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Modulo 1 projetos sociais

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Unidade 1 Modulo 1
Aula 1 Os projetos sociais: fundamentos e conceituações
Primeiramente, defendo que, para falarmos de projetos sociais, precisamos ter em mente interesses coletivos e não individuais. Tudo o que for estruturado para a elaboração de projetos sociais deve partir dos interesses dessa coletividade de sujeitos, garantindo essa legitimidade e representatividade nas demandas e, posteriormente, nas ações que serão estruturadas nas etapas que compõem os projetos sociais.
Convido você a construir comigo o conceito de projetos sociais. Vamos lá?
Primeiramente, vamos compreender o que vem a ser “projeto”. Se buscarmos em um dicionário de conceituações básicas, temos que projeto:
É uma palavra oriunda do termo em latim projectum, que significa “algo lançado à frente”. Por esse motivo, projeto também pode ser uma redação provisória de uma medida qualquer que vai ser realizada no futuro.
Quando “projetamos” algo pensando coletivamente, estamos tratando de um “projeto social” que venha a agregar valor a um conjunto de pessoas que passem por necessidades comuns, cujos impactos e resultados sejam benéficos ao “todo”.
Tomando por pressuposto a conceituação acima indicada, compreendemos que cada projeto social é único, singular e representa um perfil de coletivo. Nenhum projeto social pode ser construído em suas etapas sem o envolvimento da população-alvo, sujeito direto das propostas que serão pensadas e projetadas, materializadas com ele.
O projeto possibilita pôr em prática ações pensadas coletivamente (com a participação ativa dos cidadãos), em tempo planejado e contabilizado, cogitando a utilização adequada dos recursos disponíveis, cumprindo o tempo previsto para a realização de todas as ações pensadas em sua execução.
O projeto prevê tempo, recurso, cumprimento de objetivos e metas previstas.
De acordo com o que Cury (2003), planejar nos possibilita sair do improviso, de ações que são geradas do “acaso” e esta etapa deve envolver todos os atores sociais.
É preciso garantir que, independentemente do método utilizado, todos os atores envolvidos no projeto participem do processo, com seus conhecimentos específicos, com suas práticas diferenciadas e suas diferentes leituras da realidade.
(CURY, 2003, p. 43)
Mas como assim? A própria autora nos esclarece. Vejamos:
Realizar um processo de planejamento participativo não é fácil, pois grupos sociais não são homogêneos. A equipe da organização, os financiadores e/ou parceiros e os beneficiários de nossa ação veem a mesma realidade sobre a qual se está refletindo de diferentes maneiras. Escolher este e não aquele objetivo, esta e não aquela estratégia para alcançá-lo, irá depender da posição de cada um, do recorte pessoal feito dessa realidade, da maneira como cada um a vê, a explica. Assim, um dos aspectos fundamentais nesse momento é compreendermos essas diferentes visões de mundo, os diferentes interesses e desejos manifestos.
Evidenciamos que, ao contrário do que há muito tempo vem sendo realizado nas comunidades, sobretudo, as menos esclarecidas e mais carentes de informações, cultura, consciência e articulação política, 
Politica-É todo processo de planejamento deve envolver tanto os aspectos técnicos, o que certamente ocorrerá, mas especialmente garantir espaço para os aspectos políticos, sociais, valorativos e informacionais contidos em nosso projeto, respeitando a identidade local de cada comunidade, população, localidade.
 que, todo processo de planejamento deve envolver tanto os aspectos técnicos, o que certamente ocorrerá, mas especialmente garantir espaço para os aspectos políticos, sociais, valorativos e informacionais contidos em nosso projeto, respeitando a identidade local de cada comunidade, população, localidade.
(CURY, 2003, p. 43)
Ao longo da história, temos que muitos projetos sociais foram feitos e construídos nos moldes padrões nacionais, sem estudos reais da localidade, da comunidade, sem identidade, sem detalhes mínimos que pudessem de fato responder às necessidades dos seus demandantes. Essa ausência de planejamento faz com que muitos projetos sociais não sobrevivam, não se adaptem às realidades das populações, não apresentem resultados esperados, enfim, não demonstrem os impactos sociais esperados socialmente.
Precisamos, a partir de agora, diferenciar plano, programa e projeto, para, em seguida, expor as interfaces existentes entre cada um deles. Veja:
Plano Programa Projeto
O plano delineia as decisões de caráter geral, as suas grandes linhas políticas, suas estratégias e suas diretrizes. Ele é amplo e seu cumprimento é em longo prazo.
Exemplo: Plano Brasil sem Miséria.
Programa É, basicamente, um aprofundamento do plano: os objetivos setoriais do plano irão constituir os objetivos gerais do programa. É o documento que detalha por setor, a política, as diretrizes, metas e medidas instrumentais. Pode-se dizer que o programa é a setorização do plano, porém mais específico. Seu cumprimento é em médio prazo.
Exemplo: Programa Bolsa Família.
Projeto É o documento que sistematiza e estabelece o traçado prévio da operação de uma unidade de ação. É, portanto, a unidade elementar do processo sistemático da racionalização de decisões.
· Tempo curto e determinado.
· Projeto Social de Economia Solidária - Inclusão Produtiva.
Perceba que, a partir de cada explicação, o plano comporta programas e projetos, e, assim, acaba vinculando uns aos outros em todas as suas ações. Chamamos a atenção, no entanto, para os critérios que os diferenciam, sobretudo a sua dimensão 
a sociedade, devendo esta última sim adaptar-se à proposta e não o inverso. de abrangência, prazo de cumprimento e tempo de execução.
Nessa roupagem, percebam, agora, as vantagens em atuar através de projetos sociais na sociedade, conforme ARMANI (2009, p. 19):
a) A eficácia
Ações seriamente formuladas, com objetivos e atividades bem definidas, gerenciadas de forma sistemática e participativa têm muito mais chance de “funcionarem”.
B) A legitimidade e credibilidade
Ações sociais através de projetos com melhores resultados a menores custos geram confiança por parte da sociedade.
c)Produção coletiva do conhecimento a partir da sistematização de experiências
Uma contínua e progressiva reflexão coletiva sobre a experiência durante a sua execução é condição importante para o seu êxito.
d)Empoderamento
Ações planejadas e estruturadas que favoreçam a participação efetiva de todos os setores envolvidos com a ação, especialmente daqueles que serão beneficiados, na medida em que exige objetivos, metas e critérios de avaliação bastantes claros. Criam-se espaços de expressão de interesses e visões diferentes e de negociação e construção de consensos, assim como o fortalecimento do protagonismo dos setores excluídos.
e)Impacto-Ações desenvolvidas através de projetos que têm maior consistência técnica, aumentando a chance para parcerias e o envolvimento organizado dos beneficiários, resultando em mudanças mais duradouras e sustentável.
Percebam que os elementos apresentados nos impulsionam a compreender que todo o aprendizado coletivo apresenta um ganho significativo e expressivo frente ao que se constrói “de cima para baixo”, como historicamente era feito com as políticas públicas e sociais, onde as propostas para a sociedade eram simplesmente lançadas para
Reconhece-se que, em tempos atuais, um projeto social, “para a sociedade”, deve ser feito, pensado e planejado conjuntamente com a sociedade. Rosana Kisil (2004, p. 13) afirma que:
Um projeto surge em resposta a problemas concretos, identificados por pessoas que se incomodam com eles. Se não houver incômodo, não haverá projeto, pois não há motivo para buscar soluções onde não há problemas. Por isso, na raiz de qualquer projeto estão os problemas que afetam determinados públicos. E, como tentativa de resolver os problemas, as pessoas têm ideias de soluções. O próximo passo é transformar essas ideias em ações, fazendo acontecer na prática, algo que mude a situação-problema.
Kisil reafirma ainda que para o projeto tomarcorpo necessita de pessoas e dinheiro, ou seja, dos elementos que seguem:
· Problema
· Ideias e soluções 
· Ações
· Pessoas
· dinheiro
Posicione o cursor sobre as imagens acima para saber mais.
Ainda assim, a autora evidencia que não adianta termos excelentes projetos em nossas mentes. Bons projetos devem ser escritos, postos em documentos, materializados de forma a ser capaz de se comunicar com todos, sobretudo com o seu financiador. Se isso ocorre, quer dizer que este compreendeu o programa de trabalho previsto por sua entidade, o que vocês pretendem realizar, entendendo a importância e relevância sociais desse empreendimento e, também, as possibilidades de êxitos dele.
Sendo aceito por algum financiador ou acolhido por algum órgão específico, em outras palavras, seu projeto social expressa a credibilidade quanto aos objetivos que foram apresentados e indica que há sim chances de sucesso no que você e a comunidade está propondo.
	
Aula 2 Projetos sociais no cenário atual: tendências e influências neoliberais
Compreender as mudanças necessárias na sociedade e em sua forma de pensar, ao se perceber pertencente das ações a serem consolidadas por “projetos sociais” dentro do seu próprio cenário, já nos conduz a diversos outros debates e pensamentos, a exemplo, a trilha de construção para a conquista da Constituição Federal de 1988, a Constituição Cidadã.
Após a histórica década de 1980 – cujo propósito maior de militância social previa a obtenção de um Estado interventor a partir de políticas sociais e públicas, estas que rebatem nas expressões da questão social nas suas mais variadas formas de manifestações – o Brasil, surpreendentemente, abre suas portas ao conhecido “terceiro setor”, oriundo também das influências neoliberais, 
Saiba mais O neoliberalismo é uma política econômica que idealiza a não participação do Estado na economia, a criação do estado mínimo e torna mais eficiente manter e ampliar o bem-estar social. (BRITO, 2010).
 que contradizem todo o contexto sócio histórico antes conquistado pela mesma sociedade de direitos.
Para saber mais sobre o terceiro setor, leia o artigo O que é o terceiro setor? de Stephen Kanitz
O que chamamos aqui de “contraditório” é perceber o caminho de retrocesso que as tendências neoliberais já nos apontavam; ou seja, à medida em que o Estado abre acesso livre ao mercado, convoca a sociedade civil para compor parte das suas obrigações (mesmo de forma desqualificada ou descontinuada) e ele (o Estado) permanece quase de forma omissa, sem a ação necessária e não mais interventiva como previa-se nos anos 1980. Estávamos diante de uma “contrarreforma”, conforme afirmava Behring e Boschetti (2009).
Estamos falando, aqui, de perda de espaços políticos construídos coletivamente, historicamente, conjuntamente e que simplesmente, a partir de ideias neoliberais e positivistas, reconstroem um ideário assistencialista numa sociedade, prevendo ações cuja responsabilidade é repassada à sociedade civil, através de ações realizadas pelo Terceiro Setor em suas mais diversas formas, na sua maioria apresentada por ONGs. 
Saiba Mais Álvares (2000) define as ONGs como sendo “organizações autônomas, sem participação governamental, geralmente sem fins lucrativos, dedicadas à melhoria da qualidade de vida das populações desfavorecidas”.
Torna-se crucial dar ênfase a esse debate, sobretudo pela perda de direitos que este expressa direta e indiretamente. Precisamos olhar a ampliação dos espaços ofertados aos projetos sociais sob todos os ângulos possíveis, pois, numa sociedade capitalista, acreditar em propostas de ajustes e igualdade social é utópico.
Assim como as políticas sociais e públicas, os projetos sociais (de curta duração e tempo previsto) precisam ser elaborados e planejados a partir de estudos precisos dentro da sociedade, da comunidade, do cotidiano em que essas vivem, sendo executadas todas suas etapas, tornando exequíveis todas suas fases, atingindo, assim, o resultado esperado não apenas por quem o planejou, mas, sobretudo, por quem aguarda tais ações, os cidadãos de direito.
Precisamos, principalmente no tocante à atuação do serviço social nos projetos sociais, contribuir para que as ações previstas (desde o diagnóstico até as etapas de avaliação do projeto) sejam efetivamente realizadas pelos planejadores dentro da comunidade a ser beneficiada pelos projetos, de forma que nenhuma ação seja abortada no caminho, como vem ocorrendo com alguns projetos sociais.
Crianças e professores do Projeto Social Cajuzinho durante visita à Fiocruz – RJ
Veja um exemplo disso no texto Um Projeto de Desenvolvimento Sustentável que não deu certo.
A partir de agora, veremos algumas fontes de recursos dentro do cenário neoliberal, segundo Rosana Kisil (2004, p. 14-15):
O Estado As agências internacionais A iniciativa privada
O Estado
· As agências governamentais – São as organizações que representam o Governo de um país, compondo seu programa de desenvolvimento. Essas organizações ajudam iniciativas que estão alinhadas com as diretrizes gerais dos governos a que pertencem; algumas operam apenas dentro dos limites geográficos do país, outras em nível internacional. Apesar de apresentarem a desvantagem das burocracias demoradas e das mudanças públicas, as agências governamentais têm, geralmente, maior quantidade de recurso (dinheiro, assistência técnica e equipamentos) à sua disposição do que as entidades não governamentais.
· As prefeituras – Representam o poder público dos municípios. Prefeituras podem ter interesse em apoiar iniciativas da comunidade, ou seja, aqueles projetos em favor do bem-estar coletivo que são propostos e executados pela própria sociedade local. Nesse caso, a câmara de vereadores deve votar, aprovar os projetos e, assim, determinar à prefeitura a destinação de verbas públicas para eles.
· Empresas públicas – Algumas atuam como pequenas fontes de apoio naqueles recursos afins com seu objeto de trabalho. Por exemplo: companhias de transportes coletivos – podem firmar convênios com a comunidade para auxílio em transporte durante a duração de um projeto; companhias de abastecimento – projetos que envolvem a compra de alimentos podem estabelecer acordos ou convênios para comercialização e armazenagem de produtos.
Temos, com essa realidade, as possibilidades de investimento financeiro aos projetos sociais, de forma a contribuir para que os mesmos sobrevivam e se sustentem, efetivando suas propostas perante às demandas da sociedade. Ressalva-se, contudo, que, no cenário atual, é comum identificarmos a participação da iniciativa privada na manutenção desses projetos sociais, especialmente pelas possibilidades de “trocas”, tanto da imagem social da empresa perante a sociedade quanto da diminuição dos impostos e tributos a serem pagos pela referida empresa.
As Agencias Internacionais
· Os organismos especializados da ONU – Essas agências podem ser fontes de financiamento e assistência técnica a projetos de grande porte vinculados a governos, mas também são boas fontes de informação para descobrir financiadores para projetos menores.
· Agências religiosas – São organizações para o desenvolvimento regional. Na América Latina, há algumas que operam por meio de suas comissões de assuntos setoriais. Seu perfil de financiamento segue o mesmo padrão das agências da ONU.
A Iniciativa Privada
Empresas – Algumas delas têm especial interesse em financiar projetos, pois, além das vantagens fiscais, há uma crescente preocupação em associar a qualidade de vida à imagem da empresa junto ao público, funcionando como uma espécie de propaganda ao consumidor. São diversas formas de contribuições: assessoria técnica especializada, doações de materiais, cessão de área física para realização de eventos, empréstimo de quadras esportivas etc.
Organização sem fins lucrativos – São organizações que exercem a filantropia com recursos originários do setor privado – empresas ou indivíduos. Geralmente, estão estruturadas em institutos e fundações, que serão detalhados no terceiro capítulo.
Indivíduosdoadores – São indivíduos interessados em manter acesa a chama do trabalho social. Podem ser doadores esporádicos ou membros permanentes dos quadros de associados que diversas organizações possuem para agregar seus sócios mantenedores.
	Você sabia que a Fundação Bradesco opera em nível nacional por meio das suas 40
escolas instaladas em todos os estados brasileiros e Distrito Federal? Ao longo de 50 anos de
atuação, a instituição já proporcionou a formação de mais de 660 mil alunos disponibilizando
para os matriculados da educação básica, uniforme, merenda, assistência médico-odontológica e
material escolar?
As linhas gerais de investimento social foram definidas na criação da Fundação, que tem como
característica a operação das escolas próprias. Assim, sua atividade principal e estrutura de gestão
não compreendem financiamento ou distribuição de recursos para consecução de outras finalidades.
Aula 3 As contribuições do serviço social na construção dos planos, políticas, programas e projetos sociais
A partir de agora, convido você a inserir o serviço social nesse debate de forma mais direta. É importante frisar que a ferramenta “projetos sociais” não é algo pertencente ao serviço social apenas, mas a toda e qualquer profissão que saiba e tenha habilidade em fazer uso dela.
O movimento ocorrido no âmbito do Serviço Social latino-americano, a partir da década de 1970, mudou decisivamente os rumos da profissão no continente. Esse processo, denominado Movimento de Reconceituação, desloca o debate da profissão do “metodologismo” até então reinante, para o debate das relações sociais nos marcos do capitalismo, e com ele passa a dar ampla visibilidade à política social como espaço de luta para a garantia dos direitos sociais.
(FALEIROS, 1990 apud MIOTO; NOGUEIRA, 2013, p. 02).
Tais mudanças proporcionaram à profissão do serviço social ocupar espaços nunca imaginados ou mesmo idealizáveis por seus agentes, até mesmo pelo seu status de “executor” de políticas, projetos e programas, de forma estritamente unilateral, não idealizando possibilidades projetivas para os usuários, nem tão pouco para a profissão, no que se refere ao crescimento, empoderamento e à conquista de “autonomia” mesmo que relativa.
Segundo Campos (1988, p. 13) apud Mioto e Nogueira (2013, p. 02),
a política social alçou um estatuto teórico, no âmbito do serviço social, que lhe permitiu realizar a articulação entre a perspectiva analítica de sociedade e de profissão. No Brasil, ao final da década de 1970, os assistentes sociais já se posicionavam fortemente em relação à “formulação das políticas sociais enquanto intervenção estatal”. Essa trajetória lhes possibilitou o diálogo com uma argumentação mais consistente junto aos defensores do “produtivismo econômico” da tecnocracia brasileira.
O serviço social enquanto profissão, com sua proposta teórica e metodológica revista desde o movimento de reconceituação, já vem estruturado-se sistematicamente, de modo que consegue projetar sua prática cotidiana de forma organizativa, interativa, projetiva, estruturada e participativa, envolvendo os atores que dela demandem e necessitem direta e indiretamente. Nesse sentido, Mioto e Nogueira (2013, p. 04) sustentam que:
No plano profissional, não houve o tempo necessário para o reordenamento das práticas para uma perspectiva condizente com as possibilidades de sedimentação dos direitos sociais, oferecidas pelo novo momento. Uma das explicações possíveis para este fato foi a forma de apropriação do novo currículo, construído com base na teoria crítica que, no plano ético, posiciona-se radicalmente ao lado da classe trabalhadora.
Nesse debate e seguindo a base conceitual dos planos, políticas, programas e projetos sociais vistos, já compreendemos o quanto o serviço social vem avançando nesse tema, o que favorece, de certo modo, a nossa inserção nesses espaços, sobretudo facilitando a nossa requisição por parte dos contratantes, não apenas para a execução dos projetos sociais, mas, especialmente, para a elaboração e o planejamento dos mesmos.
Como profissional inserido na divisão sociotécnica do trabalho, o assistente social é demandado a desenvolver ações como gestor e executor de políticas sociais, programas, projetos, serviços, recursos e bens no âmbito das organizações públicas e privadas, operando sob diversas perspectivas, como no planejamento e gestão social de serviços e políticas sociais, na prestação de serviços e na ação socioeducativa.
(YASBEK, 2009, p. 126)
Essa é, sem dúvida, nossa maior conquista profissional. Pensar que uma profissão extremamente executora, tarefeira, rotineira, ativista, como já o fora a nossa profissão ao longo da sua implantação e crescimento dentro da sociedade, em meios às raízes católicas e assistencialistas, possui, agora, um local de destaque dentro da estruturação dos planos, políticas, programas e projetos sociais, tanto a nível de Governo (nas três esferas) quanto na relação privada, terceiro setor etc., é um momento a ser comemorado, pois é um reconhecimento imenso ao profissional do serviço social contemporâneo.
Por maiores contradições que ainda possamos vivenciar nas práticas e campos de atuação dentro desses campos possíveis (planos, políticas, programas e projetos sociais), temos nos profissionais que ocupam os espaços de elaboração e gestão desses um lugar especial, pois de pensar o desenho dessa política para o coletivo, criar as ferramentas de articulação desse coletivo, buscar mecanismos de avaliação para melhor execução do que fora proposto. Este é sim um passo sólido e firme no que tange à conquista e ampliação da cidadania numa sociedade “dita” democrática.
A intervenção profissional do assistente social pode ser caracterizada pelo atendimento às demandas e necessidades sociais de seus usuários, que podem produzir resultados concretos, tanto nas dimensões materiais, quanto nas dimensões sociais, políticas e culturais da vida da população, viabilizando seu acesso às políticas sociais.
(YASBEK, 2009, p. 127)
Compreendendo o que Yasbek nos apresenta, múltiplas são as possibilidades de atuação e intervenções pelo serviço social na área social e em projetos sociais. Contudo, frisa-se a importância da continuidade, monitoramento, avaliação e controle das ações desenvolvidas por qualquer das instâncias, órgãos, entidades, unidades, ressaltando o seu comprometimento e cumprimento das etapas destes com a sociedade, primado essencial e crucial nessa relação, usuário do serviço social.
Além dessas afirmações, tomamos aqui como contribuição importante o que Selma Costa (2002) alerta-nos ao falar do Serviço Social no Terceiro Setor:
Em se tratando da atuação específica do assistente social, acrescentamos que este profissional, necessita, além dos requisitos apontados, possuir uma sólida formação profissional sobre:
· Os determinantes da questão social brasileira e suas diferentes manifestações.
· As políticas sociais setoriais para o enfretamento dessas manifestações.
· A relação Estado, mercado e terceiro setor, discernindo o papel e a função de cada um no contexto da formulação e execução dessas políticas.
· Não se esquecendo que cabe ao Estado o dever de prover políticas sociais adequadas e eficientes para o enfrentamento da questão social.
· O terceiro setor é parceiro do Estado e não o contrário.
São dados e alertas importantes que a autora já faz ao serviço social, sobretudo para que compreendamos como se dá a relação dos três setores em nossa sociedade, especialmente no que envolve as tomadas de decisões para respostas às expressões da questão social, aos direitos de cidadania dos cidadãos e aos que nós somos convocados como trabalhadores assalariados para assumir historicamente.
No interior das instituições do terceiro setor, a atuação do assistente social, sempre tendo como fim último o atendimento integral e de qualidade social, trabalhará no enfoque da garantia do direito de inclusão ao atendimento. Além disso, priorizará ações que caracterizam o alcance dos objetivos, das metas e diretrizes preconizadospelo planejamento estratégico institucional, para o qual deverá ter contribuição significativa.
Muito provavelmente uma das maiores contribuições da nossa profissão envolva diretamente o processo contribuinte fiscalizatório e emancipatório formativo dos cidadãos no “controle social” das políticas, planos, programas e projetos sociais, especialmente aqueles que impactem diretamente em suas comunidades, localidades, vizinhanças e bairros. Podemos nos oportunizar dos grupos menores para pôr em prática o nosso projeto ético político e profissional, na tentativa de materializá-lo em ações, atividades, articulações, planejamentos, propostas, acreditando ser possível que ele saia sim do papel e da “utopia” e se concretize, pois somente a categoria profissional poderá efetivá-lo.
 Saiba Mais
Selma Costa (2002) nos afirma que, baseados na Lei de Regulamentação da Profissão de Assistente Social (Lei nº 8.6662, de 07 de junho de 1993), podemos visualizar algumas atribuições específicas ao assistente social que atua na área do terceiro setor.
Encerramento
O que diferencia os projetos sociais tradicionais e os contemporâneos?: 
Podemos considerar que o que mais diferencia os projetos contemporâneos dos tradicionais é a participação da sociedade nas tomadas de decisões. Na atualidade, toda e qualquer ação deve ser decidida em conjunto com a coletividade e não mais de cima para baixo como antes costumeiramente se fazia. O serviço social nesse cenário deve ser um agente fiscalizador e garantidor para que essa etapa seja sempre cumprida, de forma que o produto final do projeto social seja garantido.
Quais são as vantagens da etapa dp planejamento para um projeto social?
· A eficácia – Ações seriamente formuladas, com objetivos e atividades bem definidas, gerenciadas de forma sistemática e participativa têm muito mais chance de “funcionarem”.
· A legitimidade e credibilidade – Ações sociais através de projetos com melhores resultados a menores custos geram confiança por parte da sociedade.
· Produção coletiva do conhecimento a partir da sistematização de experiências – Uma contínua e progressiva reflexão coletiva sobre a experiência durante a sua execução é condição importante para o seu êxito.
· Empoderamento – Ações planejadas e estruturadas que favoreçam a participação efetiva de todos os setores envolvidos com a ação, especialmente daqueles que serão beneficiados, na medida em que exige objetivos, metas e critérios de avaliação bastantes claros. Cria-se espaços de expressão de interesses e visões diferentes e de negociação e construção de consensos, assim como o fortalecimento do protagonismo dos setores excluídos.
· Impacto – Ações desenvolvidas através de projetos que têm maior consistência técnica, aumentando a chance para parcerias e o envolvimento organizado dos beneficiários, resultando em mudanças mais duradouras e sustentáveis
Qual a importância da participação da comunidade na construção do projeto social? A principal contribuição da comunidade na construção do projeto social, senão a maior, é fazer com que o que foi projetado seja adequado e verdadeiramente utilizado para responder às demandas da comunidade e não simplesmente “constar” como dados para o Governo ou a fonte financiadora do projeto. Para que um projeto social sobreviva, ele precisa ter o formato previsto pela comunidade e não o que determina quem o financia.
Unidade II modulo 1
Aula 1 O planejamento do projeto social: é relevante essa etapa ao serviço social?
Pensar o serviço social nos dias atuais é reconhecê-lo como uma profissão sistematizada, organizada, que busca em suas ações adequar as ferramentas do planejamento na estruturação das suas ações cotidianas. Partindo desse princípio, já compreendemos que existe, sim, uma proximidade temática e textual entre o ato de planejar e o próprio serviço social.
Cabe-nos, antes mesmo de adentrar no aprofundamento desta aula, refletirmos sobre o ato de planejar. Será que você sabe o que é planejar?
O planejamento é muitas vezes confundido com o plano, programa ou projeto, os quais são apenas os meios pelos quais o planejamento se expressa.” .
(CARVALHO, 1978, p. 5)
Temos que ter clareza da distinção do que vem a ser um plano, um programa e um projeto, por exemplo.
Vejamos a compreensão desse autor:
· PlanoÉ o documento mais abrangente e geral, que contém estudos, análises situacionais ou diagnósticos necessários à identificação dos pontos a serem atacados, dos programas e projetos necessários, dos objetivos, estratégias e metas de um governo, de um ministério, de uma secretaria ou de uma unidade.
· ProgramaÉ o documento que indica um conjunto de projetos cujos resultados permitem alcançar o objetivo maior de uma política pública.
· ProjetoÉ a menor unidade do processo de planejamento. Trata-se de um instrumento técnico-administrativo de execução de empreendimentos específicos, direcionados para as mais variadas atividades interventivas e de pesquisa nos espaços público e privado.
Dessa forma, podemos compreender que, conforme Carvalho (1978, p. 5):
A distinção básica entre plano, programa e projeto está, portanto, no nível de agregação de decisões e no detalhamento das operações de execução, ou seja, o plano tem maior nível de agregação de decisões que o programa e este, mais que o projeto. Por outro lado, o projeto tem maior detalhamento das operações a serem executadas que o programa e este, mais que o plano.
No entanto, antes mesmo de pensarmos um projeto social, que é o caso aqui estudado, precisaremos pensar o que iremos fazer, onde, com quem, para qual resposta, a qual demanda. Veja abaixo algumas perguntas que nos favorecerão na identificação de necessidades, no reconhecimento de potencialidades e na identificação dos atores sociais para pensarmos o projeto social. Vamos lá!
	Identificação de necessidades, potencialidades e atores.
· Quais as necessidades da população?
· Que necessidades se traduzem em demandas?
· Quais são as prioridades?
· Quais são as potencialidades das organizações?
· Como podem ser organizadas as reivindicações?
· Que outros atores podem apoiar as ações?
· Quais atores se opõem ao projeto?
· Que atores podem ser conquistados para o projeto?
Podemos considerar essas perguntas básicas para o início de qualquer proposta, de qualquer projeto social, sobretudo por acreditar que, antes mesmo de pensarmos propostas para as comunidades, devemos:
· Ouvi-las.
· Sentir por elas as suas necessidades.
· Ordenar com elas suas prioridades.
· Reconhecer com elas suas próprias demandas.
· Identificar dentro delas suas potências organizativas e líderes já existentes.
· Construir os primeiros ajustes do projeto já com a adesão e participação conjunta da própria comunidade.
Com toda certeza, essas ações preliminares favorecerão positivamente o projeto não só em sua apresentação e implantação, mas na execução e no desenvolvimento da proposta até sua fase conclusiva.
Reconhecer os atores sociais que serão beneficiados com o projeto social faz parte da etapa de planejamento, e o serviço social deve saber realizar essa etapa, tendo em vista um dos seus princípios éticos centrais: a defesa dos direitos das classes trabalhadoras. Berenice Rojas Couto (2009), quanto a isso, afirma que “é necessário reconhecer quem são os cidadãos usuários desse serviço, quais são suas características, quais refrações da questão social estão sendo objeto de atendimento, como eles organizam seu modo de vida e de resistência”.
Essa é uma das etapas cruciais para manter a “vida” do projeto, e, se não for cumprida em seu momento correto, não ofertará vida a ele, e sim provocará a sua “morte prematura”, pois causará não adesão, descaso, descrédito, enfim, não identidade ao que estará sendo feito. A respeito dessa etapa, podemos aqui denominá-la de “articulação dos atores” ou “articulação dos atores sociais”. Esse momento é fundamental.
O que seria isso? Como funcionaria?
Vejam:
“A articulação entre os atores consiste no estabelecimento de um consenso mínimo em torno do plano de ação: nem todos os atoresprecisam estar de acordo com todos os pontos; esperar que todos concordem é paralisar a execução de um projeto.” (STEPHANOU; MÜLLER; CARVALHO, 2003, grifo nosso). É um momento em que a comunidade precisará ser informada do projeto, ser convidada a participar, quando serão selecionados aqueles que de fato se sobressaem na adesão às atividades, sobretudo pelo compromisso ao que é coletivo.
Essa articulação é tão importante que funcionará também como “controle social”, ou seja, a sociedade ou comunidade acompanhará por meio dessas pessoas designadas para tal o desenvolver, desempenhar, funcionar do projeto dentro da comunidade.
Quando essa etapa é bem cumprida, o que está expresso na charge abaixo deixa de ocorrer. Vamos analisar?
O planejamento deve acontecer a ponto de mobilizar os atores sociais e envolvidos no projeto, de forma a garantir a adesão a ele. Não adiantará ter apenas você ao final do projeto. Se, no seu projeto social, você previu atingir 300 pessoas, a meta é, ao final, termos 300 pessoas, correto?
É preciso pensar as estratégias corretas e planejar adequadamente todas as ferramentas para que as etapas sejam cumpridas adequadamente e o projeto tenha vida durante todo o período previsto de execução.
Não adianta não planejar adequadamente as etapas, não envolver os atores e então penalizar a própria comunidade quando o projeto social não der certo. Temos que reconhecer que a falha vem “do planejamento”.
Após a etapa do planejamento, há outra fase que é crucial e que é também muito violada pelos elaboradores dos projetos sociais: a fase de análise acerca da “viabilidade do projeto social na comunidade”. Como essa etapa funciona?
Quando falamos de viabilidade, reportamo-nos diretamente à exequibilidade, certo? Pois é. Todo projeto precisa ser viável à comunidade, e não aos seus idealizadores. Ele precisa ser também exequível aos seus idealizadores, e não à comunidade necessariamente. Se eu irei implantar um projeto social na Comunidade X, eu preciso conhecer de forma precisa a Comunidade X, a ponto de saber se de fato essa proposta é viável aos comunitários dessa localidade ou não, ou se apenas trata-se de interesses meus ou dos financiadores, compreende?
Isso acaba sendo um ponto agravante nessa área, e criam-se projetos sem história, sem “alma”, sem essência, sem verdade, apenas para “constar” ou representar algo que não são os interesses da comunidade.
A mensagem central que deixamos nessa etapa de planejamento e que envolve a profissão do serviço social é garantir o direito da comunidade a participar de todas as etapas, sobretudo as decisórias e de fiscalização e controle social que envolva o projeto social da sua comunidade, de forma a garantir um debate horizontal, transparente, agregador de elementos elevados pelo projeto ético-político da profissão, tão difíceis de serem colocados em prática nos cotidianos da profissão e das classes trabalhadoras.
Estude o primeiro capítulo do livro: GIEHL, Pedro Roque. et al. Elaboração de projetos sociais. Curitiba: Intersaberes, 2015, disponível na biblioteca Virtual.
Aula 2 Como realizar o diagnóstico social?
Após o cumprimento da etapa de planejamento, precisamos pensar no diagnóstico social. Que momento é esse?
De acordo com o Caderno de Orientações Técnico Sociais – COTS (2013, p. 6) da Caixa:
É o instrumento que possibilita conhecer a realidade do território e a dinâmica social da área de abrangência da intervenção. É uma leitura da realidade e ponto de partida para o processo de planejamento das intervenções sociais.
Buscando trazer essa conceituação ao cenário de atuação profissional do serviço social, podemos conferir que o serviço social, em qualquer área em que possa exercer sua função, necessitará, mediante orientações de planejamento da profissão, realizar um diagnóstico social, para a partir daí ter noção da realidade social vivenciada pelo público assistido e/ou público-alvo do projeto social que irá implantar.
Essa etapa deverá ser feita de forma cautelosa, precisa, sem construção prévia de nenhuma etapa desse cenário, necessitando a precisão e conhecimento da realidade a partir da realidade, se assim podemos expressar, mesmo que de forma redundante.
Frisar essa afirmativa se faz necessário, sobretudo, pelo fato de percebermos, ao longo da análise de projetos sociais em comunidades e grupos, que esses projetos são construídos verticalmente (de cima para baixo), sem respeitar a opinião e verdades expressas pelos moradores e representantes das comunidades e grupos já mencionados.
Quando pensamos nesse diagnóstico social, buscamos compreender não apenas um estudo territorial espacial, mas local, de poder, de equipamentos, de demandas sociais, de produtividade local, de potencialidades locais, entre outros, de forma que se possa aproveitar o máximo de matéria-prima, inclusive pessoas com formações nas áreas em que o projeto social irá atuar, etc.
A título de esclarecimento, segundo o COTS da Caixa (2003), o território, além de ser compreendido como um espaço onde se constroem as relações sociais, ou seja, a sociabilidade, e se estabelece a convivência, e o diagnóstico deve promover meios de captar essas relações sociais, seus conflitos, suas limitações e potencialidades que estão presentes nesse contexto.
Nesse sentido, a mesma fonte nos reafirma que, ao elaborarmos o diagnóstico social, precisamos ter em mente que o seu objetivo central é sintetizar a “[...] situação e o contexto que envolve a população diretamente impactada pela intervenção” que será realizada, e, para isso, utilizaremos tanto informações primárias quanto secundárias.
O documento afirma, ainda, que não podemos restringir a fase de diagnóstico social aos “dados estatísticos e informações objetivas, mas considerar as disputas, a cultura local e o que pensam e sentem as pessoas que vivem, utilizam e compartilham os recursos presentes no território”. Toda e qualquer informação, sobretudo que expresse o “poder”, torna-se importante e crucial na estruturação de projetos sociais, sobretudo no seio das comunidades vulneráveis socialmente em nosso país.
O que é diagnóstico, afinal?
O diagnóstico é uma matriz básica de dados e informações, complementada e enriquecida durante a execução projeto social, que orientará as escolhas metodológicas e as atividades a serem realizadas, pois permite identificar os caminhos de superação e de mudança (CEF, 2003, p. 6).
Uma dica importante:
Para que os projetos sociais tenham maior chance de vida e permanência, todas as etapas devem ser construídas e executadas com e envolvendo a comunidade, sempre trazendo à tona as necessidades destas, visto que o objetivo crucial da criação de qualquer projeto social em uma comunidade é suprir demandas existentes nesta, e não a manutenção desses problemas, correto?
Veja a charge abaixo e analise de forma crítica o diálogo:
O que pudemos observar nessa charge?
Primeiramente, é importante reafirmar que trata-se de uma criança desejando estudar. A educação é direito de todas as crianças e dever do Estado. Nesse sentido, a charge representa a violação de um direito social daquele cidadão. Certo? Se a criança da charge deseja estudar é porque ela não está na escola, e isso afirma que o Estado não está cumprindo o seu dever. Correto?
A mãe da criança na charge, por sua vez, fruto de uma sociedade que historicamente a exclui da capacidade de pensar e se ver na condição de cidadã, acaba também acreditando que não é “digno” ao filho desejar “coisas grandes” como estudar e querer “ser alguém” na sociedade.
Pronto. Temos algumas demandas sociais. Vejamos:
· Crianças fora da escola.
· Mães sem perspectivas de futuro.
· Mães possivelmente com baixa escolaridade, o que dificulta a empregabilidade, geração de emprego e renda.
· Omissão do Estado no que concerne à sua obrigação em garantir os direitos das crianças e adolescentes.
A partir de uma visão mínima observada dessa realidade já teremos um ponto de partida para pensarmos o projeto social que será desenhado para essa comunidade.
Lembre-se de que toda comunidadeé heterogênea e singular. Pode ter semelhança em alguns pontos, demandas, mas é singular. Essa identidade própria precisa ser respeitada.
Buscando fazer uma interface do assistente social no momento do diagnóstico social em uma comunidade, podemos trazer aqui algumas contribuições.
Cabe ao assistente social, quando membro de equipe multiprofissional na elaboração, implantação ou execução de projeto social:
· Identificar detalhadamente a realidade social, com olhar para os direitos da comunidade.
· Ter clareza dos impactos que o modo de organização da sociedade causa sobre a realidade do espaço onde se desenvolve o trabalho.
· Compreender como se conforma a instituição na qual trabalha e a comunidade que irá implantar o projeto social.
· Conhecer quem são os usuários que o projeto se propõe a atender.
· Saber quais são as demandas que são colocadas e como isso pode ser compreendido dentro dos movimentos mais amplos da sociedade capitalista.
As influências marxianas e o diagnóstico social
Levando em consideração que a profissão do serviço social, no cenário contemporâneo, segue sua trajetória cotidiana sob influências marxiana, Couto (2009) nos relembra a necessidade de ter evidente que, “[...] ao filiar-se à teoria dialético-crítica, o profissional está alimentado por uma visão de mundo que compreende as refrações da questão social como produto intrínseco do capitalismo” para não cairmos nas armadilhas de culpabilizar o indivíduo, ou seus familiares, o sujeito, a classe trabalhadora, estes que já são vítimas do sistema ora mencionado.
Ao mesmo tempo, reconhece-se quão difícil é tal tarefa; no entanto, persistir e manter-se íntegro no debate, no enfrentamento diário aos assédios morais e éticos em que estão envolvidos os cotidianos de trabalho sócio ocupacional, levando em consideração a esfera do “poder de gênero”, sobretudo pela imagem feminina que prevalece na profissão até os dias atuais, não é tarefa fácil, mas possível.
No acompanhamento da construção do diagnóstico social, o profissional do serviço social deve atentar-se a quais frações da questão social ele se propõe a atender? Que frações da questão social serão objetos de sua intervenção? Lembrando sempre que, mediante o acúmulo de demandas (por conta da omissão histórica do Estado, sobretudo, por seu formato neoliberal), os profissionais do serviço social vêm atuando sob prioridades, que, por sua vez, devem responder de forma efetiva às demandas colocadas.
Aula 3 Proposta para elaboração de projetos sociais e o serviço social
Vamos conhecer as etapas de elaboração de um projeto social por meio da sugestão de Thereza Cury (2001, p. 50) para o roteiro de elaboração para o projeto social:
a. Título do projeto.
b. Sumário executivo.
c. Apresentação da organização.
d. Análise de contexto e justificativa.
e. Objetivos e metas.
f. Público-alvo.
g. Metodologia.
h. Sistema de avaliação.
i. Cronograma de atividades.
j. Cronograma físico financeiro do projeto e composição do orçamento.
k. Anexos.
A partir dessa proposta de roteiro para projetos sociais sugerida por Thereza Cury, conheceremos agora um pouco do que pretendemos com cada etapa de elaboração desses itens, vamos lá?
Título do projeto
Como vários autores sugerem, Cury (2001) também afirma que os títulos dos nossos projetos devem nos conduzir a refletir a natureza do problema enfocado e ter um impacto significativo aos leitores e atores envolvidos. Logicamente, todo título de projeto social deve ser impactante e já apresentar a realidade que será trabalhada.
A partir do exemplo abaixo, vejamos agora uma proposta a ser desenvolvida de projeto social na área socioambiental.
Dados preliminares
A comunidade Vida para Todos possui 300 famílias. Essa comunidade ocupa terras do Estado próximas a uma rodovia movimentada que possui uma nascente de rio. Contudo, a zona urbana de uma das cidades vizinhas joga dejetos e lixos próximo à nascente da comunidade. Após conhecer o serviço social de uma determinada faculdade, os novos moradores dessa comunidade pensaram em mobilizar todas as famílias para construírem juntos um projeto social na área socioambiental.
Em um primeiro momento, entenderam ser importante encontrar um nome para o projeto. Para essa denominação, encontraram a imagem abaixo, que gostaram muito. Vejam:
educacaoambientalnowaldir.blogspot.com.br
A partir da imagem apresentada acima e conhecendo um pouco da história do surgimento do projeto, qual título que você daria para esse projeto social? Vamos exercitar? Após cumprida essa etapa, você estará apta/o para a etapa seguinte, a criação do sumário executivo.
Sumário executivo
Essa é uma etapa também bastante simples. Cury (2001, p. 50) afirma que essa é uma etapa que objetiva levar o futuro parceiro/financiador do projeto social a uma apreciação e compreensão geral da sua proposta, permitindo determinar se ela está adequada às exigências de suporte técnico e/ou financeiro contidas no projeto. Nessa etapa, a proposta é resumir de maneira eficiente todas as informações-chave relativas ao projeto, não devendo ultrapassar uma página. Veja um exemplo.
Apresentação da organização
Seguindo as orientações de Thereza Cury (2001), essa etapa deve conter:
· Nome ou sigla da organização.
· Composição da diretoria, da coordenação e nome do responsável pelo projeto.
· Endereço completo para contatos e correspondências.
· Histórico resumido da entidade (quando foi criada, diretrizes gerais, percurso ligado ao social, parcerias e trabalhos realizados, resultados alcançados e principais fontes de recursos ou financiamentos da organização).
Alguns outros autores, assim como ocorre com a Enercan ([200-?]), consideram que, nessa etapa, devem constar: nome do projeto, organização proponente, CNPJ, município, endereço completo, nome do responsável pelo projeto, telefones para contato, e-mail e linha de atuação. Além desses elementos, você deve apresentar o que é sua organização, sua missão, um resumo breve do projeto e em que realidade o projeto irá atuar.
Análise de contexto e justificativa
Cury (2001) afirma que essa etapa deve descrever as deficiências e potencialidades da região onde o projeto vai se inserir, as características da população local e as iniciativas já desenvolvidas. Além disso, deve analisar a natureza do problema e suas implicações, dando ênfase a aspectos quantitativos e qualitativos, fornecendo dados e indicadores significativos que cubram de maneira suficiente o problema. A autora também esclarece que essa etapa deve se restringir aos elementos básicos que se relacionem ao problema enfocado e que nos permitam esboçar alternativas viáveis de intervenção.
Já a etapa de justificativa, que também está contida nesse momento, deve ser construída a partir da exposição dos seus argumentos, correlacionando-os às deficiências locais, às necessidades e às potencialidades descritas e analisadas com a alternativa de intervenção escolhida, além de demonstrar a relevância e a necessidade de realização do projeto, bem como sua capacidade de transformação da realidade analisada.
Grosso modo, pode-se dizer que a justificativa é o momento em que se “vende o produto”, ou seja, momento de vender o projeto social aos investidores que acreditam nas possibilidades e potencialidades que tal projeto trará para a coletividade, bem como para a imagem social da sua empresa.
Objetivos e metas
Propositadamente, os objetivos e as metas se apresentam de forma conjunta. Os objetivos do projeto social devem estar correlacionados diretamente às suas metas. Ora, se os formuladores dos projetos sociais possuem claramente os objetivos que pretendem alcançar com essas propostas, saberão verdadeiramente quais metas pretenderão atingir, correto?
Cury (2001, p. 51) deixa claro que “os objetivos e as metas do projeto devem ser definidos com clareza e precisão”.
O que ela quer nos afirmar com isso?
Primeiro que, em se tratando dos objetivos, como o seu próprio nome já diz, “objetivos”, não podemos ter rodeios, e sim precisão, clareza, prontidão... Por isso, objetividade é a palavra.Para construção dos seus objetivos, tente ser claro e preciso. Lembre-se sempre de começar sua frase com o verbo no infinitivo, indicando ação.
Em uma comunidade com cerca de 700 famílias, em região ribeirinha, cujo problema central é a ociosidade das crianças, adolescentes e jovens com idade de sete a 24 anos no período oposto ao da escola por conta do aliciamento pelas drogas, temos claramente o objetivo geral para um projeto social nessa comunidade, certo? Se sim, qual seria esse objetivo?
Lembre-se de que todo objetivo de ação deve vir com o verbo inicial no infinitivo, expressando ação (desenvolver, criar, mobilizar, reunir, promover, articular, formar, etc.). Nessa modalidade de projeto, não cabem verbos de investigação (identificar, conhecer, verificar, pesquisar, sondar, entre outros).
No caso exemplificado acima, em que temos 700 famílias ribeirinhas, poderemos primeiramente citar o seguinte objetivo geral:
Mobilizar todas as crianças, adolescentes e jovens da comunidade Vida para o “Dia do Meio Ambiente, Educação, Saúde, Cultura e Trabalho na minha Comunidade”.
Sim, esse pode ser nosso objetivo geral do projeto social. Mas servirá também para coletar as demandas dentro da comunidade. Seria o momento crucial no qual os idealizadores do projeto social conheceriam de fato “quais as necessidades, anseios, desejos, demandas dessa comunidade”. A partir desse contato inicial, do reconhecimento dessas demandas outras, a equipe idealizadora do projeto terá informações suficientes para elaborar os objetivos específicos, inclusive.
A quantidade dos objetivos específicos será construída a partir das demandas das comunidades, dos grupos identificados e da disponibilidade de tempo e permanência do projeto social nessa localidade. É provável que, após esse marco, os idealizadores do projeto social tenham diversas ideias para pôr em prática e, assim, tenham que trabalhar sob prioridades, pois é a forma que se costuma trabalhar na área social.
É a partir de uma atividade como essa que idealizadores são capazes de passar para a etapa seguinte, ou seja, de identificar de fato “quem é o público-alvo” do projeto social. São mesmo as crianças, adolescentes, jovens? São os pais e familiares? São os comerciantes locais? São as escolas? É a comunidade como um todo? Ainda não temos a capacidade de sabermos sem antes diagnosticarmos de fato as causas dessa “demanda”.
Os Índios sabem como ninguém realizar esse trabalho de articulação, grupo, liderança, solidariedade, equipe.
Com essas informações em mãos, passemos para a etapa seguinte. A escolha do(s) público(s)-alvo. Vamos lá?
Público-alvo
Definido o público-alvo, Cury (2001, p. 51) nos lembra que temos que descrever as características (faixa etária, sexo, nível de escolaridade, situação socioeconômica) dos benefíciários (público-alvo) diretos e indiretos do projeto.
Metodologia
Nessa etapa, é apresentado o caminho percorrido para executar o projeto. Trata-se de um momento em que devemos:
· Relatar, de forma resumida, o modelo teórico a ser utilizado.
· Explicitar as rotinas e as estratégias planejadas, as responsabilidades e os compromissos assumidos, como o projeto vai se desenvolver, todos os envolvidos e o nível de participação/responsabilidade de cada um.
Nesse espaço, é importante deixar evidente como será a participação de cada ator no desenvolver do projeto, assim como a utilização das ferramentas e instrumentos ao longo da sua execução, por exemplo: vivências, oficinas, mobilizações, entre outros, bem como os meios de materializar cada etapa prevista.
Sistema de avaliação
Todo ato de avaliar deve ser processual, contínuo, constante, permanente. Nenhum projeto social deve ter essa etapa apenas no final. Ao escrever a proposta de projeto, lembre-se de inserir etapas avaliativas a cada momento das atividades, a cada etapa implantada, a cada momento em que envolva contato com os atores sociais, com a comunidade, com o público-alvo. Isso é fundamental, sobretudo, para evitar a “morte prematura” de projetos sociais interessantes por causa da falta de acompanhamento e monitoramento do projeto dentro das comunidades.
Cury (2001) nos alerta, ainda, que essa etapa deve nos levar a apresentar alguns indicadores tangíveis e/ou intangíveis, os instrumentos e as estratégias de coleta de dados e a equipe responsável pelo processo. Elaborar de forma bem planejada essa etapa fará uma grandiosa diferença na execução e no êxito do seu projeto e demais projetos que virão após o primeiro. Acredite!
Cronograma de atividades
Essa etapa do projeto não existe apenas para constar, ela serve de alerta aos executores e como forma de acompanhamento para a comunidade que atuará como “controle social”. O cronograma deve ter enumeradas as atividades previstas e as que serão realizadas ao longo do projeto social, por etapas, cumprindo o período de tempo previsto para a execução do projeto. Caso venha a sofrer quaisquer alterações, todos os envolvidos devem ser participados, de forma que possam acompanhar de modo transparente a execução das atividades na comunidade.
Veja, a seguir, uma proposta de cronograma de execução:
O cronograma de execução deve informar o tempo previsto de cada uma das etapas e atividades descritas na metodologia. Por exemplo, em caso de aquisição de equipamentos de informática: compra, instalação de equipamentos, adequação de espaço físico, contratação de instrutor, oficina, curso, etc. Identificando em cada uma destas etapas/atividades o tempo previsto para seu início e término.
Cronograma físico-financeiro do projeto e composição do orçamento
Nessa etapa, diferentemente da anterior, deve ser apresentada a previsão de todos os custos do projeto social por item de despesa, durante o tempo de duração de execução do projeto. A composição do seu orçamento deve explicitar o planejamento da cobertura/composição desses custos (CURY, 2001, p. 51).
Eli Rodrigues afirma que o cronograma físico-financeiro, muito utilizado em projetos de construção (obras), tem características que podem ser utilizadas em quaisquer projetos. Ele é “físico” porque apresenta o “avanço real” das entregas do projeto; no caso das obras, são as etapas de construção. E é “financeiro” porque apresenta os custos relacionados no tempo.
Veja um modelo de cronograma físico-financeiro apresentado por Eli Rodrigues:
É importante estar atento à lógica dos gastos. Veja um exemplo clássico de mau uso dos gastos com a verba que é destinada aos projetos sociais:
Um mau exemplo de orçamento
Orçamento para o projeto “Equipando guardas-florestais para a administração e proteção de um parque”:
	Item
	R$
	Supervisão/pessoas
	70.500
	Publicações
	1.700
	Equipamento
	1.220
	Abertura de trilhas
	1.775
	Veículos
	27.500
	Pesquisa
	12.000
	Divulgação comunitária
	3.750
	Administração do projeto
	4.125
	Treinamento
	1.700
	Avaliação
	1.000
	Total
	125.370
Fonte: Urban/SPVS, 1997:15. A moeda foi substituída pelo Real (R$).
Para aprofundar seu conhecimento sobre a projetos sociais, acesse O guia de elaboração de projetos sociais.
Essa disparidade e essa deslealdade com o objetivo central do projeto social levam determinados projetos ao descrédito, tanto por parte dos investidores quanto da própria comunidade. A ética, a integridade, os valores morais, a verdade, a lealdade e a transparência são princípios que devem andar lado a lado com as ações voltadas ao coletivo e para as populações mais vulneráveis em nossa sociedade.
Não à toa por isso, o projeto ético-político dos assistentes sociais, sustentado no seu Código de Ética (1993), na lei que regulamenta sua profissão (Lei nº 8.662/1993) e na Lei de Diretrizes de Bases Curriculares ao Curso de Serviço Social (1996, 1997 e 2002), conjuntamente com o CFESS, CRESS e ABEPSS, travou, de forma acirrada, lutas em âmbito nacional acerca dos direitos das classes trabalhadoras (nossos usuários), dos próprios assistentes sociais, dos nossos estudantes e de toda sociedade.
Nesse cenário, traz como bandeiras de lutas os 11 princípios fundamentais do código de ética profissionaldos assistentes sociais, a saber:
1- Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes — autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais.
2- Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo.
3- Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras.
4- Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida.
5- Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática.
6- Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças.
7- Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento intelectual.
8- Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação-exploração de classe, etnia e gênero.
9- Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos trabalhadores.
10- Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional.
11- Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual, idade e condição física.
Encerramento
Qual a importância do planejamento para o serviço social?
O planejamento, por si só, é um processo contínuo e dinâmico que consiste em um conjunto de ações intencionais, integradas, coordenadas e orientadas para tornar realidade um objetivo futuro, de forma a possibilitar a tomada de decisões antecipadamente. essas ações devem ser identificadas de modo a permitir que elas sejam executadas de forma adequada e considerando aspectos como o prazo, custos, qualidade, segurança, desempenho e outras condicionantes. no serviço social, essa ferramenta agrega valor, dando à profissão capacidade para sistematizar ainda mais o fazer profissional, contribuindo com a ordenação teórico-prática das ações pensadas e executadas no projeto social.
É opcional realizar o diagnóstico social em um projeto social?
Não. em um projeto social, essa etapa torna-se essencial, visto que é necessário conhecer de fato a realidade vivenciada pela coletividade e criar junto e por esta as ações para enfrentamento das demandas apresentadas. nenhuma ação ou projeto social nos dias atuais deve ser considerado relevante sem antes consultar os atores sociais principais, a comunidade. no diagnóstico social, tem-se a chance crucial de obter de forma precisa e real o que de fato essa comunidade, sociedade, grupo ou localidade realmente está solicitando, necessitando, a ser realizada pelo projeto.
Para quem eu devo elaborar o projeto social?
Conforme previsto até mesmo no diagnóstico social, todo projeto social deve ser feito para a coletividade, para a sociedade, para o sujeito de direito, o cidadão. na atualidade, não cabe mais construir nenhuma ação ou mesmo projeto social (que é uma ação pontual) sem antes consultar os atores sociais que serão beneficiados com o projeto. nada mais pode ser aceito de forma verticalizada. toda e qualquer ação deve ser debatida de forma horizontalizada, envolvendo os atores sociais da comunidade, visto que os beneficiários centrais são eles próprios.
Unidade 3 Modulo 1
Aula 1 Etapas de execução de projetos sociais e o serviço social
Após construído o diagnóstico social, pensaremos em como iremos executar o nosso projeto social propriamente dito. Salientamos desde já que esse momento é essencial. Para o cumprimento da execução, precisaremos do que é denominado por Rosana Kisil (2004, p. 30) como sendo o “plano de trabalho” ou plano de aplicação do projeto social. É a partir de agora que os envolvidos na execução direta do projeto social decidirão como é que “vamos agir” para por em prática cada momento planejado anteriormente.
Nessa etapa, tudo deve estar relacionado diretamente ao que já está proposto ao projeto social elaborado. Nada mais será “inventado”, “criado”. A ideia agora é seguir o que já foi planejado, mas de forma ordenada, organizada, cronologicamente seguida, conforme já foi prevista na fase de estruturação do projeto social.
Kisil (2004, p. 30) traz dois questionamentos iniciais importantes na etapa de elaboração do plano de trabalho, seja para o projeto social ou mesmo para a execução do fazer profissional:
	 1-O que estamos propondo está realmente descrevendo o que iremos fazer?
 2-A que objetivo de resultado está relacionado o serviço que estou propondo?
	
Esses questionamentos iniciais nos favorecem plenamente, visto que precisamos ter definido que trabalhar com projetos sociais é ter certeza de que todas as ações previstas estão correlacionadas diretamente aos objetivos específicos descritos no projeto, ou seja, é onde se pretende chegar com a ação geral do referido projeto.
Nada pode estar solto. Tudo deve estar “amarrado”, vinculado. Agora é a etapa de coordenar as ações para que a “orquestra” consiga demonstrar a “sinfonia” perfeita.
Importante
Segundo Kisil (2004), devemos ter cuidado para, na construção do plano de trabalho, não repetirmos tudo o que já dissemos na etapa de elaboração do projeto social. Esse é o momento de apresentar as ações, as atividades que serão realizadas — quando, onde e por quem.
Seguindo essa linha de raciocínio, para a compreensão e acompanhamento devido do plano de trabalho do projeto social, devemos, conforme Kisil (2004, p. 30-31), seguir uma lógica de organização das tarefas já propostas na estrutura final do projeto, no seu corpo final.
Devemos, para isso, considerar quatro elementos:
· SERVIÇOS
· PESSOAS 
· LOCAL DE ABRANGÊNCIA
· QUANDO ATUAREMOS
Posicione o cursor sobre as imagens acima para saber mais.
Os serviços ou as ações que serão desenvolvidos.
As pessoas ou o publico-alvo que será beneficiado com a implementação do projeto.
Local de abrangência que atuaremos para definição clara e precisa do impacto geográfico com a chegada do projeto.
Quando atuaremos, de forma a conhecer o início e o término de cada etapa prevista, cumprindo e respeitando o que está no cronograma do projeto social.
A partir do redesenho do cronograma das ações por meio do “plano de trabalho”, acompanhar a execução do projeto social será uma tarefa muito mais fácil, tendo em vista a possibilidade didática e sistemática que esse método de acompanhamento oferece.
Em paralelo às escolhas dos elementos anteriormente indicados (serviços, pessoas, local de abrangência e tempo para atuação), têm-se informações possíveis para a criação do plano de ação, que, na área da administração, também é conhecida como 5W2H. É, na verdade, um checklist de atividades específicas que devem ser desenvolvidas com o máximo de clareza e eficiência por todos os envolvidos em um projeto. Essa sopa de caracteres corresponde, na verdade, às iniciais (em inglês) das sete diretrizes que, quando bem estabelecidas, eliminam quaisquer dúvidas que possam aparecer ao longo de um processo ou de uma atividade. São elas: 5 W: what (o que será feito?); why (por que será feito?); where (onde será feito?); when (quando?); who (por quem será feito?); e 2H: how (como será feito?); how much (quanto vai custar?).
Conheça a tabela 5W2H, a partir da qual você pode preparar o plano de ação/trabalho do seu projeto social:
Com a construção desse plano de trabalho, você terá a oportunidade de visualização diária e sistemática de todas as ações previstas para e pelo projeto social, quando será realizada, em que localidade, quem será ou serãoo/os responsável/eis, além de compreender o motivo pelo qual essa ação se justifica, como ela pretende ser realizada, se terá custo e quanto custará, se teremos financiador nessa ou em outra ação, e, por fim, o status, quando ela pretende ser alcançada, a meta também desenhada dentro do projeto social.
Corroborando com as ideias deixadas por Nakagawa (s/a, p. 3), o plano de ação:
[...] para o desenvolvimento dos empreendedores: a ferramenta 5W2H também pode ser aplicada em nível pessoal, como no caso do desenvolvimento pessoal do empreendedor e de sua relação com os sócios. A ferramenta Autoconhecimento Empreendedor, do Movimento Empreenda, orienta a descoberta do perfil psicológico, como isso influencia o comportamento ao conduzir um negócio e o que o empreendedor poderia fazer para se tornar melhor, ao elaborar uma análise SWOT. Em seguida, a ferramenta orienta o empreendedor a descobrir qual é a forma de aprendizagem mais adequada ao seu tipo de inteligência. O passo seguinte da ferramenta é sugerir um plano de ação para que o interessado fortaleça suas competências empreendedoras. De forma semelhante, a ferramenta Avaliação de Sócios 4D sugere uma abordagem parecida, ao terminar com a sugestão de um plano de ação para que os sócios se tornem ainda mais capacitados para desenvolver a empresa.
Reafirma-se, dessa forma, que não se desenvolve ação alguma sem a participação e o envolvimento precisos dos sujeitos sociais ativos dentro do processo e da construção de todas as etapas do projeto social, expressando, assim, os seus desejos, anseios, posicionamentos e autonomia.
O plano de trabalho deve ser totalmente elaborado conjuntamente com a participação democrática e decisória dos atores sociais (público-alvo) envolvidos. Ter essa presença em cena faz e fará toda a diferença no produto final, como, por exemplo, nos resultados esperados após a conclusão das etapas de execução do projeto.
Quando, na etapa do “planejamento”, as ações são pensadas e tomadas com o envolvimento da própria comunidade ou publico-alvo,elas expressam que a mobilização foi
 eficiente, e o projeto obterá o melhor resultado esperado. Quando isso não ocorre, por sua vez, podemos também prever momentos e frutos não tão atraentes ao final da execução do projeto social, visto que “queimar” ou não cumprir qualquer etapa ou momento conjuntamente com o público-alvo do empreendimento social é, sem sombra de dúvidas, para quem acredita em uma possibilidade de expansão da autonomia e do empoderamento dos cidadãos envolvidos nesse processo, uma conduta “amadora”.
Não se pode mais construir “nada” para “outrem” sem que “este” esteja envolvido de forma completa. Esse é um compromisso do serviço social. Essa é uma das defesas éticas da nossa profissão. Pois, em nosso Código de Ética Profissional em vigor (1993), precisamente nos princípios deste, temos:
	III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras.
IV. Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida.
Cada ação profissional planejada deve sustentar as bandeiras de luta defendidas em prol da classe trabalhadora, bem como do PEPP, reafirmando ações não conservadoras, mas sim que demonstrem o quanto o serviço social vem tornando-se aguerrido dia a dia, mesmo em meio aos convites e assédios do capital e das “teias do conservadorismo” (IAMAMOTO, 2006).
Aula 2 A importância do monitoramento dos projetos sociais pelo serviço social
Levando em consideração a importância do monitoramento das ações, dos projetos sociais, das políticas sociais e públicas para a sociedade, sobretudo, das camadas que se utilizam dos recursos advindos dessas políticas, programas e projetos sociais, devemos reconhecer a relevância do ato de “avaliar” essas políticas, programas e projetos sociais.
Nogueira (2002) nos convida a refletirmos sobre esse debate. Primeiramente, precisamos ter em mente “o que avaliar”. Toda e qualquer ação que for realizada para uma coletividade deve ser pensada em suas etapas, e, dentre elas, não podemos esquecer de inserir os momentos em que serão avaliados, repensados, comparados e constatados os dados para averiguar se o caminho que estamos percorrendo é ou não o que nos levará ao produto final esperado com a implementação do projeto social, se é momento de repensar alguma estratégia ou não, se é hora de rever gastos desnecessários ou redirecionar investimento em outras ações antes não pensadas, e por aí vai. para essa autora, a avaliação:
[...] é um elemento básico do planejamento e traduz a possibilidade de se tomar decisões que superem soluções erráticas e não fundamentadas, elevando-se o grau de racionalidade de tais decisões. Os processos avaliativos, entretanto, ainda hoje são encarados, no mais das vezes, como procedimentos burocráticos, custosos, ameaçadores e de caráter administrativo e financeiro (a famosa e conhecida “prestação de contas”). Tal leva a que técnicos e administradores encontrem muitas dificuldades para implementar ou alterar qualquer projeto em andamento, dada a inexistência de análises e ponderações sobre as ações executadas. Têm, também, dificuldade de justificar suas ações e muitas vezes até seu trabalho, tornando-se presa fácil de injunções político-partidárias face às quais não têm argumentos. As diversas decisões que envolvem um programa ou projeto são, assim, tomadas no “vazio” ou a mercê de oportunismos de toda ordem. (NOGUEIRA, 2012, p. 142)
Estamos aqui tratando de uma proposta de projeto, em que todas as suas etapas devem se dar em torno da coletividade, da participação democrática, isto é, de forma participativa. Nenhuma decisão deve ocorrer de forma unilateral, sem argumentos, sem precisão. Qualquer escolha ou procedimento que envolva a coletividade deve envolver esta última em toda e qualquer etapa, visto que, pondo em prática os princípios da “participação popular” e da “democracia”, ambos devem ser garantidos de forma plena, política e emancipadora, não sendo permitidas mais as modalidades de “proformidades”, sempre tão presentes nos cenários das políticas, programas e projetos sociais.
Em uma tentativa de ampliação das possibilidades metodológicas de avaliação, Boschetti (2009, p. 4) cita autores como Arretche (1998), que “[...] diferenciam avaliação de políticas públicas de outras modalidades de avaliação, que ela designa como avaliação política e análise de políticas públicas [...]”. Para ambas as autoras, a avaliação política se dedica a analisar o processo de tomada de decisão que resulta na adoção de determinado tipo de política pública.
Nesse sentido, a avaliação política se dedica a esclarecer o processo decisório e os fundamentos políticos que explicam a existência de uma política social, constituindo um objeto de estudo privilegiado da ciência política. Esse tipo de avaliação, dessa forma, pouco se preocupa em compreender o escopo ou as funções, ou mesmo a composição de uma dada política social. Para Arretche (1998 apud BOSCHETTI, 2009), a avaliação se distingue da análise de políticas sociais, pois, em sua compreensão, a análise objetiva reconstitui as diversas características de uma política, como a relação entre público e privado, as formas de financiamento, as modalidades de prestação de serviços e as possibilidades de desenho institucional que atribuem corpo a uma política social. (BOSCHETTI, 2009, p. 4)
A partir das contribuições vistas acima, podemos iniciar a compreensão de que analisar uma política, programa ou projeto social deve sempre estar além de simplesmente checar o cumprimento das ações previstas e metas cumpridas por si só. Trata-se também de um conjunto de fatores que determinam e determinarão o conjunto do que de fato devamos considerar “avaliação dessas políticas, programas ou projetos sociais”.
O que já podemos inferir é que não cabe, sobretudo na condição de assistentes sociais e futuros assistentes sociais,seguindo as determinações que são previstas no PEPP, tecer qualquer tipo de avaliação sem critérios previamente estabelecidos, determinados, previstos, desenhados, com instrumentos escolhidos, visto que, mesmo que estejamos inseridos em equipamentos públicos ou terceirizados (como é o caso dos projetos sociais), isso não quer dizer que devamos realizar o processo de avaliação de qualquer forma, de qualquer jeito, sem seguir uma metodologia prevista, desenhada, proposta e que acuse a realidade obtida com o impacto das ações desenvolvidas.
Boschetti (2009, p. 4) sugere cuidado e que seja dada uma ênfase na aplicação de um arsenal de métodos e técnicas avaliativas, desprovido de criticidade acerca do conteúdo e papel do Estado e das políticas sociais no enfrentamento das desigualdades sociais. No que tange ao serviço social, equívocos como esses nos levaram a uma profusão de produções teóricas sobre avaliação, mais preocupadas com a medição do desempenho de uma suposta intervenção técnica e neutra do Estado do que interessadas em revelar suas funções e papel na produção e reprodução das desigualdades sociais.
Nessa direção, a avaliação, em geral, é apresentada como o instrumento capaz de determinar a relação custo-benefício (AGUILAR; ANDER-EGG, 1995 apud BOSCHETTI, 2009, p. 4-5), pois afirma que, dentre tantas fiscalizações, ainda existem casos beneficiados sem perfil, cujo estudo não tenha sido realizado de forma adequada no que concerne o papel profissional do serviço social, fragilizando, sobretudo, o que de fato deva ser peça central da avaliação das políticas sociais e públicas e ser orientada pela intencionalidade de apresentar a capacidade que essas políticas sociais e públicas de fato possuem, seja para expandir direitos, reduzir a desigualdade social ou propiciar a equidade. (BOSCHETTI, 2009, p. 4-5)
Compreenda, ainda, que existem formas limitantes que estudiosos fazem para a escolha operacional e tecnicista de avaliar as políticas e programas sociais, não levando em consideração que “para cada tipo de avaliação é apresentado um leque infindável de métodos, técnicas e instrumentos de aferição” (BOSCHETTI, 2009, p. 5). Importante
As políticas sociais não são apenas espaços de confrontação de tomadas de decisão, mas constituem elementos de um processo complexo e contraditório de regulação política e econômica das relações sociais (BEHRING; BOSCHETTI, 2006). Nesse sentido, a análise e a avaliação de políticas sociais ultrapassam a mera disposição e utilização primorosa de métodos e técnicas racionais e operativos, preocupados com a relação custo-benefício ou com a eficiência e eficácia. A avaliação de políticas sociais deve se situar na compreensão do significado do papel do Estado e das classes sociais na construção dos direitos e da democracia. (BOSCHETTI, 2009, p. 6)
Não podemos deixar de evidenciar e levar em consideração que uma das ferramentas que utilizaremos nas projeções de todo o processo desde a fase diagnóstica, passando pela elaboração, mas, sobretudo, na execução, monitoramento e avaliação dos projetos sociais, vem da contribuição que temos a partir da tradição marxista: “[...] todo fenômeno social analisado (e aqui se inserem as políticas sociais) deve ser compreendido em sua múltipla causalidade, bem como em sua múltipla funcionalidade.” (BOSCHETTI, p. 8)
Faz-se necessário compreender não apenas o cenário e as demandas que se apontem com o trabalho de base já consolidado junto com a comunidade, mas ficar sempre atentas/os às articulações e aos fortalecimentos do “controle social”, ou seja, ao trabalho de base realizado com a própria comunidade, tanto de aproximação ao projeto, proposta, quanto de destaque das principais lideranças para que estas monitorem as mobilizações dentro das comunidades, bem como pensar estratégias para qualificar, se necessário, essa comunidade partícipe do projeto social para o controle social de fato.
Essas dimensões — história, economia e política — não devem ser entendidas como partes estanques que se isolam, superpõem ou se complementam, mas como elementos de um todo profundamente imbricado e articulado.
Com esse cenário, compreendemos que é possível, conforme nos apresenta Boschetti (2009, p. 12), sinalizar alguns aspectos que constituem elementos empíricos de análise para delineamento do quadro institucional que, conforme a política ou programa social avaliado, é compostos por três momentos, a saber:
1. Os direitos e benefícios estabelecidos e assegurados.
2. O financiamento (fontes, montantes e gastos).
3. Gestão (forma de organização) e controle social democrático (participação da sociedade civil). A partir do que a autora nos propõe como forma de acompanhar a execução dos projetos sociais ou de qualquer proposta que tenha etapas e envolva pessoas, coletivo, comunidades, projeções futuras em grupo, devemos seguir estas três etapas. Conheceremos cada uma delas a seguir, tanto no âmbito teórico quanto no ilustrativo. São elas:
· a) Configuração e abrangência dos direitos e benefícios.
· b) Configuração do financiamento e gasto.
· c) Gestão e controle social democrático.
Conheceremos cada um a partir de agora.
Configuração e abrangência dos direitos e benefícios
O objetivo desse aspecto é delinear um quadro dos direitos e/ou benefícios previstos e/ou implementados pelas políticas e/ou programas sociais, de modo a chegar o mais próximo possível do estabelecimento de suas características essenciais. Para tal, deve explicitar elementos que possam explicar sua natureza, função, abrangência, critérios de acesso e permanência e formas de articulação com as demais políticas econômicas sociais (BOSCHETTI, 2009, p. 12).
Configuração do financiamento e gasto
A análise do financiamento e do gasto no âmbito das políticas sociais é um fecundo caminho para compreender sua estrutura orçamentária e seus impactos na natureza e no alcance dos direitos, já que o tipo, montante e modo de financiamento são definidores da existência, concepção, efetivação e extensão das políticas sociais (FAGNANI, 1998). Esse aspecto contempla a análise e avaliação das fontes dos recursos, bem como o montante dos gastos na política e/ou programa avaliado, de modo a verificar se possui caráter regressivo ou progressivo e quais são as implicações na abrangência e concepção dos direitos (BOSCHETTI, 2009, p. 14).
Gestão e controle social democrático
Esse aspecto da análise tem por objetivo demonstrar como está estruturada a organização e a gestão da política e/ou programa avaliado, tendo como parâmetros os princípios contemporâneos de gestão federada estabelecidos na Constituição e a forma como ocorrem a participação e o controle populares. Na Constituição, foram estabelecidas diretrizes de descentralização com autonomia das esferas governamentais e participação da sociedade no controle das ações governamentais, como base para estruturação das relações entre os poderes públicos das três instâncias e entre estes e a sociedade civil na implementação das políticas sociais. Nessa direção, a avaliação de organização, gestão e controle social pode levar em consideração vários fatores (BOSCHETTI, 2009, p. 16).
Aula 3 Captar recursos e sustentar projetos sociais: quais os caminhos?
Quando falamos de projetos sociais, da sua manutenção e sobrevivência na comunidade, devemos acreditar e ter sempre a certeza de que nenhuma ação dentro da comunidade sobrevive sem “verba”, “recurso”, “dinheiro”, “investimento”; sem isso, o projeto social necessita ser “autossustentável”.
A “autossustentabilidade” aqui apresentada deve ser pensada enquanto condição de o projeto social permanecer na comunidade, grupo ou localidade independentemente do seu idealizador. Como assim? Ora, todo bom projeto social, quando bem elaborado e trabalhado em parceria com as bases locais, desde o seu primeiro momento de “diagnóstico social”, deve identificar as “potencialidades locais”, ou seja, as lideranças e pessoas que muito provavelmente irão dar continuidade às ações locais, assim que os idealizadores do projeto social saírem

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