espaço virtual, tais como, envio de vírus, invasão e alteração de sítios eletrônicos, inserção de dados falsos entre outros, o mais notável é o envio de Malwares (softwares maliciosos). Essa prática tem como principais alvos, os sites ou dispositivos conectados na rede, aonde o criminoso criptografa e bloqueia o computador da vítima, exigindo uma quantia a ser paga para permissão de acesso. 
 	Dados de 2017 demonstram que mais de 230 mil sistemas computacionais no mundo foram afetados pelo “Wannacry”, um tipo de vírus denominado: “Ransomware”, que causou muitos transtornos em empresas brasileiras e multinacionais, tais como, a Telefônica, Hospital Sírio-Libanês, Renault, Nissan, FedEx, Tribunal de Justiça de São Paulo, entre outras, quando os delinquentes “sequestraram” arquivos das máquinas ao criptografá-los, e, posteriormente, pediram dinheiro para devolver os arquivos.
EXEMPLOS DE CRIMES VIRTUAIS COMUNS NO BRASIL
 	
CRIMES CONTRA A HONRA - Os crimes virtuais, que mais recorrentes no Brasil são os de calúnia (art. 138 do CP), difamação (art. 139 do CP) e injúria (art. 140 do CP), previstos no Código Penal. Por meio da internet são fáceis de serem disseminados. É muito comum, sobretudo em páginas eletrônicas com foco no entretenimento, nos depararmos com “Fake News”, notícias falsas que indivíduos usam para denegrir a imagem de terceiros.
	Nesse tópico podemos acrescentar ainda os crimes de cunho racistas e/ou preconceituosos que são bastante difundidos, principalmente, em sites de relacionamento. Sobre estes, destaca um julgado do STJ de 2011 sobre a competência para processar e julgar os mesmos, no que diz respeito ao lugar da ocorrência:
“CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PROCESSUAL PENAL. RACISMO PRATICADO ATRAVÉS DE PUBLICAÇÃO DE MENSAGENS RACISTAS EM SÍTIO DE RELACIONAMENTO. INTERNET. IDENTIFICAÇÃO DOS AUTORES. NECESSIDADE. LOCAL DO CRIME. LUGAR DE ONDE FORAM ENVIADOS OS TEXTOS OFENSIVOS. AUSÊNCIA DE DADOS APTOS A PROVAR A ORIGEM DAS OFENSAS. CONTINUIDADE DO PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO. PREVENÇÃO. COMPETÊNCIA DAQUELE JUÍZO QUE PRIMEIRO CONHECEU DA INVESTIGAÇÃO. 1. A competência para processar e julgar os crimes praticados pela internet, dentre os quais se incluem aqueles provenientes de publicação de textos de cunho racista em sites de relacionamento, é do local de onde são enviadas as mensagens discriminatórias. 2. Na espécie, mesmo após recebidas as informações da empresa proprietária do sítio, não houve como identificar, por enquanto, os autores das ofensas, o que impõe, obviamente, a manutenção do feito no âmbito daquele juízo que primeiro tomou conhecimento da investigação.”
 	PORNOGRAFIA INFANTIL - De acordo com o que preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 241-A : “Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa”. 
Importante frisar que, tratando-se do crime de pedofilia cometido através da internet, um bom exemplo é a jurisprudência do TRF-1 (2017):
“PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. PEDOFILIA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. DENEGAÇÃO DA ORDEM. 1. Havendo demonstração do envolvimento do paciente na prática reiterada do crime de pedofilia, com a transmissão de imagens de pornografia infantil via internet e a posse de mais de 13 (treze) arquivos defotos e vídeos, é justificável supor que a sua liberdade poderá atentar contra a ordem pública, pela reiteração da prática delitiva, considerando-se, ainda, já haver praticado o delito no ambiente de trabalho, na condição de enfermeiro de hospitalar, com coleta de imagem de menor. 2. Na prisão em flagrante, os precedentes têm entendido que ocorre uma inversão no ônus da prova, incumbindo ao paciente demonstrar a desnecessidade de sua segregação, comprovando os requisitos de primariedade, da residência fixa, da profissão lícita e que, em liberdade, não atentará contra a ordem pública, ordem econômica, aplicação da lei penal e a conveniência da instrução (art. 312 - CPP). 3. Denegação da ordem de habeas corpus”.
VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS - Nas plataformas digitais onde o acesso às informações é disponibilizado a qualquer indivíduo, é bastante comum que pessoas se apropriem de forma delituosa, ilícita e antiética do conteúdo produzido por autores, pesquisadores, estudantes, cientistas, jornalistas, entre outros, sem dar-lhes o devido crédito, o famigerado “copiar, colar” ou “Ctrl-C e Ctrl-V”, configurando crime de plágio.
PERFIS FALSOS - É mais corriqueiro do que possa-se imaginar, indivíduos que utilizam-se de identidades falsas em redes sociais, fazendo uso de nomes, fotos e assumindo o perfil de outro, um “fake profile”, configurando assim, o delito de falsa identidade, tipificado no Código penal Brasileiro, in verbis: 
“Art. 307: Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave”.
	ESTELIONATO - Dentre os crimes cometidos no meio virtual também destacam-se os de estelionato, utilizando-se de falsas promoções, afim de obter vantagens ilícitas. Tal conduta tem sua previsão no artigo 171 do Código Penal que assim o define: “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. Nesse sentido podemos destacar a apelação do TJ/SP (2013):
“ESTELIONATO – RÉUS QUE SE ASSOCIARAM PARA A PRÁTICA DE ESTELIONATO PELA INTERNET – DEPOIMENTO DA VÍTIMA EM CONSONÂNCIA COM O DEPOIMENTO DO POLICIAL QUE REALIZOU AS INVESTIGAÇÕES – CONDENAÇÕES MANTIDAS – PENAS BEM DOSADAS NO MÍNIMO LEGAL, SENDO INCABÍVEL REPARO – RECURSOS IMPROVIDOS.”
LEGISLAÇÕES SOBRE CRIMES CIBERNÉTICOS
 
O Legislador tem papel fundamental a fim de providenciar leis que atuem no combate e punam as ações delitivas virtuais. O Direito, com sua função de pacificação e harmonização dos conflitos sociais, precisa adequar-se às novas realidades postas e já descritas/analisadas nesse trabalho, sob pena de tornar-se obsoleto e ineficaz no cumprimento de seus objetivos. 
 	Em artigo, comentando sobre a “Convenção de Budapeste e Cibercrimes”, Rogério Tadeu Romano, destaca pontos relevantes sobre o pacto, que é um tratado internacional de direito penal e direito processual penal firmado no âmbito do Conselho da Europa, no ano de 2001, entrando na ordem jurídica dos países pactuantes em 2004, que define, de forma harmônica, os crimes praticados por meio da Internet e as maneiras de persecução e combate aos mesmos, representando um grande avanço ao combate de crimes virtuais, porém, o Brasil não é signatário do mesmo. 
O normativo jurídico de maior destaque na legislação brasileira sobre crimes virtuais, encontra-se Lei 12.737/2012, amplamente conhecida pela população como “Lei Carolina Dieckmann”, prevendo a criminalização, bem como a penalização da aquisição e/ou divulgação de dados e documentos obtidos de forma ilícita nos ambientes virtuais, sendo esta a primeira lei específica para crimes virtuais no nosso país. 
A LEI 12.737/2012- CAROLINA DIECKMANN
A Lei 12.737/2012 surgiu a partir do PL nº 2.793/2011, que foi aprovado após o caso da afamada atriz Carolina Dieckmann, que teve seus dados pessoais acessados por hackers, através de um e-mail infectado que a mesma teria acessado, obtendo fotos íntimas da atriz, inclusive, totalmente despida, bem como, fotos com o seu filho de apenas quatro anos de idade. Inicialmente, cogitou-se a hipótese de a invasão ter sido feita na loja em que Carolina teria consertado o computador, alguns meses antes.
Logo depois, ficou comprovado que, de fato, foram hackers do interior de Minas Gerais e de São Paulo que praticaram o delito. A atriz foi chantageada pelos criminosos que exigiram o pagamento de R$ 10 mil para que as fotos não fossem divulgadas nas mídias sociais.
Carolina registrou BO, quando foram iniciadas as investigações sobre o caso três dias após a publicação das imagens com o intuito de diminuir as exposições. Como à época, o Brasil não tinha legislação específica para crimes de informática, os envolvidos foram indiciados por furto, extorsão qualificada e difamação, todos do Código Penal Brasileiro.
Antes do caso da atriz, muitas vítimas já haviam registrado queixas por situações semelhantes, no entanto, o caso ganhou maior notoriedade por se tratar de uma figura pública e conhecida em todo o território nacional.
Este é um caso clássico de “Phishing” (envio de mensagens de spam contendo links para sites falsos), geralmente oferecendo algum benefício, mas que objetivam a instalação de um programa malicioso no computador da vítima.
Geralmente ocorre com computadores sem antivírus ou com os mesmos desatualizados, tornando os dispositivos eletrônicos alvos vulneráveis podendo ser “contaminados” com apenas um clique em arquivos de e-mails ou até mesmo nas redes sociais, tendo os invasores acesso a qualquer tipo de dados pessoais das vítimas que estejam armazenados na máquina.
Com a grande repercussão do caso da atriz, foi sancionada a Lei 12.737/ 2012, pela então presidenta Dilma Rousseff, entrando em vigor no dia 02 de abril de 2013, tipificando como crime a invasão de aparelhos eletrônicos para obtenção de dados particulares. A lei alterou o Código Penal Brasileiro, acrescentando os artigos 154-A e 154-B, como seguem:
“Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.
 Pena-detenção, de 3(três) meses a 1(um ano), e multa. § 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no caput [...] 
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante representação, salvo se o crime é cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos.”
 Diante do exposto, percebe-se que antes do advento da Lei 12.737/2012, não havia um dispositivo específico para enquadrar quem cometia crime de invasão de dispositivos informáticos. Com a Lei, quem comete esse tipo de invasão, agora será indiciado, baseado na mesma. 
Muito se tem discutido, recentemente, acerca de algumas particularidades acerca da Lei 12.737/2012, que não dispõe de meios processuais que possam garantir sua efetiva eficácia. É fato sabido que as investigações de delitos informáticos se tornam difíceis por conta da morosidade, e em muitos casos, quando é solicitado o IP (Internet Protocol) aos provedores de internet, não havendo a preservação desses registros como deveriam ser feitos, gerando enorme burocracia na hora fornecer os registros de conexão.
Importante ressaltar que o Marco Civil da Internet, Lei 12.965/2014, aprovado pelo Senado no dia 23 de abril de 2014, veio preencher as lacunas deixadas pela Lei Carolina Dieckmann e também é fruto de questionamentos advindos após os escândalos de espionagem protagonizados pelosEstados Unidos.
 	Debate-se bastante entre os operadores do Direito a respeito das penas impostas pela Lei Carolina Dieckmann, que em nada inibem seus infratores, pois tratam-se de penas muito brandas, reforçando uma sensação de impunidade. Se o objetivo da criação da Lei era intimidar/inibir os criminosos na prática de seus delitos, infelizmente, com a aplicação das penas impostas pela mesma não tem se obtido o resultado almejado.
A Lei também inclui em seu art. 3º, “a interrupção ou perturbação de serviços telegráficos, informáticos ou de informação de utilidade pública”, deixando sem amparo legal os sites de particulares que não foram abarcados pela norma.
Outro ponto importante é que a Lei deveria ter criado a responsabilidade criminal dos administradores dos sites de redes sociais por injúrias, difamações, calúnias e demais crimes praticados contra terceiros, coisa que foi “esquecida” na elaboração.
Outra dificuldade que as autoridades têm na hora de fazer a persecução penal é a identificação dos criminosos. De acordo com o Marco civil da internet, Lei 12.965/14, os provedores são obrigados a manter as informações de acesso armazenadas por um período de 6 meses, podendo o Judiciário solicitar aos provedores que seja armazenado por um período superior, caso seja relevante, no entanto, quando solicitados os dados aos provedores há uma burocracia muito grande na liberação das informações, que na maioria dos casos, geram brigas judiciais infrutíferas, como já citados anteriormente. Neste sentido, dispõe Lei 12.965/2014:
“Art. 15. O provedor de aplicações de internet constituído na forma de pessoa jurídica e que exerça essa atividade de forma organizada, profissionalmente e com fins econômicos, deverá manter os respectivos registros de acesso a aplicações de internet, sob sigilo, em ambiente controlado e de segurança, pelo prazo de (6) meses, nos termos do regulamento §1º Ordem judicial poderá obrigar, por tempo certo, os provedores de aplicações de internet que não estão sujeitos ao disposto no caput a guardarem registros de acesso a aplicações de internet, desde que se trate de registros relativos a fatos específicos em período determinado. § 2º A autoridade policial ou administrativa ou Ministério Público poderão requerer cautelarmente a qualquer provedor de acesso a aplicações de internet sejam guardados, inclusive por prazo superior ao previsto no caput, observado o disposto nos §§3º e 4º do art. 13.”
Portanto, levando-se em consideração as disposições legais acima retratadas, chega-se à conclusão que não são necessárias novas leis a fim de que a justiça se efetive, basta apenas que as já existentes e em vigência cumpram-se na sua integralidade. 
As referidas Leis são consideradas como um verdadeiro avanço legislativo, pois seu objetivo é a regularização das questões importantes que estavam carentes de orientação de normas, além de estabelecer como princípios básicos a proteção da privacidade, a neutralidade da rede e a liberdade de expressão em ambiente virtuais, verdadeiros mecanismos de proteção a todos que fazem uso da internet no Brasil, que até certo tempo, era tida como “terra sem-lei”.
CONCLUSÃO
 	Com o avanço da modernidade, o crescimento das práticas de violência praticadas nos ambientes virtuais, os chamados crimes cibernéticos, têm se expandido, e devido à grande quantidade de acesso nas redes sociais, algo que tornou-se absolutamente natural e necessário entre as pessoas, muitas delas vulneráveis, pelo forma ingênua e insegura de usar a internet, como também, pelo desconhecimento da proteção normativa contra esse tipo de crimes. É necessária atenção e cautela ao publicar algo na internet, assim como habituar-se à utilização de mecanismos de proteção, como os antivírus e ter cuidado ao acessar links desconhecidos. A melhor maneira para acessar uma internet de forma segura, ética e responsável inicia-se pelo usuário, que deve entender como funciona a “Grande Rede” para evitar problemas virtuais e reais que podem ter repercussões por resto da vida.
Insta frisar que o princípio constitucional da legalidade dispõe que “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, ou seja, para que sejam punidos os crimes que são praticados no meio as tecnologias digitais é preciso que o tipo penal venha a se adequar às normas já existentes. Daí a grande importância da “Lei Carolina Dieckmann”, que surgiu exatamente para preencher as lacunas que haviam sobre a tipificação de crimes cibernéticos, podendo, desde então, existir uma persecução mais adequada com o fim de coibir essas práticas delituosas.
   No Brasil, tanto a Lei Carolina Dieckmann como o Marco Civil da internet 12.965/2014 tipificam como crimes: invadir dispositivos, violar dados, “derrubar” sites, além de regular os direitos e deveres dos internautas nas redes sociais.
 	Conclui-se assim, que a legislação vigente cumpre seu papel de positivar práticas que antes eram desconhecidas pela sociedade, cabendo ao Estado a utilização efetiva dessas ferramentas, tão úteis e extremante necessárias em nossos dias de conexão constate, protegendo-nos dos indivíduos mal-intencionados e desejosos de adquirir vantagens ilícitas ou simplesmente violar princípios basilares num Estado Democrático de Direito, que são a privacidade e a intimidade dos seus cidadãos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_Carolina_Dieckmann
Acessado em 13 de setembro de 2019, às 08:56h;
https://jus.com.br/artigos/61325/crimes-ciberneticos-e-invasao-de-privacidade-a-luz-da-lei-carolina-dieckmann/2
Acessado em 13 de setembro de 2019, às 09:35h;
https://saviio.jusbrasil.com.br/artigos/716212605/crimes-virtuais-uma-sucinta-abordagem-sobre-o-cibercrime?ref=serp
Acessado em 13 de setembro de 2019, às 10:10h;
https://cpjur.com.br/lei-carolina-dieckmann/
Acessado em 13 de setembro de 2019, às 10:25h;
https://www.conjur.com.br/2014-abr-30/marco-civil-internet-poe-fim-lacunas-existentes-legislacao
Acessado em 13 de setembro de 2019, às 12:35h;
https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/1033537/lei-12737-12
Acessado em 13 de setembro de 2019, às 12:58h;
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm
Acessado em 17 de setembro de 2019, às 09:33;
https://ueslima.jusbrasil.com.br/artigos/653015456/violacao-dos-direitos-fundamentais-em-crimes-ciberneticos-e-a-necessidade-de-inclusao-do-direito-eletronico-como-legislacao-especifica?ref=serp
Acessado em 17 de setembro de 2019, às 10:35.

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