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Comportamento Organizacional 1ª edição 2017 Comportamento Organizacional Presidente do Grupo Splice Reitor Diretor Administrativo Financeiro Diretora da Educação a Distância Gestor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Gestora do Instituto da Área da Saúde Gestora do Instituto de Ciências Exatas Autoria Parecerista Validador Antônio Roberto Beldi João Paulo Barros Beldi Claudio Geraldo Amorim de Souza Jucimara Roesler Henry Julio Kupty Marcela Unes Pereira Renno Regiane Burger Aurivar Fernandes Filho Julio Cezar Moraes de Caldas Cleideni Alves de Figueiredo *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. 44 Sumário Unidade 1 Trabalho e pessoas ........................................................6 Unidade 2 Grupo Social e Trabalho em Equipe ...........................20 Unidade 3 Motivações e sua influência no comportamento organizacional ..............................................................35 Unidade 4 Liderança ......................................................................54 Unidade 5 Saúde Mental no Ambiente de Trabalho ...................70 Unidade 6 Competência Interpessoal, Feedback e Comunicação Interpessoal ..................................................................87 Unidade 7 Qualidade de vida no trabalho e comportamento organizacional: tópicos emergentes da psicologia organizacional ............................................................101 Unidade 8 Inclusão e Diversidade Étnico-Racial no Ambiente Organizacional ...........................................................116 5 Palavras do professor Olá aluno!Seja bem-vindo à disciplina, Comportamento Organizacio- nal. Mas, por que estudar o comportamento humano nas organizações? Qual a importância desta disciplina para a sua futura área de atuação como gestor?Mais que isso, quais as contribuições da psicologia para sua atuação como gestor? O trabalho de gestão envolve conhecimento de diferentes áreas e/ou conhecimentos que possibilitam ao profissional um olhar sistêmico sobre administração, finanças, dentre outras questões relacionadas ao mesmo. Contudo, uma organização também está sustentada e possui um importante ativo/capital humano que precisa ser compreendido e constantemente analisado: seus colaboradores. Desse modo, a disciplina de Comportamento Organizacional tem como objetivo auxiliá-lo na tarefa de identificar os processos individuais e grupais que cercamo ambiente organizacional, ou seja, os aspectos psicossociais presente nessas relações. Além disso, por meio dos con- ceitos da psicologia organizacional, a disciplina será essencial para que você, como futuro gestor, compreenda diferentes e eficazes maneiras de orientar, de modo adequado, seus liderados, na tarefa de alcançar os objetivos e metas em prol do planejamento estratégico da organização da qual fazem parte. Assim, você terá a oportunidade de aprender, em oito unidades de aprendizagem,sobre o significado do comportamento organizacional, os processos grupais e o trabalho em equipe, as principais teorias moti- vacionais, princípios de liderança, a saúde mental e qualidade de vida no ambiente de trabalho, competência e comunicação interpessoal e o processo de inclusão como ferramenta estratégica empresarial. Aproveite os conhecimentos apresentados e adentre nesse maravilhoso mundo do comportamento humano organizacional! Seja bem-vindo e bom curso! 1 6 Unidade 1 Trabalho e pessoas Para iniciar seus estudos Geralmente quando alguém pensa num ambiente organizacional, várias imagens podem vir à mente, tais como: negócio, serviços ofere- cidos, lucro, recursos, maquinários e, metas. Não é verdade? Muito mais que todos esses pontos, uma organização é composta de pessoas! Isso mesmo! Pessoas que são recrutadas, selecionadas, que investem seu tempo, energias e são diferentes uma das outras num mesmo ambiente. Mas, o que torna essas pessoas diferentes? De que modo compreender essas diferenças pode auxiliar um gestor em sua tarefa cotidiana? Qual a relação entre trabalho e pessoas? Para responder estas questões, vários estudiosos da psicologia e administração realizaram pesquisas sobre o comportamento organizacional e como este afeta a produtividade e os relacionamentos interpessoais. Quer saber como? Continue a leitura e descubra a resposta a todas essas questões de extrema importância para sua carreira como gestor. Vamos lá? Bons estudos! Objetivos de Aprendizagem • Compreender o conceito de comportamento organizacional e sua importância para a atuação do gestor para as organizações; • Aprender o significado, história e representação social para as pessoas; • Conhecer como os aspectos individuais, expresso pela personalidade e emoções,influenciam o comportamento nas organizações. 7 Comportamento Organizacional | Unidade 1 - Trabalho e pessoas 1.1 Comportamento Organizacional: conceito e importância A palavra comportamento sempre foi muito utilizada como princípio de pesquisa e análise para as diversas linhas de pensamento da psicologia, justamente por representar um dos objetos de estudo da ciência(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2009). No que concerne à especificidade das organizações, a psicologia organizacional objetiva estudar o humano, suas relações, os grupos, processos de construção identitária, desenvolvimento, aprendizagem e a comunicação , nesse contexto já mencionado. Sendo assim, a palavra comportamento, definida como “maneira de se comportar, procedimento, conduta, ato” (FERREIRA, 2000, p. 169), está fortemente ligada ao contexto no qual um ou mais indivíduos circulam ou pertencem: uma organização, com objetivos, missão, visão e valores definidos – formal ou informalmente. Você deve estar se perguntando: por que a palavra comportamento está tão atrelada à organização, quando falamos de comportamento organizacional, não é mesmo? Vejamos a definição do que é comportamento organizacional, segundo Robbins (2011, p. 7), inicialmente: [...] é um campo de estudos que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura orga- nizacional têm sobre o comportamento das pessoas dentro das organizações, com o propósito de utilizar esse conhecimento para melhorar a eficácia organizacional. Observe que o autor definiu comportamento organizacional como um campo de estudos, correto? Mais ainda, indicou o objetivo desse estudo: investigar como a estrutura e as relações estabelecidas dentro de uma organi- zação influenciam no comportamento de uma pessoa e como melhorar a eficácia deste! Figura 1: O Estudo do comportamento organizacional e a busca pela eficácia Legenda: O estudo do comportamento organizacional auxilia os gestores na construção de estratégias para melhoria da eficácia na produtividade Fonte: ID da imagem: 63909245https://pt.123rf.com/photo_63909245_gerente-de-delegar-trabalho-a-outros- trabalhadores-da-equipe.-conceito-gerencial-com-delega%C3%A7%C3%A3o..html?term=63909245 O comportamento organizacional é um importante campo de estudo para que o gestor possa analisar o impacto que a estrutura organizacional, indivíduos e grupos interferem na eficácia dos resultados esperados pela organização. 8 Comportamento Organizacional | Unidade 1 - Trabalho e pessoas Por conta disso, avaliar o modo pelo qual uma pessoa inicia sua socialização na organização (cultura, valores e conceitos), o aprendizado de suas regras, ao alinhar os colaboradores ao que é esperado como integrante desta e os processos internos – por setores –, será um sinalizador de como um indivíduo é afetado pela orga- nização (ZANELLI e SILVA, 2008). Imagine: se numa escolaou grupo de amigos sofremos influência, quanto mais num local no qual uma pessoa passa de 6 a 8 horas por dia, semanalmente? Mais ainda, cumpre ao gestor examinar como aquilo que uma ou mais pessoas fazem, interfere positiva ou negativamente nos resultados esperados de uma organização. Ainda assim, numa perspectiva histórica, Pasetto (2012) esclarece ser importante entender que a preocupa- ção com o estudo do comportamento organizacional esteve presente desde a época da Revolução Industrial em busca de soluções para os problemas que se apresentavam; mais ainda, grandes autores da era clássica influenciaram sobremaneira o desenvolvimento do comportamento organizacional, como por exemplo: • Adam Smith (1723-1790): filósofo e economista apontou que a divisão do trabalho evocava maior produtividade, habilidade e destreza de cada trabalhador. • Charles Babagge(1791-1871):matemático, economista e filósofo, enfatizouo valor do intelectual na execução das tarefas para melhor resolução de problemas (reduzir tempo e desperdício de material, ganho de altos níveis de habilidades e aumento da capacidade física). • Robert Owen (1771-1858):empresário e empreendedor,defendia o investimento de dinheiro para melhoria no trabalho, como: regulamentação do horário de trabalho e erradicação do trabalho infantil, bem como alimentação no ambiente de trabalho e atuação das empresas em projetos comunitários (bem atual, não acha?). Com base nos teóricos apontados, novos modelos e paradigmas foram sendo criados e formados para atender as necessidades da organização e dos colaboradores - conforme a época. Assim, um importante momento destacado por Pasetto (2012), foi a era denominada, comportamental. O que isso quer dizer? Segundo Pasetto (2012), houve um reconhecimento do aspecto humano nas organiza- ções, envolvendo diversos estudos – por exemplo, os estudos de Hawthorne -, sobre o bem-estar dos colabo- radores e do quanto esta melhoria influenciaria na produtividade, culminando na teoria das relações humanas e no estudo sistemático de pesquisas sobre o comportamento organizacional. Os estudos de Hawthorne aconteceram no período de 1924 até 1930, na fábrica da Wes- tern Eletric, em Chicago.Tinha por objetivo averiguar o comportamento humano nas orga- nizações, ao estabelecer uma relação entre a luminosidade e a eficiência da produção. 9 Comportamento Organizacional | Unidade 1 - Trabalho e pessoas Não somente isso, mas outras disciplinas contribuíram consideravelmente no estudo do comportamento orga- nizacional, de acordo com os seus objetos de estudos, métodos e unidade de análise. Observe a figura a seguir: Figura 2: Contribuições das Ciências para o Estudo do Comportamento Organizacional Legenda: As contribuições das ciências para o estudo do comportamento organizacional, influenciaramconsideravelmente para o avanço de novos modelos de gestão. Fonte: Robbins (2011, p. 10). Até aqui você já percebeuo quanto o conceito de comportamento organizacional mobilizou diversas ciências e suas contribuições, não é verdade? Mais que isso, o quanto o estudodesse conceito poderá ajudá-lo em mui- tos sentidos, como por exemplo: conhecendo o comportamento das pessoas de sua organização, você poderá realizar planejamentos e metas realistas, bem como a criação de estratégias para resolução de problemasre- correntes em prol do aumento da produtividade. Nesse ponto, precisamos entender que alguns momentos merecem considerável atenção dos gestores ao analisar, medir ou sistematizar os comportamentos possíveis de serem observados. Dessa maneira, Mene- gon (2012) indicou cinco aspectos comportamentais a serem observados e que influenciam diretamente no desempenho dos colaboradores: 10 Comportamento Organizacional | Unidade 1 - Trabalho e pessoas Quadro 1: Tipos de Comportamentos Observáveis COMPORTAMENTO DEFINIÇÃO ÍNDICE Produtividade Produção de itens ou prestação de serviço com qualidade. Pode ser medida pelas avaliações de desempenho, metas alcançadas individualmente ou em grupo. Absenteísmo Não comparecimento ao ambiente de e/ou ao trabalho para execução do mesmo. Análise da quantidade de faltas e atestados apresentados pelos colaboradores. Rotatividade Mudança constante de colaboradores nos postos e setores de trabalho, atrasando todo o serviço/ produto ofertado. Medida pela quantidade de saídas, demissões e novas contratações. Cidadania Organizacional Voltado para a postura dos colaboradores em auxiliar seus colegas de trabalho e disponibilidade para execução de novas tarefas. Avaliação realizada pelos líderes imediatos, semanal ou mensalmente(observação direta, por exemplo) Satisfação dos Colaboradores Avaliação do bem-estar a respeito do ambiente de trabalho, visão pessoal sobre a organização e o valor dado ao trabalho e atividades realizadas frente à sua vida pessoal. Possível de ser medida avaliando todos os itens mencionados anteriormente, por meio de entrevistas, observação direta e pesquisa de clima organizacional – ferramenta específica para verificar a satisfação dos colaboradores. Legenda: Aspectos comportamentais que influenciam diretamente no desempenho dos colaboradores. Fonte: Adaptado pelo autor, a partir deMenegon (2012) A partir do quadro anterior, podemos pontuar que os aspectos comportamentais citados, são ricas fontes de avaliação para melhoria da eficácia organizacional. O gestor necessita conhecer o comportamento de seus liderados, como agem, porque agem de um determinado jeito e de que modo pode auxiliá-los a modificar ações que interfiram negativamente na produtividade da organização. Com isso, podemos afirmar que o estudo do comportamento organizacional pressupõe diversas funcionalida- des para o gestor. Quanto a isso, Chiavenato (2014) apoia esta opinião e indica os seguintes pontos sobre sua utilidade: • Estudo sistemático do comportamento de pessoas e grupos, de modo organizado; • Possibilita a análise e a criação de técnicas que possam ser direcionadas para problemas específicos em cada organização; • Desenvolvimento de estratégias que viabilizem melhoria da qualidade de vida no ambiente de trabalho; • Propicia condições para que as organizações sejam eficiente, eficazes e inteiramente competitivas quanto ao seu público interno e externo; • Proporciona mudanças/inovação em toda a organização, pois se trata de influencias e de um grupo de pessoas. 11 Comportamento Organizacional | Unidade 1 - Trabalho e pessoas Muitas funcionalidades, não é verdade? É essencial que você compreenda o quanto a observação e análise dos comportamentos grupais e individuais representam importantes termômetros para medir a produtividade, satisfação e estratégias para resolução de problemas. Agora que abordamos o conceito de comportamento organização e sua importância, trataremos com atenção as questões direcionadas à relação do indivíduo com a organização. Vamos lá? 1.2 O indivíduo e sua relação com as organizações Ao falarmos de indivíduo, adentramos no terreno de um importante conceito abordado na psicologia: a subje- tividade. Trata-se de um objeto de estudo.Em outras palavras, o termo que identifica a psicologia como ciência em busca da compreensão do humano. E como podemos definir a subjetividade? Segundo Bock, Furtado e Teixeira (2009, p.23), o conceito é definido como: [...] o mundo de ideias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais [...] é a maneira de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar e fazer de cada um. É o que constitui o nosso modo de ser. Atente que, ao falarmos de subjetividade, discorremosa respeito do modo particular de cada pessoa: sua cons- trução psíquica, as influências sociais e relações, o aparato biológico e como suas vivências instituíram seu modo de ser como pessoa no mundo. Dessa maneira, não podemos falar queas pessoas são iguais!Basta lembrarque nascemos em dias/horários e lugares diferentes, temos pais diferentes, bem como nossos relacionamentos não foram os mesmos. Por conta disso, cada um reage em determinada ocasião segundo suas emoções e o modo como significou e entende questões como: amor, ódio, amizade, dentre outros. Entretanto, à medida que crescemos,criamos afinidades e participamos de grupos, ou seja, nos socializamos: com nossos pais, parentes próximos, amigos da escola e bairro. Assim, o fenômeno psicossocial da socialização pressupõe o desenvolvimento de um indivíduo que “se desenvolve como pessoa e como membro de uma sociedade” (ZANELLI, SILVA, 2008, p. 39). Assim, a passagem pelos mais diferentes ambientes que frequentamos em nossas vidas (creche, escola, igreja e clubes, permite com que interiorizemos valores, crenças e critérios morais que guiarão escolhas e compor- tamentos ao longo de nossas vidas.Mais que isso, nos concede um sentimento de pertencimento a um deter- minado grupo e a aquisição de uma ou mais identidades pelos quais somos reconhecidos: esposo/a, filho/a, estudante e outros. Você se interessou pelo estudo de identidade? Uma ótima indicação de referência é o livro de Stuart Hall: “A identidade cultural na pós-modernidade” (2006), da editora DP&A. A obra discorre sobre o conceito de identidade ao longo dos séculos, cultura e globalização. Vale a pena lê-lo! 12 Comportamento Organizacional | Unidade 1 - Trabalho e pessoas Pare e pense por um momento sobre você mesmo.Quantas pessoas conheceu até hoje e o quanto aprendeu com elas? O que a escola, seus amigos e a família te ensinaram de valores que você incorporou à sua vida e quais descartou? Apesar de ser uma construção individual, não podemos deixar de apontar o social que inter- fere constantemente no nosso desenvolvimento como indivíduos e que muitas vezes lutamos para sermos reconhecidos como tais. Dito de outra forma, à medida que nos relacionamos com o outro, incorporamos, sintetizamos e damos signi- ficado ao que nos é ensinado para viver em grupo e sociedade, conforme nosso olhar individual sobre fenô- menos externos/sociais. Figura 3: A identidade social Legenda: A identidade é o modo como somos reconhecidos socialmente nos espaços pelos quais circulamos ao longo de nossas vidas. Fonte: ID da imagem: 47415009 De modo semelhante, quando uma pessoa inicia o trabalho numa determinada organização, por exemplo, ao seu processo identitário (constante movimento de inclusão), soma-se o reconhecimento comocolaborador/ trabalhador da empresa X, não é mesmo? Muito mais do que simplesmente dizer que “pertenço” à determinada organização, valores e cultura neces- sitam ser ensinados aos colaboradores para que estes sejam incorporados, como parte da sociabilização e pertencimento a este grupo. Todavia, o indivíduo carrega consigo suas próprias características e vivências sub- jetivas, ou seja, diversidades que necessitam ser administradas e utilizadas em benefício organizacional e não como problema. Por conta disso, algumas organizações realizam processos seletivos detalhados e precisos, não somente anali- sando a experiência dos candidatos, mas seus valores, crenças e atitudes. Por que isso é feito? Especificamente para que não haja divergência entre aquilo que o candidato acredita e o os valores organizacionais, presentes nos contratos, negociações e modo de lidar com o cliente. 13 Comportamento Organizacional | Unidade 1 - Trabalho e pessoas Por exemplo, se uma organização estabeleceu que dentre seus valores estão a ética e o respeito, suas negocia- ções, os processos de seleção, contratos devem ser pautados por estes princípios. Nesta mesma linha de pen- samento, a escolha por novos colaboradores deve levar em consideração a opção de candidatos que prezem a ética e o respeito em suas vidas e na sua relação com o próximo, não é verdade? Ou seja, poderão representar os valores da própria organização, “vestindo sua camisa”. Quanto a isso, não se trata de uma mecanização e destituição da subjetividade dos colaboradores, mas a possi- bilidade de aquisição de valores e atitudes essenciais para a identificação a um grupo social – caso já não pos- suam -, com características e objetivos previamente definidos; origem das representações sociais (percepção sobre) pelos quais os clientes internos e externos percebem a organização. Com base nessas afirmações, perceba que há um entrelaçamento de questões individuais e organizações que estão em jogo. Há uma constante necessidade de equilíbrio entre os desejos/satisfações individuais e as metas/ estratégias da organização a serem cumpridas. Nesse ponto, faz-se importante compreender que os valores e crenças de uma organização devem ser constantemente relembradas, ensinadas e avaliadas entre aqueles que já fazem parte do grupo e os novos membros. Assim, mais do que o aspecto de identidade que está em constante movimento e acréscimo ao longo de nos- sas vidas, a subjetividade está atrelada a outros conceitos pelos quais a psicologia se debruça com frequência e sua compreensão tem muito a contribuir ao estudo do comportamento organizacional: o de personalidade e emoções – diferente de identidade. Continue a leitura! 1.3 Aspectos subjetivos no comportamento organizacional 1.3.1 A Personalidade É muito comum ouvirmos nas conversas cotidianas o termo, personalidade. Frases como: fulano tem perso- nalidade “fraca”,ou “forte” ou “não tem personalidade”, não é mesmo? Contudo, precisamos compreender o significado de personalidade. Vamos lá! Há diferentes linhas de pensamento da psicologia sobre o significado da personalidade, enquanto fenômeno. É essencial que entendamos se tratar do estudo da subjetividade humana, porém, sob diferentesenfoques e/ ou perspectivas: comportamento (psicologia cognitivo-comportamental), percepção (psicologia da gestalt) e o inconsciente (psicanálise), por exemplo. Entretanto, utilizaremos a definição mais comum do conceito depersonalidade, referenciado pelo psicólogo norte-americano Gordon Allport (1937 apud ROBBINS, 2011, p. 127), como: “a organização dinâmica interna daqueles sistemas psicofísicos do indivíduo que determinam seu ajuste individual ao ambiente”. O que isso quer dizer? Trata de explicar o modo como internamente a pessoa se constituiu ao longo do tempo, expresso em características pessoais e no modo como esta mesma pessoa lida com outras pessoas, se comporta e expressa suas emoções. 14 Comportamento Organizacional | Unidade 1 - Trabalho e pessoas A diferença entre identidade e personalidade está no modo como estas se estabelecem, por exemplo: a iden- tidade é móvel e pode ser acumulada/adquirida ao longo do tempo – identidade de filho/a adolescente, estu- dante, pai/mãe e/ou trabalhador/a Já o conceito de personalidade atenta para características que descrevem comportamentos observáveis e identificáveis num indivíduo de modo recorrente ao lidar com situações, expressa num modo calmo, explosivo, tranquilo ou sociável.Compreendeu a diferença? A personalidade traz aspectos muito presentes da subjetividade que tratamos anteriormente. Diz respeito ao modo como somos e define quem somos, como pessoas/indivíduos, fácil de ser observado e presumível no comportamento explici- tação das emoções. Você não consegue apontar ou “predizer” a maneira como uma pessoa reagirá em determi- nadas situações? Exatamente por que a personalidade dada é representada por suas ações/reações de modo mais ou menos fixo, ou duradouro, no cotidiano. Figura 4: A personalidade e o comportamento frequente Legenda: A personalidade é um fenômeno dinâmico, observável /previsível no comportamento recorrente de um indivíduo ao lidar com o outro e, expresso em suas emoções. Fonte: ID da imagem: 47843448 Agora que você já sabe o que é personalidade, importante esclarecer que todas as pessoas possuem uma per- sonalidade ou modo que a descreve como indivíduo. Os termos, “fraco” e “forte”, não correspondem ao tipode personalidade, mas ao modo como socialmente é apontado o temperamento das pessoas – na psicologia, não há personalidade fraca ou forte, mas modos diferentes de ser uma pessoa no mundo. Mas, você deve estar se perguntando: por que eu preciso entender o que significa personalidade, como futuro gestor? A resposta é: a personalidade diz respeito a um conjunto de características que indicam a resposta de uma pessoa em determinada situação. Sendo assim, durante um processo seletivo, ao saber o tipo de colabo- rador que a organização necessita, o conhecimento das teorias de personalidade e o uso da ferramenta (teste) por psicólogos, serão de grande valia para encontrar a pessoa certa. Mais que isso, compreender porque uma pessoa age de uma determinada forma diante de uma situação, enquanto outra pessoa, age de forma muito diferente. 15 Comportamento Organizacional | Unidade 1 - Trabalho e pessoas Desse modo, os estudiosos da personalidade desenvolveram diversos estudos que pudessem esclarecê-la de acordo com as características frequentes (timidez, agressividade, preguiça e ambição), chamadas de traços de personalidade, podendo descrever com maior precisão o indivíduo (ROBBINS, 2011). Por conseguinte, alguns modelos foram criados para identificar a tipologia da personalidade; um deles foi o Indicador de Tipo de Personalidade Myers-Briggs, ferramenta criada pelas psicólogas americanas, Katharine Cook Briggs e Isabel Briggs Myers. No que consistia essa ferramenta? Também conhecido como teste MBTI (Myers-BriggsTypeIndicator)foi baseado na teoria do psicanalistasuiço, Garl Gustav Jung (1875-1961), contendo 100 questões que avaliavam como uma pessoa reagiria/sentiria em determinada situação.Posteriormente, as respostas são analisadas e a pessoa é classificada conforme os tipos abaixo que se combinam em 16 tipos de personalidade: Quadro 2: Tipos de Personalidade Myers-Briggs TERMOS DEFINIÇÕES EXEMPLO DE COMBINAÇÕES Extrovertida (E) versus Introvertida (I) As pessoas extrovertidas são sociáveis e comunicativas. Já as introvertidas apresentam timidez e são quietas. Tipo Introvertido/Intuitivo/Racional/Julgador (INTJ) – são pessoas visionárias, com mentes originais, céticas e críticas com propósitos próprios e teimosos. Sensoriais (S) versus Intuitivos (N) As pessoas sensoriais preferem a ordem, rotina e são detalhistas. Já as intuitivas são mais criativas e possuem uma visão ampliada das situações que se apresentam. Tipo Extrovertido/Sensoriais/Racionais/ Julgadores (ESTJ) – são pessoas realistas, analíticas, organizadas e com inclinação para negócios e mecânica. Racionais (R) ou Emocionais (F) As pessoas racionais usam a lógica e o raciocínio na tomada de decisões. Já as emocionais, baseiam-se nos valores e sentimentos. Julgadores (J) ou Perceptivos (P) As pessoas julgadoras gostam do controle e da organização. As pessoas perceptivas são flexíveis e demonstram ansiedade e insegurança na tomada de decisão. Legenda: Tipo de personalidade de uma pessoa. Fonte: Adaptado pelo autor, a partir de Robbins (2011, p. 129) Observe que o indicador demonstrado no Quadro anterior, aponta comportamentos e emoções que traduzem o tipo de personalidade de uma pessoa. Com isso, o uso dessa ferramenta auxilia na escolha do tipo de perso- nalidade que a organização necessita para cada cargo, bem como as atividades que a pessoa desenvolverá ao longo do tempo. Mais que isso, indica as probabilidades comportamentais esperadas dos indivíduos conforme o tipo de personalidade apontado. Porém, devemos deixar claro que a aplicação e análise dos testes está atrelada às respostas que o indivíduo apresentar, de acordo com sua veracidade. E também: a aplicação dos testes de personalidade ou psicológicos deve ser associado a uma entrevista que aborde pontos que o profissional responsável, considerar necessários para emitir um relatório e/ou parecer sobre o teste. https://pt.wikipedia.org/wiki/Katharine_Cook_Briggs https://pt.wikipedia.org/wiki/Katharine_Cook_Briggs https://pt.wikipedia.org/wiki/Isabel_Briggs_Myers 16 Comportamento Organizacional | Unidade 1 - Trabalho e pessoas Cabe também ressaltar que os testes são aplicados somente por psicólogos, inscritos num Conselho Regional, pois somente assim poderão comprar as folhas de respostas do teste – na Casa do Psicólogo, ao apresentar o seu número de registro (CRP) -, aprovado e validado pelo Conselho Federal de Psicologia, como favorável ao uso e sua aplicação. Até aqui você aprendeu a respeito do aspecto subjetivo do indivíduo na organização: a personalidade. Ainda assim, apresentamos que a parte do modo como identificamos a personalidade é a observação da expressão das emoções, não é mesmo? Vejamos agora o que são elas. 1.3.2 As Emoções Como parte da definição de personalidade, indicamos que a expressão duradoura e cotidiana das expressões tornam-se um termômetro pelo qual podemos reconhecê-la. E, o que são emoções? Robbins (2011, p. 92) definiu como: [...] expressões afetivas intensas dirigidas a alguém ou alguma coisa. Podemos dizer que as emoções são uma súbita ruptura do equilíbrio afetivo de uma pessoa. Quase sempre são acom- panhadas de reações fisiológicas, tais como choro, batimento cardíaco acelerado, suores frios ou tremor das pernas. Provavelmente, você já deve ter apresentado alguma dessas reações, não é verdade? Pode estar relacionada a alguém com quem você gosta ou não goste muito, a eventos que espera com grande ansiedade, ou ainda, o recebimento de um prêmio. Surge como uma importante manifestação/reação interna de um indivíduo frente a um acontecimento ou sentimento demonstrado por alguém. Assim, cada pessoa reage de um modo particu- lar aos mesmos eventos, por exemplo. Além disso, Menegon (2012) indica a presença de seis emoções consideradas universais (comuns a todas às pessoas): raiva, medo, tristeza, felicidade, desagrado e surpresa, que se manifestam no ambiente de trabalho com bastante frequência. Figura 5: Tipos de Emoções Legenda: As emoções representam um modo particular de expressão/reação interna (por vezes exteriorizada)sobre um acontecimento ou relacionadaaalguém. Fonte: ID da imagem: 66992370 17 Comportamento Organizacional | Unidade 1 - Trabalho e pessoas No que se refere ao estudo do comportamento organizacional,compreender quais são as emoções e o modo como os indivíduos as expressam, serão fontes essenciais nos processos de seleção durante a aplicação de dinâmicas de grupos, em entrevistas e demais etapas definidas. Cabe ressaltar que o selecionador, em tese, já possui em mente o tipo de colaborador que necessita para a vaga em aberto. Ainda assim, a expressão e o controle delas pode ser um importante influenciador para a escolha de futu- ros líderes ou na admissão/promoção para cargos que demandem raciocínio, tomada de decisões rápidas e administração de conflitos, por exemplo. Por outro lado, a necessidade de externar as emoções pode ser um diferencial para outros cargos, como por exemplo, para o de atores/atrizes. Desse modo, é fundamental que gestores e líderes compreendam que o comportamento organizacional é uma rica fonte de análise de satisfação dos seus colaboradores, um termômetro para criação de estratégias para a resolução de problemas, tendo como base um olhar diferenciado para os grupos e as subjetividades, demonstradas na expressão das emoções e personalidade. 18 Considerações finais Chegamos ao final da Unidade de Estudo 1– Comportamento Organiza- cional: trabalho e pessoas. Aqui aprendemos sobre: • O conceito de comportamento organizacional e sua importância para o trabalho do gestor; • O estudo das ciências e suas contribuições para a compreensão do comportamento organizacional; • Os tipos de comportamentos observáveis e sua influência no desempenho dos colaboradores; • Como os aspectos comportamentais são ricas fontes de avaliação para melhoria da eficácia organizacional; • A definição do conceito de subjetividadee identidade para compreensão da relação indivíduo e organização; • O entendimento do significado de personalidade, como um conjunto de características que indicam a resposta de uma pessoa em determinada situação; • A importância de compreender a personalidade e utilizá-la como princípio norteador para os processos de seleção e promoção dos colaboradores; • A análise dos tipos de personalidade, por meio da ferramenta:Indicador de Tipo de Personalidade Myers-Briggs; • O conceito de emoções e a sua relação com a subjetividade e personalidade; • Os seus tipos de emoções: raiva, medo, tristeza, felicidade, desagrado e surpresa, bem como o valor de seu entendimento para compreender o comportamento organizacional. Referências bibliográficas 19 BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L. T.Psicologias: uma intro- dução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2009. FERREIRA, A. B. de H.(1910-1989). Miniaurélio século XX escolar: o mini- dicionário da língua portuguesa. 4.ed. rev. ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. CHIAVENATO, I.Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 3. ed. Barueri, SP: Manole, 2014. MENEGON, L. F. (org.). Comportamento organizacional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. PASETTO, N. S. V.Comportamento organizacional: integrando concei- tos da administração e psicologia. Curitiba: Intersaberes, 2012. ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional. São Paulo: Prentice Hall, 2011. ZANELLI, J. C.; SILVA, N.Interação humana e gestão: a construção psi- cossocial das organizações de trabalho. São Paulo: Casa do Psicó- logo, 2008. 2 20 Unidade 2 Grupo Social e Trabalho em Equipe Para iniciar seus estudos Nesta unidade vamos estudar alguns tópicos importantes para com- plementar os estudos da disciplina de Comportamento Organizacional, portanto, você vai aprender o que são os Grupos Sociais e Trabalho em Equipe. Estudar esses tópicos é de suma importância para seu desenvol- vimento profissional, pois trabalhamos na maioria das vezes em grupo e em equipes de trabalho, e é vital que compreendamos seu funciona- mento e particularidades. Objetivos de Aprendizagem Compreender o conceito de grupo social e suas implicações no ambiente organizacional. Entender a importância do trabalho em equipe para atender anseios pessoais e organizacionais, formação de equipes, equipe x grupo. Tópicos de estudo 1.1 - Grupo Social 1.2 - Trabalho em Equipe 1.3 Grupos x Equipe 21 Comportamento Organizacional | Unidade 2 - Grupo Social e Trabalho em Equipe 1.1 - Grupo Social Vamos aprender juntos sobre o conceito de Grupo e por que temos essa necessidade de estar próximos dos outros em todos os âmbitos de nossas vidas. Segundo ROBBINS (2010), um grupo é definido como dois ou mais indivíduos, interdependentes e interativos que se reúnem visando atender determinado objetivo. HOLLENBACK (2009) afirma que grupo é um conjunto de duas ou mais pessoas que interagem entre si de tal forma que cada uma influencia e é influenciada pelas outras. MOSCOVICI (1980) reforça que se pode analisar um grupo através de sua composição, estrutura e ambiente. Desta forma compreendemos porque nas empresas precisamos estar em grupos na maioria das vezes. Claro que existem profissões que você poderá atuar só, mas algum tipo de contato com outras pessoas você terá, portanto, trabalhamos sempre em grupos. Um grande desafio para as organizações hoje será manter alinhadas as pessoas nos grupos com objetivos tão dispares e sua interação com ambiente e estruturas tão diferentes. Esses grupos podem ser classificados como: Quadro 1 – Grupos Grupos formais: onde a empresa determina com quem você vai trabalhar, por exemplo: Departamento financeiro. Grupos informais: onde você se aproxima através de interesses em comum, por exemplo: grupos de secretárias se reúnem no intervalo do almoço. Grupo de comando: determinado pela empresa na cadeia de comando, por exemplo: O gestor de sua área. Grupo de tarefas: são pessoas de diferentes áreas que se reúnem para resolver determinada tarefa, por exemplo: atender uma fiscalização. Grupos de interesse: pessoas se reúnem para defender seus próprios interesses, sejam pessoais ou profissionais. Grupos de amizade: pessoas constroem laços que vão além das paredes da empresa. Legenda: Tabela com tipos de grupos e características. Fonte: ROBBINS (2010) Você deve estar se perguntando: qual a necessidade de aprender e compreender o grupo social em si ou seus tipos? A resposta é simples: você vive dentro destes grupos quase vinte e quatro horas por dia! E não foi abor- dado aqui, os grupos familiares, onde todos temos intensa convivência. Algumas pessoas podem negar que não necessitam estar em algum grupo social, e podemos até concordar, mas é inerente ao ser humano estar associado a outras pessoas, formando um grupo como os citados ante- riormente. Observe que ao praticar o networking, ferramenta tão importante para o relacionamento profissional, a pes- soa necessita participar de um grupo social, seja ele qual for. Poucas coisas são realizadas individualmente. E muitas são realizadas em grupo. 22 Comportamento Organizacional | Unidade 2 - Grupo Social e Trabalho em Equipe Conviver, lidar com o outro, ceder para avançar, será a tônica profissional das pessoas dentro dos grupos. Figura 1 - Grupo Legenda: Grupo de monges meditando. A convivência em grupo pode elevar nosso status pessoal e profissional. Fonte: https://pixabay.com/pt/tail%C3%A2ndia-budistas-monges-e-453393/ Fazer parte de um grupo significa ir além dos nossos interesses e metas, pode causar sensação de orgulho e segurança e de alguma forma melhorar seu desenvolvimento pessoal e profissional. Outra observação interessante sobre os grupos, é que, participar de um pode elevar nosso status profissional ou pessoal, por exemplo: ser aprovado no grupo profissional que almeja no site de relacionamento profissional Linke- din. Estudar pessoas nas organizações, envolve pesquisas em outras ciências que nem sempre fazem parte do nosso processo de aprendizagem, como por exemplo: psicologia e sociolo- gia e não esqueçam: “lidar com pessoas é uma arte”. • Etapas para desenvolvimento do grupo Como em outras áreas de nossa vida, o desenvolvimento do grupo passa por um ciclo de vida. Mas vamos deixar claro que cada grupo possui suas particularidades e os envolvidos tem perfis distintos. Porém, via de regra, o processo se repete e de acordo com ROBBINS (2010), possui cinco estágios que informamos a seguir: Quadro 2 – Estágios de um grupo https://pixabay.com/pt/tail%C3%A2ndia-budistas-monges-e-453393/ 23 Comportamento Organizacional | Unidade 2 - Grupo Social e Trabalho em Equipe Estágio I - Formação, incerteza inicial, pessoas ainda se conhecendo. Estágio II - Tormenta, os conflitos se iniciam, divergências afloram. Estágio III - Normatização, surge a coesão entre as pessoas. Estágio IV - Desempenho, atingem nível de excelência, basta manter o grau de motivação e respeito. Estágio V - Interrupção, em grupos temporários, encerra-se o processo de trabalho conjunto. Legenda: Processo de desenvolvimento de um grupo. Fonte: Adaptado pelo autor, a partir de ROBBINS (2010) • O Grupo e sua estrutura Para você, o que constitui o grupo? Quais são os itens que devem ser considerados? Compreendemos que os grupos são formados para atender objetivos específicos e até por tempo determinado, então são estruturas organizadas, correto? Sim, e são compostas de uma estrutura que norteiam seu funcionamento que é composta geralmente de papéis específicos, onde cada um de nós representa seu papel na estrutura, por exemplo, o engenheiro, o professor, o operador de máquinas... Cada um tem um papel a cumprir na estrutura. Outro item relevante para tal organização, são as normas do grupo, e podem ser formais (advindas da empresa) ou informais (de seu grupo social) e norteiam as ações dos participantes. Como informado anteriormente,a sensação de pertencimento a um grupo pode fazer com que algumas pes- soas acreditem em sua elevação de status devido a fazer parte de determinado grupo e atua como ferramenta de motivação relevante. Você já escutou a expressão que “grupo pequeno trabalha demais e grupo grande dispersa”? Provavelmente, sim. É importante uma análise sobre o tamanho dos grupos de trabalho, afinal, cada tipo de organização determina ou indica um tamanho de grupo formal dentro de uma estrutura que pode ou não comprometer seu desempenho. E é natural, também, que o sucesso ou o fracasso do grupo vai depender das pessoas envol- vidas. Há aquelas que podem agregar com desempenho satisfatório, e tem aquelas que podem diminuir o ritmo de trabalho devido ao tamanho de grupo e também, pessoas que trabalham na sombra das outras. E há 24 Comportamento Organizacional | Unidade 2 - Grupo Social e Trabalho em Equipe um nome para isso: folga social (alguns não exercem com afinco seu trabalho pois estão escorados em um grupo grande). O sucesso de um grupo é medido pelos objetivos cumpridos e muitas vezes devido à coesão das pessoas de perfis diferentes e de interesses comuns perante aos desafios impostos pela organização. Figura 1.1 – Estrutura de Grupo Legenda: A harmonia das pessoas de perfis diferentes e de interesses comuns é fundamental perante aos desafios. Fonte: https://pt.123rf.com/photo_54674780_trabalho-em-equipe-e-coopera%C3%A7%C3%A3o-conceito---cinco- m%C3%A3os-masculinas-constru%C3%A7%C3%A3o-de-uma-estrutura-de-blocos-de-.html?term=group%2Bstructure &vti=mv8hkeg86zve8bf9mn Trata-se de uma tarefa complexa, pois, alinhar pessoas e principalmente lidar com elas, torna a disciplina desa- fiadora para todos nós que lidamos com pessoas, mas como manter um grupo coeso, alinhado, e focado? Cabe à liderança definir parâmetros de atuação dos grupos de trabalho, que podem ser: tamanho, sexo, faixa etária, diversidade e desta forma, com normas estabelecidas, levá-los ao cumprimento dos objetivos do trabalho. De acordo com MOSCOVICI (1980), “as pessoas que compõem o grupo trazem seus valores, sua filosofia e orientação de vida”. Desta forma, o desafio será tolerar as diferenças para manter o grupo intacto. O ambiente empresarial é desafiador e podemos entendê-lo como um “organismo vivo”, como um corpo humano, onde cada parte é fundamental para seu pleno funcionamento. Estudar o Comportamento Organi- zacional pode parecer algo intangível, mas na prática é facilmente observado quando nos relacionamos com as pessoas nos grupos ou administramos um grupo de trabalho, como um gestor ou líder . Relacionar entre si nos grupos, pode ser um desafio gigantesco para seus integrantes, pois, nem sempre a inte- ração é fácil. Em geral, é muito complexa. Mas como extrair o melhor de cada membro do grupo? Trata-se uma tarefa de certa forma complexa devido a alguns fatores que fogem de nosso controle e ação, por exemplo: as emoções dos que participam do grupo. ttps://pt.123rf.com/photo_54674780_trabalho-em-equipe-e-coopera%C3%A7%C3%A3o-conceito---cinco-m%C3%A ttps://pt.123rf.com/photo_54674780_trabalho-em-equipe-e-coopera%C3%A7%C3%A3o-conceito---cinco-m%C3%A ttps://pt.123rf.com/photo_54674780_trabalho-em-equipe-e-coopera%C3%A7%C3%A3o-conceito---cinco-m%C3%A 25 Comportamento Organizacional | Unidade 2 - Grupo Social e Trabalho em Equipe Como cada ser humano é único, suas emoções são únicas e particulares, portanto, difíceis de mensurar ou administrar. Desta forma, alguma preparação ou compreensão será necessária, e você aluno a terá ao estudar esta unidade e todas as demais, pois o ajudarão a entender um pouco sobre o comportamento humano. Analogia: comparação entre teoria e realidade. Glossário Figura 1.1 - Grupo Heterogêneo Legenda: Grupo de pessoas discutindo sobre o trabalho. Ideias diferentes, objetivo comum. Fonte: https://pt.123rf.com/photo_10130972_happy-business-team-celebrating-a-success-in-office.html?term=team%2 Bwork&vti=lft0x68nk2mubtl34p 1.2 - Trabalho em Equipe Discutimos na etapa anterior sobre os grupos e nesta vamos aprender sobre as equipes de trabalho. A sua experiência profissional e educacional já fornece um indicativo do que é trabalho em equipe e sua importância, por exemplo: na empresa trabalhamos em equipe, na escola também, seja para elaboração de trabalhos ou apresentações. “Eu sou parte de uma equipe. De certa forma, apenas termino o trabalho de um grupo enorme de pessoas” Ayrton Senna 26 Comportamento Organizacional | Unidade 2 - Grupo Social e Trabalho em Equipe Essa frase é reveladora, pois, indica como necessitamos estar em equipe para execução de qualquer atividade. Então temos um desafio agora! Entender a diferença entre Grupo e Equipe. As práticas modernas de administração de empresas e gestão de pessoas, estimulam o trabalho em equipe, porque acreditam criar uma sintonia entre os profissionais e de certa forma, isso não ocorre com os grupos que possuem até um ciclo de existência. Neste sentido, você pode tentar lembrar experiências pessoais relacionadas ao nosso tema. O fator confiança define uma equipe, as pessoas mutuamente necessitam de confiança umas nas outras até em termos pessoais. Vamos entender alguns tipos de equipe. ROBBINS (2010) sugere: • Equipes de resolução de problemas: são pessoas de diferentes formações que se completam na solução de um problema. • Equipes autogerenciadas: são times independentes, onde solucionam problemas e não necessitam de uma liderança formal. • Equipes multifuncionais: variam competências de níveis hierárquicos próximos que se reúnem para solucionar alguma demanda. • Equipes virtuais: os membros desta equipe não estão fisicamente próximos, mas não significa baixa competência para solução de problemas, pelo contrário, os perfis de profissionais desta equipe se notabilizam por isso. O desafio nestas equipes será buscar níveis de eficiência e eficácia na execução das tarefas e no convívio. De acordo com HOLLENBACK (2009), todas as equipes são grupos e seu desempenho é claramente influen- ciado por tais perfis, mas uma observação deve ser feita: nem todo grupo se caracteriza como equipe. Além disso, tanto um grupo como uma equipe, são afetados por fatores diversos. Claro que algumas empresas estão isentas de eventuais problemas que demandem soluções, mas precisam das equipes para manter o estado das coisas como estão, em perfeito funcionamento. Muitas vezes trabalhamos com pessoas que não temos nenhum apreço, mas mesmo assim, devido a compre- ensão de um objetivo maior o desafio é cumprido e a equipe se mantêm. Isso claramente pode afetar os níveis de eficácia e eficiência da equipe desde que a ação do gestor seja proa- tiva na detecção e reativa na solução de algum desnível da equipe. Observem a citação de HOLLENBACK (2009): “Nem todo grupo é uma equipe”. Esta frase nos leva a uma reflexão sobre atender o momento para utilizar cada modelo em ações dentro da empresa. • Formação de Equipes Agora vamos pensar em termos práticos, como montar uma equipe? Quais são os critérios? Quais são os modelos? Não existe um modelo pronto para montar uma equipe. Lidar com pessoas tão diferentes pode 27 Comportamento Organizacional | Unidade 2 - Grupo Social e Trabalho em Equipe e será complicado, e pode levar algum tempo para acertar o padrão. Porém, uma vez acertado o padrão, os resultados tendem a ser satisfatórios. Você deve levar em consideração fatores como a personalidade de cada um, faixa etária, sexo, capacidade intelectual de cada membro, tempo de empresa. Todos esses fatores darão subsídios para montar ou manter uma equipe de trabalho. Outra questão importante a se observar na montagem de uma equipe, versa sobre o estímulo para a diver- sidade (tema de módulo futuro) da força de trabalho, fator que pode ser decisivo para oxigenar uma equipe, com contribuições inéditas, além de novas visões sobre um determinado assunto ou modelo de trabalho e com isso possibilitar novos caminhos.Em relação à diversidade, vale a pena observar que este processo, além dos processos de inclusão social, obriga as empresas a partir de determinado porte, a adotar políticas de inserção desta força de trabalho nas equipes, portanto, será obrigação incluir a diversidade nas equipes de trabalho. Observe que o padrão de trabalho atual das empresas está mudando, eventos como globalização, internacio- nalização da força de trabalho, além da instalação de multinacionais aqui, podem comprometer um processo de formação de equipes de trabalho. O desafio dos RHs das empresas é e será (sempre) “atrair as pessoas certas para as posições certas”, o que isso significa? Se não atrairmos e selecionarmos as pessoas que acreditam em um modelo de equipes de trabalho, certamente haverá problemas de convivência mínima entre os membros. Mas é possível treinar essas pessoas que não acreditam ou que desprezam as equipes de trabalho e de alguma forma trazê-los para a equipe? Modelos de gestão onde as pessoas são reconhecidas e valorizadas por seu empenho, também reforçam um modelo de unidade. Pode parecer estranho, mas muitas pessoas não são regidas apenas por valores financei- ros. Aspectos como reconhecimento, qualidade de vida no trabalho, valorização profissional, entre outros, são mais impactantes que o salário em si. Faz parte da construção de uma equipe de trabalho, compreender aspectos não técnicos do trabalho e estudar esta disciplina fornecerá subsídios para tal tarefa. Quando pensamos em equipes, logo lembramos atletas de alto rendimento físico e mental. Trata-se de um raciocínio correto que nos faz lembrar uma frase de Michael Jordan, ex-jogador de basquete da NBA: “Joga- dores ganham jogos e equipes ganham campeonatos”. Se fizermos uma analogia com a realidade, faz todo o sentido, pois, somos “atletas” também, mas em outra escala e o nosso desempenho se equivale. 28 Comportamento Organizacional | Unidade 2 - Grupo Social e Trabalho em Equipe Nem sempre as equipes são uma solução e podem ser um problema. Sim, construir uma equipe necessita de recursos e tempo. Nem sempre a organização/empresa está disposta a pagar este preço. Figura 1.2 - Trabalho em Equipe Legenda: Equipe em equilíbrio determina a direção do sucesso. Fonte: https://pt.123rf.com/photo_14072998_teamwork-concept.html?term=team% 2Bwork&vti=lft0x68nk2mubtl34p O gestor tem papel fundamental na construção e manutenção de uma equipe de trabalho, principalmente no tocante às políticas de incentivo e pela harmonia e bem-estar das pessoas envolvidas, além de um processo de comunicação sólido e claro para não deixar dúvidas que todos têm papel vital na construção do sucesso da equipe. O principal interesse das organizações e dos gestores, consiste em criar equipes com grande desempenho onde a performance individual se transforme em benefício para toda a equipe de trabalho. Mas, para isso, o time certo precisa ser montado. https://pt.123rf.com/photo_14072998_teamwork-concept.html?term=team%2Bwork&vti=lft0x68nk2mubtl34p https://pt.123rf.com/photo_14072998_teamwork-concept.html?term=team%2Bwork&vti=lft0x68nk2mubtl34p 29 Comportamento Organizacional | Unidade 2 - Grupo Social e Trabalho em Equipe Muitas vezes a empresa exige desempenho da equipe, mas não oferece estrutura e recur- sos financeiros, materiais e humanos para tal desafio. Para tal estágio, exige-se uma evolução de todos os participantes da equipe de trabalho, tanto uma evolução técnica (habilidades), como pessoal (atitudes) e acadêmica (conhecimento). É notório que as pessoas evoluíram muito rapidamente nos últimos tempos e muitas empresas têm dificulda- des em lidar com esse novo perfil de pessoas no momento da montagem das equipes de trabalho, visando eficácia, desempenho e eficiência. Apesar do esforço em montar equipes perfeitas, existem pontos negativos no trabalho em equipe, ou pontos a serem melhorados, uma vez que estamos lidando com pessoas. E onde existem pessoas envolvidas, tudo pode acontecer. Eis alguns pontos que podem ser negativos: • tamanho: grandes equipes podem gerar dispersões; • tomada de decisão: consomem muito tempo e podem trazer algum prejuízo; • falta de objetivos: membros podem ficar sem direção se não tiverem um perfil auto gerenciável; • sempre existe um perfil acomodado que pode se esconder por trás da equipe; • cabe ao gestor observar esses sinais e propor solução de cada demanda negativa, ou até mesmo para um membro da equipe. Assista trechos do filme “Duelo de Titãs” e entenda mais sobre o trabalho em equipe. Click aqui e saiba mais: https://www.youtube.com/watch?v=2GG4CVwkFSM 1.3 Grupos x Equipe Depois de entender que as pessoas mutuamente necessitam de confiança umas nas outras para formar uma equipe e garantir a eficiência e eficácia na execução das tarefas, vamos diferenciar grupos de equipes. Abaixo um quadro comparativo: https://www.youtube.com/watch?v=2GG4CVwkFSM 30 Comportamento Organizacional | Unidade 2 - Grupo Social e Trabalho em Equipe Quadro 2 – Grupo x Equipe Características do grupo Características de equipe Apenas compartilham informações Sinergia neutra Responsabilidade individual Habilidades variadas e gerais Desempenho coletivo acima de tudo Sinergia positiva Responsabilidade individual e mútua Habilidades se complementam Legenda: As diferenças entre grupo e equipe. Fonte: ROBBINS (2010) De certa forma, grupos e equipes parecem complementares no conceito e na prática do trabalho, pois, ambos os modelos são facilmente perceptíveis nas organizações sejam elas de qualquer porte ou de culturas diversas. Agora você pode vislumbrar as diferenças entre grupo e equipe dentro de sua organização e usar o modelo que mais se adapta às suas necessidades profissionais e pessoais. Nas empresas algum modelo ou outro vai se sobressair, pois, dependerá de fatores culturais e organizacionais diversos e únicos. Segundo ROBBINS (2010), “não existe nenhuma mágica na criação de equipes que garanta a obtenção de sinergia positiva. Apenas chamar um grupo de equipe não melhora automaticamente seu desempenho”. Reforçando o conceito acima, ambos os modelos são complementares na gestão de pessoas em qualquer tipo de organização, em qualquer tempo. Mas devemos estar atentos à mudança de perfil de profissionais nas empresas hoje, afinal, em um cenário futuro, teremos mais jovens como força de trabalho e daqui a trinta anos com perfis mais experientes. Administrar ou conviver com pessoas é uma tarefa árdua de empenho diário para o bom andamento do ambiente organizacional. É o desafio das empresas e das pessoas para o cumprimento dos objetivos organi- zacionais. Mas como trabalhar em equipe? Não existe segredo para tal tarefa nas empresas, pois, sabemos que cada cal tem um estilo ou cultura organi- zacional própria e única. Alguns fatores podem contribuir para sua tarefa de trabalhar em equipe ou conduzir equipes, veja abaixo: • Discutir assuntos apenas sobre o trabalho em si. • Estimular os conflitos funcionais e coibir os disfuncionais. • Escutar os membros da equipe. • Aprender a ceder na hora certa: melhor dar um passo atrás e depois três para a frente. • Entender a divergência de ideias. 31 Comportamento Organizacional | Unidade 2 - Grupo Social e Trabalho em Equipe • Estimular o brainstormig (tempestade de ideias) • Saber se comunicar com excelência. As relações humanas são cada vez mais valorizadas nas organizações devido a importância dessas relações para o alcance dos resultados organizacionais. As pessoas preparadas, motivadas, envolvidas e que respeitam a cultura da organização, serão fonte de vanta- gem competitiva em relação aos concorrentes no mercado e para a perenidade do negócio. Esta tarefa complementa-se em criar e manter equipes e grupos de trabalho consistentes e alinhados aos planos da empresa. Estudar o comportamento organizacional, é relevante para entender o homem e suas relações dentro da empresa. Devemos ter cuidado ao lidar comas emoções, pois as mesmas podem nos trair ou colocar em situação difícil ou comprometer as relações interpessoais dentro do grupo ou equipe de trabalho. 32 Considerações finais Nesta unidade abordamos de forma clara e objetiva conceitos de Gru- pos Sociais e Trabalho em equipe e da importância da compreensão dos temas para desenvolver de forma plena nosso trabalho nas organiza- ções. Principalmente nesses momentos de transformação do mercado de trabalho, com novas exigências e padrões. Para efeito de localização na empresa, o processo de formação dos grupos possibilita entender onde estamos no momento em que atua- mos na empresa, além de fomentar caminho para a transformação em equipe de trabalho. Compreendemos a diferença entre grupos e equipe, e tivemos a chance de navegar por conceitos importantes relacionados a assuntos que fazem parte de nossa realidade profissional. Referências bibliográficas 33 GASALLA, J. M. A Nova Gestão de Pessoas: o talento executivo. São Paulo: Saraiva, 2007. MOSCOVICI, F. Desenvolvimento Interpessoal. 10. ed. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 2001. ROBBINS, S. Comportamento Organizacional. 14. ed. São Paulo: Pear- son Prentice Hall, 2010. WAGNER, J. A, HOLLENBACK, J. R. Comportamento Organizacional: criando vantagem competitiva. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 34 Palavras do professor Olá aluno!Seja bem-vindo à disciplina, Comportamento Organizacio- nal. Mas, por que estudar o comportamento humano nas organizações? Qual a importância desta disciplina para a sua futura área de atuação como gestor?Mais que isso, quais as contribuições da psicologia para sua atuação como gestor? O trabalho de gestão envolve conhecimento de diferentes áreas e/ou conhecimentos que possibilitam ao profissional um olhar sistêmico sobre administração, finanças, dentre outras questões relacionadas ao mesmo. Contudo, uma organização também está sustentada e possui um importante ativo/capital humano que precisa ser compreendido e constantemente analisado: seus colaboradores. Desse modo, a disciplina de Comportamento Organizacional tem como objetivo auxiliá-lo na tarefa de identificar os processos individuais e grupais que cercamo ambiente organizacional, ou seja, os aspectos psicossociais presente nessas relações. Além disso, por meio dos con- ceitos da psicologia organizacional, a disciplina será essencial para que você, como futuro gestor, compreenda diferentes e eficazes maneiras de orientar, de modo adequado, seus liderados, na tarefa de alcançar os objetivos e metas em prol do planejamento estratégico da organização da qual fazem parte. Assim, você terá a oportunidade de aprender, em oito unidades de aprendizagem,sobre o significado do comportamento organizacional, os processos grupais e o trabalho em equipe, as principais teorias moti- vacionais, princípios de liderança, a saúde mental e qualidade de vida no ambiente de trabalho, competência e comunicação interpessoal e o processo de inclusão como ferramenta estratégica empresarial. Aproveite os conhecimentos apresentados e adentre nesse maravilhoso mundo do comportamento humano organizacional! Seja bem-vindo e bom curso! 3 35 Unidade 3 Motivações e sua influência no comportamento organizacional Para iniciar seus estudos Olá aluno! Até aqui você tem estudado importantes conceitos sobre o comportamento organizacional e como este pode te auxiliar na tarefa de gerir pessoas, não é verdade? Conceitos como: comportamento organizacional, personalidade e emoções, grupos e trabalho em equipe foram muito bem sinalizados para que você possa se preparar em sua futura prática profissional. Nesta nova unidade de estudo, retornaremos aos aspectos individuais e como estes influenciam diretamente no comportamento organizacio- nal, por meio da motivação. Você sabe o que é motivação? O que motiva as pessoas numa organização e a sua relação com seus valores e percep- ção individuais? Continue a leitura e descubra por que compreender a motivação é tão importante no contexto organizacional. Vamos lá? Objetivos de Aprendizagem • Compreender as principais teorias motivacionais e sua repercussão individual no ambiente de trabalho; • Identificar o conceito de motivação e sua relação com as diferenças individuais; • Analisar como o comportamento organizacional é influenciado pelos valores e percepção de um indivíduo. 3 36 Tópicos de estudo • 3.1 Motivação e Diferenças Individuais • 3.2 Algumas Teorias da Motivação • 3.2.1 A Teoria da Hierarquia das Necessidades • 3.2.2 Teoria do Estabelecimento de Objetivos • 3.2.3 Teoria da Equidade /Justiça Organizacional • 3.2.4 Teoria da Expectativa • 3.2.5 A relação entre valores, percepção individuais e a motivação 37 Comportamento Organizacional | Unidade 3 -Motivações e sua influência no comportamento organizacional 3.1 Motivação e Diferenças Individuais No meio organizacional, existem setores com atividades, cargos e funções delimitadas, conforme o plano de cargo, apontando o que se espera de um colaborador. Mas, você já observou que algumas pessoas são persis- tentes em alcançar um objetivo (mesmo com dificuldades) e outras desistem com facilidade? O que as impul- siona ou as desmotiva? Por que algumas delas simplesmente não conseguem realizar suas atividades do modo esperado? Para discutirmos tal questão, convém apresentarmos a definição da palavra-chave para essas perguntas: a motivação! Você sabe o que é motivação? Vamos entender este conceito e como está relacionado ao compor- tamento organizacional? A palavra motivação, vem do latim movere = mover, e possui uma intensa aproximação com o entendimento sobre o comportamento organizacional e, consequentemente, com as pessoas; além disso, é um fenômeno observável pelo comportamento, no qual é possível perceber um movimento dinâmico e impulsionado a um determinado fim. (CHIAVENATO, 2014) Na concepção de Robbins (2011, p. 196), a motivação é definida como “o processo responsável pela inten- sidade, pela direção e pela persistência dos esforços de uma pessoa para alcançar determinada meta”. Dito de outra forma, há um processo, que é interno, responsável pela energia que é utilizada para um objetivo de modo contínuo. Vejamos um exemplo prático: Aline é coordenadora do setor de vendas de uma determinada organização. Quando foi chamada para assumir o cargo de líder foi-lhe informado que ela teria algumas dificuldades para enfrentar. A coordenadora aceitou o desafio e constatou que a situação era pior do que imaginava; mesmo assim, trabalhou duro para que as vendas, muito baixas, crescessem num prazo de seis meses. A cada mês discutia com seus liderados e os incen- tivava a melhorar. Em alguns momentos se sentiu desanimada, mas continuou e alcançou a meta estabelecida pelos seus líderes imediatos. Figura 1: Aline Legenda: Coordenadora do setor de vendas de uma empresa. Fonte: ID da imagem: 46286219 38 Comportamento Organizacional | Unidade 3 -Motivações e sua influência no comportamento organizacional No exemplo utilizado, estiveram presentes na atitude de Aline, os três elementos essenciais apontados por Robbins: intensidade, direção e persistência. • Intensidade: trabalho duro todos os meses; • Direção: tinha como foco aumentar o quantitativo de vendas; e, • Persistência: mesmo sendo difícil, aceitou o desafio e enfrentou o desânimo que ocorreu em alguns momentos, até alcançar o objetivo final. Interessante não é verdade? Podemos pensar que outra pessoa não adotasse a mesma postura de Aline nessa situação, mas por quê? Existem três variáveis que estão implicadas no processo motivacional para análise, conforme apresenta o Quadro 1: Quadro 1: Variáveis presentes no estudo sobre a motivação VARIÁVEIS DEFINIÇÕES EXEMPLOS Ambiente O local no qual a pessoa está inserida (pode ajudar ou prejudicar para que um objetivo seja alcançado). Casa, trabalho, grupo de amigos etc. Forças Internas Questão individual e interna que movimenta/impulsionauma pessoa a persistir num objetivo e alcançá-lo. Desejos, vontade, interesse, impulso etc. Objeto A fonte de satisfação que mobiliza um sujeito a realizar uma atividade. Status, salário, bem-estar, promoção etc. Legenda: Variáveis que implicam no processo motivacional. Fonte: Adaptado pelo autor, a partir de Bock, Furtado e Teixeira (2009, p. 121). A partir do quadro anterior, você pôde perceber que as variáveis ambiente, forças internas e objeto, partem de particularidades ou diferenças individuais de um sujeito. Nem sempre o mesmo ambiente e objeto corres- pondem aos fatores internos que impulsionariam uma pessoa a persistir em direção a uma finalidade, não é mesmo? Tudo dependerá do modo como ela perceberá cada variável. Nesse sentido, é essencial que entendamos ser o processo motivacional cíclico: ocorre por conta de fatores que se retroalimentam para que uma necessidade seja satisfeita. Observe a Figura 1 a seguir: A intensidade, direção e persistência compõem os elementos essenciais da motivação. 39 Comportamento Organizacional | Unidade 3 -Motivações e sua influência no comportamento organizacional Figura 2: Ciclo Motivacional Legenda: O processo motivacional ocorre por conta de fatores que se retroalimentam. Fonte: Chiavenato (2014, p. 130) Agora entenda como ocorre este ciclo motivacional, segundo Chiavenato (2012): • Uma pessoa está em estado de equilíbrio ou em tranquilidade – digamos que não há uma causa aparente que lhe cause inquietação interna. • Apresenta-se uma necessidade - uma promoção, um celular que se deseja comprar, a reforma da casa etc. • A pessoa, após o surgimento da necessidade, vê-se diante de um estado de tensão ou desequilíbrio interno frente à busca pela satisfação desta necessidade. • Por conta disso, seu comportamento estará voltado para a satisfação desta necessidade e, caso não ocorra, poderá ocorrer frustração e desconforto. • Mesmo que a necessidade seja satisfeita, outras necessidades sempre surgirão para que o ciclo recomece. Observe que se trata de um ciclo que ocorre durante toda a nossa vida. Somos sujeitos faltantes em busca de necessidades a serem satisfeitas de algum modo. Neste caso, o gestor deve ficar atento a este processo e quais os elementos motivadores que desencadeiam o ciclo motivador de sua equipe – mais especificamente, de cada um dos seus liderados – ao observar como agem no trabalho e o objetivo de suas ações (o que os motiva). Desse modo, retornamos ao conceito de subjetividade, definido na Unidade de Estudo 1, como uma particula- ridade ou modo de ser de cada um. Por isso, lembre-se: a motivação é um fenômeno interno e individual. Por conta disso, ao estudar o comportamento organizacional e os fatores motivacionais de seus liderados, o gestor deve considerar que as pessoas com quem trabalha são motivadas por ambientes, forças internas e objetos diferentes, justamente por não serem iguais. Até aqui você aprendeu a respeito do conceito de motivação e dos elementos individuais que o compõe. Mais que isso, entendeu sua importância para compreensão do comportamento organizacional, não é verdade? Continue a leitura e entenda quais são algumas teorias que embasam o conceito de motivação! Vamos lá? 40 Comportamento Organizacional | Unidade 3 -Motivações e sua influência no comportamento organizacional 3.2 Algumas Teorias da Motivação Os estudos sobre o comportamento organizacional e, mais especificamente sobre a motivação – como parte integrante dessa importante temática para as organizações –, produziram um conjunto de saberes que culmi- naram em teorias que irão te auxiliar a compreendê-la com maior profundidade. Por sua vez, Chiavenato (2014, p. 132) esclarece sobre o valor a ser dado pela organização quanto ao entendi- mento da motivação e sua relação com as metas pelas quais as pessoas são atraídas, ao dizer-nos que: Sabemos que cada pessoa é atraída por um conjunto de metas. Se a organização pretende pre- ver o comportamento com alguma precisão, é preciso que se conheça algo sobre esse conjunto de metas e sobre o que cada pessoa fará para alcançá-lo à sua maneira. Desse modo, a organização deve se apropriar do conhecimento de teorias que possam auxiliar o gestor na sua tarefa de preparar o ambiente organizacional para que as pessoas sintam-se motivadas internamente a reali- zarem seu trabalho, e que os objetivos organizacionais façam parte de suas metas pessoais, em prol de suas satisfações individuais. Você notou que ao trabalhar com a motivação, o gestor necessitará ter um olhar atento e comprometido para conhecer seus liderados, buscar e criar estratégias com a finalidade de equilibrar as necessidades dos colabo- radores com as da organização da qual faz parte, como suas; e deve também, cuidar para que o ciclo motiva- cional dos liderados seja positivo e constante para benefício de todos os envolvidos no negócio. Figura 3: A motivação como objetivo a ser alcançado Legenda: O trabalho dos gestores deve ser direcionado para a criação de estratégias que motivem seus colaboradores a sentirem que as necessidades da organização são suas também. Fonte: ID da imagem: 45826314 Com isso, aprofundaremos nas principais teorias motivacionais (uma clássica e três contemporâneas) para que você possa analisá-las e escolher a que melhor se aplicará à organização da qual fará parte. Fique atento aos conceitos e dicas, percebendo como as principais teorias motivacionais repercutirão especificamente no comportamento individual no ambiente de trabalho. 41 Comportamento Organizacional | Unidade 3 -Motivações e sua influência no comportamento organizacional 3.2.1 A Teoria da Hierarquia das Necessidades Uma necessidade surge a partir do momento em que um indivíduo sente que algo lhe falta, não é mesmo? Assim, todos nós temos várias necessidades ao longo do tempo: uns mais, outros menos, mas todos nós preci- samos de recursos que possam nos ajudar física, social ou biologicamente ao longo de nossas vidas. E no ambiente de trabalho? Não é diferente. Existem necessidades a serem supridas, claro... Com especificida- des. Com base nisso, um importante psicólogo norte-americano, Abraham Maslow (1908-1970), destacou que há, em todos os seres humanos, uma categoria de cinco necessidades que devem ser atentadas, chamada de Teoria da Hierarquia das Necessidades, cuja finalidade é a autorrealização (ROBBINS, 2011). Você deve imaginar, pelo próprio nome, que o termo hierarquia aponta para níveis mais baixos que tenderão a aumentar, não é mesmo? Vejamos quais são elas, conforme a Figura 3, baseado em Robbins (2011, p. 1970- 198): • Fisiológicas: correspondem às nossas necessidades primárias, tais como: fome, sede, abrigo etc. • Segurança: ligadas às questões de segurança/proteção contra possíveis danos de ordem física ou emocional etc. • Social: tal necessidade está conectada às relações grupais, como: sentimentos de pertencer a um grupo com que se identifique por características pessoais, amizade, amor, aceitação etc. • Estima: atende às necessidades que correspondem aos fatores internos que explicam e aumentam a estima, como respeito próprio, reconhecimento do outro como pessoa, atenção etc. • Autorrealização: indica a necessidade e potencial de uma pessoa se tornar o que possui capacidade, em direção ao autodesenvolvimento. Apesar da Teoria da Hierarquia das Necessidades ser antiga e apontada como arcaica ou sem fundamento teórico suficiente, ela é uma das mais conhecidas e é ainda utilizada, por alguns gestores, como base para criação de estratégias que motivem seus colaboradores. Por conta disso, é importante que você aprenda sobre ela. 42 Comportamento Organizacional | Unidade 3 -Motivações e sua influência no comportamento organizacional Figura 4 – Teoria de Abraham Maslow das cinco necessidades Legenda: Necessidades básicas do ser humano. Fonte: Elaborada pelo autor, a partir de Robbins (2011, p. 1970-198) Sendo assim, uma pessoa, para que possaviver, precisa que suas necessidades fisiológicas ou primárias sejam satisfeitas primeiramente; desse modo, as necessidades de segurança, social, estima e, por último, a de autor- realização, respectivamente. De que maneira podemos entender esta teoria? Analise o exemplo a seguir: Carlos é solteiro, mora só e está desempregado há um bom tempo. Suas economias começam a esgotar e pre- cisa comprar alimento (necessidade fisiológica) para se sustentar – sua primeira compra. Após longo tempo, consegue um emprego, faz compras para sua casa e paga o seu aluguel (necessidade segurança) para que tenha onde morar e se resguardar da chuva e tenha onde dormir. Mas sente que está sozinho e começa a sair com os colegas para passear e divertir-se (necessidade social). Após um tempo, começa a fazer cursos ead para que seu currículo melhore e obtenha promoção, pois sente que merece (necessidade de estima). Porém, deseja alcançar o cargo de coordenador (necessidade de autorrealização), mas para isso, precisa fazer uma pós-graduação – sendo exigência do seu local de trabalho – e, por isso, realiza uma pós e é convidado a ser coordenador do seu setor, por seu trabalho e dedicação. A narrativa do parágrafo anterior, deixa claro que a primeira necessidade de Carlos estava atrelada às suas necessidades físicas e que, após serem satisfeitas, a necessidade de segurança foi a seguinte: chegar à autorre- alização. É importante atentar para o fato de que, quando uma necessidade é satisfeita, esta não se torna mais a prioridade para o sujeito e a necessidade seguinte torna-se o foco de sua busca e satisfação. O que esta teoria traz de considerações para que os gestores compreendam o comportamento organizacional? Você deve atentar que as pessoas estão em busca da satisfação de necessidades diferentes (ou em momentos/ hierarquias diferentes, por exemplo). Assim, quando uma necessidade está satisfeita, ela buscará novas opor- tunidades em busca de sua autorrealização final. 43 Comportamento Organizacional | Unidade 3 -Motivações e sua influência no comportamento organizacional Desse modo, pode ser que o desânimo de um grupo de pessoas esteja relacionado à insatisfação das suas necessidades – dentro da hierarquia – que não estejam sendo atendidas. Tal comportamento afetará não somente seu trabalho, mas o do grupo e da própria organização, concorda? Neste sentido, caso esta seja uma teoria na qual você pretenda basear suas ações estratégicas, deve analisar seus colaboradores e em qual “fase” da hierarquia da pirâmide acima, estejam buscando satisfazer suas necessidades. A partir de agora, abordaremos teorias contemporâneas e suas contribuições para entender o comportamento organizacional e a motivação. 3.2.2 Teoria do Estabelecimento de Objetivos Um objetivo é um resultado ou destino para o qual empreendemos forças e energias, não é verdade? Todavia, para que o objetivo seja alcançado, devemos ter em mente exatamente o que desejamos, quais os caminhos a serem percorridos, data para cumprimento e o estabelecimento de metas reais para chegar com sucesso no objetivo. Partindo desse princípio foi que, na década de 1960, Edwin Locke afirmou que a “intenção de lutar por um objetivo é a maior fonte de motivação no trabalho” (apud ROBBINS, 2011, p. 206). Nascia, assim, a Teoria do Estabelecimento de Objetivos, a qual estuda o detalhamento dos objetivos, o quanto o feedback e o desafio impactam no desempenho. Esta teoria aponta, por meio do estabelecimento do objetivo, o que será necessário realizar e quanto de ener- gia/esforço será necessário para consegui-lo; além disso, “objetivos difíceis, quando aceitos, melhoram mais o desempenho do que aqueles mais fáceis” (ROBBINS, 2011. p. 206). Desse modo, quanto mais claro for para um colaborador, por exemplo, o objetivo, este funcionará como um motivador interno para satisfazê-lo em prol do alvo desejado. Você deve estar se perguntando: mas de que maneira o estabelecimento de objetivos funciona efetivamente? Quando se trabalha com a gestão de pessoas, ao serem traçados objetivos, alguns fatores merecem destaque, segundo a teoria em questão, pois influenciam a relação objetivo-desempenho. Analise o Quadro 2 a seguir: Reflita sobre a Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow, agora! Atualmente, em qual momento da hierarquia está concentrada sua necessidade? 44 Comportamento Organizacional | Unidade 3 -Motivações e sua influência no comportamento organizacional Quadro 2: Fatores que influenciam na relação objetivo-desempenho FATORES CONTEXTUALIZAÇÃO EXEMPLOS Feedback Funciona como um mapa de orientação para que o colaborador saiba como está o seu desempenho e o caminho que precisa percorrer até alcançar a meta estabelecida. É um importante motivador para que o indivíduo sinta que o objetivo é possível de ser alcançado. Devemos ter em mente que as pessoas possuem características individuais, assim, ao receberem um desafio, alguns se autogerenciam e outros necessitam de acompanhamento constante. Ao estabelecer uma meta de vender 400 planos de saúde em dois meses, o gestor deverá realizar feedbacks periódicos (semanais, quinzenais ou mensais) acompanhando o quantitativo de vendas dos seus liderados, para ajudá-los nas possíveis dificuldades encontradas. Comprometimento com o objetivo Esta teoria parte do princípio de que um indivíduo está comprometido e que levará o cumprimento das metas até o final. Desse modo, o sujeito: a) acredita poder alcançar o objetivo e b) deseja alcançá-lo. Neste caso, a teoria está muito bem direcionada quando tais objetivos são gerenciados pelos próprios colaboradores. Clara é gerente de atendimento de uma clínica médica e, estabeleceu junto com sua equipe, uma melhoria substancial na qualidade das ligações e atendimentos pessoais, esclarecendo o papel de cada recepcionista e da importância de um atendimento de qualidade. Cada colaborador sentou com sua gerente e indicou o que realizaria ao longo do mês, segundo suas responsabilidades. Em menos de um mês, ao serem acompanhadas, a clínica começou a receber inúmeros elogios sobre cada recepcionista e o comprometimento com o atendimento. Características da tarefa No que tange às tarefas, a teoria aponta que sua potencialidade, tem efeito em tarefas simples (não é complexa), conhecidas (já é realizada pelo colaborador) e independentes (não precisam de mais de uma pessoa para ser realizada). Justamente por não funcionar para todos os tipos de tarefas quando as tarefas são interdependentes, a sugestão é de que os objetivos devam ser reconhecidos pelo grupo. Luciano é digitador (simples e independente) do setor de compras da organização da qual faz parte há quatro meses (conhecida). Contudo, seu coordenador informou que necessitará de um melhor desempenho de suas atividades. Desse modo estabeleceu uma quantidade X de cadastros por dia, a fim de adiantar o acúmulo de processos, conforme as necessidades da organização e a capacidade do colaborador. O objetivo foi aceito e Luciano conseguiu alcançar a meta. 45 Comportamento Organizacional | Unidade 3 -Motivações e sua influência no comportamento organizacional Cultura nacional O estabelecimento de objetivos (específicos, difíceis e individuais) surte efeitos diferentes em cada cultura. Assim, segundo as pesquisas apontadas por Robbins (2011), as culturas no qual o desempenho individual é altamente valorizado (e não o coletivo) tal teoria tem resultado positivo. Lauro é Gerente Executivo de uma multinacional e, ao reunir-se com um grupo de líderes de diferentes regiões do mundo, nos países, como Estados Unidos e Canadá, os gerentes deveriam apontar e designar objetivos claros, difíceis e individuais para auxiliar em cada meta a ser alcançada, pois cada um deles tem suas particularidades, com números expressivos e o reconhecimento do desempenho é valorizado. Legenda: Feedback, comprometimento, características e cultura
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