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O Uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no Desenvolvimento da Leitura e da Escrita MÓDULO II Ler e Escrever: Competências de Todas as Áreas AUTORES: Germânia Kelly Ferreira de Mereiros Lillian Kelly Alves Guedes LER E ESCREVER: COMPETÊNCIAS DE TODAS AS ÁREAS Aperfeiçoar habilidades e competências relacionadas à leitura e à escrita é um dos maiores desafios enfrentados pela escola. É comum vermos discursos tais como “o aluno não consegue nem entender os comandos das questões, como vai saber responder?”. Isso sinaliza uma deficiência que parece estar relacionada exclusivamente ao ensino de Língua Portuguesa, no entanto é possível o estabelecimento de estratégias que viabilizem uma leitura e escrita proficientes que atenda às demandas de todas as áreas do conhecimento, utilizando mecanismos modernos que devem ser inseridos em sala de aula. Este é o principal foco de discussão dessa unidade: como podemos usar ferramentas tecnológicas que possam auxiliar no processo de apropriação da leitura e da escrita no entendimento que esse é um desafio de todas as áreas? Nas últimas duas décadas, tem-se aumentado a preocupação com a eficácia do processo de aperfeiçoamento da leitura e compreensão leitora na escola que fica mais perceptível quando os alunos são submetidos a avaliações tanto internas quanto externas, apresentando baixos índices nas diversas áreas do conhecimento. Dessa forma, um número significativo de adolescentes ainda passa pelos bancos escolares sem obter sucesso essas competências. Assim, na atualidade, muito se discute que o letramento está associado [...] com iniciativas [...] que estão ligadas à transformação da consciência, e em particular à consciência política e social, de um modo que os termos “leitura” e “escrita” não estão. Neste sentido há um desconforto por parte de muitos professores que ainda possuem uma concepção mais tradicional de letramento. (BRAHIM, 2007, p. 14) Para tanto, o professor do mundo atual deve ter como foco em seu trabalho a aquisição e o aprimoramento funcional das habilidades de leitura e de escrita. Em qualquer campo de atuação, essas habilidades representam competências essenciais para a apreensão dos conhecimentos e, consequentemente, para a atuação consciente e efetiva na sociedade. Ao compreender isso, vejamos um dos grandes obstáculos enfrentados pelas escolas: quando se trata de trabalhar com a leitura e a escrita de forma sistemática na escola, o preparo e a formação do professor requer a construção de competências que possibilitarão o “fazer melhor” no que se refere ao ensino inicial da leitura e da escrita. Em outras palavras, a dificuldade de integrar leitura e escrita com diálogo entre todas as áreas dentro das escolas é um reflexo da própria formação dos professores. Ou seja, é preciso formar continuamente os professores incutindo o compromisso para com estas importantes competências na vida do ser humano, que é o ato de ler e escrever. Esse reconhecimento da necessidade de investimentos diversos no processo de leitura e escrita é responsável pela dinamização das formações dos profissionais bem como pelos novos enfoques que têm sido dados a esse processo. Assim, o conceito de leitura e escrita é entendido como o processo de aquisição e aperfeiçoamento dessas habilidades. É preciso explicitar que, ao assumir a responsabilidade com o processo da leitura e da escrita, é provável que os profissionais percebam a melhoria dos índices de aprendizagem em suas áreas de conhecimento também, visto que, como citado anteriormente, o pouco domínio da leitura é responsável pela não compreensão de muitos enunciados cobrados dos alunos. É nesse sentido que a colaboração das diversas áreas do conhecimento deve ser entendida como um ensino complementar, como afirma Guedes e Souza (2011), Ler e escrever são tarefas da escola, questões para todas as áreas, uma vez que são habilidades indispensáveis para a formação de um estudante, que é responsabilidade da escola. Ensinar é dar condições ao aluno para que ele se aproprie do conhecimento historicamente construído e se insira nessa construção como produtor de conhecimento. Ensinar é ensinar a ler para que o aluno se torne capaz dessa apropriação, pois o conhecimento acumulado está escrito em livros, revistas, jornais, relatórios, arquivos. Ensinar é ensinar a escrever porque a reflexão sobre a produção de conhecimento se expressa por escrito. (pág. 19) Podemos dizer, então, que não existe aula sem leitura e interpretação, sejam elas por meio de textos escritos, visuais ou orais, contribuindo assim na formação de sujeitos capazes de inferir novos conhecimentos e articulá-los com a prática (MUSTIFAGA, GOETTMS, 2008). Essas mesmas orientações constam nos documentos que regem a educação brasileira, como podemos ver na passagem a seguir: Os objetivos do Ensino Médio em cada área do conhecimento devem envolver, de forma combinada, o desenvolvimento de conhecimentos práticos, contextualizados, que respondam às necessidades da vida contemporânea, e o desenvolvimento de conhecimentos mais amplos e abstratos, que correspondam a uma cultura geral e a uma visão de mundo. Para a área das Ciências da Natureza, Matemática e Tecnologias, isto é particularmente verdadeiro, pois a crescente valorização do conhecimento e da capacidade de inovar demanda cidadãos capazes de aprender continuamente, para o que é essencial uma formação geral e não apenas um treinamento específico. (BRASIL, 200, pág. 6) Essa visão também está presente nas demais áreas que compõem os Parâmetros Curriculares Nacionais, enxergando no diálogo entre todas as disciplinas o caminho mais profícuo de promover educação. Isso quer dizer que é preciso apropriar-se de recursos diversos para que se alcance tais objetivos. Para isso, temos uma crescente concepção de que a tecnologia deve ser cada vez mais presente no cotidiano dos alunos, uma vez que ela é capaz de promover uma maior dinamicidade no processo de aprendizagem. Com isso, entendemos que A tecnologia tem o poder de nos libertar dessas limitações, de fazer com que a educação seja muito mais portátil, flexível e pessoal; de incentivar a iniciativa e a responsabilidade individual; de restaurar a empolgação de se considerar o processo de aprendizagem uma caça ao tesouro. A tecnologia também oferece outro benefício em potencial: a internet pode tornar a educação muito, muito mais acessível, de modo que conhecimento e oportunidade sejam distribuídos de maneira mais ampla e igualitária (KHAM, 2013, p. ) Sabendo disso, a escola deve ensinar habilidades que auxiliem o aluno a ler e escrever através de práticas sociais que favoreçam a apropriação dessas competências por parte dos alunos de forma espontânea, criativa e construtiva. Mediante as práticas de algumas escolas públicas do estado do Ceará, traremos um exemplo de atividade que incorpora os conhecimentos linguísticos e matemáticos para a composição de uma atividade multidisciplinar. Na EEM José de Alencar, os professores de Língua Portuguesa e Matemática, juntamente com os professores de do laboratório de matemática e informática, promoveram uma atividade para os alunos na qual foi lido o livro “O homem que calculava”, de Malba Tahan (2010), pelos professores de Português. Com o auxílio dessas outras áreas, a compreensão da leitura foi complementada, proporcionando a possibilidade de resolver situações-problema envolvendo raciocínio lógico. Para melhor elucidação da atividade, a seguir, veremos um trecho do texto. Poucas horas havia que viajávamos sem interrupção, quando nos ocorreu uma aventuradigna de registro, na qual meu companheiro Beremiz, com grande talento, pôs em prática as suas habilidades de exímio algebrista. Encontramos perto de um antigo caravançará meio abandonado, três homens que discutiam acaloradamente ao pé de um lote de camelos. Por entre pragas e impropérios gritavam possessos, furiosos: - Não pode ser! - Isto é um roubo! - Não aceito! O inteligente Beremiz procurou informar-se do que se tratava. - Somos irmãos – esclareceu o mais velho – e recebemos como herança esses 35 camelos. Segundo a vontade expressa de meu pai, devo receber a metade, o meu irmão Hamed Namir uma terça parte, e, ao Harim, o mais moço, deve tocar apenas a nona parte. Não sabemos, porém, como dividir dessa forma 35 camelos, e, a cada partilha proposta segue-se a recusa dos outros dois, pois a metade de 35 é 17 e meio. Como fazer a partilha se a terça e a nona parte de 35 também não são exatas? - É muito simples – atalhou o Homem que Calculava. – Encarrego-me de fazer com justiça essa divisão, se permitirem que eu junte aos 35 camelos da herança este belo animal que em boa hora aqui nos trouxe! Neste ponto, procurei intervir na questão: - Não posso consentir em semelhante loucura! Como poderíamos concluir a viajem se ficássemos sem o camelo? - Não te preocupes com o resultado, ó Bagdali! – replicou-me em voz baixa Beremiz – Sei muito bem o que estou fazendo. Cede-me o teu camelo e verás no fim a que conclusão quero chegar. Tal foi o tom de segurança com que ele falou, que não tive dúvida em entregar-lhe o meu belo jamal2, que imediatamente foi reunido aos 35 ali presentes, para serem repartidos pelos três herdeiros. - Vou, meus amigos – disse ele, dirigindo-se aos três irmãos -, fazer a divisão justa e exata dos camelos que são agora, como vêem em número de 36. E, voltando-se para o mais velho dos irmãos, assim falou: - Deverias receber meu amigo, a metade de 35, isto é, 17 e meio. Receberás a metade de 36, portanto, 18. Nada tens a reclamar, pois é claro que saíste lucrando com esta divisão. E, dirigindo-se ao segundo herdeiro, continuou: - E tu, Hamed Namir, deverias receber um terço de 35, isto é 11 e pouco. Vais receber um terço de 36, isto é 12. Não poderás protestar, pois tu também saíste com visível lucro na transação. E disse por fim ao mais moço: -E tu jovem Harim Namir, segundo a vontade de teu pai, deverias receber uma nona parte de 35, isto é 3 e tanto. Vais receber uma nona parte de 36, isto é, 4 o teu lucro foi igualmente notável. Só tens a agradecer-me pelo resultado! E concluiu com a maior segurança e serenidade: - Pela vantajosa divisão feita entre os irmãos Namir – partilha em que todos três saíram lucrando – couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo e 4 ao terceiro, o que dá um resultado (18+12+4) de 34 camelos. Dos 36 camelos, sobram, portanto, dois. Um pertence como sabem ao bagdáli, meu amigo e companheiro, outro toca por direito a mim, por ter resolvido a contento de todos o complicado problema da herança! - Sois inteligente, ó Estrangeiro! – exclamou o mais velho dos três irmãos. – Aceitamos a vossa partilha na certeza de que foi feita com justiça e equidade! E o astucioso Beremiz – o Homem que Calculava – tomou logo posse de um dos mais belos “jamales” do grupo e disse-me, entregando-me pela rédea o animal que me pertencia: - Poderás agora, meu amigo, continuar a viajem no teu camelo manso e seguro! Tenho outro, especialmente para mim! E continuamos nossa jornada para Bagdá. Disponível em < https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/enem/2015/06/26/noticia-especial- enem,662138/o-homem-que-calculava-e-as-maravilhas-da-matematica.shtml>. Assim, com o diálogo, interpretação e recursos dos laboratórios foi possível fazer uma leitura mais completa do paradidático. No próximo quadro, mostraremos uma possível explicação de um professor de matemática para a interpretação do texto lido. O total de 35 camelos, de acordo com o enunciado da história, deve ser reparti do, pelos três herdeiros, do seguinte modo: − O mais velho deveria receber a metade da herança, isto é, 17 camelos e meio. −O segundo deveria receber um terço da herança, isto é, 11 camelos e dois ter ços. −O terceiro, mais moço, deveria receber um nono da herança, isto é, 3 camelo s e oito nonos. Feita a partilha, de acordo com as determinações do testador, haveria uma sobra. 17 e 1/2 + 11 e 2/3 + 3 e 8/9 = 33 e 1/18 Observe que a soma das três partes não é igual a 35, mas sim a 33 e 1/18. Há, portanto, uma sobra que seria de um camelo e 17/18 de camelo. A fração 17/18 exprime a soma 1/2 + 1/3 + 1/9, frações que representam pequ enas sobras. Aumentandose de 1/2 a parte do primeiro herdeiro, este passaria a receber a co nta certa de 18camelos; aumentandose de 1/3 a parte do segundo, este passaria a receb er um número exato de 12 aumentando- se de 1/9 a parte do terceiro herdeiro, este receberia exatos quatro camelos. Observe porém que consumidas com esse aumento as três pequenas sobras, ainda há um camel o fora da partilha. Como fazer esse aumento das partes de cada herdeiro?Esse aumento foi feito a dmitindo-se que o total de camelos não era 356, mas 36 camelos (com o acréscimo de 1 ao dividendo). Mas, sendo o dividendo 36, a sobra passaria a ser de dois camelos. Tudo resultou, em resumo, do fato seguinte: Houve um erro do testador.A metade de um todo, mais a terça parte desse todo , mais um nono desse todo, não é igual ao todo. Vejam: 1/2 + 1/3 + 1/9 = 17/18 Para completar o todo, falta, ainda, 1/18 desse todo. O todo, no caso, é a herança dos 35 camelos. 1/18 de 35, é igual a 35/18 A fração 35/18 é igual a 1 e 17/18 Conclusão feita a partilha, de acordo com o testador, ainda haveria uma sobra de 1 e 17/18.Beremiz, com o artifício empregado, distribuiu os 17/18 pelos três herdei ros (aumentando a parte de cada um) e ficou com a parte inteira da fração excedente. Disponível em < http://www.matematica.seed.pr.gov.br/arquivos/File/Problemas_matematicos/ solucao_35_camelos.pdf> Além disso, é possível, através de recursos tecnológicos, incentivar a elaboração de gráficos para exemplificação das situações. Para isso, existem diversas ferramentas que podem ser incorporadas em sala colaborando na construção dos saberes, como é o exemplo da página da internet, PHET1, que possui recursos para que os alunos construam seus próprios gráficos, o que 1 Veja o site sugerido no link a seguir: https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulations/category/math proporciona uma visualização da formação das frações, entre outras possibilidades. Essa atividade ilustra o que Mustifaga e Goettms (2008) dizem sobre como as aulas devem ser conduzidas com a mediação do professor, no intuito de fazê-los compreender e interpretar à medida que essas práticas são absorvidas pelos alunos, podendo proporcionar a autonomia para explorar os textos, expor suas ideias e debater sobre os assuntos. Nesse sentido, considerando o cenário escolar com toda a sua diversidade, quanto maior for a oferta de possibilidades, melhor para professores e alunos, que podem usar da criatividade na perspectiva de uma aprendizagem significativa. Contudo, na prática, o campo das possibilidades precisa passar por uma criteriosa etapa de planejamento, uma vez que, dependendo da alternativa tecnológica selecionada, ela deve estar alinhada não só com o objetivo pedagógico, mas com uma série de elementos, como aquisição ou acesso da tecnologia selecionada, conectividade, perfil dos professores e alunos e outras variáveis que somente um bom planejamento pode se antecipar e definir como satisfatória a experiência que se deseja executar. Além disso, sabemos que deve haver uma nova postura do professor diante do contemporâneo momentoque vivemos frente às mudanças na sociedade oriundas dos avanços tecnológicos, pois é papel do professor ressignificar sua prática incluindo nela as novas tecnologias (BORGES, 2015). Dito isso, apresentamos uma série de ferramentas e atividades que contribuem para a aprendizagem e o fortalecimento da leitura e da escrita, compreendendo que essa é uma competência de base para que todas as demais áreas do currículo possam se desenvolver de maneira adequada. Blogs – reconhecido no meio educacional como um diário virtual, o blog, tecnicamente, conceitua-se como "um site regularmente atualizado, cujos posts (entradas compostas por textos, fotos, ilustrações, links) são armazenados em ordem cronologicamente inversa, com as atualizações mais recentes no topo da página” (Inagaki, 2005). A criação de um blog é tarefa simples. Existem diversos sites que oferecem, gratuitamente, o serviço de publicação e, em sua maioria, disponibilizam templates2, restando ao usuário preocupar-se com o conteúdo. Uma vez criado, os blogs podem ser acessados, editados e comentados, imprimindo dinamismo ao processo, restando ao criador da conta dispor de um certo conhecimento de edição de texto e um bom domínio de leitura e escrita para usufruir de todos os recursos. Caso não tenha essa competência bem desenvolvida, essa é uma excelente oportunidade de desenvolvê-la. Observe que, de posse de uma boa narrativa, o blog pode se constituir num excelente espaço de registro e divulgação, potencializando a comunicação escrita, a criatividade, a interação e o compartilhamento. Utilizando como referência o trabalho de Gomes e Lopes (2007), os blogs podem servir para: produção de material multimídia (textos, vídeos, áudios) relacionados ao estudo de determinado conteúdo, representando um portfólio digital de aprendizagem. Como espaço de intercâmbio e colaboração, oportunizado pelo recurso comentário, no qual os visitantes e o próprio dono da conta podem interagir, estabelecendo um diálogo ou ainda indicando outras fontes acerca da temática discutida. Como espaço de intercâmbio e debate, em que alunos podem assumir e defender ideias variadas, criando toda uma argumentação em prol ou contra ao que se está abordando. Redes Socias - "A Rede Social é uma estrutura que inter-relaciona empresas ou pessoas, que estão conectadas pelas mais diversas relações. Cada qual se relaciona de acordo com as suas preferências e particularidades. Trata-se de uma ligação social e conexão entre pessoas" (ADAMI, 2008). Pelo conceito apresentado, pode-se dizer que a palavra chave das redes sociais é relação, que conduz a conexão e interação. Pesquisas apontam que no Brasil o acesso a redes sociais tem sido maior do que a sites que oferecem serviços de correio eletrônico, demonstrando a ascensão do número de usuários e permitindo afirmar que os 2 Modelo de documento pré-formatado. http://www.infoescola.com/sociedade/redes-sociais-2/ alunos já se encontram familiarizados com esta tecnologia (JULIANI, JULIANI, SOUZA, & BETTIO, 2012). Dentre os mais populares, tem-se o facebook e twitter e, por este motivo, optou-se por uma breve apresentação de ambos, com ênfase em suas possibilidades no campo do ensino e da aprendizagem desenvolvidos na educação formal. De acordo com o trabalho de Juliani et al (2012) experiências realizadas com o uso do facebook apontam seu potencial para a educação, Ao usar os recursos de redes sociais durante uma disciplina, Minhoto (2012) demonstrou que devido à familiaridade com o contexto do Facebook, a interação dos alunos proporcionou a construção ativa de conhecimento. Não obstante, Zancanaro et al. (2012), relata que as facilidades presentes no Facebook geraram grande motivação e agregação de valor para os estudantes (p. 3). Dentre os diversos recursos disponibilizados, tem-se um conjunto de potencialidades pedagógicas, conforme aponta Ferreira, Corrêa e Torres (2012, p. 9): x Favorece a cultura de comunidade virtual e aprendizagem social. A cultura de comunidade virtual fundamenta-se em valores à volta de um objetivo em comum que gera sentimentos de pertença e de Outros estudos também reforçam os benefícios do uso do facebook, como as indicadas por Mattar (2012): A pesquisa de Mazer, Murphy e Simonds, por exemplo, conclui que perfis de professores no Facebook ricos em informações pessoais geraram motivação prévia dos alunos, aprendizado afetivo e maior credibilidade para o professor. Outra pesquisa, de Sturgeon e Walker, concluiu que os alunos têm mais vontade de se comunicar com seus professores se eles já os conhecem no Facebook. Para os autores, haveria evidências suficientes de que as relações entre alunos e professores construídas no Facebook podem gerar um canal de comunicação mais aberto, resultando em ambientes de aprendizagem mais ricos e maior envolvimento dos alunos. Disponível em < http://joaomattar.com/blog/2012/01/17/facebook-em-educacao/>. http://www.gtaan.gatech.edu/meetings/handouts/MazerFacebook.pdf http://www.cmsturgeon.com/itconf/facebook-report.pdf aprendizagem social. x Permite abordagens inovadoras da aprendizagem. Possibilita a construção do conhecimento e o desenvolvimento de competências associadas à leitura e escrita, apoia a aprendizagem ao longo da vida e atualização profissional mediante a colaboração dos pares. x Permite a apresentação de conteúdos por meio de materiais “reais”. A informação que se transmite pode vir a ser dos próprios integrantes da rede social. Com vídeos, produtos multimídia, ligações a documentos e artigos de blogs, etc. Na prática, o facebook permite a ampliação do tempo pedagógico e fomenta aprofundamentos em função do conteúdo trabalhado em sala de aula que, por vezes, em função do tempo previsto para cada tema, esgota-se para uma abordagem presencial, sendo a rede a oportunidade de se conhecer mais e, porque não, melhor. Disponível em < disponí vel em Instituto Paramitas: http://institutoparamitas.org.br/web/noticias.php?id=3889>. Twitter - Destinado a uma comunicação rápida de no máximo 140 caracteres por postagem, a ferramenta trabalha com seguidores interessados na temática que cada usuário define para si, bastando abrir uma conta no serviço. De uso fácil e prático, o Twitter passa também a registrar uso em sala de aula, permitindo a professores de diversas áreas o desenvolvimento de atividades dinâmicas e provocativas. A seguir um pequeno relato de experiências do uso do Twitter no desenvolvimento de vários conteúdos, desenvolvidas por educadores diversos. No quadro a seguir apresentamos algumas sugestões de atividades que podem ser feitas com essa ferramenta. Portanto, partindo da popularização das redes sociais, aliado à simplicidade de seu uso e à criatividade de professores e alunos, entendemos que estes recursos estão para além de um material a mais em sala de aula, pois trata-se do rompimento da barreira física da escola e da limitação do tempo imposto por um currículo uniforme. O que se tem aqui é alteração de tempo e espaço implicando em mudanças de paradigmas educacionais, mobilizando energia e tecnologia para um fazer docente mais próximo do aluno digital. Google Docs - o google docs é mais um a ferramenta disponibilizada pelo Google. Ele permite a criação, abertura, edição e compartilhamento de - Interesse pela leitura - A historiadora especializada em Grécia Antiga Debra Hamel coloca, duas vezes ao dia, a primeira frase de um livro para despertar a curiosidade dos leitores para a obra. O post leva sempre um link para o leitor saber mais ou comprar o livro. Criado em 2007, a página conta com mais de 2 mil primeiras frases de livros – mas todos em línguainglesa. - Concurso de contos - Escrever algo coeso em um espaço de apenas 140 caracteres é um grande desafio. A Academia Brasileira de Letras lançou um concurso de microcontos e os melhores ganharão prêmios. - Geografia no twitter - O professor Tom Barrett inventou um jogo interessante e contou com a colaboração de seus contatos no twitter para colocar seus alunos da 5ª série para pensar. Ele pediu à sua rede de contatos dicas sobre suas localizações por meio do microblog e colocou seus alunos para procurar estes pontos de referência no Google Earth. - Explicando Matemática - Uma professora do ensino básico dos EUA teve uma ideia simples de usar o Twitter para explicar o conceito de probabilidade. Ele pediu para sua rede de amigos que respondesse qual era a probabilidade de cair neve em suas cidades. As crianças perceberam que a probabilidade variava de cidade para cidade, aprendendo o conceito das variáveis. Disponível em: < https://canaldoensino.com.br/blog/dicas-para-usar-o-twitter-na-sala-de-aula>. http://www.twitterlit.com/ documentos com extensão DOC, XLS, ODT, ODS, RTF, CSV e PPT, arquivando os documentos nos formatos DOC, XLS, CSV, ODS, ODT, PDF, RTF e HTML. Para sua utilização não se faz necessária a instalação de programa específico e seus arquivos ficam salvos nas nuvens, sem ocupar espaço na sua máquina e possibilitando a abertura em qualquer local e dispositivo que disponha de conexão. Portanto, As principais potencialidades desta ferramenta estão no armazenamento edição online de arquivos; na colaboração em tempo real com outras pessoas; no acesso através do browser, em várias plataformas; gratuidade; não requer a instalação de software; interface simples e ser acessível através da web. (Machado, 2009, s/p) Neste sentido, a ferramenta, seguindo os princípios apontados por Ullrich et al (2008) permite o desenvolvimento da criatividade individual, a ampliação do poder de participação, o acesso independente aos dados e o beta perpétua, sendo este último princípio caracterizado pelos constantes melhoramentos implementados na ferramenta por meio do trabalho colaborativo entre programadores. Como ferramenta educacional, o Google Docs surpreende não só pelo aspecto interativo e colaborativo, mas também pela facilidade e versatilidade, permitindo ao professor o planejamento, aplicação e avaliação de atividades individuais ou grupais nas quais os resultados são automaticamente gravados, possibilitando o registro de todas as etapas para posteriores retomadas, sem que isto implique em grandes volumes de papéis na escola ou em sua residência. A seguir, mostraremos exemplos de ações que podem ser desenvolvidas com o uso do Google Docs (Machado, 2009, s/p): Promover a colaboração e criatividade por grupo com os alunos, gravar projetos em conjunto de um grupo único; Acompanhar as notas, frequência, ou quaisquer outros dados, com acesso fácil e sempre disponível; Facilitar a escrita como um processo, incentivando os alunos a escrever em um documento compartilhado com o professor; Verificar sobre os trabalhos a qualquer momento, fornecer informações e ajudar a utilizar os comentários, recurso, e acompanhar melhor cada aluno; Criar testes e ensaios com planilhas, as respostas chegarão ordenadas em uma planilha; Incentivar a colaboração, possibilitando os alunos a trabalharem em conjunto em uma apresentação compartilhada e, em seguida, apresentá-la à classe; Compartilhar um documento com os outros professores; Manter, atualizar e compartilhar planos de aula ao longo do tempo em um único documento; Organizar dados cumulativos de um projeto em uma única planilha, acessível a qualquer colaborador, a qualquer momento. Portanto, a aprendizagem, cujo cenário desenhado está para uma escola onde os atos de ensinar e aprender coadunam com criatividade, colaboração e interatividade, sendo professores e alunos sujeitos de um mesmo processo: aprender. Desta forma, não se pode pensar em tecnologias educativas sem antes pensar em concepções de ensino e aprendizagem, pois não se trata de dispor de tecnologias, mas de compreender seu real potencial dentro de uma educação comprometida com a qualidade e o prazer que se pode ter ao realizar uma atividade escolar. REFERÊNCIAS ADAMI, A. Navegando e aprendendo. Disponível em:< http://www.infoescola.com/sociedade/redes-sociais-2/> Acesso em 19 de 02 de 2018. BORGES, Patrícia Ferreira Bianchini. Novas Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação Aplicadas ao Ensino Médio e Técnico de uma Escola da Rede Pública Federal de Uberaba. 2015. 158 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Minas Gerais. 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