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JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL F3

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Justiça e 
diálogo sociaL
Cidadania: 
direitos e deveres
Brena Késsia Simplício do Bomfim 
3
Sumário
 1. Cidadania: Direitos e Deveres ..............................................................................35
 2. Direitos humanos como direitos fundamentais universais .............................35
 3. Direitos fundamentais como exercício de cidadania .......................................40
 4. Os limites às liberdades individuais e a noção de cidadania global ...............43
 Considerações finais .............................................................................................46
 Referências ............................................................................................................. 47
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 35
1. 
Cidadania: Direitos 
e Deveres
Historicamente, a origem do vocábulo 
cidadania vem do latim civitas, que signi-
fica cidades. Na Grécia antiga, a expres-
são cidadania foi cunhada em um senti-
do eminentemente político, sendo o laço 
efetivo entre o indivíduo e a comunidade 
a forma efetiva de vida do homem no 
exercício da ação política, ou seja, na ad-
ministração da vida em comunidade, das 
diretrizes do governo ou do exercício do 
poder do Estado. No sentido jurídico, ci-
dadania trata-se da qualidade ou vínculo 
que gera para o nacional, uma vez que 
ligado ao Estado, um conjunto de direi-
tos e de deveres perante os seus pares. 
No sentido denotativo, como se aprende 
na escola, cidadania nada mais é que a 
qualidade de ser cidadão, ou seja, ter di-
reitos a usufruir e deveres a cumprir, em 
uma relação mutualística em que, para 
existência de um é imprescindível a ob-
servância do outro e vice-versa. 
Posso apresentar inúmeras outras 
acepções do vocábulo dadas por polí-
ticos, filósofos, juristas e, até mesmo, 
por artistas e matemáticos, no entanto, 
o sentido da palavra para fins desta lei-
tura já se encontra claro e delimitado na 
acepção de um conjunto de direitos e de 
deveres que compõem diretrizes de vida 
em sociedade e que inexistem se não 
observados em conjunto pelo Estado, 
bem como também pelos particulares, 
sem a participação deste não há falar em 
exercício efetivo da cidadania. Esse con-
junto de prerrogativas é o objeto central 
deste estudo, no qual viso revisitar um 
conceito de cidadania em tempos de cri-
se econômica, de baixa na representa-
tividade democrática, do impacto irres-
trito da inteligência artificial nas nossas 
vidas, dentre outras peculiaridades que 
me assombram e exigem reflexão da co-
munidade hodierna.
Demais disso, como objetos espe-
cíficos do estudo em questão questiono 
quais são estes direitos e deveres? Há 
um rol exaustivo? Onde estão previstos? 
Quais suas principais características para 
fins de enquadramento como inerentes 
à cidadania? Para isto, divido o presente 
artigo em três partes e utilizo o método 
dedutivo racionalista, a partir da pesqui-
sa bibliográfica de doutrinas e pesquisas 
sobre o tema, quantitativa e exploratória, 
como se desenvolve a seguir.
2.
Direitos Humanos 
Como Direitos 
Fundamentais 
Universais
Há cerca de cinco anos, ministro disci-
plinas de direitos humanos em cursos de 
curta duração, pós-graduação e educa-
ção continuada. Desde que iniciei, ques-
tiono os alunos sobre o conceito pessoal 
de direitos humanos de cada um deles. 
Antes, cada um opinava oralmente em 
sala de aula sua percepção na aula inau-
gural sobre o tema. Isso facilitava uma 
indução das opiniões dos últimos interlo-
cutores às concepções externadas pelos 
primeiros a refletir sobre o conceito. 
Com o advento e ingresso das novas 
tecnologias de informação e comunica-
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE36
ção (NTIC) em sala de aula, hoje, consigo 
realizar a atividade simultaneamente en-
tre os alunos, em ambiente virtual. Todos 
são chamados a enviar até 10 (dez) pa-
lavras-chave sobre seu conceito pessoal 
de direitos humanos para um sítio que 
reúne simultaneamente as respostas de 
todos os participantes, sem que estes 
tenham acesso prévio às opiniões dos 
colegas. Os resultados são compilados, 
e as palavras-chave enviadas recebem 
maior evidência no quadro quando se re-
petem em mais de uma resposta.
Em que pese uma ou outra remissão 
incomum, que, todavia, não merece des-
taque, este sempre é dado às palavras 
como as seguintes: dignidade, direitos 
fundamentais e garantias. Em uma me-
nor proporção, mas não incomuns, os 
alunos associam ao conteúdo de direitos 
humanos substantivos como vida, liber-
dade, igualdade, justiça, saúde e edu-
cação. Essas são respostas ocidentais 
comuns dadas por quem detém algum 
conhecimento jurídico àqueles direitos 
caracterizados como universais, irrenun-
ciáveis, inalienáveis, complementares e 
interdependentes.
Esses direitos são compreendi-
dos como ínsitos à pessoa humana em 
qualquer lugar do mundo em que esteja, 
seja no ocidente, seja no oriente; seja 
no hemisfério norte, seja no hemisfério 
sul; e em todas as circunstâncias que ela 
assuma, seja em liberdade, seja subme-
tida à sanção penal; seja empregado-
ra, seja trabalhadora; seja eleitora, seja 
eleita. No entanto, devo ponderar que 
as circunstâncias culturais são levadas 
em conta pela doutrina internacionalista 
para fins de relativização ou universali-
zação desses valores.
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 37
Enquanto os relativistas ponderam 
que os valores morais são determinados 
pela cultura, história, religião e outros con-
textos sociais, sendo os direitos humanos 
para estes cultural e historicamente espe-
cíficos e não universais; os universalistas 
descartam esta concepção, fundados na 
crença de que os valores morais são fun-
damentalmente os mesmos quando se 
trata de proteção da condição humana 
em todos os momentos históricos e em 
todas as localizações geográficas do glo-
bo terrestre, não devendo se admitir va-
riáveis resultantes da diversidade cultural, 
histórica ou religiosa.
Essa última concepção ganhou no-
toriedade após a ocorrência de duas 
grandes guerras mundiais que dizima-
ram milhões de vidas humanas, descar-
tadas, nestes conflitos armados, com 
menor grau de responsabilidade do que, 
hodiernamente, em muitas comunida-
des, assume-se com coleta seletiva de 
resíduos ou com a emissão de gases 
com impacto ambiental.
Ao positivismo jurídico, de raiz emi-
nentemente legalista, a história do Direito 
reputa parte da responsabilidade desses 
genocídios. Neles residem parte da razão 
fática para o surgimento da consolidação 
de standards internacionais, compreen-
didos como garantias mínimas, normas, 
padrões, ou seja, modelos globais de pro-
teção à condição humana dos indivíduos 
que povoam as mais diversas nações ao 
redor do planeta. Filosoficamente, os fun-
damentos iniciais residem nas concep-
ções morais advindas de uma lei natural 
derivada da humanidade básica, indepen-
dentemente das circunstâncias culturais.
O Direito travou importante função 
como condicionante do comportamento 
social ao valorar um fato jurídico, reputan-
do-lhe uma sanção ou um incentivo sob 
a ótica da teoria tridimensional (REALE, 
2003), conforme a necessidade de es-
tímulo ou desestímulo de determinada 
conduta humana, passando a incorporar 
padrões morais universais por meio da 
positivação de valores éticos frente à crise 
do formalismo jurídico que de certa forma 
legitimou tais conflitos bélicos. Surgiu, en-
tão, o pós-positivismo jurídico, cujo com-
promisso primordial reside, para além da 
limitação da ação estatal, na preservação 
e na consolidação da dignidade humana.
Talvez por isso, ao falar de direitos 
humanos, a primeira menção da memó-
ria os associe ao termo dignidade, pois 
é nele que reside o centro propulsor da 
função do Direito como condicionamen-
to da conduta humana com a consoli-
dação do pós-positivismo jurídico. É em 
prol da sua dignidade que a minha ação é 
limitada pelo Estado e que a ação do Es-
tado também recebe limitações. E, após 
os conflitos mundiais, a preocupação 
alargou-se tambémpara a convivência 
entre Estados, os quais, para preservar a 
dignidade de seus nacionais, começaram 
a organizar-se em comunidades e condi-
cionar essa relação também por norma-
tização de valores.
Ressalto que não é a positivação em 
instrumentos escritos a função primor-
dial do direito internacional dos direitos 
humanos, mas sim a busca pelo consen-
so, por meio do diálogo cooperativo in-
ternacional, de quais seriam essas garan-
tias mínimas de domínio não exclusivo do 
Estado, mas de legítima preocupação da 
comunidade internacional, resultando 
assim em processos de universalização e 
de efetivação desses direitos.
Nesse sentido, Fábio Konder Com-
parato reitera, ao refletir sobre a afirma-
ção histórica dos direitos humanos, que 
(2010, p. 02):
“Reconhece-se hoje, em toda 
parte, que a vigência dos direitos 
humanos independe de sua de-
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE38
claração em constituições, leis 
e tratados internacionais, exata-
mente porque se está diante de 
exigências de respeito à digni-
dade humana, exercidas contra 
todos os poderes estabelecidos, 
oficiais ou não. A doutrina jurídica 
contemporânea, de resto, como 
tem sido reiteradamente assina-
lado (...) distingue direitos huma-
nos dos direitos fundamentais, 
na medida em que estes últimos 
são justamente os direitos con-
sagrados pelo Estado mediante 
normas escritas.”
Pois bem, para fins pedagógicos, 
costumo ilustrar as classes de direitos 
humanos com doutrina que reputa como 
único o fundamento axiológico para di-
reitos do homem, direitos humanos e 
direitos fundamentais como sendo a 
limitação do poder do Estado e o com-
promisso com a dignidade da pessoa 
humana (LIMA, 2013). Quando não po-
sitivados, inerentes apenas ao contexto 
social, histórico e cultural de um povo, 
reputam-se por direitos do homem. 
Quando positivados em instrumentos in-
ternacionais, frutos de um compromisso 
comunitário em prol de sua efetivação 
denominam-se direitos humanos. Por 
fim, mas não por último, quando posi-
tivados na ordem jurídica interna, repu-
tam-se direitos fundamentais.
A ordem é que ao homem, ao adqui-
rir a condição de sapiens, ou seja, ao ter 
poder de racionalizar e ao entender seu 
papel no mundo, tem que ser garantido 
o protagonismo de sua própria história, 
de fazer suas escolhas e de assumir as 
responsabilidades de sua tomada de 
decisão, bem como da vida em comuni-
dade. Para isso, onde quer que ocupe a 
condição humana e em qualquer função 
que exerça em sociedade não só são 
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 39
garantidos direitos universais inerentes 
à sua condição humana, mas também 
lhe são exigidas obrigações advindas da 
vida em sociedade.
Essa filosofia, fundada em padrões 
sociais e econômicos liberais, repousa, 
assim, na dignidade da pessoa huma-
na, na capacidade de racionalizar do 
homem, na igualdade entre todas as 
pessoas, na autonomia da vontade, nas 
nossas necessidades e capacidades co-
muns, bem como no consenso universal 
sobre valores chaves. É um mister, con-
tudo, apresentar algumas críticas a essa 
consolidação de padrões, pois a filosofia 
liberal encontra desafios que não conse-
gue se esquivar com êxito em um mundo 
em que as desigualdades são abissais e 
que o exercício da autonomia e da liber-
dade do homem é diretamente propor-
cional ao seu acúmulo de capital.
Nesse sentido, funda-se, inclusi-
ve, a crítica marxista aos direitos hu-
manos, para qual estes não se tratam 
de nada além de parte da estratégia 
capitalista de um sistema de dominação, 
em que as carências dos humanos em 
situação de desvantagem são supridas 
pela promessa de um rol ou conjunto de 
direitos de proteção em face do arbítrio 
estatal e da dominação do capital. No 
mesmo sentido crítico, os utilitaristas 
afirmam que valores chave decorrentes 
de direito natural são um fenômeno me-
tafísico que não admitem consolidação 
no mundo real.
A refutação a esse pessimismo críti-
co deu vazão aos estudiosos de direitos 
humanos concentrarem seus esforços 
em busca de efetivá-los. Assim, tomo 
enquanto construção contemporânea da 
institucionalização dos direitos humanos 
o conjunto dinâmico de relações ocorri-
das na sociedade – políticas, econômi-
cas, sociais e culturais – que aumentam 
as potencialidades dos seres humanos 
em determinado lapso temporal e es-
pacial (HERRERA FLORES, 2005). Não 
se podem igualar direitos humanos às 
normas de direitos humanos, pois estes 
devem ser interpretados como um pro-
cesso, um resultado de lutas que geram 
emancipação dos povos e não a imposi-
ção de normas pelo Estado. “As normas 
são apenas garantias, mas não direitos 
humanos em si mesmo, os quais exi-
gem um mínimo de eficácia para existir” 
(BOMFIM, 2017, p. 20).
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE40
Costumo destacar ainda a impor-
tância da efetivação desses direitos, 
cumulada com a potencialização das 
capacidades do homem, ou seja, com 
as possibilidades concretas de se atingir 
o tipo de vida que ele escolheu. Amar-
tya Sen, um dos idealizadores da ava-
liação das nações ao redor do mundo 
via Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDH), em detrimento dos índices de ri-
queza acumulada per capita, analisada 
produto interno bruto (PIB), afirma que 
só há falar em desenvolvimento quando 
“relacionado, sobretudo, com a melho-
ra da vida que levamos e das liberdades 
que desfrutamos” (2010, p. 29). Assim, 
riqueza não pode ser considerada um 
fim em si mesma, mas sim um meio para 
alcançarmos o tipo de vida que a so-
ciedade almeja ter e que nós, cidadãos, 
desejamos desfrutar. Liberdade, como 
direito humano, só é alcançada por meio 
de um processo complexo que deságua 
em oportunidades reais da minha e da 
sua emancipação enquanto ser.
Assim, direitos humanos incluem 
inúmeras liberdades, desde as civis e 
políticas; passando pelas econômicas e 
sociais; e, hodiernamente, as de garan-
tia de um futuro decente para presente 
e futuras gerações, não só de um globo 
terrestre equilibrado com possibilidade de 
gozo de um meio ambiente hígido, mas 
também com proteção das pessoas hu-
manas em face da revolução tecnológica. 
A institucionalização inadequada desses 
standards enseja expansão institucional 
ou reforma da atuação das comunida-
des globais como parte dos ônus gera-
dos pelo reconhecimento desses direi-
tos como patamar mínimo de civilidade 
da geração moderna. “A irrealizabilidade 
atual de qualquer direito humano aceito, a 
qual pode ser revertida por meio de uma 
mudança institucional ou política, não faz, 
por si só, converter a reivindicação para 
um não direito”11 (SEN, 2004, p. 320).
Positivados em plano internacional, 
por meio de acordos, pactos, tratados e 
outros instrumentos de direito interna-
cional público, os direitos humanos ape-
nas assumem esta condição quando mi-
nimamente exercitáveis em um contexto 
social e espacial, o que me remete fazer 
o destaque à incorporação dessas ga-
rantias ao direito interno de cada Estado 
e à positivação desses mesmos valores 
fundamentais diretamente nos ordena-
mentos jurídicos internos, quando são 
reputados como direitos fundamentais, 
tal como visto acima e esmiuçado abaixo.
3.
Direitos 
Fundamentais 
Como Exercício de 
Cidadania
Positivados em direito interno, direitos 
fundamentais são aqueles considera-
dos básicos para qualquer ser huma-
no, independentemente das condições 
pessoais específicas que assumam, 
compondo um núcleo intangível de res-
peito aos indivíduos que compõem uma 
determinada ordem jurídica. Assim, 
distingo-os dos direitos humanos, pois 
aqueles são prescrições determinadas a 
um delimitado território de autonomia e 
soberania de uma nação.
Esses direitos decorrem de um pro-
cesso de luta social pela efetivação da 
proteção do homem em face dos pode-
res do Estado e das arbitrariedades dos 
demais seres humanos quando estes 
detinham a possibilidade do uso da força. 
Para Alexandre de Moraes (2011, p. 02-
03), “a noção de direitos fundamentais 
é mais antigaque o surgimento da ideia 
de constitucionalismo, que tão somente 
1 “The current unrealizability of any ac-
cepted human right, which can be pro-
moted through institutional or political 
change, does not, by itself, convert than 
claim in to a non-right” (tradução livre).
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 41
consagrou a necessidade de insculpir 
um rol mínimo de direitos humanos em 
um documento escrito, derivado direta-
mente da soberana vontade popular”.
Nesse sentido, ressalto que, clara-
mente, a proteção aos direitos funda-
mentais é datada de interregno bem an-
terior das garantias de direitos humanos 
e, até mesmo, da constitucionalização 
das ordens jurídicas, que só aparece 
com as Revoluções Francesa e America-
na do Século XVIII, que iniciam o proces-
so de construção de constituições como 
instrumento de contenção de poder do 
Estado e de garantia de direitos funda-
mentais de 1ª dimensão: non facere es-
tatal e direitos civis e políticos.
Considerada como a carta geográfi-
ca fundamental para o projeto de cons-
titucionalização dos povos, a Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão de 
1789 foi institucionalizada pelos franceses, 
no auge da revolução, como primeiro ele-
mento constitucional do novo regime po-
lítico. Publicada sem sanção do rei, muitos 
questionaram se seria uma mera declara-
ção de princípios sem força normativa. No 
entanto, teóricos clássicos reconheceram 
sua importância e competência decisória, 
tal como Sièyes, que afirmou que a de-
claração emana diretamente da nação, 
como poder constituinte.
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE42
Ressalto que a declaração emana 
direcionamento não só aos franceses, 
quando remete ao termo cidadão, mas 
também a todos os povos, quando reto-
ma a palavra homem. Destaco a forma 
com a qual o instrumento deu contem-
poraneidade ao compromisso com uma 
ordem universal preocupada com o ser 
humano, não restrita ao território fran-
cês. Em pleno século XVIII, os franceses 
já demonstravam que a cooperação en-
tre os homens deve transpor as barrei-
ras geográficas.
Já nas primeiras décadas do sécu-
lo XX, uma nova concepção de Estado 
preocupada com as necessidades pri-
márias dos cidadãos, introduz nas cons-
tituições disposições voltadas à imple-
mentação de prestações econômicas, 
sociais e culturais, que ensejam uma 
ação do estado no sentido de efetivá-las, 
o que a doutrina clássica reputa como 
prestações positivas, denominação que 
recebe críticas liberais, pois há quem 
entenda que os direitos negativos, ou de 
primeira dimensão, também dependem 
de altos custos de implementação (HOL-
MES; SUNSTEIN, 2000).
A Constituição do México de 1917 e, 
para admiração, a Constituição de Wei-
mar (Alemanha) de 1919 inauguram o 
constitucionalismo social e positivam os 
chamados direitos sociais no âmbito dos 
ordenamentos jurídicos nacionais. No 
caso brasileiro, desde a Constituição de 
1824, ainda sob égide do Império, até a 
Constituição Federal de 1988, há expres-
sa remissão a um rol de garantias funda-
mentais ínsitas aos nacionais submetidos 
à ordem jurídica brasileira. Destaco que a 
constituição atual não limitou o exercício 
dos direitos e garantias fundamentais 
aos nacionais, ao expressamente con-
signar, logo no Título II – Dos Direitos e 
Garantias Fundamentais, que “todos 
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 43
são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, 
à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade” (BRASIL, 1988).
Nacionais e não nacionais, desde 
que residentes no Brasil gozam dessas 
garantias fundamentais e são titulares de 
deveres que visam o exercício dos mes-
mos direitos pelos seus semelhantes em 
território nacional. Assim, não há falar 
em exercício dos direitos fundamen-
tais sem que os seus titulares cumpram 
o pacto de observar as limitações que 
possibilitem o exercício dos mesmos pe-
los demais cidadãos que compõem a so-
ciedade brasileira. No entanto, hoje, não 
há mais limitação da cidadania a geolo-
calização em um Estado por si só, pois 
somos humanos em um mundo cada 
vez mais globalizado e sem fronteiras. 
Chegamos à cidadania 4.0. Bem-vindos 
à noção de cidadania global!
4.
Os Limites às 
Liberdades 
Individuais e a 
Noção de Cidadania 
Global
Promover os direitos humanos e alcan-
çar a efetividade de direitos fundamen-
tais é tarefa cabível a cada um de nós 
que compomos a sociedade moderna. 
Já dizia o filósofo, Aristóteles, somos 
animais eminentemente políticos. Não 
há como se escusar de participar desse 
processo. A minha não ação e a sua inér-
cia, as nossas fugas dos processos polí-
ticos, que marca a convicção política de 
inúmeros de nós na atualidade, também 
é uma ação política que reflete negati-
vamente na necessidade de assunção 
do compromisso com uma das maiores 
urgências hodiernas: a concretização de 
um modelo de cidadania global.
As pessoas são diretamente respon-
sáveis pelo processo de desenvolvimen-
to da sociedade atual. “Têm de ser vistas 
como ativamente envolvidas – dada a 
oportunidade – na conformação de seu 
próprio destino, e não apenas como be-
neficiárias passivas dos frutos de enge-
nhosos programas de desenvolvimento” 
(SEN, ANO, p.77). Eu, você, nós somos 
chamados ao protagonismo do processo 
de desenvolvimento de nossas nações, 
bem como das demais ao redor do mundo. 
Quando recebi o convite do Tribunal 
de Justiça do meu Estado natal, Ceará, 
para abordar o tema cidadania nesta co-
letânea, instiguei-me a olhá-la por um 
novo espectro, pautado principalmente 
pelas transformações sociais impulsio-
nadas pelas novas tecnologias da infor-
mação e da comunicação e pela globa-
lização. Não se pode falar de cidadania 
hoje, como o gozo de direitos e obser-
vância de deveres de forma mutual, cir-
cunscrita ao território de nossas nações 
de nascimento.
Hoje apenas somos cidadãos se 
nosso compromisso em respeitar as 
liberdades dos nossos semelhantes 
transpassar todas as nossas relações 
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE44
humanas. Isso porque os limites geográ-
ficos se tornam cada vez mais tênues e 
insignificantes frente à revolução tecno-
lógica que nos possibilita comunicação 
em tempo real com o mundo, realização 
de atividades complexas com apenas um 
clique, transporte a jato para o outro lado 
do globo terrestre, dentre outras pers-
pectivas que nos aloca para muito além 
dos nossos domicílios de residência.
Nesse sentido, falar em cidadania 
global compreende não só entender e 
efetivar o conteúdo e a extensão dos di-
reitos e deveres internos de uma nação 
e sua dimensão de garantias fundamen-
tais, mas também conhecer e aplicar as 
garantias de direitos humanos mundial-
mente consolidadas, pois ambas as nor-
matizações abrangem o mesmo conteú-
do ético-jurídico: a limitação do poder do 
estado e a efetivação das garantias de 
dignidade da pessoa humana.
A solução de problemas globais, 
continentais, nacionais e regionais de-
pende dessa compreensão de que so-
mos agentes ativos do processo de 
efetivação das garantias do ser humano 
que, para fim de adimplemento dos nos-
sos deveres, é o outro; mas, para fim de 
adimplemento dos nossos direitos, so-
mos nós, eu e você. Só é possível falar da 
existência de direitos humanos e de ga-
rantias fundamentais, segundo a teoria 
crítica, se houver efetivação destes. Só é 
possível haver efetivação se houver par-
ticipação de toda a sociedade. Essa é a 
noção de cidadania global: um conjunto 
de direitos e deveres que coexistem de 
forma mútua ao redor da Terra e ensejam 
a observância dos habitantes do planeta, 
independentemente das circunstâncias 
sociais, culturais e da região geográfica 
em que se encontram.
Aqui surge a importância de conhe-
cer não apenas a ordem jurídica interna, 
composta da Constituição Federal, Leis 
Complementares, Leis Ordinárias, de-
cretos e regulamentos que codificam 
nossasvidas no território nacional bra-
sileiro, mas também a normatização in-
ternacional que dispõem sobre nossas 
garantias como seres humanos ao redor 
do globo terrestre, composta de trata-
dos, convenções internacionais, pactos, 
declarações dentre outros instrumentos. 
Ressalto que a lei e a jurisprudência 
brasileiras auxiliam nesse processo ao, 
adotando a teoria monista no confronto 
de aplicação do direito internacional e 
do direito interno, cooperam ao incluir, 
com efeito, no ordenamento pátrio os 
instrumentos internacionais ratificados 
pelo Brasil. Isso porque, após a decisão 
do Habeas Corpus n. 87.585/TO e do Re-
curso Extraordinário 466.343/SP, os tra-
tados internacionais de direitos humanos 
ratificados pelo Brasil, ainda que não ob-
servando o quórum especial do § 3º do 
art. 5º da Constituição Federal, assumem 
natureza supralegal, prevalecendo 
sobre a legislação infraconstitucional 
e, inclusive, orientando a interpretação 
constitucional em conformidade com 
as diretrizes do respectivo tratado 
internacional quando este dispuser so-
bre conteúdo de direitos humanos.
Tal diretriz determinou a impossi-
bilidade de prisão civil por dívida do de-
positário infiel, em que pese a expres-
sa autorização constitucional, mas em 
consonância com a cláusula de abertura 
prevista no art. 5º, § 2º da Constituição, 
que prevê que o rol de direitos e garan-
tias ali expressos não exclui outros “de-
correntes do regime e dos princípios por 
ela adotados, ou dos tratados interna-
cionais em que a República Federativa 
do Brasil seja parte” (BRASIL, 1988). Isso 
mostra a tendência de reunião dos siste-
mas jurídicos de direito interno e de direi-
to internacional como forma inexorável 
de organização normativa do século XXI.
Não há falar em ordem jurídica mun-
dial que não privilegie a congregação das 
organizações normativas internas dos 
Estados que compõem o globo terrestre 
e das diretrizes internacionais comuni-
tárias da mesma forma em que não se 
imagina mais um mundo não conectado 
à rede mundial de computadores ou à 
internet. Nessa medida, alerto. A noção 
de cidadania recebe um novo paradig-
ma. Hoje ela é, repito, global.
A pergunta que me queda e que deve 
estar também rodeando seus pensa-
mentos é: o que muda na perspectiva da 
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 45
cidadania quando ela assume uma pers-
pectiva mundial? É exatamente o com-
promisso do ser humano em zelar não 
só pelos direitos fundamentais dos seus 
companheiros nacionais, mas também 
pelos direitos humanos de todos aqueles 
demais homens que habitam na terra.
Sabendo que a cidadania é com-
posta pelo exercício de direitos e obser-
vância de deveres, o espectro cognitivo 
do homem, hoje, ultrapassa o limite das 
constituições nacionais e legislação in-
terna e atinge todos os compromissos 
internacionais inerentes ao respeito à 
dignidade do ser humano. Isso começa 
promovendo e difundindo o teor da le-
gislação internacional clássica dos direi-
tos humanos, sem afastar, contudo, sua 
efetivação, pois, conforme levantei alhu-
res, não se fala em direitos humanos sem 
sua concretização. 
Nesse cenário, ouso destacar um 
diploma essencial, sem desmerecer 
qualquer outro – muitos deles deve-
ras importantes, tal como a Convenção 
Americana de Direitos Humanos, mais 
conhecida por Pacto de São José da 
Costa Rica – pela sua importância na 
consolidação da disciplina internacional 
dos direitos humanos: a Declaração Uni-
versal dos Direitos Humanos (DUDH). 
Datada de 1948, aparece como mar-
co teórico normativo da disciplina dos 
direitos humanos na seara internacional, 
logo após a criação das Nações Unidas 
por uma Carta de 1945, logo após o térmi-
no do Holocausto. Trata de direitos desde 
direitos de primeira dimensão, tais como, 
a liberdade, a igualdade e a dignidade, até 
direitos de segunda e outras dimensões, 
tais como a alimentação, a moradia, o en-
sino. A DUDH é considerada o documen-
to mais traduzido no mundo — já alcança 
500 (quinhentos) idiomas e dialetos, po-
rém muitos nacionais desconhecem seu 
teor e, assim, tornam-se impossibilitados 
de cumprir seu papel na implementação 
desses direitos, infringindo o dever cívico 
de cidadania global.
Tomo a liberdade de transcrever o 
rol de direitos humanos universais da de-
claração que devem nortear nosso com-
portamento e limitar nosso agir em prol 
de uma cidadania global que nos permita 
o gozo desses direitos.
1. Liberdade e igualdade em digni-
dade e direitos de todo ser hu-
mano, devendo assim agir uns 
com os outros.
2. Impossibilidade de distinção de 
qualquer espécie entre os seres 
humanos.
3. Garantia de vida, de liberdade e 
de segurança pessoal.
4. Vedação à servidão, à escravi-
dão e ao tráfico de pessoas.
5. Vedação à tortura e ao trata-
mento cruel, desumano ou de-
gradante.
6. Ser reconhecido como pessoa, 
perante a lei, em qualquer lugar.
7. Proteção à discriminação.
8. Proteção judiciária em face de 
atos violadores de direitos fun-
damentais.
9. Vedação à prisão, à detenção ou 
ao exílio arbitrários.
10. Audiência pública em tribunal in-
dependente e imparcial quando 
houver acusação criminal.
11. Presunção de inocência, devido 
processo legal penal e anteriori-
dade da lei em relação à tipifica-
ção do fato delituoso.
12. Inviolabilidade da privacidade, 
de domicílio, da honra e da repu-
tação.
13. Liberdade de locomoção, inclu-
sive entre as fronteiras dos Es-
tados.
14. Asilo em Estados não nacio-
nais, não podendo ser invocado 
quando houver perseguição le-
gitimamente motivada por cri-
mes de direito comum ou por 
atos contrários aos princípios e 
objetivos das Nações Unidas.
15. Nacionalidade e restrição à pri-
vação dela.
16. Contrair matrimônio e nele gozar 
de direitos iguais com o nubente 
na duração do casamento e na 
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE46
pleno desenvolvimento da per-
sonalidade do ser humano e no 
fortalecimento do respeito pelos 
direitos humanos e pelas liber-
dades fundamentais.
27. Participar livremente da vida cul-
tural da comunidade; da fruição 
das artes; do progresso científi-
co e seus benefícios; bem como 
de ter proteção moral e material 
em face das produções literárias 
e artísticas.
28. Direito a uma ordem social e 
internacional em que estes di-
reitos e liberdades possam ser 
plenamente realizados.
29. Todo ser humano tem deveres 
para com a comunidade, estan-
do sujeito às limitações legais 
voltadas a assegurar o devido 
reconhecimento e respeito dos 
direitos e liberdade de outrem e 
de satisfazer as justas exigên-
cias da moral, da ordem pública 
e do bem-estar de uma socie-
dade democrática.
30. Nenhuma das disposições aci-
ma podem ser interpretadas no 
intuito de autorizar qualquer Es-
tado, grupo ou pessoa de exer-
cer qualquer atividade ou de 
praticar qualquer ato destinado 
à mitigação ou destruição de 
quaisquer direitos e liberdades 
acima garantidos.
31. O destaque dado ao item 29 é 
meu chamado ao exercício da 
cidadania global. Hoje, somos 
cidadãos com conexões ao re-
dor do globo terrestre que nos 
chama a exercer nossos deve-
res e suas limitações a nossas 
liberdades individuais de forma 
globalizada. Se cada um de nós 
inicia este processo como uma 
gota no oceano, parafraseando 
Santa Tereza de Calcutá, esse 
oceano será cada vez maior.
Considerações 
Finais
Chamada a tecer minhas considerações 
acerca do conceito de cidadania, propus-
-me a revisitar seus aspectos eminen-
temente preocupada com os impactos 
sociais da revolução 4.0, ou seja, com as 
transformações impostas na nossa vida 
cotidiana com pelos anseios e novas de-
mandas trazidas pelas novas tecnologias 
da informação e da comunicação.
Talvez o maior desses impactos seja 
a superação das fronteiras e a diminuição 
das distâncias entre os seres humanos 
do mundo, o que nos torna muito mais 
próximos de outros humanos que vivem 
em nações de valores culturais e sociais 
muitas vezes distintos dos nossos. Daí 
vem a importância da consolidação de 
standardsinternacionais usufruíveis por 
todo e qualquer ser humano, onde quer 
que ele esteja e seja qual condição que 
ele ocupe. Isso porque a nós é devido o 
tratamento condigno pela capacidade 
que temos de raciocinar, por nossa auto-
nomia e necessidades comuns.
 É aqui que os direitos huma-
nos, positivados na ordem internacional, 
cumulados aos direitos fundamentais, 
tutelados pelas ordens jurídicas internas, 
aparecem como padrão de referência 
para o novo modelo de cidadania, a cida-
dania 4.0 ou cidadania global para qual to-
dos nós, seres humanos que ocupamos a 
terra, somos, ao mesmo tempo, titulares 
para o gozo dos direitos a ela inerente e 
sujeitos ativos das limitações jurídicas a 
fim os outros possam exercê-las.
sua resolução, sendo a família 
núcleo fundamental da socie-
dade, tendo direito à proteção 
desta, bem como do Estado.
17. Propriedade, vedada a privação 
arbitrária desta.
18. Liberdade de pensamento, de 
consciência e de religião.
19. Liberdade de opinião e de ex-
pressão.
20. Liberdade de reunião e de ação 
pacífica, vedada a associação 
obrigatória.
21. Sufrágio universal, periódico, le-
gítimo e por voto secreto, tendo 
todos os homens o direito de 
votar e ser votado, bem como 
ao acesso ao serviço público de 
seu país.
22. Segurança social por esforços 
nacional e cooperação inter-
nacional.
23. Livre escolha do trabalho em 
condições justas, favoráveis e 
em proteção ao desemprego; 
igualdade de remuneração, 
justa e satisfatória, em condi-
ções de igual ocupação; e li-
berdade sindical.
24. Direito ao repouso, ao lazer e à li-
mitação da jornada, bem como a 
férias periódicas e remuneradas.
25. Direito a um padrão de vida ca-
paz de assegurar ao ser huma-
no e a sua família saúde e bem 
estar, garantida a proteção em 
casos de contingências sociais, 
bem como os direitos das crian-
ças nascidas dentro ou fora do 
matrimónio.
26. Instrução gratuita, no mínimo, 
nos graus elementares e fun-
damentais, aquela obrigatória; 
a instrução técnica-profissional 
será acessível a todos; e a ins-
trução superior terá ingresso 
baseado no mérito, sendo todas 
estas orientadas no sentido do 
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 47
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Apoio Realização
BRENA KÉSSIA SIMPLÍCIO DO BOMFIM (Autora)
Advogada, mestre em Direito Constitucional e especialista em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade 
de Fortaleza (Unifor), doutoranda em Direito e Processo Contemporâneo do Trabalho pela Universidade de São 
Paulo (USP) e coordenadora da Pós Unifor.
KARLSON GRACIE (Ilustrador)
Nasceu em Paulista, Pernambuco. Desenha desde criança. A arte e a leitura estiveram sempre presentes em sua 
vida. Filmes, desenhos animados, histórias em quadrinhos e videogames eram inspirações para desenhar. Integra 
o Núcleo de Design (NDE) da Fundação Demócrito Rocha, onde faz o que mais gosta: imaginar, criar e ilustrar.
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidência: João Dummar Neto Direção Administrativo-Financeira: André Avelino de Azevedo Gerência 
Geral: Marcos Tardin Gerência Editorial e de Projetos: Raymundo Netto Análise de Projetos: Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis | UNIVERSIDADE 
ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerência Pedagógica: Viviane Pereira Coordenação de Cursos: Marisa Ferreira Design Educacional: Joel Bruno 
Secretaria Escolar: Thifane Braga | CURSO JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL Concepção e Coordenação Geral: Cliff Villar Coordenação Executiva: 
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