Buscar

Uma técnica de Psicoterapia Breve

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

9 Uma técnica de Psicoterapia Breve 
Baseados na teoria da técnica exposta, é possível propor uma técnica de Psicoterapia Breve que resumidamente está sustentada nos quatro princípios seguintes: 
1. É não-transferencial. 
2. Não-regressiva. 
3. Elaborativa de predomínio cognitivo (em aparente detrimento do afetivo). 
4. Mutação objetal que se opera através de permitir experimentar a mudança de uma informação falsa por uma informação verdadeira, criando uma vivência real, de que a pessoa passa a ser um sujeito ativo de sua própria história. 
 Apesar de logo voltarmos a trabalhar com estas ideias, é conveniem-te realçar alguns aspectos técnicos, produto de uma experiência pessoal. É importante transmitir o vivido para que a experiência possa ser utilizada como algo positivo, ou como base para crítica ou novas tentativas. 
9.1. O enquadre 
A flexibilidade e o conhecimento do terapeuta são elementos fundamentais para estabelecer um "enquadre" necessário, que permita desenvolver seu trabalho. Em termos gerais o "enquadre" ou setting não deve diferir do que se utiliza para qualquer método terapêutico. Quer dizer, um lugar adequado e fixo, um horário também pre-estabelecido, uma privacidade da relação e elementos mínimos adequados para "conversar" por um tempo determinado. 
O mais importante é que o terapeuta saiba o que quer e pode realmente fazer e que isto seja discutido francamente com a pessoa que procura ajuda. Se existe isto, que é o que chamei de "Disposição Terapêutica" (Knobel, 1964), haverá possibilidades de adaptar a metodologia ao enquadre disponível. Quero dizer, com este termo, que o terapeuta não deve ficar preso a seus preconceitos teóricos, nem tampouco às "técnicas". Em situações de "emergência", pode ser necessário fazer psicoterapia na rua, frente a moradias precárias que estão alagando, em algum canto clandestino ou num campo de batalha. 
E espero não ter de encontrar mais aquele "terapeuta" que, ao invés de colaborar com uma equipe de saúde de emergência que trabalhava num caso de desmoronamento numa favela — onde só se pode fazer uma psicoterapia de emergência, breve e fundamentalmente de apoio e orientação —dirigiu-se a mim, indignado e reclamando: "Isto não é trabalho psicoterapêutico... Não há privacidade, nem um só lugar onde não exista um monte de gente, policiais, bombeiros, e médicos... Assim não é possível!" Sim, pode-se e não só se pode, como se deve fazer. 
Nessas circunstâncias, a "privacidade" é dada pela dor e pelo sofrimento de cada um e pela capacidade do terapeuta em compartilhar a angústia com os que sofrem, para aliviá-la e ajudar, e ao mesmo tempo aliviar a dos outros que assistem, para sentirem-se mais calmos e também mais apoiados.
 É incrível que em 1908 Freud pudesse realizar uma psicoterapia breve (quatro horas), peripatética, caminhando com seu paciente Mahler pelas ruas e arredores de Viena. Hoje alguns exigem um quarto muito bem mobiliado, com ar condicionado e a prova de qualquer ruído, para poder realizar uma terapia "adequada". 
Considero que esta posição de alguns "terapeutas" configura uma verdadeira reversão patológica da perspectiva! 
O fundamental é conhecer os aspectos e bases teóricas que nortearão a atividade psicoterapêutica; conhecer os elementos técnicos que cada terapeuta dispõe; saber que existe e se pode fazer uma psicoterapia breve, com um paciente que também pode aceitá-la; ter esse "Eros Terapêutico" de que falava Carlos Seguin; e saber que a "disposição psicoterapêutica" pode levar a utilizar o "enquadre disponível". 
Na minha experiência, já trabalhamos em hospitais de diversos tipos, nós períodos da tarde, quando o serviço de gastroenterologia deixava seus cubículos, com suas provetas e seus tubos de ensaio, sondas etc.; nos jardins de outros hospitais, inclusive psiquiátricos; em salões de clubes sociais, emprestados em horas livres; nas ruas e em alguns esconderijos circunstanciais; ou em delegacias de bairro ou povoado pequeno. Ah... sim... também trabalhamos em consultórios com ar condicionado, localizados em bonitos apartamentos de zonas ricas da cidade... 
Mas o "enquadre", o verdadeiro "enquadre" é formado pelo terapeuta e pelo paciente e sua vontade de trabalhar juntos. 
9.1.1. A entrevista inicial 
A entrevista inicial é fundamental para determinar o futuro da relação terapêutica, que pode iniciar ou acabar nesse momento. Como já mostrei num exemplo anterior, a entrevista inicial pode circunstancialmente transformar-se em toda a psicoterapia. Mas, apesar de ser isto a exceção, o terapeuta deve sempre considerar essa possibilidade. 
Com isto quero também dizer que o psicoterapeuta deve ter o maior conhecimento de Psicoterapia Breve, para realizar uma entrevista inicial que lhe permita fundamentar um diagnóstico holístico, psico-bio-social, fenomenológico e metapsicológico, para determinar que tipo de tratamento irá realizar. 
Ninguém deve propor algo que não saiba que exista e é viável. 
Quando se usou a Talidomida para combater as náuseas e os vômitos das grávidas e se obtiveram filhos monstruosos que nos espantavam, falou-se da "droga maldita", e seu uso foi proibido. Os pesquisadores continuaram, como sempre, no seu modesto lugar de trabalho e descobriram que precisamente a Talidomida é um medicamento eficaz no tratamento da lepra. A droga deixou de ser maldita para passar a ser divina. Os "malditos" eram os médicos que, ignorando os fatores psicológicos que acompanham a gravidez, queriam com a magia de um comprimido acabar com sintomas molestos e sem a penosa, porém gratificante, tarefa de ajudar as mães a entenderem seus conflitos. As coisas são simples e não precisamos complicá-las. 
A psicanálise é cara, difícil e não necessariamente recomendável para todo mundo. Desde que os profissionais da saúde continuem a confundir psicanálise com psicoterapia e a desconhecer toda a gama de possibilidades terapêuticas que oferece a psicoterapia breve, continuar-se-á condenando essa "maldita, cara e elitista técnica que nada cura e só mexe com sexo", omitindo que era e é a fonte mais profunda de conhecimento psicológico humano. 
Fiorini sugere uma técnica de primeira entrevista em psicoterapia breve que em fases sucessivas esclareça as possibilidades que terapeuta e paciente têm para chegar a propor um trabalho nesta técnica psicoterápica (Fiorini, 1978). 
Considero que a entrevista inicial é igual a qualquer outra entrevista inicial para planejar um trabalho psicoterapêutico qualquer. Hierarquizo o conhecimento desta técnica e suas possibilidades por parte do psicoterapeuta, pois além do já anotado isso lhe permitirá ir fazendo sínteses diagnósticas à medida que a entrevista se desenvolva. 
Assim sendo, basicamente terá de avaliar a capacidade egoica, as estruturas mais ou menos patológicas e mais ou menos rígidas, os mecanismos de defesa utilizados no momento da entrevista e os potenciais do entrevistado, sua capacidade intelectual, de simbolização e abstração, assim como seu concretismo e limitações totais ou, em certas áreas do comportamento, sua tonalidade afetiva e a carga afetiva manifesta diante de determinados assuntos e os problemas apresentados. 
É óbvio que nesta entrevista inicial não pode faltar a identificação do paciente, ou seja, nome, idade, sexo, ocupação, condições familiares, socioeconômicas, moradia, emprego (ou desemprego), estrutura familiar e estado de saúde em geral. 
Um aspecto fundamental a ser determinado é a "modalidade relacional" do paciente, ou seja, sua forma básica de comportamento e relacionamento com o terapeuta, que se estabelece no uso que faz de seus mecanismos de defesa (obsessivos, fóbicos, histéricos, paranoides, esquizoides etc.). 
Estes mecanismos não dependem necessariamente de sua estrutura psicológica básica, podendo ou não concordar com a "modalidade relacional". Mas será esta última que determinará como o terapeuta se relacionará melhor com quem o consulte. 
Assim, por exemplo, uma pessoa com marcadas estruturas esquizoides pode relacionar-se "obsessivamente".O problema, aqui, não é começar a questionar a sua "esquizoidia", mas estabelecer um relacionamento respeitando as minúcias do relato, o controle da situação, a afetividade restringida pela angústia etc. Outra pessoa com núcleos psicóticos poderá, por exemplo, apresentar-se com uma modalidade relacional fóbica. Neste caso a conduta será respeitar a distância útil que o próprio paciente coloca, evitar intromissões rápidas, assim como contatos ou aproximações afetivas (que poderiam ser úteis naqueles que apresentam modalidades relacionais histéricas). 
Deverão então registrar-se as manifestações transferenciais, que ajudam a compreender os problemas apresentados, e as contratransferenciais, que além do mais ajudam a pensar também sobre as possibilidades que o psicoterapeuta tem de oferecer um ou outro tipo de tratamento psicológico (e/ou farmacológico ou de qualquer outro tipo). 
Considero que o esquema de entrevista proposto por Bleger pode servir de modelo geral (Bleger, 1980), ao que se podem acrescentar as ideias de Behr (1983), Braier (1981), Fiorini (1978) e outros. 
Não se pode nem se deve evitar a história clínico-social, assim como a do desenvolvimento. Avaliar os aspectos resistenciais é de primeiríssima ordem, tanto como a "disponibilidade" para uma terapia, ou seja, a motivação real que o próprio paciente possa ter para procurar este tipo de ajuda. É importante lembrar que, trabalhando com um critério psicanalítico, se deve considerar a existência de um motivo manifesto de consulta e, logicamente, de um motivo latente de consulta. É este último que o terapeuta tem de detectar, para não ficar depois tratando de uma "queixa", de um pseudofoco, e sim para discriminar e selecionar os conflitos que solicitem um esclarecimento (e conscientização) mais premente. 
Além disso, a "entrevista inicial" não é só uma sessão, um único encontro. Pode até ser, mas também pode exigir várias sessões. A entrevista inicial é todo um processo de encontro, conhecimento diagnóstico, vivências transferenciais e contratransferenciais. É um momento tão inefável (indizível, indescritível, encantador) e emocionalmente corretivo (ou não), que pode determinar o futuro da vida de uma pessoa. 
Quando me perguntam qual é o objetivo da primeira entrevista (cronologicamente falando), respondo como o fazia meu velho mestre nos meus anos de residência em Psiquiatria, o Dr. George Lytton: "O principal objetivo de uma primeira entrevista é obter uma segunda entrevista". O que me parece recomendável, porque demonstra capacidade empática e disposição terapêutica. 
Alguns autores afirmam que ao finalizar a entrevista deve efetuar-se a "devolução do material". Creio que o que se deve fazer é uma honesta e compreensiva avaliação da entrevista, para formular um diagnóstico e, assim, poder fazer uma proposta terapêutica. Sou contrário ao conceito de "devolução" porque implica que o terapeuta tirou algo de seu consultante, o que não é verdade. O respeito pelo trabalho terapêutico exige uma intimidade e uma confiança, que obrigam a um compartilhar de situações presentes e passadas do paciente com quem talvez possa ajudá-lo. 
O terapeuta, por sua vez, utiliza uma técnica, uma metodologia de trabalho que exige o conhecimento e, até, a familiarização com a história e a vida de quem o consulta. Não tira nada, apenas dá, dá conhecimento e experiências que tratam de beneficiar o paciente. Isto lhe permite, com liberdade e sem culpa, formular a proposta terapêutica que considera mais adequada. 
Discutir e esclarecer para o paciente essa proposta terapêutica é necessário, como um intercâmbio adulto de ideias e possibilidades fundamentalmente unidirecionais: a melhora, o bem-estar do consultante. Isso sim é o que pode levar então a formular um projeto de "contrato" terapêutico. 
9.1.2. O contrato terapêutico em Psicoterapia Breve 
Uma das maiores dificuldades em psicoterapia em geral, e em psicoterapia breve, em especial, é estabelecer o que se denomina "contrato" psicoterapêutico. 
M. Masud R. Khan refere-se muito ao que chamou "moldura" (frame), que na realidade é o setting ou enquadre a que já me referi. Mas na descrição clínica que apresenta, indica que naquilo que denomina a "primeira fase" do tratamento houve um acordo, que omite para entrar nos detalhes da terapia analítica (Khan, 1977). 
Isto é possível de se observar em muitos textos de técnica psicanalítica e psicoterapêutica.
 Parece difícil explicar como se estabelece esse convênio entre uma pessoa que procura ser ajudada e o profissional que pode oferecer essa ajuda. 
Quando se escutam algumas polêmicas sobre o valor terapêutico da psicanálise, da psicoterapia em geral ou, ainda mais, afirmações de que esta metodologia não é terapêutica e sim uma profunda investigação da personalidade, me pergunto se estes "analistas" dizem às pessoas que os procuram: "Bem, agora vamos iniciar uma investigação de sua personalidade. Você virá aqui três ou quatro vezes por semana, e juntos faremos uma pesquisa". Será que um sujeito angustiado, ansioso, com perturbações penosas em seu modo de vida aceita esta proposta?, aliás acrescida de honorários por tempo indeterminado. Ou será que esta é mais uma posição ilusória, para escrever sobre psicanálise, que é uma realidade clínica? 
Karl A. Menninger e Philip S. Holíman dedicam um extenso capítulo ao tema do contrato em psicanálise. Consideram que psicanálise e psicoterapia são transacionais e contratuais. Alguém procura ajuda e outra pessoa a oferece, dentro de um contexto (enquadre) e em determinadas condições, que são compartilhadas e aceitas por ambas as partes. 
Segundo o cuidadosamente estudado por outros autores, um paciente procura um contato com um terapeuta (é o que denomino transferência antecipatória), para ser examinado, avaliado, para que lhe seja formulado um diagnóstico (no mínimo uma hipótese diagnóstica), para obter informações sobre o que lhe acontece, para ser aconselhado sobre que tratamento ou orientação seguir, quando isto é possível. 
Os citados autores dizem ter sido criticados por usar uma terminologia jurídica (Menninger e Holzman, 1979). 
Na realidade, trata-se de um pacto, um convênio onde terapeuta e paciente concordam com o que vão fazer, onde ambos assumem compromissos que ficam explícitos e onde fundamentalmente não deve haver engano. Quando falamos de "diagnóstico", é claro que não queremos dizer que o terapeuta tem que recorrer ao manual de classificações de doenças, mas sim deve falar francamente ao paciente de seus conflitos e de suas perturbações e do porquê da necessidade de um tratamento e das medidas terapêuticas propostas: Existe um trabalho de duas pessoas, mas unidirecional: melhorar o paciente. Ambos devem estabelecer as regras em que este processo se poderá desenvolver. 
Fiorini também se ocupa do tema e é na entrevista inicial que fala de acordos específicos desta relação terapêutica ou contrato. Concorda em que se deve falar do que é uma psicoterapia, de quais são os papéis a serem desempenhados pelo terapeuta e o paciente e o que se espera que cada um faça, da necessidade de antecipar resistências e de uma formulação realista do que se espera de uma psicoterapia de pouca duração, na qual, se não se resolvem os problemas, ajudar-se-á o paciente a entendê-los melhor e a enfrentá-los com maior capacidade (Fiorini, 1978). 
Eduardo Alberto Braier faz algumas observações altamente significativas sobre este aspecto da psicoterapia breve. Este autor diz que é conveniente que o paciente possa entender o papel do psicoterapeuta, antes de iniciar o tratamento proposto. Nesse sentido, convém explicar em linguagem simples o significado e o propósito de uma "interpretação"; propor duração, horários, método de relacionamento (cara a cara), linguagem, férias, honorários, data de finalização, feriados e tudo o que se refere ao enquadre (Braier, 1981).
 Lia Fátima Cristovão, num trabalho relativo ao contrato em psicoterapia com adolescentes, resume muito bem o conceito de contrato como toda uma fasepreliminar do processo terapêutico que abrange desde o reconhecimento mútuo terapeuta-paciente até o estabelecimento das regras básicas que orientarão a terapia (Cristovão, 1981). 
Do meu ponto de vista, uma vez decidida a proposta de psicoterapia breve, e aceita pelo paciente, deve-se formalizar a relação contratual que dará os limites mais precisos do enquadre psicoterapêutico e o colocará dentro de uma realidade operativa. 
1. Explicação da função e objetivos terapêuticos. Seguramente vão repetir-se conceitos já colocados e discutidos na entrevista, mas desta vez em forma de convênio, de aceitação compartilhada. 
2. Os objetivos terapêuticos serão explicitados como limitados, em comparação a fantasias mais ou menos mágicas pré-tratamento, e dever-se-á esclarecer que se procurará ajudar o paciente a entender (também é ajuda), a aliviar e a lidar melhor consigo mesmo e com o mundo que o rodeia. 
3. Não se ocultará do paciente a sua condição nem os conflitos que levam a desajustes, angústias, inadaptações autodestrutivas ou auto-punitivas. 
4. Esclarecer-se-á que também é provável que o que surja desta proposta terapêutica pode eventualmente levar a procurar outra técnica psicoterapêutica, ou médica, ou talvez levar a um alívio ou melhoria definitiva ou de duração imprevisível. Quer dizer, evitar-se-á dar à psicoterapia uma característica mágica ou sugestiva (apesar de que isto possa ocorrer sem que o terapeuta se proponha fazê-lo). 
5. Estabelecer-se-ão os horários, dias de tratamento, feriados (com substituição ou não das sessões perdidas). Não creio que convenha iniciar uma psicoterapia breve frente à possibilidade de férias porque isto desvirtuaria o processo proposto. 
6. Enfatizar-se-á a norma do sigilo profissional e se exigirá o mesmo do paciente, para não retardar a terapia com interferências de opiniões de terceiros. Esclareça-se que o uso de termos vulgares poderá ser necessário para enfatizar ou descrever melhor uma situação e que manter o sigilo do tratamento permitirá já uma maior liberdade na comunicação (que em si mesma é um objetivo terapêutico geral. 
7. Solicitar-se-á a confiança mais absoluta e o relato de tudo sem restrições (ou seja, a associação livre), nem seleções do que é ou pode ser importante ou não. O relato sem restrições refere-se a fatos, sentimentos, fantasias, imaginações e sonhos. 
8. Esclarecer-se-á que as sessões se farão face a face (mais uma medida para evitar regressões). 
9. Estabelecer-se-ão os honorários de acordo com as circunstâncias nas quais se dá o "enquadre", as possibilidades do paciente dentro desse "enquadre" e a situação do terapeuta também dentro desse "enquadre". 
10. Estabelecer-se-á o tempo de duração de cada sessão e o número de sessões que serão realizadas.
9.1.3. Algumas considerações sobre honorários, tempo de sessão e duração da Psicoterapia Breve 
O problema dos honorários em psicoterapia é geralmente omitido. Somente os autores citados e alguns outros o mencionam. Lawrence S. Kubie é um autor que dedica um capítulo especial de um de seus livros ao tema. 
Disse este autor que, tanto por razões práticas como psicológicas, uma discussão franca e aberta com relação a finanças é necessária quando se planeja uma análise (Kubie, 1966). 
Em Psicoterapia Breve acontece o mesmo. Em nossa sociedade capitalista, o problema econômico atinge a todos. Frisei o "enquadre" ao falar dos honorários, porque não é a mesma coisa um tratamento em consultório particular, numa entidade pública ou de bem público, num hospital particular ou estadual etc. 
O profissional que trabalha em instituições hospitalares ou universidades tem um salário e esse é seu honorário. O paciente, mesmo indigente, sabe que paga a seu terapeuta através da instituição, e muitas vezes até paga mais do que realmente pode, se incluímos (como se deve fazer) seus gastos de transporte e suas horas perdidas de trabalho. Falar de "desvalorização da terapia" como algo absoluto é desconhecer a nossa realidade. 
Muitas vezes valoriza, e paga muito, o pobre, o desempregado, o socialmente desfavorecido. E o terapeuta, nesse "enquadre", é que tem que valorizar o esforço do paciente para aliviar sua angústia, para adequar sua conduta a uma luta desigual contra a injustiça, para poder seguir amando num mundo que o despreza. 
O terapeuta deve valorizar quanto esse paciente lhe ensina. Por isso não aceito um terapeuta só de elite, só de divã. Creio que esse terapeuta se marginaliza do real, e por isso muitas vezes teoriza com o imaginário e se refugia em neologismos pseudo-epistemológicos, que masturbatoriamente lhe permitem evitar uma vivência Contratransferencial culposa, e sem dúvida até terá que negar a existência do fenômeno contratransferencial. 
Em seu consultório de profissional liberal, este se acomoda à sociedade capitalista e estabelece seus honorários dentro de sua auto-valorização e das possibilidades do mercado. Como a psicoterapia breve só pode ser oferecida a quem precisa de ajuda, e não dá poder, aqui o terapeuta perde autoridade (o autoritarismo econômico) e se ajusta às possibilidades dos pacientes que solicitam sua ajuda e do que estima que compensa seu esforço, estudo, formação, conhecimento, capacidade e necessidades de vida. 
O profissional liberal (verdadeira espécie em extinção) deveria saber que já ninguém enriquece com o exercício honesto de uma profissão. Por enquanto poderá manter-se dentro de uma classe média ou média baixa, oscilando para um proletariado profissional. 
Se sua posição é outra, seus próprios conhecimentos a respeito de si mesmo deveriam orientá-los para outros caminhos, onde a indústria, o comércio, a exploração da terra (e do homem dentro dela) lhe permitirão optar por continuar seu ascenso em nosso sistema social, isto se a escada não se romper antes ... Além disso, deverá respeitar sempre o paciente e saber que deve contribuir e ajudar, mesmo fora de suas normas econômicas, a quem dentro de nosso complicado sistema de vida permanece marginalizado da "beneficência" e também das possibilidades de uma economia de mercado na qual se pode encontrar o terapeuta. 
Como sempre são os pacientes os que mais e melhor ensinam, e aí teremos nossa compensação, bem maior do que aquela que recebemos em nossa intimidade ao nos sentirmos úteis. 
No consultório privado, e com os clientes de consultório privado, as faltas são cobradas. Logicamente não as motivadas por força maior, como um acidente, a perda do transporte, uma doença ou algum sucesso fatual inesperado e totalmente alheio aos conflitos do paciente. 
Se a inflação desvaloriza nosso poder aquisitivo, aumentarão os honorários do consultório. Mas não de forma mercantil, e sim dentro de uma realidade que permita continuar o tratamento. Neste sistema sócio-político, terapeuta e paciente vão empobrecendo e descendo em nossa fictícia escala social. Pretender elevar os honorários de acordo com os índices das transações econômicas é uma forma de punir impositivamente quem necessita de ajuda. 
Surge um novo tipo de imposto, o "imposto à saúde perdida". É exigir que se pague mais, muito mais, por estar perturbado numa sociedade perturbada e alienígena. Em certos casos, o terapeuta, alienado em seu narcisismo, acredita poder desvincular-se de uma sociedade que se desmorona, e continuará inventando palavras, hipóteses e teorias, escrevendo e dando conferências sobre o ilusório e os co-determinantes que deveriam ser decodificados numa integração ascendente da sociedade perturbadora... 
Lawrence S. Kubie preocupava-se se o número de sessões poderia surgir mais da necessidade do tratamento, do desejo do terapeuta de querer ganhar mais dinheiro, apesar de recomendar fazer um tratamento psicanalítico com o maior número de sessões possíveis e aceitando o conceito freudiano da "análise interminável" (Kubie, 1966). 
Em psicoterapia breve, como já citei, é necessário, e repito insistentemente, que o psicoterapeuta se compenetre da "Teoria da Técnica" desta modalidade psicoterapêutica, já que, se a mesma não seincorpora egossintonicamente ao terapeuta, mal poderá este utilizá-la adequadamente, e um jogo transferencial-contratransferencial resistencial levará à pseudo demonstração da ineficácia do procedimento. Repito que de acordo com o exposto acima, sim, é possível ajudar, melhorar, aliviar e às vezes eliminar sintomas ou condutas perturbadoras, e que é possível fazê-lo num tempo limitado, sendo que também os objetivos são mais limitados, se se emprega, de acordo com a proposta aqui exposta, uma técnica não-regressiva, para evitar precisamente a neurose de transferência, que é a que obriga a uma técnica prolongada, de um reviver emocional da história psicoevolutiva no enquadre terapêutico. 
Portanto um problema significativo é o de duração ou tempo de sessão. Por tradição, ou sometimento (submissão) a um superego psicanalítico, ficamos presos à "hora de cinquenta minutos" psicanalítica, sem entender que não é necessário procurar explicações para esse lapso, nada mais que uma decisão pragmática, humana, uma necessidade de intervalo entre um paciente e outro para mil coisas que qualquer pessoa, inclusive um psicanalista, pode necessitar fazer no decorrer de várias horas de trabalho. 
Precisam de alguns minutos para responder a um chamado telefônico, para marcar um encontro, para realizar as óbvias necessidades fisiológicas que nossa estrutura biológica impõe, para descansar e clarificar alguns pensamentos, para se religar com o cotidiano, o próprio lar, a família ou o estudo. Por que 50 minutos e não 55 ou 45? ... 
A atividade do psicoterapeuta e a dinâmica ativa e participante da psicoterapia breve exigem redimensionar a duração do processo psicoterapêutico e claridade nos limites propostos e nas possibilidades e necessidades da modalidade elaborativa que se pretende obter. Deve-se evitar a tentação contratransferencial de esclarecer "um pouco mais" algum assunto, ou entrar, às vezes, numa transferência que o paciente trata de forçar por seus conteúdos infantis a serviço da resistência. 
Um trabalhador em conflitos repetitivos com seu superior (figura paterna inconfundível, segundo o relato do paciente) aceita uma psicoterapia breve e consegue mostrar sua capacidade egoica através de mecanismos histéricos que o fazem aparecer como um bom companheiro, um sujeito simpático embora insatisfeito, que demonstra uma tendência a "se apaixonar" por pouco tempo e uma queixa permanente contra figuras de autoridade (segundo sua percepção), que o levaram às vezes a somatizar com queixas estomacais, inapetência, e mau hálito. 
Na segunda sessão parece entender seu conflito com a "autoridade" e diz que procurará o sindicato para se queixar. Mostra-se-lhe que agora procura seus irmãos para lutarem juntos, e ri, dizendo: "Bem... eu sei que alguns companheiros pensam que Fulano (seu chefe) é um cara legal ... mas o que posso fazer? Você nisso não vai me ajudar... Me diga, me diga você, que posso fazer? Será que tenho que resolver isto na porrada e acabar com este problema?" A riqueza transferencial é enorme e a provocação para assumir um papel parental diretivo e de apoio é grande. O pai tinha sido severo, embora protetor. Irritava-lhe como tratava a seus irmãos e a ele sem discriminações, quando sentia que ele estava com a razão numa discussão. 
Ficava bravo e conseguia mais atenções de sua mãe, pois não queria comer (não aceitava a figura paterna frustradora e se protegia na imagem de um seio bom imaginário, em uma regressão narcisista que "obrigava" a mãe a intervir para acalmá-lo, ou seja, forçava uma relação transferencial com sua própria mãe a níveis mais regressivos). 
Com isso toda a situação familiar se alterava e depois o paciente sentia culpa e então "doía seu estômago de verdade". Contratransferencialmente o terapeuta sentia necessidade de intervir, seja como pai ou seja como mãe. Uma fantasia de interpretação foi: "Com briga nada se resolve". Mas aqui o terapeuta assumiria o papel de pai conciliador, e esta seria uma interpretação pseudonão-transferencial, visto que a transferência era óbvia. 
O desafio ao terapeuta que não ia ajudá-lo quase exigia um mostrar que podia ajudá-lo ... A chantagem da ameaça de uma atuação-briga também poderia levar a interpretar uma transferência negativa de brigar com o terapeuta. Esta é a situação que chamo de transferência forçada. Aí a interpretação formulada foi: "Quando sente que não consegue o que quer, não consegue engolir a raiva e quer brigar com todo mundo. São suas velhas brigas de muitos anos contra todos e contra tudo, e também contra você. Não consegue ver outra forma de resolver a raiva de não conseguir o que quer". A interpretação diluiu a transferência a "todos e tudo", a regressão não foi interpretada no nível transferencial, mas foi utilizada para mostrar as "velhas brigas de muitos anos" e o "não conseguir engolir a raiva". 
Procura-se uma elaboração cognitiva e uma mutação dos objetos primários rígidos e sobreprotetores ao mesmo tempo para objetos reais de sua história atual e "ver outra forma de resolver a raiva". 
Aqui o paciente ficou silencioso, calmo, pensativo. "Eu sei que o problema é meu. Se estivesse mais atento ao que faço, não teria problemas. Afinal, fulano é quem dirige esse setor, na realidade não manda nada... que besteira querer ir ao sindicato ... como dariam risada! Continuou pensativo e em silêncio, dizendo, como surpreso, e repetidas vezes: "Que coisa!... Que coisa!" Tinham passado 25 minutos de sessão de uma psicoterapia que se havia combinado seria de "aproximadamente" 40 minutos por sessão, e de 10 sessões, uma por semana. 
O paciente teve uma evolução favorável, já que surgiram mecanismos obsessivos mais úteis que os histéricos (já anunciados quando disse que "se estivesse mais atento ao que faço... "), não teve conflitos no trabalho e melhorou sua vida afetiva (conteúdo real e latente do seu motivo de consulta) ao se unir a uma companheira de trabalho, com a qual também começou a assistir às reuniões do sindicato, num projeto de vida mais adulto e criativo. 
A sessão parou aos 25 minutos, em comum acordo, pois era evidente que se tinha chegado a um ponto elaborativo significativo. A continuação forçada da sessão poderia também entender-se como um sometimento à transferência forçada. Nesse momento, só nesse momento, não valia a pena continuar. Pode-se argumentar que haveria muitos outros temas que poderiam surgir, que poderia interpretar-se o silêncio como resistencial ou que se restringiam possibilidades terapêuticas. 
Na posição proposta, o silêncio não era resistencial e sim elaborativo, já que se tocaram vários pontos conflitivos (essa é uma diferença entre psicoterapia breve e psicoterapia focal); abandona-se o conteúdo manifesto para tocar o latente (que depois apareceu com mais claridade em outras sessões e se permitiu a releitura de sua história e não o revivê-la na sessão). 
Realmente pareceu conveniente parar nesse momento. I
sto é que permite dizer que o tempo da sessão está determinado pelo seu conteúdo e pela vivência transferencial-contratransferencial do processo terapêutico. Tem de estar determinado previamente, mas com flexibilidade. Por isto se falou que duraria "aproximadamente" 40 minutos. O terapeuta tem de se permitir minutos a mais ou a menos. O processo, repito uma vez mais, é dinâmico, ativo, ambos participam e ambos "sabem" quando convém parar. 
Se o paciente, pela sua estrutura, patologia etc., é mais voraz, aí o terapeuta faz uma intervenção colocando um limite útil, que obriga a utilização de outros ou novos mecanismos de defesa, já que frente à frustração do limite temporal esse tipo de paciente tem a oportunidade de dirigir-se de forma diferente (não é nem melhor nem pior) e assim verificar como funciona para ele essa diferença operativa e relacional. Neste sentido, cada terapeuta vai fazendo sua experiência própria e pessoal e vai testando como trabalha melhor, com quanto tempo se sente mais confortável dentro de um esquema claro e definido de psicoterapia de tempo e objetivos limitados.Quem se inicia nesta técnica, geralmente acha "arbitrário" o tempo', menor de sessão (e, como depois se verá, o tempo limitado do processo terapêutico). Aconselho repensar sobre a "arbitrariedade" dos cinquenta minutos — que já tem internalizados — e por que não uma hora ou uma hora e meia de sessão (que sem dúvida poderia também considerar-se e, de fato, pessoalmente considero). 
Já disse que o "enquadre" está basicamente formado por paciente e terapeuta. Ambos vão participar de uma experiência que, mesmo tendo uma proposição unidirecional, a do consultante, não deixa de envolver os dois protagonistas. Cada terapeuta deverá conseguir configurar o que será seu tempo operacional dentro do enquadre disponível, desta psicoterapia não-regressiva, de tempo e objetivos limitados. Este tempo operacional deve necessariamente se encaixar dentro do enquadre disponível, e poderá ser de 20, 30, 40 minutos, segundo o terapeuta, o paciente e as circunstâncias do encontro de ambos. 
O importante é que o psicoterapeuta elabore esse tempo operacional, porque isto é o que lhe permitirá regular e adequar suas intervenções dentro deste propósito terapêutico. O maior e mais significativo alarme contratransferencial — no sentido de Menninger e Holzman — é o de sentira necessidade de prolongar as sessões. Na maioria das vezes, trata-se do sometimento ao superego analítico, ou talvez poderá dizer-se que psicanaliticamente falando tratar-se-ia de uma contraidentificação projetiva com o objeto psicanalista pessoal introjetado, seguindo ideias de León Grinberg (1963). 
Penso que se trata de uma verdadeira e estrita resistência do terapeuta a usar seu conhecimento analítico, renunciando circunstancialmente à técnica que permitiu sua própria evolução pessoal e profissional, e a utilizar um modelo novo, mais econômico em todo sentido, e profundamente invejado. 
Quanto ao número de sessões, o fenômeno é semelhante. É difícil estabelecer qual é o número adequado de sessões a programar numa psicoterapia de tempo e objetivos limitados. Novamente devo manifestar que o importante é que o psicoterapeuta possa entender esta proposta terapêutica e fazê-la sua. 
Uma vez escutei um comentário que me levou a pensar no que estávamos fazendo. Um conhecido psicanalista e psicoterapeuta norte-americano, que nos estava visitando, perguntou a um colega, que se referia a uma "psicoterapia breve", quanto tempo tinha dedicado a esse tratamento, ao que nosso colega respondeu: "Quatro meses". O visitante respondeu, por sua vez, "Quatro meses é muito tempo!", e acrescentou: "Você está falando de uma `psicoterapia analítica' ou algo semelhante!" Outra vez o relativismo do conceito do temporal. 
Creio que para situar melhor nossa proposta devo dizer que cada psicoterapeuta estabelece seu critério de duração de uma psicoterapia de tempo e objetivos limitados. O número de sessões é aparentemente arbitrário, mas uma vez determinado responde a uma perfeita adaptação do psicoterapeuta a seu método e sempre dentro do enquadre disponível. Se uma pessoa com determinados conflitos procura um psicoterapeuta dizendo que somente poderá ficar para tratar de seus problemas durante uma semana, pois o lugar de residência está a 1000 km de distância (e este é um elemento em nosso conceito de diagnóstico holístico), fazendo-se uma adequada avaliação das necessidades do paciente e do que se pode fazer por ele, a relação terapêutica não poderá ser maior do que o tempo disponível. 
O mesmo ocorre em situações mais prementes, como uma consulta pré-parto, com um nascimento previsto para dentro de quinze dias. 
Há dois pontos básicos em nossa proposta: 1) o tempo de psicoterapia está determinado por um tempo interno do terapeuta no que considera poder abranger, mesmo limitadamente, aspectos conflitivos e ajudar a entendê-los e se possível resolvê-los, mesmo que seja parcialmente. Isto se consegue com a experiência e a familiarização do método; e 2) a disponibilidade de tempo do paciente, sempre que sua patologia não leve a distorções exageradas ou considerações estruturais patológicas, e sua estrutura de personalidade, sua modalidade relacional, seu nível intelectual, os mecanismos de defesa que utiliza e de que dispõe permitam adequar o tempo e o número de sessões a uma finalidade terapêutica de objetivos limitados. 
Considero útil que o psicoterapeuta, imbuído desta filosofia terapêutica, fixe interna e externamente o número de sessões e a frequência das mesmas, dentro do conceito de duração de cada sessão acima indicado. Isto facilitará seu trabalho terapêutico num lapso preestabelecido e inconscientemente poderá adequar sua participação de acordo com seu projeto de trabalho terapêutico efetivo. Serão 10, 12, 16 ou 20 sessões, cada sessão uma ou duas vezes por semana. Mas seu "relógio interno" funcionará marcando uma temporalidade operacional que deverá ser eficaz de acordo com sua experiência.
 Quando iniciamos nossas experiências neste campo com o Dr. Jaime Szpilka, sempre surgia a mesma dúvida: este número de sessões é suficiente? Comprovei através de muitos anos de experiência como isto se repetia. Minha proposta era fazer 10 sessões de meia hora, duas sessões por semana. Alguns dos colaboradores apareciam no 10° dia dizendo: "Não acha que seria melhor fazer 12 sessões?" Quando a proposta era: "12 sessões de quarenta minutos, sendo 1 ou 2 sessões por semana", a pergunta que voltava era: "Não creio que seja suficiente, o que você acha de fazermos 16 sessões, duas sessões por semana?" Quando eu perguntava por que, surgia a confusão e a dúvida, as respostas dos iniciantes psicoterapeutas eram realmente significativas: "Bem, veja, 16 sessões, duas vezes por semana, são só dois meses... um número redondo... e breve", ou "Se fazemos 16 sessões, uma por semana, darão quatro meses, e isso daria para avaliar se este tipo de terapia resulta eficaz ou o paciente deve em realidade fazer uma psicoterapia psicanalítica!"... 
A resistência era óbvia. Sempre aparecia o bom da psicanálise frente ao precário da psicoterapia breve. Se a proposta era 10, aparecia o 12, se 12, o 16. Pareciam jogos cabalísticos dentro da mais pura tradição biográfica freudiana. Explicávamos o fenômeno, tínhamos grupos de discussão, grupos operativos e prolongadas discussões pessoais. É difícil aceitar que se possa ajudar alguém em pouco tempo quando a gente passou extensas e custosas sessões em um ou vários divãs por anos... e ainda existem, para resolver, conflitos ou condutas que se acreditavam superadas ou entendidas. 
Os resultados foram gratificantes, já que cada dia que passa aumenta o número de psicoterapeutas dispostos a ajudar, mesmo que seja limitadamente, a quem procura ajuda. Cria-se assim um esquema terapêutico estritamente pessoal, verdadeiramente egossintônico e de acordo com a proposta de uma psicoterapia de tempo e objetivos limitados, renunciando a curas onipotentes e vacinações imperecíveis contra a angústia e novos conflitos, que sem dúvida reativarão os mais antigos, parcialmente resolvidos, ou melhor, reprimidos e clivados dentro da estrutura da personalidade. 
Sejam 10, 12, 14, ou 16 sessões, uma ou duas vezes por semana, ou seja, se criará um tempo terapêutico adequado, que utilizará um tempo Operacional por sessão, dentro de uma realidade que determina um verdadeiro enquadre disponível. O tempo terapêutico adequado dependerá da patologia, da estrutura de personalidade, dos conflitos manifestos e latentes, dos mecanismos de defesa utilizados e utilizáveis, da realidade existencial do paciente (ser sociológico, familiar, político-econômico e geográfico), da realidade biológica e física circunstancial e dos conhecimentos, experiência e disponibilidade terapêutica de quem resolve assumir o modesto, e ao mesmo tempo transcendental papel de assistente, de ajudante, do semelhante que acode, humilde ou de forma altiva, a pedir ou exigir ajuda. Mas sempre consciente de que a psicoterapia será de tempo e objetivos limitados. 
9.2. Seleção de pacientes para uma psicoterapia detempo e objetivos limitados 
Estabelecer critérios rígidos para selecionar os pacientes que se beneficiariam do tipo de psicoterapia que estamos propondo seria contrário ao propósito e à ideologia desta abordagem terapêutica. Em termos gerais, cabe dizer que praticamente toda pessoa que precisa de ajuda poderia ser tratada com esta aproximação psicoterapêutica, porquanto participam de forma entrelaçada fatores de caráter muito diverso. 
Em primeiro lugar, sendo os objetivos "limitados", dependerá do próprio caso clínico e do psicoterapeuta poder estabelecer esses objetivos. O fator tempo pode depender de variáveis que vão desde a emergência psiquiátrica ou psicológica até a limitação natural da situação, como uma psicoterapia pré-parto ou pré-cirúrgica, ou mesmo do fator geográfico (quanto tempo pode uma pessoa permanecer longe de sua família, lugar de trabalho e de vida). 
Maria Alice S.B. de Azevedo (1980) faz uma minuciosa revisão dos critérios usados por diversos autores, como Wolberg, Malan, Sifneos, Fiorini, e ressalta o critério de Fiorini, segundo o qual, tendo a psicoterapia breve um final aberto, as possibilidades de outra psicoterapia são sempre possíveis. 
Sifneos (1972-79) tem um critério de psicoterapia breve que se baseia na necessidade (e capacidade) de mobilizar ansiedade, para que surjam os conflitos reprimidos mais rapidamente acessíveis. Para este autor, o fundamental, e que deve ser detectado na primeira entrevista, é um problema neurótico circunscrito. Os outros critérios são: 1) inteligência acima do normal; 2) pelo menos ter tido uma relação significativa com outra pessoa durante sua vida; 3) uma crise emocional; 4) capacidade para interatuar bem com o terapeuta-entrevistador e expressar sentimentos; 5) motivação para um trabalho duro durante o tratamento; e 6) uma queixa principal específica. 
Se o paciente apresenta pelo menos três destes requisitos, uma segunda entrevista é realizada. Em matéria de "motivação", Sifneos considera que a mesma está presente se se observa: 1) capacidade para reconhecer que os sintomas são de natureza psicológica; 2) tendência a introspecção e capacidade para relatar em forma honesta e confiável suas dificuldades emocionais; 3) desejos de participar ativamente na situação terapêutica; 4) curiosidade e desejo de conhecer a si mesmo; 5) expectativas realistas a respeito dos resultados da psicoterapia; 6) desejos de mudar, pesquisar, experimentar; e 7) desejos de fazer sacrifícios razoáveis em termos de honorários e tempo. 
Malan (1963-79), que estuda a "psicoterapia focal" com critérios metodológicos e finalidade de pesquisa, refere-se a duas hipóteses de seleção, uma estática ou hipótese A , que se pode decompor em cinco fatores ou critérios: 1) psicopatologia leve e circunscrita (que em termos psicanalíticos significa problemas de nível genital, triangulares ou edípicos, antes que de nível oral, bipessoais, primitivos, ou profundamente depressivos); 2) personalidade básica sadia; 3) história de relações pessoais satisfatórias; 4) começo recente; e 5) momento propício. 
A hipótese B, ou dinâmica, abrangeria os seguintes critérios ou fatores: 1) alta motivação para a terapia; 2) bom contato com o entrevistador e pelo menos alguma resposta à interpretação. 
Estes critérios, na investigação posterior de Malan, modificam-se da seguinte maneira: 1) motivação para obter insight; 2) forma de cooperação; 3) contato ou resposta à interpretação; e 4) capacidade de encontrar um foco. De acordo com estes estudos o fator motivacional pareceria o mais expressivo. 
Para Héctor J. Fiorini (1978), um paciente estaria "bem motivado" para iniciar o que denomina uma "psicoterapia breve de esclarecimento" quando fosse possível determinar que possui: 1) reconhecimento do caráter psicológico de suas perturbações; 2) capacidade de introspecção que lhe permita transmitir honestamente o que possa reconhecer de si mesmo; 3) o desejo de se compreender e uma atitude de participação ativa na procura; 4) disposição para experimentar, tentar mudanças; 5) esperança de que o tratamento alcance resultados. Assim, os pacientes que mais se beneficiariam desta psicoterapia seriam os que apresentam situações de crises ou descompensações, situações de mudanças, como as mudanças no processo evolutivo (adolescência, matrimônio, menopausa, aposentadoria), os transtornos de natureza reativa em pessoas que previamente apresentavam um aceitável nível de adaptação e os distúrbios de intensidade leve ou moderada que não justificariam um tratamento excessivamente prolongado (como uma neurose incipiente ou o início de uma perturbação psicossomática). Acrescenta que podem também se beneficiar aqueles que a procurem como tratamento preparatório-pré-psicanalítico (fronteiriços e psicóticos). 
James Paul Gustafson (1984) é partidário de uma espécie de "tratamento de prova" no qual verificará os requisitos propostos por Malan, Sifneos e outros autores. Outros critérios que tem este pesquisador são: a) saber se o paciente teve capacidade para continuar seu caminho nos piores momentos de sua vida; e b) se teve experiências e capacidades para um relacionamento profundo de dar e receber com outras pessoas. 
Como se pode ver, tantos são os requisitos que ficariam pouquíssimos pacientes suscetíveis de se beneficiarem com uma psicoterapia breve. Como muito bem assinala Judd Marmor, todos teriam como paciente ideal alguém a quem se poderia chamar de JAVIR, ou seja, uma pessoa Jovem, Ativa, Verbal, Inteligente e Realizada. Mas estas são pessoas que se dariam muito bem com qualquer tipo de psicoterapia, diz este autor (Marmor, 1983). 
Ao que acrescentaria que esta pessoa dificilmente buscaria ou necessitaria de uma psicoterapia de qualquer natureza. Quanto ao proposto por Sifneos, eu o colocaria mais como requisitos para ser um psicoterapeuta. O ser terapeuta supõe ter uma inteligência acima do normal, para julgar que o paciente está pelo menos à sua altura? Se o paciente está tão motivado, será que não encontrará sozinho seu caminho ...? Surgem milhares de perguntas a estes múltiplos requisitos aqui apontados, para mostrar o que considero uma verdadeira resistência à Psicoterapia Breve, já que, colocados nessas situações tão ideais, só trataríamos dos JAVIR que existem por aí, e que lamentavelmente não buscam ajuda. 
Por outro lado está o fenômeno resistencial, que pode levar um paciente a não querer fazer "certos sacrifícios", nem a "trabalhar duro", nem pensar que seus problemas são basicamente psicológicos. Existem fenômenos transferenciais negativos que devem ser considerados como dificuldades para um psicoterapeuta em geral e para uma psicoterapia breve em particular. Há estruturas profundamente alteradas que somente em determinados momentos e em certas circunstâncias podem mostrar uma capacidade reparadora.
 Há realidades externas terríveis e insuportáveis; há toda uma patologia socioeconômica que abafa e sufoca, e outra política que assusta, aterroriza por sue crueldade. Há emergências as mais inesperadas (Knobel, 1972, 1975); situações específicas que limitam diretamente o tempo e de fato excluem outras considerações, como ocorre às vezes na gravidez (Knobel, 1967). 
Estes pacientes também podem ser ajudados, e a técnica aqui proposta permite incluí-los. O problema é possuir uma ideologia baseada em nossa função e capacidade terapêutica, com uma compreensão do paciente e suas circunstâncias reais internas e externas (diagnóstico holístico) e, sem ambições onipotentes, renunciar a reestruturações profundas da personalidade ou a investigações mais acabadas, epistemologicamente falando, e assim poder usar este instrumento com suas limitações e com suas possibilidades. 
O problema talvez seja aceitar o desafio de uma preparação para ajudar, assistir e renunciar parcialmente, desde logo, à investigação epistemológica, transcendental e estrutural da personalidade, do pensamento e do ser-na-palavra. É necessário que haja quem possa aprofundar-se nestes conhecimentos e elaborar teoriasesclarecedoras. Estas podem servir, e muito, aos que preferem acionar seus conhecimentos, sua palavra, seu corpo e seus sentimentos, para sentir-se aí realizado em sua modesta contribuição a uma convivência mais livre e melhor. 
Em 1971, eu já dizia: "O processo evolutivo social se revela sempre com maior claridade, frente ao maior esclarecimento, como doentio. A realidade socioeconômica já não é mais um tema de escritório de economista ou estadista, mas adquire sua hierarquização dentro do multifacetado quadro etiológico. A demanda acresce e o especialista se vê obrigado a conhecer mais, a diagnosticar melhor e a tratar mais adequadamente a um maior número de crianças e jovens. 
Pode-se constatar que as técnicas devem modificar-se, adequar-se a uma realidade que vamos conhecendo mais e melhor. Para o psicanalista, se estabelecem os mais estritos critérios de análise, e as diversas técnicas vão-se esclarecendo e se aperfeiçoando" (Knobel, 1971). 
Assim, proponho, de acordo com minha experiência atual, sempre modificável à medida que vamos aprendendo mais, que para selecionar pacientes que se possam beneficiar de uma psicoterapia de tempo e objetivos limitados temos que possuir o conhecimento da teoria e da técnica, da técnica mesma, da história psico-bio-social do paciente e suas circunstâncias, de suas estruturas psicológicas, das modalidades relacionais e dos mecanismos de defesa predominantes e dos ainda utilizáveis. No interjogo deste diagnóstico holístico é possível detectar os conflitos latentes mais acessíveis e aplicar com a devida flexibilidade um procedimento terapêutico atransferencial, não-regressivo, que permite elaborações cognitivas e mutações objetais baseadas na realidade desta nova experiência. Para isso sugiro que a aceitação de um paciente para este tipo de enfoque terapêutico não seja uma espécie de seleção e sim uma adaptação mútua na qual trataremos de ajudar, aliviar, melhorar, modificar o que for possível, e até eliminar o que dificulta alcançar uma vida mais feliz e com projeções de futuro e possibilidades de prazer. 
Assim consideradas as coisas, farei algumas indicações do que considero desejável para este pacto terapêutico. Por um lado, todas as condições já repetidas na parte do terapeuta; por parte do paciente, aproximadamente o seguinte (que se investigará através das entre-vistas-diagnósticas): 
1. Uma estrutura egoica relativamente preservada. Ou seja, um funcionamento discriminativo da realidade (pode ser parcialmente como em muitos psicóticos ou borderlines); inteligência que permita uma comunicação compreensiva com certa capacidade de simbolização; uso de mecanismos de defesa de diversos tipos e disponibilidade de outros mecanismos ainda não adequadamente utilizados. 
2. Capacidade de falar e ouvir. Não ter perdido as chamadas "funções autônomas" do Ego, e não se encontrar biológica e severamente perturbado (crises de dores violentas, perda da consciência, situações de enfermidades agudas por traumatismos violentos, hemorragias, descompensação cardíaca ou respiratória ou situações similares). 
3. Ter uma história bio-psico-dinâmica que revele que em determinados momentos evolutivos e situações de crise a pessoa conseguiu superá-las e continuar seu processo evolutivo, com sua particular estruturação do seu mundo objetal (com ou sem manifestações do que habitualmente se chama patologia ou desajuste). 
4. Ter em sua história algum tipo de compromisso emocional positivo com outra pessoa ou pessoas, indicando que existe ao menos inconscientemente uma experiência afetiva confiável. 
5. Dar evidências de sentimentos de amor, ódio, tristeza, desconfiança, alegria ou uma indiferença aparente que contrasta com o que sua história revela. 
6. Estabelecer uma relação com o psicoterapeuta de acordo com as possibilidades que suas modalidades relacionais lhe permitam. 
7. Permitir uma aproximação interpessoal com o psicoterapeuta. Esta pode ser apenas física ou também emocional, de comunicação verbal ou não-verbal. Admitir a situação de entrevista, ainda que esta admissão seja em termos hostis ou de desagrado. 
8. Poder entender quando está em situações de crise, emergência ou precariedade de tempo em determinadas situações da vida. Ou pelo menos permitir que o psicoterapeuta o ajude a entender estas situações. 
9. Revelar direta ou indiretamente certo nível de motivação para a psicoterapia, ainda que seja através de expressões que possam ser interpretadas como de resistência. 
10. Poder dispor de um tempo para esta tarefa e usar este tempo de comum acordo com o psicoterapeuta. 
11. Aceitar o gasto econômico-financeiro, o tempo operacional, o tempo terapêutico adequado e o enquadre disponível. 
9.3. Referências bibliográficas 
Azevedo, M.A.S.B. de A Aplicabilidade da Psicoterapia Breve na Psicologia Clínica Comunitária Brasileira. Tese de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, São Paulo, 1980. Behr, K.M.B. Psicoterapia Breve. In: Knobel, M. e Saidemberg, S.(compil.). Psiquiatria e Saúde Mental. São Paulo, Autores Associados, 1983. Bleger, J. Temas de Psicologia: Entrevista e Grupos. São Paulo, Martins Fontes, 1980. Braier, E.A. Psicoterapia Breve de Orientación Psicoanalítica, Buenos Aires, Nueva Visión, 1981. Cristovão, L.F. Contrato terapêutico com o adolescente. Psicologia em Curso, Brasília, 2 (7): 23-25, 1981. Fiorini, H.J. Teoria e Técnica de Psicoterapias. 2° ed. Rio de Janeiro, F. Alves, 1978. Grinberg, L. Psicopatología de la identificación y contraidentificación proyectivas y de la contratransferencia. Rev.Psicanál., Buenos Aires, 20(2):113-123, 1963. Gustafson, J.P. An integration of brief dynamic psychotherapy. Am.J.Psychiatry, Washington, D.C., 141 (8): 935-944,1984. Jones, E. Vida y Obra de Sigmund Freud. Buenos Aires, Nova, 1960, v. II. Khan. M.M.R. Psicanálise: Teoria, Técnica e Casos Clínicos. Rio de Janeiro, F. Alves, 1977. Knobel, M. La disposición psicoterapéutica. Orient . Méd., Buenos Aires, 13(613):260- 261, 1964. Knobel, M. Psicoterapia preventiva en el embarazo. Rev.Psicología, La Plata, 5:87-95,1967. Knobel, M. Prólogo. In: Cuaderno de la SAPPIA n° 2. Psicoanálisis y Psicoterapia Breve en Niãos y Adolescentes. Buenos Aires, Ed. Kargieman, 1971. Knobel, M. Diagnóstico y Psicoterapia. Una concepción psicodinámica de la psiquiatria de urgencia y del rol del psicólogo. Rev. Interamer. Psicol. ,Austin,6 (1/2):111-120, 1972. Knobel, M. On emergency psychotherapy. Psychother. Psychosonz.T Base1,25:29-35, 1975. Kubies, L.S. Psicoanálisis, Aspectos Prácticos y Teóricos. Buenos Aires, Paidos, 1966. Malan, D.H. A Study of Brief Psychotherapy. London, Tavistock Publ.,1963. Malan, D.H. As Fronteiras da Psicoterapia Breve. Porto Alegre. Artes Médicas, 1981. Marmor, J. Brief Dynamic Psychotherapy. In: Wolman, B.B. (org.). International Encyclopedia of Psychiat., Psychol., Psychoanal. & Neurol. Progress. v.I. New York, Aesculapius Publi., 1983. Menninger, K.A. e Holzman, P.S. Teoria da Técnica Psicanalítica. Rio de Janeiro, Zahar, 1979. Seguin, C.A. Amor y Psicoterapia, Buenos Aires, Paidos,1963. Sifneos, P.E. Short-Term Psychotherapy and Emotional Crisis. Cambridge. Harvard Univ. Press,1972. Sifneos, P.E. Short-Term Dynamic Psychotherapy. New York, Plenum Publ., 1979, 
N

Continue navegando