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O PENSAMENTO ECONÔMICO - DAVID RICARDO (1772-1823) Dados biográficos: ● Nasceu em Londres. ● Estudou na Holanda. ● Deslocou o centro da gravidade da análise econômica da produção para a distribuição. ● Dedicou-se ao estudo sistemático de Economia Política. ● Estudou os preços buscando descobrir a base das relações de troca das mercadorias. ● Analisou a renda da terra e o desenvolvimento dos custos comparativos, como justificativa do comércio internacional. Ideias importantes: 1) Teoria do Valor O valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho nela incorporada, ou seja, pelo seu custo em trabalho (elemento objetivo). O custo é calculado pelo trabalho mediato e pelo trabalho imediato. Custo imediato → custo do trabalho do trabalhador. Custo mediato → custo do trabalho incorporado à máquina. Trabalho humano ↓ Custos de produção ↓ Valor ↓ Preço “Todo custo pode, em última análise, ser decomposto em sua expressão mais simples que é o trabalho humano” (ARAÚJO, 2014, p. 35) Ricardo percebeu que sua lei tinha exceções: O preço de certos objetos raros como, por exemplo, obras de arte e vinhos finos não era determinado pelo seu custo em trabalho. Segundo Ricardo, o custo em trabalho só explica o valor quando se trata de bens que “a indústria humana pode reproduzir de maneira praticamente ilimitada”. (ARAÚJO, 2014, p. 36) Tanto para Ricardo como para Smith, toda mercadoria tinha dois preços: ► o preço natural, equivalente ao valor; ► o preço de mercado que oscilava em torno do valor, conforme a oferta e a procura. 2. Teoria da repartição Problema central da Economia Política: Explicar as leis que regulam a repartição do produto nacional entre as diversas classes sociais. A composição de classes foi considerada por Ricardo como um fator condicionante do crescimento econômico. Ricardo busca elucidar o crescimento explicando a repartição do produto entre as várias classes. No esquema ricardiano há três classes sociais: latifundiária, capitalista e operária. Latifundiários → proprietários de terras (não a cultivam). Capitalistas → produtores (alugam as terras dos latifundiários). Operários → cultivam a terra. O retângulo indica uma porção de terra capaz de produzir uma tonelada de trigo com certa quantidade fixa de trabalho e capital. Renda A renda é a diferença dos custos de produção nos dois tipos de terra. É o saldo que vai para as mãos dos proprietários de terras mais férteis. A B Ricardo não considera o preço da terra como custo de produção. Afirma que: “o trigo não é caro porque se paga renda, antes paga-se renda porque o trigo é caro ...”. (ARAÚJO, 2014, p. 39) Questão para análise: Dado o conflito de interesses entre as classes, Ricardo toma partido em favor dos capitalistas. Por quê? Porque, em sua teoria, o motor do crescimento econômico é o lucro (excedente disponível para investimento) que tendia a diminuir se o cultivo de terras cada vez menos férteis se ampliasse. 3. Teoria da evolução econômica ► Salários, lucros e investimentos Componentes do preço mínimo → salários e lucro natural. Lucro natural → remuneração mínima sem a qual o empresário não iniciará o negócio. O lucro é um resíduo. Determinado o salário, o que sobra é o lucro. O salário divide-se em: Salário natural → é aquele que proporciona o mínimo para os operários sobreviverem. Salário de mercado → é o salário determinado pela oferta e procura de trabalhadores. Argumento ricardiano: A expansão do cultivo em direção a terras de qualidade inferior requer a aplicação de mais trabalho para obter o mesmo produto. ↓ Queda dos lucros Ricardo aceita a teoria da população de Malthus ► A população aumenta quando os salários aumentam e diminui quando os salários diminuem ↓ O salário de mercado estará sempre próximo do salário natural (mínimo de subsistência). Por que isto? Se os salários sobem → população aumenta → abundância de trabalhadores → queda dos salários de mercado Salários muito baixos → queda da população → escassez de trabalhadores → aumento dos salários Mas se os salários não se afastam muito do nível de subsistência e os lucros não crescem, antes diminuem com o cultivo de terras menos férteis, quem se beneficia com o aumento do produto? Quem se beneficia é classe dos proprietários de terra (latifundiários). Conclusão: Ricardo mostrou que o processo de expansão econômica podia minar suas próprias bases, isto é, a acumulação de capital a partir dos lucros. Redução da taxa de lucro ▼ estado estacionário (no qual não haveria acumulação líquida nem crescimento) 4. Teoria das vantagens comparativas Política de livre comércio para os bens manufaturados: Cada país deveria especializar-se naqueles produtos que têm um custo comparativo mais baixo, e importar aqueles cujo custo comparativo fosse mais alto. ► O trabalho distribui-se com maior eficiência; ► Aumenta a quantidade total de bens. ▼ Contribui para o bem-estar geral. Exemplo apresentado por Ricardo: Vinho tecido ______________________________________ Portugal 80 90 ______________________________________ Inglaterra 120 100 Portugal tem vantagem absoluta tanto em vinho quanto em tecido, mas tem vantagem relativa em vinho (é mais eficiente na produção de vinho). REFERÊNCIAS ARAÚJO, Carlos Roberto Vieira. História do Pensamento Econômico: uma abordagem introdutória. São Paulo: Atlas, 2014. MOCHON, Francisco; TROSTER, Roberto Luis. Introdução à Economia. São Paulo: Macron Books, 1994.
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