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Resumo do Livro: O ESTADO E O DIREITO DEPOIS DA CRISE 
José Eduardo Faria 
 
 
1. Introdução 
 Objetiva-se, com o presente trabalho, abordar os aspectos principais e mais 
relevantes da presente obra. Inicialmente, uma exposição breve sobre duas teorias 
econômicas importantes do século XX, a de Joseph Alois Schumpeter, na qual tinha 
como pensamento de um estado pró-trabalho, voltado à capacitação dos agentes 
econômicos na busca de novas tecnologias, recursos com o objetivo de aumentar seu 
poder competitivos mercados de grande concorrência, e a de John Maynard Keynes que 
tinha como teoria emprego, juro e dinheiro, expondo que os paradigmas que as crises 
trazem incluem também um desafio de caráter teórico. 
 
2. O Estado e o Direito depois da crise 
 No seu segundo capitulo é descrito sobre a crise 2008. A crise financeira de 
2008 teve como epicentro o colapso financeiro norte-americano e decorreu de diversos 
fatores, alguns desses foram inéditos e específicos. Tendo como exemplos, infringências 
com taxas de juros e taxas de cambio, da opacidade de diversos tipos de operações e de 
fundos de investimento entre outros tantos, mas foi à conjunção desses fatores que 
levou a ter altos prejuízos no mercado americano. Essa crise evidenciou o déficit de 
informação das autoridades nacionais sobre a situação da liquidez global dos bancos, 
entreabriu a falta de transparência do setor, e ainda atingiu todos os mercados, desde o 
do monetário até ao de crédito, das bolsas de valores e de mercadorias às operações com 
opções de compra e de contratos futuros. 
 A crise não só envolveu bancos comerciais e de investimentos, mas também as 
instituições não financeiras, como nos casos de seguradoras, na busca de valorização de 
ganhos financeiros decorrentes de operações, assinavam contratos derivativos cambiais 
onde vendiam dólares equivalentes a anos de exportação, e com a desvalorização do 
dólar nos anos de 2007 e 2008, os prejuízos foram de alta complexidade que essas 
instituições ficaram insolventes, perderam partes de seu patrimônio. 
 A partir de então, os bancos e instituições financeiras passaram a trabalhar com 
crescente tolerância a risco, buscando cada vez mais elevados, Com isso, os 
investimentos produtivos de médio e longo prazo se multiplicaram resultando numa 
riqueza progressiva, e a expansão do crédito hipotecário acabou gerando um circulo 
vicioso, formando a chamada “bolhas de ativos”. Que significa que à medida que a 
demanda por residências, o preço dos imóveis se levou, e com isso teve uma maior 
disponibilidade de crédito. E com a maior disponibilidade de crédito, houve o acréscimo 
de financiamentos e logo as famílias endividadas começaram a deixar de pagar as 
prestações. Em vez de ocorrer a execução das hipotecas não pagas, algumas das 
instituições americanas optaram por refinanciar os créditos, dobrando ainda mais a taxa 
de inadimplência no setor imobiliário, ou seja, em 2010 a demanda por crédito para 
estava perto do nível mais baixo em quatorze anos. Tudo isso acarretou para que, 
milhares de pessoas perdessem suas casas, seus empregos, e consequentemente 
ocorresse a desvalorização do imóvel. 
 No terceiro capitulo do livro, tratou-se sobre as relações contemporâneas entre 
direito, poder e economia, ressaltando problemas como: a dificuldade da unificação 
legislativa, o fato de as operações econômicas se darem em nível global, enquanto sua 
regulação é local, ressaltando uma tensão intrínseca entre capitalismo e democracia e a 
relação entre a crise econômica, o Estado nacional e crises sociais. 
 O primeiro problema envolve a união e a uniformidade da legislação financeira 
e da regulação sobre valores mobiliários em nível global, com o objetivo de se pôr um 
fim as lacunas entre a atuação global dos mercados e o alcance geograficamente restrito 
das autoridades monetárias e das agencias reguladoras dos Estados nacionais. 
 O segundo problema está associado ao esgotamento progressivo da 
operabilidade quanto à eficácia dos mecanismos jurídicos convencionais dos Estados, 
especialmente aos instrumentos que regulam o controle econômico e financeiro, pois 
estes não acompanham a velocidade com que as atividades econômicas se 
multinacionalizaram. Com as inovações e dinamismos dos mercados financeiros, a 
regulação nacional e os operadores de direito, já não tinham mais capacidades de 
acompanhar tamanha mudança, por causa de sua formação generalizada, eclética e sem 
rigor metodológico, possuíam dificuldades de conhecimento técnico e especifico. 
 No que diz respeito ao terceiro problema, este está relacionado à crescente 
fragmentação, a interdependência entre os atores políticos e os agentes econômicos. 
Aqui o Estado deixa de ser o único a possuir autoridade. Este problema envolve o 
embate entre o poder público e os capitais financeiros; entre a autorregulação 
econômica e regulação estatal. Democracia e capitalismo sempre tiveram uma relação 
de tensão. De um lado, o capitalismo é uma força de acumulação que não suporta 
limites, é uma acumulação sem fim, e de outro lado, interesses definidos com base no 
sufrágio universal, a democracia representativa possibilita a imposição de limites à 
logica capitalista e ao financeiro, tendo como objetivo assegurar o equilíbrio entre 
enriquecimento privado e justiça distributiva. 
 Quando mais o Estado perde a capacidade de coordenar economicamente e, a 
autonomia de formular novas estratégicas de regulação, mais responsabilidade ele tem 
para lidar com as consequências locais da crise. E quanto maior a crise social menor e a 
capacidade do Estado de dispor de fontes de investimentos e de linhas de financiamento 
para atender as demandas. 
 No principal capítulo abordam-se, “A internacionalização das decisões 
econômicas e o futuro do Direito”, dentro de um período pós-crise, que ainda vivencia 
suas graves consequências, o futuro do Direito e, por consequência, do Estado. Os 
problemas já apontados anteriormente estão de algum modo relacionado às diversas 
transformações econômicas e politicas ocorridas nas ultimas décadas, podemos citar 
algumas dos principais como: a desvinculação do dólar ao ouro em 1971, a evolução da 
taxa americana de juros. Os problemas amplos e complexos causados pelas 
transformações acabaram ficando fora do alcance e do controle das instituições politicas 
e dos órgãos jurídicos tradicionais. 
 Os Estados não estão mais em condições de estabelecer um tipo de regulação 
hierárquico autoritativa da sociedade, uma vez que muitos sistemas econômicos sociais 
tendem a se tornar autônomos, não se deixando disciplinar por controles externos. 
 Na busca de respostas do que poderá ser o Direito e o Estado após a crise 
financeira de 2008, são apresentados, cinco cenários hipotéticos: a criação de um 
“estado mundial e um direito global”, o retorno ao Estado forte e forte regulação 
normativa, um cenário de governança mundial e direito sem o Estado, onde o direito 
mundial seria produzido basicamente por entidades internacionais, órgãos 
intergovernamentais e organismos supranacionais, um quarto cenário com a formação 
de blocos comerciais e “multisoberania”, basicamente no formato dos blocos de 
integração regional e um quinto cenário de globalização econômica e pluralismo 
jurídico com a expansão dos sistemas privados de governança da atividade econômica, 
sem colisão com o direito positivado pelo Estado. Nesse sentido, os diferentes regimes 
normativos privados atuam em perspectiva funcionalmente global, o que permite 
harmonizar, unificar e padronizar procedimentos em áreas especializadas, eliminando 
barreiras administrativas, reduzindo custos de produção, produzindo assim um direito 
substantivo de facto paralelamente ao direito positivado pelo Estado. 
 Dos cinco cenários apontados anteriormente, os que parecem ter menos 
potencial de execução são os três primeiros (estado mundiale um direito global, o 
retorno ao Estado forte e forte regulação normativa, governança mundial e direito sem o 
Estado) por causa do seu excessivo idealismo inerentes a tese de que a globalização 
representa a consecução de um mundo definitivamente comum e da impraticabilidade 
de um ente regulador global, a outra por subestimar a capacidade dos Estados fortes de 
agir de modo independente e o terceiro por confiar excessivamente na capacidade na 
capacidade dos atores econômicos. 
 Mesmo num quadro de enormes incertezas e muitas dúvidas, os dois últimos 
cenários são mais exequíveis na realidade. No último, há a desjuridificação e 
procedimentalização do direito formando um sistema jurídico de “múltiplos níveis”, na 
qual defende a convivência de um menor direito positivo e menos mediação das 
instituições políticas em prol de uma normatividade emanada de diferentes formas de 
contrato, autorregulação e auto composição, em uma abordagem em que o debate trará 
boas repercussões. Ela se dá por meio de um processo de deslegalização e 
desconstitucionalização de direitos e de mecanismos alternativos de resolução de 
conflitos. Na verdade, foi o pragmatismo dos legisladores e uma espécie de cálculo de 
custo/beneficio por parte dos governantes que estimulou essas estratégias. 
 E para finalizar, no ultimo capitulo trata-se sobre o Direito e o Estado após a 
crise. Questiona-se, o que resta da tradicional concepção de estado após a crise? 
Restando o reconhecimento e o respeito das liberdades e garantias fundamentais. 
Sendo citadas ainda duas linhas de intervenção na economia e nas sociedades, 
na qual seu papel seria propiciar múltiplos “espaços de jogo” para as decisões dos atores 
sociais e dos agentes econômicos, sendo abertas outras formas de coordenação derivada 
s de outras fontes de normas. 
A primeira linha tende a ir pelo lado das normas de direito societário, 
falimentar, econômico, administrativo. Envolvendo seja pelo meio de autarquias ou 
agencias reguladora, o estimulo ao livre “jogo de mercado”, a regulação da 
concorrência, a definição de formas e níveis aceitáveis de concentração de empresas, o 
controle ao abuso do poder econômico, atitudes anticoncorrências e a proteção ao 
cidadão contra o poder do monopólio. 
Já a segunda linha de intervenção é de caráter social. No que pressupõe a 
substituição da ideia de direitos universais para as chamadas estratégias de focalização, 
na qual concentram os gastos sociais num publico alvo bem definido e selecionado em 
relação a sua situação, de forma a assegurar a maximização da eficiência de recursos 
escassos. Essa linha gera uma grande polemica entre quem vê a focalização como uma 
forma de integração social de setores marginalizados e quem a critica por assegurar a 
continuidade das desigualdades sociais, sem promover a inclusão e aprofundando o 
assistencialismo. 
Pela ótica tratada hoje pelos defensores de direito, a focalização não envolve 
compromissos de caráter ético e moral, pelo contrário, ela seria apenas uma questão de 
funcionalidade. As estratégias ou politicas de focalização são medida compensatória 
pontual e transitória, sob a forma de programas focados a assistência social aos setores 
pobres e excluídos, sendo que no mercado globalizado são considerados disfuncionais. 
 Uma vez definida essas duas linhas, formando uma espécie de um piso social e 
de um teto econômico, tudo o que estiver entre elas tende a ser passível de negociação e 
auto composição. Essa retratilidade é um dos instrumentos em que o Estado pode 
recorrer para tentar uma articulação estratégica e decentralizada da economia. O que 
pode resultar da brutal deflação de ativos, do desiquilíbrio global entre a oferta e a 
procura, é certa redução de espaço entre as duas linhas, por meio da reformulação dos 
processos regulatórios. 
 
3. Conclusão 
Conclui-se que, mesmo que os governos nacionais ampliem as politicas fiscais 
e monetárias até agora adotadas, para tentar compensar a redução de investimentos 
privados, ou ainda promovam nacionalizações de instituições financeiras e adotem 
mecanismos de supervisão financeira sem deixarem pontos cegos, as instituições 
vigentes não devem sofrer mudanças radicais, devendo permanecer com suas 
competências normativas. 
 
Referência Bibliográfica 
 
FARIA, José Eduardo. O Estado e o Direito depois da crise. São Paulo: Saraiva, 2011.

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