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[Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 1 CAMPO MAGNÉTICO E MAGNETISMO Prof. Manoel M. Ferreira Jr (DEFIS-UFMA) INTRODUÇÃO Após ter realizado um estudo preliminar sobre as leis da eletrostática, neste capítulo iniciamos os estudos referentes à magnetostática, parte do eletromagnetismo que descreve as propriedades de campos magnéticos que não apresentam variação temporal, ou seja, não mudam com o tempo. Neste caso, nos ateremos principalmente à interação entre os campos magnéticos gerados por ímãs permanentes (materiais permanentemente magnetizados) e cargas elétricas ou fios de corrente. Magnetismo As origens do magnetismo remontam à Grécia antiga, onde foram observadas as propriedades das pedras de magnetita ( 3 4Fe O ), um óxido de ferro que atua como ímã natural (permanente), capaz de atrair pequenos pedaços de ferro. A este poder de atração, os gregos denominaram de magnetismo. A primeira descrição sistemática sobre o fenômeno do magnetismo foi dada por William Gilbert (médico da rainha da Inglaterra Elizabeth I ), que escreveu em 1600 o grande tratado “De Magnete”, um compêndio de todos os conhecimentos sobre magnetismo existentes até a época, escrito em nível fantástico riqueza de detalhes e explicações, e que constituiu a primeira abordagem científica sobre o tema. Nesta obra, a Terra foi descrita pela primeira vez como um grande ímã permanente, com pólos Norte (N) e Sul (S) magnéticos, o que explicava bem a existência do campo magnético terrestre, assim como o fato da agulha de uma bússola sempre apontar para o pólo norte. Fatos observacionais referentes aos ímãs: • Ímã permanente: estrutura composta por dois pólos magnéticos que apresentam comportamentos opostos (pólo Norte (N) e Pólo Sul (S)). • Pólos opostos se atraem: pólo norte e pólo sul (N – S) experimentam força de atração • Pólos iguais se repelem: pólo norte repele pólo norte (N – N) e pólo sul repele pólo sul (S – S). Do ponto de vista moderno, o termo magnetismo refere-se ao conjunto de fenômenos que envolvem os materiais magnéticos e o campo magnético por eles originado. Ímãs permanentes criam campo magnético, que é o elemento transmissor da interação magnética. Campo Magnético: O Campo magnético ( )B é a entidade físico-matemática que transmite a interação magnética ao longo do espaço entre dois corpos interagentes. Estes corpos podem ser dois magnetos ou um magneto e uma carga elétrica, ou dois fios com corrente elétrica. Na descrição do magnetismo, o campo magnético desempenha o mesmo papel que o campo elétrico na eletrostática, ou seja, de transmissor da interação física. Portanto, para estudar N S [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 2 o magnetismo e a suas interações, é absolutamente necessário definir o conceito de campo magnético e suas propriedades. Uma pergunta básica, sem dúvida, é qual a origem do campo magnético gerado por um ímã. Do ponto de vista microscópico, o campo ( )B de um magneto é criado por cargas em movimento presentes dentro do material. Tais cargas geram corrente elétrica, que produz um pequeno dipolo magnético em escala atômica. Um dipolo magnético é qualquer estrutura composta por um pólo norte e sul, podendo ser microscópico (átomo) ou macroscópico (ímã). Certos átomos funcionam como pequenos dipolos magnéticos microscópicos, criados pelas correntes associadas aos movimentos dos elétrons (cargas) em torno do núcleo atômico. Um material magnetizado, tal como um ímã permanente, é formado por um conjunto de pequeninos dipolos magnéticos, cujo efeito global resultante (macroscópico) é a magnetização observada. Portanto, um ímã permanente é uma estrutura formada por uma enorme coleção de dipolos magnéticos microscópicos. Importante ressaltar que cargas estáticas criam apenas campo elétrico E , enquanto que cargas em movimento criam campo magnético ( )B e campo elétrico E simultaneamente. Os efeitos de um ímã permanente estão diretamente associados à magnitude do campo magnético gerado pelo próprio ímã. Uma das formas de quantificar tais efeitos é determinando a força magnética que este campo consegue imprimir sobre cargas elétricas ou dipolos magnéticos a sua volta. Atualmente, os diversos efeitos magnéticos conhecidos são calculados através das leis quem regem o eletromagnetismo, formuladas por Oersted, Ampère, Faraday, Lenz e Maxwell, entre outros. • Linhas de campo magnético: são linhas que nascem no pólo norte e findam no pólo sul do magneto. Permitem determinar a direção do campo ( )B em qualquer ponto do espaço, uma vez que este campo é sempre tangente a tais linhas. Toda linha de campo magnético já observada é fechada, pois nasce no pólo norte e morre no pólo sul. Não há linha de campo magnético aberta (não foi observada até o presente momento). Isto indica que o fluxo do campo magnético por uma superfície fechada S é nulo, ou seja: ˆ 0 S V B ndS B dS⋅ = ⋅ =∫ ∫ . (CB1) O fato do fluxo do campo magnético por qualquer superfície fechada ser nulo, ∫ =⋅= S M dSnB 0ˆ ϕ , é uma conseqüência da inexistência de monoplos magnéticos. [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 3 • Figura 1: Ilustração das linhas de campo de um magneto permanente Figura 2: Linhas de campo magnético de ímã demarcadas por limalha de ferro Observe que um monopolo magnético teria consigo associado um perfil de linhas de campo magnético abertas, em simetria radial, tal como indicado pelos vetores da Fig. (3): Figura 3: Perfil de linhas de campo geradas por um monopolo magnético Importante destacar que se houvesse monopolos magnéticos na natureza (e linhas de campo magnético abertas), então teríamos: ˆ 0 S B ndS⋅ ≠∫ . (CB2) A inexistência de monopolos magnéticos implica no fato do divergente do campo magnético ser nulo. Este resultado, que consiste na 2º equação de Maxwell, pode ser obtido diretamente do teorema da divergência de Gauss: ( )ˆ S V B ndS B dV⋅ = ∇ ⋅∫ ∫ . Como não existem [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 4 monopolos magnéticos, as linhas de campo magnético são sempre fechadas (saem do polo norte e chegam no polo sul). Em consequência, o fluxo do campo magnético por qualquer superfície S, fechada, englobando o dipolo, é sempre nulo, ou seja, ˆ 0 S B ndS⋅ =∫ . O teorema de Gauss implica em ( )ˆ 0 S V B ndS B dV⋅ = ∇ ⋅ =∫ ∫ . (CB3) Para a equação anterior ser sempre verdadeira, devemos ter: 0B∇ ⋅ = , (CB4) indicando que o divergente do campo magnético é nulo. Força magnética: À primeira vista, podemos dizer que a força magnética é a força (de atração ou repulsão) que um magneto exerce sobre outro magneto, situação familiar para a maioria das crianças curiosas. Entretanto, a força magnética não atua apenas entre ímãs, mas aparece numa ampla diversidade de situações envolvendo correntes elétricas e cargas em movimento. Fundamentalmente, podemos afirmar que existe força magnética entre dois corpos quando os mesmos são capazes de gerar e responder à ação de um campo magnético. Cargas elétricas em movimento são elementos que originam campos magnéticos e também sofrem ação dos mesmos. Portanto, concluímos que sistemas compostos por correntes elétricas e cargas em movimentos têm suas partes sujeitas à ação de força magnética. Para iniciarmoso estudo que permite quantificar a força magnética, devemos determinar a força magnética que atua sobre uma carga q puntiforme. Para isto, faz-se necessário conhecer o campo magnético B estabelecido na região do espaço onde tal carga se desloca com velocidade v . Esta força magnética é dada por: ( )vmF q B= × . (CB5) O sentido e direção de mF é dado pela regra da mão direita. Notação: ⊗ • planonoentrando planodosaindo Sendo mF um vetor axial (vetor dado pelo produto vetorial de dois outros vetores), mF terá a direção de um vetor ortogonal ao plano definido pelos vetores v e B : v,F B⊥ . O sentido de mF é dado pela regra da mão-direita, cuja aplicação está ilustrada na Fig. (4), que mostra o dedão alinhado com a direção da velocidade, enquanto os outros dedos ficam alinhados com o campo B , neste caso o sentido da força magnética é saindo da palma da mão. [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 5 • Figura 4: Regra da mão direita para a os vetores velocidade (V), campo magnético (B) e força magnética (F) • Figura 5: Força magnética, velocidade e campo magnético. A Fig. (5) exibe uma situação geral em que o campo B e vetor velocidade v formam um ângulo θ . Neste caso, o módulo da força magnética vale: vmF q Bsenθ= . Na verdade, a força total que atua sobre uma carga imersa em um campo eletromagnético é dada pela força de Lorentz, soma da força elétrica com a força magnética: vL e mF F F qE q B= + = + × , ( v )LF q E B= + × . (CB6) É a força de Lorentz que rege a evolução de uma carga numa região do espaço dotada de campo elétrico e magnético, simultaneamente. Unidade de campo magnético: a unidade do campo magnético pode ser obtida diretamente da fórmula da força magnética, sendo dada pelo Tesla (T) no S.I. e pelo Gauss (G) no C.G.S. Tomando a fórmula da força magnética na sua formulação dimensional, escrevemos: [ ] [ ][ ] [ ] [ ] [ ][ ][ ] v vm F F q B B q = ⇒ = . [ ] / / / N Ns N CB Cm s Cm m s = = = 1 /1 / N CT m s = . (CB8) No sistema CGS: A unidade de campo magnético é Gauss (G), em homenagem ao eminente Carl Friedrich Gauss, físico e matemático alemão que formulou a famosa lei de Gauss e também efetuou as primeiras medidas de campo magnético, dentre muitas outras contribuições importantes à Física e a Matemática. O Campo magnético da Terra vale aproximadamente 0,6B G≅ , enquanto o campo gerado por um pequeno magneto de ferro vale cerca de 100 G. Materiais de comportamento magnético pronunciado, tal como a liga nióbio-ferro-boro (NIB), são [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 6 capazes de originar campos bem mais intensos. Um pequeno ímã de NIB é capaz de criar um campo de 2000 G. Atualmente, existem grandes eletroímãs que produzem em laboratório campos tão intensos quanto 15.000 G. A conversão entre o Tesla e o Gauss é: 1T = 104G. Vemos assim que o Gauss é mais indicado para medida de campos de baixa intensidade, enquanto o Tesla é mais apropriado para medida de campos de alta intensidade. CARGA ELÉTRICA EM MOVIMENTO SOB AÇÃO DE UM CAMPO MAGNÉTICO UNIFORME a) Movimento Circular Um dos casos mais importantes relacionadas ao movimento de cargas em meio a campos magnéticos é o de uma carga elétrica pontual em um campo magnético uniforme (constante). Esta é uma situação de grande interesse devido a sua enorme aplicabilidade em diversos dispositivos com finalidade experimental, voltados para a detecção de partículas elementares e aplicações tecnológicas diversas. Devido ao fato da força magnética ser proporcional ao produto vetorial v B× , é fácil mostrar que uma carga elétrica q é impelida a realizar movimento circular uniforme (MCU) em meio a um campo magnético uniforme. Além disto, o sentido da deflexão está atrelado ao sinal da carga elétrica: para cada configuração de campo B e velocidade inicial, v , existem dois sentidos opostos de deflexão associados ao sinal da carga elétrica. Ocorre que cargas elétricas de sinais opostos sofrem ação de forças magnética opostas. A Fig. (6) ilustra bem as duas possibilidades de deflexão para um campo magnético saindo do plano do papel. • Figura 6: Movimento de Carga q em campo magnético B A Fig. (7) ilustra em detalhes a situação em que uma carga elétrica q aproxima-se de uma região do espaço provida de um campo magnético uniforme (com sentido saindo do plano do papel), aqui representado por um conjunto de círculos concêntricos eqüidistantes um do outro. A uniformidade do campo está obviamente associada ao fato da densidade de linhas de campo magnético ser a mesma em todo espaço. Numa situação de campo não-uniforme, o campo é mais intenso na região onde há maior densidade de linhas de campo (linhas de campo mais próximas umas das outras). [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 7 A carga segue em movimento retilíneo uniforme (MRU) até o momento que adentra a região permeada pelo campo magnético, quando então passa a sofrer ação da força magnética (sempre ortogonal ao plano delimitado pelos vetores v e B ), cujo sentido é dado pela regra da mão-direita. No momento inicial da interação carga-campo, a força magnética é vertical para baixo, o que faz o vetor velocidade inclinar-se para baixo. A partir de então a força magnética deixa de ser vertical, mantendo-se sempre ortogonal à velocidade, passando a atuar como força centrípeta, que altera a direção do movimento, mas não o módulo da velocidade. Com isto, a partícula passa a realizar um MCU enquanto tiver na região com campo magnético. No momento em que partícula abandona a região do campo, deixa de sofrer a ação de força magnética, volta a realizar um MRU, como ilustra a Fig. (7). • Figura 7: Movimento de uma carga q em uma região com campo magnético uniforme Ademais, é muito fácil determinar a freqüência angular do movimento circular descrito pela partícula na presença do campo magnético. Para isto, basta observar que a força magnética faz o papel da força centrípeta ( m cpF F= ), o que leva a: 2vv sinq B m R θ = . (CB9) Como v B⊥ , temos 90ºθ = , o que implica em: 2v vv mq B m qB R R = ⇒ = . Desta última fórmula, obtemos o raio do movimento circular e a velocidade da partícula em MCU: vmR qB = , v qBR m = . (CB10) O raio R é conhecido como raio de Larmor. Observe que quanto maior a velocidade, maior o raio da trajetória (mantendo-se as outras variáveis - , ,B m q - constantes). Por outro lado, [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 8 mantendo-se v, ,m q constantes e aumentando-se a magnitude do campo B, então o raio da trajetória circular diminui. A freqüência angular ( v/Rω = ) pode ser então obtida diretamente da expressão da velocidade, fornecendo: qB m ω = , (CB11) sendo conhecida como frequência de Larmor ou frequência cíclotron. O período do movimento ( 2 /T π ω= ) é também facilmente obtido: 2 mT qB π = . (CB12) Vemos assim que a freqüência angular (e o período do movimento) é independente do raio e da velocidade da partícula. Figura 8: MCU de elétron em campo magnéticovertical • Figura 9: Esquema da força magnética cada ponto da trajetória circular da carga q em campo B As partículas mais rápidas (maior v) movem-se em círculos de maior raio, enquanto as partículas mais lentas movem-se em círculos de menor raio, todas, entretanto, completando a volta no mesmo tempo T (desde que possuam a mesma razão massa/carga - /q m ). Este importante resultado foi de fundamental importância para a construção do primeiro acelerador circular de partículas: o cíclotron de Lawrence, nos anos 40. A freqüência do movimento da partícula no campo magnético depende apenas da razão massa/carga - /q m e da magnitude do campo, B, sendo denominada de freqüência cíclotron. A Fig. (8) ilustra uma carga em MCU em meio a um campo magnético uniforme, exibindo a velocidade e força magnética em alguns pontos da trajetória. [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 9 b) Movimento Helicoidal em campo uniforme É importante destacar que o movimento da partícula só será perfeitamente circular quando a sua velocidade inicial (velocidade de entrada na região com campo) é exatamente perpendicular ao campo magnético. Se a partícula possui uma velocidade inicial paralela à direção do campo B, dada por //v , então ela continua em MRU ao longo da direção inicial o tempo todo, pois a componente de velocidade //v não implica em força magnética //(v 0)B× = . Em uma situação genérica, a velocidade inicial da partícula v possui uma componente ortogonal ( v⊥ ) e outra paralela ( //v ) ao campo magnético, sendo escrita como: //v v v⊥= + . Enquanto a componente ortogonal origina um movimento circular uniforme cujo raio é dado por v /R m qB⊥= , a componente longitudinal da velocidade mantém-se inalterada sob ação do campo, perpetuando um MRU, que ocorre simultaneamente ao MCU. A conjugação destes dois movimentos determina então uma trajetória helicoidal, que se estende na direção de //v . Isto significa que ao adentrar na região com campo magnético, a partícula passa a descrever hélice com eixo central alinhado na direção do campo B. Vide Fig. (9). Será a magnitude da componente //v que determinará o passo da hélice (distância entre dois laços adjacentes), dado por: //vPassoS T∆ = , onde 2 /T π ω= é o período do movimento circular. Sendo /qB mω = , resulta: //2 v /PassoS m qBπ∆ = . Supondo-se que a partícula carregada adentra na região do campo com velocidade inicial que faz um ângulo α com a direção do campo, temos: //v vcos , v vsinα α⊥= = . (CB13) Deste modo, o raio da hélice e o passo do movimento valem: ( )vsin /R m qBα= , ( )2 vcos /PassoS m qBπ α∆ = . (CB14) Quanto maior //v , maior o passo, e mais aberta será a hélice (laços adjacentes mais espaçados entre si). Quando menor //v , menor o passo, e mais compacta é a hélice (laços adjacentes mais próximos entre si). A Fig. (10) ilustra uma situação em que o campo magnético aponta na direção do eixo-x, e a velocidade inicial da partícula possui ambas componentes não- nulas. • Figura 10: movimento helicoidal em torno das linhas de campo magnético (B) constante [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 10 Solução formal via equação diferencial: A solução para este problema pode também ser obtida diretamente da 2ª lei de Newton, que é escrita como: ( ) 2 2 v d rm q B dt = × . (CB15) Para (0,0, )B B= , e v (v ,v ,v )x y= , temos: ˆ ˆv v vy xB Bx By× = − , de modo que a equação de movimento é: ˆ ˆv vy xmr q Bx q By= − . Lembrando que ( ), ,r x y z= , e escrevendo os vetores em forma de matrizes colunas, temos: 0 x By m y q Bx z = − , (CB16) que implica em três equações diferenciais, ,mx qBy= (CB17A) ,my qBx= − (CB17B) 0mz = , (CB17C) sendo as duas primeiras acopladas. Podemos iniciar pela solução da Eq. (CB17C), cuja integração temporal implica em z cte= ou vz cte= , ou seja, vzz = . Integrando novamente no tempo, obtemos: 0( ) vzz t t z= + , (CB18) sendo 0z uma constante. Esta solução confirma o que já sabemos: a partícula descrever um MRU (movimento retilíneo uniforme) ao longo o eixo em que aponta o campo magnético. Integrando a Eq. (CB17B), temos: qBy x a m = − + . (CB19) Substituindo na Eq. (CB17A), temos: 2 ,qB qBx x a m m = − + (CB20) Escolhendo 0a = , temos a equação do oscilador harmônico simples, 20 0x xω+ = , onde ( )0 /qB mω = , cuja solução é: ( )0( ) cosx t A tω= . (CB21) Substituindo esta solução na Eq. (CB20): [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 11 ( )0cos qBy A t m ω= − , (CB22) cuja integração leva a ( ) ( )0 0 0 ( ) sin sin .qB Ay t t b A t b m ω ω ω = − + = − + Tomando 0b = , temos simplesmente: ( )0( ) sin .y t A tω= − (CB23) Note que a Eq. (CB20) junto com a Eq. (CB22) representa um movimento circular de raio igual a A no plano x-y. De fato: 2 2 2( ) ( )x t y t A+ = . (CB24) Este resultado certamente é compatível com o movimento helicoidal ao longo eixo-z, cuja projeção no plano x-y é círculo de raio A. Para compatibilizar melhor estas duas descrições, devemos mostrar que o raio do círculo, A, é dado por vmR qB = . Esta demonstração deve ser obtida dentro da solução das equações diferenciais (CB17A) - (CB17C). Considerando as Eqs. (CB21) e (CB23), temos as componentes da velocidade transversal v⊥ : ( )0 0( ) sinx t A tω ω= − , ( )0 0( ) sin .y t A tω ω= − Seu módulo quadrático vale: 2 2 2v x y⊥ = + , ou seja, 2 2 2 0v A ω⊥ = . (CB25) Esta velocidade coincide com aquela da Eq. (CB10), ou seja, 0v qBR A m ω⊥ = = , o que leva simplesmente a: A R= , como esperado. Figura 11: Ilustração da entrada de uma partícula carregada q em um campo magnético uniforme B a partícula passa a descrever uma hélice em torno do eixo do campo magnético. Figura 12: Ilustração das componentes ortogonal ( v⊥ ) e paralela ( //v ) da velocidade ao campo magnético. [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 12 c) Movimento Helicoidal em campo magnético variável Ao adentrar em um campo magnético não uniforme, com velocidade não ortogonal ao campo, a partícula continuará realizando movimento helicoidal, com eixo alinhado ao campo magnético. Só que a hélice não será uniforme: terá raio e passo variáveis, na medida em que o campo B muda de intensidade. Lembrando que ( )vsin /R m qBα= , ( )2 vcos /PassoS m qBπ α∆ = , notamos que o raio e o passo da hélice diminuem com o aumento da magnitude do campo B. Deste modo, quando a partícula passa de uma região de menor para maior campo B, os círculos da hélice tornam-se menores (menor raio) e mais próximas umas das outras (menor passo). Noteque a diminuição do passo está associada à redução da velocidade na direção longitudinal ao campo B, que ocorre quando a partícula passa para uma região de maior campo magnético. Este tema é bastante importante no estudo de plasmas, estado da matéria constituído para partículas carregadas (elétrons, prótons e íons) dissociadas, sujeitas à ação de campos eletromagnéticos. • Figura 13: Ilustração do movimento helicoidal de uma partícula carregada que se desloca em um campo magnético crescente ao longo do eixo-z, ou seja, 0B z ∂ > ∂ . O movimento de partículas carregadas em campo magnético variável encontra um laboratório natural nas camadas atmosféricas mais externas da Terra. De fato, a atmosfera terrestre é constantemente bombardeada por feixes de partículas carregadas advindas do Sol (vento solar) e do meio interestelar (raios cósmicos). Ao sofrer influência do campo magnético terrestre, tais partículas alinham-se com as linhas de campo, sendo aprisionadas em movimento helicoidal em torno das mesmas, tal como ilustrado na Fig. (12) e (13). Tais partículas são direcionadas para o pólo Norte ou polo Sul magnéticos, gerando o fenômeno da aurora boreal (no polo norte) e aurora austral (no polo norte), quando adentram as camadas mais internas da atmosfera. [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 13 As Fig. (12) e (13) representam ilustrações artísticas do movimento helicoidal de partículas carregadas no campo magnético da Terra. Note que os laços da hélice tornam-se maiores e mais afastados na região de menor campo magnético (mais distante da Terra). A região da atmosfera onde estas partículas são aprisionadas nestas órbitas helicoidais recebeu a denominação de cinturão de radiação de Van Allen, em homenagem a James Van Allen, que primeiro percebeu este fenômeno. • Figura 14: Ilustração do movimento helicoidal de partículas carregadas no campo magnético da Terra. • Figura 15: Ilustração da “entrada” de partículas carregadas na atmosfera da Terra, via aprisionamento nas linhas do campo magnético terrestre Há um cinturão mais externo, que aprisiona principalmente elétrons e um cinturão mais interno que aprisiona elétrons e prótons. As partículas que circulam nestes cinturões são prejudiciais aos satélites, que devem ser equipados com proteção de blindagem quando suas órbitas cruzam tais cinturões. A densidade de partículas nestes cinturões é bastante afetada pelo vento solar, sendo bastante aumentada em tempestades solares. DESCOBERTA DO POSITRON POR CARL ANDERSON A descoberta do pósitron, no inicio dos anos 30, é mais um caso de experimento que pode ser descrito simplesmente pela ação de um campo magnético sobre uma partícula carregada que atravessa a região de um detector chamado “câmara de Wilson”. Coube a Carl Anderson a descoberta do pósitron, anti-partícula do elétron, por volta de 1931 no Caltech. A descoberta ocorreu através da análise de trajetórias de raios cósmicos ou partículas criadas por raios cósmicos através de uma câmera de nuvens, onde foi observado a presença de partículas com trajetórias de curvatura igual a de elétrons, ou seja, partículas com a mesma razão carga/massa do elétron, porém com carga oposta, o que se adequava com a previsão de anti-partícula de Paul Dirac. A descoberta do pósitron foi mais um caso de experimento relevante que ocorreu na na chamada Câmara de Núvens de Wilson, um dispositivo que registrava a trajetória de partículas carregadas no interior de uma atmosfera suturada de vapor d´água, cuja invenção valeu o Prêmio Nobel de Física de 1927 a Charles Wilson. http://en.wikipedia.org/wiki/James_Van_Allen [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 14 Figura 16: Câmera de Nuvens de Wilson em exposição no Museu Cavendish, do Laboratório Cavendish (Universidade de Cambridge), onde foi primeiramente usado. A Câmara de Wilson foi inventada por Charles Thomson Rees Wilson, em 1897, na Universidade de Cambridge. É também denominada de câmara de nuvens, uma vez que contém uma câmara ou região limitada por uma campânula de vidro que contém uma atmosfera saturada de vapor d'água. Quando uma partícula carregada passa nesta atmosfera, causa ionização das gotículas de água adjacentes a sua trajetória, que agregam então outras gotículas por atração eletrostática, formando um rastro de pequenas gotas macroscópicas. Foi um instrumento importante em experimentos que revelaram a existências de partículas fundamentais da natureza, tais como os experimentos com raios catódicos Joseph John Thomson, no laboratório Cavendish por volta de 1897. EXPERIMENTO: Para um campo B entrando no plano do papel, temos: • Um elétron ( 0q < ) vindo de baixo para cima sofre deflexão lateral para direita. • Um elétron positivo ( 0q > ) vindo de cima para baixo, sofre deflexão também para a direita. Figura 17: Elétron ( 0q < ) vindo de baixo para cima sofre deflexão lateral para direita. Figura 18: Elétron positivo ( 0q > ) vindo de cima para baixo, sofre deflexão também para a direita. • Como a razão carga/massa é a mesma para o elétron e para o pósitron, Anderson sabia que tais partículas teriam trajetórias como mesmo raio e mesma curvatura em um campo magnético B conhecido. Isso geraria uma ambiguidade para a natureza da partícula que descrevia a trajetória. https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Thomson_Rees_Wilson https://pt.wikipedia.org/wiki/Joseph_John_Thomson https://pt.wikipedia.org/wiki/Joseph_John_Thomson [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 15 Figura 19: Registro de trajetória de partícula de carga + q na câmera de Wilson vindo de cima para baixo Figura 20: Registro de trajetória de partícula de carga + q na câmera de Wilson vindo de baixo para cima • Para sanar a dúvida, uma vez que processo de formação da trajetória não era visualizado no detector, era necessário saber de onde vinha a partícula. Para saber o sentido de origem da partícula, e resolver essa ambiguidade, Anderson colocou uma placa de chumbo no meio da câmera de nuvens, de modo que ao passar por ela o elétron perderia velocidade e seu raio de curvatura diminuiria (trajetória torna-se-ia mais curva após passar através da placa), pois v /R m qB= . Quanto menor o raio, maior a curvatura, e vice-versa! • Carl Anderson concluiu então que havia trajetórias compatíveis com uma partícula de mesma massa do elétron e carga oposta (“elétron positivo”). Desta forma, foi descoberto o pósitron! Por esse feito, Anderson foi laureado com prêmio Nobel de Física de 1936. Carl Anderson também descobriu o múon, outra partícula da família dos léptons, em 1936. GARRAFA MAGNÉTICA A garrafa magnética (magnetic bottle) é um dispositivo formado por duas bobinas paralelas (coins), que funcionam como eletroímãs, que criam um campo magnético não uniforme na região entre as mesmas, sendo mais intenso nas proximidades das duas bobinas. Tal campo aprisiona partículas carregadas, que executam movimentos circulares de raio e passo maior na região onde a magnitude do campo B é menor, e vice-versa. Na ilustração que se segue, percebemos que o raio do movimento circular e espaçamento entre as voltas cresce nas regiões onde o campo é menos intenso e vice-versa. A “garrafa magnética” é um dispositivo onde ocorre a reflexão magnética, na qual uma partícula carregada inverte seu momento devido à ação de um campo magnético anisotrópico, num processo ou mecanismo que chamamos de “espelho magnético”. A reflexão magnética é um fenômeno bastante importante em física de plasmas, com repercussões em modelos astrofísicos, onde a reflexão especularde partículas em nuvens magnéticas é uma das ideias de base do chamado Mecanismo de Fermi para aceleração de raios cósmicos ultra-energéticos. [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 16 Figura 21: Ilustração da garrafa magnética Carga elétrica em movimento sob ação de um campo magnético e elétrico uniformes Neste caso, o movimento da partícula será regido pela força de Lorentz. Sabemos que a força magnética originará um movimento circular ao longo do plano que contém os vetores v e mF . Por outro lado, há também força elétrica, que gera um movimento uniforme (“drift motion”) ao longo da direção do vetor E B× , com velocidade de deslocamento dada por ( ) 2E B B× . O movimento resultante helicoidal da carga será uma combinação do movimento circular e do retilíneo uniforme ao longo do eixo dado pelo vetor E B× . INCOMPLETO Considere uma carga pontual q submetida à ação de um campo eletromagnético constituído por campos E e B ortogonais, dados por: ˆ ˆ, E Ei B Bz= = . (a) Escreva a segunda lei de Newton para esta partícula, obtendo as equações diferenciais que regem seu movimento no espaço. (b) Considerando uma velocidade inicial dada por 0 0 0ˆ ˆy zu u y u z= + , determine as velocidades ( ), ( ), ( )x y zu t u t u t da partícula. INCOMPLETO FORÇA MAGNÉTICA SOBRE UM FIO DE CORRENTE Em 1820, Oersted observou que um fio de corrente é capaz de defletir a agulha de uma bússola. A explicação óbvia para este fenômeno é dada em termos de um campo magnético, criado pelo fio de corrente. Este campo magnético então gera uma força magnética sobre a agulha da bússola, que nada mais é que um magneto (ímã com pólos norte [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 17 e sul), deslocando-a da posição inicial. Então podemos assim resumir o efeito observado por Oersted: um fio de corrente gera campo magnético que exerce força magnética sobre um pequeno ímã. Da mesma forma, o efeito reverso é também observado, ou seja, um campo magnético externo gera força sobre um fio de corrente. A origem da força magnética sobre um fio de corrente advém da força do campo magnético sobre os elétrons livres de condução do metal. Podemos inicialmente escrever a força magnética sobre um elétron de condução (do fio condutor), que vale: v ,mF e B= − × onde v é a velocidade média de deslocamento dos elétrons dentro do condutor. A Fig. (16) retrata uma pequena porção de um fio condutor, onde se observa os elétrons em movimento translacional com velocidade v . Figura 22: Portadores de carga com velocidade <v> (drift velocity) em volume v de condutor. Figura 23: Força sobre portador de carga (positivo) dentro de condutor de corrente Podemos escrever a força sobre elétrons contidos num volume V∆ , vmF Ne B= − × , onde N n V= ∆ é o número de elétrons livres no volume V∆ , e n é a densidade de portadores de carga (em um metal: 2210≅n átomos/cm3). Dividindo a força mF pelo elemento de volume V∆ , obtemos a densidade de força magnética ( )mf , dada por: vm F Nf e B V V = = − × ∆ ∆ , vmf ne B= − × . Sabendo que vnej −= é a densidade de corrente elétrica, obtemos: mf j B= × . Para calcular a força magnética sobre um condutor de corrente, é necessário primeiro escrever o elemento de força infinitesimal que age sobre um elemento de fio de comprimento dl, dado por: m mdF f V= ∆ , onde AdlV =∆ . Substituindo a expressão da [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 18 densidade de força magnética, obtemos o elemento de força magnética sobre os elétrons contidos no volume V∆ . Temos assim: ( )m mdF f Adl j B Adl= = × , ( )mdF jA Bdl Ajdl B= × = × , mdF Ajdl B idl B= × = × , onde foi usado i Aj= e dljdlj = , pois a densidade de corrente tem a mesma direção do vetor dl . Portanto, mdF idl B= × é o elemento de força sobre um pedaço de fio de tamanho infinitesimal dl . De posse do elemento de força infinitesimal mdF , podemos agora obter a força magnética que atua sobre um condutor de comprimento L por integração, ou seja, integrando-se o elemento de força mdF ao longo de todo o fio: 0 L m mF dF idl B= = ×∫ ∫ . No caso elementar em que o fio é retilíneo e o campo magnético é constante, a integral C dl∫ fornece simplesmente a dimensão (extensão) do fio, levando a: mF iL B= × , que é o resultado encontrado em textos secundaristas para a força magnética entre o campo e fio condutor. Observe que esta fórmula é válida apenas para o caso simplificado de um fio de corrente retilíneo sujeito à ação de um campo magnético uniforme. Para um circuito de forma arbitrária C, a força é dada por: ( )m CF i dl B= ×∫ . Como a corrente i que flui pelo circuito é a mesma em toda sua extensão, pode ser retirada integral, levando a: ( )m C F i dl B= ×∫ , onde C representa a forma do circuito (caminho de integração). No caso em que o circuito é fechado, temos: m C F i dl B= ×∫ . Sendo o campo magnético constante, cteB = , então este campo também sai da integral, que é realizada apenas sobre o elemento dl , ou seja: ( )m CF i dl B= ×∫ . [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 19 Vale observar que em geral a integral C dl∫ não equivale simplesmente ao tamanho do fio, uma vez que trata-se de uma integração de um elemento vetorial ( dl ). Em se tratando de um circuito fechado, esta integral de linha do elemento vetorial dl fornece resultado nulo, 0 C dl =∫ , acarretando força magnética nula sobre o circuito fechado. Portanto, se B cte= , a força magnética resultante sobre o circuito é nula, 0mF = , uma Resultado: a força magnética exercida por um campo magnético constante sobre um circuito de corrente fechado é nula, independentemente da forma do circuito. Este resultado pode ser entendido também através decomposição vetorial do produto dl B× . Tomemos o campo magnético constante ao longo do eixo-x, ˆB Bx= , e consideraremos o circuito C uma linha fechada contido no plano x-y. Desta forma, ˆ ˆdl xdx ydy= + , de modo que ˆ( )dl B Bdy z× = − . Note então que : ( ) 00 0 M M y C y dl B Bdy Bdy× = + =∫ ∫ ∫ , onde My designa a coordenada máxima do circuito C no eixo-y (ponto de maior coordenada-y), justificando o resultado nulo. Note que se o campo B apontasse no eixo- y, ˆB By= , teríamos: ( ) 00 0 M M x C x dl B Bdx Bdx× = + =∫ ∫ ∫ . TORQUE MAGNÉTICO SOBRE FIO E CIRCUITO DE CORRENTE Apesar da força magnética ser NULA sobre um circuito fechado de corrente (no caso de B cte= ), o torque da força magnética costuma ter implicações apreciáveis sobre o circuito fechado, sendo NÃO-NULO sempre que o campo magnético é não ortogonal ao plano que contém o circuito. Uma situação bastante comum de torque não-nulo ocorre em um circuito cujos lados opostos sofrem ação de força magnética de sentidos opostos. Tais forças constituem um sistema BINÁRIO, cujo torque não-nulo causa ROTAÇÃO. EXEMPLO RESOLVIDO: cálculo da força e torque magnético sobre circuito de corrente retangular. Considere a Fig. (18), onde se observa um circuito retangular de lados a e b, por onde passa uma corrente i constante. Por fins didáticos, este circuito é dividido em quatro lados: 1,2,3,4. [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de FísicaIII – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 20 No caso, admitimos a presença de um campo magnético uniforme apontando ao longo do eixo- jBBy ˆ: = (não representado na figura). • Figura 24: Espira de corrente retangular sob ação de campo magnético. Iniciamos calculando a força magnética sobre o lado 1 do circuito, 11 0,F i dl B= × =∫ que é nula, 1 //pois dl B . Pelo mesmo argumento ( 3 //dl B ), concluímos que a força sobre o lado 3 também é nula: 33 0,F i dl B= × =∫ Cálculo da força sobre o lado 2: 22F i dl B= ×∫ , onde 2 ˆdl zdl= . Temos então: 2 ˆ ˆˆ ( )F i dlz By i Bdl z y iBx dl= × = × = −∫ ∫ ∫ , 2 ˆF iBbx= − . Agora vamos proceder ao cálculo do torque da força magnética sobre o circuito retangular. Para isto, vamos supor que as forças 42 FeF atuam exatamente sobre o ponto médio dos lados 2 e 4, representados aqui por A e B, sendo A o ponto médio do lado 4, onde atua F4 , e B o ponto médio do lado 2, onde atua F2. Observe que as forças 42 FeF são ortogonais ao plano do circuito, a primeira entrando no plano do papel, a segunda saindo do plano. [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 21 • Figura 25: Representação esquemática dos pontos de aplicação das forças Cálculo da força sobre o lado 4: 44 0F i dl B= × =∫ , onde 4 2dl dl= − . 24 ˆF i dl B iBbx= − × =∫ . A força resultante sobre o circuito vale: 1 2 3 4 2 4,RF F F F F F F= + + + = + ˆ ˆ 0RF iBbx iBbx= − + = Vemos assim que força resultante sobre um circuito fechado é nula ( 0RF = ). Da Fig. (19), temos: B Ar r a= + , e B Ar r a− = , sendo a o vetor que liga os pontos A e B. O torque sobre o circuito é então dado por: 4 2 ,A Br F r Fτ = × + × onde 4 2F F= − . Temos então: 2 2 2( ) ( ) ,A B B Ar F r F r r Fτ = × − + × = − × que conduz a: 2a Fτ = × , com 2ˆ ˆ a aj e F iBbx= = − . Temos assim: ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ, iay Bbx iaBby x iaBbzτ τ= − × = × = , o que leva a: ˆiSBzτ = , onde S ab= é área do circuito de corrente. Podemos agora mostrar que o torque pode ser escrito em termos de um novo vetor: o momento magnético do circuito considerado. MOMENTO MAGNÉTICO DE UM CIRCUITO ( )m : grandeza vetorial definida como o produto da corrente pela área de um circuito, apontando na direção ortogonal ao plano do circuito, ou seja, niSm ˆ= , onde n̂ é o versor normal ao plano da área do circuito, cujo sentido é dado pela regra da mão direita (tendo os dedos no sentido da circulação da corrente, e o dedão na direção de n̂ ). Outra maneira equivalente de descobrir a orientação de n̂ é a seguinte: alinhando-se em direção frontal ao versor n̂ , a corrente circula em sentido anti-horário. O momento magnético do circuito da Fig. (16), é dado por: ˆ ˆ m iSn m iabx= ⇒ = [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 22 Lembrando que o torque sobre o circuito vale, ˆiSBzτ = , podemos mostrar o que o mesmo pode ser escrito em termos do momento de dipolo: ˆ ˆˆ ˆ ˆiSx Bj iSBx j iSBzτ = × = × = . Vemos assim que vale: m Bτ = × . Ideia Física: quanto maior é o modulo de m , maior é o torque que o circuito sofre num campo B , e maior o efeito do campo sobre o mesmo. Portanto, vemos que o efeito de um campo magnético sobre um circuito de corrente é diretamente proporcional à magnitude do momento magnético do circuito. Quanto maior for m , maior será o torque sobre o circuito. Associada ao torque m Bτ = × , existe uma energia potencial magnética: ( )U m B= − ⋅ , que torna-se mínima na configuração de equilíbrio estável do momento magnético. A força sobre um dipolo magnético pode também ser escrita como: ( )F m B= ∇ ⋅ . A visão geral do momento magnético associado com um pequeno circuito de corrente está ilustrada na Fig. (17). • Figura 26: Momento magnético m de um circuito de corrente: ortogonal ao plano do circuito, com sentido dado pela regra da mão direita adaptada (dedão paralelo a m e dedos no sentido da corrente). Sob ação de um campo magnético externo, o momento magnético m sofre torque, tendendo a alinhar-se com o campo B . Neste sentido, há duas posições de equilíbrio: (1) momento magnético paralelo e alinhado com o campo B - equilíbrio estável (energia potencial mínima); (2) momento magnético antiparalelo ao campo B - equilíbrio instável (energia potencial máxima). OBS.: Numa situação em que ocorre variação de corrente ou de área do circuito, o momento magnético deve ser calculado observando a corrente i que circula em cada fragmento de área dS do circuito, ou seja, dm idS= ou m i dS= ∫ . [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 23 Existem situações em que o momento de dipolo será melhor dado como: ( )dm S di= , onde S é a área delimitada pelo elemento de corrente di . EXEMPLO RESOLVIDO: (a) Considere um disco de raio R, composto por material isolante, possui espessura desprezível (muito fino). O disco possui carga total Q e densidade superficial de carga σ , e gira em torno do seu eixo central com velocidade angular ω . Determine o momento de dipolo gerado pelo disco em rotação. (b) considere que o disco girante de raio R possui densidade superficial de carga σ linearmente crescente com o raio. Determine o momento magnético. SOLUÇAO: (a) Neste caso, o disco pode ser visto como um conjunto de sucessivos anéis de raio r e espessura dr, em sequência, com conteúdo de carga fixa em cada um deles, uma vez que se trata de um material isolante (as cargas não se movem através do disco). Em cada anel de raio r e espessura dr contém um elemento de carga igual a: (2 )dq rdrσ π= , que irá gerar uma contribuição infinitesimal de corrente, di , dada por: (2 ) ( )dq rdrdi rdr dt T σ π σ ω= = = , onde 2 /T π ω= é o período de revolução do disco. Quanto ao momento de dipolo magnético, cada anel de corrente de raio r e espessura dr, por onde circula uma corrente di , possui área 2 ˆS r nπ= . Logo, irá criar um elemento de momento magnético: ( )dm S di= , dado a seguir: 2 ˆ( )dm Sdi r rdr nπ σ ω= = , cuja integração resulta em: 3 0 ˆ R m n r drσω π= ∫ , 4 2 ˆ ˆ 4 4 R Rm n Q nσωπ ω= = . OBS.: Vale observar que o resultado obtido não é igual ao simples produto da corrente total pela área da espira. De fato, a corrente total associada ao disco girante é igual a: 2 2 00 2 2 R R Ti rdr r R σω σωσω= = =∫ . A área total do circuito é igual a 2Rπ , de modo que o produto da corrente total pela área vale: 4 2( ) 2 2T Qi area R Rπσω ω= = . Notamos que esse produto é ½ do momento magnético obtido por integração do elemento 2 ˆ( )dm Sdi r rdr nπ σ ω= = . Esse fato é corriqueiro em sistemas que possuem quantidades não constantes. [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 24 (b) Para o disco girante de raio R com densidade superficial de carga linearmente crescente com o raio, podemos escrever: ( )r rσ α= . Lembrando que 2(2 ) 2dq rdr r drσ π α π= = e a carga total do disco é Q, vale: 3 2 0 2 2 3 R RQ r drα π πα= =∫ . Quanto ao momento de dipolo magnético, em cada anel de corrente de raio r e espessura dr, circula uma corrente, dada por: 2 2(2 ) ( )dq r drdi r dr dt T α π α ω= = = . Tal anel encerra uma área de área 2 ˆS r nπ= . Logo, irá criar um elemento de momento magnético:( )dm S di= , dado por 2 2 ˆ( )dm r r dr nπ α ω= , cuja integração resulta em: 5 4 0 ˆ ˆ 5 R Rm n r dr nαωπ αωπ= =∫ . 3 2 23 3ˆ ˆ2 3 10 10 R R Rm n n Qω πα ω = = , 23 ˆ 10 Rm Q nω= . Note que esse momento magnético é 20% maior que o obtido no caso da distribuição homogênea de carga. Esse maior momento é de fato esperado, uma vez que quando ( )r rσ α= a carga estará mais concentrada nos anéis mais externos do disco, o que gera correntes ainda maiores nestes anéis, que também possuem áreas maiores. A integração reflete uma média ponderada onde a maior contribuição vem dos anéis mais externos. DINÂMICA DO MOMENTO MAGNÉTICO EM UM CAMPO B EXTERNO É importante DISTINGUIR entre dois cenários relevantes em um campo magnético externo: 1) o comportamento do momento magnético de um ímã permanente; 2) o comportamento de momento magnético de um átomo, partícula ou sistema quântico. • 1) No primeiro caso, o momento magnético m sofre torque, que causa rotação, fazendo esse vetor alinhar-se com o campo B . Esse é o cenário ilustrado na Fig. (21), muito similar ao que ocorre com um momento de dipolo elétrico p sob ação de um campo elétrico externo. [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 25 Figura 27: A primeira ilustração mostra um dipolo magnético sob ação de campo magnético constante, sofrendo torque que causa rotação e alinhamento com as linhas do campo magnético. A segunda ilustração mostra um dipolo magnético sofrendo força em um campo magnético não uniforme, em que o produto escalar m B⋅ é não constante também. Neste caso, a força tem o mesmo sentido do gradiente do campo magnético, ou seja, aponta no sentido em que o campo magnético aumenta. Figura 28: Ilustração do momento magnético em campo magnético B externo • 2) No segundo caso, o momento magnético m sofre torque, que também causa rotação. Mas como neste caso m é proporcional ao momento angular da partícula que gera a corrente, 2 ˆL m r zω= , o vetor m não se alinhará com o campo B ! Em vez disto, realizará movimento de precessão em torno do eixo do campo magnético. No contexto do mundo atômico, átomos e partículas elementares possuem momento magnético, sendo essa uma propriedade de partículas, átomos, moléculas, importante para descrever a verdade do mundo subatômico em sua riqueza de detalhes. O momento magnético de átomos é o elemento de magnetismo gera “magnetização” macroscópica, sendo responsável por diversas propriedades magnéticas da matéria (magnetismo, diamagnetismo, paramagnetismo). É fácil ilustrar como um átomo pode exibir momento magnético. Tomemos como exemplo o átomo de hidrogênio, ilustrado na Fig. (23). O movimento orbital do elétron em torno do núcleo, que ocorre com frequência ν , gera uma corrente i igual a: i eν= . O momento angular está dado por: 2 ˆL m r zω= , sendo o eixo-z vertical. Por sua vez, o momento magnético é dado por: ˆ( )iS zµ = − ou 2 ˆ( )i r zµ π= − . Substituindo i eν= , resulta: 2 ˆ( )e r zµ νπ= − . Comparando estes últimos resultados, decorre: [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 26 e L m νµ π ω = − , 2 e L m µ = − , 2 q L m µ = onde usamos 2ω πν= . Para uma carga q, esta última fórmula pode ser escrita como: Figura 29: Ilustração do momento angular (L) e momento magnético µ do átomo de hidrogênio. Ilustração típica para carga elétrica negativa. Vamos agora considerar o momento magnético atômico sob a influência de um campo magnético externo, tal qual ilustrado na Fig. (23). O diferencial essencial é que agora o momento magnético é proporcional ao momento angular, e torque é a derivada temporal do momento angular. Como Bτ µ= × , escrevemos: 2 dL q L B dt m = × . Sendo a variação do momento angular, ,dL um vetor que aponta no plano ortogonal a L e B , será sempre ortogonal ao vetor L . Isto significa que o torque não causará mudança no módulo do momento angular, e sim apenas mudança de direção no vetor L . Tal mudança ocorrerá sempre no plano ortogonal L e B , causando a precessão (rotação) do vetor momento magnético em torno do campo magnético, tal qual ilustrado na Fig. (24) [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 27 De acordo com esta figura, onde θ é o ângulo que o vetor L forma com o eixo-z, a variação do vetor L será dada por: ( )sindL L θ φ= ∆ , sendo φ o ângulo descrito pela ponta do vetor L no círculo na extremidade do cone varrido por L . Importante notar que a variação do momento angular é equivalentemente dada por: sin 2 qdL LB dt m θ= . Igualando as duas últimas formas, ( )sin sin 2 qL LB t m θ φ θ∆ = ∆ , resulta: 2 qB t m φ ω∆ = = ∆ . Esta é a chamada frequência de Larmor de precessão, que descreve o ritmo do movimento precessional do momento magnético em torno do campo magnético. Essa frequência pode ser medida com grande precisão experimental em diversos experimentos, sendo uma grandeza simplesmente fundamental em sistemas quânticos de partículas com spin em campo magnético. • Figura 30: Ilustração do movimento de precessão do momento magnético em torno do campo B EFEITO HALL O chamado efeito Hall, foi descoberto em 1879 por Edwin Herbert Hall durante o desenvolvimento do seu doutorado em física (sob a orientação de Henry Rowland, na Universidade Johns Hopkins - USA), quando realizava ensaios experimentais acerca da influência do campo magnético sobre os portadores de carga em circuitos de corrente elétrica. Essa foi uma descoberta baseada no uso da força de Lorentz, realizada quase 20 anos antes da descoberta do elétron por J.J.Thomson. https://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_Augustus_Rowland https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_Johns_Hopkins [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 28 Durante seus estudos de doutorado, Edwin Hall buscava entender qual a influência de um campo magnético externo sob um fio condutor. Tentava elucidar se a força devido a este campo externo atuaria apenas sobre os portadores de corrente elétrica ou sobre o fio como um todo. Hall, a princípio, acreditava que essa força magnética atuaria sobre os portadores de carga fazendo com que a corrente se deslocasse para uma determinada região do fio, fazendo, portanto, a resistência elétrica do fio aumentar. Apesar de não observar o aumento na resistência elétrica em seus experimentos, Hall desconfiava que de alguma forma a corrente elétrica era alterada. Ele então propôs a presença de um estado de “stress” em uma determinada região do condutor, devido ao acúmulo de portadores de carga, que originaria uma diferença de potencial transversal à direção da corrente, mais tarde denominada de tensão de Hall. O efeito Hall clássico consiste na geração de uma d.d.p. (d.d.p. Hall, tensão ou voltagem Hall) na direção transversal ao fluxo de corrente, devido à aplicação de um campo magnético externo, também ortogonal ao condutor. A magnitude do efeito é proporcional à magnitude da voltagem Hall induzida no condutor, que é uma medida do produto da densidade de corrente com o campo magnético aplicado. Como a corrente decorre da existência de um campo elétrico dentro do condutor, concluímos que o efeito Hall está associado a campos E e B ortogonais (cruzados). Para estudar o efeito Hall, vamos tomar como ponto de partida aparato experimental padrão em que esse efeito foi inicialmente investigado. Neste esquema, a bateria V cria um campo elétrico xE, que gera densidade de corrente xj e corrente i. Aplica-se então um campo magnético B , que aponta na direção do eixo-z, ortogonal ao fluxo de corrente, e irá exercer força magnética sobre os portadores de carga e sobre a densidade de corrente. Como sabemos, a força magnética vale vmf ne B= − × . Dado que vj ne= − é a densidade de corrente elétrica, obtemos: mf j B= × . Desta forma, a força magnética irá será sempre no sentido do produto vetorial j B× , sejam os portadores de carga negativos ou positivos. No caso de elétrons, a velocidade dos mesmos v aponta sempre no sentido oposto ao da densidade de corrente, convenção que está apropriadamente capturada no sinal negativo da relação . Para densidade de corrente fluindo no eixo-x e campo magnético apontando ao longo do eixo-z, temos: ˆ( )m x xf j B j B y= × = − . Podemos também escrever a força magnética sobre cada portador de carga: vmF q B= × . No esquema Figura anterior, as cargas negativas sofrerão força no sentido de ŷ− , que causará um acúmulo de elétrons na lateral direita do condutor (do ponto de vista de quem trafega no sentido da corrente no condutor). O acúmulo de carga negativa do lado direito gera acúmulo igual de cargas positivas (ausência de cargas) do lado esquerdo. Essa segregação de cargas na dimensão transversal à corrente, gera um campo elétrico Hall nesta dimensão. O acúmulo de cargas vnej −= [Prof. Manoel M. Ferreira Jr Notas de aula de Física III – Campo magnético, força magnética e movimento em campo magnético] 29 se estabiliza quando o campo elétrico produz uma força que se iguala e anula a força magnética, vmF q B= × , ou seja, vhallqE q B= × , de modo que: vhall jE B B nq = × = × . OBS.: Importante mencionar que se a corrente for composta por cargas positivas em deslocamento, o acúmulo de cargas ocorre da mesma forma, e o campo elétrico Hall aponta no mesmo sentido. Essa informação é relevante em vários materiais, como os supercondutores, onde os portadores de cargas (buracos) são positivos. A d.d.p. Hall é dada simplesmente por (largura)hallE × , ou seja, o produto deste campo pela largura do condutor na dimensão onde ocorre o estabelecimento do mesmo. De acordo com o esquema da figura, temos: hall hall jBV E W W nq = = . O chamado “coeficiente Hall” é definido como a razão entre o campo elétrico Hall e a força magnética atuante no sistema, ou seja: hall hall ER jB = ou 1hallR nq = , sendo uma medida do produto nq do condutor. Importante mencionar que a f.e.m. Hall é bastante diminuta, sendo medida apenas em experimentos com sensibilidade adequada. Como exemplo, tomemos um condutor de seção retangular de 5mm de largura por 1 mm de espessura, com 2910 portadores de carga por m3, onde há uma corrente de 1A, num campo magnético de elevada intensidade (B=1T). A densidade de corrente neste condutor vale: 6 2 2 7 2 1,0 1,0 2,0 10 0.5 5 10 ij Am S mm m − −= = = = ×× 6 4 3 7 29 19 10 2.0 10 1 105 10 6 10 10 1.6 10 10 1.6hall V Volt− −− × × = × × = × × × × .
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