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1 Profa. Alice Sato I- DIFUSÃO, OSMOSE E EMBEBIÇÃO 1. - A água A função biológica é completamente dependente da água, e as propriedades da vida resultam das propriedades da água, que são: a) Incompressibilidade - a água é incompressível nas pressões existentes nos tecidos vivos, provendo uma estrutura de suporte para muitas partes vegetais como: caules herbáceos, raízes jovens, flores, folhas, frutos, etc.. b) Estado liquido em temperatura ambiente - sabe-se que quanto menor o peso molecular de uma substância, maior é a sua tendência em estar no estado gasoso nas temperaturas ambientes - ex: NH3, CH4 e C02 são gases. c) Coesão - as moléculas de água, devido às pontes de hidrogênio, são fortemente atraídas entre si constituindo o que chamamos "molécula gigante". d) Adesão - pela sua natureza polar, a água é atraída por outras substancias (¨molha- as¨) e) Solvente - muito mais que qualquer outro líquido f) lonização - a água pode ionizar-se, comportando se como ácido ou base. g) Calor de vaporização- é alto (539 cal para uma grama de água tornar-se vapor) devido às pontes de hidrogênio. h) Calor de fusão - é alto (80 cal para 1 grama de água transformar-se em gelo) devido também às pontes de hidrogênio. i) Densidade - a densidade do gelo é menor que a densidade da água, por isso o gelo flutua funcionando como um isolante nos ambientes aquáticos. 2 - Difusão Embora muitas das propriedades das células, dependam da natureza coloidal dos seus componentes, outras são causadas pelo estado molecular livre da água e substâncias nela dissolvidas. Como essas moléculas estão em movimento constante (agitação térmica) existirá uma transferência contínua de moléculas de um região para outra, mesmo sem a aplicação de forças externas. No equilíbrio, quando a energia livre média de cada espécie de molécula é a mesma por todo o meio, uma vez que muitas moléculas de uma espécie são transferidas tanto em uma direção como na outra, o efeito de fluxo é zero. Se o sistema não está em equilíbrio, mais moléculas se moverão em uma direção do que na outra, e teremos uma transferência orientada (ou um fluxo) de substâncias, chamada difusão . Uma Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce Usuário Realce 2 questão importante na fisiologia das plantas é o quanto de difusão acontece pela transferência contínua de substâncias para dentro, para fora e pelo interior da planta. Essa questão somente pode ser respondida se os princípios de difusão forem conhecidos. Se f é a resistência friccional para o movimento molecular: Isso explica porque a taxa de difusão do vapor de água é cerca de 1500 vezes mais rápido do que a água líquida. As moléculas se situam muito mais distantes uma das outras, mais separadas, no vapor do que no liquido, de modo que a resistência friccional é extremamente baixa. Assim a difusão de gases é tão rápida que nenhum mecanismo ocorre na planta para favorecer o seu movimento. A água líquida, por outro lado, se difunde muito mais lentamente em comparação com o vapor de água. Na ordem de proteger os seus tecidos contra a seca, a planta terrestre desenvolveu mecanismos para "melhorar" o movimento das suas águas liquidas e diminuir o movimento de sua água em forma de vapor. O mesmo princípio de difusão se aplica para os solutos dissolvidos em água. Isto é ilustrado pela plasmólise. Soluções hipertônicas de sacarose levam muito mais tempo (demoram mais) à indução de plasmólise do que soluções de cloreto de cálcio da mesma força, em parte devido à sua muito maior viscosidade, e em parte pela menor taxa de difusão da sacarose em relação ao CaCl2- Mas as soluções aquosas na planta são geralmente muito diluídas, de modo que a sua viscosidade é próxima a da água pura, e todos os solutos estão sujeitos essencialmente à mesma força friccional. Consequentemente, quando consideramos o seu movimento dentro da planta, a resistência friccional geralmente pode ser negligenciada, e a taxa de difusão dependerá de algum fator que afeta a energia livre da substância difusiva. Isso porque, pela 2a lei da termodinâmica, o movimento molecular será sempre de uma região de maior energia livre das moléculas para uma região de menor energia livre. Desde que a difusão depende do movimento molecular, será quantitativamente relacionada a (1) taxa de movimento da molécula (agitação térmica) e (2) o número de moléculas por unidade de volume. A energia livre de uma substancia que depende desses dois componentes é chamada de potencial químico da substância. Assim: Difusão α π onde π = potencial químico da substância que está se difundindo. 0 potencial químico é dado pela seguinte equação: joules/ g onde R = constante dos gases (0,082) T = temperatura em graus absolutos ln= logaritmo natural a = atividade ou concentração efetiva da substância Taxa de difusão α 1/f π = R.T. ln a 3 As duas variáveis, T e a são medidas dos dois componentes antes mencionados. Se a temperatura é constante, o potencial químico é, pois, proporcional à atividade da substância. Mas a atividade de uma substância não dissociável na planta é, para todos os propósitos práticos, proporcional à sua concentração. Assim numa temperatura constante, ela se difundirá de uma região de mais alta concentração para uma de mais baixa concentração. Quanto maior essa diferença, mais rápida será a difusão. No entanto, a taxa de difusão deve depender também de dois fatores espaciais. Quanto maior a área através da qual a substância está se difundindo, maior o número de moléculas que se difundem por unidade de tempo. Também, quanto menor a distância entre duas concentrações maior o número de moléculas que a atravessa por unidade de tempo. Dois dos três fatores- diferença de concentração e a distância entre elas - são combinados no que é chamado de gradiente de concentração. Essa é a diferença de concentração por unidade de distância. A relação quantitativa é dada pela lei de difusão de FICK: ou expressa como equação diferencial onde: s = quantidade de substância que se difunde (moles) t = tempo (segundos) D = coeficiente de difusão, ou taxa de difusão especifica. a = área da membrana (cm2) C1 = a maior concentração (moles/litro) C2 = a menor concentração X = espessura da membrana (cm) ou distancia entre C1 e C2 C1 - C2 ou dc = gradiente de concentração x dx D é uma constante para uma substância específica que se difunde através de um meio especifico sob uma temperatura estandardizada. Quando diferentes substâncias são comparadas, pequenas moléculas se difundem mais rapidamente do que grandes moléculas, isto é: Para pequenas moléculas: S = Da C1 – C2 t dx ds = D . a dc dt dx D α 1 tamanho molecular D α 1 massa D α 1 raio 4 Para grandes moléculas e partículas coloidais: É agora óbvio porque as grandes partículas coloidais se difundem muito mais lentamente do que as pequenas moléculas das substancias dispersas. Em soluções diluídas, como são encontradas nas plantas, cada soluto se difunde independentemente de outros solutos. Se uma partição x (Fig. 1) - é uma estrutura imersa num meio aquoso, o gradiente de concentração dependerá não somente das duas concentrações no meio aquoso, mas também da solubilidade da substância difusivel nessa estrutura. Essa solubilidade na estrutura é chamada Permeabilidadeda estrutura para a substância difusível. Se a estrutura é muito fina, ela é chamada membrana. Difusão de substâncias através de membranas é controlada não somente por (1) temperatura, (2) gradiente de concentração na fase aquosa e (3) tamanho das partículas ou moléculas difusíveis, mas também (4) pela permeabilidade da membrana para a substância. Figura 1 - Difusão de uma substancia de uma região de maior concentração para uma de menor concentração. Difusão x 3. Osmose e Pressão Osmótica 3.1 -Construção de Osmômetro e membrana semi permeável A célula de Traube - Juntando-se um cristal de ferrocianeto de potássio a uma solução de sulfato de cobre a 4% ocorre a seguinte reação: K4Fe(CN)6 + 2 CuSO4 Cu2Fe(CN)6 + 2 K2S04 semi permeável 0 composto ferrocianeto de cobre é semipermeável, e por isso o cristal cresce devido à entrada de água da solução de sulfato de cobre para o interior do cristal . Mas, à medida que o cristal cresce, ele tende a se arrebentar, possibilitando dessa maneira a formação de novas membranas semipermeáveis e culminando com o aparecimento de uma "árvore" a partir do cristal original. 0 pesquisador alemão Pfeffer usou a membrana semipermeavel de Traube em seus estudos osmóticos , construindo osmômetros com velas de filtro, no qual seus poros foram preenchidos por ferrocianeto de cobre. Ele estudou a pressão osmótica Solução C 1 Solução C 2 5 de diferentes soluções em várias concentrações, e verificou que a pressão osmótica era uma propriedade coligativa das soluções, variando com o número de partículas. Podemos comparar um osmometro a uma célula vegetal. 3.2 – Pressão causada pela Osmose As mesmas leis da difusão aplicam-se tanto para o solvente como para o soluto. No entanto, por causa da maior quantidade de solvente e devido ao seu estado liquido, sua difusão através de membranas semipermeáveis causa uma aumento nas pressões hidrostáticas. A importância dessas pressões têm-nos levado a usar o termo especifico Osmose para a difusão do solvente e pressão osmótica para a pressão hidrostática produzida pela osmose. Osmose é muitas vezes definida como difusão de solvente através de uma membrana semipermeável, mas a definição mais simples anterior é mais ampla e é muitas vezes mais útil. Ela permite o uso do termo, por exemplo, para a difusão de água de uma solução para um gel hidrofilico, embora nenhuma membrana semipermeavel separe os dois sistemas. Como a pressão é força por unidade de área (P =F/A) a pressão osmótica que se desenvolve na célula, pela osmose, deve produzir forças de fundamental importância para a planta. Essas forças aumentam o turgor da planta - a dureza ou rigidez da planta resultante da pressão hidrostática aplicada em suas paredes celulares. O turgor da planta, por sua vez, resulta em crescimento, movimento e inúmeras respostas da planta. Com o objetivo de estudar tais fenômenos, a pressão osmótica deve ser medida e calculada quantitativamente, O conceito qualitativo de pressão osmótica como pressão hidrostática produzida pela osmose, é pois inadequada. No sentido quantitativo o termo pressão osmótica não é utilizado para pressão de não-equilíbrio, mas somente para a pressão final na pressão de equilíbrio (acima da atmosférica) conseguida como resultado de osmose sob condições específicas padrões. Desde que as forças ocorrem aos pares, a pressão osmótica é determinada pela aplicação de um aumento de pressão até que um valor seja achado e que seja suficiente para parar a osmose. As condições padrões são: 1) separação da solução do solvente puro sob pressão atmosférica por uma membrana semipermeável e (2) manutenção da solução e do solvente na mesma temperatura (20 °C). A pressão osmótica da solução é pois, definida como a pressão extra que deve ser nela aplicada para cessar a osmose para a água pura separada da solução por uma membrana semipermeável, quando ambas estão a 20 °C. 6 Infelizmente, no entanto, geralmente a célula não está sob as condições padrões precedentes e nem no estado de equilíbrio. Entretanto, as forças reais que prevalecem na célula não são aquelas que resultariam da pressão osmótica definida (equilíbrio). Assim, da 3a lei do movimento de Newton, as forças reais devem existir aos pares, iguais em magnitude e opostas em direção. Essas forças são causadas por (1) pressões exercidas pelo êmbolo e paredes do osmômetro (Fig.2) na solução a qual o fisiologista denomina de Pressão de Parede (Pw) e (2) à pressão hidrostática exercida pela água nas paredes, denominada de Pressão de Turgor (Pt) desde que ela pode converter paredes flexíveis em paredes durar e uma célula flácida em célula túrgida. A diferença entre essas pressões é que a pressão osmótica (Po) – a pressão em zero de difusão de água sob condições padrões, refere-se somente para a pressão de equilíbrio. A pressão de parede (PW) e pressão de turgor (PT) referem-se às reais pressões sob condições particulares nas quais a célula está sujeita, mesmo ainda que, o equilíbrio não tenha sido atingido. No equilíbrio sob condições padrões, vale a seguinte relação: Em qualquer ponto, fora do equilíbrio ou estado não padronizado vale: Pw = Pt ≠≠≠≠ Po I Figura 2 - Endosmose (A e C) e exosmose (B) produzida pelas diferenças em (A) temperatura; (B) pressão; (C) concentração de solutos. Não existe osmose em (D) porque o efeito do soluto é exatamente contrabalançado pela pressão. A linha tracejada representa a semipermeabilidade da membrana. A B C D 3.2 Como no caso de qualquer processo de difusão, a osmose sempre ocorrerá de uma região de mais alto potencial químico de solvente para uma de menor potencial químico. Endosmose (osmose para dentro de um sistema) ocorre se a água do exterior está- num potencial químico mais alto; exosmose (osmose para fora de um sistema) ocorre se a água interna está num maior potencial químico. A endosmose será induzida por qualquer fator que diminua a energia livre ou o potencial químico do solvente no interior do sistema ou que a aumente fora do sistema. Exosmose é induzida por qualquer uma das mudanças reversas. Existem três de tais fatores (fig.2). O potencial químico (1) aumenta com a temperatura, desde que o potencial químico é uma medida da energia resultante do movimento molecular e a temperatura é simplesmente uma medida da energia cinética das moléculas; (2) aumenta com a pressão, desde que o êmbolo trabalhe sobre o líquido, elevando a sua energia livre; e (3) decresce com o aumento da Po = Pw = Pt 7 concentração do soluto uma vez que a força de atração entre soluto e solvente decresce a energia livre das moléculas do solvente. O efeito do soluto na energia livre do solvente é provado pelas mudanças das propriedades coligativas das soluções. (tabela 1) desde que todas dependem da energia livre das moléculas do solvente. TABELA 1. - Propriedades coligativas das soluções; efeito da dissociação de 186 g (1 mol) de dextrose em 1000 g de H20; produzindo uma solução 1 Molar de dextrose. Propriedade Coligativa- H2O Valor para dextrose Molar Efeito da dextrose na propriedade Pressão de Vapor 17,5mmHg em 20 °C 17,2 mmHg em 20 °C diminui Ponto de Congelamento 0 °C -1,86 °C diminui Ponto de Ebulição 100 °C 100,51 °C aumenta Pressão Osmótica 0 atm 24 atm Aumenta Potencial de Água 0 joules/s -2,4 joules/s Diminui Por exemplo, devido à maior diminuição da energia livre das moléculas numa solução do que no solvente puro, a pressão de vapor d’água é diminuída e uma temperatura maior é necessária para ferver a solução do que o solvente puro. Similarmente, o abaixamento da pressão de vapor resulta na diminuição da taxa de difusão (ou osmose) da água. Teoricamente então, o método ideal de se prevera direção da osmose entre dois pontos é a medida do potencial químico do solvente nesses dois pontos porque o potencial químico mede o efeito conjunto de todos os três fatores.. lnfelizmente, o potencial químico real não pode ser medido, mas a mudança em relação ao solvente puro pode ser determinada. O experimento ilustrado na Fig. 2 revela que pressão de 12 atm. na solução 0,5 M de açúcar foi necessária para contrabalançar osmose da água pura. Isso quer dizer que a pressão se opõe (impede) ao efeito do soluto na energia livre do solvente. Desde que o soluto diminui a energia livre das moléculas de água (Tabela 1) a pressão deve aumentá-la em igual quantidade. Entretanto 0,5 M de açúcar por litro de água deve decrescer a energia livre por 12 atm. Essa mudança na energia livre da água, produzida pelo soluto é chamada potencial osmótico (π) da solução. Dos efeitos precedentes e opostos do soluto e pressão hidrostática na energia livre do solvente temos: Isto significa, evidentemente, que somente a pressão estandardizada de equilíbrio, que é chamada pressão osmótica, é numericamente igual ao potencial osmótico (embora oposto em sinal). Na ausência de qualquer pressão outra que a atmosférica, o valor dessa pressão teórica produz um decréscimo na energia livre das moléculas de água resultante do soluto. Desde que solutos sempre diminuem a energia livre do solvente, π será sempre negativo na π = - Po 8 planta. Diluição da solução com solvente aumentará o valor de π (isto é, decrescerá o valor numérico negativo) até que, numa diluição infinita, ele alcança valor máximo de 0 zero atmosferas. Sob condições normais, entretanto, a solução da célula não está nem sob pressão atmosférica, nem sujeita a completa pressão osmótica teórica. Devido ao seu turgor os conteúdos celulares estão sujeitos à uma pressão da parede (Pw) em qualquer valor entre esses dois extremos. Essa pressão de parede, no entanto, aumenta a energia livre da água da célula. A soma algébrica dos dois fatores precedentes (π e Pw) é pois uma medida da mudança no potencial químico da água em relação àquela da água pura sob pressão atmosférica e na mesma temperatura. Essa mudança no potencial químico da água é chamado Potencial de Água (ψ) e é dado pela fórmula A importância de ψψψψ reflete-se no seu controle da direção e taxa relativa da difusão. Osmose sempre ocorrerá de uma região de mais alto ψψψψ (menor valor negativo) para uma região de mais baixo ψψψψ ( maior valor negativo ). Obviamente, se a solução está sob pressão atmosférica Pw = 0 e ψψψψ = π. Desde que é sempre negativo (o máximo valor sendo zero para a água pura) e desde que Pw é positivo numa célula túrgida (Fig. 3A) e não pode exceder o valor numérico de π, ψ será sempre negativo numa célula túrgida ou terá um valor máximo de zero. Mas, se a uma célula é permitido perder água até que ela se torne flácida, (Fig. 3B) toda a célula se colapsará (diferentemente da separação do protoplasma da parede, que ocorre na plasmólise) e as forças osmóticas positivas serão convertidas em forças negativas ou tensões. Portanto, Pw, nesse caso, terá um valor energético negativo. Como tanto Pw quanto π são negativos numa célula colapsada, o potencial de água deve ser baixo (isto é, mais negativo) do que π sozinho. Fig. 3 - Pressões em A (célula túrgida) e B (célula colapsada). O sinal + representa (1) um aumento na energia livre da água e (2) direção das forças numa célula túrgida. O suco extraído de uma célula túrgida teria um potencial osmótico de -12 bars, se a célula estivesse em turgor completo (isto é, em equilíbrio com a água, pura). ψψψψ = ππππ + Pw Pt (pressão turgor) -12 atm Pw (pressão parede) 12 atm Pt -6 atm 9 As quantidades osmóticas foram, no passado, determinadas em atmosferas. A tendência atual, no entanto é medi-las em bars (unidade do sistema métrico). Felizmente os valores são inter-conversíveis desde que 1 atm. é igual a 1,01\bars. Nas equações precedentes a energia livre da água é medida em termos de unidade de pressão. Isso é possível devido ao significado duplo de pressão: 1. P = F/A (pressão = força por unidade de área) 2. P = w/ ∆v (pressão = trabalho feito por mudança de unidade de volume) Mas isso requer o uso de unidades de pressão (bars) em lugar de unidades de energia (ergs ou joules). Uma pode ser facilmente convertida na outra dada à relação simples entre as duas: ψ joule/g = (ψ bars)/10 Pela tabela n.2 é óbvio que pressões osmóticas muito grandes têm sido encontradas nas células das plantas, e desde que essas pressões teóricas devem ser convertidas em pressões reais de turgor, aproximadamente com os mesmos valores numéricos, a questão surge de como existe a habilidade das paredes das células resistirem a pressões na ordem de 100 atm. Isso deve ser realizado pois as dimensões das células são muito pequenas, e a força real agindo nas duas faces opostas da parede da célula é normalmente pequena para exceder o limite elástico da parede celular madura. No caso de células em crescimento, por outro lado, as paredes são tão plásticas (”moles”) que esse limite elástico pode facilmente ser superado e o resultado é um aumento da célula. Tabela 2 – Valores aproximados de pressões osmóticas calculadas de suco de plantas em grupos de diferentes ambientes GRUPO DE PLANTAS PRESSÃO OSMÓTICA (atm) Efêmeras de verão 8 - 42 Suculentas e efêmeras de inverno 4 - 24 Xerófitas 14 - 57 Hidrófitas 8 - 13 Folhas aéreas 18 - 21 Folhas aquáticas 8- 9 Epífitas 3 - 6 Halófitas 30 - 115 Parasitas 14 - 17 Hospedeiras 11 - 14 3.4 – Significado das Quantidades Osmóticas O potencial de água da célula possibilita a previsão da direção da osmose – de um potencial mais alto (ou valor negativo mais baixo) para um potencial negativo menor ( ou valor negativo mais alto). Existe assim um gradiente: do valor mais alto (na zona de absorção de 10 água da planta – as raízes) para o valor mais abaixo (parte evaporante de água das plantas – as folhas). (tabela 3). Tabela n.3 - Potencial da água do córtex interior em diferentes órgãos de Hedera sp (trepadeira). Órgão Potencial de Água (Atm.) Pecíolo - - 8,4 Caule (225 cm altura) - 5,0 Caule (35 cm altura) - 2,9 Raiz (porção mais velha) - 2,4 Raiz (zona de absorção)- - 1,6 As três pressões desempenham regras especificas na fisiologia da célula (Tab. 4). Tabela 4 – Significado das Quantidades Osmóticas. Quantidade Símbolo Sinal células túrgidas Propósito Significado Pressão Osmótica P + Força calculada por unidade de área para parar a osmose 1.Teoricamente o máximo de pressão de parede e turgor. 2. Medida da concentração de solutos Potencial Osmótico π - Potencial resultante da adição de solutos à água Decréscimo da hidratação do protoplasma Pressão de Turgor Pt + Pressão hidrostática instantânea exercida na parede celular. Dilatação da parede celular e pode conduzir ao aumento celular se as paredes são suficientemente plásticas Pressão de Parede Pw + Pressão de volta instantânea pela parede no protoplasma Aumenta a energia livre das moléculas de água Potencial de Água ψ - Potencial químico da água num sistema menos aquele da água pura sob condições padronizadas Indica a direção e a taxa relativa da difusão A pressão osmótica de uma solução depende da presença de solutos . Valores medidos ou calculados do suco celular de uma planta são medidas indiretas da concentração do suco celular A concentração do suco celular medida em moles não será 11 exatamente paralela aos valoresdas pressões osmóticas por mol. Isso muitas vezes é expresso em osmolaridade - a molaridade de uma solução aproximadamente normal (ex. dextrose) tendo a mesma pressão osmótica que uma solução desconhecida. Os potenciais osmoticos dos sucos celulares, por outro lado, devem revelar o grau relativo de hidratação do protoplasma. Como o vacúolo assim como o citoplasma estão sujeitos à mesma pressão de parede, os seus potenciais de água relativos um a outro, são somente o resultado dos seus potenciais osmóticos. Consequentemente, se a concentração de solutos do vacúolo aumenta, o potencial osmótico deve diminuir. A água deve então mover-se para o interior do vacúolo vindo do protoplasma, e este último estará então desidratado. Células que metabolizam e crescem rapidamente são caracterizadas por sucos celulares de baixa concentração e alta hidratação protoplasmática. Altas concentrações do suco e baixa hidratação protoplasmática, são comumente encontradas em células dormentes inativas, por exemplo durante o inverno (tab..5) Tabela n.5 - Pressões Osmóticas calculadas de sucos de plantas em algumas Gymnospermas canadenses em relação à estação. PRESSÕES OSMÓTICAS Mes Linndea borealis Picea glauca Pyrola rotundifolia Out. 19.6 17.1 - Dez. 25.0 20.3 24.6 Jan. - 20.0 - Fev. - - 23.9 Março 25.6 24.9 - Abril - 20.1 17.2 Maio 14.3 21.0 - Junho - 19.7 14.6 A pressão osmótica é também relacionada com a ecologia da planta, embora exista evidentemente consideráveis sobreposições entre os grupos ecológicos (Tab.2) Os maiores valores são definidamente encontrados entre os halófitos, os menores entre epífitos, higrófitos e suculentos. Os valores de pressão osmótica também refletem o balanço entre transpiração e absorção como pode ser visto por mudanças diurnas (Tab.6). 12 Tabela 6 – Mudanças diurnas no potencial de Água e nas pressões osmóticas calculadas do suco celular. HORA POTENCIAL DE H20 (atm) HORA PRESSÃO OSMÓTICA (atm) 5.15 -7.5 6.00 12.5 7.00 -9.5 9.00 -412.0 10.00 15.3 11.00 -15.0 13.00 -17.5 14.00 17.4 15.00 -17.5 16.30 -15.0 17.00 16.5 19.30 -15.0 20.00 16.3 Porque ele reflete o estado de água na planta em todos os casos, Walter (1963) tem usado o potencial osmótico como uma medida indireta do que ele chama de "hidratação" da planta, em analogia com temperatura, que ele descreve como o “status” 'do calor do sistema. A hidratação de acordo com Walter é a pressão de vapor de água relativa (ou umidade relativa) de um sistema aquoso independente de fatores externos (isto é, sob temperatura constante e pressão externa constante). Isso é. proporcional ao potencial osmótico. A pressão da parede aumenta o potencial de água na água da célula. Isto aumenta a tendência de escape das moléculas de água e poderia conduzir a uma difusão para fora da célula. Mas a força resultante é insuficiente para apertar a água através dos poros extremamente finos da membrana plasmática. Pressões artificiais de 100 até 150 atm podem provocar esse fluxo. Não obstante, a pressão da parede deve ser pensada como produzindo um fluxo num outro caminho - o fluxo de água no xilema. A pressão do turgor, por outro lado, deve conduzir a dilatação celular e pois ao aumento celular. As células das plantas terrestres não estão normal mente em equilíbrio mas estão continuamente perdendo e ganhando água. 0 turgor real e as pressões de parede, pois, devem ser muito menores que a pressão osmótica do suco celular, por causa da perda de água para o ambiente. Ainda, quando imersa em água pura (Fig. 6) a pressão de turgor da célula nunca pode atingir plenamente a pressão osmótica do suco celular sob zero pressão de turgor; porque algum desenvolvimento de turgor resulta na endosmose que dilui o suco celular e diminui a sua pressão osmótica.(ou aumenta o seu potencial osmótico). Como endosmose ocorre, todos os três valores mudam. 13 Figura 6 - Mudanças nas quantidades osmóticas em pecíolo de girassol durante deplasmólise e expansão final na água . Todas as 3 quantidades aumentam, mas o aumento em ψ por qualquer aumento no volume celular sempre igual a soma dos aumentos em ψ e P. Portanto, em qualquer ponto ψ = π + P. Volume Relativo do protoplasma Volume do Protoplasma ΨΨΨΨ ππππ ΡΡΡΡ 0.9 -16 -16 0 1.1 -10 -13 3 1.15 -6.7 -12.7 6 1.25 0 -11.7 11.7 Começando com o protoplasma da folha de girassol plasmolisada para 0,9 do volume da parede celular, o potencial osmotico é –16 bars e assim é o potencial da água (ΨΨΨΨ) desde que a pressão da parede é zero. Quando o protoplasma se expandiu suficientemente para encher a parede celular, ela tem um potencial osmótico de água de - 14,3 bars e a pressão da parede é ainda zero. Num volume celular de 1,10 o potencial osmótico decresceu até além de -13 bars por causa da diluição dos conteúdos celulares pela entrada da água. A pressão da parede subiu de zero para 3 bars e ΨΨΨΨ= -10 bars (potencial osmótico + pressão da parede). No turgor total (em equilíbrio com a água pura) ΨΨΨΨ é zero e o potencial osmótico e pressão da parede são -11,7 bars e 11,7 bars respectivamente. 14 3.5 – Determinação das Quantidades Osmóticas Potencial Osmótico - Na maioria dos casos as quantidades osmóticas das células não são determinadas diretamente . Os valores são muito mais facilmente obtidos comparando-se a célula com soluções de valores osmóticos conhecidos. É conveniente saber calcular o potencial osmótico de uma solução a partir da sua concentração. Isso pode ser feito a partir da seguinte equação: Onde: π = potencial osmótico (bars) C = concentração (moles/litro) R = constante dos gases T = temperatura absoluta Se uma solução está razoavelmente diluída e consiste de solutos de partículas monomoleculares, essa equação dá valores que são suficientemente acurados para a maior parte dos trabalhos fisiológicos. Se no entanto as moléculas se dissociam em pequenas partículas como no caso de eletrólitos (sais, ácidos e bases) o potencial osmótico será numericamente maior do que o calculado por uma quantidade igual ao excesso de partículas acima do esperado número de moléculas. No caso do Na+Cl-, por exemplo, o modo certo da equação é multiplicá-la por 1,8 e no caso do cloreto de cálcio por 2,4. Esse fator é conhecido como coeficiente isotônico, e a equação passa para onde i = coeficiente isotonico (número de partículas por molécula). Essa equação não é precisa para altas concentrações por causa da hidratação das partículas, e o erro não pode ser calculado porque o grau de hidratação não é bem conhecido acuradamente, como também não é constante. Os potenciais osmóticos acurados, entretanto, podem ser calculados das 2 propriedades coligativas das soluções: (1) pela diminuição do ponto do congelamento e (2) pela pressão de vapor. Ambos valores podem ser obtidos para muitas soluções em tabelas publicadas. 1. onde = ∆ = diminuição do ponto de congelamento da solução comparada para água pura. 2. onde: log = logaritmo natural Po = pressão de vapor da água pura P = pressão de vapor da solução na mesma temperatura que Po. π = - C R T π =-i.CRT π = 12,06 . ∆ bars π = - R T log (Po/P) 15 Pressões osmóticas de soluções de várias substâncias, calculadas pelo abaixamento do ponto de congelamento de soluções através da fórmula de Lewis:. MOLARIDADE PRESSÃO OSMÓTICA (atm ou bars) (P.molecular) CaCl2 NaCl KNO 3 Sacarose Glicose 0,01 0,7 0,5 0,5 - - 0,10 9,2 4,5 4,3 2,0 2,4 0,20 12,3 8,9 8,2 5,1 4,8 0,30 18,5 13,2 11,9 7,7 7,2 0,40 25,3 17,6 15,4 10,2 9,6 0,50 32,2 21,9 18,8 12.9 12.1 0,60 39,2 26,2 22,0 15,5 14,5 0,70 47,2 30,5 25,1 18,3 17,0 0,80 56,2 34,9 27,9 21,1 19,4 0,9065,4 39,2 30,6 23,9 21,8 1,00 75,0 43,6 33,2 26,9 24,3 2,00 194,0 88,8 - 56,9 - 3,00 346,0 138,2 - 92,9 - 4,00 - - - 137,0 - 5,00 - - - 187,0 - Potencial Osmótico da célula sob zero de turgor Os dois métodos mais simples são: (1) o método do comprimento Mínimo e (2) o método da plasmólise incipiente. Desde que a dilatação ou contração das células vivas é causada pela pressão de turgor, uma vez que a pressão de turgor seja zero, nenhuma contração da parede celular poderá ocorrer (quando as células estão em solução aquosa). Consequentemente a mais diluída solução que é capaz de reduzir a célula (ou tecido no caso de tiras uniformes ) para o tamanho mínimo tem o mesmo potencial osmótico que o suco celular (isto é, é isotônica ou isosmótica com ele). Pelo 2o. método o ponto é determinado pela observação da plasmólise incipiente (isto é, o começo dela). Se o mais simples traço de plasmólise pode ser detectado, os dois métodos dão essencialmente o mesmo resultado. Potencial osmótico da célula no seu estado momentâneo 16 Se o suco de um tecido ou célula é extraído, o abaixamento do ponto de congelamento pode ser medido através de um crioscópio, e o potencial osmótico calculado como já descrito. O valor, será, evidentemente variável de acordo com o grau de turgor ou flacidez da planta. Potencial de água Desde que nenhuma difusão de água pode ocorrer entre sistemas sob os mesmos potenciais de água, o método mais simples é encontrar a solução de potencial da água conhecido na qual as células vivas nem apresentam exosmose nem endosmose, isto é, na qual elas nem se dilatam nem se contraem. Isso pode ser feito por medidas de comprimento da célula ou tecido. Turgor e Pressão de Parede Embora esses valores sejam medidos diretamente no caso de células grandes de algas, no caso de plantas superiores, usualmente calcula-se através da determinação do potencial osmótico e potencial da água usando-se a forma transposta da equação: Pw = Ψ - π. Muitos métodos engenhosos para a medida dos potenciais de água e potenciais osmóticos têm sido desenvolvidos (Levitt, 1964). Recentemente a precisão do método da pressão do vapor tem sido aumentada por muitos investigadores. Tais métodos estão sendo constantemente renovados, mas a sua precisão ainda é relativamente baixa, pois muitos fatores atuam, sendo difícil controlá-los ou corrigí-los. 4 – EMBEBIÇÃO É o processo de absorção de água pela planta através do seu potencial matricial, isto é, a água é atraída, eletricamente pelas micelas coloidais carregadas (atração eletrostática). Assim, esse processo não exige nem membrana diferencialmente permeável e nem água liquida ( liquens, por exemplo, embebem vapor de água da atmosfera). A hidratação dos colóides protoplasmáticos das células é controlada pelo potencial matricial de suas micelas. 0 processo da EMBEBIÇÃO é, ainda, muito importante para a germinação de sementes; aí o metabolismo é muito baixo pois falta água para as reações químicas ocorrerem. As forças da embebição são extremamente grandes e no passado foram usadas para quebrar pedras. Ela pode ser medida de várias maneiras: a) compensando-se com uma forma osmótica externa. 17 b) medindo-se o calor liberado ( a camada de água adsorvida perde a sua energia cinética que é liberada na forma de calor), sabendo-se que 1 grama de amido embebido libera 23 calorias. Muitas vezes , a semente tem uma casca muito dura e resistente, de modo que as forças da embebição não conseguem produzir uma ruptura da casca para a posterior germinação . Nesse caso são necessários fatores da natureza como corrosão por bactérias, oscilações da própria embebição (chuva e sol) para arrebentar a casca. Em laboratório, a germinação dessas sementes pode ser conseguida pelos processos de ESCARIFICAÇÃO (tratamento com ácidos). Muitos mecanismos biológicos de abertura e fechamento de frutos ou cápsulas de musgos dependem da embebição. Os coloides citoplasmáticos são essencialmente protéicos, daí apresentarem caráter anfótero (substancias que dependendo do pH podem comportar-se como ácidos ou bases fracos).Possuem radicais -COOH e -NH2. Em pH alcalino é difícil haver dissociação de OH, pois há grande concentração desses radicais; assim é mais fácil dissociar H+. Em pH ácido temos o contrário sendo mais fácil a dissociação de OH. R - COOH + H2O R-COO- + H30+ (meio alcalino) R-NH2 + H20 R-NH3 + + OH- (meio ácido) Havendo maior ionização no radical ácido, o coloide fica negativo; se houver maior ionização no radical básico, o coloide ficará positivo. Mas não é no pH = 7,0 (neutro) que o coloide é neutro, isso porque a maioria das proteínas têm mais radicais -COOH em relação a radicais -NH2. Assim, no pH = 7,0 o coloide é negativo. Chamamos de ponto iso-elétrico, que geralmente é ácido, o valor de pH em que o coloide é neutro. 0 ponto isoelétrico caracteriza-se pelo mínimo de hidratação (embebição) do coloide e menor estabilidade do mesmo. Dessa maneira podemos perceber o efeito do pH na embebição dos colóides. Os próprios ions de um sal têm influência na hidratação dos colóides, pois se eles podem penetrar por entre as micelas de um colóide, podem interferir na embebição. Consideremos, como exemplo, os ions antagônicos K+ e Ca++ (peso molecular semelhante). O potássio é um ion hidratante (ele carrega consigo uma grande camada de solvatação por ser monovalente) enquanto que o cálcio é um ion desidratante (por ser bivalente ele carrega uma camada de solvatação menor). O ion potássio imiscui-se por entre as micelas coloidais afastando-as entre si (grande embebição) enquanto que o cálcio liga-se pelas suas 2 valências livres à duas micelas coloidais, exercendo o chamado "efeito de 18 pinça" e com isso a embebição é pequena. Portanto ions monovalentes tornam o coloide mais fluido (menos viscoso) enquanto que os bivalentes desidratam pelo efeito da pinça, tornando os coloides mais resistentes mecanicamente, aumentando a viscosidade e a adesividade. Este efeito é ilustrado quando submetemos um tecido vegetal à plasmólise em soluções isotônicas de KNO3 e Ca(NO3)2. A plasmólise obtida com KNO3 é chamada plasmólise convexa ou plasmólise em meia lua, caracterizada pela regularidade do despregamento do citoplasma e pela sua grande embebição (aparecendo o citoplasma na forma de meia lua). Já na plasmólise com Ca(NO3)2, chamada de plasmólise côncava:- o citoplasma se desprega de maneira irregular e se embebe pouco. Por esta razão, deve existir no ambiente fisiológico normal não só ions monovalentes ou bivalentes, mas sim uma mistura deles para permitir uma embebição normal do citoplasma.. Assim, um sal por si só em solução única, é sempre um tóxico, porque prevalece um único efeito. Ref. Bibliográficas : Nobel , P.S. 2000 Plant Physiology – Physicochemical & Environmental. 2ed. Academic Press, New York, 474 p.
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