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Introdução à Sociologia

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PREFOP
“Programa Especial de Formação Pedagógica”
INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
03 
1 INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA
05
2 AS CONDIÇÕES HISTÓRICAS DO SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA 
- A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A REVOLUÇÃO FRANCESA
07
3 A SITUAÇÃO INTELECTUAL - A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA
23
4 O PENSAMENTO DE: COMTE, DURKHEIM, MARX E ENGELS, WEBER
28
5 AS LINHAS MESTRAS DA SOCIOLOGIA
39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UTILIZADAS E CONSULTADAS
41
ANEXOS
45
INTRODUÇÃO
Sejam bem vindos.
Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação daqueles que se candidataram a esta especialização, procurando referências atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso.
As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores.
Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho.
Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês são livres para estudar da melhor forma que possam organizar-se, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação dos nossos/ seus alunos.
Deste modo, a primeira apostila do Curso de Especialização em Sociologia abordará os assuntos introdutórios tais como a origem da Sociologia e sua definição como ciência. Serão trazidos também ao texto uma faceta do pensamento dos intelectuais que a ajudaram a se formar e as duas grandes teorias que servem para desenvolver os trabalhos na Sociologia no estudo das sociedades.
Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos serem os mais importantes para a disciplina.
Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico.
Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar dúvidas e aprofundar os conhecimentos.
1. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA
O comportamento humano é muito diversificado. Cada indivíduo recebe influências de seu meio, forma-se de determinada maneira e age no meio social de acordo com sua formação. O indivíduo aprende com o meio, mas também pode transformá-lo em sua ação social.
Há comportamentos – como andar, respirar, dormir – estritamente individuais, que se originam na pessoa enquanto organismo biológico. São comportamentos estudados pelas Ciências Físicas e Biológicas. Por outro lado, receber salário, fazer greve, participar de eventos, casar-se, educar os filhos são comportamentos sociais, pois se desenvolvem no contexto da sociedade.
Ao longo da História a espécie humana organizou sua vida em grupo. As Ciências Sociais (a Sociologia é um dos seus ramos) pesquisam e estudam o comportamento social humano e suas várias formas de organização. E como ciência voltada para o social tem um amplo corpo de conhecimento. O conhecimento teórico e técnico das Ciências Sociais é de tal forma amplo que pode ser aplicado tanto para entender um fato social como para elaborar e implantar desde pequenos projetos até estudos de governo. (...) Pode-se dizer que as Ciências Sociais são o estudo sistemático do comportamento social do ser humano. Ocupando-se sistematicamente do comportamento social humano, o objeto das Ciências Sociais é, portanto, o ser humano em suas relações sociais. (OLIVEIRA, 2000, p. 9)
 De acordo com Camargo (s/d, s/p) o termo Sociologia foi criado por Auguste Comte em 1838 (séc. XVIII), que pretendia unificar todos os estudos relativos ao homem — como a História, a Psicologia e a Economia. A Sociologia surgiu como disciplina no século XVIII, como resposta acadêmica para um desafio que estava surgindo: o início da sociedade moderna. Com a Revolução Industrial e posteriormente com a Revolução Francesa (1789), iniciou-se uma nova era no mundo, com as quedas das monarquias e a constituição dos Estados nacionais no Ocidente. A Sociologia surge então para compreender as novas formas das sociedades, suas estruturas e organizações. (...) e tem a função de, ao mesmo tempo, observar os fenômenos que se repetem nas relações sociais – e assim formular explicações gerais ou teóricas sobre o fato social –, como também se preocupa com aqueles eventos únicos, como por exemplo, o surgimento do capitalismo ou do Estado Moderno, explicando seus significados e importância que esses eventos têm na vida dos cidadãos.
Ainda conforme Camargo (s/d, s/p) como toda forma de conhecimento intitulada ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade do seu universo de pesquisa. O conhecimento sociológico, por meio dos seus conceitos, teorias e métodos, constituem um instrumento de compreensão da realidade social e de suas múltiplas redes ou relações sociais.
Os sociólogos estudam e pesquisam as estruturas da sociedade, como grupos étnicos (indígenas, aborígenes, ribeirinhos etc.), classes sociais (de trabalhadores, esportistas, empresários, políticos etc.), gênero (homem, mulher, criança), violência (crimes violentos ou não, trânsito, corrupção etc.), além de instituições como família, Estado, escola, religião etc.
Além de suas aplicações no planejamento social, na condução de programas de intervenção social e no planejamento de programas sociais e governamentais, o conhecimento sociológico é também um meio possível de aperfeiçoamento do conhecimento social, na medida em que auxilia os interessados a compreenderem mais claramente o comportamento dos grupos sociais, assim como a sociedade com um todo. Sendo uma disciplina humanística, a Sociologia é uma forma significativa de consciência social e de formação de espírito crítico.
A Sociologia nasce da própria sociedade, e por isso mesmo essa disciplina pode refletir interesses de alguma categoria social ou ser usado como função ideológica, contrariando o ideal de objetividade e neutralidade da ciência. Nesse sentido, se expõe o paradoxo das Ciências Sociais, que ao contrário das ciências da natureza (como a biologia, física, química etc.), as ciências da sociedade estão dentro do seu próprio objeto de estudo, pois todo conhecimento é um produto social. Se isso a priori é uma desvantagem para a Sociologia, num segundo momento percebemos que a Sociologia é a única ciência que pode ter a si mesma com objeto de indagação crítica. (CAMARGO, s/d, s/p)
2. AS CONDIÇÕES HISTÓRICAS DO SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA – A REVOLUCÃO INDUSTRIAL E A REVOLUÇÃO FRANCESA
Conforme Martins (1994, p. 5) podemos entender a sociologia como uma das manifestações do pensamento moderno. A evolução do pensamento científico, que vinha se constituindo desde Copérnico, passa a cobrir, com a sociologia, uma nova área do conhecimento ainda não incorporada ao saber científico, ou seja, o mundo social. Surge posteriormente à constituição das ciências naturais e de diversas ciências sociais. A sua formação constitui um acontecimento complexo para o qual concorrem uma constelação de circunstâncias, históricas e intelectuais, e determinadas intenções práticas. O seu surgimento ocorre num contexto histórico específico, que coincide com os derradeiros momentos da desagregação da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista. A sua criação não é obra de um único filósofo ou cientista, mas representa o resultado da elaboração de um conjunto de pensadores que se empenharam em compreender as novas situações de existência que estavam em curso.
O século XVIII constitui um marco importante para a história do pensamento ocidental e para o surgimentoda sociologia. As transformações econômicas, políticas e culturais que se aceleram a partir dessa época colocarão problemas inéditos para os homens que experimentavam as mudanças que ocorriam no ocidente europeu. A dupla revolução que este século testemunha - a industrial e a francesa - constituía os dois lados de um mesmo processo, qual seja, a instalação definitiva da sociedade capitalista. A palavra sociologia apareceria somente um século depois, por volta de 1830, mas são os acontecimentos desencadeados pela dupla revolução que a precipitam e a tornam possível. (MARTINS, 1994, p. 5)
- A Revolução Industrial: A Revolução Industrial designa um processo de profundas transformações econômico-sociais que se iniciou principalmente na Inglaterra. Em meados do século XVIII. Caracteriza-se pela passagem da manufatura à indústria mecânica. A introdução de máquinas fabris multiplica o rendimento do trabalho e aumenta a produção global. A Inglaterra adianta sua industrialização em 50 anos em relação ao continente europeu e sai na frente na expansão colonial. Entre as principais características da sociedade industrial, podemos citar: a organização das mais diversas atividades humanas pelo capital; a predominância da indústria na atividade econômica e o crescimento da urbanização. Vários historiadores têm dividido o processo de criação das sociedades industriais em duas fases, a primeira com duração de 1760 a 1860 e a segunda iniciada por volta de 1860. Com essa revolução surgiram também novas formas de energia, como a eletricidade e os combustíveis derivados do petróleo. A velha Europa agrária foi se tornando uma região com cidades populosas e industrializadas. Com tempo, a Revolução Industrial influenciou profundamente a vida de milhões de pessoas em todas as regiões do planeta. (MONOGRAFIAS/BRASILESCOLA, s/d, s/p)
A primeira etapa da industrialização foi gerada pela Revolução Comercial, realizada entre os séculos XV e XVIII, principalmente em alguns países da Europa centro-ocidental. Para esses países, a expansão do comércio internacional trouxe um extraordinário aumento da riqueza, permitindo a acumulação de capitais capazes de financiar o progresso técnico e alto custo da instalação de indústrias. 
A burguesia europeia, fortalecida com o desenvolvimento dos seus negócios, passou a se interessar pelo aperfeiçoamento das técnicas de produção e a investir no trabalho de inventores na criação de máquinas e experiências industriais. Além disso, a Revolução Comercial resultou num aumento incessante de mercados, isto é, do lugar geográfico das trocas. A ampliação das trocas, que a partir do século XVI os europeus passaram a realizar em escala planetária, levou a radical alteração nas formas de produzir de alguns países da Europa ocidental.
Com a expansão do comércio, o trabalho artesanal, realizado com ferramentas, típico das corporações de ofício, foi sendo substituído por um trabalho mais dividido, que exigiu a utilização de máquinas numa escala crescente. A produtividade foi incomparavelmente maior. Na França, por exemplo, os sapatos eram produzidos de forma artesanal: um mesmo artesão cortava, costurava, ou seja, realizava sozinho diversas tarefas que resultavam na fabricação de um sapato. Depois da extinção das corporações e do crescimento do mercado, cada operário no interior das fábricas nascentes foi especializado numa determinada tarefa. 
 Muito cedo se verificou que maior produtividade e maiores lucros para os empresários poderiam ser obtidos acrescentando-se ao trabalho dividido o emprego de máquinas em larga escala. A sociedade industrial caracterizou-se fundamentalmente pela utilização sistemática de maquinário na produção e no transporte de mercadorias. Para compreender a importância das máquinas, basta lembrar que elas, ao contrário das ferramentas, realizam trabalho utilizando basicamente forças da natureza, como o vento, a água, o fogo, o vapor, e um mínimo de força humana. A exigência de produzir mais, com o aumento das trocas, praticamente “forçou” o progresso técnico, que passou a constituir um dos traços mais significativos do moderno e contemporâneo. (MONOGRAFIAS/BRASILESCOLA, s/d, s/p)
De acordo com Martins (1994, p. 6) um dos fatos de maior importância relacionados com a revolução industrial é sem dúvida o aparecimento do proletariado e o papel histórico que ele desempenharia na sociedade capitalista. Os efeitos catastróficos que esta revolução acarretava para a classe trabalhadora levaram-na a negar suas condições de vida. As manifestações de revolta dos trabalhadores atravessaram diversas fases, como a destruição das máquinas, atos de sabotagem e explosão de algumas oficinas, roubos e crimes, evoluindo para a criação de associações livres, formação de sindicatos, etc. A consequência desta crescente organização foi a de que os "pobres" deixaram de se confrontar com os "ricos"; mas uma classe específica, a classe operária, com consciência de seus interesses, começava a organizar-se para enfrentar os proprietários dos instrumentos de trabalho. Nesta trajetória, iam produzindo seus jornais, sua própria literatura, procedendo a uma crítica da sociedade capitalista e inclinando-se para o socialismo como alternativa de mudança.
Ainda de acordo com Martins (1994, p. 7-8) merece ser salientado que a profundidade das transformações em curso colocava a sociedade num plano de análise, ou seja, esta passava a se constituir em "problema", em "objeto" que deveria ser investigado. Os pensadores ingleses que testemunhavam estas transformações e com elas se preocupam não eram, no entanto, homens de ciência ou sociólogos que viviam desta profissão. Eram antes de tudo homens voltados para a ação, que desejavam introduzir determinadas modificações na sociedade. Participavam ativamente dos debates ideológicos em que se envolviam as correntes liberais, conservadoras e socialistas. Eles não desejavam produzir um mero conhecimento sobre as novas condições de vida geradas pela revolução industrial, mas procuravam extrair dele orientações para a ação, tanto para manter, como para reformar ou modificar radicalmente a sociedade de seu tempo. Tal fato significa que os precursores da sociologia foram recrutados entre militantes políticos, entre indivíduos que participavam e se envolviam profundamente com os problemas de suas sociedades.
Pensadores como Owen (1771-1858), William Thompson (1775-1833), Jeremy Bentham (1748-1832), só para citar alguns daquele momento histórico, podiam discordar entre si ao julgarem as novas condições de vida provocadas pela revolução industrial e as modificações que deveriam ser realizadas na nascente sociedade industrial, mas todos eles concordavam que ela produzira fenômenos inteiramente novos que mereciam ser analisados. O que eles refletiram e escreveram foi de fundamental importância para a formação e constituição de um saber sobre a sociedade. A sociologia constitui em certa medida uma resposta intelectual às novas situações colocadas pela revolução industrial. (MARTINS, 1994, p. 7-8)
De acordo com Laranjeiras, Oliveira (s/d, s/p) o primeiro país a realizar a Revolução Industrial foi a Inglaterra, a partir de meados do século XVIII, seguida, no século XIX, por outras nações europeias: Alemanha, Itália, Bélgica, Luxemburgo, Holanda, Suíça, Suécia, Áustria, e Rússia.
Fora do continente europeu, apenas Estados Unidos e Japão realizaram sua Revolução Industrial ao mesmo tempo em que os países da Europa. Na grande maioria dos países subdesenvolvidos o processo de industrialização chegou cerca de duzentos anos atrasado em relação à Inglaterra. É ocaso do Brasil, Argentina, México, África do Sul, Índia...
A Revolução Industrial dos Países da Europa ocidental apoiou-se em vários fatores, que resumidamente são:
· Acumulação de capitais em decorrência da intensa exploração da atividade comercial no mundo e particularmente nas colônias americanas, nas feitorias e nas colônias asiáticas e africanas;
· Existência de abundantes reservas de carvão mineral, minério de ferro e outrasmatérias primas industriais em muitos países europeus;
· Grande desenvolvimento das técnicas de produção mediante a aplicação de dinheiro em pesquisas cientificas;
· Disponibilidade de mão de obra e intensa exploração da força de trabalho do operário ou trabalhador mediante o pagamento de baixos salários;
· Expansão de empresas multinacionais ou transnacionais nos países subdesenvolvidos. 
Surgiram então, no séc. XIX, as estradas de ferro, que facilitaram muito o transporte dos produtos manufaturados, tomando-os mais baratos. A invenção dos altos-fornos desenvolveu muito as indústrias de ferro e aço. A população das cidades aumentou demais: um número cada vez maior de pessoas deixava o campo para trabalhar nas fábricas. O povo sofreu bastante com os vários problemas ligados a salários e condições de trabalho, tendo a Grã-Bretanha que importar cada vez mais gêneros alimentícios para suprir sua população sempre crescente. (LARANJEIRAS, OLIVEIRA, s/d, s/p)
Ainda de acordo com Laranjeiras, Oliveira (s/d, s/p) antes da invenção da máquina a vapor, as fábricas situavam-se em zonas rurais próximas às margens dos rios, dos quais aproveitavam a energia hidráulica. Ao lado delas, surgiam oficinas, casas, hospedarias, capela, açude, etc. A mão de obra podia ser recrutada nas casas de correção e nos asilos. Para fixarem-se, os operários obtinham longos contratos de trabalho e moradia. 
Com o vapor, as fábricas passaram a localizar-se nos arredores das cidades, onde contratavam trabalhadores. Elas surgiam "tenebrosas e satânicas", em grandes edifícios lembrando quartéis, com chaminés, apitos e grande número de operários. O ambiente interno era inadequado e insalubre.  Até o século XVIII, cidade grande na Inglaterra era uma localidade com cerca de 5 000 habitantes. Em decorrência da industrialização, a população urbana cresceu e as cidades modificaram-se. Os operários, com seus parcos salários, amontoavam-se em quartos e porões desconfortáveis, em subúrbios sem condições sanitárias. (...) Em muitas regiões da Europa, os trabalhadores se organizaram para lutar por melhores condições de trabalho. Os empregados das fábricas formaram as trade unions (espécie de sindicatos) com o objetivo de melhorar as condições de trabalho dos empregados. Houve também movimentos mais violentos como, por exemplo, o ludismo. Também conhecidos como "quebradores de máquinas", os ludistas invadiam fábricas e destruíam os equipamentos das fábricas numa forma de protesto e revolta com relação à vida dos empregados. O cartismo foi mais brando na forma de atuação, pois optou pela via política, conquistando diversos direitos políticos para os trabalhadores. 
A Revolução tornou os métodos de produção mais eficientes. Os produtos passaram a ser produzidos mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o consumo. Por outro lado, aumentou também o número de desempregados. As máquinas foram substituindo, aos poucos, a mão de obra humana. A poluição ambiental, o aumento da poluição sonora, o êxodo rural e o crescimento desordenado das cidades também foram consequências nocivas para a sociedade. Até os dias de hoje, o desemprego é um dos grandes problemas nos países em desenvolvimento. Gerar empregos tem se tornado um dos maiores desafios de governos no mundo todo. Os empregos repetitivos e pouco qualificados foram substituídos por máquinas e robôs. As empresas procuram profissionais bem qualificados para ocuparem empregos que exigem cada vez mais criatividade e múltiplas capacidades. Mesmo nos países desenvolvidos têm faltado empregos para a população. (LARANJEIRAS, OLIVEIRA, s/d, s/p)
- A Revolução Francesa: Para Costa Neto (s/d, s/p) a Revolução Francesa é considerada o mais importante acontecimento da história contemporânea. Inspirada pelas ideias iluministas, a sublevação de lema "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" ecoou em todo mundo, pondo abaixo regimes absolutistas e ascendendo os valores burgueses. Foi à revolução burguesa, tendo vista a sua condição de destruidora da velha ordem em nome das ideias e valores burgueses e por conta da ideologia burguesa predominante durante praticamente todo processo revolucionário.
A sociedade francesa anteriormente à revolução era uma sociedade moldada no Antigo Regime. Ou seja, politicamente o Estado era Absolutista (Absolutismo Monárquico), economicamente predominavam as práticas mercantilistas que sofriam com as constantes intervenções do Estado e na área social predominavam as relações de servidão uma vez que a maioria da população francesa era camponesa. Em torno de 250 milhões de pessoas viviam em condições miseráveis nos campos franceses, pagando altíssimos impostos a uma elite aristocrática que usufruía do luxo e da riqueza gerados pelo trabalho dos campesinos em propriedades latifundiárias, ou feudos, dos nobres. Nas áreas urbanas a situação não era muito diferente de quem vivia nas áreas rurais. A população urbana, composta em sua maioria por assalariados de baixa renda, desempregados (excluídos) e pequenos burgueses (profissionais liberais), também arcava com pesadíssimos impostos e com um custo de vida cada vez mais elevado. Os preços em geral dos produtos sofriam reajustes constantemente e isso pesava na renda dos trabalhadores em geral – urbanos e rurais. Já as elites, compostas por um alto clero, uma alta nobreza e, claro, a Família Real – a realeza francesa: Luis XVI e sua esposa Maria Antonieta, filhos e demais parentes – vivam em palácios luxuosos – como o monumental Palácio de Versalhes, localizado nos arredores de Paris e que era a residência de veraneio da Família Real e da elite – não pagavam impostos, promoviam banquetes – às custas do dinheiro público – em suma: viviam nababescamente (do requinte, da opulência, do luxo, das mordomias,...) face a situação de miséria e pobreza da maioria da população. (COSTA NETO, s/d, s/p)
Ainda conforme Costa Neto (s/d, s/p) no final do século XVIII a situação socioeconômica da França era de total calamidade. Numa perspectiva de tentar resolver as situações problemas, o Monarca Luis XVI convocou seu Ministro das finanças Necker, que estava afastado do cargo, para decidir quanto à situação de crise econômica e financeira. Por sugestão de Necker, Luis XVI convocou, no dia 5 de maio de 1789, a Assembleia dos chamados Estados Gerais que reunia os representantes políticos do 1º. ,  2º. e 3º. Estados os quais não se reuniam desde o século XVII. O 1º. Estado era formado pelo alto clero, o 2º. Estado pela alta nobreza e o 3º. Estado, pelos deputados que representavam a maioria da população (assalariados, camponeses e pequena burguesia) – era o grupo maior, pois continha um número maior de representantes. 
Na ocasião da convocação e da reunião dos Estados Gerais, depois de abrir a sessão, Luis XVI deu por aberta às discussões e votações para os problemas que atingiam a sociedade francesa. A questão, porém, centrava-se no sistema de votação dentro da Assembleia. Sobre a questão dos que pagam e dos que não pagam impostos, por exemplo, o sistema de votação favoreceu ao 1º. e ao 2º. Estados. Como? Como a votação era por Estado e não por indivíduo (individual), cada Estado tinha direito a um só voto. No caso dos impostos, votou-se contra ou a favor do 1º. e do 2º. Estados arcarem com o pagamento de impostos. Resultado: pelo sistema de votação vigente, os dois Estados permaneceram isentos da obrigação do pagamento de impostos, já que totalizou dois votos contra um. Esse modelo de votação gerou revolta por parte dos deputados do 3º. Estado que reagiram prontamente, exigindo a qualquer custo que as reuniões fossem conjuntas e não separadamente por Estados. Diante da negação, o 3º. Estado proclama-se em Assembleia Geral Nacional. O Rei, desesperado diante do atrevimento dos representantes populares, manda fechar a sala de reuniões. Mas o 3º. Estado não se deu por vencido e seus deputados se dirigiram para um salão que a nobreza utilizava para jogos. Lá mesmo fizeram uma reunião, onde ficou estabelecido que permaneceriam reunidos até que a Françativesse uma Constituição. Esse ato ficou conhecido com o nome de “O Juramento do Jogo de Pela”. Os deputados que fundaram a Assembleia Nacional nela juraram igualdade jurídica e direitos políticos para todos os homens comuns. (COSTA NETO, s/d, s/p)
 No dia 9 de julho de 1789, reúne-se uma Assembleia Nacional Constituinte, incumbida de elaborar uma Constituição para a França. Isso significava que o Rei deixaria de ser o senhor absoluto do reino. A burguesia francesa, por sua vez, apelou para o povo. No dia 14 de julho de 1789, toda a população parisiense avança, num movimento nunca visto, para a Bastilha, a prisão política da época, onde o responsável pela prisão, o carcereiro, foi espancado pela multidão vindo a falecer. (...) os camponeses, que percebendo a fraqueza da nobreza, invadem os castelos, executando famílias inteiras de nobres numa espécie de vingança, de uma raiva acumulada durante séculos. Avançam sobre a propriedade feudal e exigem reformas – sobretudo a Reforma Agrária. A burguesia, na Assembleia, temerosa de que as exigências chegassem também às suas propriedades, propõe que sejam extintos os direitos feudais como única saída para conter o furor revolucionário dos camponeses. A 4 de agosto de 1789, extingue-se aquilo que por muitos séculos significou a opressão sobre os camponeses: as obrigações feudais. Porém, os impostos continuaram altos, o custo de vida pouco se alterou e a França continuava em guerras externas significando despesas altas para o Estado, agora burguês. A burguesia, preocupada em estabelecer as bases teóricas de sua revolução, fez aprovar, no dia 26 de agosto do mesmo ano (1789), um documento que se tornou mundialmente famoso: a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Nesse documento a burguesia francesa declarava, entre outras, quem era cidadão e não cidadão esperando que houvesse uma aceitação por parte das classes populares que ainda encontravam-se insatisfeitas com as realizações políticas e sociais daqueles que se diziam seus representantes políticos. Na realidade a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi uma forma de legitimar a burguesia no poder político do Estado sendo ela a classe dominante, de elite. Portanto, para a burguesia a revolução estava por encerrada uma vez que seus interesses já haviam sido conquistados por ela. Era necessário impedir a radicalização do movimento revolucionário; ou seja, era necessário impedir que a revolução se tornasse popular, o que não interessava à burguesia. (COSTA NETO, s/d, s/p)
Na primeira fase da Revolução a Assembleia Nacional Constituinte – 1789-1792 fundou uma Monarquia Parlamentarista, ou Constitucional. Um dos atos mais importantes da Assembleia foi o confisco dos bens do clero francês, que seriam usados como uma espécie de lastro para os bônus emitidos para superar a crise financeira. Parte do clero reage e começa a se organizar e como resposta a Assembleia decreta a Constituição Civil do Clero; isto é, o clero passa a ser funcionário do Estado, e qualquer gesto de rebeldia levaria a prisão. A situação estava muito confusa. A Assembleia não conseguia manter a disciplina e controlar o caos econômico. O Rei entra em contato com os emigrados no exterior (principalmente na Prússia e na Áustria) e começam a conspirar para invadir a França, derrubar o governo revolucionário e restaurar o absolutismo. Para organizar a contrarrevolução, o monarca foge da França para a Prússia, mas no caminho e reconhecido por camponeses, é preso e enviado à Paris. Na capital, os setores mais moderados da Assembleia conseguiram que o Rei permanecesse em seu posto. A partir daí uma grande agitação tem início, pois seria votada e aprovada a Constituição de 1791. Esta constituição estabelecia, na França, a Monarquia Parlamentar, ou seja, o Rei ficaria limitado pela atuação do poder legislativo (Parlamento). Neste poder legislativo era escolhido através do voto censitário e isso equivalia dizer que o poder continuava nas mãos de uma minoria, de uma parte privilegiada da burguesia. Resumindo, o que temos é uma Monarquia Parlamentar dominada pela alta burguesia e pela aristocracia liberal, liderada, por exemplo, pelo famoso La Fayette. É o total afastamento do povo francês que continuava sem poder de decisão. No recinto da Assembleia, sentava-se à esquerda o partido liderado por Robespierre, que se aproximava do povo: eram os Jacobinos ou Montanheses (assim chamados por se sentarem nas partes mais altas da Assembleia); ao lado, um pequeno grupo ligado aos Jacobinos, chamados Cordeliers, onde apareceram nomes como Marat, Danton, Hebert e outros; no centro, sentavam-se os constitucionalistas, defensores da alta burguesia e a nobreza liberal, grupo que mais tarde ficará conhecido pelo nome de planície; à direita, ficava um grupo que também, mais tarde ficará conhecido como Girondinos defensores dos interesses da burguesia francesa e que temiam a radicalização da revolução; na extrema direita, encontram-se alguns remanescentes da aristocracia que ainda não emigrara conhecidos por aristocratas, que pretendiam a restauração do poder absoluto. Esta fase terminou com a radicalização do movimento revolucionário depois que Robespierre e seus seguidores agiram incitando à população a pegarem em armas e lutarem contra a Assembleia e as forças conservadoras. (COSTA NETO, s/d, s/p)
A segunda fase da Revolução foi considerada a mais radical do movimento revolucionário porque foi a etapa em que os Jacobinos, liderados por Robespierre, assumiram o comando da revolução. Portanto, foi a etapa mais popular do movimento já que os Jacobinos eram representantes políticos das classes populares. Para alguns historiadores, esta etapa não predominou a ideologia burguesa, já que a burguesia não conduzia a revolução neste período. Porém, antes da queda da Monarquia Parlamentar, a burguesia chegou a proclamar uma República – a República Girondina em setembro de 1792. A república foi proclamada como um mecanismo de assegurar a burguesia seus interesses, projetos, no poder político do Estado. Como as tensões estavam exaltadas, a alta burguesia francesa decidiu tirar todo o poder político do rei Luis XVI e transferi-lo para si (a burguesia). Desta forma caía a Monarquia na França. Em 1792, a Assembleia Legislativa aprovou uma declaração de guerra contra a Áustria. É interessante salientar que a burguesia e a aristocracia queriam a guerra por motivos diferentes. Enquanto para a burguesia a guerra seria breve e vitoriosa, para o rei e a aristocracia seria a esperança de retorno ao velho regime. Palavras de Luís XVI:  Em lugar de uma guerra civil, esta será uma guerra política e da rainha Maria Antonieta: Os imbecis [referia-se a burguesia]! Não veem que nos servem. Portanto, o rei e a aristocracia não vacilaram em trair a França revolucionária. Luís XVI e Maria Antonieta foram presos, acusados de traição ao país por colaborarem com os invasores. Verdun, última defesa de Paris, foi sitiada pelos prussianos. O povo, chamado a defender a revolução, saiu às ruas e massacrou muitos partidários do Antigo Regime. Sob o comando de Danton, Robespierre e Marat, foram distribuídas armas ao povo e foi organizada a Comuna Insurrecional de Paris. As palavras de Danton ressoaram de forma marcante nos corações dos revolucionários. Disse ele: Para vencer os inimigos, necessitamos de audácia, cada vez mais audácia, e então a França estará salva. Em  21 de Janeiro do ano seguinte, 1793, Luis XVI foi condenado e guilhotinado na praça da revolução – atual Praça da Concórdia situada na avenida Champs-Élysées, em Paris – uma vez que os Jacobinos já haviam assumido a liderança do movimento revolucionário. A rainha Maria Antonieta, foi decapitada no mesmo ano só que em setembro. A República Girondina caiu e os Jacobinos assumiram a direção política do Estado proclamando uma nova República: a República Jacobina e com ela uma nova Constituição: a Constituição de 1793. Na Constituição Jacobina continham princípios que satisfazia a população porque garantia-lhe direitos e poder dedecisão. Vejamos os mais importantes pontos da nova Constituição:
· Voto Universal ou Sufrágio Universal -  Todos os cidadãos homens maiores de idade, votam.
· Lei do Máximo ou Lei do Preço Máximo – estabeleceu um teto máximo para preços e salários.
· Venda de bens públicos e dos emigrados para recompor as finanças públicas.
· Reforma Agrária – confisco de terras da nobreza emigrada e da Igreja Católica, que foram divididas em lotes menores e vendida a preços baixos para os camponeses pobres que puderam pagar num prazo de até 10 anos.
· Extinção da Escravidão Negra nas Colônias Francesas – que acabou por motivar a Revolução Haitiana em 1794 e que durou até 1804 quando no Haiti aboliu-se a escravidão.
· Organização dos seguintes comitês: o Comitê de Salvação Pública, formado por nove (mais tarde doze) membros e encarregado do poder executivo, e o Comitê de Segurança Pública, encarregado de descobrir os suspeitos de traição.
· Criação do Tribunal Revolucionário, que julgava os opositores da Revolução e geralmente os condenavam à Guilhotina.
Ressalta-se que para que os Jacobinos pudessem alcançar o poder político do Estado e assumi-lo, teve que contar com um apoio fundamental: os sans-culottes. Os sans-culottes eram indivíduos populares – normalmente desempregados e assalariados, a plebe urbana – que eram identificados pelo frígio, ou barrete, vermelho que usavam sobre suas cabeças. (COSTA NETO, s/d, s/p)
Os sans-culottes acabaram por se transformar em uma força motora da revolução. Isto é, como era formado por uma massa de indivíduos, graças as ações violentas dos mesmos que os Jacobinos, ligados a eles, chegaram ao poder. Definitivamente os sans-culottes tiveram um papel fundamental no processo revolucionário francês já que correspondiam as aspirações populares.
Porém, mesmo com o apoio dos sans-culottes e estando na direção política do Estado realizando determinadas reformas políticas e sociais significativas, os Jacobinos não duraram muito no poder devido ao que implantaram durante sua República – a Era do Terror. Robespierre, líder supremo dos Jacobinos, decidiu implantar a Era do Terror. Mas o que significou isso? Significou que era necessário agir de modo ditatorial para alcançar um governo democrático e assegurar as conquistas instituídas pelas reformas que se realizavam. Para tais fins teve que Robespierre impor o poder do Estado sobre a população e condenar todos os que eram considerados suspeitos de traição à Guilhotina. Foi o período em que a Guilhotina foi mais usada. Até mesmo líderes Jacobinos próximos a Robespierre, como Danton, por exemplo, foram guilhotinados. O excesso de terror fez com que os Girondinos articulassem um Golpe de Estado – o golpe 9 do Termidor – e derrubassem com a República Jacobina, guilhotinando inclusive Robespierre. Iniciava-se a terceira fase revolucionária. (COSTA NETO, s/d, s/p)
Na terceira fase da Revolução acontece a Reação Termidoriana, o golpe de Estado armado pela alta burguesia financeira, que marcou o fim da participação popular no movimento revolucionário, em compensação os estabelecimentos comerciais cresciam, porque as ações burguesas anteriores haviam eliminado os empecilhos feudais. O novo governo, denominado Diretório (1795-1799), autoritário e fundamentado numa aliança com o exército (então restabelecido após vitórias realizadas em guerras externas), foi o responsável por elaborar a nova Constituição, que manteria a burguesia livre de duas grandes ameaças: a República Democrática Jacobina e o Antigo Regime. O Poder Executivo foi concedido ao Diretório, e uma comissão formada por cinco diretores eleitos por cinco anos. Apesar disso, em 1796 a burguesia enfrentou a reação dos Jacobinos e radicais igualitaristas. Graco Babeuf liderou a chamada Conspiração dos Iguais, um movimento socialista que propunha a "comunidade dos bens e do trabalho", cuja atenção era voltada a alcançar a igualdade efetiva entre os homens, que segundo Graco, a única maneira de ser alcançada era através da abolição da propriedade privada. A revolta foi esmagada pelo Diretório, que decretou pena de morte a todos os participantes da conspiração, e o enforcamento Babeuf. (COSTA NETO, s/d, s/p)
O governo não era respeitado pelas outras camadas sociais. Os burgueses mais lúcidos e influentes perceberam que com o Diretório não teriam condição de resistir aos inimigos externos e internos e manter o poder. Eles acreditavam na necessidade de uma ditadura militar, uma espada salvadora, para manter a ordem, a paz, o poder e os lucros. A figura que sobressai no fim do período é a de Napoleão Bonaparte. Ele era o general francês mais popular e famoso da época. Quando estourou a revolução, era apenas um simples tenente e, como os oficiais oriundos da nobreza abandonaram o exército revolucionário ou dele foram demitidos, fez uma carreira rápida. Aos 24 anos já era general de brigada. Após um breve período de entusiasmo pelos Jacobinos, chegando até mesmo a ser amigo dos familiares de Robespierre, afastou-se deles quando estavam sendo depostos. Lutou na Revolução contra os países absolutistas que invadiram a França e foi responsável pelo sufocamento do golpe de 1795. Enviado ao Egito para tentar interferir nos negócios do império inglês, o exército de Napoleão foi cercado pela marinha britânica nesse país, então sobre tutela inglesa. Napoleão abandonou seus soldados e, com alguns generais fiéis, retornou à França, onde, com apoio de dois diretores e de toda a grande burguesia, suprimiu o Diretório e instaurou o Consulado, dando início ao período napoleônico com o golpe de Estado conhecido por 18 de Brumário. Com o golpe Napoleão foi adquirindo poderes políticos até que em 6 de maio de 1804 foi consagrado Imperador com o título de Napoleão Bonaparte-I governando até 1814, quando caiu do poder e foi exilado. Durante seu governo Napoleão não só estendeu com as fronteiras francesas por meio de guerras, como realizou diversas reformas políticas e sociais, sempre em nome dos interesses burgueses, instituindo o código civil, reformando o sistema educacional e adotando o estilo artístico neoclássico como modelo arquitetônico que servia de veículo de propaganda para as dimensões de seu poder político e para a alta burguesia em seu estilo de vida. (COSTA NETO, s/d, s/p)
De acordo com Martins (1994, p. 13) O objetivo da revolução de 1789 não era apenas mudar a estrutura do Estado, mas abolir radicalmente a antiga forma de sociedade, com suas instituições tradicionais, seus costumes e hábitos arraigados, e ao mesmo tempo promover profundas inovações na economia, na política, na vida cultural, etc. É dentro desse contexto que se situam a abolição dos grêmios e das corporações e a promulgação de uma legislação que limitava os poderes patriarcais na família, coibindo os abusos da autoridade do pai, forçando-o a uma divisão igualitária da propriedade. A revolução desferiu também seus golpes contra a Igreja, confiscando suas propriedades, suprimindo os votos monásticos e transferindo para o Estado as funções da educação, tradicionalmente controladas pela Igreja. Investiu contra e destruiu os antigos privilégios de classe, amparou e incentivou o empresário.
O impacto da revolução foi tão profundo que, passados quase setenta anos do seu triunfo, Alexis de Tocqueville, um importante pensador francês, referia-se a ela da seguinte maneira: "A Revolução segue seu curso: à medida que vai aparecendo a cabeça do monstro, descobre-se que, após ter destruído as instituições políticas ela suprime as instituições civis e muda, em seguida, as leis, os usos, os costumes e até a língua; após ter arruinado a estrutura do governo, mexe nos fundamentos da sociedade e parece querer agredir até Deus; quando esta mesma Revolução expande-se rapidamente por toda a parte com procedimentos desconhecidos, novas táticas, máximas mortíferas, poder espantoso que derruba as barreiras dos impérios, quebra coroas, esmaga povos e - coisa estranha - chega ao mesmo tempo a ganhá-los para a sua causa; à medida que todas estascoisas explodem, o ponto de vista muda. O que à primeira vista parecia aos príncipes da Europa e aos estadistas um acidente comum na vida dos povos, tornou-se um fato novo, tão contrário a tudo que aconteceu antes no mundo e no entanto tão geral, tão monstruoso, tão incompreensível que, ao percebê-lo, o espírito fica como que perdido". (MARTINS, 1994, p. 13)
Ainda de acordo com Martins (1994, p. 13-14) a França, no início do século XIX, ia se tornando visivelmente uma sociedade industrial, com uma introdução progressiva da maquinaria, principalmente no setor têxtil. Mas o desenvolvimento acarretado por essa industrialização causava aos operários franceses miséria e desemprego. Essa situação logo encontraria resposta por parte da classe trabalhadora. Em 1816 - 1817 e em 1825 - 1827, os operários destroem as máquinas em manifestações de revolta. Com a industrialização da sociedade francesa, conduzida pelo empresário capitalista, repetem-se determinadas situações sociais vividas pela Inglaterra no início de, sua revolução industrial. Eram visíveis, a essa época, a utilização intensiva do trabalho barato de mulheres e crianças, uma desordenada migração do campo para a cidade, gerando problemas de habitação, de higiene, aumento do alcoolismo e da prostituição, alta taxa de mortalidade infantil etc. A partir da terceira década do século XIX, intensificam-se na sociedade francesa as crises econômicas e as lutas de classes. A contestação da ordem capitalista, levada a cabo pela classe trabalhadora, passa a ser reprimida com violência, como em 1848, quando a burguesia utiliza os aparatos do Estado, por ela dominado, para sufocar as pressões populares. Cada vez mais ficava claro para a burguesia e seus representantes intelectuais que a filosofia iluminista, que passava a ser designada por eles como "metafísica", "atividade crítica inconsequente", não seria capaz de interromper aquilo que denominavam estado de "desorganização", de "anarquia política" e criar uma ordem social estável. (MARTINS, 1994, p. 15-16)
Determinados pensadores da época estavam imbuídos da crença de que para introduzir uma "higiene" na sociedade, para "reorganizá-la", seria necessário fundar uma nova ciência. Durkheim, ao discutir a formação da sociologia na França do século XIX, refere-se a Saint-Simon da seguinte forma: "O desmoronamento do antigo sistema social, ao instigar a reflexão à busca de um remédio para os males de que a sociedade padecia, incitava-o por isso mesmo a aplicar-se às coisas coletivas. Partindo da ideia de que a perturbação que atingia as sociedades europeias resultava do seu estado de desorganização intelectual, ele entregou-se à tarefa de pôr termo a isto. Para refazer uma consciência nas sociedades, são estas que importa, antes de tudo, conhecer. Ora, esta ciência das sociedades, a mais importante de todas, não existia; era necessário, portanto, num interesse prático, fundá-la sem demora". Como se percebe pela afirmação de Durkheim, esta ciência surge com interesses práticos e não "como que por encanto", como certa vez afirmara. (MARTINS, 1994, p. 15-16)
3. A SITUAÇÃO INTELECTUAL – A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA
De acordo com Jobim (2007, p. 2) a Sociologia é uma ciência que estuda as sociedades humanas e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo isolado é estudado pela Psicologia, a Sociologia estuda os fenômenos que ocorrem quando vários indivíduos se encontram em grupos de tamanhos diversos, e interagem no interior desses grupos.
Pondo-se de lado alguns trabalhos precursores, como os de Maquiavel (Itália em Florença, 1469 - 1527) e Montesquieu (França em Bordéus, 1689 - 1755), o estudo científico dos fatos humanos somente começou a se constituir em meados do século XIX. Nessa época, assistia-se ao triunfo dos métodos das ciências naturais.
Diante da comprovação inequívoca da fecundidade do caminho metodológico apontado por Galileu (Itália em Pisa, 1564 - 1642) e outros, alguns pensadores que procuravam conhecer cientificamente os fatos humanos passaram a abordá-los segundo as coordenadas das ciências naturais. Outros, ao contrário, afirmando a peculiaridade do fato humano e a consequente necessidade de uma metodologia própria. Essa metodologia deveria levar em consideração o fato de que o conhecimento dos fenômenos naturais e um conhecimento de algo externo ao próprio homem, enquanto nas ciências sociais o que se procura conhecer é a própria experiência humana (interna). 
De acordo com a distinção entre experiência externa e experiência interna, poder-se-ia distinguir uma série de contrastes metodológicos entre os dois grupos de ciências. As ciências exatas partiriam da observação sensível e seriam experimentais, procurando obter dados mensuráveis e regularidades estatísticas que conduzissem à formulação de leis de caráter matemático. As ciências humanas, ao contrário, dizendo respeito à própria experiência humana, seriam introspectivas, utilizando a intuição direta dos fatos, e procurariam atingir não generalidades de caráter matemático, mas descrições qualitativas de tipos e formas fundamentais da vida do espírito. (JOBIM, 2007, p. 2)
Os positivistas (como eram chamados os teóricos da identidade fundamental entre as ciências exatas e as ciências humanas) tinham suas origens, sobretudo na tradição empirista inglesa que remonta a Francis Bacon (Inglaterra em Londres, 1561 – 1626) e encontrou expressão em David Hume (Escócia em Edimburgo, 1711 – 1776), nos utilitaristas do século XIX e outros. Nessa linha metodológica de abordagem dos fatos humanos se colocariam Augusto Comte (França, 1798 – 1857) e Émile Durkheim (França, 1858 – 1917), este considerado por muitos como o fundador da sociologia como disciplina científica. Os antipositivistas, adeptos da distinção entre ciências humanas e ciências naturais, foram, sobretudo, os alemães, vinculados ao idealismo dos filósofos da época do Romantismo, principalmente Hegel (Alemanha em Esturgarda, 1770 – 1831) e Schleiermacher (Polônia em Breslau, 1768 – 1834). Os principais representantes dessa orientação foram os neokantianos Wilhelm Dilthey (Alemanha em Briebrich, Renânia, 1833 – 1911), Wilhelm Windelband (Alemanha em Potsdam, 1848-1915) e Heinrich Rickert ( Alemanha em Danzig, 1863 – 1936). 
Dilthey estabeleceu uma distinção que fez fortuna: entre explicação (erklären) e compreensão (verstehen). O modo explicativo seria característico das ciências naturais, que procuram o relacionamento causal entre os fenômenos. A compreensão seria o modo típico de proceder das ciências humanas, que não estudam fatos que possam ser explicados propriamente, mas visam aos processos permanentemente vivos da experiência humana e procuram extrair deles seu sentido. Os sentidos (ou significados) são dados, segundo Dilthey, na própria experiência do investigador, e poderiam ser empaticamente apreendidos por outros em interação com ele conforme a vivência de cada um. Dilthey (como Windelband e Rickert), contudo, foi, sobretudo, filósofo e historiador e não, propriamente, cientista social, no sentido que a expressão ganharia no século XX. Outros levaram o método da compreensão ao estudo de fatos humanos particulares, constituindo diversas disciplinas compreensivas. Na sociologia, a tarefa ficaria reservada a Max Weber. 
Levando-se em conta os esforços realizados por tantos pensadores, desde a Antiguidade, para entender a sociedade e o seu desenvolvimento, a Sociologia poderia ser considerada a mais velha de todas as ciências, e a mais acolhedora. Tanto que hoje em dia praticamente todo mundo é “sociólogo” — “porque todos estamos sempre analisando os nossos comportamentos e as nossas experiências interpessoais”, pois, até por razões emocionais, de alguma forma nos acostumamos a contemplar e a dar palpite sobre os movimentos da sociedade, as forças que conduzem os seres humanos, as razões dos conflitos sociais, as origens da família, as relações entre Estado e Direito, o funcionamento dos sistemas políticos, a função dasideologias e das religiões, etc. Segundo esse raciocínio, podem ter sido sociólogos os veneráveis santos Agostinho (Tagasta, Numídia ao norte da África, 354 – 430 ) e Tomás de Aquino (Campânia no sul da Itália, 1225 – 1274 ) e padre Antônio Vieira (Portugal em Lisboa, 1608 - 1697), que interpretavam a realidade social de acordo com os dogmas e interesses da Igreja Católica, bem como os notáveis lbn Khaldun, historiador islâmico (Tunísia, 1332 – 1406) e Maquiavel, que criticavam toda interpretação teológica da sociedade. (JOBIM, 2007, p. 2)
O termo Sociologie foi cunhado por Auguste Comte, que esperava unificar todos os estudos relativos ao homem — inclusive a História, a Psicologia e a Economia. Seu esquema sociológico era tipicamente positivista, (corrente que teve grande força no século XIX), e ele acreditava que toda a vida humana tinha atravessado as mesmas fases históricas distintas e que, se a pessoa pudesse compreender este progresso, poderia prescrever os remédios para os problemas de ordem social.
O surgimento da sociologia ocorreu num momento de grande expansão do capitalismo, desencadeado pela dupla revolução – a industrial e a francesa. O triunfo da indústria capitalista na revolução industrial desencadeou uma crescente industrialização e urbanização, o que provocou radicais modificações nas condições de existência e nas formas habituais de vida de milhões de seres humanos. Estas situações sociais radicalmente novas, impostas pela sociedade capitalista, fizeram com que a sociedade passasse a se constituir em "problema". Diante disso, pensadores ingleses da época procuraram extrair dessas novas situações temas para a análise e a reflexão, no objetivo de agir, tanto para manter como para reformar ou modificar radicalmente a sociedade de seu tempo. Isto foi fundamental para a formação e a constituição de um saber sobre a sociedade. Outra circunstância que também influenciou e contribui para a formação da sociologia se deve às transformações ocorridas nas formas de pensamento, originadas pelo Iluminismo. As transformações econômicas que o ocidente europeu presenciou desde o século XVI, provocaram modificações na forma de conhecer a natureza e a cultura. A partir daí, o pensamento deixa de ter uma visão sobrenatural para a explicação dos fatos da natureza e passa a ser substituído pelo uso da razão. (JOBIM, 2007, p. 3-4)
Para Jobim (2007, p. 3-4) o emprego sistemático da razão representou um avanço para libertar o conhecimento do controle teológico, da tradição, da revelação e para a formulação de uma nova atitude intelectual diante dos fenômenos da natureza e da cultura. Essas novas maneiras de produzir e viver propiciaram um visível progresso das formas de pensar e contribuíram para afastar interpretações baseadas em superstições e crenças infundadas, abrindo consequentemente um espaço para a constituição de um saber sobre os fenômenos histórico-sociais. Esta crescente racionalização da vida social não era um privilégio somente de filósofos e homens que se dedicavam ao conhecimento, mas também, do homem comum dessa época, que renunciava cada vez mais os fatos submetidos às forças sobrenaturais, passando a percebê-los como produtos da atividade humana, passíveis de serem conhecidos e transformados. 
A revolução francesa contribuiu para o surgimento da sociologia na medida em que o objetivo dessa revolução era mudar a estrutura do Estado monárquico e, ao mesmo tempo, abolir radicalmente a antiga forma de sociedade; promover profundas inovações na economia, na política, na vida cultural, etc; além de desferir seus golpes contra a Igreja. Tais atitudes ocasionaram profundos impactos, causando espanto aos pensadores da época e à própria burguesia, já instalada no poder. Diante disso, esses pensadores se incumbem à tarefa de racionalizar a nova ordem e encontrar soluções para o estado de "desorganização" então existente. Mas, para estabelecer esta tarefa seria necessário, segundo eles, conhecer as leis que regem os fatos sociais e instituir uma ciência da sociedade. Assim, pensadores positivistas da época concluíram que, para restabelecer a organização e o aperfeiçoamento na sociedade, seria necessário fundar uma nova ciência. Essa nova ciência assumia, como tarefa intelectual, repensar o problema da ordem social, ressaltando a importância de instituições como a autoridade, a família, a hierarquia social, destacando a sua importância teórica para o estudo da sociedade. A oficialização da sociologia foi, portanto, em larga medida, uma criação do positivismo que procurará realizar a legitimação intelectual do novo regime. 
Foram as ideias desenvolvidas por incontáveis homens e mulheres, ao longo da história humana, que começa na Mesopotâmia e no Egito a mais de quatro mil anos antes do nascimento de Cristo, que reunidas, trabalhadas e revistas, formaram o que hoje temos como conhecimento em todas as áreas da vida. (JOBIM, 2007, p. 3-4)
 Conforme Quintaneiro, et al (2002, p. 22-23) em suma, foi a partir da obra realizada sobretudo por Marx, Durkheim e Weber que a Sociologia moderna se configurou como um campo de conhecimento com métodos e objeto próprios. Valores e instituições que antes eram considerados de um ponto de vista supra-histórico passam a ser entendidos como frutos da interação humana. Assim, a Sociologia revelava a dimensão temporal de fenômenos e dispunha-se, mesmo, a interferir no seu curso aparentemente autônomo. Com o tempo, nenhum tema seria considerado menos nobre ou escaparia à ânsia de entendimento: o Estado, as religiões, os povos “não civilizados”, a família e a sexualidade, o mercado, a moral, a divisão do trabalho, os modos de agir, as estruturas das sociedades e seus modos de transformação, a justiça, a bruxaria, a violência... O olhar sociológico continuará à espreita de novos objetos. A razão passa a ser vista como a luz que, promovendo a liberdade do indivíduo, orienta sábios e ignorantes em direção à verdade.
Ao tratar de compreender a especificidade do que poderia ser chamado de “social” e dada a própria natureza de seu objeto, a Sociologia sofre continuamente as influências de seu contexto. Ideias, valores, ideologias, conflitos e paixões presentes nas sociedades permeiam a produção sociológica. Antigos temas -liberdade, igualdade, direitos individuais, alienação - não desaparecem, mas assumem hoje outros significados. A Sociologia era, e continua a ser, um debate entre concepções que procuram dar resposta às questões cruciais de cada época. Por inspirar-se na vida social, não pode, portanto, estar ela própria livre de contradições. (QUINTANEIRO, ET AL, 2002, p. 22-23)
4. O PENSAMENTO DE: COMTE, DURKHEIM, MARX e ENGELS, WEBER
- Auguste Comte: Para Pauli (s/d, s/p) Auguste Comte filósofo francês (...) é conhecido como fundador do positivismo e da sociologia. É o positivismo uma nova forma do empirismo, que agora assume a veste de um novo nome e se ordena em síntese ampla. Tal como já o empirismo, o positivismo se retém naquilo que não ultrapassa à superfície das coisas que se experimentem; afasta-se de conceitos meramente racionais, como, por exemplo, o de substância. Com isso ficaram eliminadas a metafísica e a psicologia racional. Classificou Comte as ciências pelo objeto. Em consequência abandonou classificação subjetiva pelas faculdades introduzida por Francis Bacon e que fora ainda divulgada pela Enciclopédia Francesa. Por sua vez o objeto foi ordenado pela ordem de generalidade decrescente, estabelecendo-se consequentemente a matemática no topo (ou na base) das ciências positivas. Depois vem a astronomia, a física, a química, a biologia e a sociologia, com objetos progressivamente menos gerais, todavia mais complexos. A descida ao cada vez menos geral pode resultar em divisões materiais; não suficientemente atento a esta questão dividiu Conte ciências, como a física, a astronomia, a geografia, que efetivamente não se diferenciam por esta via. A sociologia de Comte como ciência positiva, se prende à filosofia apenas na sua caracterização meramente formal.Em si mesma a sociologia somente afeta à filosofia, quando se trata de defini-la e lhe discutir os métodos. Então ela é a ciência que tem por objeto a interação social; advertir para este objeto de estudo, Comte teve certamente um grande mérito, ainda que tal estudo em parte sempre houvesse sido realizado. No atinente ao método, faz-se o reparo, que Comte ao dividi-la usou de expressões analógicas, e que podem inadvertidamente ser tomadas pelo sentido inadequado. Ao denominá-la física social, e ao dividi-la em estática social e dinâmica social, usou uma linguagem que somente é válida em sentido analógico; usada em sentido próprio poderá acarretar equívocos.
Conforme Pauli (s/d, s/p) em si mesma, a sociologia, como ciência positiva que é, escapa à filosofia; mas não deixa de ser curiosa teoria comtiana da evolução da humanidade por três estágios: teológico, metafísico, científico. Eis uma hipótese, cuja validade depende da observação positiva. Contudo indiretamente ela também depende da teologia, da filosofia, da ciência, as quais precisam primeiramente acontecer, para depois se determinar como historicamente aconteceram.
Para Jobim (2007, p. 4-6) Comte acreditava que a realidade é formada por partes isoladas, de fatos atômicos; a explicação dos fenômenos se dá através da relação entre eles; não se interessa pelas causas, mas pelas relações entre os fenômenos; rejeição ao conhecimento metafísico; há somente um método para a investigação dos dados naturais e sociais. Tanto um quanto outro são regidos por leis invariáveis. Em sua Lei dos três estados ou estágios do desenvolvimento intelectual, Comte teorizava que o desenvolvimento intelectual humano havia passado historicamente primeiro por um estágio teológico, em que o mundo e a humanidade foram explicados nos termos dos deuses e dos espíritos; depois através de um estágio metafísico transitório, em que as explanações estavam nos termos das essências, de causas finais, e de outras abstrações; e finalmente para o estágio positivo moderno. Este último estágio se distinguia por uma consciência das limitações do conhecimento humano. 
	LEI DOS TRÊS ESTADOS - características
	Estado Teológico
	Estado Metafísico
	Estado Positivo
	- tudo tem origem no sobrenatural.
- época dos sacerdotes e militares.
- domínio da organização militar.
	- tudo tem origem na razão, na natureza e em forças misteriosas.
- época jurídica.
- prevalece a organização jurídica.
	- ciência substitui a razão, natureza e forças misteriosas.
- época industrial.
- predomínio do intelectual, principalmente o sociólogo|- a economia se junta à sociologia para, juntas, guiarem os destinos da organização social.
Fonte: JOBIM, Sonia/ Introdução à Sociologia, 2007.
Comte tentou também uma classificação das ciências; baseada na hipótese que as ciências tinham se desenvolvido a partir da compreensão de princípios simples e abstratos, para daí chegarem à compreensão de fenômenos complexos e concretos. Assim as ciências haviam se desenvolvido a partir da matemática, da astronomia, da física, e da química para atingir o campo mais complexo da biologia e finalmente da sociologia. De acordo com Comte, esta última disciplina, a Sociologia, não somente fechava a série, mas também reduziria os fatos sociais a leis científicas, e sintetizaria todo o conhecimento humano, como ápice de toda a ciência. Embora não fosse dele o conceito de sociologia ou da sua área de estudo, Comte ampliou seu campo e sistematizou seu conteúdo. Dividiu a Sociologia em dois campos principais: Estática social, ou o estudo das forças que mantêm unida a sociedade; e Dinâmica social, ou o estudo das causas das mudanças sociais. (JOBIM, 2007, p. 4-6)
Também de acordo com Jobim (2007, p. 4-6) o estudo da estática social deve ser iniciado com o entendimento do Consenso Social, que é a interdependência social ou interpenetração dos fenômenos sociais. Segundo Comte os fenômenos sociais só podem ser estudados em conjunto porque eles são fundamentalmente conexos. E é pelo Consenso Social que pode existir a Harmonia Social.
A sociedade é composta de unidades chamadas de células sociais. Essas células são famílias e não indivíduos. A família, portanto, é a verdadeira unidade social por ser a associação mais espontânea que existe. Ela é a fonte espontânea da educação moral e constitui a base natural da organização política. A sociedade deve ser organizada com base no "organismo doméstico", que tem como características principais:
· Subordinação: subordinação espontânea da mulher ao homem e dos filhos aos pais;
· União: a família é possível graças a união de seus membros;
· Cooperação: a sociabilidade no meio familiar é possível graças à cooperação;
· Altruísmo: o sentimento familiar desenvolve o prazer de fazer pelo outro e para o outro; 
· Toda sociedade deve possuir uma ordem, proveniente dos instintos sociais do indivíduo e que se manifesta através da família. Essa ordem exige, para sua sobrevivência, de uma autoridade. Na família essa autoridade é o marido e na sociedade é o governo. Não há sociedade sem governo, nem governo sem sociedade.
O governo deve manter uma intervenção "universal e contínua" na sociedade, de forma material, intelectual e moral, para evitar que o progresso a inviabilize. Segundo Comte, o progresso enfraquece a união e a cooperação, fragilizando a ordem. Essa é a intervenção do "conjunto sobre as partes". As forças sociais que determinam as estruturas sociais são a material, a intelectual e a moral. A organização social baseia-se na divisão do trabalho social e na combinação de esforços. 
Todo estado social é uma consequência do passado e uma preparação para o futuro. Não há espaço para quaisquer vontades superiores. As leis que regem o estado social são leis análogas às leis biológicas. E exatamente por essa analogia conclui-se que a humanidade caminha para a completa autonomia, o que ocorrerá quando for ultrapassada a sua etapa metafísica. Mas nada é eterno! A evolução da sociedade, da mesma forma que no indivíduo, leva-a para o inevitável caminho da decadência final. 
No início a humanidade assumiu a fase teológica ou fictícia, que foi uma fase provisória, mas o ponto de partida necessário para todo o processo cultural. 
A segunda fase é a metafísica ou abstrata, que é transitória, onde os agentes sobrenaturais são substituídos por força abstratas, entendidas como seres do mundo.
A terceira fase é a positiva, científica ou real, que é a fase definitiva da humanidade, quando o homem descobre a impossibilidade de obter conhecimentos absolutos e desiste de indagar sobre a origem e a finalidade do universo, assim como sobre as causas íntimas dos fenômenos. O homem passa a se preocupar apenas em descobrir as leis efetivas que estabelecem as relações invariáveis de sucessão e semelhança. Estuda-se as leis a abandona-se a pesquisa das causas. (JOBIM, 2007, p.4-6)
Segundo Jobim (2007, p. 4-6) o problema fundamental do estado positivo é a conciliação da ordem com o progresso, que é a condição necessária ao aparecimento do verdadeiro sistema político. Toda ordem estabelecida deverá ser compatível com o progresso, assim como todo progresso, para ser realizado, deverá permitir as consolidação da ordem. Estado Positivo significa o fracasso da Teologia e da Metafísica. Em seguida virá o domínio do Positivismo e da Sociologia, fazendo surgir a "Religião da Humanidade", com o predomínio do altruísmo e da harmonia social.
Para Pauli (s/d, s/p) preconizou Comte uma nova religião, a da humanidade
, em que os sacerdotes são os cientistas. Também aqui ocorreu uma aproximação exagerada entre coisas apenas analógicas. Importa, entretanto, enaltecer o alto respeito de Comte pela Humanidade, ao ponto de elevá-la à condição de objeto de culto. Em princípio as coisas têm um certo direito à sua individualidade, cujo respeito é uma espécie de culto. O verdadeiro culto a Deus não é a relação entre servo e senhor, mas o respeito à posição de Deus no todo; assim, importa respeitar os indivíduos, a nação e finalmenteà humanidade. Não importa apenas o patriotismo no sentido nacional; o mais completo patriotismo é também humanitário, e o foi onde Comte se antecipou à tendência atual de globalização, ainda que fosse exageradamente enfático na linguagem usada. Com referência ainda ao misticismo de Comte, referiu-se à Humanidade como o Grande Ser, - Grand Être, como objeto principal do culto. São objetos de veneração também o Grande meio, - o espaço, - e o Grande Fetiche, - a terra. Juntos constituem a trindade positiva. Acresceu ainda variados símbolos, - calendário próprio, sacerdotes, pontífices, altares, sacramentos. Em consequência se multiplicaram as sociedades positivistas no mundo, com os respectivos templos, em que até o número de degraus de acesso contém simbolismos. (...) Fora da Europa o positivismo recebeu larga acolhida, sobretudo nos meios que cultivam a matemática, por exemplo, militares. Nos Estados Unidos da América ainda se desenvolveu na forma especial de Pragmatismo. No Brasil o positivismo teve ampla aceitação, quer nas escolas de direito, quer nos círculos militares em virtude da matemática, quer ainda no movimento republicano. Teve também seus materialistas e evolucionistas. Em Recife notaram-se primeiramente Tobias Barreto e Silvio Romero, depois emigrados para outros centros. No Rio de Janeiro o republicano Benjamim Constant fundava em 1876 a sociedade positivista. Mas a igreja positivista foi mais um esforço de Miguel Lemos e Teixeira Mendes. (PAULI, s/d, s/p)
- Émile Durkheim: Segundo Amaral (2004, s/p) utilizando-se do método positivo, apoiado na observação, indução e experimentação é que Durkheim tenta formular proposições que estabeleçam relações constantes entre os fenômenos, os chamados “fatos sociais”, a fim de compreender a maneira de agir fixa ou não do indivíduo, obedecendo à coerção exterior, determinada pela sociedade sobre o mesmo, implicando, assim, que a sociedade se impõe ao indivíduo, ditando a ele normas de comportamento, e que a ele compete, apenas, assimilá-las, não importando se haveria interesses ou motivações individuais que determinassem o “fato social”, haja vista, para ele ser o todo mais importante do que as partes que o compõem, sendo cada indivíduo, portanto, apenas um átomo na grande química que é a sociedade. Segundo ele, um dos fatores de agregação da sociedade é a “divisão do trabalho”, tendo em vista a interdependência entre os indivíduos, advinda da mesma, como consequência das especializações nas tarefas, identificando, aqui, a coerção da consciência coletiva sobre as consciências individuais.
Os fenômenos que constituem a sociedade têm sua origem na coletividade, onde os “fatos sociais” são formados pelas “representações coletivas”, através de suas lendas, mitos, religião, e crenças morais que são legadas de geração para geração, acrescentadas de experiências e sabedoria acumuladas, sendo assim, de forma muito particular, infinitamente, mais rica e complexa do que a do indivíduo, reafirmando a teoria de que a sociedade é que determina o indivíduo. (AMARAL, 2004, s/p)
Ainda de acordo com Amaral (2004, s/p) mesmo estudando fatos já cristalizados, que para Durkheim, constituem “maneiras de ser” sociais, tais como: forma de nossas casas, nosso vestuário, a linguagem escrita, são para ele, realidades exteriores à vontade dos indivíduos, tornando-os, assim, “fatos sociais”, que possuem ascendência sobre eles, arrastando-os e influenciando-os, ditando normas e costumes que são internalizados nos indivíduos, através da educação. Não educamos nossos filhos como queremos, mas sim da forma que a sociedade admite e propõe, pois muito do que passamos aos mesmos já existia antes deles.
Se, porventura, tentamos escapar aos ditames de normas pré-estabelecidas, violando uma regra moral ou desafiando uma lei, verificaremos toda sorte de dificuldades e obstáculos que nos serão impostos pelos demais membros da comunidade na tentativa de nos impedir que assim procedamos para que não sejamos punidos, mostrando-nos, sempre, que estamos diante de algo que nos é superior. As ideias e os sentimentos coletivos não podem ser modificados ao nosso bel prazer. A mudança é possível, no entanto, necessário se faz que vários indivíduos, através de uma ação combinada consigam constituir um novo “fato social”. As resistências àquela seriam tanto maiores quanto fossem a importância dos valores a serem modificados, incorrendo, assim, numa batalha feroz de forças antagônicas, visando à consolidação, ou não, das mudanças pretendidas.
Segundo o pensamento de Durkheim as instituições são impostas aos indivíduos, e eles, a elas adere, mesmo que de forma constrangedora, ainda assim, ele encontra vantagens, tais como as regras morais, que apesar de coercitivas, a eles se apresentam como coisas agradáveis e desejáveis, embora, impliquem em deveres que demandam esforço no seu cumprimento. A sociedade tem vida própria, antecede e sucede aos indivíduos, tal qual um ente superior que independe deles, possui sobre eles autoridade e ainda que os constranja, ainda assim eles a amam. Durkheim defende que o melhor método para se explicar a função do “fato social” na sociedade, seria através da observação, de maneira semelhante ao adotado pelos cientistas naturais, levando-se em conta, entretanto, que o objeto do estudo dentro da Sociologia tem peculiaridades próprias, distintas dos fenômenos naturais. No entanto, acreditava ele que investigando-se as relações de causa e efeito e regularidade, poderia se chegar a descoberta de leis, que determinassem a existência de um “fato social” qualquer e que por conseguinte, determinaria, este, a ação dos indivíduos. Para ele, os fenômenos coletivos variam de acordo com o substrato social em que vivem os indivíduos, sendo esse substrato definido pelo território em que os mesmos vivem e se movimentam, decorrendo daí a comunicação e a interação entre os mesmos, fatos estes de relevante importância na vida social.
Ao observar um “fato social”, que ele passa a designar como “coisa”, o cientista deve afastar-se de todo e qualquer conhecimento anterior que ele possua do mesmo, tomando-o como uma realidade exterior, sem considerar as suas manifestações individuais, evitando, assim, interferências no resultado da pesquisa a que se propôs. “Seu papel é exprimir a realidade, não julgá-la”. (TÃNIA QUINTANEIRO, s/d, p. 27, apud AMARAL, 2004, s/p).
- Karl Marx e Friedrich Engels: De acordo com Araujo (s/d, p. 7-8) Marx e Engels merecem destaque por suas pesquisas de cunho sociológico e socialista. Esses dois estudiosos procuraram oferecer uma explicação da sociedade como um todo e, por isso, não estavam preocupados em fundar a Sociologia como disciplina específica. Em seus trabalhos, percebe-se uma profunda interligação entre os campos do saber. A formação teórica do socialismo marxista constituiu uma complexa operação intelectual e crítica de assimilação das três principais correntes do pensamento europeu do século passado – o socialismo, a dialética e a economia política.
Anteriormente ao socialismo marxista, existiu o socialismo utópico, cujos principais expoentes foram Owen e Saint-Simon. Porém, na visão de Marx e Engels, embora os socialistas utópicos tivessem elaborado uma crítica à sociedade burguesa, eles não apresentaram meios para mudar efetivamente a realidade social. Na verdade, os socialistas utópicos atuavam como representantes dos interesses da humanidade, mas de uma forma apolítica, não reconheciam em nenhuma classe social o instrumento para a concretização de suas ideias.
Inspirados pela dialética de Hegel, Marx e Engels ressaltaram seu caráter revolucionário, apesar de terem-na criticado por seu idealismo. Ao contrário de Hegel, Marx e Engels acreditavam que os fenômenos existentes não eram simples projeções do pensamento. Para eles, as sociedades humanas estavam em contínua e dinâmica transformação e o motor da história eram os conflitos e os antagonismos entre as classes sociais. Criaram uma teoria científica de grande importância e inegável valorexplicativo – o materialismo histórico, segundo o qual a investigação de qualquer fenômeno social deveria partir da estrutura econômica da sociedade. Os fatos econômicos seriam a base de apoio dos outros níveis da realidade, como a religião, a política e a cultura. A análise da estrutura econômica da sociedade deveria ser orientada pela economia política, porém Marx e Engels não concordavam com os economistas clássicos em relação à ideia de que a produção de bens materiais fosse obra de indivíduos isolados, que perseguiam egoisticamente seus interesses particulares. 
O homem é um animal essencialmente social, diziam Marx e Engels. Desde os primórdios da humanidade existe uma constante relação de interdependência entre os homens. Para Marx e Engels, a função da Sociologia não poderia se limitar apenas a solucionar os problemas sociais para restabelecer a ordem e o bom funcionamento da sociedade, como imaginavam os positivistas. A Sociologia deveria realizar mudanças radicais na sociedade, unindo teoria e ação, ciência e os interesses da classe proletária. (ARAUJO, s/d, p. 7-8)
De acordo com Ferreira (s/d, s/p) os princípios básicos que fundamentaram o socialismo marxista podem ser sintetizados em três teorias centrais: a teoria da mais-valia, onde se demonstrava a maneira pelo qual o trabalhador é explorado na produção capitalista; a teoria da luta das classes, onde se afirma que a história da sociedade humana é a história da luta das classes ou do conflito permanente entre exploradores e explorados; e, finalmente, a teoria do materialismo histórico.
Marx dedicou-se a um estudo intensivo da história, e criou uma teoria que veio a ser conhecida como a concepção materialista da história, que foi exposta num trabalho em que esboça a história dos vários modos de produção, prevendo o colapso do modo de produção vigente - o capitalismo. O materialismo histórico é uma teoria sobre toda e qualquer forma produtiva criada pelo homem de acordo com seu ambiente ao longo do tempo, onde se evidencia que os acontecimentos históricos são determinados pelas condições materiais (econômicas) da sociedade. Dentre as ideias do materialismo histórico, relevam-se as questões das forças produtivas e relações de produção.
Marx afirmou que a estrutura de uma sociedade depende da forma como os homens organizam a produção social de bens. A produção social, segundo ele, engloba dois fatores básicos: as forças produtivas e as relações de produção. As forças produtivas constituem as condições materiais de toda a produção. Representam as matérias primas, os instrumentos, as técnicas de trabalho e até os próprios homens. Reconhece-se o grau de desenvolvimento das forças produtivas de uma nação a partir do aperfeiçoamento da divisão do trabalho. As relações de produção são a forma pelas quais os homens se organizam para executar a atividade produtiva. Elas se referem às diversas maneiras pelas quais são apropriados e distribuídos os elementos envolvidos no processo de trabalho. Assim, as relações de produção podem ser cooperativistas (como um mutirão), escravistas (como na antiguidade), servis (como na Europa feudal) e capitalistas (como na indústria moderna).
Forças produtivas e relações de produção são condições naturais e históricas de toda a atividade produtiva que ocorre em sociedade. A forma pela qual ambas existem e são reproduzidas numa determinada sociedade constitui o que Marx determinou de modo de produção. Para ele, o estudo deste é muito importante para a compreensão de como se organiza a sociedade. (FERREIRA, s/d, s/p)
- Max Weber: Já, o sociólogo alemão Max Weber defendia a neutralidade científica, segundo a qual o cientista jamais deveria defender preferências políticas e ideológicas a partir de sua atividade profissional. Isso acarretaria um isolamento da Sociologia dos movimentos revolucionários e a profissionalização da disciplina.
Weber via o cientista como homem do saber, das análises frias e penetrantes; e o político como homem de ação e decisão, comprometido com as questões práticas da vida. Dessa forma, a ciência deveria oferecer ao homem de ação, a compreensão da sua conduta, das motivações e das consequências de seus atos. Influenciado pelo pensamento marxista, muitas de suas pesquisas constataram, até certo ponto, a validade das relações estabelecidas por Marx entre economia, política e cultura. Mas, para Weber, não seria correto admitir que a economia se sobrepusesse sobre os demais campos da realidade social. Cada problema deveria ser analisado cuidadosamente a fim de se descobrir que dimensão da realidade estaria condicionando as demais. (ARAUJO, s/d, p. 7-8)
Conforme Araujo (s/d, p. 7-8) a respeito da Sociologia como ciência, Weber dava ênfase à investigação do indivíduo e de sua ação, ao contrário dos conservadores, que procuravam estudar as instituições e os grupos sociais. Não visava à negação da importância dos fenômenos sociais, mas à necessidade de compreender as motivações dos indivíduos que os vivenciam. Por isso, descartava o método de investigação científica das ciências naturais, proposto pelos positivistas para o estudo da sociedade. Weber defendia-se afirmando que a sociedade é dinâmica e não matéria inerte. Weber não considerava o capitalismo um sistema injusto e anárquico, como sustentava Marx. O capitalismo lhe parecia resultado da modernização que trazia consigo um modo de desenvolver atividades com organização racional e eficiência. Porém, a crescente racionalização levaria a uma excessiva especialização e a um mundo cada vez mais intelectualizado e artificial, no qual seriam esquecidos os aspectos mágicos e intuitivos do pensamento e da existência. Weber não via nenhum atrativo no socialismo, o qual poderia acentuar os aspectos negativos da racionalização. Influenciado por Nietzsche, a sua visão sociológica dos tempos modernos era melancólica e pessimista; uma postura de resignação diante da realidade social. (ARAUJO, s/d, p. 7-8)
5. AS LINHAS MESTRAS DA SOCIOLOGIA
De acordo com Guareschi (1989, p. 20- 21) de uma maneira geral poderíamos dizer que existem duas grandes teorias que são como se fossem as mães, ou as matrizes de todas as outras teorias que guiam as pessoas na sociedade. Seriam como duas grandes cosmovisões, duas maneiras diferentes de encarar a realidade, o mundo e (...) de encarar o social, a sociedade.
A teoria positivista-funcionalista tem diversos nomes, sendo o mais comum o de teoria positivista. Positivismo é uma palavra que vem do latim, do particípio passado do verbo pôr, colocar; em latim o particípio passado é positum, que quer dizer posto, colocado. Essa teoria é chamada de positivismo porque ela supõe, implica, ou pressupõe que a realidade é o que está aí, isto é, a realidade é o que está colocado, posto na nossa frente. A realidade se resume, pois, no que nós vemos, apalpamos. (...) Um outro nome que se dá a essa teoria é de teoria funcionalista. Esse nome já acrescenta alguma coisa à teoria anterior, mas não a modifica fundamentalmente. O positivismo diz que a realidade é o que está aí e o funcionalismo acrescenta que a realidade, e, principalmente, a sociedade, é o que está aí também, mas o que está aí está estruturado duma forma especial: tudo o que está aí forma um sistema organizado, em que tudo tem sua função (daí o fato de escolher essa palavra como a melhor para explicar a teoria). Na prática, pois, tudo o que existe tem sua função. Não há nada que não tenha sua função. Se existe, deve ter uma função. E essa função é para alguma coisa, isto é, dirigida para o todo, que no caso pode ser o sistema social, ou qualquer sociedade ou organização. Aqueles que seguem essa teoria enxergam o mundo todo organizadinho. Não há nada sobrando. E eles costumam dizer que a sociedade é como se fosse um organismo (por isso essa teoria é chamada também de organicismo), ou como se fosse um corpo vivo (por isso um outro nome que lhe dão é de biologismo). Eles transpõem para o mundo material. Como na natureza, no mundo, tudo tem sua função, assim também, na

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