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Jéssica N. Monte Turma 106 Farmacologia I 
FARMACOCINÉTICA 
 
 A absorção, a distribuição, o metabolismo, a excreção e a ação de um fármaco dependem do 
seu transporte através das membranas celulares. 
 As características de um fármaco que preveem seu transporte e sua disponibilidade nos locais 
de ação são o peso molecular e conformação estrutural, o grau de ionização e a lipossolubilidade 
relativa dos seus compostos ionizados e não ionizados. 
 A membrana plasmática é a barreira comum à distribuição dos fármacos. 
 As membranas celulares são relativamente permeáveis à água. 
 O fluxo volumoso de água pode levar consigo somente as moléculas pequenas dos fármacos. 
 A transferência de volumes grandes é limitada pela massa molecular, por isso a maioria dos 
fármacos lipofílicos grandes precisa atravessas a membrana sem a ajuda da água. 
 O transporte passivo pela membrana ocorre por meio da difusão, seguindo um gradiente de 
concentração, que ocorre devido a sua solubilidade na bicamada lipídica. 
Substâncias que ultrapassam a barreira hemato-cefálica são apolares ou muito pouco polares. 
 Quando o equilíbrio é atingido, a concentração do fármaco livre é igual nos dois lados da 
membrana, desde que ele não seja um eletrólito. 
 Para os compostos iônicos, as concentrações no equilíbrio dependem do gradiente 
eletroquímico do íon e das diferenças de pH através da membrana, os quais são eficazes na 
retenção do fármaco em um dos lados. 
 A distribuição pela membrana de um eletrólito é influenciada pelo seu pKa e pelo gradiente de 
pH através da membrana. 
O pKa é o pH no qual metade do fármaco está em sua forma ionizada. 
A relação entre as formas ionizada e não-ionizada de do fármaco é: 
 
𝑝𝐾𝑎 − 𝑝𝐻 = log 
[𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑡𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎]
[𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑛ã𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑡𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎]
 
 
Retenção iônica: é o processo em que, no estado de equilíbrio, um fármaco ácido se acumula 
no lado mais alcalino da membrana, enquanto um fármaco alcalino se concentra em seu lado mais 
ácido. 
 
ABSORÇÃO: 
 
A absorção é a passagem do fármaco do seu local de administração até a corrente sanguínea. 
A absorção depende da biodisponibilidade, das propriedades físico-químicas do fármaco, do 
pH do meio e da área de absorção. 
 
 BIODISPONIBILIDADE: é a porcentagem do fármaco que chega ao seu local de ação ou à 
corrente sanguínea. 
É a “fração da droga que atinge a circulação sistêmica após a administração por qualquer via”. 
Dizer que um fármaco possui uma alta biodisponibilidade significa dizer que grande parte dele 
atinge a circulação sanguínea. 
A biodisponibilidade dos fármacos varia de acordo com a via de administração. 
 
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO: 
 
VIA DE ADMINISTRAÇÃO ORAL: 
É a via mais segura, conveniente e econômica, ainda que seja necessário contar com a 
colaboração do paciente. 
Apresenta absorção limitada de alguns fármacos devido as suas características. 
Outra desvantagem é a possibilidade de os fármacos presentes no trato gastrintestinal serem 
metabolizados por enzimas intestinas ou do fígado antes que possam atingir a circulação sistêmica. 
Jéssica N. Monte Turma 106 Farmacologia I 
Efeito de primeira passagem: é a redução significativa da biodisponibilidade de um fármaco 
devido à capacidade metabólica e excretora do fígado e do intestino para o mesmo. Isso acontece 
porque uma fração da dose administrada e absorvida do fármaco é inativada ou desviada no intestino 
e no fígado entes que chegue à circulação sistêmica e que seja distribuída para os locais de ação. 
A absorção pelo trato gastrintestinal é determinada por fatores como a área de absorção, o 
fluxo sanguíneo na superfície absortiva, o estado físico e a hidrossolubilidade do fármaco, além de 
sua concentração no local de absorção. 
A absorção é facilitada quando o fármaco está na forma não ionizada mais lipofílica. 
Apesar disso, a taxa de absorção de um fármaco pelo intestino é maior do que a do estômago, 
mesmo que o fármaco esteja predominantemente na forma ionizada no intestino e não ionizada no 
estômago, devido a maior superfície de absorção do intestino em relação ao estômago. 
Com isso, fatores que aceleram o esvaziamento gástrico aumentam a taxa de absorção do 
fármaco, enquanto fatores que retardam o esvaziamento causam efeitos contrários. 
Um fármaco ácido é MELHOR absorvido no estômago devido ao pH, mas é MAIS absorvido no 
intestino devido a maior superfície de absorção. 
Fármacos que são destruídos pelas secreções gástricas ou pelo pH baixo do estômago 
costumam ser administrados em preparações com revestimento entérico, impedindo a sua dissolução 
no estômago, e garantindo a sua absorção no intestino. 
 
Fármacos de liberação controlada/ampliada/continuada: 
Suas vantagens são a redução da frequência de administração do fármaco, maior adesão do 
paciente, redução da incidência e da intensidade dos efeitos adversos (devido à eliminação do pico 
de concentração do fármaco), além da redução dos níveis sanguíneos não terapêuticos do fármaco 
(devido à atenuação dos desníveis de concentração). 
A liberação controlada é mais conveniente para fármacos com meias-vidas curtas, ou seja, 
inferiores a quatro horas. 
 
VIA DE ADMINISTRAÇÃO INTRAVENOSA: 
Os fatores limitantes da absorção são eliminados na injeção intravenosa dos fármacos em 
solução aquosa, pois a biodisponibilidade é total e rápida. 
A liberação do fármaco é controla e assegurada com precisão e rapidez. 
Fármacos dissolvidos em veículos oleosos, compostos que se precipitam no sangue ou 
hemolisam eritrócitos, além de combinações de fármacos que formam precipitados não devem ser 
administrados por via intravenosa. 
A administração do fármaco pode ter uma injeção rápida, em “bolus”, ou uma injeção mais lenta. 
Permite a administração de volumes grandes. 
É uma via utilizada para substâncias de alto peso molecular ou peptídicas. 
Possui um maior risco de efeitos adversos. 
 
VIA DE ADMINISTRAÇÃO SUBCUTÂNEA: 
Em geral, a taxa de absorção de uma injeção subcutânea é suficientemente constante e lenta 
para produzir efeitos prolongados. 
Apresenta uma absorção imediata para soluções aquosas. 
Pode ser utilizada para suspensões insolúveis, podendo causar celulite, uma inflamação 
subcutânea. 
Não permite a aplicação de volumes grandes. 
Pode provocar dor ou necrose. 
 
VIA DE ADMINISTRAÇÃO INTRAMUSCULAR: 
Os fármacos em solução aquosa são absorvidos muito rapidamente com injeções 
intramusculares, dependendo do fluxo sanguíneo no local da injeção. 
A absorção pode ser modulada pelo aquecimento local, pela massagem ou pelo exercício. 
A absorção lenta e contínua depois de uma injeção intramuscular ocorre quando o fármaco é 
injetado em solução aquosa ou está suspenso em outros veículos, causando depósito. 
Jéssica N. Monte Turma 106 Farmacologia I 
É a via apropriada para autoadministração de injeções. 
Não é aconselhada para pacientes em terapia com anticoagulantes, devido a maior chance de 
causar hematomas. 
Injeções intramusculares podem interferir na interpretação de alguns testes diagnósticos, como 
o teste da creatina-quinase. 
 
OUTRAS FORMAS DE ADMINISTRAÇÃO: 
ADMINISTRAÇÃO SUBLINGUAL: protege o fármaco do metabolismo rápido causado pela 
primeira passagem pelos intestinos e pelo fígado. 
ADMINISTRAÇÃO RETAL: cerca de 50% do fármaco que é absorvido pelo reto não passa 
pelo fígado. 
ABSORÇÃO PULMONAR: o acesso à circulação é rápido, devido à grande área pulmonar. A 
absorção é quase instantânea do fármaco pela corrente sanguínea e evita-se a perda pela primeira 
passagem hepática. 
 
DISTRIBUIÇÃO: 
 
O fármaco se distribui para os líquidos intersticiais e intracelulares dependendo das suas 
propriedades físico-químicas específicas. 
Débito cardíaco, fluxo sanguíneo regional, permeabilidade capilar e volume tecidual 
determinam a taxa de liberação e a quantidade potencial do fármaco distribuído aos tecidos. 
Inicialmente o fígado, os rins, o cérebro e outros órgãos bem irrigados recebem a maior parte 
do fármaco. A liberaçãoaos músculos, à maioria das vísceras, à pele e aos tecidos adiposos é mais 
lenta. 
A distribuição tecidual é determinada pelo fracionamento do fármaco entre o sangue e os 
tecidos periféricos. 
Proteínas plasmáticas: a albumina é o principal carreador de fármacos ácidos, enquanto a 
glicoproteína α1 liga-se aos fármacos básicos. 
Alguns fármacos podem ligar-se às proteínas que atuam como proteínas carreadoras de 
hormônios específicos. 
A fração de todo o fármaco presente no plasma ligado às proteínas é determinada pela 
concentração do fármaco, pela afinidade e pelo número dos locais de ligação do fármaco. 
A ligação de um fármaco às proteínas plasmáticas limita sua concentração nos tecidos e em 
seu local de ação. 
Depois que se atingir o equilíbrio de distribuição, a concentração do fármaco ativo (livre) no 
líquido intracelular é igual à concentração plasmática, exceto quando houver transporte mediado por 
carreadores. 
Ligação tecidual: a ligação tecidual dos fármacos ocorre com os componentes celulares como 
proteínas, fosfolipídios ou proteínas nucleares. Uma fração expressiva do fármaco no corpo pode estar 
ligada dessa forma e funciona como reservatório, que prolonga a ação do fármaco nesse mesmo 
tecido ou em locais distantes, depois do transporte pela corrente sanguínea. 
Essa ligação e acumulação também podem causar efeitos tóxicos locais. 
Tecido adiposo como reservatório: o tecido adiposo pode funcionar como reservatório para os 
fármacos lipossolúveis. 
Os antibióticos do grupo tetraciclina e os metais pesados podem se acumular nos ossos por 
adsorção à superfície dos cristais ósseos e por incorporação final a sua estrutura cristalina. 
Redistribuição: a cessação do efeito farmacológico depois da interrupção do uso de um fármaco 
em geral ocorre por metabolismo e excreção, mas também pode ser causada pela redistribuição do 
fármaco do seu local de ação para outros tecidos ou locais. 
A redistribuição é um fator importante para a cessação do efeito farmacológico. 
SNC e líquido cerebrospinal: a penetração do fármaco no cérebro depende do transporte 
transcelular, em vez da transferência paracelular. A lipossolubilidade das formas não ionizada e livre 
de um fármaco é determinante importante da sua captação pelo cérebro. 
Jéssica N. Monte Turma 106 Farmacologia I 
Quanto mais lipofílica for a substância, maior a probabilidade de que atravesse a barreira 
hematoencefálica. 
Transferência placentária dos fármacos: a lipossolubilidade, a extensão da ligação plasmática 
e o grau de ionização dos ácidos e das bases fracas são determinantes gerais importantes da 
transferência dos fármacos pela placenta. 
 
TRANSPORTADORES DE EFLUXO ATIVO: 
Os transportadores SLC atuam na absorção de aminoácidos. 
Os transportadores MDR1 estão presentes nos enterócitos, na barreira hematoencefálica e em 
alguns tumores. 
Nos enterócitos, atuam na retirada das substâncias que entram por difusão nas células, 
colocando-as para dentro da luz intestinal. Isso acontece com toxinas, por exemplo. 
Na barreira hematoencefálica, os transportadores MDR1 estão relacionados à resistência a 
anticonvulsionantes como a fenitoína 
Já nas células tumorais, ejetam os antineoplásicos para fora, tornando-as resistentes ao 
quimioterápico. 
 
VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO: 
O volume de distribuição relaciona a quantidade do fármaco no organismo e a sua concentração 
no sangue ou plasma. 
 
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝐷𝑖𝑠𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜 (𝑉𝑑) =
𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑑𝑟𝑜𝑔𝑎 𝑛𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜
𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑃𝑙𝑎𝑠𝑚á𝑡𝑖𝑐𝑎 (𝐶)
 
 
 Um volume de distribuição baixo significa que a molécula tende a permanecer no sangue, 
chegando de forma mais lenta aos tecidos. 
 Quanto menor o volume de distribuição, menores doses do fármaco são requeridas, pois as 
moléculas se distribuem menos e chegam em maior “quantidade” no sítio de ação. 
 Quanto maior o volume de distribuição, maiores doses do fármaco são requeridas, pois como 
as moléculas se distribuem em todo o corpo, é preciso maior “quantidade” do fármaco para que ele 
chegue em uma “quantidade” suficiente no sítio de ação. 
 Portanto, volume de distribuição e dose do fármaco são diretamente proporcionais. 
 Moléculas hidrofílicas pequenas têm um volume de distribuição maior que moléculas hidrofílicas 
grandes. 
 Substâncias muito lipofílicas têm baixa concentração no sangue e alto volume de distribuição, 
pois se acumulam nos tecidos. 
O volume de distribuição varia de acordo com os graus relativos de ligação aos locais 
receptores de alta afinidade, os níveis de proteínas plasmáticas e teciduais, o coeficiente de 
distribuição do fármaco no tecido adiposo e a sua acumulação nos tecidos pouco irrigados. 
O volume de distribuição de um fármaco pode variar com a idade, o sexo, a composição 
corporal do paciente e com a existência de doenças. 
 
METABOLIZAÇÃO: 
 
 O objetivo da metabolização é tornar as moléculas mais hidrofílicas e aumentar seus pesos 
moleculares, a fim de que sejam menos reabsorvidas no trato gastrintestinal e nos néfrons, e, portanto, 
mais passíveis de serem eliminadas via bile ou urina. 
 Além disso, a metabolização pode inativar ou ativar o composto do fármaco, o que pode gerar 
metabólitos tóxicos e carcinogênicos. 
 Os sistemas de transportes envolvidos na metabolização, ABCs e SLCs, permitem a eliminação 
de xenobióticos, que consistem em qualquer molécula estranha ao organismo. 
 Esses sistemas estão presentes principalmente nas células epiteliais do trato gastrintestinal, 
fazendo o efluxo de substâncias em direção a luz do órgão, e nos hepatócitos, fazendo o influxo de 
substâncias em direção às células. 
Jéssica N. Monte Turma 106 Farmacologia I 
 
 METABOLISMO DE PRIMEIRA PASSAGEM: 
É a capacidade do fígado de fazer a remoção e a metabolização do fármaco. O que atinge a 
grande circulação será a parcela de fármaco que conseguiu “escapar” da circulação porta. 
 A biodisponibilidade de um fármaco também depende do metabolismo de primeira passagem. 
 Drogas administradas por via retal são menos suscetíveis ao metabolismo de primeira 
passagem, pois 50% delas são desviadas do sistema porta. 
 Vias parenterais, como a endovenosa, a subcutânea e a intramuscular não passam pelo 
metabolismo de primeira passagem. 
 
 A metabolização é dividida em duas fases: 
Fase I – Funcionalização: acontecem reação de oxirredução ou hidrólise com a finalidade de 
tornar as moléculas mais polares. 
Fase II – Conjugação: ocorre a solubilização das moléculas com consequente aumento do seu 
peso molecular. Algumas enzimas importantes nessa fase são a álcool desidrogenase e a aldeído 
desidrogenase. 
Essas duas fases ocorrem principalmente no fígado, mas algumas drogas são metabolizadas 
no plasma, no pulmão ou no intestino. 
 
O metabolismo das drogas ocorre predominantemente no fígado, sobretudo pelo sistema 
citocromo P450. 
O sistema hepático do citocromo P450 compreende uma superfamília de enzimas relacionadas 
que diferem uma da outra na sua sequência de aminoácidos, na regulação por inibidores e agentes 
indutores e na especificidade das reações que catalisam. 
Essas enzimas possuem pouca especificidade, baixa eficiência catalítica e meias vida altas. 
As enzimas citocromos trabalham em uma cinética de primeira ordem, ou seja, não são 
saturáveis. Assim, quanto maior a concentração de fármacos (substratos), maior a degradação pelas 
enzimas (metabolização). 
A saturação enzimática acontece quando não há mais enzimas disponíveis, apesar do aumento 
na concentração de substratos, e com isso a velocidade de degradação se torna constante. 
Já foram descritas 74 famílias de enzimas citocromos, das quais as três principais (CYP1, CYP2 
e CYP3) estão envolvidas no metabolismo das drogas no fígado humano. 
A enzima CYP3A4 (citocromo família 3, subfamília A, gene número 4) é a mais abundante. Ela 
metaboliza cerca de 35% de todos os fármacos utilizados na clínica. 
Outras enzimas citocromos importantes são CYP1A1, CYP1A2, CYP1B1,CYP2A6, CYP2B6, 
CYP2C8, CYP2C9, CYP2C19, CYP2D6, CYP2E1, CYP3A4 e CYP3A5. 
Algumas drogas são capazes de inibir essas enzimas CYP, independentemente de serem seus 
substratos. 
Os inibidores da recaptação de serotonina (ISRS) e o cetoconazol são potentes inibidores do 
CYP3A4. 
Por outro lado, alguns fármacos são indutores de CYP, podendo induzir não só o seu próprio 
metabolismo, mas também o metabolismo de outras drogas coadministradas. 
Nessa indução, o receptor PXR se liga à molécula do fármaco e depois se liga ao complexo 
RXR, ao qual se liga ao DNA promovendo a transcrição da enzima metabolizadora do fármaco. 
 
 PRÓ-FÁRMACOS: 
Os pró-fármacos são compostos farmacologicamente inativos desenvolvidos para ampliar a 
quantidade de moléculas ativas que alcançam seu local de ação. 
 A dipirona é um pró-fármaco, a qual precisa ser metabolizada para atingir o seu efeito 
analgésico. 
 Já a codeína é um gerador de morfina ao passar pela metabolização. 
 A metabolização do metanol gera o formaldeído, que é tóxico para o organismo. 
 
 
Jéssica N. Monte Turma 106 Farmacologia I 
 
ELIMINAÇÃO: 
 
 A eliminação é um processo natural e coordenado de vias metabólicas e sistemas de transporte 
que são induzíveis. 
 A eliminação dos fármacos ocorre através de dois processos: metabolismo e excreção. 
 O metabolismo é a conversão de uma entidade química em outra, enquanto a excreção é a 
perda da droga quimicamente inalterada. 
 A maior parte das drogas é eliminada do corpo através da urina, na forma inalterada ou como 
metabólitos polares. Algumas são secretadas na bile através do fígado, porém a maioria é reabsorvida 
a partir do intestino. 
 Existem casos em que a perda fecal é responsável pela eliminação de uma fração significativa 
da droga inalterada em indivíduos sadios, ou em pacientes com insuficiência renal em que ocorre a 
eliminação fecal de drogas que são normalmente excretadas pela urina. 
 A excreção de fármacos pelos pulmões só ocorre com agentes voláteis ou gasosos. 
 As drogas também são excretadas em secreção como o leite e o suor. 
 As substâncias lipofílicas não são eliminadas suficientemente pelo rim. Por isso, as drogas 
lipofílicas são metabolizadas, em sua maioria, em produtos mais polares que são excretados na urina. 
 
 MEIA-VIDA: 
A meia-vida é o tempo necessário para que a concentração do fármaco no organismo seja 
reduzida à metade. 
A fim de que um fármaco seja acumulado no organismo é necessária a administração de novas 
doses antes do tempo de 4 ou 5 meias-vidas. 
A meia-vida e a depuração são determinantes no regime de administração do fármaco, ou seja, 
de quanto em quanto tempo uma nova dose deve ser administrada. 
 
DEPURAÇÃO: 
A depuração equivale à taxa de eliminação de um fármaco por todas as vias. 
Se a concentração desejada do fármaco em equilíbrio no plasma ou no sangue por conhecida, 
a taxa de depuração da substância determinará a frequência com que o fármaco deverá ser 
administrado. 
Esse conhecimento é importante devido a finalidade de manter as concentrações de um 
fármaco em equilíbrio dentro da janela terapêutica associada à eficácia e ao mínimo de efeitos tóxicos 
de uma substância. 
As enzimas metabólicas e os transportadores geralmente não são saturáveis, ou seja, possuem 
uma cinética de primeira ordem. 
A taxa de depuração para sistemas insaturáveis, de cinética de primeira ordem é: 
 
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑝𝑢𝑟𝑎çã𝑜 (𝐶𝑙) =
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝐸𝑙𝑖𝑚𝑖𝑛𝑎çã𝑜
𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑃𝑙𝑎𝑠𝑚á𝑡𝑖𝑐𝑎 (𝐶)
 
 
 Por outro lado, alguns fármacos possuem cinética de depuração de ordem zero, ou seja, suas 
enzimas de metabolização são saturáveis. 
Nesse caso, a meia-vida dos fármacos é variável com a dose. 
A taxa de depuração para sistemas saturáveis, de cinética de ordem zero é: 
 
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝐷𝑒𝑝𝑢𝑟𝑎çã𝑜 (𝐶𝑙) =
𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑎 𝑒𝑛𝑧𝑖𝑚𝑎 (𝑉𝑚)
𝐾𝑚 𝑑𝑎 𝑒𝑛𝑧𝑖𝑚𝑎 + 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑃𝑙𝑎𝑠𝑚á𝑡𝑖𝑐𝑎 (𝐶)
 
 
 A taxa de depuração total de um fármaco é equivalente a 4 ou 5 meias-vidas. 
Dessa forma, quanto os intervalos de administração dos fármacos for menor do que 4 ou 5 
meias-vidas, há acúmulo da substância. Já quando for maior, todo o fármaco é metabolizado antes da 
administração da próxima dose. 
Jéssica N. Monte Turma 106 Farmacologia I 
 Como as enzimas de metabolização dos fármacos não são saturáveis, quanto maior a 
concentração, maior a atividade enzimática. É devido a isso que o platô ocorre sempre entre 4 e 5 
meais-vidas. 
 O tempo que um medicamento demora para fazer efeito é o tempo necessário para atingir a 
concentração plasmática terapêutica mínima. 
 A intensidade do efeito de um fármaco está relacionada com sua concentração acima da 
concentração eficaz mínima. Já a duração do efeito do fármaco reflete o tempo durante o qual o seu 
nível permanece acima desse valor. 
 
FAIXA OU JANELA TERAPÊUTICA: 
Reflete a variação das concentrações capazes de assegurar a eficácia do produto, sem os 
efeitos tóxicos inaceitáveis. 
 Em geral, o limite inferior da janela terapêutica corresponde à concentração do fármaco que 
produz cerca de metade do maior efeito terapêutico possível, enquanto o limite superior não é mais 
do que duas vezes maior do que o limite inferior. 
 A manutenção das concentrações dentro da janela terapêutica evita grande oscilações ente os 
níveis máximo e mínimo, podendo melhorar o resultado do tratamento. 
 
Há um período de defasagem 
antes que a concentração do 
fármaco (Cp) ultrapasse a 
concentração eficaz mínima (CEM) 
para atingir o efeito desejado. 
Depois do início da resposta, a 
intensidade do efeito aumenta à 
medida que o fármaco continua a 
ser absorvido e distribuído. 
Esse efeito alcança um pico e, 
em seguida, a eliminação do 
fármaco provoca um declínio na 
Cp e na intensidade do efeito. 
O efeito desaparece quando a 
concentração do fármaco cai para 
um nível abaixo da CEM. 
Consequentemente, a duração 
da ação de um fármaco é 
determinada pelo período durante o 
qual as concentrações ficam acima 
da CEM. 
Existe uma CEM para cada reação adversa e, se a concentração do fármaco ultrapassar este 
patamar, o paciente apresentará efeitos tóxicos. 
O objetivo do tratamento é atingir e manter concentrações dentro da janela terapêutica para a 
resposta desejada, com um mínimo de efeitos tóxicos. 
Abaixo da CEM para o efeito desejado, a resposta será subterapêutica; acima da CEM para 
uma reação adversa aumenta a probabilidade de ocorrerem efeitos tóxicos. 
O aumento da dose de um fármaco também pode prolongar a duração da sua ação, embora 
com o risco de aumentar a probabilidade de efeitos adversos. O ideal é administrar outra dose do 
fármaco, no tempo programado para manter as concentrações dentro da janela terapêutica. 
 
 
 
 
 
 
Jéssica N. Monte Turma 106 Farmacologia I 
DOSE DE MANUTENÇÃO: 
 Para manter a concentração de equilíbrio escolhida, a frequência de administração é ajustada 
de modo que a taxa de fornecimento seja igual à taxa de eliminação. 
Ao se estabelecer a concentração plasmática desejada e se conhecer e depuração e a 
biodisponibilidade do paciente, pode-se calcular a dose e os intervalos apropriados entre elas. 
 
𝐹𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝐴𝑑𝑚𝑖𝑛𝑖𝑠𝑡𝑟𝑎çã𝑜 = 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑃𝑙𝑎𝑠𝑚á𝑡𝑖𝑐𝑎 𝐴𝑙𝑣𝑜 (𝐶𝑝) ×
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝐷𝑒𝑝𝑢𝑟𝑎çã𝑜 (𝐶𝑙)
𝐵𝑖𝑜𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
 
 
Caso se saiba o intervalo e queira se determinar as doses: 
 
𝐷𝑜𝑠𝑒 𝑑𝑒 𝑀𝑎𝑛𝑢𝑡𝑒𝑛çã𝑜 = 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝐷𝑜𝑠𝑒 (𝐶𝑝 × 𝐶𝑙) × 𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑜𝑠𝑒𝑠 
 
 DOSE DE ATAQUE: 
É uma dose utilizada para que o fármaco atinja mais rapidamente a concentração eficaz 
mínima. 
 Ela depende do volume de distribuição do fármaco e da concentração terapêutica alvo. 
 Essa dose pode ser maior do que as outras com o objetivo de o fármaco entrar logo na janela 
terapêutica e o medicamento começar a fazer efeito mais rapidamente. 
 
𝐷𝑜𝑠𝑒 𝑑𝑒 𝐴𝑡𝑎𝑞𝑢𝑒 = 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜𝑇𝑒𝑟𝑎𝑝ê𝑢𝑡𝑖𝑐𝑎 × 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝐷𝑖𝑠𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜 
 
 DOSES DIVIDIDAS: 
Sua utilização reduz os efeitos tóxicos dos fármacos e aumenta a sua eficácia, pois a taxa de 
variação da concentração plasmática do fármaco será menor, e irá permanecer dentro da janela 
terapêutica. 
 
 AJUSTE DE DOSE INDIVIDUAL: 
 Alguns pacientes necessitam do ajuste da sua dose terapêutica devido a alguma perda da 
função renal e consequente menor depuração dos fármacos. 
 A taxa de depuração normal da creatinina, que mede a função renal, é de 100 mL/min. 
 
𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜 𝑑𝑒 𝐷𝑜𝑠𝑒 = 𝐷𝑜𝑠𝑒 𝐶𝑜𝑚𝑢𝑚 × 
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑝𝑢𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑟𝑒𝑎𝑡𝑖𝑛𝑖𝑛𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒
100 𝑚𝐿/𝑚𝑖𝑛

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