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Resumo de Psicopatologia Geral np1

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Resumo de Psicopatologia Geral – np1
Iniciamos o módulo 1 com a compreensão dos pressupostos epistemológicos relativos às diferentes perspectivas em relação ao conceito de normal e patológico na Psicologia e na Psiquiatria. A partir do século XIX a loucura que antes pertencia aos deuses e aos poetas passou a ser objeto de estudo científico da Psiquiatria. O “louco” recebeu um novo status e foi classificado como paciente psiquiátrico ou doente mental. Para compreender os critérios diagnósticos para a doença mental é necessário percorrer o estudo dos conceitos de normalidade e anormalidade psíquica. Precisamos entender o conceito de psicopatologia, os principais campos e tipos de psicopatologia e os princípios gerais do diagnóstico psicopatológico.
Em psicopatologia classificar casos clínicos com manifestações aberrantes e com sintomas visíveis de alteração psíquica é uma tarefa clínica mais fácil. Mesmo a observação do senso comum rotula com facilidade o “louco”. No entanto, existe um amplo espectro de formas de adoecimento mais difíceis de serem diagnosticadas. Dessa forma o conceito ganha relevância e necessidade de debate e esclarecimento. Para poder definir normal é preciso definir saúde mental. O tema tem vários desdobramentos. Os critérios de normalidade são muitos. Critérios que vão desde a consideração da saúde como ausência de doença até o critério da saúde como um processo. As definições de normalidade estão relacionadas ao momento histórico em que foram elaboradas e as diferentes concepções teóricas sobre o ser humano.
A Psicopatologia Descritiva
A Psicopatologia Geral é definida pelo estudo descritivo dos fenômenos psíquicos anormais, exatamente como se apresentam à experiência humana. Tenta descrever a experiência vivida pelos doentes em relação aos fenômenos mentais anormais. Os fundamentos provêm da fenomenologia e a metodologia do exame é feita com base na observação objetiva, ou seja, nessa abordagem estudamos as alterações do funcionamento mental onde os Critérios de normalidade são bem demarcados e baseados na “Lei da Média” e na performance individual. A Metodologia consiste na observação objetiva do fenômeno. O Objetivo é a descrição e a classificação dos fenômenos mentais e a estruturação de uma nosologia dos distúrbios mentais. Os Instrumentos são os sinais e sintomas. A doença mental é considerada como um desvio de um tipo descrito. É essa concepção que norteia os manuais de classificação (CID10 e DSMIV). É com esses parâmetros que vocês irão encontrar nos prontuários do mundo inteiro o diagnóstico realizado nos serviços de saúde mental. Estudaremos então, a forma de descrever e classificar os sinais e sintomas. Para isso precisamos estudar as funções psíquicas no seu funcionamento normal e suas alterações. Ao final desse estudo estamos aptos a compreender e realizar um exame psíquico, instrumento de avaliação utilizado em Psiquiatria.
Roteiro de Exame Psíquico
1. Apresentação: aspecto geral e cuidados (ex: higiene, cabelo, barba, vestes, presença de adornos), faces (ex: marmórea, melancólica), porte (ex: encurvado, retraído), atitude em relação ao investigador (ex: adequação, colaboração, hostilidade, oposição, desconfiança);
2. Consciência: - Quantitativa ou Nível de consciência: vigil /hipervigil (aumentada), alerta (normal), obnublado, comatoso / flutuação (diminuição); - Qualitativa: estados crepusculares, estados dissociativos, transe.
Fenômenos da Consciência do Eu (continuidade, atividade, oposição, identidade).
3. Orientação: - Alopsíquica: Tempo (ano /mês /dia /hora); Espaço (lugar caminho realizado); - Autopsíquica: nome, idade, sexo, profissão, estado civil (...).
4. Atenção: - Voluntária (concentração / tenacidade): avaliação: digit span, soletrar “MUNDO” em ordem inversa. - Espontânea (reação aos estímulos externos- prosexia). Obs.: distrailbilidade: atenção voluntária ↓ e espontânea ↑(ex: mania, delirium).
5. Memória: Alterações quantitativas: Fixação (pesquisar fatos recentes/avaliar aquisição de informações novas; ex: “teste das 3 palavras”) - Evocação (pesquisar fatos antigo-autobiográficos). Alterações Qualitativas: confabulação (preenchimento artificial de lacunas presentes na Sd. Korsakoff), amnésia dissociativa (presente na histeria), rememorações delirantes (ex: delírios persistentes, esquizofrenia).
6. Afetividade: Componentes do afeto: 1. Tônus (quantidade, carga) 2. modulação (variação), 3. ressonância: aos estímulos + ou –; Tipos: embotamento afetivo (afeto hipotônico, hipomodulante e pouco ressonante característico da esquizofrenia); labilidade afetiva (passagem súbita de um estado afetivo para outro); dissociação do afeto (incoerência entre a ideia expressa e o afeto presente na histeria -“La belle indifference”); ambivalência (amor / ódio ao objeto vivenciado na esquizofrenia).
- Humor (estado basal do afeto): Tipos: eutímico (normal); depressivo, elado/elevado (ex: hipomania), eufórico (ex: mania / intoxicação exógena), disfórico (instável, depressivo e irritável; ex: personalidade borderline), ansioso, irritável, delirante ou tremático (perplexidade característica das fases prodrômicas das psicoses);
7. Pensamento/ Discurso: Componentes do Pensamento: 1. Curso: aceleração, lentificação, bloqueio / roubo do pensamento. 2. Forma: organizada (lógica), arboriforme (intencionalidade / meta preservada) → “fuga de ideias” / “descarrilamento” (pensamento mais veloz que articulação das palavras, conexão dos elementos por assonância, perda da meta) → desorganizado / desagregado (falta de conexão entre as ideias, “salada de palavras”); 3- Conteúdo (tema): desvalia, ruína, niilista, grandiosidade, persecutoriedade, místico / religioso. Obs.: o pensamento é inferido indiretamente pelo discurso.
- Discurso (manifestação explicita da linguagem): logorréia / pressão de discurso (ex: mania), prolixo / barroco (ex: obsessivo, epilepsia), concreto (ex: crianças, retardo mental), perseverante (ex: lesão lobo frontal); lacônico (pouco,conciso), neologismos (esquizofrenia hebefrênica), ecolalia (catatonia, síndrome de tiques), coprolalia (idem).
8. Sensopercepção: - Ilusão: distorção de um percepto real, não necessariamente patológica (ex: ilusão óptica); - Alucinações (verdadeiras): percepção nítida, objetiva e externa na ausência de um percepto real (ex: “Doutor, são vozes de mulher vindas da sala que comentam as minhas ações”); Obs.: alucinações auditivas são as mais comuns; visuais, tácteis e cenestésicas: afastar transtorno orgânico (ex: delirium, epilepsia, tumor); - Pseudoalucinações: localizadas no espaço subjetivo interno (ex: “vozes dentro da cabeça”). – Alucinose: crítica do individuo em relação ao fenômeno (ex: alucinose alcoólica)
9. Juízo: - Capacidade de criticar / ajuizar / avaliar satisfatoriamente a realidade vivida; Gradações: - ideias sobrevaloradas (ex: fundamentalismo religioso, apaixonamentos) → ideias deliróides (ex: ideias de grandeza em mania). - delírio: alteração patológica do juízo: pensamento errôneo, fato improvável caracterizado por uma certeza subjetiva, irrefutabilidade pela lógica e impossibilidade de se compartilhado; tipos: ciúme, persecutórios, ruína, grandeza, místico etc... (ex: esquizofrenia e delírios persistentes).
10. Vontade / Conação: Etapas: 1º: representações volitivas = intenção (vontade / desejo / interesse): Alterações quantitativas: hipobulia (ex: depressão), hiperbulia (ex: mania); Qualitativas: piromania, parafilias (ex: pedofilia). 2º: tomada de decisão (envolve juízos, deliberação); ex: alteração: hesitação enfrentada em estados depressivos e obsessivos; 3º: pragmatismo: capacidade de praticar ou interromper ações (ex: cessar um vício); capacidade de manter atividades gerais da vida prática (ex: banhar-se, estudar).
11. Psicomotricidade: lentificação (ex: Parkinson, depressão), inquietude (ex: ansiedade), agitação (ex: mania), movimentos repetitivos e estereotipados (ex: tiques, ecopraxia), flexibilidade cerúlea (ex: catatonia), distonias, acatisia e discinesia tardia (ocasionada pelo uso de neurolépticos).12. Inteligência: Função psíquica complexa que determina resolução de problemas e adaptação do indivíduo. Avaliar histórico escolar, profissão; considerar nível cultural e regionalismos. Medida quantitativa (QI); cálculo, resolução de equações, capacidade de abstração (ex: compreensão de ditados populares).
13. Personalidade: função psíquica complexa que determina o ajustamento do individuo e seu padrão de resposta às condições impostas. “Organização dinâmica dos sistemas psicofísicos do individuo que determinam seu ajustamento (único) ao (seu próprio ambiente).” (Gordon Allport). 
Determinada por 4 componentes: 1. Temperamento (componente afetivo): predominantemente herdado (“ele é explosivo como o pai”); 2. Caráter (componente conativo): predominantemente adquirido (“ele ficou egoísta depois que saiu do orfanato”); 3. Componente Intelectivo (Inteligência); 4. Componente somático / biológico (estatura, genética).
Avaliação do padrão “gatilho-resposta”, diversas entrevistas, convocação de familiares.
Sensonpercepção e suas alterações
O destaque de um módulo para explicar a função psíquica sensopercepção, se justifica, pela importância clínica da presença das alterações da referida função. Do ponto de vista descritivo as síndromes psicóticas caracterizam-se por sintomas típicos como alucinações, delírios, pensamento desorganizado e comportamento claramente bizarro.
As alucinações são alterações da sensopercepção e estão presentes em inúmeros quadros psicóticos.
A percepção compreende a elaboração dos dados do sentido que dá um significado para o objeto. A percepção é o resultado de uma série de funções parciais, que permitem a identificação adequada de tudo que nos rodeia e do próprio corpo. A percepção pode apresentar alterações quantitativas ou qualitativas.
· As alterações quantitativas são alterações da intensidade das sensações; existem diversos graus de alteração: hipoestesia, anestesia ou hiperestesia.
· As alterações qualitativas da percepção são as ilusões, as alucinações a e as alterações do esquema corporal.
As ilusões são percepções deformadas. Se formam com os traços que a fantasia atribui a um objeto real. É um fenômeno muito frequente e todas as pessoas tem diariamente alguma ilusão. Se tornam patológicas pelo aumento de sua frequencia e intensidade. Existem três tipos básicos de ilusões:as que ocorrem por falta de atenção, por tensão afetiva e as autoprovocadas.
A alucinação é a percepção sem objeto. Assim como a ilusão "deforma" um objeto existente (ou um estímulo sensorial real), a alucinação "inventa" um objeto que não exixste.
A ilusão precisa de um estímulo sensorial real para desencadear-se; a alucinação surge no vazio. No silêncio mais absoluto, o alucinado ouve vozes, e sobre uma parede branca e inclusive com os olhos fechados ve imagens com aparência de realidade.
Para sua descrição, as alucinações são classificadas pelos sistemas sensoriais afetados. Auditivas, gustativas, visuais, táteis e olfativas..
As alucinações tem algumas características gerais que é conveniente saber captar em cada uma delas. Complexidade, estabilidade e intensidade, corporiedade,convicção de realidade, localização no campo sensorial.
Complexidade: em todo paciente com alucinação devemos observar se estás são simples ou complexas. Simples são as constituídas pelas sensações elementares (ruídos indefinidos, zumbidos, uma cor apenas). As alucinações complexas são formadas por muitos elementos (ouvir uma sinfonia, ver uma cena).
Estabilidade: se mede pelo grau de permanência da alucinação, que pode ser momentânea e desaparecer, ou variar continuamente de conteúdo. Exemplo: Um paciente com alucinação visual que vê um cachorro. Pode acontecer as 3 situações seguintes:
1- Vê o cachorro constantemente, no claro ou no escuro, com os olhos abertos ou fechados.
2- O cachorro aparece só em algumas ocasiões.
3- O cachorro é distinto em ocasiões diferentes e essa alucinação se mescla com outras.
As alucinações fixas se denominam estáveis e as que mudam são as variáveis.
Intensidade: as alucinações podem aparecer como muito intensas (ruídos ou vozes fortes,visões claras) ou quase imperceptíveis (murmúrios,sombras). Quanto mais intensa é a alucinação mais claro é o seu significado patológico.
Corporiedade: é o grau máximo de realismo da alucinação. Os objetos percebidos tem corpo, volume, dão ao paciente uma sensação absoluta de realidade e este é incapaz de distinguir entre as percepções reais e as alucinatórias. Ex: entre as vozes que ouve o paciente não sabe distinguir quais são emitidas por pessoas reais e quais são frutos da alucinação.
Convicção da realidade: independente da intensidade e da corporiedade da alucinação, o paciente pode estar consciente do caráter alucinatório do percebido. Ouve as vozes ou vê as imagens com sensação total de realidade, porém sabe que são alucinações e expressa isso. Essa situação é frequente nas intoxicações por alucinógenos e se assemelham com o que, as vezes, acontece nos sonhos, quando sabemos que estamos sonhando.
Localização no campo sensorial. As sensações normais não podem se produzir fora de seu próprio campo sensorial. Não podemos ouvir com os joelhos, nem ver as costas sem virar a cabeça. Isso é possível nas alucinações. Exemplo: Um paciente vê o demônio nas suas costas. Outro vê seu pai no quarto ao lado através da parede.
Classificação das alucinações por sistemas sensoriais:
· Alucinações auditivas: são as mais frequentes. A mais significativa em psicopatologia é a alucinação audioverbal. O paciente escuta vozes sem nenhum estímulo real. São vozes que geralmente o ameaçam ou insultam. Geralmente o conteúdo da alucinação audioverbal é depreciativo e/ou de perseguição. As vezes as vozes ordenam que o paciente faça isso ou aquilo são as chamadas vozes de comando, podendo inclusive, mandar que ele se mate.
· Alucinações visuais: são visões nítidas que o paciente experimenta, sem a presença de estímulos visuais.
· Alucinações olfativas e gustativas: Sã mais raras. O paciente sente o cheiro de coisa podre, de cadáver, de fezes. O paciente sente na boca o sabor de ácido, de sangue, de urina, etc.
· Alucinações táteis: o paciente sente espetadas, insetos ou pequenos animais, correndo sobre a pele.
· Alucinações da imagem corporal: o paciente tem um conceito falso sobre seu tamanho. Exemplo: sou pequeno como uma barata e posso entrar embaixo do armário. Minha cabeça diminuiu de tamanho. O paciente tem um conceito falso sobre o material que seu corpo é composto. Exemplo: sou de cristal, minhas pernas são de pedra.
O pensamento e suas alterações.
As diferentes dimensões do processo de pensar são delimitadas como curso, forma e conteúdo.
Em diversas formas de adoecimento psíquico temos as alterações do pensamento como um sintoma essencial do sofrimento psíquico. 
Tipos alterados de pensamento:
· Pensamento mágico.
· Pensamento concreto.
· Pensamento prolixo.
· Pensamento deficitário (ou oligofrênico).
· Pensamento inibido.
· Pensamento confusional.
· Pensamento desagregado
· Pensamento obsessivo.
Em relação ao curso o pensamento nas diversas formas de adoecimento psíquico podemos observar:
· Acelaração. 
· Lentificação. 
· Bloqueio. 
· Roubo do pensamento
Em relação a forma podemos observar:
· Fuga de ideias. 
· Dissociação do pensamento. 
· Afrouxamento das associações. 
· Descarrilhamento do pensamento. 
· Desagregação do pensamento.
Em relação ao conteúdo:
· Pensamentos persecutórios. 
· Depreciativos. 
· Religiosos. 
· Sexuais. 
· De poder, de riqueza, prestígio ou grandeza, de ruína ou culpa. 
· Conteúdos hipocondríacos.
O juízo da realidade e suas alterações devem ser diferenciados do erro simples, das crenças, convicções e supertições culturais. As alterações patológicas do juízo da realidade:
· Ideias prevalentes ou sobrevaloradas por superestimação afetiva.
· O delírio. As ideias delirantes são definidos como um erro do ajuizar que tem origem na doença mental.
O paciente com ideias delirantes apresenta uma convicção extraordinária, é impossível mudar o delíriopela experiência objetiva, é um juízo falso, é irrremovível, seu conteúdo é impossível. É uma produção associal.
As síndromes psicóticas são caracterizadas do ponto de vista da psiquiatria clínica pela presença de delírios, alucinações e comportamento desorganizado.A compreensão do que é um delírio é de fundamental importância na clínica da psiose.

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