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INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE CAMPUS SÃO FRANCISCO DO SUL Julia Viana Pinto Thais Simas Reinert ELETROQUÍMICA São Francisco do Sul, SC 2019. INTRODUÇÃO Quando falamos em ciência, devemos ter em mente que todos esses processos não ocorrem somente dentro do laboratório. Muito pelo contrário, eles estão mais presentes no nosso dia-a-dia do que muitos pensam. A Eletroquímica não é diferente. Ela é um ramo da físico-química que estuda reações químicas nas quais estão envolvidas transferências de elétrons, ou seja, reações de oxirredução. Ademais, trata-se da conversão desses elétrons em energia elétrica, assim como o processo contrário. O costume de comentar sobre oxidação passa tão despercebido, que muitas vezes a maioria das pessoas não se imaginaria abordando termos tão técnicos quando, na verdade, um conhecimento tão útil possui sim uma lógica tão simples. Portanto, pretende-se com este trabalho alcançar uma explicação didática que traga relações da Eletroquímica com o cotidiano, e em como, por trás de um simples conselho que se resume em “Não tome banho de cordão”, existe uma explicação mais do que científica. Considerando a era em que entramos, onde a tecnologia está cada vez mais avançada e mais acessível do que antigamente, é muito provável que muitos se deparem com processos Eletroquímicos todos os dias e nem mesmo se deem conta. REAÇÕES DE OXIDAÇÃO A oxidação é um processo envolvendo a perda de elétrons, uma reação. Tais reações químicas devem ser catalisadas por um agente oxidante, e se caracterizam pela transferência de elétrons entre pelo menos duas espécies envolvidas; a que se oxida, perdendo elétrons e sofrendo aumento do NOX, e a que se reduz, assim ganhando elétrons e sofrendo redução do NOX. Com isso, pode-se dizer que um processo é dependente do outro, já que a oxidação sempre acompanha a redução. As reações que podemos citar quando trata-se de oxidação, são as de combustão e as de corrosão. A combustão, também conhecida como queima, é uma reação onde o oxigênio é o comburente (ou seja, a substância que reage com o fogo e proporciona as chamas) mais utilizado. Com isso, um combustível (material oxidável) sofre oxidação com liberação de calor; abastecendo uma reação em cadeia, uma vez que o combustível consegue fornecer energia para que outro também queime junto. Por se tratar de chamas, essa reação é sempre exotérmica, já que libera energia em forma de calor. Um dos exemplos mais simples é a queima de uma fogueira, onde o calor do fogo na madeira alimenta e propaga a combustão. Essa é uma ação importante que acompanha nossa espécie graças ao nosso instinto de sobrevivência, antes que sequer tivéssemos ideia de como ela ocorre. Temos a combustão completa e a incompleta – que se trata da insuficiência de oxigênio para consumir completamente o combustível. A combustão completa do Etanol (C2H6O) é representada da seguinte maneira: ● C2H6O + O2 → CO2 + H2O Após ser balanceada, a reação se torna: ● C2H6O + 3 O2 → 2 CO2 + 3 H2O Isso significa que a quantidade de oxigênio foi suficiente para consumir o metanol (combustível) e formar, por consequência, o CO2 (o dióxido de carbono) e o H2O (a água). Agora, temos o exemplo de uma combustão incompleta, sendo ela também do etanol: ● C2H6O + 2 O2 → 2 CO + 3 H2O = Produção de CO e H2O. ● C2H6O + O2 → 2 C + 3 H2O = Produção de fuligem e H2O. Com a diminuição do oxigênio, consequentemente menos calor está sendo liberado, impossibilitando a reação de se propagar de modo correto. NÚMEROS DE OXIDAÇÃO Já citado anteriormente, o NOX de um elemento se refere à carga elétrica que ele ganha quando faz uma ligação iônica, ou o seu caráter parcial quando uma ligação covalente é realizada. O NOX simplesmente se refere ao potencial de um átomo em atrair elétrons para as ligações que irá realizar. O conceito de número de oxidação está diretamente relacionado com a eletronegatividade, que é justamente esse potencial entre diferentes átomos. Por esse motivo, a maioria dos elementos químicos têm uma variação desses números, já seu potencial depende do composto que estará sendo formado. Enquanto os metais são pouco eletronegativos, os ametais são muito eletronegativos. Alguns elementos possuem, entretanto, um número de oxidação fixo, mesmo em compostos diferentes. O NOX de substâncias mais simples é sempre igual a zero (como por exemplo: N2, O2 e o H2). Enquanto isso, o NOX de íons corresponde a um número igual à sua carga. Para simplificar, podemos ver que, no sódio, o NOX de Na1+ = +1, ou que o NOX de O2- = -2. Com tais informações, fica mais fácil calcular o número de NOX de determinados elementos em substâncias distintas. PILHAS Também conhecida como célula eletroquímica, a pilha é um dispositivo onde a oxirredução ocorre de modo espontâneo. Ela é composta por dois eletrodos e apenas um eletrólito. O eletrodo positivo é chamado de catodo, e o eletrodo negativo de ânodo. O eletrólito é chamado de ponte salina. Juntando os eletrodos e o eletrólito, é produzida a energia elétrica, que é normalmente utilizada para fazer algum dispositivo funcionar: um controle remoto, uma calculadora, ou até mesmo um aparelho auditivo. Duas pilhas unidas formam uma bateria, e é isso que diferencia as duas coisas. Em 1836, tivemos o caso de uma das primeiras pilhas, a Pilha de Daniell. Nesse experimento, havia um recipiente com uma solução de CuSO4(aq) (sulfato de cobre) com uma placa de de cobre mergulhada dentro, e outro recipiente contendo uma solução de ZnSO4(aq) (sulfato de zinco), com a placa de zinco mergulhada. Esses dois recipientes separados foram conectados por uma ponte salina (dois eletrodos, um eletrólito). Fonte: (Brasil Escola) Já que o zinco tem uma tendência maior à oxidação, o zinco metálico funciona como o ânodo (eletrodo negativo), onde ocorre a oxidação: ● Zn( s) ↔ Zn2+(aq) + 2 e-; Os elétrons que o zinco perde são transportados até o cobre, gerando a corrente elétrica que liga a lâmpada. Os íons do cobre vão se reduzir e se transformar em cobre metálico, que irá se depositar sobre a lâmina de de cobre. Sendo esse o cátodo (eletrodo positivo), ocorre a seguinte redução: ● Cu2+(aq) + 2 e- ↔ Cu( s); Mesmo as pilhas mais atuais têm o princípio de um metal doar os elétrons para o outro, por meio de uma solução condutora, para que ocorra a corrente elétrica. A diferença é que elas não usam um eletrólito com solução líquida, e sim seca. Sendo distribuídas em uma diversidade imensa no mercado, as duas pilhas mais comuns são as pilhas ácidas e as pilhas alcalinas. CORROSÃO DE METAIS E PROTEÇÃO CONTRA CORROSÃO Além da combustão, já citada como uma das reações de oxidação, temos a corrosão, que é um processo decorrente da liberação de elétrons para a estabilização eletrônica dos metais. Consequentemente, os metais se combinam com espéciesoxidantes (normalmente o oxigênio) e reagem de uma forma na qual o metal sempre é desgastado, considerando que o metal possui capacidade de oxidação muito maior do que a do oxigênio. Chamamos essa degradação de corrosão. A corrosão é um fenômeno comum que acarreta grandes prejuízos econômicos, principalmente se tratando de móveis e eletrodomésticos, além de poder causar algum acidente grave no caso de uma caldeira industrial, por exemplo. Tendo a caldeira em mente, sabe-se que o componente principal dela é o aço. E a reação do aço com o oxigênio é dada da seguinte forma: ● 2Fe + O2 → 2FeO ● FeO + 2O2 → 2Fe2O3 ● 2FeO + 2Fe2O3 → 2Fe3O4, ou FeO + Fe2O3 → Fe3O4 (magnetita) O ferro, que se oxida com uma facilidade enorme ao ser exposto ao ar e à umidade, dá origem aos óxidos de ferro e então se combinam para formar a magnetita – a ferrugem, que deteriora o material e o torna mais frágil, mais apto à sofrer uma corrosão. Sem a água e o oxigênio, a corrosão não ferro não ocorreria. Alguns fatores acabam influenciando na aceleração do processo, mesmo que não causem a corrosão em si; a presença de CO2 (o gás carbônico), SO2 (o dióxido de enxofre) e outras substâncias ácidas no ar, por deslocarem a reação catódica para a direita, como diz o princípio de Le Chatelier. A corrosão da prata é um problema recorrente no uso de qualquer adorno, como um anel ou um cordão. Percebe-se que, se você tomar banho utilizando um cordão de prata, ele acaba enferrujando muito mais rápido por causa da água; a cor preta é um resultado de uma película de sulfeto que se forma em volta dela pelo contato com o ácido sulfídrico (H2S). Um meio de proteger os metais da corrosão é revesti-los com metais que tenham uma tendência de oxidação maior, um metal que perca mais elétrons. Esse é um processo somente de retardação, já que a oxidação do metal usado para o revestimento será mais rápida e isso tornará a corrosão do metal que foi revestido mais lenta. É possível também o uso de tintas especiais, que poderão formar um protetor que impeça o contato do metal com o ar (oxigênio). ELETRÓLISE A eletrólise é um processo da Química, que utiliza de energia elétrica para criar uma fonte para forçar uma reação química (ou seja, não é espontâneo) para produzir substâncias simples ou orgânicas dificilmente encontradas na natureza, através da oxirredução. O que acontece na eletrólise é que, basicamente, o cátion sofre redução na estrutura chamada catodo, e o ânion sofre oxidação no que chamamos de anodo; isso ocorre graças à descarga elétrica fornecida por alguma fonte externa. A eletrólise e as pilhas possuem uma diferença que diz respeito a sua função. Enquanto a pilha transforma a energia em energia elétrica de forma espontânea, a eletrólise faz exatamente o contrário de forma induzida. São utilizadas na produção de substâncias como metais alcalinos, alcalino-terrosos, gás hidrogênio e gás cloro, e por isso elas são extremamente importante para as indústrias. O mais importante ainda é saber que substância usar, a quantidade dela e por quanto tempo deve-se realizar o processo para obter a quantidade de produto desejado. Existem dois tipos de eletrólise, a ígnea e a de solução. A ígnea se refere ao processo que ocorre quando um composto iônico é aquecido até ser fundido, não usando água. Já a de solução, é a que ocorre em uma solução iônica. Abaixo temos os exemplos dos dois tipos de eletrólise: 1. Eletrólise Ígnea - NaCl 1° Passo: descobrir a temperatura de fusão e as mudanças que ocorrem. Fusão: 108°C → Na+ + Cl- 2° Passo: verificar o que acontece no cátodo e no ânodo. Cátodo(-): Na+ + 1e- → Na0 Ânodo(+): 2Cl- → Cl2 + 2e- 3° Passo: igualar a equação para que haja o mesmo número de elétrons perdidos e recebidos na equação, multiplicando toda a primeira equação. Cátodo(-): Na+ + 1e- → Na0 (2x) Ânodo(+): 2Cl- → Cl2 + 2e- --------------------------------------------- 2NaCl → Na0 + Cl2 2. Eletrólise de solução - NaCl Na solução aquosa do NaCl é formado, através de dissociação iônica, o Na+ e o Cl-: NaCl(s) → Na+(aq) + Cl-(aq) Em solução aquosa existe uma certa competição em eletrodos, e por isso é necessário decidir quem tem maior prioridade para ir pro cátodo ou pro ânodo, fazendo o processo de auto-ionização da água: H2O(e) ←→ H+(aq) + OH-(aq) Cátodo(-): 2H+(aq) + 2e- → H2(g) Ânodo(+): 2Cl-(aq) → Cl2(g) + 2e- Ao finalizar a equação sobram 3 produtos, gás hidrogênio no cátodo, gás cloro no ânodo e sobra o hidróxido de sódio. CONCLUSÃO Em virtude do trabalho realizado, pudemos não apenas concluir, mas também passar a compreender um pouco de alguns processos específicos dentro das indústrias e como são formadas algumas substâncias que estão presentes nas maiores ocasionalidades dentro de nossas vidas; em tarefas de casa, já que é da eletrólise que surgem substâncias como o cloro, usado em alvejantes e no tratamento de piscinas; meros adereços como bijuterias de prata, cobre; os carregadores de celulares – que são, por si só, um dos maiores e mais versáteis vícios da atualidade. REFERÊNCIAS MAGALHÃES, Lana. “Combustão: o que é, tipos, reação e entalpia”; Toda Matéria. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/combustao/>. Acesso em: 20 de novembro de 2019. CARDOSO, Mayara. “Corrosão - Reações Químicas”; InfoEscola. Disponível em: <https://www.infoescola.com/quimica/corrosao/>. Acesso em: 21 de novembro de 2019. MAGALHÃES, Lana. “Eletroquímica: resumo, pilhas, eletrólise e exercícios”; Toda Matéria. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/eletroquimica/>. Acesso em: 24 de novembro de 2019. FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. “Número de Oxidação (NOX)”; Mundo Educação. Disponível em: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/numero-oxidacao-nox.htm>. Acesso em: 20 de novembro de 2019. MAGALHÃES, Lana. “Número de Oxidação (Nox) - Química”; Toda Matéria. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/numero-de-oxidacao-nox/>. Acesso em: 18 de novembro de 2019. FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. "O que é combustão?"; Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-combustao.htm>. Acesso em: 17 de novembro de 2019. FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. "O que é Eletroquímica?"; Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-eletroquimica.htm>. Acesso em: 17 de novembro de 2019. DIAS, Diogo Lopes. "O que é oxidação?"; Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-oxidacao.htm>. Acesso em: 20 de novembro de 2019. FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. "Pilhas"; Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/quimica/pilhas.htm.> Acesso em: 25 de novembro de 2019. TV HEXAG. Química - Eletrólise Aquosa. 2015. (6m50s). Disponível em: <https://youtu.be/awvzhCjALYE>. Acesso em: 25 de novembro de 2019. TV HEXAG. Química - Eletrólise Ígnea. 2015. (5m24s). Disponível em: <https://youtu.be/Mffgq07igv4>. Acesso em: 25 de novembro de 2019.
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