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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/282648143 A importância da análise facial subjetiva como complemento da análise cefalométrica para o diagnóstico e planejamento ortodôntico Article · April 2009 CITATIONS 0 READS 101 8 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Digital image processing for bone density evaluation after orthognathic surgery View project Dentes impactados View project Marco Antonio Rocco Universidade de Santo Amaro 2 PUBLICATIONS 13 CITATIONS SEE PROFILE Roberto Hiroshi Matsui 9 PUBLICATIONS 5 CITATIONS SEE PROFILE Cristina Feijó Ortolani Universidade Paulista 51 PUBLICATIONS 61 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Marco Antonio Rocco on 26 October 2015. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/282648143_A_importancia_da_analise_facial_subjetiva_como_complemento_da_analise_cefalometrica_para_o_diagnostico_e_planejamento_ortodontico?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/282648143_A_importancia_da_analise_facial_subjetiva_como_complemento_da_analise_cefalometrica_para_o_diagnostico_e_planejamento_ortodontico?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Digital-image-processing-for-bone-density-evaluation-after-orthognathic-surgery?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Dentes-impactados?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marco_Rocco3?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marco_Rocco3?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Universidade_de_Santo_Amaro?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marco_Rocco3?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Roberto_Matsui?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Roberto_Matsui?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Roberto_Matsui?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Cristina_Ortolani?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Cristina_Ortolani?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Universidade_Paulista?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Cristina_Ortolani?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Marco_Rocco3?enrichId=rgreq-3d809b1335c711953dac7e7918680f81-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MjY0ODE0MztBUzoyODg4OTI2MTcwMTkzOTJAMTQ0NTg4ODc3NTIxNA%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf revista ESPELHO CLÍNICO Abril 2009 4 A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE FACIAL SUBJETIVA COMO COMPLEMENTO DA ANÁLISE CEFALOMÉTRICA PARA O DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO ORTODÔNTICO AUTORES: ANDRESSA SERAFIM LADISLAU* - SANDRA MARIA NOBRE DAVID** - CELSO CAVALHEIRO*** - ROBERTO HIROSHI MATSUI**** CRISTINA LÚCIA FEIJÓ ORTOLANI***** - PRISCILA DOMINGUES DE ALMEIDA****** - MARCO ANTONIO ROCCO******* LUIS PAULO FERREIRA BELLINI******** *Especialista em Ortodontia; Mestranda em Ortodontia-Clínica Infantil pela Universidade Paulista UNIP/SP. Endereço: Rua Mario Zampieri no 89 Apto 3 Centro CEP: 09720-450 São Bernardo do Campo/SP tel: 4335-6158 **Professora Doutora; Coordenadora do Curso de Especialização em Ortodontia APCD/SBC. ***Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial; Professor Assistente do Curso de Especialização em Ortodontia APCD/SBC. ****Mestre em Ortodontia; Doutorando em Biopatologia pela UNESP/SJC; Professor Assistente do Curso de Especialização em Ortodontia APCD/ SBC e da Graduação em Odontologia (Ortodontia) UNIP/SP. *****Professora Doutora da Universidade Paulista – UNIP; Pós-Doutoranda pela UNIFESP. ******Professora Doutora do Curso de Especialização em Ortodontia APCD/SBC. *******Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares e Coordenador do Curso de Especialização em Ortopedia Funcional dos Maxilares da APCD/SBC. ********Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial; Mestre em Ortodontia, especialista em Ortondontia e Ortopedia Facial, Professor Assistente do Curso de Especialização em Ortodontia APCD/SBC ARTIGO CIENTÍFICO SINOPSE Estabelecer um diagnóstico correto é de fundamental importância para a elaboração de um adequado planejamento, pois uma das finalidades do tratamento ortodôntico é proporcionar uma boa relação entre a oclusão e as diversas estruturas da face, promovendo o bom funcionamento de todo o sistema estomatognático. Para isso, é necessária uma avaliação criteriosa, individualizando- se cada caso e garantindo assim, os melhores resultados possíveis. As informações necessárias para se estabelecer um planejamento coerente com as condições anatômicas e funcionais que o indivíduo apresenta podem ser obtidas por meio de alguns exames, dentre esses a análise facial e cefalométrica. Neste estudo, três Ortodontistas realizaram a análise facial subjetiva e posteriormente os dados obtidos foram comparados com a análise cefalométrica para avaliar a concordância entre as análises e também entre os avaliadores. As análises foram realizadas em 50 indivíduos no início do tratamento ortodôntico, com uma média de idade de 13 anos 8 meses. Na análise facial subjetiva os avaliadores verificaram o padrão facial, o perfil e a harmonia. Posteriormente, procedeu-se a verificação das grandezas cefalométricas FMA, SN.Gn, H.NB e H-Nariz da Análise Padrão USP. Os valores obtidos foram transferidos para o computador, calculados ecomparados. Nos resultados encontrados, com relação ao perfil facial verificou-se concordância entre a análise facial subjetiva e análise cefalométrica. Já para o padrão facial e principalmente para a harmonia não houve concordância entre os dados obtidos das duas análises. Unitermos: Diagnóstico, Análise Facial, Análise Cefalométrica. ABSTRACT To establish a correct diagnosis is important for the elaboration of an adequate planning, therefore one of the purposes of the orthodontic treatment is provide a good relation between the occlusion and the diverse structures of the face, promoting the good functioning of the stomatognatic system. For that, it is necessary a sensible evaluation, individualizing each case and guaranteeing the www.apcdscs.com.br Abril 20095 INTRODUÇÃO A estética facial tem sido uma preocupação entre os indivíduos, pois a qualidade de vida é influenciada por meio desta, interferindo diretamente nos aspectos social, profis- sional e econômico. A beleza física é valorizada excessivamente pela socieda- de e no decorrer dos séculos, tem recebido influências da história, da arte e da filosofia. Vários estudiosos e grandes mestres da arte começaram a considerar os princípios de equilíbrio, harmonia e propor- ção em busca da beleza, que possui uma tendência cultural e varia ao longo da história entre os indivíduos, se modifi- cando com o passar do tempo. Padrões de beleza e harmonia foram descritos em proporções matemáticas e durante muitos anos, para a ela- boração do plano de tratamento, eram utilizados exclusiva- mente os valores cefalométricos. Atualmente, sabe-se que padrões numéricos são apenas referências e devem ser utilizados em associação aos outros dados coletados para se diagnosticar correta- mente os problemas presentes. Desta maneira, a análise facial foi se tornando um dos mais importantes métodos de diagnóstico, para que o tratamento das maloclusões possa ser realizado com o objetivo de restabelecer a forma, a função e proporcionar a estética mais apropriada. Uma avaliação criteriosa das diversas estruturas tegumentares faciais deve ser realizada em busca de uma interação entre harmonia facial e oclusão para obtenção de equilíbrio. O presente trabalho objetivou comparar a análise facial subjetiva com a análise cefalométrica e determinar o grau de concordância entre os avaliadores. REVISÃO DA LITERATURA Análise Facial O objetivo final do tratamento ortodôntico, além da restituição da oclusão normal, deveria ser restabelecer à face sua melhor aparência, sendo importante avaliar o tipo, a forma e a proporção facial do indivíduo (WUERPEL27 1937). Downs8 (1956), em seus estudos, analisou o perfil facial e verificou que a harmonia deste estaria relacionada ao tecido mole que recobre a face, pois os tecidos moles produzem efeitos na estética e na dentição. A aplicação de princípios básicos matemáticos e ge- ométricos foi estudada para avaliar a morfologia normal de estruturas envolvidas na ortodontia e dentística, analisando o equilíbrio, a harmonia e a proporção, associados à forma e ao crescimento (RICKETTS20 1982). É essencial distinguir as anormalidades esqueléticas das dentárias, para que se consiga tratar da maneira mais apropriada cada uma delas, pois muitos problemas dentários são corrigidos mais facilmente quando problemas esqueléticos são tratados precocemente (JEFFERSON12 1996). Suguino et al.22 (1996) destacaram a importância do exame clínico facial para o diagnóstico e plano de trata- mento, e sugeriram que este deve ser feito com o indivíduo sentado, olhando para frente na linha do horizonte, isto é, na posição natural da cabeça. Salientaram que esse exame não deve ser baseado em radiografia estática e fotografia isolada, pois nestas a cabeça do indivíduo pode estar posicionada de maneira incorreta, o que leva à diagnósticos imprecisos. Para os autores, a avaliação da estética facial é subjetiva e deve ser realizada para identificar traços faciais positivos e negativos. Concluíram que o exame clínico facial deve ser associado ao exame cefalométrico e à análise de modelos, para que o diagnóstico e o planejamento do trata- mento sejam bem sucedidos. A análise facial permite avaliar a relação entre o esqueleto craniofacial e o contorno facial do tecido mole e pode ser feita utilizando-se fotografias de frente e perfil e também diretamente durante o exame clínico do indivíduo. Na análise frontal, avaliam-se assimetrias da face no plano transversal e vertical; já na análise do perfil, observam-se três tipos: reto, convexo e côncavo (RAKOSI et al.18 1999). Celnik7 (2000) afirmou que um dos objetivos do tra- tamento ortodôntico é a obtenção de uma oclusão estável associada à simetria funcional e estética. Ressaltou que best possible results. The necessary information to establish a coherent planning with the anatomical and functional conditions presented by the individual can be gotten by means of some exams, among those the facial and cephalometric analysis. In this study, three Orthodontists made the subjective facial analysis and later the gotten data had been compared with the cephalometric analysis to also evaluate the agreement between the analyses and between the evaluators. The analysis had been carried through in 50 individuals at the beginning of the orthodontic treatment, with an average age of 13 years 8 months. In the subjective facial analysis the evaluators had verified the face standard, the profile and the harmony. Later, it was proceeded verification from the cephalometric measurements FMA, SN.Gn, H.NB and H-Nose of the USP Analysis Standard. The values obtained had been transferred to the computer, calculated and compared. In the found results, with regard to the facial profile agreement between the subjective facial analysis and cephalometric analysis was verified. Considering the facial standard and mainly to the harmony there was not agreement data of the two analyses. Uniterms: Diagnosis, Cephalometric Analysis, Facial Analysis. revista ESPELHO CLÍNICO Abril 2009 6 para elaborar o diagnóstico e o plano de tratamento, deve- se utilizar as informações fornecidas pelas análises cefalométricas, modelos de estudo, exame clínico e foto- grafias do indivíduo. Vedovello et al.25 (2001) ressaltaram que um dos principais objetivos do tratamento ortodôntico é a estética da face, juntamente com a oclusão normal, a saúde dos tecidos periodontais e a estabilidade do tratamento. Afir- maram que o exame clínico da face deve levar em consi- deração a raça, o padrão facial e a cultura do indivíduo. Destacaram que a utilização da análise cefalométrica e dos modelos como auxiliar no diagnóstico é imprescindí- vel. Ferreira10 (2002) salientou a importância da deter- minação do tipo facial do indivíduo como complemento di- agnóstico, pois desproporções entre ossos e partes moles determinam com freqüência problemas miofuncionais. Des- creveu os padrões faciais verticais como: mesofacial, onde os terços da face estão equilibrados; braquifacial ou face curta, onde o padrão de crescimento facial é horizontal; e dolicofacial ou face longa, que possui padrão de cresci- mento facial vertical. Relatou que os padrões faciais sagitais podem ser perfil reto, perfil convexo e perfil côncavo. A análise facial é a chave do diagnóstico ortodôntico, pois é mais condizente com as necessidades estéticas do indivíduo. Essa análise torna-se independente dos padrões cefalométricos numéricos, sendo que nem sempre levam a uma correção estética desejada. A análise facial completa a cefalometria, unindo a avaliação dos dentes, do tecido ósseo e tegumentar, respeitando a necessidade estética de cada indivíduo (LANDGRAF13 et al. 2002). É fundamental conhecer a morfologia craniofacial e as proporções faciais para predizer as tendências de cres- cimento, buscando aproveitá-lo, redirecioná-lo ou restrin- gi-lo (MACHADO14 2002). A análise facial é indispensá- vel para o diagnóstico e planejamento ortodôntico e deve ser associada à cefalometria convencional e a outrosexa- mes complementares. Ela identifica as características po- sitivas e negativas do perfil mole do indivíduo, para a reali- zação da correção da maloclusão, visando a melhora do padrão facial (VEDOVELLO FILHO et al.26 2002). De acordo com Cabrera4 (2004), o diagnóstico do biotipo facial é determinado clinicamente pela análise facial, onde podem ser definidos três tipos distintos: mesofacial, braquifacial e dolicofacial. Os indivíduos mesofaciais pos- suem dimensões horizontais e verticais proporcionais; já nos indivíduos braquifaciais, a altura facial anterior é redu- zida e a face mais larga; nos indivíduos dolicofaciais, a altura facial é aumentada e a face mais estreita. A avalia- ção das características morfológicas das estruturas anatômicas faciais é indispensável como coadjuvante das interpretações das análises cefalométricas, visto que o va- lor numérico interpretado com rigor poderá comprometer o diagnóstico e o plano de tratamento. Indivíduos Padrão I apresentam equilíbrio facial e podem ser dólico, meso ou braquifacial. Nestes indivíduos, a maloclusão é restrita a área dento-alveolar, não ocorrendo envolvimento esquelético. Já os indivíduos Padrão II são portadores de maloclusões resultantes do degrau sagital aumentado en- tre maxila e mandíbula, isto é, podem ser provocadas por uma protrusão maxilar ou retrusão mandibular, ou ainda uma combinação de ambas. Com relação às maloclusões do Padrão III, estas se caracterizam por apresentar um degrau sagital maxilo-mandibular diminuído, de caráter esquelético, mas nem sempre apresentam uma relação mo- lar de Classe III. Estão incluídos neste grupo os portado- res de retrusão maxilar ou prognatismo mandibular. A cefalometria é um instrumento complementar de diagnóstico e um método que avalia o crescimento craniofacial e os resultados do tratamento (CAPELOZZA FILHO6 2004). Ao final da década de 1960, a análise facial teve maior valorização para o diagnóstico e plano de trata- mento. Atualmente, a maioria dos indivíduos que procu- ram tratamento ortodôntico deseja melhorar também a apa- rência facial. O conceito atual de estética facial aceita um perfil mais protrusivo (SANTOS et al.21 2005) Em 2006, Feres9 avaliou a concordância entre a análise facial subjetiva proposta por Capelozza Filho e a análise cefalométrica de tecidos moles de Arnett e McLaughlin. Foram utilizadas para a avaliação fotografias de frente e perfil e telerradiografias em norma lateral pa- dronizadas de 50 indivíduos. Primeiramente, os indivíduos da amostra foram classificados pela análise facial subjeti- va visual, de acordo com os padrões faciais propostos por Capelozza Filho, em: Padrão I, Padrão II e Padrão III. Posteriormente, foi feita a análise cefalométrica de teci- dos moles, que permitiu visualizar a relação ântero-poste- rior da maxila, lábios superiores e inferiores, mandíbula e do pogônio. Foi observado que houve concordância entre Análise Facial Subjetiva e Análise Cefalométrica de Teci- dos Moles para os Padrões I e II, porém não observou concordância para o Padrão III, o que pode ter sido atri- buído ao pequeno número de indivíduos deste padrão pre- sentes na amostra estudada. Afirmou que a análise facial é extremamente importante na Ortodontia, devendo ser associada à cefalometria e à análise de modelos. Reis et al.19 (2006) realizaram um estudo com uma mostra de 100 indivíduos (50 de cada gênero) leucodermas, com idade variando de 18 a 36 anos e foram obtidas foto- grafias faciais padronizadas do perfil facial. A banca sele- cionada para classificar esteticamente a amostra foi com- posta por 14 ortodontistas, 12 leigos e 6 artistas. Os resul- tados da análise facial subjetiva mostraram que 89% dos indivíduos foram classificados como esteticamente acei www.apcdscs.com.br Abril 20097 Análise Cefalométrica Com a introdução do cefalostato por Broadbent3 (1931), foi possível a padronização das telerradiografias em norma lateral da cabeça, permitindo a visualização da posição das bases ósseas e sua relação com os dentes. A partir da possibilidade de se obter uma imagem radiográfica padronizada, inúmeros pesquisadores elaboraram diversas análises cefalométricas, identificando pontos, linhas, planos e ângulos sobre o desenho das estruturas anatômicas da radiografia lateral da face. De acordo com Tweed24 (1944), o conceito de “normal” seria a existência de equilíbrio e harmonia entre as proporções faciais, para obtenção de uma face humana considerada agradável. Para se alcançar o equilíbrio e a harmonia facial, os incisivos inferiores deveriam estar bem posicionados no osso basal, ou seja, verticalizados em sua base óssea, pois percebeu que quanto mais protrusão dentária maior a pobreza em harmonia facial. Um método como recurso de diagnóstico para analisar o perfil mole, foi proposto por Holdaway11 (1956), que sugeriu uma linha tangente ao mento mole e à posição mais anterior do lábio superior, denominada “linha H”. Para o autor, as faces com bom perfil apresentavam ângulo de 7º à 9º com a linha NB e quando as relações das bases apicais, ou seja, ângulo ANB estivesse aproximadamente 2º. Peck e Peck17 (1970) realizaram um estudo com 52 jovens previamente escolhidos pela população por possuírem estética facial agradável. Foram avaliadas as telerradiografias laterais e as fotografias desses jovens. Empregaram as análises cefalométricas de Margolis, Downs e Steiner, e compararam os valores obtidos com os padrões que esses autores haviam determinado. As qualidades faciais como simetria, harmonia e proporção foram definidas e examinadas. Afirmaram que não existem números que possam expressar a complexidade da estética facial, e não há uma equação para caracterizar a beleza da face. Observaram que o público em geral admirou um padrão dentofacial mais protruso em comparação com os valores cefalométricos. O padrão facial dos brasileiros, leucodermas, com oclusão normal é mais importante do que os padrões ortodônticos das análises cefalométricas disponíveis. O equilíbrio do perfil facial não é necessariamente acompanhado por uma oclusão normal (TUKASAN et al.23 1996). Okuyama e Martins16 (1997) pesquisaram a preferência da estética facial de ortodontistas, leigos e artistas plásticos. Classificaram 180 perfis de jovens leucodermas, melanodermas e xantodermas em bom, regular ou deficiente. Os autores não observaram concordância significante dos avaliadores em relação à preferência do perfil facial tegumentar dos indivíduos avaliados, demonstrando que os critérios estéticos são subjetivos e meramente pessoais. Almeida1 (1998) descreveu as medidas e os valores cefalométricos utilizados por Tweed em 1952 e atualmente, para a elaboração do diagnóstico ortodôntico, dentre eles, FMA, que é uma grandeza cefalométrica indicativa de crescimento da parte inferior da face, em ambos os sentidos, com valores normais de 22º à 28º. Braga et al.2 (2004) salientaram a importância da associação da análise dos tecidos tegumentares com a análise dos tecidos duros, pois ambos são fundamentais para se chegar a um resultado satisfatório ao final do tratamento. Enfatizaram que os valores da cefalometria devem ser utilizados como guias, individualizando-se cada caso para se obter a harmonia facial e oclusal desejada. A cefalometria permite uma visão da posição espacial das estruturas dento-esqueléticas e tegumentares e revela alterações funcionais e estruturais quando comparadas aos padrões normativos pré-estabelecidos. Dentre as grandezas angulares, o Ângulo SN.Gn é formado pelas linhas S-N (base craniana) e S-Gn e expressa a rotação da mandíbula durante o crescimento, identificando a tendência vetorial e o tipo facial e possui um valor normativo de 67º com um desvio padrão de + ou – 3,5º (CABRERA e CABRERA5 2004). MATERIAL E MÉTODO Amostra A amostra foi constituída por 50 indivíduos no início do tratamento ortodôntico, com média de idade de 13 anos e 8 meses, sem levar em consideração o gênero, escolhidos aleatoriamente. Participaram deste estudo três avaliadores Especialistasem Ortodontia, que foram denominados como Avaliador A, Avaliador B e Avaliador C. Coleta de Dados Cada avaliador recebeu um formulário em folha de sulfite para avaliação, contendo cinco colunas. Na 1ª coluna, as iniciais dos nomes dos indivíduos; na 2ª coluna, a idade; táveis, 3% agradáveis e 8% desagradáveis. O selamento labial passivo deve ser considerado um objetivo a ser al- cançado durante o tratamento ortodôntico, pois o indivíduo que apresenta esse selamento tem mais de 90% de chance de ser reconhecido como esteticamente aceitável ou agra- dável, já que reduz a repercussão de discrepâncias dentárias ou esqueléticas na face. Em 2007, Nanda15 relatou que ao longo da história, a percepção estética varia entre os indivíduos, raças e cul- turas. Afirmou que a estética pode ser subjetiva e variável entre as diferentes etnias, mas que as pessoas atraentes possuem características específicas que podem ser defini- das e que devem ser consideradas para a obtenção do di- agnóstico, planejamento e elaboração de mecânicas para a correção dos problemas dentofaciais. revista ESPELHO CLÍNICO 8Abril 2009 RESULTADOS De acordo com a Tabela I, o avaliador A classificou com relação ao padrão facial, 6% dos indivíduos em braquifaciais, 46% em mesofaciais e 48% em dolicofaciais. Com relação ao perfil facial, classificou 68% em convexos, 30% em retos e 2% em côncavo; já para a harmonia facial, 84% das faces foram consideradas harmônicas e 16% desarmônicas. Tabela I: Classificação da amostra de acordo com a análise facial subjetiva – Avaliador A. PADRÃO FACIAL PERFIL FACIAL HARMONIA FACIAL Freq. % Freq. % Freq. % Braquifaciais 3 6 Convexos 34 68 Harmônicas 42 84 Mesofaciais 23 46 Retos 15 30 Desarmônicas 8 16 Dolicofaciais 24 48 Côncavo 1 2 De acordo com a Tabela II, o avaliador B classificou 12% dos indivíduos em braquifaciais, 46% em mesofaciais e 42% em dolicofaciais. Para este avaliador, 68% dos perfis eram convexos, 30% eram retos e 2% côncavos. Segundo sua avaliação, 64% das faces eram harmônicas e 36% desarmônicas. Tabela II: Classificação da amostra de acordo com a análise facial subjetiva – Avaliador B. Figura 1: Ângulo FMA Figura 2: Ângulo SN.Gn O Ângulo SN.Gn é formado pelas linhas Sela-Násio e Sela-Gnátio, define a resultante vetorial de crescimento mandibular no sentido ântero-posterior e indica a tendência de crescimento (horizontal, vertical ou equilibrado), como descrito por Ferreira (2002) (Figura 2). De acordo com Cabrera e Cabrera (2004), apresenta-se com norma de 67º e desvio-padrão de +/- 3,5º. O ângulo do perfil mole, H.NB, é formado pela linha H e linha NB, e sua norma é de 9º à 12º (Figura 3). Quando aumentado, indica perfil convexo, se coincidente com a norma, um perfil reto e se diminuído, um perfil côncavo. H-Nariz é a distância linear medida da linha H até a ponta do nariz (Figura 4). A norma é de 9 mm à 11 mm. Num perfil considerado agradável, essa linha passa pelo centro do nariz; quando essa distância estiver diminuída ou negativa em relação ao padrão, há uma convexidade facial e se estiver aumentada, indica uma concavidade. Figura 3: Ângulo H.NB Análise dos Dados Após o término das análises, os formulários foram recolhidos e os dados obtidos transferidos para planilhas eletrônicas do programa de computador Microsoft Office Excel 2003. Os dados foram tabulados e ordenados de maneira a facilitar a contagem. Os resultados encontrados nas duas análises (subjetiva e cefalométrica) foram comparados e elaborados gráficos para a visualização dos mesmos. Figura 4: Distância H- Nariz na 3ª coluna, o padrão facial com três alternativas (braqui, meso, dólico); na 4ª coluna, o perfil facial também com três alternativas (convexo, reto, côncavo) e na 5ª coluna, a harmonia facial, que poderia ser classificada como harmônica ou desarmônica. Os indivíduos estavam sentados na cadeira odontológica com a cabeça em posição natural. Os avaliadores executaram a análise facial subjetiva de cada indivíduo tanto no aspecto frontal como de perfil. Posteriormente, procedeu-se a anotação dos valores normativos de algumas grandezas cefalométricas com seus respectivos desvios-padrão, registrados na Análise Padrão USP, que foi escolhida para este estudo por ser uma das mais utilizadas pelos profissionais de Ortodontia no Brasil. As grandezas cefalométricas selecionadas dessa análise foram: FMA e SN.Gn (para avaliar tendência de crescimento e característica biotipológica facial), H.NB e H-Nariz (para a avaliação do perfil e harmonia facial). O Ângulo FMA é formado pelo Plano de Frankfurt e Plano Mandibular e evidencia a direção de crescimento facial (Figura 1). Quando aumentado, indica crescimento vertical; se diminuído, crescimento horizontal e, dentro da norma, crescimento equilibrado. Segundo Almeida1 (1998), os valores normais variam de 22º à 28º. www.apcdscs.com.br 9 Abril 2009 Quando se analisou a tendência de crescimento e o pa- drão facial com o FMA, foram encontrados 16% dos indivíduos com tendência de crescimento horizontal (braquifaciais); 40% com tendência de crescimento neutro (mesofaciais) e 44% com ten- dência de crescimento vertical (dolicofaciais). Já o ângulo SN.Gn Na harmonia facial, em 66% dos casos (33 indivíduos), os 3 avaliadores concordaram entre si. Em 34% dos casos (17 indivíduos) houve concordância de 2 de 3 avaliadores (Gráfico 3). Todos Concordaram 2 de 3 Concordam Harmonia Facial - Avaliadores Gráfico 3: Grau de concordância entre os avaliadores de acordo com a harmonia facial. Comparando-se o grau de concordância entre os avaliadores, constatou-se que em relação ao padrão facial, dos 50 indivíduos avaliados, ocorreu concordância dos 3 avaliadores em 52% dos casos (26 indivíduos) enquanto que em 2 de 3 avaliadores concordaram em 44% (22 indivíduos). Já em 4% dos casos (2 indivíduos), houve discordância entre os 3 avaliadores (Gráfico 1). Gráfico 1: Grau de concordância entre os avaliadores de acordo com o padrão facial. Padrão Facial - Avaliadores Todos Concordaram 2 de 3 Concordam Todos Discordaram De acordo com a Tabela III, o avaliador C, classificou 16% dos indivíduos em braquifaciais, 46% em mesofaciais e 38% em dolicofaciais. Este avaliador considerou 76% dos perfis convexos, 22% retos e 2% côncavo. Para ele, 86% das faces eram harmônicas e 14% desarmônicas. Tabela III: Classificação da amostra de acordo com a análise facial subjetiva – Avaliador C. PADRÃO FACIAL PERFIL FACIAL HARMONIA FACIAL Freq. % Freq. % Freq. % Braquifaciais 8 16 Convexos 38 76 Harmônicas 43 86 Mesofaciais 23 46 Retos 11 22 Desarmônicas 7 14 Dolicofaciais 21 42 Côncavo 1 2 Para o perfil facial, os 3 avaliadores concordaram entre si em 48% dos casos (29 indivíduos), enquanto que em 2 de 3 avaliadores concordaram em 52% (31 indivíduos). Não houve discordância entre todos os avaliadores (Gráfico 2). Perfil Facial - Avaliadores Todos Concordaram 2 de 3 Concordam Todos Discordaram Gráfico 2: Grau de concordância entre os avaliadores de acordo com o perfil facial. apontou 10% dos indivíduos com tendência de crescimento hori- zontal (braquifaciais), 46% com tendência de crescimento neutro (mesofaciais) e 44% com tendência de crescimento vertical (dolicofaciais) (Tabela IV). Tabela IV: Classificação da amostra de acordo com a aná- lise cefalométrica referente à tendência de crescimento. PADRÃO FACIAL PERFIL FACIAL HARMONIA FACIAL Freq. % Freq. % Freq. % Braquifaciais 6 12 Convexos 34 68 Harmônicas 32 64 Mesofaciais 23 46 Retos 15 30 Desarmônicas 18 36 Dolicofaciais 21 42 Côncavo 1 2 revista ESPELHO CLÍNICO 1 0Abril 2009 No padrão facial relacionado à medida SN.Gn, os 3 avaliadores e 2 de 3 avaliadores concordaram com a cefalometria em 54% dos casos (27 indivíduos) e discordaram da cefalometria em 46% dos casos (23 indivíduos) (Gráfico 5). Avaliando-se as grandezas FMA e SN.Gn, houve concordância de ambas em 68% dos casos (34 indivíduos) e discordância em 32% dos casos (16 indivíduos) (Gráfico 6). No perfil facial, relacionado ao H.NB,a opinião dos avaliadores concordou com a cefalometria em 74% dos casos (37 indivíduos); já em 26% dos casos (13 indivíduos), houve discordância dos avaliadores em relação à cefalometria (Gráfico 7). Análise Facial Subjetiva x Cefalometria (SN.Gn) Gráfico 5: Comparação entre a análise facial subjetiva e cefalométrica (SN.Gn) de acordo com o padrão facial. Concordância Discordância Gráfico 6: Comparação entre as grandezas FMA e SN.Gn de acordo com a tendência de crescimento facial. FMA x SN.Gn Concordância Discordância Concordância Discordância Análise Facial Subjetiva x Cefalometria (H.NB) Gráfico 7: Comparação entre a análise facial subjetiva e cefalometria (H.NB) referente ao perfil facial. Comparando-se a análise facial subjetiva com a cefalometria, foram observados os seguintes resultados: no padrão facial relacionado à medida FMA, os 3 avaliadores e 2 de 3 avaliadores concordaram com a cefalometria em 56% dos casos (28 indivíduos), enquanto que em 44% dos casos (22 indivíduos) os 3 avaliadores e 2 de 3 avaliadores concordaram entre si, mas discordaram da cefalometria (Gráfico 4). Concordância Discordância Análise Facial Subjetiva x Cefalometria (FMA) Gráfico 4: Comparação entre a análise facial subjetiva e cefalométrica (FMA) de acordo com o padrão facial. Perfil Facial - H.NB Harmonia Facial - H-Nariz Freq. % Freq. % Convexos 33 66 Harmônicas 4 8 Retos 11 22 Desarmônicas 46 92 Côncavos 7 14 Com relação ao perfil facial verificado em H.NB, constatou-se 66% dos perfis convexos, 20% retos e 14% côncavos. Na classi- ficação da harmonia facial, de acordo com H - Nariz, foram encon- tradas 8% de faces harmônicas e 92% desarmônicas (Tabela V). Tabela V: Classificação da amostra de acordo com a análise cefalométrica referente ao perfil facial e harmonia. Tendência de Crescimento - FMA Tendência de Crescimento – SN.Gn Freq. % Freq. % Horizontal 8 16 Horizontal 5 10 Neutro 20 40 Neutro 23 46 Vertical 22 44 Vertical 22 44 www.apcdscs.com.br 1 1 Abril 2009 DISCUSSÃO A análise da morfologia facial vem se tornando um recurso de diagnóstico indispensável como coadjuvante das interpretações das análises cefalométricas, como afirmaram Cabrera4 (2004), Landgraf13 et al. 2002, Machado14 2002, Rakosi et al.18 1999, Suguino et al.22 (1996), Vedovello et al.25 (2001), Vedovello Filho et al.26 2002 . Este fato está de acordo com os resultados do presente estudo, visto que ocorreram diferenças referentes ao padrão facial e principalmente à harmonia, entre os dados da análise facial subjetiva e da análise cefalométrica. Portanto, o uso de apenas uma análise não é o suficiente, pois poderá comprometer o diagnóstico e conseqüentemente, o plano de tratamento. Assim, o presente estudo constatou por meio de seus resultados e em observação aos dados presentes na literatura, que é imprescindível para a obtenção de um diagnóstico preciso e elaboração de um planejamento adequado, a realização dos vários métodos disponíveis. Esses métodos compreendem as análises: facial, cefalométrica, de modelos, radiográficas e fotográficas. Tais exames se complementam e fornecem conjuntamente dados para a obtenção de resultados satisfatórios no final do tratamento, como também afirmaram Suguino et al.22 (1996), Celnik7 (2000), Landgraf et al.13 (2002), Vedovello Filho et al.26 (2002), Feres9 (2006), Nanda15 (2007). O objetivo do tratamento ortodôntico é a restituição da oclusão normal juntamente com o restabelecimento da estética facial, e a avaliação do tipo facial de cada indivíduo é importante, como ressaltou Wuerpel em 1937. Esses conceitos se aplicam até os dias atuais, conforme relatados também por Celnik7 (2000), Vedovello et al.25 (2001), Santos et al.21 (2005). Nos dias atuais, de acordo com Okuyama e Martins16 (1997) e Santos et al.21 (2005), lábios mais volumosos e um perfil mais protrusivo são aceitos como estética facial e preferência de beleza. Para Ricketts20 (1982) e Jefferson12 (1996), a harmonia, equilíbrio e beleza facial, estão diretamente relacionados à proporção divina. Tukasan, Rino e Takahashi23 (1996) concordaram com os conceitos de Tweed24 (1944), de que deveria existir um bom posicionamento dos incisivos inferiores para a obtenção do equilíbrio facial. Para a realização do presente estudo, o exame clínico da face foi feito com o indivíduo em posição natural da cabeça, isto é, olhando para frente em direção ao horizonte, com os lábios relaxados, conforme sugeriram os autores Suguino et al.22 (1996) e Vedovello Filho et al.26 (2002). A análise facial deve ser realizada em norma frontal e lateral, como foi feita neste estudo e descritos por Suguino et al.22 (1996), Rakosi et al.18 (1999), Landgraf et al.13 (2002), Reis et al.19 (2006) e Nanda15 (2007). É necessário determinar o tipo facial do indivíduo como complemento diagnóstico e identificar os padrões faciais, que podem ser mesofacial, braquifacial e dolicofacial, e também os diferentes perfis, classificando-os como retos, convexos ou côncavos, como foi realizado no presente estudo e descrito também por Rakosi et al.18 (1999), Ferreira10 (2002), Cabrera4 (2004) e Capelozza Filho6 (2004). Já para Capelozza Filho6 (2004), Reis et al.19 (2006) e Feres9 (2006), a classificação dos indivíduos segundo a análise morfológica da face pode ser: Padrão I, Padrão II, Padrão III e padrões face longa e face curta, onde a discrepância é vertical. Na avaliação do padrão facial e do perfil, os resultados deste estudo mostraram que os avaliadores, na maioria das vezes, tiveram a mesma percepção. Houve concordância entre eles em 96% dos casos referentes ao padrão facial e 100% em relação ao perfil. Este fato pode ser atribuído à formação dos mesmos e experiência profissional. Enquanto que na avaliação da harmonia facial, as opiniões divergiram entre os avaliadores. Isto mostra que a avaliação da estética facial é subjetiva e meramente pessoal, pois existem opiniões diferentes. É importante levar em consideração para o exame clínico da face, alguns fatores como a raça, o gênero, a idade, a cultura e os aspectos sociais, o que está de acordo com Okuyama e Martins16 (1997) e Nanda15 (2007). Este estudo mostrou que as grandezas cefalométricas escolhidas, FMA e SN.Gn, apresentaram entre si, diferença de 32% na comparação da tendência de crescimento facial. Essa alteração pode ser atribuída às diferentes referências utilizas em cada medida. Visando verificar se existe concordância entre a análise facial subjetiva e a análise cefalométrica, houve discordância referente ao padrão facial relacionado tanto para a medida FMA como para SN.Gn. Estes resultados demonstram que existem variações entre o tecido tegumentar e ósseo. Consequentemente, as medidas dos tecidos duros podem desviar-se consideravelmente da forma facial que os indivíduos expressam através dos tecidos moles, como afirmam Braga et al.2 (2004), sendo importante a avaliação do tecido mole da face, de acordo com os estudos de Downs8 (1956), pois o mesmo pode produzir efeitos na estética e oclusão. A harmonia facial relacionada ao H-Nariz mostrou concordância dos avaliadores com a cefalometria em 20% dos casos (10 indivíduos) e em 80% dos casos (40 indivíduos) os avaliadores discordaram da cefalometria (Gráfico 8). Análise Facial Subjetiva x Cefalometria (H.Nariz) Gráfico 8: Comparação entre a análise facial subjetiva e cefalometria (H-Nariz) referente à harmonia facial. Concordância Discordância revista ESPELHO CLÍNICO Abril 2009 12 REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS 1. ALMEIDA, R.C. O diagnóstico de Tweed não se resume a um triângulo. Rev. Paul. de Odontol., ano 20, n.4, jul./ago., 1998. 2. BRAGA, C.P.; HOFFELDER, L.B.; LIMA, E.M.; MENEZES, L.M. Importância da análise dos tecidos moles no planejamento ortodôntico. J. Bras. Ortodon. Ortop. Facial, v.9, n.49, p.59-64, jan./fev., 2004. 3. BROADBENT, B.H. A new X-ray technique and its application to orthodontia. Angle Orthod., v.1, n.2, p.45-66, apr., 1931. 4. CABRERA, C.A.G. Biotipos Faciais – Características Morfodiferenciais. In:CABRERA, C.A.G.; CABRERA, M.C. Ortodontia Clínica. 2.ed. Curitiba: Ed. Produções Interativas, 2004, p.73-94. 712p. 5. CABRERA, C.A.G.; CABRERA, M.C. Cefalometria. In: Ortodontia Clínica. 2.ed. Curitiba: Ed. 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On facial balance and harmony. Angle Orthod., v.7, n.2, p.81-89, 1937. Entretanto, em 2006, Feres9 realizou um estudo para verificar a concordância entre a análise facial subjetiva proposta por Capelozza Filho e a análise cefalométrica de tecidos moles de Arnett e McLaughlin, constatando que ocorreu concordância das duas análises para os Padrões I e II, já para o Padrão III, foi estatisticamente fraca. Ao se avaliar o perfil facial, comparando-se a análise subjetiva e a cefalometria, ocorreu concordância entre ambas em 74% dos casos. Isto pode estar relacionado ao fato da grandeza H.NB ser o ângulo que avalia o perfil mole, como foi relatado por Ferreira10 (2002). Para Wuerpel27 (1937), Peck e Peck17 (1970), Landgraf et al.13 (2002), Braga et al.2 (2004), Cabrera4 (2004), as faces não deveriam ser tratadas de acordo com uma norma fixa, pois não existem números para expressar a estética facial, mas sim respeitar as características existentes para obtenção de harmonia e equilíbrio entre as diferentes formas faciais. Neste estudo, a análise subjetiva da harmonia facial e avaliação cefalométrica mostraram discordância, o que seria um indicativo de que somente o H-Nariz não poderia ser aplicável para a avaliação da harmonia do perfil. CONCLUSÕES Os resultados encontrados neste estudo mostraram que: · Os avaliadores apresentaram percepções semelhantes com relação ao padrão facial e perfil. Porém, houve diferentes opiniões referentes à harmonia facial. · Na maioria dos casos, não houve concordância entre os dados obtidos da análise facial subjetiva e da análise cefalométrica com relação ao padrão facial e principalmente à harmonia facial; já para o perfil, verificou-se concordância entre as duas análises. View publication statsView publication stats https://www.researchgate.net/publication/282648143
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