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1 1 Bacharel, Licenciada em História e Mestre em História das Sociedade Ibéricas e Americanas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Centro Universitário Leonardo Da Vinci – História (FLX0612) – Seminário da Prática III – 20/04/2018. As Histórias em Quadrinhos como Fonte para o Historiador Fernanda Sayão Lobato Teixeira, Hudson Walter Mitinguel de Souza e Renan Schenckel de Araujo Carla Xavier¹ RESUMO: Neste trabalho temos como propósito mostrar que as histórias em quadrinhos não têm apenas como finalidade o entretenimento, mas sim também como uma grande aliada como ferramenta pedagógica para o ensino de História. Por isso, iniciaremos destacando uma breve explicação sobre o contato dos primeiros seres humanos com a pictografia e usufruindo- a como uma forma de se comunicar e consequentemente apresentar ideias. Em seguida, apresentaremos as pioneiras obras HQs e sua repercussão e significado durante o período em que foram desenvolvidas e discutiremos também sobre as histórias em quadrinhos como uma ferramenta alternativa e dinâmica no ensino de história antiga e contemporânea, confirmando o objetivo deste paper. Palavras-Chave: Ensino de História. Quadrinhos. Ferramenta Pedagógica. 1. INTRODUÇÃO As histórias em quadrinho são um tipo de material visual criado quase no início do século XIX, voltado ao publico infantil e adolescente que apresenta uma dualidade em seu objetivo: ser um entretenimento e auxiliar no desenvolvimento da leitura nos jovens. Todavia, nos últimos tempos até atualmente, as HQs foram muito mais longe, atraindo diversos públicos. Além disso, pela variedade de temas das ‘’comics’’ (como são chamadas em países de língua inglesa) se tornaram um recurso pedagógico no ensino de Linguagens e História, nos apresentando ser uma ferramenta motivadora para os estudantes em relação a um conteúdo proposto em sala de aula, assim aumentando a curiosidade por determinado assunto e evoluindo o senso crítico. As histórias em quadrinhos são meios para se entender o passado e são parte desse presente. A partir desse ponto, a pesquisa tem como problemática a seguinte questão: como as histórias em quadrinhos se constituem como fonte para o historiador e como metodologia de ensino? Assim, tem como objetivos específicos os seguintes tópicos: As histórias em quadrinhos e sua formação, e HQs: Uma Ferramenta Pedagógica Alternativa no Ensino de História Antiga e Contemporânea. 2 Para desenvolver esse paper utilizamos materiais como um site de editora de quadrinhos, teses, artigos, sites governamentais, livros físicos e digitais sobre duas obras renomadas, sobre a escrita, metodologia e fundamentos do ensino de História. 2. AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E SUA FORMAÇÃO. A partir da pré-história, o homem começou a registrar a sua vida através das pinturas rupestres, que acabou evoluindo para símbolos assim dando origem a escrita, e isso representa para muitos estudiosos ser o principal ponto de partida do surgimento das histórias em quadrinhos. Isso nos mostra que desenho e escrita sempre andaram juntas para transmitir alguma ideia para o ser humano. É notório que o universo dos quadrinhos faz parte da vida das crianças e adolescentes a alguns anos, fazendo-as a ter o hábito da leitura através dos gibis de personagens como Super Homem, Turma da Mônica e também mangás, os conhecidos gibis japoneses que se leem de trás para frente, e entre outros quadrinhos voltados ao público infanto-juvenil. Porém hoje, recebem um status mais importante, sendo apresentadas não apenas como uma maneira de entretenimento, mas também um meio cultural e educacional. Essa linguagem está sendo muito utilizada como material didático por professores de diversas áreas nos últimos anos. É comum pegarmos um livro didático e nos depararmos com tirinhas de personagens como Axterix, Garfield e também Mafalda, a famosa menininha que sempre levanta questões sobre a realidade em que vive de forma humorística. Mas apesar desse recurso pedagógico ser interessante e extremamente dinâmico, nos deparamos com algumas adversidades, como por exemplo, o fato de haver muitos professores que não tem formação iconográfica para que possa fazer análises junto com seus alunos e poder trabalhar o senso crítico da criança através da utilização desta ferramenta lúdica, se tornando um desafio para o educador. Dessa maneira ‘’[...] ler quadrinhos é ler sua linguagem, tanto em seu aspecto verbal quanto visual (ou não verbal)’’ (RAMOS, 2009, p. 14), vale comentar que domina-la “[…] mesmo que em seus conceitos mais básicos, é condição para a plena compreensão da história e para a aplicação dos quadrinhos em sala de aula e em pesquisas científicas sobre o assunto.” (RAMOS, 2009, p. 14). Portanto, não basta ‘’ler’’ apenas os elementos textuais contidos nas histórias em quadrinhos, mas ir mais além, interpretando-as pelo fato de serem metáforas visuais, por tal razão que essa mídia como pertencente a cultura pop, nos apresenta representações de 3 acontecimentos passados, atuais e até mesmo situações cotidianas, e está presente em vários meios de comunicação como jornais, revistas, TV, entre outros. No Brasil, em 1869, o ítalo-brasileiro Angelo Agostini, publicou o primeiro capítulo de As Aventuras de Nhô-Quim e mais tarde publicando As Aventuras de Zé Caipora (1869- 1883). Para alguns especialistas, esta é considerada como a primeira historia em quadrinhos brasileira. Todavia, Agostini infelizmente é pouco conhecido no Brasil e no exterior mesmo sendo um pioneirista do ramo, segundo o relato do professor e cartunista Gilberto Maringoli de Oliveira em sua tese sobre Agostini: No início daquele ano, um grupo de intelectuais, membros da Academia Brasileira de Letras, resolvera prestar uma homenagem a um dos mais antigos editores brasileiros em atividade, Adolfo Aizen (1907-1991), proprietário da Editora Brasil- América, do Rio de Janeiro. Aizen lançara, em 14 de março de 1934, um jornal totalmente voltado para as histórias em quadrinhos, o Suplemento Infantil (posteriormente Suplemento Juvenil) (...).A homenagem planejada pelos acadêmicos se materializaria na apresentação de um projeto de lei, ao Congresso Nacional, instituindo o dia 14 de março como o Dia das Histórias em Quadrinhos, em alusão ao cinqüentenário do Suplemento Juvenil. A justificativa era de que a data marcaria a primeira publicação de histórias em quadrinhos no Brasil. (OLIVEIRA, p. 10). Em 1996, ocorreu a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que propôs uma conciliação entre esse produto midiático cultural e a educação. Vergueiro e Ramos (2009) determinam que o texto que se fazia presente no documento da LDB citava a importância da inclusão de outras linguagens no processo de ensino- aprendizagem. Por tal razão esta data é considerada como uma grande vitória para as historias em quadrinhos como instrumento pedagógico brasileiro. Contudo, nem sempre a relação entre histórias em quadrinhos e a educação foram bem vindas, houve aversão de muitos a respeito da utilização dos quadrinhos na educação formal. Aqui no Brasil, já em 1928, surgiram as primeiras críticas formais contra as historinhas: a Associação Brasileira de Educadores (ABE) fez um protesto contra os quadrinhos, porque eles “incutiam hábitos estrangeiros nas crianças”. Na década seguinte, em 1939, diversos bispos reunidos na cidade de São Carlos (SP) deram continuidade à xenofobia, propondo até mesmo a censura aos quadrinhos, porque eles traziam temas estrangeiros prejudiciais às crianças (CARVALHO, 2006, p.32)”. Algum tempo depois, os conflitos de opiniões sobre a relação entre histórias em quadrinhos e educação acabaram, e a partir de 1970 já podíamos encontrar essa mídia em livros didáticos em todo o país, criadas por artistas como Eugenio Colonnezze. Os textoseram ilustrados com balões de diálogo e figuras bem desenvolvidas, atraindo a atenção de estudantes, porém há outras formas mais eficientes com o uso das mesmas: incentivando à leitura, realizando atividades como peça de teatro a partir de alguma história em quadrinho, ao 4 debate e a reflexão sobre determinado tema de maneira leve, eficiente e divertida de se aprender. No final do século XVIII, um dos pioneiros das HQs, o americano Richard Fenton Outcault, criou o personagem Mickey Dugan, ou mais conhecido como o Menino Amarelo (The Yellow Kid, no original) que surgiu a partir do momento em que os Estados Unidos começou a utilizar a imprensa colorida nos jornais. Outcault trabalhou como ilustrador do Jornal New York World, que tinha a fama de ser muito sensacionalista, com manchetes chamativas, destaques esportivos e com diversas ilustrações, assim atraindo um grande público. Dessa forma, o personagem com suas falas sarcásticas e marcantes, muitas vezes falava sobre fatos políticos como as relações entre Estados Unidos e Espanha. A figura do Menino Amarelo fez tanto sucesso que as vendas foram crescendo numa proporção imensa, pois não apenas quem podia ler comprava, mas também pessoas analfabetas, pelo fato de apenas observar as imagens do menino de camisola amarela, orelhudo e de traços orientais. Podemos citar também neste trabalho, a obra de Art Spiegelman, que se inspirou na história real de seu pai, Vladek Spiegelman, um judeu-polonês sobrevivente do holocausto. O pai do cartunista narra à seu filho os horrores que vivera pelas mãos dos nazistas em Auschwitz, mostrando a perseguição dos alemães aos judeus e as maldades que foram impostas a eles. Nos quadrinhos, os judeus são caracterizados como ratos; seres inferiores sujos do ponto de vista dos alemães, os nazistas como gatos; que os caçam, os poloneses não- judeus como porcos e americanos, cachorros. Nas tirinhas onde o pai de Art conhece a família de sua esposa, é evidentemente retratado que muitas famílias judias eram ricas, tendo empresas e muitos bens antes de se tornarem prisioneiras do campo de concentração. Podemos perceber que em muitas tirinhas há observações, pelo qual Art se refere a coisas típicas judaicas e alemãs, assim fazendo com que o leitor não tenha dificuldades de entender o que está sendo mencionado no quadrinho. É possível perceber nos quadrinhos que os nazistas projetaram fornos onde muitos judeus foram exterminados na segunda guerra mundial. Por tanto, através de analisarmos o quadrinho de Spiegelman, graças a seu talento em exemplificar os acontecimentos por meio de ilustrações claras e com ricas informações do período e conhecermos a polêmica criação de Outcault, os dois quadrinhos Maus e o Menino Amarelo pelo fato de se adaptarem e se integrarem ao contexto histórico em que estavam inseridas, as histórias em quadrinhos como um fenômeno eminentemente comunicional, fazem parte do mesmo contexto das mídias, de tal maneira elas são um compartilhador de 5 temas políticos e sociais, possibilitando assim ser um recurso didático-pedagógico no ensino de História. Seguiremos esse raciocínio no próximo tópico. 2.1. HQs: UMA FERRAMENTA PEDAGÓGICA ALTERNATIVA NO ENSINO DE HISTÓRIA ANTIGA E CONTEMPORÂNEA. Como mostramos anteriormente, as histórias em quadrinhos estão muito presentes em diversas mídias de comunicação pela sua grande influência de nos oferecer seu valor de propagar conhecimentos através do período histórico no qual foi produzida. Nos dias atuais, há uma enorme presença de adaptações de super-heróis dos quadrinhos de outrora. Porém‘’o fato de uma HQ ser ambientada em um tempo passado não sugere que seu conteúdo seja integralmente fiel ao contexto histórico. (NOGUEIRA, 2009, p.6)’’. Todavia, isso não desqualifica a sua utilidade de poder servir como material pedagógico em uma aula de História. A importância das HQs é destacada por Vergueiro (2010), afirmando seus benefícios para a utilização em sala de aula: [...] há varias décadas, as histórias em quadrinhos fazem parte do cotidiano das crianças e jovens sua leitura e muito popular entre eles. A inclusão das HQs na sala de aula não e objeto de qualquer tipo de rejeição por parte dos estudantes, que, em geral, as recebem de forma entusiasmada, sentindo-se, com sua utilização, propensos a uma participação mais ativa nas atividades em aula. As histórias em quadrinhos aumentam a motivação dos estudantes para o conteúdo das aulas, aguçando sua curiosidade e desafiando seu senso crítico. VERGUEIRO (2010, p. 21). No ensino de história, as histórias em quadrinhos podem ser usadas de um modo descontraído para a aprendizagem dos alunos, onde pode-se aprender o momento histórico contado na trama da HQ, como o momento em que a própria história em quadrinhos foi feita, pegando características do país e o momento político que estava acontecendo na época. Um exemplo de história em quadrinhos que fala sobre história, que carrega consigo o momento político de sua época é a HQ do Capitão América, personagem criado por Joe Simon e Jack Kirby, em 1940, que apareceu pela primeira vez na revista em quadrinhos Captain American Comics #1, da Timely Comics (antecessora da Marvel Comics), e mais tarde reintroduzido no universo Marvel, em 1964. Inicialmente seria chamado de Super American, mas logo Simon preferiu chama-lo de Captain American. Foi concebido como um super-herói patriótico que lutou contra as potências do Eixo na Segunda Guerra Mundial e foi o personagem mais popular da Timely Comics durante o período da guerra. A história em quadrinhos nos conta sobre um personagem chamado Steve Rogers, um garoto franzino e com pouca estatura que tem o sonho de se juntar as tropas americanas para combater os nazistas e poder ajudar o seu país. Ao ter seu alistamento recusado por sua falta de aptidão física, ele deixa claro estar disposto a fazer qualquer coisa para ajudar na guerra. Ele se torna cobaia de um experimento para a criação de soldados superiores, o projeto super soldado, que consistia em um soro especial e a radiação de raios gerando um crescimento físico geral, tornando um ser debilitado como Steve Rogers em um superatleta musculoso, forte, veloz e ágil. Entretanto, existia um espião duplo na equipe, a serviço de Adolf Hitler, 6 que em um momento de violência tenta roubar o soro de Supersoldado, e acaba matando o único cientista que tinha a formula do soro e Steve Rogers acaba se tornando o único daquilo que deveria ser um exército de super soldados. O Capitão América foi o mais bem sucedido de uma onda de super-heróis surgidos sob a bandeira do patriotismo estadunidense durante o período da Segunda Guerra Mundial. Pelo fato dos quadrinhos serem uma comunicação de massa, as aventuras de Capitão América retratadas nas HQs, foram criadas como uma propaganda americana que incentivava o patriotismo da população, como podemos ver pela capa da figura 1 abaixo, que nos mostra Capitão America dando um soco no rosto de Adolf Hitler. Figura 1: As primeiras histórias – Marvel. Capa de Captain American Comics, n. 1, mar. 1940. FONTE: Marvel Entertainment. Por mais inocente que pareça ser, foi também uma estratégia para convencer a população americana de que os nazistas eram grandes inimigos para a nação e, além disso, transformar em uma representatividade aos soldados americanos que se sentiam como o próprio Steve Rogers e dessa forma mostrar que um homem franzino é capaz de ser um soldado de destaque no exército americano. Pela sua forte influência de acontecimentos do período em que foi produzida os quadrinhos de Capitão America, acaba por “mostrar que é possível desenvolver uma prática de ensino de História adequada aos novos tempos (e alunos): rica de conteúdo, socialmente responsável e sem ingenuidade ou nostalgia”. (PINSK; PINSK, 2007, p.19).’’ Sobrehistória em quadrinhos baseada na história antiga, podemos citar “Os 300 de Esparta”, obra criada por Frank Miller, que tem como foco a defesa do desfiladeiro das Termópilas, liderada pelo rei espartano Leônidas, e um pequeno grupo de 300 soldados 7 espartanos que lutam contra a invasão do grande exercito persa enviado pelo rei Xerxes, a ficção é predominante nesta HQ, pois a muito pouca informação histórica sobre este acontecimento, mesmo assim o autor fez uma grande pesquisa histórica para se basear em sua obra. Em geral, a história contada na obra de Miller é a mesma relatada pelo historiador grego Heródoto (484-425 a.C.). No entanto, "Os 300 de Esparta" está longe de ser uma "aula de história", mas, podemos dizer que se trata de uma obra que pode ajudar a tornar o estudo da história mais interessante. Um dos grandes méritos da obra de frank miller, é que popularizou um episódio da história antiga, fazendo com que despertasse o interesse dos jovens em buscar mais fatos e conhecimento sobre o assunto apesar dos estereótipos que existem. Desta forma pudemos observar que os quadrinhos trazem grandes histórias que podem nos fazer avaliar tanto o período que se passa em sua trama, quanto o período no qual ela foi escrita. Sendo assim, o uso de HQs para o ensino de história antiga e contemporânea é uma boa maneira de fazer os alunos aprenderem o período histórico que esta sendo apresentado de forma divertida através dos quadrinhos e consequentemente, mostrando a eles que as aulas de História não são tão maçantes e ‘’chatas’’ como costuma ser visto pelo olhar das mesmas, e, além disso, mostrar que ‘’o livro didático é uma fonte importante, mas não deve ser a única. (FONSECA, 2003, p. 56)’’. 3. MATERIAIS E MÉTODOS Neste tópico iremos descrever a respeito dos materiais pesquisados e métodos utilizados em nosso paper. Os materiais usados foram obras de autores e professores da área do ensino de História, como Moacy Circe, Paulo Ramos, Selva Guimarães Fonseca, Waldomiro Vergueiro, e do jornalista e criador de conteúdo sobre HQs, Djota Carvalho. Além desses, usamos a interessante obra de Art Spiegelman, artigos científicos e de informações coletadas do site do Senado Federal. Também foi utilizada uma pequena biografia de Angelo Agostini, extraída do site do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil que é administrado pela Fundação Getúlio Vargas. Como metodologia, decidimos fazer a pesquisa com um ponto de vista bibliográfico e descritivo. 8 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Analisando nossa presente pesquisa, percebemos que durante meados da década de 30, as HQs foram vistas com um olhar xenofóbico por muito religiosos que achavam que elas eram imorais para as crianças, assim não ganhando reconhecimento para serem introduzidas no ensino, apesar de serem reconhecidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Todavia, com o passar do tempo, felizmente obtivera uma mudança de pensamento da sociedade, assim foram inseridas no meio educacional, sendo possível encontrá-las em diversos livros didáticos do país. Com o exemplo da obra em quadrinho de Richard Felton Outcault, conseguimos absorver a importância que O Menino Amarelo teve para a mídia americana e também sendo vista de forma inclusiva para pessoas mesmo que não soubessem ler, através das gravuras do menino oriental era possível ser um compartilhador de ideias. Em seguida, com a obra Maus, Art Spiegelman nos mostrou através do quadrinho representar o passado difícil que seu pai, sobrevivente do holocausto, tivera. Apesar de ser exibido de uma maneira lúdica e bem desenvolvida graficamente, é inegável não nos sentirmos tensos ao pensar como foi este triste episódio da história humana, principalmente dela ser baseada ao familiar do autor. E isso acaba nos fazendo pensar que o quadrinho Maus é um excelente objeto a ser utilizado como mediador em sala de aula, fazendo com que os alunos que forem se deparar com o quadrinho, entenda a gravidade do assunto, assim entendendo que um dos principais objetivos da História é aprender para não repetir o passado, principalmente em relação a coisas ruins, como o holocausto. E claro, dessa forma vir a buscar mais fontes com informações sobre o tema. Aprendemos que as HQs são uma das mídias de comunicação mais influentes do mundo, e que hoje em dia é muito comum nos depararmos com adaptações cinematográficas, mas Nogueira (2009) nos adverte que devemos ter consciência que apesar do período em que a historia em quadrinho está ambientada, não representa que a mesma seja fiel conforme o contexto em que se enquadrada. Mas devemos esclarecer que apesar disto, elas não devem ser desqualificadas, pois é uma forte influência como material pedagógico. Como exemplo, citamos o conhecido Capitão América, um dos primeiros personagens em quadrinhos da editora Marvel, que enfrentou nada mais nada menos que Adolf Hitler, em seu quadrinho da edição de 1940 e sendo uma grande e inusitada maneira de propagar o patriotismo americano para a população, além de ser uma representação para os militares. Outro exemplo que apresentamos neste trabalho foi o quadrinho ‘’Os 300 de Esparta’’, que apesar da ficção ser 9 mais presente do que o real aprofundamento histórico, ela pode vir a servir como um despertar no interesse dos jovens em buscar informações sobre o período apresentado no quadrinho. Apesar de haver muitos professores que não tem um considerável conhecimento de iconografia, é possível que o docente utilize as HQs como um auxiliador lúdico no ensino, levando em consideração o contexto histórico apresentado nas tirinhas em quadrinhos. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com as informações abordadas neste trabalho, pudemos compreender que as histórias em quadrinhos são é um excelente aporte a ser empregado como fonte para o historiador e assim ser aplicado como um recurso na construção do saber no âmbito escolar. Porém, apesar da inaptidão de muito docentes sobre este material, é muito importante que esse profissional se familiarize com o meio, ou seja, conhecendo suas principais características como meio de comunicação de massa em relação ao contexto. Mas não desconsideramos sua importância como recurso pedagógico. Dessa maneira, com a presença das HQs em sala de aula, possibilitará ensinar os alunos de forma eficiente, fazendo-os lerem os quadrinhos com um olhar mais crítico, e consequentemente, tornando possível àquilo que tanto buscamos alcançar, um ensino de História mais prazeroso e interessante para os estudantes. REFERÊNCIA CARVALHO, Djota. A educação está no gibi. Campinas, São Paulo. Papirus, 2006. CIRNE, Moacy. História e Crítica dos Quadrinhos Brasileiros. Rio de Janeiro, RJ: Ed. Europa & FUNARTE, 1990. DANTAS, Carolina Vianna. AGOSTINI, Angelo. Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC). Fundação Getúlio Vargas. 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