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Aquecimento global IPCC Texto para enviar 19_03_2020(1)

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Introdução 
Em quase todas as notícias sobre políticas feitas pelos governos 
para diminuir a emissão de gases de efeito estufa (GEE), 
promotores do aquecimento global, é feita referência a um tal de 
IPCC. Mas o que é, afinal de contas, o IPCC? 
Em 1988, um ano após surgir o conceito de desenvolvimento 
sustentável, era criado o Painel Intergovernamental sobre 
Mudanças Climáticas (IPCC), um órgão internacional vinculado 
à Organização Meteorológica Mundial (WMO) e ao Programa 
Ambiental das Nações Unidas (UNEP), com o objetivo de 
prover informações baseadas em estudos científicos sobre os 
efeitos e possíveis soluções para as mudanças climáticas aos 
líderes mundiais. 
É um calhamaço de dados sobre o que acontece no planeta por 
causa dos efeitos da poluição e suas variáveis. 
Vencedor do prêmio Nobel 
O IPCC foi o vencedor do prêmio Nobel da Paz de 2007, 
ao lado do ex-vice-presidente americano Al Gore, por 
conscientizar a comunidade mundial e líderes de nações 
sobre a importância de se combater imediatamente as 
mudanças climáticas. 
O IPCC é produto da percepção de que a interferência do homem 
na natureza estaria provocando mudanças no clima da Terra, com 
consequências desastrosas. Tal constatação, não muito agradável, 
tornou crítica a tarefa de traduzir o complexo conhecimento 
científico sobre o tema em recomendações de políticas públicas 
aos governos. Essa é a principal razão modeladora do IPCC, um 
gigantesco mecanismo gerador de conhecimento, uma rede de 
aproximadamente 3 mil cientistas de mais de 130 países. 
 
O IPCC se organiza em duas instâncias: 
 
 a instância técnica - dividida em grupos de trabalho e 
força-tarefa 
 a instância política - responsável pelo diálogo com as 
nações. 
 
Veja, no esquema abaixo, como é essa estrutura em detalhes: 
 
Relatórios do IPCC 
Todo o conhecimento produzido pelo IPCC se apresenta na 
forma de relatórios, chamados de Relatórios de Avaliação sobre 
o Meio Ambiente (em inglês, Assessment Reports), ou 
simplesmente AR’s. 
Os AR’s são publicados de cinco em cinco anos, 
sempre divididos em quatro capítulos. O primeiro dos 
relatórios, de 1990, sugeriu que se criasse uma instância de 
negociação política sobre mudanças climáticas, o que culminou 
na criação da Convenção do Quadro das Nações Unidas para 
Mudanças do Clima (ou UNFCC, sigla em inglês). 
O segundo relatório, publicado em 1995, propunha um 
sistema de mitigação da emissão de CO2, principal fonte 
causadora do efeito estufa. Dois anos após, em 1997, seria 
instituído, no âmbito da UNFCC, o Protocolo de Kyoto. 
O terceiro relatório, de 2001, trazia fortes evidências 
que a ação do homem era promotora de mudanças climáticas, e 
projetava cenários alarmantes de aumento de temperatura na 
Terra e suas consequências nos mais diversos biomas. 
O quarto relatório, publicado em 2007, aumentou o 
nível de confiabilidade do que fora evidenciado no relatório 
anterior, se beneficiando de dados disponibilizados por uma 
tecnologia ainda não acessível no ano do AR3. O relatório de 
2007 servirá, também, de base para negociações da UNFCC, que 
ocorrem entre 3 e 10 de dezembro em Bali, Indonésia. 
 
Grupos de trabalho 
O IPCC possui um grupo de coordenadores que define a 
divisão do corpo de cientistas em três grupos. 
O primeiro é responsável pelo publicação do primeiro 
capítulo do AR, que reúne as evidências científicas da relação 
entre a ação do homem e as mudanças climáticas. 
O segundo grupo fica com o segundo capítulo, dedicado 
às consequências das mudanças para o meio ambiente (como a 
acidificação dos mares, savanização de uma parte da Amazônia e 
extinção de espécies, entre outros efeitos) e à saúde humana. 
O terceiro grupo, por sua vez, produz a terceira parte do 
relatório, que indica alternativas de combate às mudanças 
climáticas as adaptações às mesmas. 
Até este ponto, o AR é produzido tão somente por 
cientistas, não passando em nenhum momento pelo crivo político 
de diplomatas dos países membros. 
O quarto e último capítulo do relatório é o mais singular 
e também o mais impactante deles. É chamado de sumário de 
recomendações para os tomadores de decisão (em inglês, 
Summary for Policymakers). Para visualisar este capítulo do 
relatório de 2007, clique aqui. Trata-se de um documento sucinto, 
de linguagem acessível a não-cientistas, e reúne as principais 
conclusões de todo o AR, bem como as sugestões de adoção de 
políticas públicas. 
Este capítulo sim, antes de ser publicado, é revisado 
pelos diplomatas. Significa que, embora lastreado em pesquisa, 
há interferência política em seu conteúdo. Um fato curioso que 
ocorreu na produção do AR4/2007 ilustra bem esta situação. 
Os cientistas afirmavam que a “atividade humana é 
muito possivelmente (“very likely”) responsável pelo 
aquecimento global”. China e Índia questionaram tal frase e 
solicitaram que a palavra “muito” (“very”) fosse suprimida 
da frase. A revisão, no entanto, representaria uma alteração 
significativa no teor da mesma: muito possivelmente (“very 
likely”) indica 90% de probabilidade, enquanto 
possivelmente (“likely”) apenas 66%. A solicitação foi vetada 
pelos cientistas. 
 Sob forte pressão 
Muitas empresas e governos, sobretudo os mais poluentes, 
têm receio de que os relatórios do IPCC interfiram 
significativamente em suas economias. E por isso pressionam 
fortemente o Painel. 
O jornal britânico The Guardian publicou uma reportagem 
afirmando que o American Enterprise Institute, um instituto 
de pesquisa ligado à ExxonMobil (empresa petrolífera norte-
americana), teria oferecido a quantia de US$ 10 mil a 
cientistas americanos e britânicos, para que estes 
contestassem os modelos climáticos adotados pelo IPCC. 
 
Metodologia de trabalho 
Não é fácil canalizar a produção de milhares de cientistas. É por 
isso que o IPCC, além de dividir os relatórios em quatro 
capítulos, publicados gradualmente ao longo do ano, também 
divide seu time em grupos com hierarquia interna e estabelece 
uma metodologia de produção. 
http://ambiente.hsw.uol.com.br/questao746.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/aquecimento-global.htm
http://hsw.com.br/framed.htm?parent=ipcc.htm&url=http://www.ipcc.ch
http://hsw.com.br/framed.htm?parent=ipcc.htm&url=http://www.ipcc.ch
http://hsw.com.br/framed.htm?parent=ipcc.htm&url=http://www.wmo.ch/pages/index_en.html
http://hsw.com.br/framed.htm?parent=ipcc.htm&url=http://www.unep.org/
http://hsw.com.br/framed.htm?parent=ipcc.htm&url=http://www.unep.org/
http://ambiente.hsw.uol.com.br/planeta-terra.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/protocolo-kyoto.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/amazonia.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/extincao-animais.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/%20http:/www.ipcc.ch/ipccreports/assessments-reports.htm
http://hsw.com.br/framed.htm?parent=ipcc.htm&url=http://www.aei.org/
Os cientistas que contribuem para o IPCC são escolhidos de 
acordo com a sua produção científica e nacionalidade. O 
critério “nacionalidade” é adotado para que todos os países-
membros da ONU tenham um mínimo de representatividade. 
Cientistas americanos, contudo, compõem a maioria do Painel. 
Durante quatro anos, divididos em três grupos, os 
cientistas se reúnem em plenárias de discussão para analisar 
produção científica disponível sobre o tema, definindo também 
os assuntos que serão abordados no AR. 
Cada grupo possui dois tipos de integrantes: os 
pesquisadores principais e os revisores. Os primeiros são 
responsáveis pela redação dos capítulos, enquanto os revisores se 
incumbem de checar as produções, verificando se todas as 
questões levantadas nas plenárias foram suficientemente 
respondidas. É um trabalho feito em sigilo pelos cientistas, o que 
confere idoneidade e credibilidade ao Painel. 
O resultado deste processo são milhares de páginas 
redigidas, que, em segundo momento, serão novamente revisadas 
e irão compor a versão final dorelatório divulgado para a 
comunidade mundial. 
Estima-se que 600 cientistas tenham participado da 
elaboração relatório de 2007, e mais de 2000 tenham 
contribuído de alguma maneira. Só os esboços do sumário de 
recomendações, o capítulo orientando a políticos, circulou entre 
800 pesquisadores e 450 cientistas assinaram a versão final. 
 
Introdução sobre como funciona o Protocolo de Kyoto 
O Protocolo de Kyoto é um tratado internacional 
fechado entre os países industrializados e outros integrantes das 
Nações Unidas para redução da emissão de gases causadores do 
efeito estufa e do consequente aquecimento global. 
Redigido em Quioto, no Japão, em 1997, o documento 
cria diretrizes gerais para amenizar o problema ambientais dos 
impactos ecológicos dos modelos de desenvolvimento industrial 
e de consumo vigentes. A principal diretriz é a redução das 
emissões de gás carbônico em 5,2% pelos países 
desenvolvidos até 2012. A redução deve ser medida em relação 
aos níveis de emissões de 1990. 
Como reduzir as emissões? 
Pelo Protocolo de Kyoto, os países desenvolvidos têm que tomar 
algumas medidas para atingir os propósitos de reduções. São 
elas: 
- Aumento da eficiência energética em setores relevantes da 
economia; 
- Proteção e aumento de sumidouros e reservatórios de gases de 
efeito estufa sobre o meio ambiente como as florestas; 
- Promoção de práticas sustentáveis de manejo florestal, 
florestamento e reflorestamento; 
- Promoção de formas sustentáveis de agricultura; 
- Pesquisa, promoção, desenvolvimento e aumento do uso de 
formas novas e renováveis de energia; 
- Promoção e pesquisa de tecnologias de sequestro de dióxido de 
carbono; 
- Promoção e pesquisa de tecnologias ambientalmente seguras, 
que sejam avançadas e inovadoras; 
- Redução gradual ou eliminação de incentivos fiscais, de 
isenções tributárias e tarifárias e de subsídios para todos os 
setores emissores de gases de efeito estufa que sejam contrários 
ao objetivo do protocolo; 
- Convenção e aplicação de instrumentos de mercado que 
reduzam as emissões de gases poluentes; 
- Estímulo a reformas adequadas em setores relevantes, visando 
a promoção de políticas e medidas que limitem ou reduzam 
emissões de gases de efeito estufa; 
- Limitação e/ou redução de emissões de metano por meio de 
sua recuperação e utilização no tratamento de resíduos, bem 
como na produção, no transporte e na distribuição de energia; 
- Cooperação, compartilhamento de informações sobre novas 
tecnologias adotadas. 
Entre os países mais engajados em realmente efetivar essas 
ações, estão os membros da Comunidade Econômica Europeia, 
que, por exemplo, irão multar os carros mais poluentes. Além 
disso, são países europeus, como Holanda, que mais financiam os 
certificados de redução de emissão de carbono. Esses papéis 
financiam os chamados Mecanismos de Desenvolvimento Limpo 
(MDL), que são projetos em todo mundo que reduzem as 
emissões de gases ou captam o carbono emitido por processos 
industriais. Os MDLs são a base do comércio de carbono 
obrigatório. E é nesse filão que entra a maior participação dos 
países em desenvolvimento. Brasil, China e Índia, por exemplo, 
têm vários projetos que já emitiram certificados de carbono para 
serem comercializados. 
 
As críticas ao modelo 
Apesar do apoio de ecologistas e da maioria dos 
cientistas, o Protocolo de Kyoto recebe várias críticas. A 
principal delas é que as medidas podem causar recessão nos 
países desenvolvidos e com economias estáveis. O argumento foi 
usado pela Austrália, grande produtora de carvão mineral, e ainda 
é pelos Estados Unidos para não ratificarem o tratado. 
Além disso, alguns cientistas afirmam que as metas não 
terão efeitos em longo prazo. Outro argumento usado 
anteriormente era que os efeitos do aquecimento global não 
seriam tão danosos. O argumento perdeu ainda mais a força, 
depois do último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental 
de Mudanças Climáticas), que, em 2007, ampliou as previsões 
negativas em relação ao clima na Terra. 
Economistas voltados para questões sociais dizem ainda 
que os mecanismos financeiros adotados podem contribuir para 
uma industrialização massiva dos países em desenvolvimento, 
que não são obrigados a reduzir suas emissões (a China é o 
exemplo mais citado), e consequentemente haverá um aumento 
das emissões de gases poluentes. 
É interessante lembrar que um levantamento da Agência 
de Mudanças Climáticas das Nações Unidas afirma que a 
emissão dos gases do efeito estufa aumentou 2,4% de 2000 para 
2004 nos países industrializados. Se forem considerados apenas 
os 35 países que têm metas de redução de emissões definidas no 
Protocolo de Kyoto, o aumento foi de 2,9%. É claro, que esses 
números foram levantados antes do tratado entrar em vigor, mas 
mostram a dinâmica da lógica do desenvolvimento adotado pelos 
países que é de difícil reversão. Veja alguns dados levantados no 
estudo. A porcentagem se refere a variação entre as emissões de 
1990 e 2004 e os valores são o total emitido em 2004: 
Os resultados ruins 
 Estados Unidos: + 15,8% (7 bilhões de toneladas) 
 Japão: + 6,5% (1,4 bilhões de toneladas) 
 Canadá: + 26.6% (758 milhões de toneladas) 
 Itália: + 12,1% (582 milhões de toneladas) 
 Austrália: + 25,1% (529 milhões de toneladas) 
 Espanha: + 49% (428 milhões de toneladas) 
Os bons resultados 
 Rússia: - 32% (2 bilhões de toneladas) 
 Alemanha: - 17,2% (1 bilhão de toneladas) 
 Grã-Bretanha: - 14,3% (665 milhões de toneladas) 
 França: - 0,8% (560 milhões de toneladas) 
Participação brasileira 
Pelo menos 12 pesquisadores brasileiros contribuíram com os 
trabalhos do IPCC em 2007. Dentre eles estão Carlos Nobre, 
pesquisador Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE), 
Thelma Krug, secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do 
Meio Ambiente, e Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de 
Pesquisa Energética (EPE). 
 
http://ambiente.hsw.uol.com.br/nacoes-unidas.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/questao746.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/aquecimento-global.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/manejo-florestal-de-madeira.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/desenvolvimento-sustentavel.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/comercio-de-carbono.htm
http://ambiente.hsw.uol.com.br/framed.htm?parent=protocolo-kyoto.htm&url=http://www.ipcc.ch/
http://ambiente.hsw.uol.com.br/framed.htm?parent=protocolo-kyoto.htm&url=http://www.ipcc.ch/

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