Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DE UBERABA PROJETO DE ARQUITETURA V FLÁVIA LETÍCIA CAMPELO SCHULZ, Christian Norberg. O fenômeno do lugar. Uma nova agenda para a arquitetura. São Paulo, 2006. Editora: Cosac Naify. Este livro reúne ensaios de teoria contemporânea sobre arquitetura, e foi escrito por Kate Nesbitt. O presente exercício, tem como objetivo analisar o capítulo escrito por Christian Norberg-Schulz: o fenômeno do lugar. Schulz foi um arquiteto e urbanista norueguês, destacou-se como teórico com publicações sobre arquitetura clássica italiana e o barroco. Schulz era ligado a uma fenomenologia da arquitetura, e desde 1960 baseou seu trabalho nas ideias de Martin Heidegger. O arquiteto utilizou a linguística, a psicologia da percepção e fenomenologia para construir uma teoria abrangente da arquitetura. Ele define a fenomenologia como “método” que existe um “retorno as coisas”, sem oposição às abstrações e construções mentais. O teórico introduz a antiga noção romana do genius loci (a ideia do espírito de um determinado lugar, que estabelece um elo com o sagrado). O autor defende que a arquitetura deve ser entendida como uma arte, afastando- se assim, da ciência, ele nos faz entender que os arquitetos e urbanistas devem levar em conta para criação do lugar algo que nos identifiquemos, algo seguro, que tenha um significado e que não seja apenas abstrato, ele define também o conceito de lugar, que seria a totalidade criada entre coisas concretas e uma qualidade ambiental. O lugar significa mais do que a localização e a qualidade ambiental dos lugares seria definidora das atividades humanas. O autor também faz uma crítica ao movimento moderno, dizendo que esta fase foi um excesso de abstração, pois se distancia muito da realidade das coisas e que era algo muito científico (forma segue a função). O teórico ressalta que os fenômenos são aquilo que experimentamos num determinado lugar, o que se diferencia dos dados, que são informações para descrever o fenômeno científico. Em seguida, ele apresenta o conceito de espaço, ressaltando que este não é algo novo na arquitetura, este termo é tido como um “sistema de lugares”, o que dá a entender que o conceito tem raízes em situações concretas, o interno e o externo, fora x dentro, sendo o primeiro a relação entre o homem e a natureza, e o segundo apenas o fator humano. O conceito de caráter é definido como algo que ocorre em função do tempo, ou seja, ele muda com as estações, com o correr do dia e com as situações meteorológicas, o autor ainda ressalta que é uma definição material e formal do lugar, sendo assim, temos que perguntar como é o solo em que pisamos, como é o céu em nossas cabeças e como são as fronteiras que definem o lugar, o caráter do lugar depende de como as coisas são feitas, o que se diferencia do conceito de espaço. O autor define o “habitar” como as relações entre o homem e o lugar, e que este deve identificar-se com o ambiente. Schulz defende que é importante construir lugares de forma que eles se relacionem com o externo – a paisagem, com o território, com a cultura. Dessa forma, todo “lugar” é um assentamento e uma paisagem, e todo lugar tem um “espaço” e um “caráter”. Mais um conceito definido pelo arquiteto é a “identificação”, que deve ter uma boa relação com o ambiente, ou seja, o homem tem que apreciar o determinado local (ambiente) em que está, como ele mesmo exemplifica, o nórdico com o nevoeiro. A identidade de uma pessoa, definida pelo autor, é referente ao lugar em que nós nascemos, ou moramos, pois ele mesmo diz: “quando uma pessoa quer declarar quem é, geralmente diz “sou nova-iorquino” ou “sou romano”. Isso tem um significado bem mais concreto do que dizer “sou arquiteto” ou, então, “sou otimista”. O teórico finaliza o texto dizendo que a arquitetura pertence à poesia, e que seu propósito é ajudar o homem a habitar, aproximando as construções ao ambiente. Após a leitura deste ensaio, concluí que a arquitetura deve se basear em experiencias e necessidades definida pelo sentimento das pessoas, para criar lugares que as pessoas se identifiquem e que façam questão de pertencer, a arquitetura sendo entendida como uma arte é uma forma de fazer com que esses objetivos sejam alcançados, e que ao projetarmos, possamos agregar valor à paisagem e não só apenas pensar em abrigar, como é feito em habitações de interesse social.
Compartilhar