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- -1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
LINGUAGEM JURÍDICA E SIGNIFICADOS DA 
PALAVRA “DIREITO”
Nathalia Lipovestky
- -2
Olá!
Você está na unidade . Conheça aqui quais são asLinguagem jurídica e significados da palavra “direito”
origens e seus respectivos significados e funções frente ao estudo do Direito. Além disso, deriva-se outros
significados também importantes e que darão a você base para compreender a teoria da norma jurídica, suas
operações lógicas e classificações.
1 Palavra direito
A palavra , assim como diversas outras palavras na língua portuguesa, pode assumir direito significados
, isso constitui o que em linguística se chama de polissemia, podemos encontrar, portanto, a palavra variados
 empregada com diferentes conotações e denotações, do ponto de vista semântico, e na função dedireito
substantivo, de adjetivo ou de advérbio, do ponto de vista sintático (FERRAZ JR., 2013).
Alguns destes significados terão pouco ou nada a interessar ao estudo do Direito, como, por exemplo, quando a
palavra é usada nas frases “o livro está no canto direito da estante” ou “o trabalho não foi feito direito”. Por outro
lado, em frases como “o direito brasileiro garante que” ou “pretendo lutar pelos meus direitos”, os significados,
além de não serem sinônimos, se revestem de relevância jurídica e, consequentemente, interessam ao estudo do
Direito.
1.1 Origens, significados e funções
A discussão sobre o surgimento do direito, historicamente, perpassa a discussão sobre o surgimento ou
desenvolvimento das primeiras formas primitivas da sociedade e remonta a tempos que não necessariamente se
pode determinar com precisão de forma pacífica. Existe um famoso brocardo romano que diz que: “onde há o
homem, há a sociedade, onde há a sociedade, há o direito; logo, onde o homem, aí o direito”, o original em latim
diz “ ” (MACHADO, 1981, p. 14).Ubi homo, ibi societas, ubi societas, ibi jus; ergo, ubi homo, ibi jus
Isso nos dá, de imediato, uma noção da relação intrínseca entre e e de como a experiência dodireito sociedade
direito caracteriza-se como um fenômeno histórico e cultural que varia no tempo e no espaço. A vida em
sociedade exige a elaboração de que se manifestam com maior ou menor sofisticação aregras de convivência 
depender do contexto, do momento histórico, da localidade.
Ferraz Jr. (2013) aponta como o aumento da complexidade das relações sociais implica no desenvolvimento do
direito, relações que antes eram de mero parentesco e faziam com que todo o poder se concentrasse nas mãos da
figura do pai de família (que era simultaneamente chefe, sacerdote, juiz, e etc.), passam a se ampliar e a se tornar
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em relações entre papeis sociais regulados por um direito que busca abarcar um número cada vez maior de
situações, valendo-se da abstração e da generalidade. Assim, o que vigorava na sociedadecódigo bom/mau
primitiva familiar-tribal é substituído pelo , o que não mais implica na perda decódigo lícito/ilícito
pertencimento ao grupo como forma de sanção. O direito arcaico se manifesta determinado como a ordem
querida por uma divindade, ou grupo de divindades, que se encontram tão obrigadas a essa ordem quanto a
humanidade. Não estava ao alcance dos humanos modificar o direito, e se confundiam com todas as demais
regras existentes dentro daquele grupo, essa confusão tinha por consequência não só a impossibilidade de
alteração da ordem, mas também de separar o conhecimento do direito do direito como objeto: “a existência, a
guarda, a aplicação e o saber do direito confundem-se”.
As origens da palavra direito com seus significados jurídicos podem ser encontradas (assim como diversas
palavras da língua portuguesa), no latim. Temos, no chamado baixo latim, os termos directum, rectum, derectum,
que significam direito, reto.
Desses termos, têm origem Recht (no alemão), right (no inglês), direito (no português), diritto (no italiano), droit
(no francês), derecho (no espanhol). 
No latim clássico, temos jus, juris, que significam, também, direito, e dão origem a outras palavras como jurídico,
jurisprudência, judicial, jurisconsulto (FERRAZ JR., 2013).
Na Grécia Antiga e na Roma Antiga, havia deusas para representar o direito, representações estéticas que
traduziam a concepção de direito presente em cada uma dessas civilizações:
Deusa Diké
Grega, representa o direito como igualdade. Diké, que era filha de Zeus e Themis, segura uma espada em sua mão
direita e a balança com dois pratos na mesma altura em sua mão esquerda. Seus olhos aparecem abertos e o
justo, segundo o equilíbrio dos pratos, era solenemente declarado. 
Deusa Justitia
Romana, representa o direito como equilíbrio entre abstração e concretude. Apresenta olhos vendados e o fiel da
balança demonstra a retidão entre os dois pratos, quando era possível declarar o direito, ou jus. Essa deusa
segurava a balança com as duas mãos, ou seja, não há espada, porque o povo romano não vinculava,
necessariamente, o conhecer o direito à força para sua execução. 
Machado vai ainda mais fundo na etimologia da palavra direito e nos apresenta a afirmação de que:
Nas línguas neolatinas (diritto, droit, derecho) o termo vem do verbo dirigere (supino: directu), cuja
raiz é rectu. Lembra ALVES DA SILVA que a ideia de retidão, contida no próprio conceito comum de
- -4
linha reta, é das mais características, quando relacionada ao direito. Acrescenta que dirigir é função
típica da regra de direito, como assinalamos acima: é a função imperativa que nos surge logo à
mente. Aquele mesmo autor convida-nos a ir até o sânscrito, cujas raízes rgu (o que não se desvia) ou
rj (reger, guiar, apascentar) apareceriam até mesmo no alemão Recht e no inglês right (MACHADO,
1981, p. 14).
Das muitas acepções da palavra que podemos encontrar nos dicionários, nos interessam, especialmente,direito
aquelas que indicam:
Direito como ciência
E/ou ramo do Direito.
Direito como regra
Plurilateral, imperativa e atributiva.
Direito como debitum
O que é devido a cada um.
Destes significados, derivam outros, que igualmente se valem da palavra : direito
Direito como regra
Remete à discussão sobre direito objetivo (norma agendi) e direito subjetivo (facultas agendi), em que ambos os
conceitos referem-se à mesma regra de direito;
Direito como debitum
Remete à discussão sobre direito natural e direito positivo, em que ambos os conceitos referem-se ao fundamento
objetivo do direito, em esferas de validade diferentes historica e socialmente.
Dentro, então, do sentido de direito regra, temos, como dado, o direito objetivo: trata-se exatamente do direito
como se apresenta no texto da legislação. É a regra em si, ou seja, o “complexo de normas jurídicas que regem o
comportamento humano e prescrevem uma sanção em caso de violação”. (DINIZ, 2001, p. 244) Em latim, utiliza-
se a expressão para se referir ao direito objetivo.norma agendi
A outra faceta do direito regra é o direito subjetivo, que, como o próprio nome alude, refere-se ao direito que
surge para o sujeito exercer, a partir do conteúdo jurídico garantido pela regra. É a “permissão oriunda da norma
jurídica válida para fazer ou não fazer algo, para ter ou não ter algo ou a autorização para exigir, por meio dos
órgãos competentes, o cumprimento da norma infringida ou a reparação do mal sofrido”. (DINIZ, 2001, p. 244)
- -5
Em latim, utiliza-se a expressão para se referir ao direito subjetivo. Maria Helena Diniz (2001)facultas agendi
alerta para o fato de que a utilização da expressão , embora seja muito comum, não é totalmentefacultas agendi
adequada para caracterizar o direito subjetivo, considerando que as faculdades humanas são qualidades e não
dependem da norma jurídica para existir, pois não são direitos, apenas existem em si. A norma jurídica apenas
ordena as faculdades, mas faculdade de agir vem antes da permissão para usar dessa aptidão. 
A melhor caracterização do direito subjetivo é, então, como permissão para o uso das faculdades humanas,que é
lícito ou ilícito, conforme proibido ou permitido pelas normas. Tomemos, por exemplo, o art. 7º da Constituição
Brasileira, que diz, “são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social: XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos” (BRASIL, 1988, online).
O , no caso, é a garantia do direito ao repouso semanal remunerado, que deverá ocorrer dedireito objetivo
preferência aos domingos, para trabalhadores urbanos e rurais. O , no entanto, só aparece paradireito subjetivo
aquelas pessoas (sujeitos de direito) que se encaixam no papel social previsto pelo texto da norma, alguém que
não trabalha não tem direito subjetivo ao repouso semanal remunerado. E quem trabalha, tem, mas isso também
não significa que o repouso ocorrerá, necessariamente, num domingo, dado que o direito subjetivo é ao repouso
semanal remunerado e não ao dia específico. Há diversas profissões em que se torna impossível, ou quase
impossível que isso ocorra.
Direito objetivo e direito subjetivo se ligam intimamente, mas são inconfundíveis. Machado reforça que “o direito
é o mesmo, a regra é a mesma. Considerada em si, eis o seu aspecto objetivo: considerada no sujeito que a põe
em exercício, eis o seu aspecto subjetivo. Não são dois direitos. São como o verso e o anverso de uma medalha”
(MACHADO, 1981, p. 37).
Existem discussões a respeito da relação entre direito objetivo e direito subjetivo, especialmente quanto à
possibilidade de um preceder o outro. Essas discussões, no entanto, não cabem aqui neste momento.
Por último, falemos do termo “direito” com o sentido de debitum, ou seja, aquilo que é devido, por atribuição da
regra de direito. Dentro deste significado, temos duas formas tradicionalmente aceitas de manifestação do
conteúdo da regra: 
Direito natural
quele que se exprime através da lei natural e expressa tudo que se relaciona à natureza humana, queA
corresponde às exigências concretas da natureza humana, como, por exemplo, a vida, a propagação da espécie, a
educação da prole, o acesso ao desenvolvimento e aperfeiçoamento intelectual e moral por meio de bens
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culturais, o respeito e a realização da liberdade e da dignidade (MACHADO, 1981). Esses direitos já nascem
incorporados, ou seja, inerentes, à pessoa humana e, por isso, seriam mais ou menos universais, além de
imutáveis e eternos.
Direito positivo
A regra de direito que se manifesta pela regra positiva, ou seja, posta pelo Estado (artificial, portanto). Isso
significa que esse direito pode mudar de acordo com o tempo e o espaço, além de ter uma abrangência ampliada
em comparação ao direito natural, porque permite a elaboração de conteúdos que ultrapassam aqueles
considerados naturais. Da mesma forma que essas regras são postas, ou seja, positivadas, podem ser também
revogadas, extinguindo a existência daquela regra de direito. 
Historicamente, ambos os tipos de regras conviveram em harmonia durante muito tempo, de modo
complementar. Atualmente, considera-se que esta dicotomia está enfraquecida, uma vez que o conteúdo do
direito natural foi todo englobado pelo direito positivo, em busca de maior segurança jurídica. Voltaremos a esta
discussão mais adiante, para aprofundar nos meandres históricos da relação entre direito natural e direito
positivo.
1.2 Direito como tecnologia social e a necessidade de resolução de 
problemas
Ferraz Jr. (2013) aponta o caráter eminentemente dogmático que o direito assume contemporaneamente (como
consequência de todas as mudanças ocorridas na sociedade e no Estado e na relação entre eles) e como o
estatuto teórico do saber jurídico foi alterado: “de saber eminentemente ético, nos termos da prudência romana,
foi atingindo as formas próximas do que se poderia chamar hoje de saber tecnológico”. Afirma, ainda, que:
Um pensamento tecnológico é, sobretudo, um pensamento fechado à problematização de seus
pressupostos – suas premissas e conceitos básicos têm de ser tomados de modo não problemático –
a fim de cumprir sua função: criar condições para a ação. No caso da ciência dogmática, criar
condições para a decidibilidade de conflitos juridicamente definidos (FERRAZ JR., 2013, p. 60).
Dessa forma, o problema central da ciência dogmática do direito é a decidibilidade, diferentemente da concepção
de ciência que busca a verdade com validade universal (ainda que refutável e não absoluta). O direito busca
solucionar os conflitos sociais de forma a gerar o mínimo de perturbação social possível (FERRAZ JR., 2013).
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A decidibilidade pode ser abordada segundo aspectos ou critérios variados, como justiça, utilidade, certeza,
legitimidade, legalidade, e etc. Isso decorre da pluridimensionalidade do direito, cujos enunciados, em sua
aplicação diária, criam infindáveis consequências na esfera legislativa, judiciária, administrativa, contratual. As
relações humanas são origem constante de conflitos, a vida em sociedade nos impõe a necessidade de elaborar
um sistema de ordenação ética da convivência, inevitavelmente. A elaboração de códigos e leis se caracteriza
como uma forma de adaptação humana em busca de contornar as imposições da natureza tanto quanto a
construção de máquinas, casas ou desenvolvimento de técnicas de cultivo de alimentos. A diferença é que o
direito é criado em busca de justiça, segurança, ordem, bem estar social (NADER, 2011). A decidibilidade,
portanto, está no cerne da ciência dogmática do direito: é o que irá garantir a realização dos valores socialmente
eleitos como conteúdo do direito elaborado e impedir que os conflitos sociais surgidos se perpetuem no tempo.
Ferraz Jr. (2013, p. 66-67) destaca três modelos teóricos, que se interrelacionam para proporcionar a tomada de
decisão visada pela dogmática jurídica: são “modos como a ciência do direito se exerce como pensamento
tecnológico”. 
• Ciência do direito como teoria da norma, ou modelo analítico
O primeiro deles é o da , ou . Este modelo temciência do direito como teoria da norma modelo analítico
um enfoque sistematizador e classificador das normas e conceitos e produz um saber que apresenta um
caráter organizatório das matérias e questões relacionadas às regras jurídicas. Neste modelo a
decidibilidade é vista como uma relação hipotética entre conflito e decisão: fórmulas capazes de trazer
possibilidades de solução para um possível conflito.
• Ciência do direito como teoria da interpretação, ou modelo hermenêutico
Como o próprio nome diz, tem enfoque na interpretação do sentido das normas, ou seja, o sentido da
relação entre a hipótese de conflito e a hipótese de decisão.
• Ciência do direito como teoria da decisão jurídica, ou modelo empírico
Este modelo constitui uma teoria da decisão em sentido estrito, apresentando-se como uma tecnologia
de controle do comportamento humano por meio de atos normativos, encarando a decidibilidade como
uma questão de se buscar condições de possibilidade de uma decisão hipotética para um conflito
hipotético. Neste modelo, é muito interessante observar o papel da decisão jurídica na busca pela
decidibilidade, que aparece como aquilo que impede a continuidade do conflito. Independentemente da
•
•
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vontade das partes terem sido atendidas satisfatoriamente e das infinitas possibilidades de abordagem
do objeto do conflito, ele chega ao fim com a decisão jurídica “não o termina através de uma solução, mas
o soluciona pondo-lhe um fim” (FERRAZ JR, 2006, p. 91).
1.3 Sanção e coação - fundamentos da distinção
A partir da caracterização de direito como tecnologia social e da detecção da exigência social de resolução de
conflitos, dois conceitos se fazem necessários para darmos continuidade ao nosso estudo: sanção e coação.
A , como veremos adiante, faz parte (embora não necessariamente), da estrutura da norma. Apresenta-se,sanção
dentro dessa estrutura, como forma de buscar garantir o cumprimento da norma, ou, nas palavras de Reale,
“todo e qualquer processo degarantia daquilo que se determina em uma regra”. A sanção nada mais é que a
consequência que surge para o destinatário da norma por não tê-la cumprido. A sanção não é elemento exclusivo
da norma jurídica, podendo ser observada em outras esferas de controle social. As normas morais, sociais e
religiosas também podem apresentar uma sanção, com a diferença que a sanção da norma jurídica, por ser
institucionalizada (vem do Estado), será sempre dotada de organização e predeterminação.
No direito, temos diversas espécies de sanção, de acordo com o ramo em que se aplicam. Podemos citar como
exemplos:
Sanção internacional
Pode ter caráter diplomático, econômico ou comercial.
Sanção disciplinar
Pode dar-se por meio de suspensão, exclusão, multa.
Sanção administrativa
Pode ser advertência, multa, suspensão do direito de licitar ou contratar com a Administração Pública.
Sanção civil
Tem cunho patrimonial de reparação, restituição, anulação, compensação etc.
Sanção política
Recai como débito tributário ou trabalhista ou como suspensão dos direitos políticos.
Sanção premial
Ao contrário das anteriores (que são punitivas), objetiva incentivar o cumprimento da norma por meio da
atribuição de um prêmio ou vantagem a quem a obedece.
Para Kelsen, a sanção é parte necessária da estrutura da norma jurídica, pois se a norma é um dever-ser, o que se
deve é a sanção. Diante do fato de existirem normas que não trazem em si uma sanção, Kelsen explica que há 
 e . As primeiras trazem em si a sanção, as últimas têm sançãonormas autônomas normas dependentes
- -9
correspondente em outra norma, pois apenas estabelecem um comportamento. Hart denuncia o fato de a
maioria das normas serem do segundo tipo e não do primeiro, hoje fala-se cada vez mais em sanções premiais
para encorajar atos e não para desencorajar, como incentivos fiscais, delação premial, acordo de leniência. Por
isso, a tendência da doutrina é excluir a sanção como elemento necessário da estrutura da norma, mas a sanção
só pode vir prescrita por norma, embora nem toda norma tenha prescrição de sanção. O direito não admite
sanções implícitas ou extranormativas como jurídicas (FERRAZ JR., 2013, p. 92-93).
Sanção e coação não se confundem. A sanção é uma consequência jurídica prevista pela norma
jurídica; a coação é sua aplicação efetiva, segundo processos legais, ou, como diz Casarini Sforza, ‘é o
modo de concretizar-se da sanção’. Exemplificativamente: a multa contratual é a sanção, e a
cobrança judicial dessa multa é a coação (DINIZ, 2001, p. 367).
Machado (1981) nos apresenta a natureza e as espécies de coação, a partir da doutrina de Jhering, em seis
aspectos: 1) coação física e coação psicológica; 2) coação propulsiva e coação compulsiva; 3) coação política e
coação social. Vamos a eles:
• Coação física e coação psicológica
A coação é exercida de forma mecânica ou de forma psicológica, seja física ou psicológica: “Na coação
física ou mecânica, a ação pertence a quem a exerce; na psicológica, age quem a sofre; a primeira é fato
externo que elimina a vontade; a segunda é motivo que impele a vontade à ação” (MACHADO, 1981, p.
110).
• Coação propulsiva e coação compulsiva
A coação se define segundo a natureza do fim visado ser positiva ou negativa: “propulsiva é a que se
impõe contra a resistência a certo ato; compulsiva a que leva à execução desse ato” (MACHADO, 1981, p.
110).
• Coação política e coação social
coação se define a partir do critério de sua existência sob a forma organizada ou inorganizada: “A política
ou organizada tem como objeto a realização do direito; a social, não organizada, visa à realização da
moralidade” (MACHADO, 1981, p. 110). A coação política, justamente por ser organizada, transita dentre
todas as possibilidades previstas pelos outros dois grupos, ou seja, pode ser física ou psicológica, e ainda
propulsiva ou compulsiva. 
•
•
•
- -10
Ainda o mesmo autor traz excelente exemplificação das 
conjugações possíveis dentre as espécies de coação:
Diremos que é mecânico-social-propulsiva a coação exercida pelo ladrão sobre a vítima; mecânico-
política, a coação imposta ao ladrão pelo agente policial (propulsiva, se o impede de realizar o furto;
compulsiva se o detém após a consumação deste); mas é psicológica, compulsiva (podendo às vezes
ser também propulsiva) a coação que leva o cidadão a apresentar-se à polícia, quando responsável
por um crime culposo (um atropelamento involuntário, p. ex.), ou quando comparece ao guichê de
uma coletoria para pagar um imposto devido (MACHADO, 1981, p. 110).
Ainda é importante abordar a existência do termo coerção em oposição à coação, visto que existe discussão
doutrinária relevante acerca da essencialidade ou não da coação como elemento caracterizador do direito:
Coação suscita de maneira mais imediata a ideia de obrigar contra a vontade, a noção de violência. 
é constranger, forçar. No direito positivo, a coação figura como defeito dos atos jurídicos, aoCoagir 
lado do erro e da ignorância, do dolo, da simulação e da fraude contra credores; e é crime previsto no
Código Penal. Sem dúvida, um defeito do ato jurídico, tanto quanto o roubo e a extorsão, cujos
conceitos integram o constrangimento mediante violência ou grave ameaça, é fenômeno de direito.
Quem ousaria dizer, entretanto, que o Direito, em si, constitui uma empresa de força, violência,
constrangimento e ameaça? O termo parece menos agressivo. (MACHADO)coerção 
Segundo essa linha de raciocínio, temos a como elemento que se encontra na consciência da pessoa quecoerção
se obriga pela norma jurídica, exercendo pressão sobre sua vontade; a reside na norma e só pode sersanção 
aplicada por autoridades competentes, em casos concretos, e segundo o devido processo legal; já a coação
consistiria, então, na execução forçada da sanção, aplicada sobre a liberdade ou sobre os bens do sujeito passivo
como forma de cumprir a prestação devida pelo descumprimento da norma jurídica.
2 Teoria da norma jurídica
Norma é um conceito não especificamente jurídico, podendo ter como sinônimos as palavras “regra” ou
“comando”, por exemplo. Existem normas que prescrevem uma técnica, as chamadas normas do fazer, e normas
- -11
que estabelecem comportamentos, as chamadas normas do agir. As primeiras são aquelas que, se seguidas,
levarão a um resultado que é um produto, como numa receita culinária, por exemplo. As últimas, as normas do
agir, por estabelecerem comportamentos, prescrevem comandos de como a vida deve ser vivida.
A norma jurídica, por ser institucionalizada, apresenta essas mesmas características de forma maximizada, além
de ser exigível, ou seja, dispõe de mecanismos que irão garantir seu cumprimento. A norma jurídica é, então,
uma norma do agir dotada de juridicidade e impessoalidade, o que possibilita a exigência, ou, ao menos a criação
da expectativa, de que seja cumprida em caráter de obrigatoriedade.
Ferraz Jr. (2013, p. 88) afirma que do ponto de vista estrutural e sob uma perspectiva zetética, “normas jurídicas
são expressões de expectativas contrafáticas, institucionalizadas e de conteúdo generalizável. Compõem-se,
destarte, de mensagens, emissores e agentes receptores. As mensagens ocorrem em dois níveis: o da relação ou
cometimento e o do conteúdo ou relato”.
O cometimento, ainda segundo o mesmo autor, é a relação institucionalizada estabelecida entre autoridade e
sujeito, expressa, em geral, verbalmente através de operadores linguísticos como “é proibido”, “é vedado”, “é
permitido”. Já o conteúdo é constituído por descrições de ações, de duas condições e consequências (FERRAZ JR.,
2013, p. 88).
A norma jurídica, para a dogmática, precisa ser identificada dentro de um âmbito, recebido como um dado pelo
jurista. Não é preciso definir a norma jurídica, é preciso assinalá-la em seu contexto. Assim, para a doutrina
dogmática a norma jurídica é uma espécie de comando despsicologizado, um comando no qual não se identifica o
comandante nem o comandado.De um lado, a (emissor da norma, de modo geral) tem suafigura do legislador
importância arrefecida depois de posta a norma, ao mesmo tempo em que não se identificam os destinatários da
norma, considerando a gerenalidade e a universalidade do comando que é a norma jurídica.
As relações sociais contemporâneas exigem que o direito se volte mais para papéis do que para pessoas,
privilegiando os agentes da relação por seu papel social (FERRAZ JR., 2013).
Enquanto do ponto de vista zetético a norma jurídica tem como elementos o cometimento e o conteúdo, do
ponto de vista dogmático esses elementos correspondem, respectivamente, ao caráter vinculante e à hipótese
Fique de olho
Nesse campo de normas encontramos esferas diversas como a moral, a social e a religiosa.
Essas normas possuem como características, em maior ou menor grau, a obrigatoriedade,
continuidade e permanência, a sociabilidade.
- -12
normativa somada a sua consequência jurídica. Esses elementos estruturais serão explorados com mais
profundidade logo abaixo. Ferraz Jr. conclui:
Podemos dizer que a dogmática analítica capta a norma jurídica como um imperativo
despsicologizado. Para evitar confusões com a idéia de comando, melhor seria falar em um direito
vinculante, coercivo no sentido de institucionalizado, bilateral, que estatui uma hipótese normativa à
qual imputa uma conseqüência jurídica (que pode ser ou não uma sanção), e que funciona como um
critério para a tomada de decisão (decidibilidade) (FERRAZ JR., 2013, p. 89-95).
2.1 Estrutura da norma jurídica e operações lógicas
Conforme assinalado anteriormente, se do ponto de vista zetético a norma jurídica tem como elementos o
cometimento e o conteúdo, do ponto de vista dogmático esses elementos correspondem, respectivamente, ao
caráter vinculante e à hipótese normativa somada a sua consequência jurídica. O caráter vinculante da norma
jurídica se manifesta no fato de ser a norma jurídica um critério para a conduta humana, base de decisão para o
jurista, para qualificar agentes sociais, (capaz/ incapaz), para estabelecer condições de atos e omissões, para
interpretar o sentido de outras normas, e etc. Vincula, impositivamente, a conduta estabelecida para aqueles
determinados papeis sociais e serve, assim, ao problema da decidibilidade de conflitos (problema central do
direito) (FERRAZ JR., 2013). A hipótese normativa pode ser caracterizada, segundo a dogmática, como uma
situação de fato prevista pela norma e à qual se imputa uma consequência, um efeito jurídico.
Outras denominações que a hipótese normativa pode apresentar são “tipo legal”, “hipótese de incidência”, “fato
gerador” (FERRAZ JR., 2013, p. 91). A estrutura lógica que uma norma apresenta se identifica pela fórmula “Se A,
deve ser B; se não B, deve ser C”, em que:
• A = fato / situação (ou hipótese normativa);
• B = conduta (preceito, ou seja, aquilo que a norma prescreve para a hipótese normativa);
• C = sanção aplicável (ou consequência jurídica).
Fique de olho
É nulo o negócio jurídico quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz (art. 166, I do
CCB). Isso significa dizer que a consequência da realização de um negócio jurídico por um
agente (papel social) não autorizado pelo ordenamento para essa prática é a nulidade do
próprio negócio realizado.
•
•
•
- -13
A hipótese se compõe de atos e fatos, cuja distinção nem sempre é cristalina, mas é preciso que seja feita. De uma
forma geral, pode-se dizer que o critério para a análise é a ação envolvida (ato e omissão) e uma mudança de
estado de coisas. Assim, “fatos jurídicos são estados de coisas que entram para o mundo jurídico sem
interferência da vontade humana” (e por isso são meramente fatos, existem e pronto), enquanto “atos jurídicos
são interferência voluntária no curso da natureza”, em conformidade ou não com a lei (podendo ser uma ação ou
uma omissão), o que torna os atos qualificados como lícitos ou ilícitos (FERRAZ JR., 2013, p. 91-92)
Cabe distinguir e , iniciando pela útil afirmação de que toda lei é uma norma, mas nem toda norma énorma lei
uma lei. A partir dos exemplos já apresentados e da classificação das normas jurídicas quanto à hierarquia, fica
simples compreender a distinção. Normas do tipo moral ou religioso, por exemplo, não são leis.
Existe uma norma composta de fato, conduta e sanção quando um dogma religioso afirma que determinado
comportamento é proibido e que quem o comete pecou. No entanto, essa norma não é uma lei e nem mesmo
obriga pessoas que não fazem parte daquela determinada religião. Em outras palavras, podemos afirmar que
essa norma sequer é jurídica.
As normas jurídicas se diferenciam, como já foi dito, por serem dotadas de juridicidade e exigibilidade, ou seja,
têm um grau de obrigatoriedade superior ao das demais normas sociais (não jurídicas). Em seus respectivos
procedimentos de elaboração as normas jurídicas podem ser oriundas tanto do Estado, quanto da própria
sociedade, e receber denominações diversas, segundo sua natureza e partes envolvidas: lei, decreto, portaria,
regulamento, regimento, sentença, acórdão, contrato etc.
Com isso, é possível passarmos ao estudo dos atributos da norma jurídica, considerando a necessidade de
delimitar aqueles atributos que, de fato, traduzem a essência da norma jurídica e que se encontra
simultaneamente em todas as normas existentes no mundo jurídico.
2.2 Atributos da norma jurídica: exterioridade, alteridade, bilateralidade, 
coercitividade e heteronomia
Os elementos apontados como caracterizadores da norma jurídica variam dentro da doutrina, e não são objeto
de consenso, especialmente se confrontadas diferentes correntes de pensamento. A exterioridade é uma
característica que se relaciona à intencionalidade do ato. O ordenamento jurídico, de forma geral, não leva em
consideração o querer, a vontade, a intenção do agente no cumprimento do preceito normativo. Em sendo a
norma cumprida e alcançado o objetivo social pretendido, pouco importa se o agente ficou feliz ou não ao
obedecer o conteúdo exigido por aquela norma. A exterioridade é, no entanto, um atributo compartilhado com
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outros instrumentos de controle social, como a etiqueta ou as regras do trato social (NADER, 2011). A alteridade
é uma característica relacionada à intersubjetividade da norma de direito, que, ao mesmo tempo que impõe um
dever, atribui a outrem uma faculdade correspondente a tal dever (DINIZ, 2001).
Essa relação de intersubjetividade é chamada, por Reale (2004), de bilateralidade em sentido social, pois sem a
existência de uma relação unindo duas ou mais pessoas não haveria Direito. A bilateralidade é a característica do
direito de vincular sempre duas ou mais pessoas, nessa atribuição de papeis sociais de sujeito ativo e sujeito
passivo. Ferraz Jr., no entanto, alerta:
Se entendermos por essa característica que toda norma estabelece relações jurídicas entre sujeitos
(por exemplo, relações de obrigação), a bilateralidade não pode ser considerada nota essencial da
norma jurídica. Afinal, nem todas determinam tais relações. Há normas que apenas qualificam um
sujeito em termos de sua capacidade. Há normas que simplesmente prescrevem um regime: o Brasil
é uma República Federativa. Obviamente, essas normas têm validade , para todos.erga omnes
Contudo, isso significa que elas são bilaterais apenas no sentido de alteridade, isto é, que demarcam
as posições socialmente relevantes dos sujeitos. Só com esse significado (alteridade) podemos dizer
que todas trazem anota da biletaralidade (FERRAZ JR., 2013, p. 95).
Reale (2004, p. 51) fala, ainda, em , que afirma ser a nota distintiva essencial dobilateralidade atributiva
Direito: “bilateralidade atributiva é, pois, uma proporção intersubjetiva, em função da qual os sujeitos de uma
relação ficam autorizados a pretender, exigir ou a fazer, garantidamente, algo”.
A é uma expressão que deriva de uma concepção tipicamente kelseniana, que define o Direitocoercitividade 
como a . Essa e outras teoriassemelhantes enxergam no direito umaordenação coercitiva da conduta humana
expressão efetiva da força e buscam demonstrar a compatibilidade que há entre direito e força.
A heteronomia é uma qualidade do direito que traduz a validade objetiva e transpessoal das normas jurídicas,
uma vez que são postas por terceiros e obrigam os sujeitos destinatários. Contrariamente à moral, por exemplo,
que é autônoma, visto que posta pela própria pessoa e destinada exclusivamente a ela. As normas jurídicas se
põem, então, “acima das pretensões dos sujeitos de uma relação, superando-as na estrutura de um querer
irredutível ao querer dos destinatários” (REALE, 2004, p. 49).
Vocabulário mais compatível com a experiência jurídica contemporânea é “coercibilidade”, que traduz a
possibilidade de uso da coação e contém os elementos psicológico e material. Miguel Reale afirma que “para
milhares de contratos que se executam espontaneamente, bem reduzido é o número dos que geram conflitos
sujeitos a decisão judicial. Não se pode, pois, definir a realidade jurídica em função do que excepcionalmente
acontece” (REALE, 2004, p. 47).
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2.3 Classificações das normas jurídicas
As classificações propostas pela doutrina para as normas jurídicas não apresentam homogeneidade, motivo pelo
qual é importante fazer uma exposição que inclua todas as classificações mais relevantes. Nader (2011, p. 89-93),
com base na classificação proposta por García Maynez, traz os seguintes critérios de classificação:
Quanto ao
sistema a que
pertencem
Dividindo-as em nacionais, estrangeiras e uniformes. Nacionais são as normas jurídicas
pertencentes ao ordenamento jurídico de um determinado Estado-nação, enquanto
estrangeiras são as normas jurídicas oriundas de outro Estado-nação. Embora a regra
seja as normas terem vigor apenas dentro do território a cujo ordenamento jurídico
pertençam, eventualmente sua aplicação pode ocorrer extrapolando esse limite, no
Direito Internacional Privado. Normas uniformes são, como o próprio nome sugere,
normas adotadas conjuntamente por dois ou mais Estados-nação, por meio de tratados,
padronizando a legislação.
Quanto à fonte
Segundo sua origem, as normas jurídicas podem ser legislativas, consuetudinárias e
jurisprudenciais. Legislativas são aquelas elaboradas, geralmente, pelo Poder
Legislativo e eventualmente pelo Poder Executivo de um país, apresentando-se sob a
forma de legislação escrita positivada. Consuetudinárias são aquelas normas baseadas
no costume, que se consolidou na coletividade como regra obrigatória a ser cumprida
com valor jurídico. Jurisprudencial é a norma criada pelos tribunais, ou seja, vem do
conjunto de decisões judiciais anteriores. A depender do sistema jurídico as normas
consuetudinárias e jurisprudenciais podem ter maior (common law) ou menor
(romano-germânica) importância.
i.No âmbito espacial de validez as normas jurídicas classificam-se em gerais e locais, ou
seja, se são destinadas a aplicação em todo o território nacional ou em parte delimitada
dele.
ii.No âmbito temporal de validez as normas jurídicas classificam-se segundo seu prazo
de vigência seja determinado ou indeterminado, ou seja, se trazem consigo próprias a
determinação de um prazo limite de vigência (o que é menos frequente) ou não.
iii.No âmbito material de validez as normas jurídicas classificam-se como de Direito
Público ou de Direito Privado, tendo por característica uma relação de subordinação
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Quanto aos
âmbitos de
validez
nas primeiras e de coordenação nas últimas. Isso significa dizer que, de modo geral, nas
relações em que o Estado faz parte atuando com poder de imperium, ele se coloca em
posição superior aos administrados e, por isso, as relações são de subordinação. Nas
relações entre particulares, pelo contrário, ambas as partes encontram-se no mesmo
patamar e, por isso, há coordenação.
iv.No âmbito pessoal de validez as normas jurídicas classificam-se em genéricas e
individualizadas, segundo sejam dirigidas a toda e qualquer pessoa que se encontre
naquela determinada situação jurídica ou sejam dirigidas a uma pessoa ou grupo
individualmente determinado.
Q u a n t o à
hierarquia
Considerando a relação de precedência, as normas jurídicas classificam-se em
constitucionais, complementares, ordinárias, regulamentares e individualizadas. No
mais alto patamar estão as constitucionais, que fazem parte (material ou formalmente)
da Carta Constitucional do país e determinam as condições de validade das demais
normas do ordenamento. As normas complementares têm sua existência prevista, na
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/1988) e estão, portanto,
abaixo delas na hierarquia, mas estão acima das ordinárias. A exigência específica que
caracteriza uma norma complementar é a necessidade de aprovação no Parlamento por
maioria absoluta.
As normas ordinárias são aquelas contidas em leis, medidas provisórias, leis delegadas.
Encontram-se abaixo das complementares e requerem a existência das normas
regulamentares para, como o próprio nome diz, regulamentá-las – geralmente por meio
de decretos. Por último, as normas individualizadas são aquelas que estão contidas em
negócios jurídicos e vinculam apenas suas partes, como em contratos, testamentos etc. 
Quanto à sanção
Segundo o critério da consequência que resulta do seu descumprimento, as normas
jurídicas podem ser perfeitas, mais que perfeitas, menos que perfeitas e imperfeitas. 
Perfeitas (ou perfectae) são normas que sancionam o seu descumprimento com a
nulidade do ato, enquanto mais que perfeitas (ou plus quamperfectae) preveem tanto a
nulidade quanto uma pena. Menos que perfeitas (ou minus quamperfectae) são normas
cuja sanção é apenas a pena, enquanto as normas imperfeitas (ou imperfectae) são as
normas que não possuem nenhuma previsão de sanção para sua violação, ou seja, nem
nulidade do ato, nem pena ao seu autor.
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Q u a n t o à
qualidade
Nesse sentido, as normas jurídicas podem ser positivas ou permissivas e negativas ou
proibitivas. As primeiras contêm permissão de ação ou de omissão, enquanto as
últimas, de modo contrário, proíbem a ação ou a omissão.
Quanto às
relações de
complementação
As normas jurídicas podem ser, segundo suas relações de complementação, primárias
ou secundárias, sendo as primárias aquelas que têm seu sentido complementado pelas
secundárias. As normas secundárias, por sua vez, aparecem em diferentes espécies, a
depender do tipo de complementação que proporcionam:
i.De iniciação, duração e extinção da vigência.
ii.Declarativas ou explicativas.
iii.Permissivas.
iv.Interpretativas.
v.Sacionadoras.
Q u a n t o à
vontade das
partes
Segundo a vontade das partes envolvidas na relação jurídica, as normas podem ser
taxativas ou cogentes e dispositivas. As taxativas ou cogentes são aquelas que obrigam
sem considerar a vontade das partes, uma vez que zelam por interesses maiores, que se
sobrepõem ao particular. As normas dispositivas, por outro lado, consideram a
expressão da vontade das partes para admitir sua não execução.
é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer a linguagem jurídica da palavra "direito" nos dando uma noção da relação intrínseca entre 
direito e sociedade e de como a experiência do direito caracteriza-se como um fenômeno histórico e 
cultural que varia no tempo e no espaço;
• estudar os fundamentos da distinção entre Sanção e Coação;
• compreender a teoria da norma jurídica, uma norma do agir dotada de juridicidade e impessoalidade, o 
que possibilita a exigência, ou, ao menos a criação da expectativa, de que seja cumprida em caráter de 
obrigatoriedade;
• conhecer as classificações das normas jurídicas com base na classificação proposta por García Maynez;
• aprender outros significados também importantes e nos deram base para compreender a teoria da 
norma jurídica, suas operações lógicas e classificações.
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Referências
DINIZ, M. H.introdução à teoria geral do direito, à filosofia doCompêndio de introdução à ciência do direito:
direito, à sociologia jurídica e à lógica jurídica, norma jurídica e aplicação do direito. 14. ed. São Paulo: Saraiva,
2001.
FERRAZ JR, T. S. São Paulo: Atlas, 1995.A ciência do direito.
FERRAZ JR., T. S. técnica, decisão, dominação. 7. ed. rev. e ampl. São Paulo:Introdução ao estudo do direito:
Atlas, 2013.
MACHADO, E. G. M. Belo Horizonte: UFMG, 1981.Elementos de teoria geral do direito.
NADER, P. 33. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.Introdução ao estudo do direito.
	Olá!
	1 Palavra direito
	1.1 Origens, significados e funções
	1.2 Direito como tecnologia social e a necessidade de resolução de problemas
	Ciência do direito como teoria da norma, ou modelo analítico
	Ciência do direito como teoria da interpretação, ou modelo hermenêutico
	Ciência do direito como teoria da decisão jurídica, ou modelo empírico
	1.3 Sanção e coação - fundamentos da distinção
	Coação física e coação psicológica
	Coação propulsiva e coação compulsiva
	Coação política e coação social
	2 Teoria da norma jurídica
	2.1 Estrutura da norma jurídica e operações lógicas
	2.2 Atributos da norma jurídica: exterioridade, alteridade, bilateralidade, coercitividade e heteronomia
	2.3 Classificações das normas jurídicas
	é isso Aí!
	Referências

Outros materiais

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