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Diferenças entre Hernan Cortez e Bartolomé de Las Casas

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HERNAN CORTEZ E BARTOLOMÉ DE LAS CASAS: INTENÇÕES 
DIFERENTES QUE LEVARAM AO MESMO DESFECHO1 
Katrinna Sousa da Costa2 
RESUMO 
Ao longo deste trabalho será analisado as diferenças de abordagem para com o povo 
asteca, entre Bartolomé de Las Casas e Hernan Cortez, bem como suas intenções para a 
colonização desses povos no século XIV. Tendo em vista que a estratégia do Cortez foi 
baseada em conhecer o “inimigo” e utilizar-se da violência como modo de subjugar tais 
povos, enquanto Las Casas não conhecia precisamente os índios, porém defendiam eles 
por achar que eles não conheciam o verdadeiro deus, diminuindo assim a crença deles e 
os colocando em posição de total inferioridade. 
Palavras-chave: Las Casas, Cortez, Diferenças, Civilização Asteca 
1 INTRODUÇÃO 
Las Casas e Hernan Cortez possuíam intenções completamente diferentes, embora 
tivessem experiências muito semelhantes; não só estudaram na mesma universidade, mas 
também participaram de uma expedição liderada por Diego Velasquez e foram 
recompensados com encomenda3. Bartolomé de Las Casas se opunha à crença do 
camponês de que os índios deveriam ser governados porque eram incapazes de se 
governar. Em sua postura, Las Casas, o “Protetor dos Índios”, “acreditava que os índios, 
apesar de seu modo de vida primitivo, eram seres racionais com 'mentes excelentes, sutis 
e muito capazes'”. Acreditando que todo índio merecia tratamento igual, ele tentou de 
todas as maneiras lutar contra o sistema de encomienda para proteger os índios da 
escravidão. Embora os planos de Las Casas fracassassem um após o outro, ele persistiu 
em proteger os índios com todos os esforços possíveis até a morte. Por outro lado, Hernan 
Cortez, um homem sedento de poder, gostava da dominação sobre o império asteca. Ele 
 
1 Trabalho avaliativo da disciplina de História da América I 
2 Aluno do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal do Ceará (UFC) 
3 Sistema de trabalho bastante utilizado pelos espanhóis. O termo que significa “recomendar” ou 
“confiar” algo para alguém, foi criado em 1512. Esse regime deixava comunidades indígenas inteiras sob 
os cuidados de uma encomendero que poderia utilizar a mão de obra dos índios para o desenvolvimento 
de atividades agrícolas ou a extração de metais preciosos. Em troca, o encomedero deveria assegurar o 
oferecimento da educação religiosa cristã para “seus” índios. 
não se importava muito com a vida dos índios, desde que eles pudessem ajudá-lo a 
governar seu império, procurar mais terras para conquistar e fazer mais expedições. 
Além disso, os espanhóis converteram a maioria dos índios que encontraram aos 
cristãos no esforço de colonização. Afinal, Cortez estava apenas usando as forças dos 
índios para seu poder. Em resumo, Las Casas era um homem altruísta que se importava 
com os índios, ao contrário de Cortez, que era egoísta e só se importava com seu próprio 
poder. 
 
2 A DIFERENÇA ENTRE LAS CASAS E HERNAN CORTEZ 
O caminho de ambos os homens cruzou e no final eles seguiram caminhos 
separados devido a diferentes opiniões e crenças. Cortez parecia ter uma forte 
personalidade ditatorial, em comparação a Las Casas, que era muito altruísta de si mesmo 
para dedicar os anos restantes de sua vida para servir a injustiça imposta aos índios, 
mesmo que não tenha agido por pura generosidade. 
Cortez com a imagem de herói da cristandade e da Espanha do século XVI, passou 
a ser muito criticado após os primeiros anos de colonização, pois muitas denúncias e 
queixas a respeito da ação espanhola na América foram feitas, a partir de cartas, livros e 
discursos contrários à conquista, feitos em defesa aos índios. Para Todorov (1999, p.118), 
“A diferença entre Cortez e os que o procederam talvez esteja no fato de ter sido ele o 
primeiro a possuir uma consciência política, e até mesmo histórica, de seus atos”. 
A maior parte das acusações se tratava de referências à violência usada pelos 
conquistadores e aos maus tratos que os colonos lançavam sobre os indígenas. O frei 
dominicano Bartolomé de Las Casas foi o maior representante de um novo grupo de 
homens que se colocou abertamente contra as práticas de Cortez na América. 
Sua obra “O Paraíso Destruído - Brevéssima Relação Da Destruição Das 
Índias”4 escrita em 1542 em que o religioso fez uma série de denúncias a respeito da 
 
4 Este livro descreve como aconteceu a sangrenta colonização espanhola nos territórios das Américas. 
Quando o frei escreveu este livro ele estava nas colônias pela segunda vez, agindo como missionário 
pregador das palavras católicas e esse processo era utilizado pela coroa espanhola para a catequização dos 
índios, facilitando assim a sua colonização. 
exploração e dos abusos dos encomenderos, afirmando que os crimes dos colonizadores 
seriam pagos com a condenação eterna no Inferno. 
O dominicano certamente tinha interesses particulares nesse ataque aos 
conquistadores, já que sua experiência missionária na América havia sido pequena e que, 
ele próprio, defendia um índio que mal conhecia, ao contrário de Cortez, que por mais 
que ele fosse altamente destrutivo, ele conhecia os índios muito bem e por conhece-los, 
sabia exatamente seus pontos fracos. De acordo com Todorov (1999, p.119), “O que 
Cortez quer, inicialmente, não é tomar, mas compreender”. 
Eles definitivamente tinham visões diferentes desde o começo, e Cortez viu e 
oportunidade de lucro, onde Las Casas viu a desigualdade de tudo. Ao mesmo tempo, as 
intenções de Las Casas não eram inteiramente honrosas, pois ele ainda aceitava o desejo 
de mudar os nativos americanos de uma forma que os despojasse de sua identidade 
original, transformando-os em cristãos. Em sua mente, ele provavelmente pensava que 
ele era "Protetor dos Índios", mas tem que ser questionado se seu motivo para expandir o 
cristianismo era maior do que tratar os nativos americanos humanamente. 
Las Casas utilizava argumentos religiosos para demonstrar os atos considerados 
errôneos dos conquistadores europeus. Sua imagem sobre o indígena corresponde a uma 
representação de dor e sofrimento, talvez porque estivesse mais preocupado em vencer 
os debates que logo travaria a respeito do tema. 
Além disso, a imagem que constrói sobre os conquistadores dialogava com toda a 
iconografia produzida na Europa sobre o tema, em que a violência dos conquistadores 
parecia ser o único ingrediente dessas narrações, Todorov cita Las Casas: 
 “Um espanhol, subitamente, desembainha a espada (que parecia ter 
sido tomada pelo diabo), e imediatamente os outros cem fazem o 
mesmo, e começam a estripar, rasgar e massacrar aquelas ovelhas e 
aqueles cordeiros, homens, mulheres, crianças e velhos, que estavam 
sentados, tranquilamente, olhando espantados para os cavalos e para os 
espanhóis. Num segundo tempo, não restam sobreviventes de todos os 
que ali se encontravam”. (Todorov, 1999, p. 168) 
O frei afirmava que Cristo era um Deus libertador e, assim, o reino dos céus 
anunciado no Evangelho devia ser compartilhado com amor e espírito de 
convencimento e não com violência ou escravidão como havia sendo feito. Em seus 
postulados Todorov afirma: 
“Las casas ama os índios. E é cristão. Para ele, esses dois traços 
são solidários: ama-os precisamente porque é cristão, e seu amor ilustra 
sua fé. Entretanto, justamente por ser cristão, não via claramente os 
índios. Será que é possível amar realmente alguém ignorando sua 
identidade, vendo, em lugar dessa identidade, uma projeção de si 
mesmo ou de seu ideal?” (Todorov, 1999, p. 168) 
Seguindo estas ideias, Las casas fez uma crítica aberta a respeito das formas de 
conquista e colonização e atacou também os religiosos que haviam argumentado que a 
conquista armada era um passo necessário à entrada do Evangelho na América. 
O religioso descreveu com dramaas matanças coletivas dos índios, a violação de 
mulheres, as epidemias, os assassinatos de centenas de chefes indígenas e, para isso, 
recorria a diversas cenas bíblicas de cativeiro e escravidão. Esse discurso em que o 
indígena era visto como vítima das maldades dos espanhóis teria grande repercussão na 
história do continente americano e nele o indígena sempre aparecia como fraco, indefeso, 
violentado pelo massacre europeu, pela crueldade e, sobretudo, pela cobiça dos 
espanhóis. 
No entanto, ao passo em que defendeu os indígenas, Las Casas acabou reforçando 
a ideia de superioridade espanhola, nas armas, nas técnicas. Assim criou-se o mito do 
indígena fraco, frágil, igualmente carente de ajuda externa o que fez perpetuar ainda mais 
a concepção de que o indígena necessitava de ajuda, como se fosse uma criança indefesa 
e de que o continente americano, vítima da cobiça, vivia jorrando sangue e de veias 
abertas ao domínio estrangeiro. 
Ainda assim, as ações de Hernan Cortez que haviam sido grandemente elogiadas 
pelos cronistas anteriores, como nas cartas do próprio Cortez, e nas obras de Bernal Díaz, 
nos textos de Las Casas tomaram outra forma, pois mostravam um Cortez tirano, sem 
escrúpulos, ladrão e assassino que mediante uma série de crimes havia arrasado os índios 
sem piedade. 
As denúncias de Las Casas tiveram tanta repercussão entre setores da Igreja e da 
intelectualidade europeias que ocorreu um famoso debate ético e filosófico a respeito da 
conquista e da presença espanhola na América. O debate foi enredado entre Bartolomé 
de Las Casas e o humanista Juan Gines de Sepúlveda. Sepúlveda tentava demonstrar a 
superioridade da civilização espanhola sobre as culturas americanas, para valorizar a ação 
de Cortez e para reduzir os índios à categoria de selvagens. Com os dados da obra e as 
concepções humanísticas a respeito dos povos europeus civilizados, Sepúlveda tentou 
mostrar que os índios americanos careciam de ciências, escrita e leis humanitárias, o que 
os incapacitava para constituir sociedades justas e racionais. 
Las Casas, por outro lado, fez uma fervorosa defesa dos indígenas, baseado em 
argumentos religiosos. De qualquer forma, essas duas imagens a respeito da conquista e 
de Cortez marcariam as tradições seguintes. 
Cortez era por um lado o conquistador heroico, representante da cultura europeia, 
fiel súdito da coroa e da Igreja Católica, ou seja, um verdadeiro cavaleiro. Mas por outro 
lado começava a se tornar também o tirano, maquiavélico, dissimulado, violento, capaz 
de fazer de tudo para dominar, vencer e enriquecer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
SILVA, Daniel Neves. "Hernan Cortés e a conquista dos astecas"; Brasil Escola. 
Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/historiag/hernan-cortes-conquista-dos-
astecas.htm>. Acesso em 29 de maio de 2018. 
TODOROV, Tzvetan. A Conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Martins 
Fontes, 1999. 
LAS CASAS, Frei Bartolomé de. Paraíso Destruído. Editora: L&PM, 2007.