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ICEC – Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura Aluno: Daniel Lopes da Silva Turma: 4° Semestre Matutino RA: 02400003012 Disciplina: Hermenêutica Professor: Geraldo APS – ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA TEMA: MÉTODOS INTERPRETATIVOS DA HERMENÊUTICA JURÍDICA Introdução A hermenêutica é a ciência que vela sobre variado meios interpretativos de determinada área. No berço da mitologia grega, surgir os deuses, entre eles o Hermes, responsável pela transmissão das mensagens. Era um deus grego da riqueza, do sono da magia, das viagens e consequentemente da linguagem, dentre outras atribuídos a ele. Portanto o termo "hermenêutica" provém do verbo grego "hermēneuein" e significa "declarar", "anunciar", "interpretar", "esclarecer" e, por último, "traduzir". Significa que alguma coisa é "tornada compreensível" ou "levada à compreensão". Nesse contexto, existem diversas formas de interpretação da hermenêutica na modernidade. Na esfera jurídica, quando jurista começa seu trabalho matinal, a primeira pergunta que ele faz ao abrir o código é: o que quer dizer a lei? Qual o sentido? O que ela exige, obriga, impõe? No campo jurídico além da imprecisão inerente à linguagem, os sentidos dos termos utilizados na lei adquirem uma conotação técnico-científica que muitas vezes se confunde e confronta com o seu uso vulgar, embaraçando ainda mais a investigação de seu conteúdo semântico. Dessa forma realiza-se uma separação entre o texto da norma e o conteúdo normativo, uma vez que a lei pensada abstratamente como um ente jurídico ideal pode não encontrar uma manifestação linguística precisa e adequada para revelar seus mandamentos, valores e fins. No decorrer do trabalho pautarei sobre alguns doutrinadores hermeneutas jurídicos e sobre os principais métodos interpretativos da norma. ALGUNS DOUTRINADORES DA HERMENÊUTICA JURÍDICA Fonte: https://jus.com.br/tudo/hans-kelsen HANS KELSEN 1881 – 1973 Breve relato sobre Hans Kelsen Foi um jurista e filósofo austríaco (nasceu em Praga, que nesta época pertencia ao Império Austro-Húngaro), considerado um dos mais importantes e influentes estudiosos do Direito. Por volta de 1940, a reputação de Kelsen já estava bem estabelecida nos Estados Unidos, por sua defesa da democracia e pela Teoria Pura do Direito (Reine Rechtslehre). A estatura acadêmica de Kelsen excedeu a teoria legal e alargou a filosofia política e teoria social. Sua influência abrange os campos da Filosofia, o Direito, a Sociologia, a Teoria da Democracia e Relações Internacionais. No final de sua carreira, enquanto na Universidade da Califórnia, em Berkeley, Kelsen reescreveu a Teoria Pura do Direito em uma segunda versão. Ao longo de sua carreira ativa, Kelsen também forneceu uma contribuição significativa para a teoria do controle de constitucionalidade, a teoria hierárquica e dinâmica do direito positivo, e da ciência do direito. Em filosofia política, ele era um defensor da teoria da identidade do Estado de direito e um defensor do contraste explícito dos temas de centralização e descentralização na teoria do governo. Kelsen também foi um defensor da posição da separação dos conceitos de Estado e da sociedade em sua relação com o estudo da ciência do direito. A recepção e crítica do trabalho e as contribuições de Kelsen foram extensas, com notáveis defensores e detratores. Suas contribuições para a teoria legal dos julgamentos de Nuremberg foi apoiada e contestada por vários autores, incluindo Dinstein, na Universidade Hebraica de Jerusalém. Também de Kelsen, a defesa do positivismo jurídico continental (de cunho neokantista) foi apoiada por H. L. A. Hart na sua forma de positivismo jurídico anglo-americano, que foi debatido https://pt.wikipedia.org/wiki/Jurista https://pt.wikipedia.org/wiki/Fil%C3%B3sofo https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito https://pt.wikipedia.org/wiki/1940 https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos https://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_Pura_do_Direito https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_Pura_do_Direito https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_pol%C3%ADtica https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito https://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Rela%C3%A7%C3%B5es_Internacionais https://pt.wikipedia.org/wiki/Rela%C3%A7%C3%B5es_Internacionais https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_da_Calif%C3%B3rnia https://pt.wikipedia.org/wiki/Berkeley https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Hebraica_de_Jerusal%C3%A9m https://pt.wikipedia.org/wiki/Neokantismo https://pt.wikipedia.org/wiki/H._L._A._Hart https://pt.wikipedia.org/wiki/H._L._A._Hart na sua forma anglo-americana por estudiosos como Ronald Dworkin e Jeremy Waldron. HANS KELSEN E A HERMENÊUTICA JURÍDICA Kelsen (1999), ao lançar a sua teoria pura do direito, foi alvo de não poucas críticas, as quais, também não raro, acabavam por contradizerem-se. Como ele mesmo reconheceu, por vezes sua teoria era tachada de fascista, ao passo que os fascistas a viam como liberal-democrata; por sua vez, os comunistas a viam como ideologia de um Estado capitalista, ao mesmo tempo em que os nacionais-capitalistas a desqualificavam. Se no campo político a celeuma não se resolvia, melhor sorte não lhe restou entre os religiosos. A teoria Pura era, para alguns, ligada à escolástica católica e, para outros, uma teoria protestante do Estado e do Direito, havendo também quem a visse como marcada por um ideário ateísta (KELSEN, 1999, p. XIII). Kelsen (1999) explica essa crítica multifacetada, que não escapa a qualquer orientação política ou religiosa, exatamente em razão do seu grau de pureza. Partindo da delimitação do objeto da ciência jurídica, Kelsen estabelece a distinção entre norma e proposição normativa. A norma jurídica seria um imperativo posto pela autoridade competente, um comando por ela estabelecido, uma permissão, ou ainda uma atribuição de competência. Ainda que se tenha em mente que tais imperativos sejam expressos por meio de fórmulas lingüísticas, certo é que não se trata de um mero enunciado, uma mera proposição, mas de um comando, de um ato produtor do Direito, seja ele um ato posto pelo legislador, pela Administração Pública, seja pelo juiz (a diferença aqui não é de ordem qualitativa, pois sempre estamos em um processo de determinação do Direito. Por sua vez, a proposição jurídica é um enunciado formulado pela Ciência do Direito visando à descrição do seu objeto. Portanto, trata-se de uma distinção qualitativa (prescrição/descrição), em que a norma jurídica é um ato da autoridade que produz o Direito e a proposição jurídica, um juízo hipotético da ciência jurídica que descreve o sistema posto, tal como fica claro no excerto seguinte (KELSEN, 1999, p. 81): “Na distinção entre proposição jurídica e norma jurídica, ganha expressão a distinção que existe entre a função do conhecimento jurídico e a função, completamente distinta daquela, de autoridade jurídica, que é representada pelos órgãos da comunidade jurídica. A ciência jurídica tem por missão conhecer – de fora, por assim dizer – o Direito e descrevê-lo com base no seu conhecimento. Os órgãos jurídicos têm – como autoridade jurídica – antes de tudo por missão produzir o Direito para que ele possa então ser conhecido e descrito pela ciência jurídica”. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ronald_Dworkin https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Jeremy_Waldron&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Jeremy_Waldron&action=edit&redlink=1 Exatamente por isso, o cientista do Direito não pode, despindo-se da necessária neutralidade, estabelecer proposições alicerçadas em juízos de valor que extrapolem a sua função meramente descritiva do sistema de normas. Assim, Kelsen, em seu ideal de pureza científica, buscauma objetividade na Ciência do Direito, somente alcançada pela distinção entre as noções de ser e dever ser. Ao cientista não cabe externar juízos do segundo tipo, cabendo apenas dizer o que o Direito é. Em última análise, reconhece que a ele cabe tão- somente compreender o Direito de forma ascética, contemplativa, sem introjetar- se em seu objeto de estudo. A questão que fica é: como fazer isso? Como poderia o intérprete anular as suas pré - compreensões que a tradição lhe deixou? Como poderia ele saltar da história para ver a história? Da mesma forma, quando o aplicador do Direito estabelece uma nova norma, ele o faz autorizado e balizado por outra, de escalão superior (o legislador, por exemplo, produz a lei, autorizado e, de certa forma, conformado pela Constituição), concretizando um ato de vontade manifestado na sua opção de eleição de uma entre as várias possibilidades que a moldura normativa lhe autoriza. Assim, o ato de aplicação do Direito seria um ato de vontade, precedido de um ato de puro conhecimento, consistente na identificação daquele rol de possibilidades já antecipadamente presentes na norma autorizadora. Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/ministro/verMinistro.asp?periodo=stf&id=230 CARLOS MAXIMILIANO 1873 - 1960 Breve relato sobre Carlos Maximiliano Filho de Acelino do Carmo Pereira dos Santos e D. Rita de Cassia Pereira dos Santos, nasceu em 24 de abril de 1873, em São Jerônimo, província do Rio Grande do Sul. Fez o curso de Humanidades em Porto Alegre e formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na Escola de Direito de Belo Horizonte, recebendo o grau de Bacharel em março de 1898. Depois de formado, advogou em várias comarcas do Rio Grande do Sul e perante o Supremo Tribunal durante trinta e seis anos. Ingressou na política sendo eleito Deputado ao Congresso Nacional nas legislaturas de 1911-1914 e 1919-1923, pelo Estado do Rio Grande do Sul. Convidado pelo Dr. Wenceslau Braz Pereira Gomes para auxiliar do seu governo presidencial, iniciado em 15 de novembro de 1914, aceitou a pasta da Justiça e Negócios Interiores sendo nomeado na referida data. Grande auxiliar do governo em época bem agitada, em vista da guerra mundial, Carlos Maximiliano, nos quatro anos de sua gestão, deixou bem evidenciada a ação que exerceu, conforme se verifica dos três relatórios que apresentou ao Chefe do Governo, e dos decretos que referendou constantes da Coleção de Leis. Dotado de grande cultura e brilhante inteligência, organizou vários serviços, dentre eles o alistamento e processo eleitoral, o ensino secundário e superior da República. Carlos Maximiliano foi o ministro que referendou o Código Civil Brasileiro e a Consolidação das disposições legais e regulamentares concernentes aos territórios das freguesias urbanas e suburbanas do Distrito Federal, que formaram as circunscrições judiciárias das pretorias. Ocupou interinamente a pasta da Agricultura, Indústria e Comércio, no período de 19 de janeiro a 5 de outubro de 1917. Em 1932, foi nomeado Consultor-Geral da República, por decreto de 4 de novembro e, em seguida, por decreto de 14 do mesmo mês, também Consultor Jurídico do Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Passou depois para o alto cargo de Procurador-Geral da República, em decreto de 2 de agosto de 1934, exercendo-o até 3 de maio de 1936. Convidado pelo Dr. Getúlio Vargas aceitou o cargo de Ministro da Corte Suprema, sendo nomeado em decreto de 22 de abril de 1936, preenchendo a vaga proveniente do falecimento de Arthur Ribeiro de Oliveira; tomou posse no dia 4 de maio seguinte. Escritor de elevado mérito, publicou as notáveis obras repletas de ensinamentos: Comentários à Constituição Brasileira de 1891 (3v., 1918), Hermenêutica e Aplicação do Direito (1925), Direito das Sucessões (3v.,1937) e Condomínio: terras, apartamentos e andares perante o Direito (1944). Carlos Maximiliano foi uma das mais eloqüentes afirmações da cultura jurídica e uma figura de invulgar projeção da intelectualidade brasileira. A notável obra Comentários à Constituição Brasileira retrata com fidelidade sua brilhante cultura e legitima plenamente o excepcional conceito que desfrutou nos meios científicos. Aposentado em 13 de junho de 1941, compareceu à Corte para despedir-se, em 18 seguinte, sendo saudado pelo Ministro Eduardo Espínola, Presidente, e pelo Ministro Laudo de Camargo; pelo Juiz Dr. Ribas Carneiro e pelo Dr. Miranda Jordão, Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros. Depois de aposentado, retornou ao exercício de atividades advocatícias. Faleceu em 2 de janeiro de 1960, na cidade do Rio de Janeiro, sendo registrado o fato na sessão do Tribunal de 4 seguinte, quando o Presidente, Ministro Lafayette de Andrada, comunicou haver comparecido ao enterro, manifestando- se, a seguir, o Ministro Luiz Gallotti, pela Corte; o Dr. Carlos Medeiros Silva, pela Procuradoria-Geral da República; e o Dr. Justo de Moraes, pelos advogados, sendo aprovado voto de profundo pesar e comunicado à família. Foi homenageado pelo Supremo Tribunal Federal, no centenário de nascimento, em sessão de 2 de março de 1973, quando falou pela Corte o Ministro Oswaldo Trigueiro; pela Procuradoria-Geral da República, o Prof. José Carlos Moreira Alves e, pela Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Distrito Federal, e Instituto dos Advogados do Distrito Federal, o Prof. Roberto Rosas. CARLOS MAXIMILIANO E A HERMENÊUTICA JURÍDICA O autor assinala que a razão de existir dessa ciência decorre do fato de as leis positivas serem formuladas em termos gerais, ou seja, por meio de regras ou princípios que não descem a minúcias, o que exige o atuar do hermeneuta para estabelecer a relação entre o texto abstrato e o caso concreto, entre a norma jurídica e o fato social, interpretando e aplicando o Direito de forma escorreita, tendo em mira o ideal de justiça. Por outro lado, é diferente o conceito de Interpretação do Direito, pois, segundo Maximiliano, consiste na tarefa de descobrir e fixar o sentido verdadeiro da regra positiva, isto é, determinar o sentido e o alcance das expressões de um texto normativo. Trata-se de uma arte que possui suas técnicas, seus meios próprios para alcançar os fins colimados, os quais são sistematizados e desenvolvidos pela Hermenêutica. Por sua vez, conforme lições do autor, explicitadas no capítulo II, a Aplicação do Direito diz respeito ao enquadramento de um caso concreto em uma norma jurídica adequada (Maximiliano, 2011, p. 1). Consiste na subsunção de um fato determinado a uma prescrição legal. Esclarece que a aplicação do Direito pressupõe: a) A Crítica, a fim de apurar a autenticidade e, em seguida, a constitucionalidade da lei, regulamento ou ato jurídico; b) A Interpretação, a fim de descobrir o sentido e o alcance do texto; c) o suprimento das lacunas, com o auxílio da analogia e dos princípios gerais do Direito; d) o exame das questões possíveis sobre a ab- rogação, ou simples derrogação de preceitos, bem como acerca da autoridade das disposições expressas, relativamente ao espaço e ao tempo”(MAXIMILIANO, 2011, p. 7). Portanto, de acordo com o renomado autor, a Aplicação do Direito não prescinde da Hermenêutica, sendo esta um meio para se alcançar aquela, vista como a adaptação ou o enquadramento de um preceito a um caso real. Concebe a Aplicação do Direito, por conseguinte, como aquela atividade prática exercida pelo juiz após a definição da regra adequada à hipótese, servindo de ponte entre a doutrina e a prática, entre a ciência e a realidade. Nesse mesmo sentido Maximiliano destaca que que o exegeta busque sempre tentar harmonizar os textos, garantindo a coerência do ordenamento jurídico (Maximiliano, 2011, p. 111). Ainda indica alguns preceitos diretivos formulados pela doutrina para auxiliar na tarefa de transpor aparentes antinomias: a) Tome como ponto de partida o fato de não ser lícito aplicar uma norma jurídica senãoà ordem de coisas para a qual foi feita. Se existe antinomia entre a regra geral e a peculiar, específica, esta, no caso particular, tem a supremacia. Preferemse as disposições que se relacionam mais direta e especialmente com o assunto de que se trata. b) Verifique se os dois trechos se não referem a hipóteses diferentes, espécies diversas. Cessa, nesse caso, o conflito; porque tem cada um a sua esfera de ação especial, distinta, cujos limites o aplicador arguto fixará precisamente. c) Apure o intérprete se é possível considerar um texto como afirmador de princípio, regra geral; o outro, como dispositivo de exceção; o que estritamente não cabe neste, deixa-se para a esfera do domínio daquele. d) Procure-se encarar as duas expressões de Direito como parte de um só todo, destinadas a completarem-se mutuamente; de sorte que a generalidade aparente de uma seja restringida e precisada pela outra. e) Se uma disposição é secundária ou acessória e incompatível com a principal, prevalece a última. f) Prefere-se o trecho mais claro, lógico, verossímil, de maior utilidade prática e mais em harmonia com a lei em conjunto, os usos, o sistema do Direito vigente e as condições normais de coexistência humana. Sem embargo da diferença de data, origem e escopo, deve a legislação de um Estado ser considerada como um todo orgânico, exequível, útil, ligado por uma correlação natural. g) Prevalece, nos casos de antinomia evidente, a Constituição Federal sobre a Estadual, e esta contra o Estatuto orgânico do município; a lei básica sobre a ânua e a ordinária, ambas, por sua vez, superiores a regulamentos, instruções e avisos; o Direito escrito sobre o consuetudinário. h) Se nenhum dos sete princípios expostos resolver a incompatibilidade, e são os dois textos da mesma data e procedência, da antinomia resulta a eliminação recíproca de ambos: nenhum deles se aplica ao objeto a que se referem. Se têm um e outro igual autoridade, porém não surgiram ao mesmo tempo, cumpre verificar, de acordo com as regras expostas, se não se trata de um caso de ab-rogação tácita de expressões de Direito (MAXIMILIANO, 2011, p. 111). Seguindo no propósito de descortinar e bem delinear as bases da hermenêutica jurídica, Maximiliano não deixa de se debruçar especificamente sobre as seguintes fontes do Direito: equidade, jurisprudência, costume, ciência jurídica (doutrina), analogia e princípios gerais do Direito. Enfoca, a partir do capítulo XXXII, o papel e a importância de cada uma dentro da ciência hermenêutica, sobretudo no que toca a garantir a completude do ordenamento jurídico mediante a integração de lacunas. Fonte: https://jus.com.br/artigos/67252/a-hermeneutica-de-gadamer-e-sua-contribuicao-para-o-direito HANS – GEORG GADAMER 1900 – 2002 Breve relato sobre Hans-Georg Gadamer Foi um filósofo alemão considerado como um dos maiores expoentes da hermenêutica (interpretação de textos escritos, formas verbais e não verbais). Sua obra de maior impacto foi Verdade e Método (Wahrheit und Methode), de 1960, onde elabora uma filosofia propriamente hermenêutica, que trata da natureza do fenômeno da compreensão. É considerado um dos mais importantes pensadores do século XX, tendo tido um enorme impacto em diversas áreas, da estética ao direito, e tendo adquirido respeito e reputação na Alemanha e em outros lugares da Europa que foi muito além dos limites costumeiros da academia. Os muitos ensaios, palestras e https://pt.wikipedia.org/wiki/Fil%C3%B3sofo https://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha https://pt.wikipedia.org/wiki/Hermen%C3%AAutica https://de.wikipedia.org/wiki/Wahrheit_und_Methode https://pt.wikipedia.org/wiki/1960 entrevistas de Gadamer sobre ética, arte, poesia, ciência, medicina e amizade, bem como referências ao seu trabalho por pensadores nesses campos, atestam a onipresença e relevância prática do pensamento hermenêutico hoje. HANS – GEORG GADAMER E A HERMENÊUTICA JURÍDICA Em “Verdade e Método”, Gadamer, acompanhando os ensinamentos de seu mestre Heidegger, que definia a compreensão como forma de definição do “ser” (o chamado “giro hermenêutico”), vai expor uma teoria a respeito da natureza ontológica da experiência humana identificando-a com a compreensão, “comprender e interpretar textos no es sólo una instancia científica, sino que pertenece con toda evidencia a la experiencia humana del mundo” . Ainda mais, Gadamer irá além desses ensinamentos e afirmará a pertência do intérprete à compreensão histórica. No compreender histórico, há uma autorevelação do próprio existir no mundo e um “como” revelar-se à própria identidade temporal e finita. O existir é um compreender e um interpretar. Com Gadamer, a hermenêutica se transformará de simples técnica de compreensão das ciências do espírito (segundo Dilthey) em uma ontologia do intérprete e de seus condicionamentos existenciais. A compreensão, a interpretação e a aplicação, que eram três momentos diferentes segundo a antiga hermenêutica, sob a teoria de Gadamer adquiriram caráter indivisível. O novo conceito do compreender repercutirá na dinâmica do conhecimento sujeito-objeto, entendidos até então como pólos opostos. O dualismo sujeito- objeto transformar-se-á em uma nova fenomenologia do “estar ali”, concentrando-se numa só referência histórica. Nesse sentido, Gadamer rejeita a pretensão de “se colocar no lugar de outro” para compreender algo, pois o existir está sempre mediatizado pelo tempo e pelos condicionamentos próprios de cada um. Eu só posso compreender desde meu tempo e desde minha condição singular. Se eu estivesse no lugar do outro, já não seria minha compreensão enquanto acontecer histórico distinto. A verdade de um texto não estará na submissão incondicionada à opinião do autor nem só nos preconceitos do intérprete, senão na fusão dos horizontes de ambos, partindo do ponto atual da história do intérprete que se dirige ao passado em que o autor se expressou. O intérprete não realiza apenas uma atividade “reprodutiva” do texto, senão que o atualiza de acordo às circunstâncias do momento, por isso fala-se do seu labor “produtivo”. A importância da teoria hermenêutica de Gadamer é ter demonstrado que toda interpretação é a compreensão atual do passado. O problema que surge é determinar se é possível falar de uma verdadeira compreensão. Isto é, se a compreensão tem uma natureza ontológica e depende essencialmente da participação do intérprete, cuja tradição faz parte da interpretação do texto, questiona-se como é possível um dever ser da verdade da hermenêutica. A função normativa do Direito segundo Gadamer é regular os comportamentos dos cidadãos e das instituições da vida social, sendo indispensável a compreensão interpretativa da norma, “interpretar normas es regular comportamentos”. Mas a compreensão do Direito só será possível por meio da aplicação da norma a uma situação jurídica concreta, “comprender es, entonces, un caso especial de la aplicación de algo general a una situación concreta y determinada”. Isso devido a que as situações que acontecem na vida social e que requerem a sua regulamentação pelo Direito são muitas e diferentes; assim, cada nova situação irá requerer uma nova aplicação da norma, pois a sua generalidade e sua historicidade impedem uma aplicação imediata. No Direito, não existe um processo interpretativo independente da aplicação da norma, já que só nesse momento é possível compreender todo o seu sentido, é ali que se fundamenta sua validade. Compreensão, interpretação e aplicação não são três momentos autônomos, mas interdependentes. A autonomia interpretativa só existiria se se entendesse a aplicação jurídica como uma simples subsunção da norma ao caso concreto, afastada da sua historicidade. PRINCIPAIS MÉTODOS INTERPRETATIVOS DA NORMA INTERPRETAÇÃO LITERAL OU GRAMATICAL A interpretação literal não excede em muita essa atividade preliminar. Limita-se a fixar o sentidodo texto legal, inquinado de obscuridade, mediante a indagação do significado literal das palavras, tomadas não só isoladamente, mas em sua recíproca conexão. Atende à forma exterior do texto; preocupa-se com as acepções várias dos vocábulos; graças ao manejo relativamente perfeito e ao conhecimento integral das leis e usos da linguagem, procura descobrir qual deve ou pode ser o sentido de uma frase, dispositivo ou norma. INTERPRETAÇÃO LÓGICA Segndo Mario Pimentel Albuquerque: “O método lógico constitui a expressão mais pura e acabada do raciocínio analítico que, como vimos, infere de premissas necessárias uma conclusão igualmente necessária. Postula, da mesma maneira, a plenitude jurídica da lei e crê que o núcleo verbal desta é suficientemente elástico para comportar todas as situações de fato ocorrentes na prática, com a só utilização, rígida e fria, do silogismo judicial. Erige em premissa maior deste a lei, geral e abstrata; como premissa menor, descreve o fato, despido de suas peculiaridades concretas, após o que sobrevém a decisão, expressão fria do Direito more geométrico, de corte racionalista, cuja idéia de justiça se exaure na satisfação de um único requisito: a igualdade absoluta dos destinatários da norma legal.” INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA Carlos Maximiliano diz que “consiste o Processo Sistemático em comparar o dispositivo sujeito a exegese com outros do mesmo repositório ou de leis diversas, mas referentes ao mesmo objeto”. Depois acrescenta: “Confronta-se a prescrição positiva com outra de que proveio, ou que da mesma dimanaram, verifica-se o nexo entre a regra e a exceção, entre o geral e o particular, e deste modo se obtém esclarecimentos https://jus.com.br/tudo/processo preciosos. O preceito, assim submetido a exame, longe de perder a própria individualidade, adquire realce maior, talvez inesperado. Com esse trabalho de síntese é mais bem- compreendido”. A interpretação sistemática considera que a norma não pode ser vista de forma isolada, pois o direito existe como sistema, de forma ordenada e com certa sincronia. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA Nesta, o intérprete deve levar em consideração valores como a exigência do bem comum, o ideal de justiça, a ética, a liberdade, a igualdade, etc. Um exemplo desta interpretação é o artigo 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. INTERPRETAÇÃO SOCIOLÓGICA Os objetivos pragmáticos do processo sociológico de interpretação são: a) conferir a aplicabilidade da norma às relações sociais que lhe deram origem; b)estender o sentido da norma a relações novas, inexistentes ao tempo de sua criação; c) verificar o alcance da norma, a fim de fazê-la corresponder às necessidades reais e atuais da sociedade. Pelo exposto é possível verificarmos que uma mesma norma, dependendo da interpretação adotada, pode gerar entendimentos diferentes. CONCLUSÃO Mediante ao exposto a real finalidade da hermenêutica jurídica é “encontrar o Direito” (seu sentido) na aplicação “produtiva” da norma, pois a compreensão não é um simples ato reprodutivo do sentido original do texto, senão, também, produtivo. O processo hermenêutico, cuja estrutura é circular, exigirá que o intérprete permaneça aberto para “escutar” a mensagem da norma, a que, por sua vez, procederá como se estivesse respondendo a uma pergunta daquele. Esse movimento circular faz com que a norma “fale” mais, enquanto mais clara seja a pergunta, e, por outro lado, permite que o intérprete acrescente cada vez mais sua pré-compreensão à interpretação, enquanto maior seja o significado que a norma “revele”. Dentro desse paradigma os interpretes jurídicos utilizaram toda as ferramentas da hermenêutica jurídica para uma melhor aplicação da norma. BIBLIOGRAFIA BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. 5. ed. Brasília: Editora UnB, 1994. BOBBIO, Norberto. “O Positivismo Jurídico: Lições de filosofia do Direito”. Compiladas por Nello Morra; tradução e notas por Márcio Pugliesi, Edson Bini e Carlos E. Rodrigues. Coleção elementos de Direito. Editora Cone, 1996. GADAMER, Hans-Georg. Verdad y Método: fundamentos de una hermenéutica filosófica. Tradução por Ana Agud Aparicio e Rafael de Agapito. 4. ed. Salamanca : Sígueme, 1991. HIRATA, Alessandro. Carlos Maximiliano e a hermenêutica do direito brasileiro. Coluna Notáveis do Direito. Revista Carta eletrônica Carta Forense. Publicação de 02/04/2013. KELSEN, Hans. Teoria geral das normas. Porto Alegre: S. Fabris, 1986. Teoria pura do direito. 6 ed. São Paulo: M. Fontes, 1999.. Jurisdição constitucional. São Paulo: M. Fontes, 2003. MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 9 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1984. MAXIMILIANO, Carlos. “Hermenêutica e Aplicação do Direito”. 20ª Edição. Rio de Janeiro. Forense, 2011. SITES http://www.stf.jus.br/portal/ministro/verMinistro.asp?periodo=stf&id=230 https://pt.wikipedia.org/wiki/Hans_Kelsen https://jus.com.br/tudo/hans-kelsen https://academianotarial.org.br/patronos/clovis-bevilaqua https://jus.com.br/artigos/67252/a-hermeneutica-de-gadamer-e-sua- contribuicao-para-o-direito https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/560/r145- 12.pdf?sequence=4 https://jus.com.br/tudo/positivismo
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