Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Indaial – 2019 MagnetisMo e eletroMagnetisMo Prof. Jaison Rodrigo da Costa Prof.a Liana Graciela Heinig 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof. Jaison Rodrigo da Costa Prof.a Liana Graciela Heinig Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: C837m Costa, Jaison Rodrigo da Magnetismo e eletromagnetismo. / Jaison Rodrigo da Costa; Liana Graciela Heinig. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 155 p.; il. ISBN 978-85-515-0424-6 1. Magnetismo. - Brasil. 2. Eletromagnetismo. – Brasil. I. Heinig, Liana Graciela. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 537 III apresentação Olá, acadêmico! Neste material sobre magnetismo e eletromagnetismo mergulharemos no maravilhoso universo das propriedades magnéticas da matéria. Ao final da disciplina, você será capaz de compreender fisicamente como funciona uma bússola, ímãs, a importância do campo magnético na Terra, como se formam as auroras boreais, as importantes Equações de Maxwell e a implicação física de cada uma, entre outros fenômenos incríveis! O magnetismo se desenvolveu com o estudo das propriedades magnéticas dos ímãs e dos materiais ferrosos. Até no início do século XIX, os fenômenos elétricos e magnéticos foram estudados separadamente, de forma independente e distintos um do outro. Entretanto, em 1820, o físico Oersted estabeleceu relações que mudaram a visão das duas áreas. Oersted mostrou a relação existente entre as duas áreas da Física, nascendo então o eletromagnetismo. Na Unidade 1 estudaremos o campo magnético, a força magnética e o campo gerado por correntes elétricas, em que aprofundaremos e compreenderemos de forma mais clara como aconteceu a fusão da eletricidade e do magnetismo. Se podemos gerar um campo magnético a partir de uma corrente elétrica, será que o inverso é possível? Surpreendentemente, podemos verificar o fenômeno inverso: um campo magnético pode produzir uma corrente elétrica. Este será o tema de estudo da Unidade 2, tal que nosso objeto de estudo será a indutância e indutores em circuitos elétricos. Para finalizar, a Unidade 3 contemplará o estudo das equações de Maxwell, e veremos que praticamente todos os princípios físicos podem ser resumidos nas quatro equações de Maxwell. Esperamos que você desfrute do material que foi preparado com muito cuidado nos detalhes, para que você, como futuro professor, transcenda o conhecimento escolar e transforme a vida de muitos estudantes. Complete seu estudo resolvendo as autoatividades, acompanhando as aulas e sanando suas dúvidas com a equipe da UNIASSELVI. Bons estudos. Prof. Jaison Rodrigo da Costa Prof.a Liana Graciela Heinig IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE VII UNIDADE 1 – CAMPO MAGNÉTICO .................................................................................................1 TÓPICO 1 – CAMPO MAGNÉTICO .....................................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 CONCEITO DE CAMPO ......................................................................................................................4 2.1 ÍMÃS ....................................................................................................................................................5 2.2 BÚSSOLAS ..........................................................................................................................................7 2.3 CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE .............................................................................................9 2.4 AURORA POLAR ............................................................................................................................10 2.5 CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR ATIVIDADE CEREBRAL .........................................11 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................13 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................14 TÓPICO 2 – FORÇA MAGNÉTICA ....................................................................................................15 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................15 2 ESTUDO DA FORÇA MAGNÉTICA ...............................................................................................16 3 TRAJETÓRIAS CIRCULARES ..........................................................................................................18 4 FORÇA MAGNÉTICA EM UM FIO PERCORRIDO POR CORRENTE ...................................20 5 TORQUE EM UMA ESPIRA PERCORRIDA POR CORRENTE ................................................22 6 ENERGIA EM UM DIPOLO MAGNÉTICO ...................................................................................24 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................25 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................33 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................34TÓPICO 3 – CAMPOS MAGNÉTICOS PRODUZIDOS POR CORRENTES .............................37 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................37 2 CAMPO MAGNÉTICO PRODUZIDO POR CORRENTE ...........................................................37 3 FORÇA ENTRE DUAS CORRENTES PARALELAS .....................................................................40 4 LEI DE AMPÈRE ...................................................................................................................................42 5 SOLENOIDES E TOROIDES .............................................................................................................43 6 BOBINA PERCORRIDA POR CORRENTE E O ESTUDO DOS DIPOLOS MAGNÉTICOS .......................................................................................................45 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................47 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................48 UNIDADE 2 – CIRCUITOS E PROPRIEDADES MAGNÉTICAS DA MATÉRIA ....................51 TÓPICO 1 – INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA ..............................................................................53 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................53 2 A DESCOBERTA DA INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA ..........................................................53 3 FORÇA ELETROMOTRIZ INDUZIDA ...........................................................................................55 4 LEI DE FARADAY .................................................................................................................................57 4.1 FORMAS DE VARIAÇÃO DO FLUXO MAGNÉTICO ..............................................................60 suMário VIII 5 LEI DE LENZ..........................................................................................................................................63 6 A GUITARRA ELÉTRICA ...................................................................................................................68 7 CAMPOS ELÉTRICOS INDUZIDOS ...............................................................................................69 8 INDUTORES E INDUTÂNCIA .........................................................................................................70 9 AUTOINDUÇÃO ..................................................................................................................................72 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................73 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................86 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................87 TÓPICO 2 – CIRCUITOS 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................89 2 CIRCUITOS RL .....................................................................................................................................89 3 ENERGIA MAGNÉTICA ....................................................................................................................93 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................95 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................96 TÓPICO 3 – OSCILAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS E CORRENTE ALTERNADA ...............97 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................97 2 OSCILAÇÕES EM UM CIRCUITO LC ............................................................................................97 3 OSCILAÇÕES AMORTECIDAS – RLC .........................................................................................101 4 CORRENTE ALTERNADA ...............................................................................................................103 5 TRANSFORMADORES ....................................................................................................................104 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................108 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................110 UNIDADE 3 – ONDAS ELETROMAGNÉTICAS E EQUAÇÕES DE MAXWELL...................111 TÓPICO 1 – ONDAS ELETROMAGNÉTICAS ...............................................................................113 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................113 2 CARACTERÍSTICAS DAS ONDAS ELETROMAGNÉTICAS .................................................113 2.1 A RELAÇÃO ENTRE O CAMPO ELÉTRICO E MAGNÉTICO .............................................117 3 TRANSPORTE DE ENERGIA E VETOR DE POYNTING ........................................................120 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................122 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................133 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................134 TÓPICO 2 – EQUAÇÕES DE MAXWELL ........................................................................................135 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................135 2 LEI DE GAUSS PARA CAMPOS MAGNÉTICOS ......................................................................136 3 CAMPOS MAGNÉTICOS INDUZIDOS .......................................................................................137 4 CORRENTE DE DESLOCAMENTO ..............................................................................................138 5 AS EQUAÇÕES ...................................................................................................................................139 6 EQUAÇÕES DE MAXWELL NO FORMALISMO DIFERENCIAL ..........................................141 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................145 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................146 TÓPICO 3 – MAGNETISMO DA MATÉRIA ..................................................................................147 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................147 2 ÍMÃS PERMANENTES .....................................................................................................................147 3 MAGNETISMO E ELÉTRONS ........................................................................................................149 3.1 MOMENTO DIPOLAR MAGNÉTICO ORBITAL ....................................................................150 IX 4 PROPRIEDADES MAGNÉTICAS DOS MATERIAIS ................................................................151 4.1 DIAMAGNETISMO ......................................................................................................................1514.2 PARAMAGNETISMO ...................................................................................................................152 4.3 FERROMAGNETISMO .................................................................................................................152 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................153 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................154 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................155 X 1 UNIDADE 1 CAMPO MAGNÉTICO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • caracterizar o campo magnético e as linhas de indução magnética; • compreender a relação entre a eletricidade e o magnetismo; • conhecer alguns processos históricos que permeiam o estudo do eletromagnetismo; • determinar expressões matemáticas para campos magnéticos gerados por correntes elétricas em diferentes formatos e geometrias; • definir a Lei de Biot-Savart e a Lei de Ampère para campos magnéticos. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CAMPO MAGNÉTICO TÓPICO 2 – FORÇA MAGNÉTICA TÓPICO 3 – CAMPOS MAGNÉTICOS PRODUZIDOS POR CORRENTES Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CAMPO MAGNÉTICO 1 INTRODUÇÃO O estudo do eletromagnetismo é datado na Grécia Antiga, onde já se conheciam algumas propriedades magnéticas de um minério ferroso chamado magnetita. Já os chineses utilizaram uma agulha feita de magnetita (bússola) para orientar as navegações, operando castigos ou até sentença de morte a quem desregulasse a bússola durante a viagem. Séculos depois, em aproximadamente 1600, William Gilbert publicou um tratado sobre o magnetismo, chamado De Magnete, no qual retratava a hipótese de que a Terra era um imenso ímã. FIGURA 1 – TRATADO DE MAGNETE – WILLIAM GILBERT FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/37/De_Magnete_Title_ Page_1628_edition.jpg/220px-De_Magnete_Title_Page_1628_edition.jpg>. Acesso em: 27 maio 2019. Já a experiência de Oersted foi fundamental para a união dos estudos da eletricidade e do magnetismo, nascendo em 1820 o eletromagnetismo. Anos depois, André-Marie Ampére (1775-1836) propôs que todo fenômeno magnético tem correntes elétricas como causa. Para Michael Faraday (1791-1867), a interação entre os corpos poderia ser descrita por meio de linhas de campo magnético e elétrico. Houve um grande esforço experimental para descobrir se existem ou não monopolos magnéticos, embora sem sucesso. A história do magnetismo é tão fascinante quanto os fenômenos magnéticos. Nesse momento, ficaremos com a tarefa de estudar os campos magnéticos e a pergunta central: “O que produz um campo magnético?”. As aplicações do eletromagnetismo deixaremos para a engenharia. UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO 4 2 CONCEITO DE CAMPO O conceito de campo permitiu investigar a interação entre corpos e o que acontece no interior da matéria. Fenômenos como a atração e repulsão de cargas elétricas em objetos eletrizados e ímãs permitem visualizar esse espaço que chamamos de campo. Mas como que um objeto “sente” a presença do outro sem que estejam em contato? Para responder a essa pergunta, podemos pensar em três tipos de interações: gravitacionais, elétricas e magnéticas. O campo gravitacional, já estudado na área da Mecânica, manifesta-se quando há interação entre duas massas por meio da força de atração gravitacional. Um exemplo disso é a força que a Terra exerce sob qualquer outro corpo que esteja a sua volta, como satélites. O campo elétrico é resultado da interação entre cargas elétricas por meio da força elétrica. Isso é facilmente percebido quando aproximamos um pedaço de papel de uma caneta eletrizada por atrito. Já o campo magnético, que é objeto de estudo deste tópico, é resultado da interação de um objeto ou partícula magnetizada pela força eletromagnética. Ao aproximarmos um ímã a um prego, é possível ver como o ímã faz o prego se atrair e “grudar” na sua superfície. FIGURA 2 – INTERAÇÕES MEDIADAS POR CAMPOS FONTE: Os autores; <https://i2.wp.com/www.paulobrites.com.br/wp-content/uploads/2014/02/ atrito-pente.gif?ssl=1>; <https://cdn.britannica.com/s:575x450/41/190641-004-E1B4A003.jpg>. Acesso em: 16 maio 2019. Campo é uma propriedade física de uma região do espaço onde é possível sentir a presença de uma massa, carga elétrica ou de um objeto magnetizado. IMPORTANT E TÓPICO 1 | CAMPO MAGNÉTICO 5 Portanto, o campo magnético é uma região do espaço ao redor de um ímã sobre o qual atuam forças magnéticas sobre outros objetos magnéticos. Assim como o campo elétrico, o campo magnético é um campo vetorial. Embora não possamos ver ou sentir a presença de um campo magnético naturalmente, podemos utilizar uma bússola para “visualizar” um campo magnético da Terra, como veremos a seguir. 2.1 ÍMÃS As observações sobre as propriedades magnéticas dos materiais são muito antigas, estudadas por gregos como Platão, Sócrates e Tales de Mileto. Os gregos realizaram as primeiras observações sobre ímãs naturais na região de Magnésia, localizada na Ásia Menor (por isso o nome magnetismo). Eles observaram que, ao colocar um pedaço de ferro nas proximidades de uma pedra chamada magnetita, ela os atraía. A magnetita, composta por óxido de ferro (Fe3O4), possui propriedades magnéticas e, por isso, foi muito utilizada para a construção de ímãs artificiais, por meio dos processos de imantação. FIGURA 3 – MAGNETITA, CONHECIDA COMO ÍMÃ NATURAL POR SUAS PROPRIEDADES MAGNÉTICAS FONTE: <https://alunosonline.uol.com.br/fisica/fontes-campo-magnetico.html>. Acesso em: 16 maio 2019. No início do século XVII, o cientista e médico inglês William Gilbert (1544- 1603) publicou o tratado De magnete, considerado um dos primeiros trabalhos sistemáticos sobre o magnetismo, na qual ele sugeriu que a Terra era uma imensa esfera magnética. Gilbert realizou várias experiências e descreveu as propriedades de atração e repulsão dos ímãs, princípios básicos do magnetismo. Em algumas partes do ímã, os objetos metálicos se acumulam com mais intensidade. Se pegarmos um ímã e aproximarmos pedaços de metal, observamos que os objetos se acumulam nas extremidades do ímã. Essas extremidades são chamadas de polos (norte e sul), como mostra a figura: UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO 6 FIGURA 4 – ILUSTRAÇÃO DE UM ÍMÃ FONTE: Os autores Ao aproximar dois ímãs, notaremos que há uma força magnética entre esses polos. Embora existam ímãs de diferentes formatos (circulares, cilíndricos, planares, de barra ou ferradura), todos apresentam dois polos distintos bem localizados. A interação da força magnética dos polos de um ímã acontece como mostra o quadro a seguir: QUADRO 1 – PROPRIEDADES DOS ÍMÃS FONTE: Os autores ATRAÇÃO REPULSÃO Como podemos observar no quadro, polos magnéticos de mesma polaridade se repelem e polos magnéticos de polaridades opostas se atraem. Mas você já tentou quebrar um ímã? Se você ainda não quebrou, ainda é tempo! Não entenda mal, não se trata de “vandalismo científico”, mas em prol da ciência, esse é um bom motivo para que você conduza essa experiência em casa. Será que é possível separar os polos de um ímã? Até hoje não foi possível isolar um único polo magnético. Fisicamente, significa dizer que não existem monopolos magnéticos. Na prática, vemos que, ao quebrar um ímã, obteremos dois novos ímãs. Nas extremidades do ímã que foi cortado, aparecerão dois novos polos. Devido a essa propriedade magnética,todo ímã possui um campo magnético que sai do polo norte e entra no polo sul. As linhas de indução do campo magnético podem ser observadas utilizando limalha de ferro e um ímã, como mostra a figura: TÓPICO 1 | CAMPO MAGNÉTICO 7 FIGURA 5 – ILUSTRAÇÃO DAS LINHAS DE INDUÇÃO MAGNÉTICA UTILIZANDO UM ÍMÃ E LIMALHA DE FERRO E REPRESENTAÇÃO DAS LINHAS DE CAMPO FONTE: <https://blog.enem.com.br/wp-content/uploads/2018/03/energia-el%C3%A9trica- 300x220.jpg>. Acesso em: 16 maio 2019. Nas próximas unidades, estudaremos as equações de Maxwell e provaremos matematicamente o princípio de inseparabilidade de polos (não existem monopolos magnéticos). 2.2 BÚSSOLAS A interação de ímãs com bússolas pode causar estranheza, mas esses dois objetos têm muita coisa em comum. Conhecendo as propriedades dos ímãs, podemos imantar uma agulha e construir uma bússola. Diversos cientistas, ao longo dos séculos, descreveram sua admiração por bússolas. Albert Einstein escreveu em suas notas autobiográficas: Aos 4 ou 5 anos, experimentei esse sentimento quando meu pai me mostrou uma bússola. O fato de a agulha comportar-se de uma certa forma não se encaixava entre os tipos de ocorrências que podiam ser colocados no mundo inconsciente dos conceitos (eficácia produzida pelo “toque direto”). Lembro-me ainda – ou pelo menos creio que me lembro – que essa experiência me causou uma impressão profunda e duradoura. Devia haver algo escondido nas profundezas das coisas (EINSTEIN, 1982, p. 9). Povos chineses a utilizavam como instrumento de navegação no século XII. Acredita-se que o uso da bússola foi preponderante para desenvolvimento das Grandes Navegações e expansão marítima e comercial. Mas o que é uma bússola? A bússola é constituída de um pequeno ímã em forma de agulha montado numa estrutura que não recebe muito atrito do suporte que a mantém. Por ser magnética, a bússola pode sofrer interferência de ímãs, por isso ela aponta para a direção norte-sul se não houver ímãs em suas proximidades. UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO 8 FIGURA 6 – BÚSSOLA FONTE: <https://www.palaciodasbonecas.com.br/image/cache/data/MADEIRA%20E%20 MDF/7893798279047-1-800x600.jpg>. Acesso em: 16 maio 2019. Experimento: Construindo uma bússola caseira Com a tecnologia contemporânea, podemos nos localizar facilmente por aplicativos nos smartphones ou utilizando um aparelho chamado GPS (Global Position System). Esses dispositivos permitem que a orientação espacial seja mais precisa do que nos tempos antigos. Esse dispositivo acabou ocupando o lugar da bússola, que por muitos anos foi um grande e importante instrumento para as navegações do século XV. Utilizando materiais simples, você pode construir uma bússola rústica e observar os fenômenos relacionados ao magnetismo que estudamos até aqui. Você vai precisar de: • 1 ímã • 1 lápis • 2 copos • 1 agulha de costura • linha de costura Procedimento Experimental: 1- Esfregue um dos polos do ímã sobre a agulha várias vezes e sempre na mesa direção e sentido. Esse processo chama-se imantação. 2- Utilize os copos como suporte e suspenda o lápis entre os copos. Com a linha de costura, amarre uma extremidade no lápis e outra extremidade na agulha, mantendo a agulha entre o suporte de copos de modo que ela fique livre. INTERESSA NTE FONTE: Adaptada de Bonjorno et al. (2016) 3- Aguarde a agulha se orientar em uma direção. Altere a posição e veja se ela retorna à posição inicial. Se isso acontecer, sua bússola está funcionando. TÓPICO 1 | CAMPO MAGNÉTICO 9 Acompanhe no site https://phet.colorado.edu/en/simulation/legacy/magnet- and-compass uma simulação mostrando a interação do campo magnético de uma bússola com um ímã. DICAS 2.3 CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE Os polos de um ímã são chamados de norte e sul, pelo fato de a agulha da bússola apontar para as respectivas posições geográficas do planeta. Pensando nisso, reflita: se a Terra fosse um enorme ímã, qual seriam os polos magnéticos norte e sul do planeta? Sim, a Terra pode ser vista como um grande ímã, e isso é percebido por meio da orientação da agulha de uma bússola. Uma das hipóteses para esse comportamento magnético se deve ao movimento das cargas elétricas no interior da Terra. Justamente por ser um imenso imã, a Terra possui um campo magnético intenso ao seu redor. Conhecida como magnetosfera, essa camada nos protege de partículas provenientes de ventos solares, sendo essencial para a vida terrestre. Se não tivéssemos essa “camada de proteção”, as partículas lançadas – principalmente pelo Sol – danificariam a atmosfera terrestre. Os polos terrestres estão ilustrados na Figura 7. Na Física, estudamos o norte magnético localizado no sul geográfico e o sul magnético localizado no norte geográfico. Portanto, o polo norte da agulha é atraído pelo polo sul magnético da Terra, e o polo sul da agulha é atraído pelo polo norte magnético da Terra. FIGURA 7 – ILUSTRAÇÃO DO CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE FONTE: <http://georocks2011.blogspot.com/2011/11/campo-magnetico-terrestre.html>. Acesso em: 16 maio 2019. Norte Magnético Norte Geográfico Sul Geográfico Sul Magnético https://phet.colorado.edu/en/simulation/legacy/magnet-and-compass https://phet.colorado.edu/en/simulation/legacy/magnet-and-compass UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO 10 Contudo, o norte magnético, para onde a agulha ou o ímã apontam não corresponde à exata posição do eixo geográfico do polo norte geográfico, já que o eixo magnético terrestre não coincide com o eixo de rotação. O ângulo entre esses dois eixos é de 13º. Esse fenômeno é chamado de declinação magnética. O valor da declinação magnética de um local é facilmente encontrado em mapas ou cartas náuticas, que são atualizadas frequentemente para o uso de navegações. 2.4 AURORA POLAR O Sol é uma estrela gigante que aquece a Terra por irradiação, mas além de calor, o que mais essa estrela superfície de 6000 oC e distante 150000000 km de nosso planeta pode enviar? Para responder a essa pergunta devemos saber qual é o “combustível” do Sol. A energia dessa estrela é proveniente de reações termonucleares, ou seja, basicamente é da fusão nuclear de hidrogênio formando hélio no núcleo do Sol; como o hélio é menos massivo que o hidrogênio, a massa resultante desse processo é “convertida” em energia. O Sol então emite os ventos solares, essa energia e outras partículas como prótons, nêutrons e elétrons que atingem a magnetosfera terrestre. A maioria das partículas que viajam em direção à Terra é desviada pelo campo magnético terrestre, entretanto, os polos apresentam uma região “vulnerável”. As partículas que compõem os ventos solares são direcionadas pelo próprio campo magnético terrestre e entram em nossa atmosfera. FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO DOS VENTOS SOLARES (PLASMA SOLAR) ATINGINDO O CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE FONTE: <https://auroraboreal.blog.br/o-que-e-aurora-boreal/>. Acesso em: 26 maio 2019. Ao entrar em nossa atmosfera e com grande energia, essas partículas solares colidem com as partículas de oxigênio e nitrogênio que compõem a atmosfera terrestre, excitando-as. Quando essas partículas de oxigênio e nitrogênio, em sua maioria, voltam ao seu estado energético fundamental, liberam a energia em excesso em forma de luz produzindo as auroras polares. É por esse motivo que as auroras existem apenas nos polos ou em regiões próximas aos polos, sendo que no polo sul a aurora é conhecida com aurora austral, já no polo norte a aurora é conhecida como boreal. TÓPICO 1 | CAMPO MAGNÉTICO 11 FIGURA 9 – AURORA POLAR FONTE: Halliday, Resnick e Walker (2009, p. 201) Esse evento não é exclusivo do planeta Terra, pois ocorre da mesma forma em Júpiter, Saturno, Marte e Vênus, assim como também não é exclusivo da natureza, pois se pode produzir efeito semelhante em laboratório. Exemplo: as auroras ocorrem devido aos ventos solares que carregam partículas com grande energia que atingem o campo magnético terrestre. Existe a possibilidade da ocorrência de aurorasna faixa da linha do Equador? Solução: as auroras ocorrem quando essas partículas são desviadas e entram na região “desprotegida” da Terra pelo campo magnético, ao atingirem as partículas que formam a atmosfera terrestre excitam-nas, e quando elas voltam ao seu estado fundamental de energia liberam a energia em excesso na forma de luz. Portanto, não há como ocorrer uma aurora na região da linha do Equador, pois as partículas provenientes do Sol, ao atingirem o campo magnético terrestre na região da linha do Equador, são desviadas por ele, não possibilitando a formação de auroras nessa região. 2.5 CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR ATIVIDADE CEREBRAL Nosso cérebro é ativado por estímulos e estes ativam partes do cérebro. O cheiro de um perfume, escrever com sua caneta, digitar um texto, assistir a um filme são estímulos diferentes e ativam áreas diferentes do cérebro e, consequentemente, ativam campos magnéticos nessas regiões. A magnetencefalografia (MEG) estuda o funcionamento do cérebro por meio dos campos magnéticos gerados a diferentes estímulos aos quais o paciente é submetido. Os pulsos elétricos produzidos e enviados ao sistema nervoso geram correntes elétricas e, como sabemos, as correntes elétricas geram campos magnéticos. UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO 12 Entretanto, esses campos magnéticos gerados pelo cérebro são da ordem de 10-12, ou seja, são pouco intensos, portanto é utilizado um equipamento conhecido como SQUID (superconducting quantum interference device), que é capaz de captar campos magnéticos da ordem de 1 pT. Como o equipamento é muito sensível, durante seu uso se faz necessária uma análise minuciosa a fim de eliminar campos magnéticos gerados por outras fontes. FIGURA 10 – CAMPO MAGNÉTICO NUM PONTO P GERADO POR ATIVIDADE CEREBRAL FONTE: Halliday, Resnick e Walker (2009, p. 237) Exemplo: considere a Figura 10 e que o ponto P esteja situado a uma distância de 3 cm do pulso produzido por sulcos existentes na superfície do cérebro. A distância de um pulso é da ordem de 1 mm e um pulso típico possui o valor de 10 �A. Calcule a intensidade do campo magnético a essa distância da superfície do cérebro. Solução: para resolvermos a questão, devemos considerar a expressão: 0 4 ² idsB r µ π = Que é a expressão para o Campo magnético produzido por uma corrente elétrica. Lembrando que μ0 vale 4πx10-7 T.m/A. Substituindo as grandezas, temos: ( )( )( ) ( ) 7 6 3 22 12 4 10 . / 10 10 1 10 4 3 10 1,1 10 x T m A x A x m B x m B x T π π − − − − − = = Esse valor representa um campo magnético muito pequeno! Ele é cerca de um milhão de vezes menos intenso que o campo magnético da Terra. 13 Neste tópico, você aprendeu que: • O campo magnético é uma região do espaço ao redor de um ímã sobre o qual atuam forças magnéticas sobre outros objetos magnéticos. • Não existem monopolos magnéticos. • Todo ímã possui um campo magnético que sai do polo norte e entra no polo sul. • O polo norte da agulha de uma bússola aponta sempre para o norte, ou seja, o polo norte da agulha é atraído pelo polo sul magnético da Terra, e o polo sul da agulha é atraído pelo polo norte magnético da Terra. RESUMO DO TÓPICO 1 14 AUTOATIVIDADE 1 Se um ímã se quebra, o que acontece com os pedaços? Você pode uni-los como estavam antes? 2 Explique o significado físico da expressão “Não existem monopolos magnéticos”. 3 Como ocorrem as auroras polares? 4 Como as sinapses do cérebro geram campos magnéticos? 5 Pessoas aventureiras costumam levar um kit com diversos utensílios a fim de livrar-lhes de possíveis enrascadas. Um desses itens é a bússola, que serve para orientação, pois: a) ( ) Ela aponta para o polo norte geográfico. b) ( ) Ela aponta para o polo norte magnético. c) ( ) Ela aponta para o polo sul geográfico. d) ( ) Ela aponta para o polo sul magnético. e) ( ) Se a pessoa estiver abaixo da linha do Equador ela aponta para o sul magnético e se ela estiver acima da linha do Equador ela aponta para o norte magnético. 6 Levando em consideração as propriedades magnéticas dos ímãs, julgue verdadeira (V) ou falsa (F) as afirmações a seguir: ( ) Polos de mesmo nome se repelem. ( ) Um ímã cortado ao meio dá origem a dois novos ímãs. ( ) Polos de nomes contrários se atraem. ( ) Um ímã cortado ao meio perde as propriedades magnéticas. ( ) Os metais ferromagnéticos são atraídos pelo ímã. A sequência CORRETA é: a) ( ) V – V – F – F – V. b) ( ) F – F – V – F – V. c) ( ) F – V – F – V – F. d) ( ) V – F – F – V – F. e) ( ) V – V – V – F – V. 15 TÓPICO 2 FORÇA MAGNÉTICA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Até 1820, os fenômenos magnéticos foram estudados separadamente aos fenômenos elétricos. O físico Hans Christian Oersted (1777-1851), em seu Livro Pesquisa sobre a identidade de forças elétricas e químicas, publicado em 1821, verificou experimentalmente que a passagem de corrente elétrica estava atrelada a fenômenos magnéticos. Ao passar uma corrente elétrica num fio condutor, observou que a agulha de uma bússola colocada próxima ao fio era defletida de sua direção original, como mostra a ilustração. FIGURA 11 – ILUSTRAÇÃO DO EXPERIMENTO DE OERSTED FONTE: <http://www.fisicapaidegua.com/questoes/imagens/q36_pucsp_2003.jpg>. Acesso em: 20 maio 2019. Esse experimento foi preponderante na união da eletricidade com o magnetismo, surgindo então o eletromagnetismo. Mas se a corrente elétrica afeta o campo magnético, como acontece essa deflexão? A atuação de cargas elétricas em movimento se efetiva por meio da força magnética, que apresenta características bem específicas, como veremos neste tópico. UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO 16 2 ESTUDO DA FORÇA MAGNÉTICA Como já vimos no tópico anterior, não existem monopolos magnéticos e, por isso, não podemos aplicar a analogia da força do campo elétrico, definido anteriormente por: eFE q = Para determinar o campo magnético, consideramos a força que age sobre uma partícula quando ela passa pelo ponto do campo magnético que queremos medir. Para isso, consideramos que uma partícula de prova está se aproximando do campo magnético com uma velocidade definida por módulo, direção e sentido. Depois de realizar esse experimento com diferentes direções entre a velocidade, campo magnético e a força magnética, verificou-se que a força magnética é resultado do produto vetorial entre o campo magnético e a velocidade da partícula: B v F qv B= × (1) De acordo com a Equação (1), a força magnética é resultado do produto vetorial entre a velocidade da partícula de prova e o campo magnético. FIGURA 12 – REPRESENTAÇÃO VETORIAL DA FORÇA MAGNÉTICA FONTE: Os autores Unidades de medida (no Sistema Internacional): • Campo magnético: [B] = T (Tesla) • Força Magnética: [F] = N (Newton) • Velocidade: [v] = m/s TÓPICO 2 | FORÇA MAGNÉTICA 17 Outra unidade de medida muito utilizada para campo magnético é Gauss, tal que 1G = 104T. IMPORTANT E Se o ângulo entre as direções da velocidade e do campo magnético for ϕ, temos: F q vBsenφ= (2) Dessa equação podemos interpretar as informações: • A força magnética que atua na partícula é proporcional à velocidade. • Se a partícula estiver parada, v = 0, portanto F = 0. • Se o campo magnético e a velocidade forem paralelos, a força magnética é nula (sen 0o = sen 180o = 0). • Se o campo magnético e a velocidade forem perpendiculares, a força magnética é máxima (sen 90o = 1). A direção e o sentido do vetor força-magnética podem ser obtidos por regras práticas. Existem diversas regras de mão, direita ou esquerda, utilizadas no eletromagnetismo para indicar o sentido e direção dessas grandezas. Todas equivalem e se originam de uma única regra, relacionada ao produto vetorial. Neste material vamos adotar a regra da mão direita: FIGURA 13 – REGRA DA MÃO DIREITA FONTE: Os autores Na regra da mão direita, o polegar aponta para a direção da força magnética, quando os outros dedos apontam para a velocidadee para o campo magnético. Se a carga for negativa, tem sentido oposto ao do produto vetorial . v B× UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO 18 As linhas de indução magnética geradas pelo campo magnético são tridimensionais, porém as representações vetoriais são feitas no plano. Por isso, precisamos de uma convenção para representá-los, como mostra a figura a seguir: FIGURA 14 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE VETORES TRIDIMENSIONAIS FONTE: <http://www.alfaconnection.pro.br/images/ope01.gif>. Acesso em: 19 maio 2019. entrando no plano do desenho saindo do plano do desenho Embora a corrente não seja uma grandeza vetorial, também se usa essa representação para indicar quando ela entra ou sai do plano. 3 TRAJETÓRIAS CIRCULARES Imagine que colocamos a partícula de prova se movendo em uma trajetória circular com raio R, tal que a velocidade é constante. Nesse caso, a força que age sobre a carga aponta para o centro da circunferência, mantendo-se perpendicular à velocidade da partícula (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2009). Podemos visualizar esse fenômeno se considerarmos uma partícula eletrizada positivamente sendo lançada no interior de um campo magnético. Ao sofrer a ação da força magnética, a partícula descreverá uma trajetória curva e a força magnética atuará continuamente na partícula. Como consequência, o movimento da partícula será um movimento circular uniforme. FIGURA 15 – ILUSTRAÇÃO DE UMA CARGA DE PROVA EM UMA TRAJETÓRIA CIRCULAR FONTE: Os autores Para a calcular o raio da trajetória que a partícula eletrizada descreve, vamos analisar esse movimento circular. Como a força é perpendicular à velocidade da partícula, esta apontará para o centro da trajetória. Desse modo, segundo a 2ª Lei de Newton, escrevemos a força centrípeta: TÓPICO 2 | FORÇA MAGNÉTICA 19 2mvF R = (3) Em que m é a massa da partícula. Como vimos anteriormente, o módulo da força magnética é: F q vB= Igualando (3) e (4), temos: 2 mvq vB R = Escrevendo a equação em termos do raio R: ( ) mvR raio q B = Essa expressão relaciona o movimento da partícula de prova em termos do raio da trajetória. Mas quanto tempo ela leva para dar uma volta completa? Para isso, vamos analisar o período de revolução T. O período é igual à circunferência pela velocidade: 2 RT v π = Reescrevendo em termos da Equação (6): ( )2 2 . mv mT T período v q B q B π π = → = Outra grandeza característica do movimento circular é a frequência f (número de revoluções por minutos), inverso do período: ( )1 2 q B f f frequência T mπ = → = E a frequência angular é dada pela equação: (4) (5) (6) (7) (8) (9) UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO 20 ( )2 q Bf frequência angular m ω π ω= → = Como vemos nas equações (8), (9) e (10), o período, a frequência e a frequência angular independem da velocidade da partícula. Portanto, partícula com a mesma razão carga massa demoram o mesmo tempo para completar uma volta em torno da trajetória circular. Já o raio da trajetória aumenta linearmente com a velocidade da carga. q m O sentido de rotação para uma partícula positiva é o sentido anti-horário e o sentido de rotação para uma partícula negativa é o sentido horário. ATENCAO 4 FORÇA MAGNÉTICA EM UM FIO PERCORRIDO POR CORRENTE Como vimos no experimento de Oersted, uma corrente elétrica gera um campo magnético. Isso significa que existe uma interação entre o campo magnético e um condutor com portadores de carga elétrica em movimento, seja por corrente contínua ou alternada. Para estudar o comportamento da força magnética em um fio percorrido por corrente, vamos nos basear na seguinte figura: FIGURA 16 – ILUSTRAÇÃO DE UM FIO PERCORRIDO POR CORRENTE FONTE: Halliday, Resnick e Walker (2009, p. 217) xx B L i FB (10) TÓPICO 2 | FORÇA MAGNÉTICA 21 Seja vd a velocidade de deriva de um elétron que se move para baixo, num comprimento L. Após um intervalo de tempo t, todos os elétrons de condução desse trecho passam pelo plano x indicado na figura. d Lv t = Lembrando que a corrente elétrica é a razão da quantidade de carga que atravessa o fio em um intervalo de tempo: qi t = Podemos escrever a carga em termos da velocidade de deriva: d iL q v = Substituindo q na Equação (2) e sabendo que Ø = 90o: 90 d d iLF q vBsen F v B sen F iLB v φ= → = ° → = A Equação (14) corresponde à força magnética que age num fio quando o campo magnético é perpendicular ao fio. Podemos generalizar a Equação (14) para casos em que o ângulo entre o campo e o fio sejam diferentes de Ø = 90o. BF iL B= × Se o fio não for retilíneo ou o campo magnético for uniforme, podemos dividir o fio em pequenos pedaços e aplicar a Equação (15) na forma diferencial em cada pedaço infinitesimal: Bd F idL B= × A força que se transmite ao fio é exercida pela força gerada pelo campo magnético sobre o trecho do fio, tal que é o “elemento de corrente”. idL (11) (12) (13) (14) (15) (16) UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO 22 5 TORQUE EM UMA ESPIRA PERCORRIDA POR CORRENTE Grandes empresas pesquisam formas de aumentar seu lucro, visando a um baixo custo de produção e ainda há a cobrança por energia limpa ou que diminuam os impactos ambientais causados por muitas fontes de energia, na maioria, não renováveis. Por conta disso, boa parte do trabalho no mundo é realizado por motores elétricos, pois transformam energia elétrica em energia mecânica. Esse tipo de motor possui baixo custo de produção, fácil transporte, facilidade no comando e limpeza além de possuir bom rendimento. As forças responsáveis por esse trabalho são as forças magnéticas, ou seja, é devido ao campo magnético gerado por correntes elétricas que percorrem fios. Quando uma espira percorrida por corrente elétrica está imersa em um campo magnético, como o da figura a seguir, a espira entra em movimento de rotação. FIGURA 17 – ESPIRA RETANGULAR PERCORRIDA POR CORRENTE ELÉTRICA (i) IMERSA EM UM CAMPO MAGNÉTICO FONTE: Halliday, Resnick e Walker (2009, p. 219) Pela Figura 18 vemos que as forças nos lados 2 e 4 se cancelam, pois possuem mesma intensidade e sentidos opostos. Entretanto, as forças 1 e 3 são aplicadas em sentidos opostos fazendo a espira girar. TÓPICO 2 | FORÇA MAGNÉTICA 23 FIGURA 18 – ESPIRA PERCORRIDA POR CORRENTE ELÉTRICA IMERSA EM CAMPO MAGNÉTICO COM VISTA PERPENDICULAR À CORRENTE FONTE: Halliday, Resnick e Walker (2009, p. 219) O módulo da força que age sobre os lados 1 e 3 é: 1 3 senF F iaB θ= = O torque sobre a espira será: 1 3. . 2 2 b bF Fτ = + O fator é devido ao eixo de rotação ser no centro do lado b da espira. 2b sen . sen . 2 2 sen b biaB iaB iabB τ θ θ τ θ = + = Como a área (A) da espira é dada por: A = ab, temos: seniABτ θ= Se considerarmos uma bobina, devemos multiplicar a Equação 17 pelo número de espiras que compõem essa bobina: senNiABτ θ= (14) (15) (16) (17) (17) (18) UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO 24 Portanto, a equação representa o módulo do torque total aplicado sobre a bobina e vale para qualquer tipo de bobina, independentemente do formato geométrico. Nos motores elétricos é necessário o uso de um comutador, dispositivo que inverte o sentido da corrente. 6 ENERGIA EM UM DIPOLO MAGNÉTICO Uma bobina percorrida por corrente elétrica que sofre um torque quando submetida a um campo magnético se comporta como um ímã de barra possuindo um dipolo magnético. Podemos, então, associar um momento magnético dipolar (μ) à bobina, sendo este definido por: NiAµ = Portanto, a Equação 18 pode ser reescrita na forma: senBτ µ θ= Considerando o ângulo θ entre e , podemos escrever o torque na forma vetorial: µ B (19) (20) Bτ µ= Χ (21) A Equação 21 se assemelha à equação para o torque exercido por um campo elétrico em um dipolo elétrico: . Para dipolos elétricos, a energia potencial é dada por: , portanto, analogamente,a energia potencial magnética é: p Eτ = Χ U p E= ⋅ U Bµ= ⋅ (22) TÓPICO 2 | FORÇA MAGNÉTICA 25 LEITURA COMPLEMENTAR HISTÓRIA DA ELETRICIDADE Mauricio Massazumi Oka A primeira observação da eletrificação de objetos por atrito perdeu-se na antiguidade. Os filósofos gregos, como por exemplo, Thales de Miletus, no ano 600 a.C., já sabiam que ao esfregar uma peça de âmbar com um pedaço de lã ou pele eram capazes de conferir ao âmbar a propriedade de atrair pequenos pedaços de palha. A palavra elétron, aliás, deriva da palavra âmbar (elektron), em grego. Esta constatação originou a ciência da eletricidade. Os gregos sabiam também que algumas "pedras", as magnetitas (lodestones) que eram encontradas em Magnésia, uma localidade da Ásia Menor, podiam atrair exclusivamente o ferro, e isto mesmo sem serem esfregados. O estudo desta propriedade origina a ciência do magnetismo. No século 11, árabes e chineses usavam a magnetita flutuando sobre a água para se orientarem ao navegar pelos mares. Eram as bússolas. O primeiro estudo sistemático dos ímãs foi feito em 1269 por Pierre de Maricourt. Ele usou uma agulha magnetizada para traçar o que chamava de "linhas de força" ao redor de uma esfera de magnetita e descobriu que estas linhas convergem em duas regiões, em lados opostos da esfera, como as linhas longitudinais da Terra. Por analogia, ele chamou as regiões onde as linhas de força convergem de polos. Em 1600, William Gilbert estendeu estes trabalhos e sugeriu que a própria Terra se comporta como um gigantesco ímã. Por volta de 1753, observações de que relâmpagos eram capazes de conferir propriedades magnéticas a peças de ferro sugeriam uma convergência entre a eletricidade e o magnetismo, mas demorou ainda algum tempo até que a relação entre as duas ciências se tornasse clara. Em 1600, William Gilbert, médico da rainha Elizabeth I, foi o primeiro a distinguir claramente entre fenômenos elétricos e magnéticos. Foi ele quem cunhou a palavra eletricidade, derivando-a de "elektron" que significa âmbar, em grego. Gilbert mostrou que o efeito elétrico não é exclusivo do âmbar, mas que muitas outras substâncias podem ser carregadas eletricamente ao serem esfregadas. Em 1729, Stephen Gray observou que era capaz de transferir a carga elétrica de um bastão de vidro para uma bola de marfim pendurada por um barbante. Porém a transferência de carga não ocorria se a bola era pendurada por um fio metálico. Daí concluiu que o metal "levava embora" o fluido (carga). Gray concluiu que a maior parte das substâncias podem ser classificadas de condutoras ou isolantes. Os condutores, como por exemplo, os metais e soluções iônicas, permitem o fluxo livre do fluido, enquanto que os isolantes, como por exemplo, a madeira, borracha, seda e vidro não permitem o fluxo do fluido. UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO 26 Quando um bastão de vidro é friccionado por seda, ambos ficam carregados. Imagine a seguinte experiência. Duas bolas de isopor são suspensas por fios e colocadas próximas uma da outra. Ao tocar ambas as bolas com o bastão de vidro, ou ambas com seda, as bolas se repelem. Tocando uma das bolas com o vidro e a outra com seda elas se atraem. Baseado neste tipo de evidência, Charles Du Faye, em 1733, propôs que existem dois tipos de cargas, que são observáveis como "fluxos elétricos", e que as cargas iguais se repelem enquanto que as cargas diferentes se atraem. O tipo da carga do vidro foi chamado de "vítreo" e o tipo da carga da seda ou do âmbar de "resinoso". Du Fay acreditava que estas cargas eram separadas pelo ato da fricção. Por volta de 1750, Benjamin Franklin propôs que um único tipo de fluido flui de um corpo para o outro pela fricção, designando de positivamente carregado o corpo que acumulou fluido e negativamente carregado o corpo que perdeu fluido. Franklin realizou também a seguinte experiência: colocou duas pessoas, A e B, sobre um pedestal coberto de graxa para evitar a perda de carga. Depois de carregar um deles com o bastão de vidro e o outro com o pano de seda, observou que um terceiro indivíduo, C, aproximando-se de qualquer um deles causava o aparecimento de uma faísca. Contudo, se A e B se tocavam, não havia faísca. Franklin concluiu que as cargas armazenadas no bastão de vidro e na seda eram de mesma amplitude, mas de sinais opostos e propôs ainda que a carga nunca é criada ou destruída, mas simplesmente transferida de um corpo para o outro. Hoje chamamos a esta propriedade de Conservação da Carga. Em 1753, John Canton descobriu que é possível carregar um objeto metálico isolado eletricamente mesmo sem tocá-lo fisicamente com outro objeto carregado. Imagine, por exemplo, duas bolas metálicas sobre pedestais isolantes, em contato entre si. Aproxima-se um bastão de vidro positivamente carregado de uma das bolas. Nesta situação, separa-se as duas bolas e afasta-se o bastão de vidro. Canton observou que a bola próxima ao bastão de vidro ficou carregada negativamente, enquanto que a outra ficou carregada positivamente, e que a quantidade de carga armazenada era a mesma nas duas bolas. Este fenômeno é chamado de indução. Durante todo o século XVIII, uma série de experiências foram realizadas, mas as observações eram meramente qualitativas. O primeiro passo importante na quantificação das forças elétricas foi dado pelo químico Joseph Priestley, descobridor do oxigênio, em 1766. Poucos anos antes, Benjamin Franklin havia realizado a seguinte experiência. Era conhecido que um copo metálico carregado era capaz de atrair um pequeno corpo descarregado e que este corpo neutro se carregava prontamente em contato com a superfície externa do copo. Contudo, ao suspender uma pequena esfera de cortiça no interior de um copo metálico tapado carregado, constatou que não atuava nenhuma força sobre a cortiça. E ainda, colocando o corpúsculo em contato com a superfície interna do copo, ele não se carregava. A pedido de Franklin, Priestley confirmou tal resultado. A única força conhecida à época era a força da gravidade, proporcional a 1/r². TÓPICO 2 | FORÇA MAGNÉTICA 27 Sabia-se também que a força no centro de uma distribuição de massa na forma de uma calota esférica seria nula. Por analogia, Priestley propôs que a força elétrica deveria ser proporcional a 1/r². Contudo, o trabalho definitivo sobre as forças elétricas é creditado a Charles Auguste Coulomb. Em 1785, Coulomb realizou o seguinte experimento. Ele carregou com uma quantidade de carga Q uma pequena bola de seiva vegetal ("pith") recoberta de ouro. Tocando-a com uma outra bola idêntica, sabia que cada uma delas ficaria com metade da carga (Q/2). Repetindo esse processo, Coulomb foi capaz de obter várias quantidades de carga. Para medir a força entre as bolas ele valeu-se de uma balança de torção. Durante o século XVIII, os conceitos de diferença de potencial e corrente elétrica foram sendo desenvolvidos aos poucos. Contudo, um estudo mais sistemático da correlação entre estas duas grandezas era dificultado por uma série de razões. Uma das razões era a inexistência de uma fonte de corrente contínua. Até 1800, a única forma para produzir uma corrente elétrica era descarregar uma garrafa de Leyden ("Leyden jarr") através de um condutor. Naturalmente, isto produzia apenas uma corrente transitória. Não se sabia também se o condutor era apenas um caminho através do qual passa o "fluido" elétrico ou se exercia algum outro papel ativo. Além disso não existiam instrumentos de medidas de grandezas elétricas. Os investigadores precisavam usar seu corpo, língua e olhos como detectores. Outras pessoas tentaram reproduzir o experimento, sem sucesso, pois procediam da forma usual, isolando a garrafa enquanto a carregavam. Três meses depois, em 1746, Pieter van Musschenbroek, um professor na Universidade de Leiden, percebeu que era necessário segurar a garrafa tanto durante a carga quanto durante a descarga. Durante o carregamento, o condutor internocarregado (a água) induz uma carga oposta no outro condutor (a mão), que fica conectado ao terra por meio de um condutor (o corpo). O choque é sentido quando as cargas passam de uma mão para a outra. O processo de descarga é muito mais rápido que o de carga. Outros, logo perceberam que a água poderia ser substituída por bolinhas de chumbo. Mais tarde, as bolinhas de chumbo e a mão foram substituídas por folhas de metal cobrindo as superfícies interna e externa da garrafa de vidro. Depois, Benjamin Franklin substituiu a garrafa de vidro por uma placa plana de vidro. Finalmente, o mais simples destes dispositivos passou a ser duas placas metálicas paralelas separadas por ar. Surgia assim o "condensador", hoje mais conhecido como capacitor. Em 1780, Luigi Galvani, fisiologista italiano, descobriu a "eletricidade animal" e realizava experiências sobre os efeitos da descarga elétrica através de tecidos animais, usando geradores eletrostáticos. Ele havia dissecado um sapo e ocorreu de estar tocando num nervo com um bisturi quando um gerador nas proximidades produziu uma descarga elétrica. Isto fez com que os músculos do sapo se contraíssem, mesmo sem haver contato elétrico entre o gerador e o bisturi, ou seja, por indução, um fenômeno que era desconhecido a Galvani. Ao invés de UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO 28 ater-se à indução, no entanto, Galvani resolveu usar esta descoberta para outro fim. Ele observou que as pernas de um sapo pendurado por um nervo se contraíam quando ocorria um relâmpago e decidiu tentar medir a eletricidade existente com tempo bom e seco (fair-weather field), que era sabido existir. Ele prendeu a espinha do sapo num gancho de latão e pendurou o sapo numa grade de ferro. Quando nada ocorria por um bom tempo ele se impacientou e, enquanto remexia no arranjo, inadvertidamente tocou o gancho na grade, quando começou a observar uma série de contrações dos músculos do sapo. O mesmo efeito foi observado quando o sapo foi colocado sobre uma mesa de ferro e o gancho foi colocado em contato com a mesa. Mais tarde ele descobriu que outros pares de metais, como por exemplo, Cu e Zn, eram também capazes de causar estas contrações. Ele publicou os resultados em 1791 e chamou o fenômeno de "eletricidade animal". Alessandro Volta, da Universidade de Pavia, repetiu os experimentos e inicialmente aceitou a ideia da "eletricidade animal". Ele observou que quando duas tiras de metal – como por exemplo, prata e zinco – eram unidas e as outras extremidades eram colocadas em contato com a língua, uma sensação definida de "gosto" era produzida. Volta, de fato, usou o gosto para classificar as propriedades elétricas dos metais. Em 1796, ele descobriu que placas de Cu e Zn ficam carregadas pelo mero contato dos dois metais. Ele finalmente concluiu que o efeito dependia do uso de diferentes metais e que o tecido animal funcionava apenas como um meio condutor entre os dois. Numa tentativa de amplificar o efeito, empilhou vários discos de Zn e Cu, mas não observou nenhum aumento do efeito. A capacidade de enguias elétricas produzir choques elétricos era conhecida desde a época dos gregos. Volta sabia também que os órgãos elétricos destes animais possuíam uma estrutura laminar (de várias camadas) intercaladas por fluido. Ele se valeu dessa evidência e separou os pares de discos de Zn e Cu com papel ensopado por solução salina ou ácida. Com este arranjo ele pôde produzir várias centelhas e incandescer fios metálicos. Em 1799, ele anunciou o invento da "pilha voltaica", que pela primeira vez permitiu gerar uma corrente contínua, o que foi de importância fundamental para o estudo futuro do eletromagnetismo. A primeira distinção entre condutor e isolante havia sido feita por Stephen Gray, em 1729, conforme já foi descrito. Um avanço importante na determinação da condutividade foi dado por Henry Cavendish, em 1772. Ele usou seu próprio corpo como um detector do choque produzido pela descarga de uma garrafa de Leydan. Por exemplo, ele descarregou a garrafa através de tubos preenchidos com água potável ou com água do mar e ajustou o comprimento dos tubos até que a sensação de choque fosse a mesma nos dois casos, concluindo que a água do mar é 720 vezes mais condutora que a água potável. Ele tentou também segurar com as mãos fios metálicos por onde passava uma descarga elétrica para comparar o quanto cada metal conduzia. Em 1827, Georg Simon Ohm conseguiu demonstrar que a diferença de potencial através de um dispositivo é diretamente TÓPICO 2 | FORÇA MAGNÉTICA 29 proporcional à corrente através dele. É o que conhecemos hoje como a lei de Ohm. Dispositivos que seguem a lei de Ohm são conhecidos de ôhmicos e aqueles que não seguem, de não ôhmicos. As ciências da eletricidade e magnetismo desenvolveram-se isoladamente, até que em 1820 Hans Christian Oersted encontrou uma conexão entre os dois fenômenos. Enquanto preparava uma aula, Oersted observou que uma corrente elétrica passando por um condutor era capaz de causar a deflexão na agulha da bússola. Surgia assim a ciência do eletromagnetismo. Mais tarde, Oersted descobriu também que um ímã é capaz de gerar uma força sobre um fio conduzindo corrente. Michael Faraday realizou uma série de estudos experimentais e sobre estes dados trabalhou James Clerk Maxwell, que deu a forma matemática do eletromagnetismo, as leis de Maxwell. A grande descoberta de Maxwell em eletromagnetismo é a previsão de que a luz é uma onda eletromagnética e que sua velocidade pode ser determinada por medidas puramente elétricas e magnéticas. Em 1888, no artigo intitulado "On Electromagnetic Waves in Air and Their Reflection", H. Herz prova experimentalmente as previsões de Maxwell. Em 1879, Edwin H. Hall, sob orientação do professor Henry Roland, da Universidade Johns Hopkins, efetuou a medida do que conhecemos hoje como efeito Hall, usando um condutor de cobre, e descobriu que a corrente elétrica num metal é devido ao fluxo de um fluido que possui carga negativa. Provou ainda que, ao contrário do que Oersted sugerira, um campo magnético exerce a força sobre o fluido no condutor e não sobre o conduto. Por volta de 1860 foi descoberto que uma grande diferença de potencial através de um ambiente contendo gás rarefeito (0,01 atm) causava fluorescência do gás. O aparato para estes estudos era contido em tubos de vidro. Quando a pressão era ainda mais baixa (10-3 mm de Hg), o tubo como um todo ficava escuro, mas observavam-se feixes luminosos de cor azulada emanando do eletrodo negativo (catodo). Onde os "raios catódicos" invisíveis atingiam a superfície do tubo de vidro observava-se a fluorescência do vidro, que brilhava numa cor esverdeada ou azulada. Descobriu-se que o "raio catódico" caminhava em linha reta, pois plaquetas de mica posicionadas no caminho do feixe produzia uma sombra na parede de vidro. Nos idos de 1880 conhecia-se uma série de fatos: (1) o raio era defletido por um campo magnético como se fossem cargas negativas; (2) o raio era emitido perpendicularmente à placa do catodo, ao contrário da luz que era emitido para todas as direções; (3) o raio carregava momento (uma vez que era capaz de girar pequenas hélices) e energia (uma vez que era capaz de aquecer um corpo). No início não se sabia se o "raio catódico" era uma onda eletromagnética ou um fluxo de partículas carregadas. Heinrich Hertz tentou defletir o raio por meio de campos elétricos, aplicando uma tensão, inicialmente de 22 V, entre duas placas planas paralelas, sem resultados. Ao atingir 500 V houve geração de uma descarga entre as placas e os estudos foram interrompidos. P. Lenard, assistente de Hertz, descobriu que o raio era capaz de atravessar finas folhas de metal (2 µm) e percorrer distâncias de até 1 cm no ar. Como as folhas metálicas não permitiam a passagem do gás de hidrogênio, o menor dos átomos, ficava provado que o UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO 30 "raio catódico" não era um feixe de átomos. Seos raios fossem feixes de partículas carregadas deveria haver geração de campo magnético, mas Hertz não foi capaz de medir tal campo. Desse modo, a maioria dos cientistas alemães acreditava que o "raio catódico" deveria ser algum tipo de campo. Em 1895, J. Perrin, na França, foi capaz de coletar os raios num cilindro e mostrar que eles carregavam cargas negativas. Com um campo magnético defletindo o raio, foi capaz de evitar a coleta de carga, mostrando que o "raio catódico" era constituído de partículas. O aparato para estudar o "raio catódico" era o tubo de raio catódico (CRT – Cathode Ray Tube). Em 1897, J. J. Thomson, em Cambridge, realizou uma série de experimentos utilizando o CRT para estudar o elétron, que à época ele chamava de "corpúsculo". O CRT consistia de um catodo, onde o raio era gerado, e um anodo que possuía um pequeno orifício, para onde o raio era acelerado por meio de uma diferença de potencial aplicada entre os dois eletrodos. O conjunto era montado dentro de uma câmara de vidro mantida à baixa pressão. Na linha da trajetória do raio, o aparato permitia aplicar um campo magnético conhecido e existia ainda um par de placas paralelas, onde se aplicavam tensões que geravam um campo elétrico defletor. Thomson conseguiu provar, de início, que o raio podia ser defletido pelo campo elétrico. Isto foi possível porque Thomson trabalhava com níveis de vácuo melhores que os usados por Hertz. Baseado nisso, Thomson realizou a seguinte sequência de medidas: i) observar o ponto em que o feixe de cargas atinge a tela do CRT quando nem o campo elétrico nem o campo magnético são aplicados; ii) observar o ponto em que o feixe de cargas atinge a tela do CRT quando o campo magnético é aplicado; iii) determinar a intensidade do campo elétrico necessário para compensar o campo magnético, fazendo com que a posição observada em (ii) volte para a posição de (i). Para marcar as posições, a tela de vidro do CRT era coberta por um material fosforescente, como por exemplo, o ZnS. Thomson sabia, pelo conhecimento do seletor de velocidade, que a velocidade da partícula era v = E/B. A velocidade de suas partículas era de 3x107 m/s Thomson utilizou vários gases no interior do tubo, mas obtinha sempre o mesmo valor de q/m para o "corpúsculo", concluindo que observava sempre a mesma partícula. Supondo ainda que este "corpúsculo" tivesse a mesma carga do íon H+, concluiu que o "corpúsculo" deveria ter uma massa pelo menos 1000 vezes menor que o menor dos átomos, isto numa época em que muitos cientistas ainda relutavam em aceitar a ideia do átomo. Assim, o elétron foi a primeira partícula subatômica descoberta pelo homem e marca o início da eletrônica tal qual a conhecemos hoje. Durante os séculos XVII e XVIII acreditava-se que tanto a matéria quanto a carga elétrica fossem contínuas. Em 14 de dezembro de 1900, Max Planck apresentou o seu artigo "Sobre a teoria da lei da distribuição de energia do espectro normal" TÓPICO 2 | FORÇA MAGNÉTICA 31 sobre a radiação térmica em que sugere pela primeira vez que esta radiação não seria um fluxo contínuo de energia, mas sim um fluxo de pacotes de energia. Este trabalho é considerado hoje a origem da física quântica clássica. Em 1909, R. Andrew Millikan demonstrou que a carga elétrica é também quantizada. Em 1900, Drude sugeriu que num metal a condução de corrente é feita por uma nuvem de elétrons e desenvolveu toda uma teoria de condução térmica e elétrica, aplicando a teoria cinética dos gases. A teoria cinética dos gases supõe que as moléculas de gases são esferas sólidas idênticas que se movem em linha reta até colidir com uma outra molécula do gás. Drude supôs adicionalmente que as cargas positivas pertenciam a partículas muito mais pesadas que o elétron, que eram consideradas imóveis. No modelo de Drude supunha-se que os elétrons possuíam uma distribuição de velocidade eletrônica dada pela distribuição de Maxwell Boltzmann. Pouco tempo depois de Pauli apresentar o seu princípio da exclusão, isto é, que dois elétrons não podem assumir exatamente a mesma energia, Sommerfeld aplicou a mesma ideia ao modelo de Drude. Isto implicava aplicar a distribuição de Fermi-Dirac, o que ajudou a corrigir uma série de falhas do modelo de Drude. O modelo de Sommerfeld ainda deixava de explicar muitas observações experimentais. As razões para as falhas eram algumas hipóteses que eram assumidas no modelo. Hoje, sabe-se que as principais fontes dos erros de predição eram as seguintes hipóteses: i) aproximação de elétron livre; ii) aproximação de elétrons independentes; iii) aproximação de tempo de relaxação nula. Neste meio-tempo, o modelo do átomo foi também sendo desenvolvido: 1- Em 1904, Thomson apresentou o modelo de um átomo como sendo uma espécie de "pudim de passas", uma distribuição contínua de carga positiva contendo elétrons de carga negativa. 2- Em 1911, Ernest Rutherford apresenta o modelo de um átomo contendo um núcleo de carga positiva circundada por elétrons. 3- Em 1913, Niels Bohr propõe que as "órbitas" dos elétrons são quantizadas e que os raios atômicos são múltiplos de 2 π h, onde h é a constante de Planck. Com isso explica os espectros atômicos. 4- Em 1925, Erwin Schröedinger desenvolve a equação de Schröedinger e o conceito da função de onda. 5- Resolve a equação de Schröedinger no caso de um elétron confinado num potencial eletrostático de um próton e consegue determinar os mesmos níveis de energia previstos pelo modelo de Bohr para o átomo de hidrogênio. Simultaneamente adquiria-se também uma série de conhecimentos a respeito da radiação eletromagnética, como a sua dualidade onda partícula (fóton), da quantização dos fótons, bem como das diferentes formas como a UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO 32 radiação eletromagnética e a matéria interagem. Um destes conhecimentos era o espectro atômico que era explicado pelo modelo atômico de Bohr. Por outro lado, em 1913, W. H. Bragg e W. L. Bragg se valiam do raio X para estudar a cristalografia dos sólidos, isto é, o arranjo dos átomos num sólido. Foi descoberto que alguns sólidos, como por exemplo, os cristais iônicos, formavam redes periódicas tridimensionais. Como os íons de uma rede cristalina perfeita são arranjados como uma rede periódica regular, passou-se a considerar um potencial periódico e o comportamento de um elétron em tal potencial. Este estudo (Teorema de Bloch) leva à conclusão de que em um potencial periódico os elétrons podem apresentar energias apenas dentro de certas faixas de energia, ou seja, prevê que existem bandas de energia permitidas (como as bandas de valência e de condução), com bandas de energia proibida entre elas. O estudo da condutividade de um elétron num potencial periódico foi também feito supondo que o elétron não é uma partícula, mas sim, um pacote de onda com o nível de elétron livre. Esta aproximação é chamada de modelo semiclássico, cujo resultado mais expressivo é a previsão da existência das lacunas. [...] FONTE: OKA, Mauricio Massazumi. História da eletricidade. 2000. Disponível em: http://www.lsi. usp.br/~dmi/manuais/HistoriaDaEletricidade.pdf. Acesso em: 30 set. 2019. http://www.lsi.usp.br/~dmi/manuais/HistoriaDaEletricidade.pdf http://www.lsi.usp.br/~dmi/manuais/HistoriaDaEletricidade.pdf 33 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Um fio condutor na qual circula uma corrente elétrica, gera um campo magnético. • A força magnética é resultado do produto vetorial entre o campo magnético e a velocidade da partícula: F qv B= × • Numa trajetória circular, uma carga de prova pode ser descrita em termos: ( ) ( ) ( ) 2 1 2 mvR raio q B mT período q B q B f f frequência T m π π = = = → = • A força magnética em um fio percorrido por corrente é: BF iL B= × E também pode ser descrita em forma infinitesimal: Bd F idL B= × • Quando uma espira percorrida por corrente elétrica está imersa emum campo magnético, a espira entra em movimento de rotação. Numa espira, o torque aplicado é conhecido pela expressão: senNiABτ θ= (15) 34 AUTOATIVIDADE FIGURA – ESQUEMA DA EXPERIÊNCIA REALIZADA PELO FÍSICO DINAMARQUÊS, HANS CHRISTIAN OERSTED, EM 1820 FONTE: <http://www.fisicapaidegua.com/questoes/imagens/q36_pucsp_2003.jpg>. Acesso em: 24 out. 2019. Ao fechar a chave Ch, a fonte de tensão V faz circular uma forte corrente elétrica pelo circuito. Com isso, verifica-se que: a) ( ) A agulha da bússola não se move, porque a corrente elétrica gera um campo elétrico. b) ( ) A agulha da bússola deflete, tendendo a ficar perpendicular ao fio, porque a corrente elétrica gera um campo magnético. c) ( ) A agulha da bússola é atraída pelo fio, porque a corrente elétrica gera um campo magnético. d) ( ) A agulha da bússola é repelida pelo fio, porque a corrente elétrica gera um campo magnético. e) ( ) A agulha da bússola não se move, porque somente a corrente elétrica alternada gera campo magnético. 1 A figura a seguir mostra um esquema da experiência realizada pelo físico dinamarquês, Hans Christian Oersted, em 1820, considerada um dos marcos iniciais do eletromagnetismo. Com a chave Ch aberta, não há passagem de corrente pelo circuito e a bússola aponta na direção norte-sul terrestre. 2 (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2009) Uma linha de transmissão horizontal é percorrida por uma corrente de 5000 A no sentido sul-norte. O campo magnético da Terra (60,0µT) tem a direção norte e faz um Ângulo de 70,0º com a horizontal. Determine (a) o módulo e (b) a direção da força magnética exercida pelo campo magnético da Terra sobre 100 m da linha. 3 Analise as afirmações a seguir em relação à força magnética sobre uma partícula carregada em um campo magnético. 35 I- Pode desempenhar o papel de força centrípeta. II- É sempre perpendicular à direção de movimento. III- Nunca pode ser nula, desde que a partícula esteja em movimento. IV- Pode acelerar a partícula, aumentando o módulo de sua velocidade. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) I e II são verdadeiras. b) ( ) Somente II é verdadeira. c) ( ) Somente IV é verdadeira. d) ( ) II e III são verdadeiras. e) ( ) I e IV são verdadeiras. 4 Uma bobina circular de 160 espiras tem um raio de 1,90 cm. (a) Calcule a corrente que resulta em um momento dipolar magnético de módulo 2,3 A.m². (b) Determine o valor máximo do torque a que a bobina é submetida quando, sendo percorrida por essa corrente, é colocada na presença de um campo magnético uniforme de módulo 35,0 mT. 36 37 TÓPICO 3 CAMPOS MAGNÉTICOS PRODUZIDOS POR CORRENTES UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Com os resultados experimentais de Oersted e o estabelecimento do Eletromagnetismo foi possível concluir que em cargas elétricas em movimento existe uma força de interação magnética. As manifestações de fenômenos magnéticos são explicadas por meio dessa força entre cargas em movimento. Desse modo, a deflexão sofrida pela bússola no experimento de Oersted tem origem devido a essa força. Do mesmo modo é responsável ela orientação da agulha magnética na direção norte-sul de uma bússola e a atração e repulsão gerada por ímãs. Alguns anos depois, Michael Faraday (1791-1867) apresentou a ideia de campos magnéticos e elétricos. Os campos podem ser representados por linhas de campo, como vimos no tópico anterior a representação da indução magnética para ímãs. Em fios percorridos por corrente elétrica, as linhas de campo são circulares e fechadas, como estudaremos nesse tópico. A força magnética é gerada pela presença de um campo magnético, e as aplicações cotidianas consistem em inúmeros dispositivos que utilizamos, desde liquidificadores a discos rígidos de computadores. Começaremos estudando como determinar um campo magnético em um elemento de um fio condutor sujeito a uma diferencial de potencial e produzindo uma corrente elétrica, e finalizaremos nosso estudo analisando os solenoides e bobinas. 2 CAMPO MAGNÉTICO PRODUZIDO POR CORRENTE A figura a seguir mostra um elemento de fio condutor percorrido por uma corrente elétrica i. Como vimos, a corrente gera um campo magnético em torno do fio e que pode ser observado num ponto arbitrário que chamaremos de P. 38 UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO FIGURA 19 – ILUSTRAÇÃO DE UM FIO PERCORRIDO POR CORRENTE GERANDO UM CAMPO MAGNÉTICO FONTE: Os autores Para definir o sentido das linhas de um campo magnético, usamos a regra da mão direita. O dedo polegar representa o sentido da corrente e os demais dedos apontam para o sentido das linhas de indução magnética. Ou seja, envolva o elemento de corrente com a mão direita, tal que o polegar aponta no sentido da corrente, enquanto que os outros dedos indicam a orientação das linhas de campo magnético produzido pela corrente. FIGURA 20 – DISPOSIÇÃO DOS DEDOS EM RELAÇÃO À CORRENTE E ÀS LINHAS DE CAMPO MAGNÉTICO FONTE: <https://donaatraente.wordpress.com/enquadramento-teorico/campo-magnetico/ regras-para-determinar-o-sentido-do-campo-magnetico/>. Acesso em: 24 out. 2019. Para o cálculo do campo magnético produzido por uma corrente, vamos começar analisando um elemento infinitesimal do fio condutor apresentado na seguinte figura: FIGURA 21 – ELEMENTO DE CORRENTE PRODUZINDO UM CAMPO MAGNÉTICO FONTE: Halliday, Resnick e Walker (2009, p. 234) i Corrente ds r θ P (para dentrodopapel)dB id s r TÓPICO 3 | CAMPOS MAGNÉTICOS PRODUZIDOS POR CORRENTES 39 Para cada elemento do fio, associamos um comprimento , cuja direção é a mesma da corrente. Para determinar o campo magnético produzido pelo elemento de corrente , escolhemos um ponto P no exterior do fio. Portanto, o módulo do campo magnético é dado por: ds → dB → ds → 0 2 7 0 0 . . 4 . 4 .10 . / i ds sendB r permeabilidadedovácuo T m A µ θ π µ µ π − = → → = Vetorialmente, podemos escrever em termos produto vetorial do elemento de corrente e a distância do ponto P: 0 24 . ˆ.i ds rdB r µ π × = Essa equação é conhecida como Lei de Biot-Savart e se baseia em observações experimentais. Ela é utilizada para determinar o campo magnético em diferentes geometrias, como veremos neste tópico. Para calcular o campo magnético produzido pela corrente elétrica em um fio com comprimento muito grande (infinito), consideramos o esquema da figura a seguir. O campo magnético produzido no ponto P aponta para dentro do papel. “O módulo do campo magnético é determinado pelos elementos de corrente que compõem a metade superior de um fio infinitamente longo, integrando dB de 0 a ∞ ” (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2009, p. 236). FIGURA 22 – ELEMENTO DE CORRENTE PRODUZINDO UM CAMPO MAGNÉTICO FONTE: Halliday, Resnick e Walker (2009, p. 236) i s r θ P (para dentrodopapel)dB id s r R 40 UNIDADE 1 | CAMPO MAGNÉTICO Como o campo magnético produzido pela metade superior é igual ao produzido na metade inferior, basta multiplicar a integral por 1: 0 20 0 .2 2 4 i sen dsB dB r µ θ π ∞ ∞ = =∫ ∫ De acordo com a figura, podemos escrever a distância por meio de relações trigonométricas: ( ) 2 2 2 ²r s R Rsen sen s R θ π θ = + = − = + Resolvendo a integral obtemos: ( )0 02 20 2 2 i Rds iB fio retilíneolongo s R R µ µ π π ∞ = = +∫ O campo magnético produzido pela metade superior ou inferior do fio é metade desse valor, ou seja: ( )0 4 iB fio retilíneo semi infinito R µ π = − Como vemos na equação anterior, o módulo do campo magnético depende da corrente elétrica que percorre o fio, e da distância entre o ponto arbitrário e o fio. 3 FORÇA ENTRE DUAS CORRENTES PARALELAS Dois fios longos e paralelos percorridos por corrente sofrem interferência por meio do campo gerado entre eles, e desse modo também exercem forças um sobre o outro. Veja a figura: TÓPICO 3 | CAMPOS MAGNÉTICOS PRODUZIDOS POR CORRENTES 41 FIGURA 23 – FIOS PARALELOS PERCORRIDOS POR CORRENTE ELÉTRICA FONTE: Halliday, Resnick e Walker (2009, p. 240) Como vemos,
Compartilhar