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Teoria Geral do Direito

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Teoria Geral do Direito
Teoria Pura do Direito – Hans Kelsen 
O Direito é tratado como um fenômeno social, ou seja, deixa-se de lado a perspectiva do Direito como algo natural, proveniente da natureza, ideia predominantemente jusnaturalista, mas sim como um mecanismo construído em sociedade pelos homens. Estuda-se, portanto, uma teoria acerca do Direito Positivo. O positivismo jurídico, o entendimento segundo o qual todo Direito é Direito positivo, Direito Posto, é a forma dominante de se pensar o Direito desde o Séc. XIX. 
Direito como Norma 
O pressuposto necessário para compreender essas relações é entender o Direito como um conjunto de normas positivadas. Temos que concordar com isso? Não necessariamente, existem inúmeras correntes que divergem dessa concepção. 
Ordem Normativa de Conduta
Essa é a expressão literal que Kelsen utilizar. O que seria isso? É algo que impõe condutas por meio de normas jurídicas. Do ponto de vista do Kelsen isso significa também que essas normas jurídicas impõem as condutas por meio das sanções. 
Ser x Dever-ser
O Direito se estabelece como um conjunto de comandos, ordens, imperativos, ele impõe uma conduta. 
Fato/ato x “Significação Jurídica” 
Os fatos se enquadram no hall do “ser” enquanto que o Direito engloba a gama do “Dever-ser”. O Direito não pode ser percebido pelos sentidos do corpo, portanto, não deve ser enquadrado no hall dos fatos/atos. Ele não propõe que o Ser e o Dever-ser não são exclusivamente diferentes, mas completamente opostas. Não se deduz do Dever-ser do Ser, o oposto também é correto. 
Kelsen faz isso para situar o Direito, exclusivamente, no Dever-Ser. É a partir desse momento que ele começa a tratar da pureza de uma Teoria do Direito. A percepção da norma é feita a partir da inteligência, da compreensão. 
No Direito, esse dever-se, tem objetividade e sanção. Por objetividade deve-se compreender uma universalidade, uniforme para toda uma sociedade. Além disso, ele está amparado por uma sanção. Segundo Kelsen, a sanção é uma parte necessária do Direito. 
Nenhum fato pode ser considerado Direito por si mesmo. Nenhum fato por si só tem Significação Direito. O que dá a Significação Jurídica é a norma, a normatividade, o Dever-Ser. 
Norma como “Esquema de Interpretação” 
A norma permite interpretar um fato e entender qual é o significado jurídico dele. 
Ato de vontade – Sentido Objetivo/Sentido Subjetivo 
A norma, segundo Kelsen, deriva, depende de um ato de vontade, ou seja, uma vontade humana que a produza, emita esse comando. Uma norma superior estabelece que um determinado ato de vontade é competente para criar norma. 
Esse ato de vontade aparece como uma ordem, um imperativo. Todo e qualquer comando constitui uma norma? Não! Toda emissão de comando tem um sentido. O ato precisa ter objetividade, não subjetividade. Com a objetividade a norma perdura. 
Direito como Ordem Social 
Kelsen defende o Direito como uma ordem social, um fenômeno social, como algo construído em sociedade. Essa ordem social se caracteriza pela normatividade e pela coatividade. 
- Normatidade e coatividade 
Essa ordem está constituída por normas, amparadas diretamente por algum tipo de coação. Um conjunto de normas que regula a conduta dos homens, um em face dos outros. 
Como o direito assegura essa ordem normativa? Atribuindo a conduta contrária, aquela que não é desejada, uma sanção, algum tipo de desvantagem. Há a imputação de uma sanção, mesmo contra a vontade de quem a recebe. 
- Sanção transcendente e imanente 
Ele separa as sanções em dois tipos: 
1 – Sanção transcendente: sanções supra-humanas, que vão além da ordem social. 
2 – Sanção imanente: as sanções presentes na ordem jurídica sempre serão sanções imanentes, elas ocorrem no plano social. São institucionalizadas. As sanções imanentes nem sempre são institucionalizadas, pois elas podem ter caráter essencialmente difuso, moral, social. 
- “Comunidade Jurídica” 
A sanção institucionalizada, imanente, é monopolizada pelo o que ele denomina comunidade jurídica. Ela corresponde, em nossa sociedade, pelo Estado, o órgão que detém o monopólio da aplicação da sanção. 
Por que Comunidade Jurídica? Porque Kelsen propõe uma teoria do direito universal, não apenas na contemporaneidade. Essa forma de pensar pressupõe que sempre houve Direito. 
- Mínimo de Liberdade 
É possível ter uma norma social, coativa, normativa, que regule a totalidade das condutas humanas? Não, isso é impossível, inviável. Não há uma norma normativa que regule absolutamente todas as condutas. A Ordem Jurídica, apesar de regular muitas condutas, seleciona aquelas que considera mais importantes. 
A ordem jurídica pressupõe um mínimo de liberdade, que nós, a sociedade, tenhamos um mínimo de liberdade, ou seja, o que obra daquilo que não foi regulado pelo Direito. Essa liberdade não é considerada natural, pois toda liberdade pode, em certo momento, ser suprimida. 
A liberdade tem um caráter negativo. O indivíduo é livre para fazer o que? Aquilo que o Direito não proíbe e aquilo que o Direito não obriga. Ela pode ser positiva, ou seja, quando a própria ordem jurídica estabelece competências para afirmar a liberdade em questão. 
A sanção define o ordenamento jurídico, define o Direito. Ela é essencial, não acidental. Só há Direito quando há sanção, mas isso não significa, evidentemente, que toda norma jurídica deve ter uma sanção. 
As normas que não possuem uma sanção são denominadas “Normas não autônomas”, e elas são dependentes daquelas normas que não tem sanção. 
Direito e Ciência 
Nem todos os autores concordam que exista uma ciência do Direito. Kelsen, no entanto, concorda que o estudo do Direito é científico, constitui uma ciência. Seu objetivo é demonstrar quais são suas características. 
- Ciência X Objeto da Ciência 
É necessário compreender, distinguir, a ciência do Direito, responsável por estudar O Direito, e o Direito em si, estudado por ela, o objeto da ciência. O objeto da ciência são as normas jurídicas. A conduta humana não é objeto dessa ciência, apenas quando as normas jurídicas contemplam essas condutas. 
No entanto, o estudo científico das normas jurídicas é diferente das próprias normas jurídicas. 
- Ciência do Direito descreve o Direito
A ciência do Direito descreve determinado objeto, descreve o “dever ser” jurídico. 
- Descrição “neutra” 
Segundo Kelsen, essa descrição deve ser neutra. Quando o cientista do direito descreve a norma jurídica, deve realizar essa ação de maneira neutra, não importando, portanto, seu próprio juízo de valor. 
- Identidade de linguagem: “dever ser”
Essa descrição é feita por meio da linguagem. Usa-se a linguagem para descrever outra linguagem, outras palavras. A linguagem da ciência que nós usamos para descrever a linguagem da norma são iguais. 
- Sentido prescritivo x descritivo 
Embora a linguagem seja a mesma, a ciência do Direito e o próprio Direito são facilmente distinguidos, principalmente a partir do sentido. Qual a diferença de sentido?
1 – Prescritivo: quando a própria norma prescreve uma conduta, prescreve uma sanção. A prescrição é um comando, um imperativo. 
2 – Descritivo: quando, por outro lado, a ciência do direito está abordando a norma, essa mesma estrutura de linguagem tem sentido descritivo, não mais prescritivo. 
- Norma jurídica 
O deve ser precisa ser diferenciado entre o dever ser da norma jurídica e o deve ser descrito pela ciência jurídica. O dever ser do Direito: norma jurídica ou prescrição jurídica. “Se a, deve-se B”. Sentido prescritivo. 
Nós podemos dividir as normas jurídicas entre: 1. Válidas; 2. Inválidas. 
Uma descrição é dirigida ao entendimento, enquanto que a norma jurídica, de natureza prescritiva, dirige-se a nossa vontade, esperando a harmonia com nossa obediência. 
Proposição jurídica: o dever ser descrito da ciência do Direito. “De acordo com as condições estabelecidas pelo ordenamento jurídico, para X deve-se aplicar Y”. A única maneira de distinguir um de outro é por meio do sentido, o sentido que esta linguagem tem. Sentido descritivo. 
Kelsen propõeuma separação que contrapõe as ciências causais e as ciências normativas. 
- Ciências causais 
As ciências causais são todas as ciências naturais e uma pequena parte das ciências sociais/humanas. O que define as causais? Elas são, como todas as ciências, descritivas, ou seja, descrevem os fenômenos naturais ou sociais. Essa descrição é baseada na lógica da causalidade. A estrutura da causalidade é: Se A, é/será B. 
Ciências normativas: são todas as ciências que lidam com normas. Elas não são naturais, mas essencialmente sociais. Todas elas? Evidentemente que não. Segundo Kelsen, apenas duas: 1. Ciência do Direito (Pode ser chamada de jurisprudência). São baseadas no princípio da imputação; 2. Ciência da moral (Pode ser chamada de ética). 
- Causalidade x imputação 
A causalidade é a ligação entre a causa e um efeito. Essa ligação é de necessidade ou de, pelo menos, alta probabilidade, não há nenhuma participação da nossa vontade. Ao menos nas ciências naturais, a cadeia que liga causa e efeito é, ao menos, virtualmente infinita. Trata do mundo do ser. 
Imputar é sinônimo de atribuir. A norma, portanto, imputa uma consequência B à uma hipótese. A imputação liga um antecedente e um consequente. A relação é a do Dever Ser. A vontade na imputação é um pressuposto fundamental. A consequência de antecedentes e precedentes não pode ser infinita. 
- Teoria jurídica estática 
É a parte da ciência do Direito que irá descrever/estudar aquilo que o Kelsen chama de momento estático da ordem jurídica. A teoria jurídica estática é aquela que estuda as normas jurídicas válidas em um determinado momento histórico, em um certo ordenamento jurídico. 
Teoria jurídica dinâmica: analisa-se o ordenamento jurídico em movimento. Estuda-se a produção e a aplicação de normas jurídicas. 
As suas são partes da ciência do Direito, ou seja, analisam a mesma coisa, o conjunto de normas jurídicas. Sua diferenciação está no modo em que olharemos para o sistema jurídico em cada uma delas. 
Direito X Ciência do Direito 
“Pureza” metodológica 
Kelsen propõe uma metodologia, apresentada como pura. Qual o significado dessa pureza? Ela está relacionada com o recorte metodológico proposto pela ciência do direito. Seu objeto é, exclusivamente, norma jurídica, ou seja, nada além daquilo que esteja situado no campo do “dever ser”. 
Essa proposta faz com que nós possamos classificar essa teoria como: 1. Formalista, ou seja, preocupada com as normas, não com o conteúdo das normas; 2. Lógica. Ele isola, separa as normas da realidade social na qual elas estão inseridas, não há o interesse nos efeitos que as normas produzem dentro de determinada sociedade. 
Círculo de Viena – grupo de teórico e cientistas do qual Kelsen fez parte. A corrente que eles seguiam é chamada de positivismo lógico, exatamente a posição que Kelsen introduz no campo do Direito. 
Edição 1934 da Teoria Pura do Direito: Kelsen em total conformidade com a proposta do Círculo de Viena. Ela é a estudada atualmente. 
Edição 1960 da Teoria Pura do Direito: Kelsen abranda um pouco o formalismo da primeira edição. 
Críticas a Kelsen 
O “ser” e o “dever ser” são separados, mas o Kelsen exagere isso, pois ele separa, opõe completamente esses dois institutos. O recorte kelseniano, responsável por considerar a norma como essência da Ciência do Direito, está completamente equivocado. 
Não se deve negar a Kelsen o mérito de separar o “ser” e o “dever ser” de modo absoluto. Qual foi o preço pago? Deixar de fora toda a realidade. A finalidade da norma é excluída da análise da Ciência Jurídica. 
Estática Jurídica: Ilícito e sanção (Capítulo 4)
A estática jurídica analisa o conjunto de normas que compõem o Direito de modo estático, parado. Essa análise sem considerar o movimento de produção e aplicação das normas tem como objeto principal: as categorias, os conceitos que nos permitem entender qual a estrutura, qual o conteúdo das normas. 
Sanção Jurídica e sanção moral 
Primeiro conceito apresentado: sanção. É um dos conceitos mais relevantes para a Teoria Pura do Direito, pois ela trata a sanção como algo necessário dentro do ordenamento jurídico. A sanção, dentro deste capítulo, é o conceito que nos permite acessar os demais conceitos. 
A ordem jurídica impõe condutas sob a ameaça de sanção, ou seja, imputa-se algum tipo de coação à conduta contrária. No entanto, essa não é uma característica exclusiva da ordem jurídica. Há, no mínimo, mais um conjunto de normas que impõem condutas imputando desvantagens à conduta contrária: a moral. 
A moral também é um conjunto de normas, também associado a algum tipo de desvantagem. A diferença entre moral e direito está no tipo de sanção. 
Uma outra posição, no entanto, é de que moral e direito se diferenciam no fato da moral ser interior e o direito exterior, ou seja, a moral direciona-se para sua conduta interna, enquanto que o direito está voltado para a exteriorização de conduta. No entanto, Kelsen não concorda com essa posição. 
Há uma terceira posição: moral e direito teriam uma parte em comum. Certas condutas são proibidas tanto pelo direito quanto pela moral. Kelsen também não concorda com isso, pois ele afirma que a ordem normativa moral e a ordem normativa jurídica estão completamente separadas. 
Atos de coação: não vinculados a ação ou omissão específica/Sanções – Direito Interno (Pena/Execução) – Direito Internacional (Represália/Guerra)
Atos de coação: são atos a serem executados mesmo contra a vontade do indivíduo. Caso haja resistência eles serão aplicados mediante o uso da força física. É um tipo de sanção. Eles podem ser de dois tipos: 
1 – Não vinculados a ação ou omissão específica: uma coação realizada sem a devida ação ou omissão do agente. A própria ordem jurídica estabelece a coação a um determinado pressuposto, mesmo que este não seja a conduta de alguém. Kelsen apenas cita esse exemplo para fins declaratórios. 
2 – Sanções: vinculados a ação ou omissão específica, ou seja, a conduta do agente. Pode ser dividida em subtipos, como por exemplo aquelas previstas no Código Penal. 
O Direito Interno de um Estado é aquele responsável por regular todas as ações jurídicas existentes no interior de um território, também conhecido como direito nacional. Ele é constituído por: 
1 – Pena: pode ter caráter patrimonial ou não. Importante notar que a pena não tem uma finalidade específica. 
2 – Execução: tem caráter patrimonial e traz consigo uma finalidade específica, normalmente relacionada com o ressarcimento, reconstituição de um direito lesado. 
Em qualquer um dos dois casos a sanção é tida como a realização compulsória de um mal. 
O Direito Internacional é aquele que regula as relações entre Estados Soberanos. As sanções existentes nesse campo podem ser de dois tipos: 
1 – Represália: atinge alguns interesses dos Estados. 
2 – Guerra: atinge todos os interesses dos Estados. A Guerra só pode ser considerada uma sanção quando é realizada em decorrência de um ilícito. 
A diferença entre os dois está em sua intensidade. 
Ilícito – pressuposto da sanção 
Uma conduta só pode ser considerada ilícita se a ela for imputada uma sanção. Nenhuma conduta por ser considerada por si só ilícita. A ilicitude está presente no campo do Dever Ser, nunca do Ser. As normas de competência não têm sanção, então o seu descumprimento não é considerado ato ilícito, mas ato inválido. 
Mala in se x mala prohibita 
Kelsen não define o ilícito como uma conduta mala in se, mas mala prohibita, ou seja, a ilicitude da conduta é definida a partir do entendimento exposto no próprio ordenamento jurídico, não na essência da conduta. Há um pensamento exclusivo por parte da norma jurídica. 
Não é “negação”, “violação”, “quebra” ou “contradição” do Direito
O ilícito jurídico não acaba, não se volta contra e não é contrário ao Direito. Esse é apenas um conceito tradicional que temos, completamente equivocado, segundo Kelsen. O ilícito, portanto, é apenas o pressuposto da norma, o direito em si não está sendo violado, mas harmonizado, se consideramos que a mesma norma queteria sido violada prevê exatamente a conduta realizada e uma sanção a ela. 
Dever Jurídico 
O que é o dever jurídico? A definição tradicional de dever jurídico diz que ele é a conduta a qual o agente é obrigado tendo em vista a norma. Segundo essa visão, o dever jurídico e norma não são a mesma coisa, apenas têm uma relação em si. 
Identidade entre dever jurídico e norma jurídica 
Kelsen, no entanto, não concorda com essa concepção. Segundo ele, dever jurídico é sinônimo de norma jurídica. Estar ligado a uma conduta não é diferente da própria norma jurídica. Com isso, ele foge de uma definição do dever jurídico baseado no ser e o muda para o campo do dever ser. 
“Relação essencial” entre dever jurídico e sanção 
O conceito de dever jurídico está na relação essencial com a sanção. O dever jurídico se identifica com a norma jurídica. O que é a norma jurídica? A imputação de uma sanção a um ilícito. Esta imputação de uma sanção é que constitui o dever jurídico. 
Desvinculação entre dever jurídico e dever moral 
A tentativa de moralizar o dever jurídico induz em erro, pois ela está fora da norma jurídica. A única forma de estabelecer um dever jurídico é uma norma jurídica. 
1 – Crítica da concepção moral de Kant (p. 131)
Moral absoluta x Relativa: Kelsen refuta a moral absoluta do Kant, mas aceita a existências de morais relativas. 
Dever e Sanção: Para Kant não há sanção no descumprimento de um dever moral. Enquanto que para Kelsen a norma moral também tem sanção, apesar de não institucionalizada. A norma jurídica, por outro lado, possui uma sanção institucionalizada. 
Primazia do Dever: O Direito impõe a primazia do dever, não dos direitos subjetivos. A atribuição de direitos subjetivos, para Kelsen, não é uma função do Direito, do ordenamento jurídico. Ele seria apenas um reflexo do dever, dever este que a ordem jurídica atribui ao indivíduo por meio da sanção. 
Dever jurídico 
1 – Geral: Aquele que se dirige a todos os indivíduos, a toda uma comunidade. É a mesma coisa que Norma Jurídica Geral (Norma Jurídica Abstrata – Não é a terminologia do Kelsen). 
2 – Individual: Aquele que se dirige a indivíduos determinados, não a todos. É a mesma coisa que a Norma Jurídica Individual (Norma Jurídica Concreta – Não é a terminologia do Kelsen). 
Dever jurídico X Conduta Devida 
(FALTA UMA AULA)
Responsabilidade 
É um conceito relacionado com o conceito de dever jurídico, mas não é a mesma coisa. A responsabilidade é diferente. Quem sofre a sanção não é necessariamente o agente do ilícito, ou seja, a sanção pode atingir uma outra pessoa. 
Indivíduo juridicamente obrigado 
O indivíduo juridicamente obrigado é aquele que por sua própria conduta, ou seja, aquilo que faz ou deixa de fazer pode, por sua omissão ou ação, pode evitar ou provocar a sanção. 
Indivíduo juridicamente responsável
O indivíduo juridicamente responsável é aquele que sofre a sanção, ou seja, aquele que responde pelo ilícito. 	Normalmente há uma coincidência entre o indivíduo juridicamente obrigado e o indivíduo juridicamente responsável. Ressaltar: normalmente. Há situações em que essa ligação não ocorre. 
Responsabilidade 
a) Individual: quando um indivíduo é responsabilizado (sofre sanção) por ilícito próprio, ou seja, por um ilícito que ele mesmo cometeu. Portanto, a sanção é dirigida contra quem praticou o ilícito. Há uma coincidência entre o OJB e o OJR. Todos os crimes dolosos/culposos presentes no Código Penal. 
b) Coletiva: quando alguém reponde pelo ilícito de outra pessoa, ou seja, quando a sanção é dirigida contra alguém que não praticou o ilícito ou naquelas situações em que a sanção ultrapassa o agente do ilícito. É uma exceção. 
Penal – o pai assume um delito seu (dever de cuidado)
Civil – o pai realmente responde pela responsabilidade coletiva
Responsabilidade 
a) Por Culpa: pode-se falar em responsabilizado com culpa quando, para a sanção ser atribuída, o resultado da conduta correspondente ao ilícito tem que ser: 1. Intencional; 2. Previsto. “Deve existir uma relação positiva entre a vontade do agente e o resultado da ação”. É o mais comum. 
b) Pelo Resultado: pode-se falar em responsabilidade pelo resultado quando não se exige uma relação positiva entre a vontade do agente e o resultado da ação. A simples produção do resultado acarreta ilícito.
Estática Jurídica – Direito objetivo e Direito subjetivo 
Concepção tradicional – Norma Jurídica: 1. Dever jurídico; 2. Direito 
Segundo a teoria tradicional pensa da seguinte forma: de uma norma jurídica surgem um Dever e um Direito. A norma jurídica, portanto, impõe um dever e ao mesmo tempo um direito. Eles são entendidos como autônomos em sua relação com a norma. A teoria tradicional chama o Direito de Direito subjetivo, com o objetivo de diferenciá-lo da própria norma, chamada de Direito objetivo. 
Kelsen 
a) Direito subjetivo trata de situações diversas: Segundo Kelsen, não há diferença entre Dever Jurídico e Norma Jurídica. Assim como não pode existir um direito subjetivo autônomo, como algo separado, que existe independentemente da norma. Ele faz uma subdivisão em, pelo menos, três partes: 
b) Direito subjetivo: 1. Reflexo; 2. Poder jurídico (no sentido técnico; direitos políticos); 3. Permissão positiva: Em qualquer uma dessas hipóteses o direito subjetivo não tem autonomia em relação com o direito objetivo. 
c) Em nenhum dos casos tem autonomia quanto ao direito objetivo: Em última medida, em que lugar esse raciocínio pode nos levar? Na existência exclusiva de um direito objetivo, ou seja, da norma jurídica. 
Direito subjetivo como reflexo 
a) Princípio dever jurídico, visto por outro ângulo: Só existe uma coisa que interessa para o direito e é juridicamente relevante, assim, o dever jurídico, a norma jurídica. O direito subjetivo não é relevante. 
b) Apenas um sujeito: titular da obrigação: A norma jurídica impõe a um indivíduo, a um único sujeito, uma certa conduta, uma certa obrigação. A norma jurídica, portanto, atribui a este indivíduo uma conduta devida. O que ela atribuiu a outra parte? Rigorosamente nada. Esse “direito subjetivo” é apenas a obrigação de outrem visualizada de uma outro ponto de vista, um reflexo. 
c) Conceito auxiliar e supérfluo: O direito subjetivo como reflexo é um conceito auxiliar. Ele nos ajuda, nos auxilia, a entender o que se passa na relação entre dois indivíduos. No entanto, nós poderíamos descrever esta mesma relação sem mencionar a possível existência de um direito subjetivo. É dispensável. A concepção de direito subjetivo advém, segundo Kelsen, de ideias puramente jusnaturalistas. 
O direito subjetivo mais importante de todos é o direito à propriedade. Com isso, ele propõe, indiretamente, uma relação de existência entre Direito e Capitalismo. 
d) Direitos reais e direitos pessoais: Segundo Kelsen, as concepções tradicionais acerca dos direitos reais e direitos pessoais estariam equivocadas. A rigor, só existiriam direitos pessoais, uns mediados por coisas e outros não. Eles podem ser enquadrados nos direitos subjetivos reflexos. 
e) Direito subjetivo reflexo: 1. Relativo; 2. Absoluto:
1. Relativo: aquelas relações que só valem para as partes do contrato, a um número determinado de pessoas, aos signatários de um contrato, por exemplo. 
2. Absoluto: as relações de propriedade, pois é capaz de refletir o direito subjetivo de todos para com o proprietário. 
f) Direito subjetivo como “interesse juridicamente protegido”: outra definição muito usual sobre o direito subjetivo. Segundo esse entendimento, que não é do Kelsen, o direito subjetivo é sobretudo um interesse. Ele só será protegido quando resguardado por uma norma jurídica. Kelsen não concorda, pois um interesse está no plano do SER, na realidade social. Não podemos, portanto, definir uma categoria jurídica partindo do pressuposto do ser, mas sim do DEVER SER. O interessante para a teoria pura do direito é a norma que protege esse interesse. 
Direito subjetivo 
a) Reflexo: (Visto anteriormente)
b) Poder jurídico: é uma situação diferente daquela descrita como reflexo pelo Kelsen.Não há uma obrigação que se reflete. O direito subjetivo, no caso, não é um reflexo, o outro lado de uma obrigação. Existe uma norma jurídica que atribui a alguém um poder jurídico, ou seja, a competência para participar do processo de produção de uma outra norma jurídica. A norma atribui “um direito” a uma pessoa. O que seria esse direito? O poder. Uma competência para a participação do processo de criação de uma outra norma. Ele se subdivide em dois tipos
1. No sentido técnico: é o direito de postular uma ação judicial perante o judiciário. É o poder jurídico de fazer valer a obrigação refletida na forma de um direito subjetivo reflexo. Qual o seu conteúdo? Participar do processo de criação de uma norma jurídica. No que a ação resulta? Em uma sentença, nesse caso compreendida como uma norma jurídica. O poder jurídico em sentido técnico também não atribui nenhuma espécie de independência entre o direito subjetivo e o direito objetivo. Também está relacionada com a propriedade privada, pois se harmoniza com os interesses privados e o capitalismo. Portanto, nas ordens jurídicas correspondentes ao sistema capitalista, o indivíduo tem prevalência no ajuizamento de ação. No entanto, esta função também pode ser do próprio Estado. 
2. Direitos políticos: 
c) Permissão positiva: 
TUDO ACIMA. 
Direito subjetivo como poder jurídico 
a) Não há obrigação refletivo:
b) Atribuição de competência pela Norma Jurídica:
Direito subjetivo no sentido técnico 
a) Direito de postular ação judicial: 
b) Relacionado a direito reflexo:
c) Participação na produção de Norma Jurídica individual:
Direitos políticos
a) Direito de voto: votar é o poder atribuído a um indivíduo, também neste caso, para participar do processo de criação de norma jurídica. Quais as diferenças? No direito subjetivo no sentido técnico nós temos a atribuição de um direito subjetivo relacionada a um direito reflexo, cujo exercício está relacionado a uma norma jurídica individual. 
b) Participação na produção de Norma Jurídica geral: esse poder jurídico não está relacionado a nenhum direito subjetivo reflexo, assim como não produz uma norma jurídica individual, mas uma norma jurídica geral. 
Kelsen discorda da inclusão dos Direitos Fundamentais no hall dos Direitos Políticos. Segundo Kelsen, eles não são direitos políticos, não são direitos subjetivos, eles não são direitos subjetivos em nenhum daqueles três sentidos. Eles se apresentam como proibições de lesar a igualdade ou liberdade garantida, ou seja, proibições de anular ou limitar, mas estas, no essencial, consistem apenas na possibilidade do órgão anular determinada lei com base em sua inconstitucionalidade. 
Direito subjetivo como permissão positiva da autoridade 
a) Permissão para exercício de atividade controlada pelo Estado: esse direito subjetivo é uma permissão dada por uma autoridade. Ela deve ser solicitada e aceita para atividades que são controladas pelo Estado. 
b) Atribuição normativa: o Estado dá a autorização com a produção de uma norma. Portanto, não há nenhuma autonomia com o direito objetivo. 
Estática jurídica: capacidade e competência 
Teoria tradicional: 
Capacidade: diz respeito a aptidão para ter ou exercer direitos. Ele é, portanto, habilitado a ser titular de direitos ou a fazer uso ele mesmo desses direitos. 
1. De Direito: capacidade de direito ou de gozo. É a aptidão para ter direitos, para ser titular de direitos. Na sociedade contemporânea todo indivíduo tem capacidade de direito. Está relacionada com a universalidade do sujeito de direito. 
2. De Exercício: capacidade de exercício ou de fato. É a aptidão para exercer direitos, para exercer por conta própria. O representante legal é aquele que tem capacidade de exercício e exerce esses direitos em nome de alguém que só tem capacidade de direito. 
3. Delitual: é aptidão para, por sua própria conduta, cometer um ilícito e essa conduta ser devidamente sancionada. 
Competência: é a aptidão para o exercício de poder geralmente relacionado com uma função pública, estatal. 
Capacidade 
São conceitos que só podem ser visualizados a partir de uma visão normativa. Capacidade seria: 
1. Autorização ou atribuição de poder jurídico pelo ordenamento jurídico: autorização por meio de normas jurídicas para produzir as consequências previstas normativamente para uma determinada conduta. 
2. Não significa aprovação da conduta: esta autorização não significa, em nenhuma hipótese, que esta mesma conduta humana dita como autorizada é aprovada, ou seja, autorização não é sinônimo de aprovação, no sentido moral. Autorização é a previsão normativa como pressuposto ou como consequência. 
3. Capacidade delitual, processual, negocial: a consequência jurídica da conduta autorizada é a sanção na capacidade delitual. Na capacidade processual, a conduta a qual o indivíduo é autorizado é a capacidade postulatória, ou seja, de postular uma ação no judiciário. A capacidade negocial é a capacidade de realizar negócios jurídico, contratos. Esse é o principal aspecto da capacidade de exercício. Existe uma relação entre o poder jurídico de produzir contratos (negocial) e o poder jurídico de postular ações (processual). 
4. Capacidade de exercício: a consequência jurídica da condutada autorizada não é uma sanção, mas uma outra consequência. A conduta autorizada tem como consequência jurídica a produção normativa, ou seja, a produção de normas jurídicas. É a atribuição de um poder jurídico. 
Competência
1. Não se distingue da capacidade pela oposição privado/público: a capacidade é atribuída a uma pessoa privada, um indivíduo da sociedade civil, que po de produzir um contrato, que pode postular uma ação. A competência é atribuída a uma pessoa pública. 
2. Poder jurídico: as duas coisas têm a mesma espécie, ou seja, têm poder jurídico. A terminologia tradicional encobre o parentesco, encobre o fato delas serem a mesma coisa, ou seja, de serem poder jurídico, de serem a produção de normas jurídicas. 
Capacidade de direito/representação
1. Não há “aptidão para ter direitos/obrigações” independente da obrigação de exercê-los: 
2. “Representante” exerce direitos/obrigações próprios – com o dever de fazê-lo em benefício do incapaz: ele exerce um direito próprio. E nesse exercício ele tem o dever de beneficiar o incapaz em questão. 
Relação Jurídica 
Na teoria tradicional: 
01. Relação entre indivíduos/sujeitos de direito: uma relação entre indivíduos, pessoa, sujeitos de direitos, portadores de direitos e deveres. 
02. Relação entre dever jurídico e direito subjetivo: uma relação entre um dever e um direito, ambos entendidos aqui no seu sentido tradicional, ou seja, entre o dever de um indivíduo para com o direito do outro. 
03. Relação social revestida pela norma jurídica: antes de tudo é uma relação social, que está revestida por uma norma jurídica, por uma forma jurídica. Talvez seja o conceito mais usual de relação jurídica. 
Kelsen:	
Discorda de 01 pois: se como relações de sujeitos de direito nós queremos dizer que a relação entre o indivíduo juridicamente obrigado e o indivíduo perante o qual a obrigação deve ser cumprida, esse conceito é estreito demais, ou seja, não engloba muita coisa. Também existiria uma relação entre o indivíduo competente para produzir as normas jurídicas e o indivíduo cuja conduta é atingida por essas normas jurídicas. Há também a relação entre o indivíduo que executa o ato de sanção e aquele contra o qual é exercida a sanção. 
Questão fundamental: se partimos do ponto jurídico que a norma é o alicerce fundamental do direito, nós podemos dizer que a relação jurídica é uma relação entre indivíduos, pessoas? Em que parte da norma jurídica nós encontramos “indivíduos”? Os indivíduos estão no plano do SER, enquanto que as normas se encontram no plano do DEVER SER. No esquema do Kelsen essa concepção é falha, não cabe. A norma não faz referência direta ao indivíduo, mas ela sempre faz referência à conduta (uma como pressuposto e outra como sanção). Essas condutas aparecem como conteúdo das normas jurídicas,como pressupostos ou consequências. 
Como ele define relação jurídica? 
01. Relação entre normas jurídicas ou entre fatos que constituem conteúdo de normas jurídicas: uma relação entre normas, não indivíduos, ou entre fatos que constituem o conteúdo de normas. Majoritariamente os fatos que constituem as normas são condutas, mas não exclusivamente. O indivíduo não é levado em consideração em sim mesmo, ele não importa. O que importa é que uma norma prevê uma conduta em seu conteúdo. 
Essa forma de pensar pode nos levar ao que ele denomina “metáfora espacial” (normas jurídicas acima e a conduta humana abaixo, todas presentes no mesmo espaço). A mesma metáfora pode nos levar a seguinte pergunta: a relação jurídica seria uma relação entre a norma que regula e a conduta humana, regulada? A resposta é não. Nós não podemos que existe uma relação entre norma e conduta, pois a conduta é apenas o conteúdo da norma. A norma e a conduta são uma unidade incindível. Uma relação só é possível entre duas coisas separadas, dois elementos diferentes. 
O que isso significa em última medida? Que a relação jurídica é uma relação entre normas. 
Discorda de 02, pois: podemos ter uma relação entre a conduta devida e o direito reflexo? Não, pois ambas as coisas são a mesma coisa. O que Kelsen diz? Temos apenas uma relação juridicamente relevante: a norma constituindo uma relação, ligando à uma conduta contrária uma ligação. Dizer que existe uma relação entre dever e direito seria a mesma coisa de dizer que uma coisa tem uma relação com essa mesma coisa. 
Direito subjetivo como poder jurídico: gera uma relação. Em que situações? Direito de postular ação (sentido técnico). Qual a relação que se estabelece entre a conduta prevista pela norma (postular uma ação) e a conduta devida de um outro indivíduo que não foi cumprida? 
Competência por uma autoridade qualquer: qual relação pode se estabelecer nesse caso? Entre a conduta do agente do Estado e a nossa conduta? São duas condutas diferentes, previstas em duas normas diferentes. Pode existir relação. 
Discorda de 03, pois: em primeiro lugar, uma relação social. Em algum momento, depois que a relação social já existe, incide sobre ela uma norma, regulando alguns – ou vários - aspectos dessa relação. A incidência da norma juridificada, ela é transformada em uma relação jurídica. Se nós admitirmos que a relação jurídica é antes de tudo social, estamos admitindo a precedência do SER em relação ao DEVER SER. 
02. Relação constituída por normas jurídicas: podemos falar apenas de uma relação jurídica constituída por normas. 
Exemplo (Kelsen): o matrimônio não seria apenas a relação sexual/econômica que depois ganharia um aspecto jurídico. Para ele, sem as normas jurídicas não existe casamento. O casamento, como relação jurídica, é um instituto jurídico, ou seja, um complexo de deveres jurídicos e direitos, que significa um complexo de normas jurídicas. As relações tomadas são entre normas jurídicas ou fatos determinados pelas normas jurídicas. 
Precedência lógica: 01. Norma Jurídica 02. Relação Jurídica 
Pashukanis: 01. Relação jurídica 02. Norma Jurídica 
Sujeito de dever, sujeito de direito – sujeito jurídico 
Na teoria tradicional, o entendimento mais comum acerca de sujeito de direito é aquele portador de direitos e deveres. Com muita frequência esse conceito é relacionado com alguma ou algumas qualidades intrínsecas aos homens: principalmente à vontade, à liberdade, à razão. Alguns desses atributos, entendidos como naturais, em tese seriam capazes de explicar nossa condição de sujeitos de direito. Conceitos relacionados com o direito subjetivo. 
Sujeito de direito seria sinônimo de pessoa. Temos duas distinções clássicas na teoria tradicional:
Separa pessoa de coisa. Pessoas são sujeitos de direito. As coisas são objetos de direito, a coisa não pode ter direito para si. Só quem promove a universalização do sujeito de direito é a sociedade contemporânea, ou seja, a sociedade capitalista. 
Separa pessoa física de pessoa jurídica. A pessoa física seria a pessoa natural, todo indivíduo humano, naturalmente uma pessoa, enquanto a pessoa jurídica seria a pessoa artificial. 
Kelsen: 
O sujeito de dever, aquele ao qual recai uma conduta devida. A norma jurídica, ao invés de atribuir uma obrigação, pode atribuir um poder jurídico, aí teremos um sujeito de direito. Kelsen prefere o termo sujeito jurídico, visto que este termo abarca as duas coisas. Em qualquer uma dessas duas situações, o que nós temos aqui? Uma conduta humana que é conteúdo de uma norma. A norma atribui: uma sanção (dever) ou a capacidade de produzir outras normas (de direito). 
O sujeito de direito seria, nesse caso, um indivíduo? A norma leva em conta o indivíduo em si? Importa quem são os indivíduos por trás dessas condutas? Não podemos definir o sujeito de direito como um indivíduo portador de direitos ou de deveres. 
01. Indivíduo X Conduta: a norma só leva em consideração as condutas que o indivíduo pode praticar. Há sempre, no conteúdo normativa, a previsão de uma conduta. Portanto, nós apenas somos sujeitos de direito porque a ordem jurídica tem como conteúdo algumas de nossas condutas. 
02. Conceito auxiliar, função ideológica: o conceito de sujeito jurídico é supérfluo, auxiliar, que apresenta uma função meramente ideológica, a mesma do direito subjetivo, ou seja, ele auxilia na legitimação da propriedade privada, pois ela passará a ser entendida como uma categoria social natural, inerente. Segundo Kelsen, no entanto, qualquer coisa pode ser alterada. 
Pachukanis (sujeito de direito): o sujeito de direito seria a categoria fundamental a partir da qual nós podemos pensar o direito. Curiosamente, a relação entre sujeito de direito e propriedade há uma concordância. A forma caracterizaria a relação jurídica. Qual a forma? A relação entre sujeitos de direito (troca?) 
Pessoa física X Pessoa jurídica 
As ações e omissões só podem ser praticas por pessoas naturais, indivíduos de carne e osso. Aquelas condutas que são conteúdo de norma jurídica aos quais a norma liga ou uma sanção ou um poder jurídico são sempre condutas praticadas por pessoas naturais, mesmo quando estamos ligando com uma pessoa jurídica, a conduta praticada é exercida por uma pessoa física, natural. 
01. Não pode ser aplicada a distinção natural/artificial: não podemos, portanto, utilizar o critério natural/artificial para distinguir pessoa física da pessoa jurídica. 
02. Unificação de condutas: a pessoa física e a pessoa jurídica são consideradas como conjuntos de normas. A diferença entre elas está no critério, o fator que nos permite unificar essas condutas. Qual seria o fator? 
a) Pessoa física: mesmo indivíduo. O fator que nos permite unificar essas condutas todas é o fato delas serem praticadas pelo mesmo indivíduo. E, mesmo nesse caso, o indivíduo é apenas um ponto de referência, o seu objeto principal de análise é a conduta. 
b) Pessoa jurídica: estatuto. As condutas podem ser praticadas por vários indivíduos. O fator que unifica essas condutas é um estatuto. O que é um estatuto? O estatuto é a norma jurídica interna da pessoa jurídica. 
Estatuto como ordem jurídica parcial 
O que o estatuto tem como conteúdo? Condutas humanas. Quais devem ser atribuídas as pessoas jurídicas? Aquelas previstas no estatuto. A pessoa jurídica é, portanto, essa ordem jurídica parcial. 
01. Personificação é uma ficção: a partir do momento em que nós personificamos o estatuto, que essa ordem jurídica parcial é uma pessoa, nós temos aqui uma ficção. Faz-se de conta que um conjunto de normas é uma pessoa. Essa ficção é da mesma natureza, do mesmo tipo daquela que nós usamos entre o representante, tutor, curador e o representado, o incapaz. 
02. Direitos e deveres internos e externos: lembrar: Ordem Jurídica Global/Ordem Jurídica Parcial. A Ordem Jurídica Global fixa apenas o elemento material, ou seja, qual conduta deve ser praticada. O elemento pessoal é dado pela ordem jurídica parcial. Nos direitos e deveres internos são estabelecidos, material e pessoalmente,pelo próprio estatuto. 
03. Responsabilidade da pessoa jurídica: sonegação de imposto – o estatuto pode determinar condutas que são ilícitas? Sim, mas isso normalmente sujeita, torna possível, anular o estatuto. A pessoa jurídica passa a ser sujeita a sanções. 
Sanção patrimonial – a responsabilidade da PJ se apresenta de duas maneiras: 01. Conduta ilícita apresentada no estatuto: atribui-se a responsabilidade à PJ e ao seu próprio patrimônio. Isso é uma ficção; 02. (Mais realista – questionável). A conduta do ilícito é sempre a conduta de uma pessoa física, o patrimônio seria, em tese, coletivo, portanto, o patrimônio da coletividade responderia pelo patrimônio de um. Crítica: o funcionário participa mesmo do patrimônio? 
Sanção não patrimonial – a resposta mais aceita é que não é possível aplicar sanções não patrimoniais, penais, à pessoa jurídica. Quando da ação da pessoa jurídica constitui um crime, a pessoa jurídica é desconsiderada e as pessoas físicas passam a ser culpadas por aquela conduta. Kelsen: assim como no caso da responsabilidade patrimonial coletiva, nós também podemos ter responsabilidade coletiva para a pessoa jurídica em caso de sanções não patrimoniais. Podemos prender outro membro, não ligado diretamente à conduta ilícita? Sim.

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