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ICEC – Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura 
Aluno: Daniel Lopes da Silva Turma: 4° Semestre Matutino RA: 02400003012 
Disciplina: Hermenêutica 
Professor: Geraldo 
 
 
 
 
 
 
 
APS – ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA 
 
 
 
TEMA: 
MÉTODOS INTERPRETATIVOS DA HERMENÊUTICA 
JURÍDICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
 
A hermenêutica é a ciência que vela sobre variado meios interpretativos de 
determinada área. No berço da mitologia grega, surgir os deuses, entre eles o 
Hermes, responsável pela transmissão das mensagens. Era um deus grego da 
riqueza, do sono da magia, das viagens e consequentemente da linguagem, 
dentre outras atribuídos a ele. Portanto o termo "hermenêutica" provém do verbo 
grego "hermēneuein" e significa "declarar", "anunciar", "interpretar", "esclarecer" 
e, por último, "traduzir". Significa que alguma coisa é "tornada compreensível" 
ou "levada à compreensão". Nesse contexto, existem diversas formas de 
interpretação da hermenêutica na modernidade. Na esfera jurídica, quando 
jurista começa seu trabalho matinal, a primeira pergunta que ele faz ao abrir o 
código é: o que quer dizer a lei? Qual o sentido? O que ela exige, obriga, impõe? 
No campo jurídico além da imprecisão inerente à linguagem, os sentidos dos 
termos utilizados na lei adquirem uma conotação técnico-científica que muitas 
vezes se confunde e confronta com o seu uso vulgar, embaraçando ainda mais 
a investigação de seu conteúdo semântico. Dessa forma realiza-se uma 
separação entre o texto da norma e o conteúdo normativo, uma vez que a lei 
pensada abstratamente como um ente jurídico ideal pode não encontrar uma 
manifestação linguística precisa e adequada para revelar seus mandamentos, 
valores e fins. No decorrer do trabalho pautarei sobre alguns doutrinadores 
hermeneutas jurídicos e sobre os principais métodos interpretativos da norma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALGUNS DOUTRINADORES DA HERMENÊUTICA JURÍDICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: https://jus.com.br/tudo/hans-kelsen 
 
HANS KELSEN 1881 – 1973 
 
Breve relato sobre Hans Kelsen 
 
Foi um jurista e filósofo austríaco (nasceu em Praga, que nesta época pertencia 
ao Império Austro-Húngaro), considerado um dos mais importantes e influentes 
estudiosos do Direito. 
Por volta de 1940, a reputação de Kelsen já estava bem estabelecida 
nos Estados Unidos, por sua defesa da democracia e pela Teoria Pura do 
Direito (Reine Rechtslehre). A estatura acadêmica de Kelsen excedeu a teoria 
legal e alargou a filosofia política e teoria social. Sua influência abrange os 
campos da Filosofia, o Direito, a Sociologia, a Teoria da Democracia e Relações 
Internacionais. 
No final de sua carreira, enquanto na Universidade da Califórnia, em Berkeley, 
Kelsen reescreveu a Teoria Pura do Direito em uma segunda versão. Ao longo 
de sua carreira ativa, Kelsen também forneceu uma contribuição significativa 
para a teoria do controle de constitucionalidade, a teoria hierárquica e dinâmica 
do direito positivo, e da ciência do direito. Em filosofia política, ele era um 
defensor da teoria da identidade do Estado de direito e um defensor do contraste 
explícito dos temas de centralização e descentralização na teoria do governo. 
Kelsen também foi um defensor da posição da separação dos conceitos de 
Estado e da sociedade em sua relação com o estudo da ciência do direito. 
A recepção e crítica do trabalho e as contribuições de Kelsen foram extensas, 
com notáveis defensores e detratores. Suas contribuições para a teoria legal dos 
julgamentos de Nuremberg foi apoiada e contestada por vários autores, incluindo 
Dinstein, na Universidade Hebraica de Jerusalém. Também de Kelsen, a defesa 
do positivismo jurídico continental (de cunho neokantista) foi apoiada por H. L. 
A. Hart na sua forma de positivismo jurídico anglo-americano, que foi debatido 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jurista
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fil%C3%B3sofo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito
https://pt.wikipedia.org/wiki/1940
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_Pura_do_Direito
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_Pura_do_Direito
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_pol%C3%ADtica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rela%C3%A7%C3%B5es_Internacionais
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rela%C3%A7%C3%B5es_Internacionais
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_da_Calif%C3%B3rnia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Berkeley
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Hebraica_de_Jerusal%C3%A9m
https://pt.wikipedia.org/wiki/Neokantismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/H._L._A._Hart
https://pt.wikipedia.org/wiki/H._L._A._Hart
 
na sua forma anglo-americana por estudiosos como Ronald Dworkin e Jeremy 
Waldron. 
 
HANS KELSEN E A HERMENÊUTICA JURÍDICA 
 
Kelsen (1999), ao lançar a sua teoria pura do direito, foi alvo de não poucas 
críticas, as quais, também não raro, acabavam por contradizerem-se. 
Como ele mesmo reconheceu, por vezes sua teoria era tachada de fascista, ao 
passo que os fascistas a viam como liberal-democrata; por sua vez, os 
comunistas a viam como ideologia de um Estado capitalista, ao mesmo tempo 
em que os nacionais-capitalistas a desqualificavam. Se no campo político a 
celeuma não se resolvia, melhor sorte não lhe restou entre os religiosos. A teoria 
Pura era, para alguns, ligada à escolástica católica e, para outros, uma teoria 
protestante do Estado e do Direito, havendo também quem a visse como 
marcada por um ideário ateísta (KELSEN, 1999, p. XIII). Kelsen (1999) explica 
essa crítica multifacetada, que não escapa a qualquer orientação política ou 
religiosa, exatamente em razão do seu grau de pureza. 
Partindo da delimitação do objeto da ciência jurídica, Kelsen estabelece a 
distinção entre norma e proposição normativa. 
A norma jurídica seria um imperativo posto pela autoridade competente, um 
comando por ela estabelecido, uma permissão, ou ainda uma atribuição de 
competência. Ainda que se tenha em mente que tais imperativos sejam 
expressos por meio de fórmulas lingüísticas, certo é que não se trata de um mero 
enunciado, uma mera proposição, mas de um comando, de um ato produtor do 
Direito, seja ele um ato posto pelo legislador, pela Administração Pública, seja 
pelo juiz (a diferença aqui não é de ordem qualitativa, pois sempre estamos em 
um processo de determinação do Direito. 
Por sua vez, a proposição jurídica é um enunciado formulado pela Ciência do 
Direito visando à descrição do seu objeto. Portanto, trata-se de uma distinção 
qualitativa (prescrição/descrição), em que a norma jurídica é um ato da 
autoridade que produz o Direito e a proposição jurídica, um juízo hipotético da 
ciência jurídica que descreve o sistema posto, tal como fica claro no excerto 
seguinte (KELSEN, 1999, p. 81): 
 
“Na distinção entre proposição jurídica e norma 
jurídica, ganha expressão a distinção que existe 
entre a função do conhecimento jurídico e a 
função, completamente distinta daquela, de 
autoridade jurídica, que é representada pelos 
órgãos da comunidade jurídica. A ciência 
jurídica tem por missão conhecer – de fora, por 
assim dizer – o Direito e descrevê-lo com base 
no seu conhecimento. Os órgãos jurídicos têm – 
como autoridade jurídica – antes de tudo por 
missão produzir o Direito para que ele possa 
então ser conhecido e descrito pela ciência 
jurídica”. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ronald_Dworkin
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Jeremy_Waldron&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Jeremy_Waldron&action=edit&redlink=1
 
Exatamente por isso, o cientista do Direito não pode, despindo-se da necessária 
neutralidade, estabelecer proposições alicerçadas em juízos de valor que 
extrapolem a sua função meramente descritiva do sistema de normas. 
Assim, Kelsen, em seu ideal de pureza científica, buscauma objetividade na 
Ciência do Direito, somente alcançada pela distinção entre as noções de ser e 
dever ser. Ao cientista não cabe externar juízos do segundo tipo, cabendo 
apenas dizer o que o Direito é. Em última análise, reconhece que a ele cabe tão-
somente compreender o Direito de forma ascética, contemplativa, sem introjetar-
se em seu objeto de estudo. A questão que fica é: como fazer isso? Como 
poderia o intérprete anular as suas pré - compreensões que a tradição lhe 
deixou? Como poderia ele saltar da história para ver a história? Da mesma 
forma, quando o aplicador do Direito estabelece uma nova norma, ele o faz 
autorizado e balizado por outra, de escalão superior (o legislador, por exemplo, 
produz a lei, autorizado e, de certa forma, conformado pela Constituição), 
concretizando um ato de vontade manifestado na sua opção de eleição de uma 
entre as várias possibilidades que a moldura normativa lhe autoriza. Assim, o ato 
de aplicação do Direito seria um ato de vontade, precedido de um ato de puro 
conhecimento, consistente na identificação daquele rol de possibilidades já 
antecipadamente presentes na norma autorizadora. 
 
 
 
Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/ministro/verMinistro.asp?periodo=stf&id=230 
 
CARLOS MAXIMILIANO 1873 - 1960 
 
Breve relato sobre Carlos Maximiliano 
 
Filho de Acelino do Carmo Pereira dos Santos e D. Rita de Cassia Pereira dos 
Santos, nasceu em 24 de abril de 1873, em São Jerônimo, província do Rio 
Grande do Sul. 
Fez o curso de Humanidades em Porto Alegre e formou-se em Ciências Jurídicas 
e Sociais na Escola de Direito de Belo Horizonte, recebendo o grau de Bacharel 
em março de 1898. 
 
Depois de formado, advogou em várias comarcas do Rio Grande do Sul e 
perante o Supremo Tribunal durante trinta e seis anos. 
Ingressou na política sendo eleito Deputado ao Congresso Nacional nas 
legislaturas de 1911-1914 e 1919-1923, pelo Estado do Rio Grande do Sul. 
Convidado pelo Dr. Wenceslau Braz Pereira Gomes para auxiliar do seu governo 
presidencial, iniciado em 15 de novembro de 1914, aceitou a pasta da Justiça e 
Negócios Interiores sendo nomeado na referida data. 
Grande auxiliar do governo em época bem agitada, em vista da guerra mundial, 
Carlos Maximiliano, nos quatro anos de sua gestão, deixou bem evidenciada a 
ação que exerceu, conforme se verifica dos três relatórios que apresentou ao 
Chefe do Governo, e dos decretos que referendou constantes da Coleção de 
Leis. 
Dotado de grande cultura e brilhante inteligência, organizou vários serviços, 
dentre eles o alistamento e processo eleitoral, o ensino secundário e superior da 
República. 
Carlos Maximiliano foi o ministro que referendou o Código Civil Brasileiro e a 
Consolidação das disposições legais e regulamentares concernentes aos 
territórios das freguesias urbanas e suburbanas do Distrito Federal, que 
formaram as circunscrições judiciárias das pretorias. 
 Ocupou interinamente a pasta da Agricultura, Indústria e Comércio, no período 
de 19 de janeiro a 5 de outubro de 1917. 
Em 1932, foi nomeado Consultor-Geral da República, por decreto de 4 de 
novembro e, em seguida, por decreto de 14 do mesmo mês, também Consultor 
Jurídico do Ministério da Justiça e Negócios Interiores. 
Passou depois para o alto cargo de Procurador-Geral da República, em decreto 
de 2 de agosto de 1934, exercendo-o até 3 de maio de 1936. 
Convidado pelo Dr. Getúlio Vargas aceitou o cargo de Ministro da Corte 
Suprema, sendo nomeado em decreto de 22 de abril de 1936, preenchendo a 
vaga proveniente do falecimento de Arthur Ribeiro de Oliveira; tomou posse no 
dia 4 de maio seguinte. 
Escritor de elevado mérito, publicou as notáveis obras repletas de 
ensinamentos: Comentários à Constituição Brasileira de 1891 (3v., 
1918), Hermenêutica e Aplicação do Direito (1925), Direito das 
Sucessões (3v.,1937) e Condomínio: terras, apartamentos e andares perante o 
Direito (1944). 
Carlos Maximiliano foi uma das mais eloqüentes afirmações da cultura jurídica e 
uma figura de invulgar projeção da intelectualidade brasileira. 
A notável obra Comentários à Constituição Brasileira retrata com fidelidade sua 
brilhante cultura e legitima plenamente o excepcional conceito que desfrutou nos 
meios científicos. 
Aposentado em 13 de junho de 1941, compareceu à Corte para despedir-se, em 
18 seguinte, sendo saudado pelo Ministro Eduardo Espínola, Presidente, e pelo 
Ministro Laudo de Camargo; pelo Juiz Dr. Ribas Carneiro e pelo Dr. Miranda 
Jordão, Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros. 
 Depois de aposentado, retornou ao exercício de atividades advocatícias. 
 Faleceu em 2 de janeiro de 1960, na cidade do Rio de Janeiro, sendo registrado 
o fato na sessão do Tribunal de 4 seguinte, quando o Presidente, Ministro 
Lafayette de Andrada, comunicou haver comparecido ao enterro, manifestando-
 
se, a seguir, o Ministro Luiz Gallotti, pela Corte; o Dr. Carlos Medeiros Silva, pela 
Procuradoria-Geral da República; e o Dr. Justo de Moraes, pelos advogados, 
sendo aprovado voto de profundo pesar e comunicado à família. 
Foi homenageado pelo Supremo Tribunal Federal, no centenário de nascimento, 
em sessão de 2 de março de 1973, quando falou pela Corte o Ministro Oswaldo 
Trigueiro; pela Procuradoria-Geral da República, o Prof. José Carlos Moreira 
Alves e, pela Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Distrito Federal, e 
Instituto dos Advogados do Distrito Federal, o Prof. Roberto Rosas. 
 
 
CARLOS MAXIMILIANO E A HERMENÊUTICA JURÍDICA 
 
O autor assinala que a razão de existir dessa ciência decorre do fato de as leis 
positivas serem formuladas em termos gerais, ou seja, por meio de regras ou 
princípios que não descem a minúcias, o que exige o atuar do hermeneuta para 
estabelecer a relação entre o texto abstrato e o caso concreto, entre a norma 
jurídica e o fato social, interpretando e aplicando o Direito de forma escorreita, 
tendo em mira o ideal de justiça. 
Por outro lado, é diferente o conceito de Interpretação do Direito, pois, segundo 
Maximiliano, consiste na tarefa de descobrir e fixar o sentido verdadeiro da regra 
positiva, isto é, determinar o sentido e o alcance das expressões de um texto 
normativo. Trata-se de uma arte que possui suas técnicas, seus meios próprios 
para alcançar os fins colimados, os quais são sistematizados e desenvolvidos 
pela Hermenêutica. 
Por sua vez, conforme lições do autor, explicitadas no capítulo II, a Aplicação do 
Direito diz respeito ao enquadramento de um caso concreto em uma norma 
jurídica adequada (Maximiliano, 2011, p. 1). Consiste na subsunção de um fato 
determinado a uma prescrição legal. Esclarece que a aplicação do Direito 
pressupõe: 
 
a) A Crítica, a fim de apurar a autenticidade e, 
em seguida, a constitucionalidade da lei, 
regulamento ou ato jurídico; 
b) A Interpretação, a fim de descobrir o sentido 
e o alcance do texto; 
 c) o suprimento das lacunas, com o auxílio da 
analogia e dos princípios gerais do Direito; 
d) o exame das questões possíveis sobre a ab-
rogação, ou simples derrogação de preceitos, 
bem como acerca da autoridade das 
disposições expressas, relativamente ao espaço 
e ao tempo”(MAXIMILIANO, 2011, p. 7). 
 
Portanto, de acordo com o renomado autor, a Aplicação do Direito não prescinde 
da Hermenêutica, sendo esta um meio para se alcançar aquela, vista como a 
adaptação ou o enquadramento de um preceito a um caso real. Concebe a 
Aplicação do Direito, por conseguinte, como aquela atividade prática exercida 
pelo juiz após a definição da regra adequada à hipótese, servindo de ponte entre 
 
a doutrina e a prática, entre a ciência e a realidade. Nesse mesmo sentido 
Maximiliano destaca que que o exegeta busque sempre tentar harmonizar os 
textos, garantindo a coerência do ordenamento jurídico (Maximiliano, 2011, p. 
111). Ainda indica alguns preceitos diretivos formulados pela doutrina para 
auxiliar na tarefa de transpor aparentes antinomias: 
 
a) Tome como ponto de partida o fato de não ser 
lícito aplicar uma norma jurídica senãoà ordem 
de coisas para a qual foi feita. Se existe 
antinomia entre a regra geral e a peculiar, 
específica, esta, no caso particular, tem a 
supremacia. Preferemse as disposições que se 
relacionam mais direta e especialmente com o 
assunto de que se trata. 
b) Verifique se os dois trechos se não referem a 
hipóteses diferentes, espécies diversas. Cessa, 
nesse caso, o conflito; porque tem cada um a 
sua esfera de ação especial, distinta, cujos 
limites o aplicador arguto fixará precisamente. 
c) Apure o intérprete se é possível considerar 
um texto como afirmador de princípio, regra 
geral; o outro, como dispositivo de exceção; o 
que estritamente não cabe neste, deixa-se para 
a esfera do domínio daquele. 
d) Procure-se encarar as duas expressões de 
Direito como parte de um só todo, destinadas a 
completarem-se mutuamente; de sorte que a 
generalidade aparente de uma seja restringida e 
precisada pela outra. 
 e) Se uma disposição é secundária ou 
acessória e incompatível com a principal, 
prevalece a última. 
 f) Prefere-se o trecho mais claro, lógico, 
verossímil, de maior utilidade prática e mais em 
harmonia com a lei em conjunto, os usos, o 
sistema do Direito vigente e as condições 
normais de coexistência humana. Sem embargo 
da diferença de data, origem e escopo, deve a 
legislação de um Estado ser considerada como 
um todo orgânico, exequível, útil, ligado por uma 
correlação natural. 
g) Prevalece, nos casos de antinomia evidente, 
a Constituição Federal sobre a Estadual, e esta 
contra o Estatuto orgânico do município; a lei 
básica sobre a ânua e a ordinária, ambas, por 
sua vez, superiores a regulamentos, instruções 
e avisos; o Direito escrito sobre o 
consuetudinário. 
 
h) Se nenhum dos sete princípios expostos 
resolver a incompatibilidade, e são os dois 
textos da mesma data e procedência, da 
antinomia resulta a eliminação recíproca de 
ambos: nenhum deles se aplica ao objeto a que 
se referem. Se têm um e outro igual autoridade, 
porém não surgiram ao mesmo tempo, cumpre 
verificar, de acordo com as regras expostas, se 
não se trata de um caso de ab-rogação tácita de 
expressões de Direito (MAXIMILIANO, 2011, p. 
111). 
 
Seguindo no propósito de descortinar e bem delinear as bases da hermenêutica 
jurídica, Maximiliano não deixa de se debruçar especificamente sobre as 
seguintes fontes do Direito: equidade, jurisprudência, costume, ciência jurídica 
(doutrina), analogia e princípios gerais do Direito. Enfoca, a partir do capítulo 
XXXII, o papel e a importância de cada uma dentro da ciência hermenêutica, 
sobretudo no que toca a garantir a completude do ordenamento jurídico mediante 
a integração de lacunas. 
 
 
 
Fonte: https://jus.com.br/artigos/67252/a-hermeneutica-de-gadamer-e-sua-contribuicao-para-o-direito 
 
HANS – GEORG GADAMER 1900 – 2002 
 
Breve relato sobre Hans-Georg Gadamer 
 
Foi um filósofo alemão considerado como um dos maiores expoentes 
da hermenêutica (interpretação de textos escritos, formas verbais e não verbais). 
Sua obra de maior impacto foi Verdade e Método (Wahrheit und Methode), 
de 1960, onde elabora uma filosofia propriamente hermenêutica, que trata da 
natureza do fenômeno da compreensão. 
É considerado um dos mais importantes pensadores do século XX, tendo tido 
um enorme impacto em diversas áreas, da estética ao direito, e tendo adquirido 
respeito e reputação na Alemanha e em outros lugares da Europa que foi muito 
além dos limites costumeiros da academia. Os muitos ensaios, palestras e 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fil%C3%B3sofo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hermen%C3%AAutica
https://de.wikipedia.org/wiki/Wahrheit_und_Methode
https://pt.wikipedia.org/wiki/1960
 
entrevistas de Gadamer sobre ética, arte, poesia, ciência, medicina e amizade, 
bem como referências ao seu trabalho por pensadores nesses campos, atestam 
a onipresença e relevância prática do pensamento hermenêutico hoje. 
 
HANS – GEORG GADAMER E A HERMENÊUTICA JURÍDICA 
 
Em “Verdade e Método”, Gadamer, acompanhando os ensinamentos de seu 
mestre Heidegger, que definia a compreensão como forma de definição do “ser” 
(o chamado “giro hermenêutico”), vai expor uma teoria a respeito da natureza 
ontológica da experiência humana identificando-a com a compreensão, 
“comprender e interpretar textos no es sólo una instancia científica, sino que 
pertenece con toda evidencia a la experiencia humana del mundo” . Ainda mais, 
Gadamer irá além desses ensinamentos e afirmará a pertência do intérprete à 
compreensão histórica. No compreender histórico, há uma autorevelação do 
próprio existir no mundo e um “como” revelar-se à própria identidade temporal e 
finita. O existir é um compreender e um interpretar. 
Com Gadamer, a hermenêutica se transformará de simples técnica de 
compreensão das ciências do espírito (segundo Dilthey) em uma ontologia do 
intérprete e de seus condicionamentos existenciais. A compreensão, a 
interpretação e a aplicação, que eram três momentos diferentes segundo a 
antiga hermenêutica, sob a teoria de Gadamer adquiriram caráter indivisível. 
O novo conceito do compreender repercutirá na dinâmica do conhecimento 
sujeito-objeto, entendidos até então como pólos opostos. O dualismo sujeito-
objeto transformar-se-á em uma nova fenomenologia do “estar ali”, 
concentrando-se numa só referência histórica. Nesse sentido, Gadamer rejeita 
a pretensão de “se colocar no lugar de outro” para compreender algo, pois o 
existir está sempre mediatizado pelo tempo e pelos condicionamentos próprios 
de cada um. Eu só posso compreender desde meu tempo e desde minha 
condição singular. Se eu estivesse no lugar do outro, já não seria minha 
compreensão enquanto acontecer histórico distinto. 
A verdade de um texto não estará na submissão incondicionada à opinião do 
autor nem só nos preconceitos do intérprete, senão na fusão dos horizontes de 
ambos, partindo do ponto atual da história do intérprete que se dirige ao passado 
em que o autor se expressou. O intérprete não realiza apenas uma atividade 
“reprodutiva” do texto, senão que o atualiza de acordo às circunstâncias do 
momento, por isso fala-se do seu labor “produtivo”. A importância da teoria 
hermenêutica de Gadamer é ter demonstrado que toda interpretação é a 
compreensão atual do passado. 
O problema que surge é determinar se é possível falar de uma verdadeira 
compreensão. Isto é, se a compreensão tem uma natureza ontológica e depende 
essencialmente da participação do intérprete, cuja tradição faz parte da 
interpretação do texto, questiona-se como é possível um dever ser da verdade 
da hermenêutica. 
A função normativa do Direito segundo Gadamer é regular os comportamentos 
dos cidadãos e das instituições da vida social, sendo indispensável a 
compreensão interpretativa da norma, “interpretar normas es regular 
comportamentos”. 
 
Mas a compreensão do Direito só será possível por meio da aplicação da norma 
a uma situação jurídica concreta, “comprender es, entonces, un caso especial 
de la aplicación de algo general a una situación concreta y determinada”. Isso 
devido a que as situações que acontecem na vida social e que requerem a sua 
regulamentação pelo Direito são muitas e diferentes; assim, cada nova situação 
irá requerer uma nova aplicação da norma, pois a sua generalidade e sua 
historicidade impedem uma aplicação imediata. No Direito, não existe um 
processo interpretativo independente da aplicação da norma, já que só nesse 
momento é possível compreender todo o seu sentido, é ali que se fundamenta 
sua validade. Compreensão, interpretação e aplicação não são três momentos 
autônomos, mas interdependentes. A autonomia interpretativa só existiria se se 
entendesse a aplicação jurídica como uma simples subsunção da norma ao caso 
concreto, afastada da sua historicidade. 
 
PRINCIPAIS MÉTODOS INTERPRETATIVOS DA NORMA 
 
INTERPRETAÇÃO LITERAL OU GRAMATICAL 
 
A interpretação literal não excede em muita essa atividade preliminar. Limita-se 
a fixar o sentidodo texto legal, inquinado de obscuridade, mediante a indagação 
do significado literal das palavras, tomadas não só isoladamente, mas em sua 
recíproca conexão. Atende à forma exterior do texto; preocupa-se com as 
acepções várias dos vocábulos; graças ao manejo relativamente perfeito e ao 
conhecimento integral das leis e usos da linguagem, procura descobrir qual deve 
ou pode ser o sentido de uma frase, dispositivo ou norma. 
 
INTERPRETAÇÃO LÓGICA 
 
Segndo Mario Pimentel Albuquerque: 
“O método lógico constitui a expressão mais pura e acabada do raciocínio 
analítico que, como vimos, infere de premissas necessárias uma conclusão 
igualmente necessária. Postula, da mesma maneira, a plenitude jurídica da lei e 
crê que o núcleo verbal desta é suficientemente elástico para comportar todas 
as situações de fato ocorrentes na prática, com a só utilização, rígida e fria, do 
silogismo judicial. Erige em premissa maior deste a lei, geral e abstrata; como 
premissa menor, descreve o fato, despido de suas peculiaridades concretas, 
após o que sobrevém a decisão, expressão fria do Direito more geométrico, de 
corte racionalista, cuja idéia de justiça se exaure na satisfação de um único 
requisito: a igualdade absoluta dos destinatários da norma legal.” 
 
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA 
 
Carlos Maximiliano diz que “consiste o Processo Sistemático em comparar o 
dispositivo sujeito a exegese com outros do mesmo repositório ou de leis 
diversas, mas referentes ao mesmo objeto”. 
Depois acrescenta: “Confronta-se a prescrição positiva com outra de que 
proveio, ou que da mesma dimanaram, verifica-se o nexo entre a regra e a 
exceção, entre o geral e o particular, e deste modo se obtém esclarecimentos 
https://jus.com.br/tudo/processo
 
preciosos. O preceito, assim submetido a exame, longe de perder a própria 
individualidade, adquire realce maior, talvez inesperado. Com esse trabalho de 
síntese é mais bem- compreendido”. 
A interpretação sistemática considera que a norma não pode ser vista de forma 
isolada, pois o direito existe como sistema, de forma ordenada e com certa 
sincronia. 
 
INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA 
 
Nesta, o intérprete deve levar em consideração valores como a exigência do bem 
comum, o ideal de justiça, a ética, a liberdade, a igualdade, etc. Um exemplo 
desta interpretação é o artigo 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro: 
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos 
fins sociais a que ela se dirige e às exigências 
do bem comum. 
 
INTERPRETAÇÃO SOCIOLÓGICA 
 
Os objetivos pragmáticos do processo sociológico de interpretação são: 
a) conferir a aplicabilidade da norma às relações sociais que lhe deram origem; 
b)estender o sentido da norma a relações novas, inexistentes ao tempo de sua 
criação; 
c) verificar o alcance da norma, a fim de fazê-la corresponder às necessidades 
reais e atuais da sociedade. 
 
Pelo exposto é possível verificarmos que uma mesma norma, dependendo da 
interpretação adotada, pode gerar entendimentos diferentes. 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
 
Mediante ao exposto a real finalidade da hermenêutica jurídica é “encontrar o 
Direito” (seu sentido) na aplicação “produtiva” da norma, pois a compreensão 
não é um simples ato reprodutivo do sentido original do texto, senão, também, 
produtivo. O processo hermenêutico, cuja estrutura é circular, exigirá que o 
intérprete permaneça aberto para “escutar” a mensagem da norma, a que, por 
sua vez, procederá como se estivesse respondendo a uma pergunta daquele. 
Esse movimento circular faz com que a norma “fale” mais, enquanto mais clara 
seja a pergunta, e, por outro lado, permite que o intérprete acrescente cada vez 
mais sua pré-compreensão à interpretação, enquanto maior seja o significado 
que a norma “revele”. Dentro desse paradigma os interpretes jurídicos utilizaram 
toda as ferramentas da hermenêutica jurídica para uma melhor aplicação da 
norma. 
 
 
 
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ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 
 
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https://jus.com.br/tudo/positivismo

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