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Furto e roubo

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G - CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
INTRODUÇÃO 
O fundamento constitucional dos crimes contra o patrimônio é a propriedade (art. 5º, caput, XXII, CF). 
 
Os conceitos de patrimônio e propriedade não se confundem. "Patrimônio" é o complexo de bens ou 
interesses de valor econômico em relação de pertinência com uma pessoa (conceito clássico de Nelson 
Hungria), bem como os bens interesses de valor sentimental (conceito moderno). 
 
O Código Criminal de 1890 falava em "crimes contra a propriedade". O CP de 1940 não protege só a 
propriedade, mas também a posse lícita dos bens. 
 
Nos crimes contra o patrimônio, o CP adota o critério do interesse predominante. Havendo interesse 
predominante patrimonial, é crime contra o patrimônio. 
Ex. no latrocínio, há morte, mas predomina o fator patrimônio no dolo. 
Ex. extorsão mediante sequestro, há privação da liberdade, mas prevalece o patrimônio no dolo. 
 
 
FURTO – ARTIGO 155 
 
1. PREVISÃO LEGAL 
A estrutura do tipo está assim organizada: furto simples (caput), furto circunstanciado ou com causa de 
aumento (§1º, "noturno"), furto privilegiado (§2º, "mínimo"), norma penal explicativa (§3º, energia elétrica), 
qualificadoras (§§4º, 4º-A, 5º, 6º e 7º). 
 
Furto 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. 
 § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de 
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
 § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. 
 
Furto qualificado 
 § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
 I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
 II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
 III - com emprego de chave falsa; 
 IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
 § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou 
de artefato análogo que cause perigo comum. 
 § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado ou para o exterior. 
 § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de 
produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. 
 § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias 
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou 
emprego. 
 
Furto de coisa comum 
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, 
a coisa comum: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
 § 1º - Somente se procede mediante representação. 
 § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem 
direito o agente. 
 
 
2. BEM JURÍDICO TUTELADO 
Há três correntes. 
i) Para uma 1ª corrente, tutela-se apenas a propriedade (Nelson Hungria); 
ii) Para uma 2ª corrente, (majoritária) tutela-se a posse e a propriedade (Magalhães Noronha e NUCCI); 
iii) Para uma 3ª corrente, tutela-se a posse, a propriedade e a detenção legítima (Heleno Cláudio Fragoso). 
 
A objetividade jurídica do tipo refere-se ao patrimônio, protegendo a propriedade e a posse legítima. A 
detenção não é protegida pelo tipo penal. O detentor utiliza o bem em nome de terceiro. A detenção não 
integra o patrimônio das pessoas. 
 
O patrimônio é um bem jurídico disponível, de modo que o consentimento do ofendido manifestado antes ou 
durante a subtração do bem exclui o crime. O consentimento posterior à subtração é irrelevante, não exclui 
o crime, pois é crime de ação pública incondicionada. 
 
Obs. A doutrina e a jurisprudência criticam o fato de ser ação incondicionada, pois não há violência ou grave 
ameaça e o único bem atacado é disponível. 
 
Ladrão que furta ladrão, quem será a vítima? 
Ex.: “A” é proprietário de um veículo. Esse veículo é subtraído por “B” o qual, por sua vez, é subtraído por “C”. 
Quem será a vítima da 2ª subtração? 
A vítima continua sendo “A”, sendo o sujeito passivo tanto do 1º furto, quanto do 2º furto. 
 
 
3. SUJEITO ATIVO 
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, salvo o proprietário da coisa. Nesse 
sentido, NÃO existe furto de coisa própria. 
 
O proprietário subtraiu coisa própria que estava na posse legítima de outrem. Ele praticou algum crime? 
Poderá configurar dois crimes, quais sejam: art. 345 e art. 346 do CP. 
 
Exercício arbitrário das próprias razões 
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o 
permite: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. 
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. 
 
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação 
judicial ou convenção: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
E se o individuo tiver subtraído coisa comum? 
Nesse caso, praticou-se o crime previsto no art. 156 do CP. Trata-se de furto de menor potencial ofensivo. Além 
disso, trata-se de crime punível a título de ação penal pública condicionada à representação do ofendido. 
 
Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, 
a coisa comum: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
§ 1º - Somente se procede mediante representação. 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito 
o agente. 
 
 
4. SUJEITO PASSIVO 
Também se trata de crime comum, ou seja, qualquer pessoa (proprietária, possuidora ou detentora) poderá 
ser vítima do crime. Alguns doutrinadores afirmam que, como o sujeito passivo deve ser o proprietário, 
possuidor ou detentor, o crime seria próprio. De todo modo, esse NÃO é o entendimento que prevalece. 
 
A pessoa jurídica pode figurar como vítima. 
 
É possível furto com vítima não identificada. 
 
 
5. TIPO OBJETIVO 
 
Pune-se 
 
A) SUBTRAIR, APODERAR-SE 
A subtração pode ser praticada por meios diretos (ex.: apreensão manual) ou meios indiretos (por interposta 
pessoa ou mesmo através de animais). 
 
Pode ocorrer de duas formas: 
i) o bem é retirado da vítima na sua presença ou na sua ausência. Diferencia-se do roubo (art. 157), pois nesse 
crime há violência ou grave ameaça, que pressupõe a presença da vítima; 
 
ii) a vítima entrega o bem ao agente e este dele se apodera. O agente recebe a posse vigiada do bem, 
como por exemplo, a pessoa manda outra segurar o telefone para ela. Diferencia-se da apropriação indébita 
(art. 168), pois nesse crime, o agente recebe a posse desvigiada. 
 
É um crime de forma livre, pois admite qualquer meio de execução. 
 
 
B) DE COISA ALHEIA MÓVEL (objeto material do delito) 
 
 
I) COISA 
Bem economicamente apreciável. 
 
As coisas que tenham valor sentimental e não econômico, podem ser objeto de furto? (ex.: diário de 
adolescência, álbum de fotografia)? 
Para a maioria da doutrina e para Nelson Hungria, o furto abrange coisas com relevante valor moral ou 
sentimental como objeto material do crime. Já Nucci discorda, entendendo que, nos casos de coisas com 
valor meramente moral ou sentimental, a questão deve ser resolvida na esfera cível. 
 
O ser humano pode ser objeto de furto? 
O ser humano vivo não pode ser objeto de furto, pois não é "coisa". Pode ocorrer sequestro (art. 148), extorsão 
mediante sequestro (art. 159), subtração de incapazes(art. 249). Já partes do corpo humano podem ser 
objeto de furto. Ex. furto de cabelo. 
 
Se forem órgãos vitais, configura crime de lesão corporal grave ou gravíssima (art. 129, §1º, III, ou §2º, III) ou 
homicídio (art. 121). A Lei n. 9.434/97 (transplante de órgãos), no art. 14 (subtração de tecidos, órgãos e partes 
do corpo), somente se aplica se a conduta é praticada para fins de transplante. 
 
É possível a subtração de objetos ou instrumentos ligados ao corpo humano. Ex. dentadura. A subtração de 
ouro da arcada dentária de cadáver configura furto, cuja vítima são os herdeiros. 
 
Destaca-se o art. 237 do ECA (Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua 
guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto: Pena - reclusão de dois 
a seis anos, e multa). Este tipo NÃO equivale a furto de uma criança. 
 
O cadáver, pode ser objeto de furto? 
O cadáver sem valor econômico (ex. no túmulo) pode ser subtraído, configurando subtração de cadáver 
(art. 211). O cadáver com valor econômico (ex. em laboratório) pode ser subtraído, configurando furto. 
 
Os animais de estimação também podem ser furtados, mas se houver intuito de obter vantagem indevida, 
há extorsão (art. 158). 
 
 
II) COISA ALHEIA 
Coisa de ninguém pode ser objeto de material de furto? RES NULLIUS 
Não. Isso porque, não sendo alheia, não pode ser objeto material de furto. Art. 1.263 do Código Civil. 
 
Coisa abandonada pode ser objeto material de furto? RES DERELICTA 
Não. Isso porque, uma vez tendo sido abandona, ela também passa a ser de ninguém. Art. 1.263 do Código 
Civil. 
 
Coisa perdida pode ser objeto material de furto? RES DESPERDICTA 
Não. Isso porque, estando perdida, não existe subtração, mas apropriação. Nesse sentido, haverá outro crime, 
qual seja: “apropriação de coisa achada”, nos termos do art. 169, parágrafo único, inciso II do CP. 
 
A coisa é considerada perdida quando se encontra em lugar público ou de uso público. Se a coisa está em 
local privado, há furto. Ex. perda do relógio dentro da casa. 
 
Coisa pública de uso comum do povo pode ser objeto material de furto? 
A coisa pública de uso comum, em regra, não pode ser objeto material de furto, salvo quando destacada do 
local de origem para atender interesse econômico de alguém. Como a coisa não é alheia, em regra, haverá 
crime de dano. 
 
As coisas de uso comum (ex. águas do rio) não podem ser furtadas, mas se for destacada e explorada por 
alguém, com posterior subtração, há furto. 
 
 
III) COISA ALHEIA MÓVEL 
Há redundância no tipo, pois a "subtração" pressupõe se tratar de coisa móvel. 
 
Os bens imóveis não podem ser objeto de furto, por expressa previsão legal. 
 
Que é uma coisa móvel? 
Trata-se de coisas que podem ser apreendidas ou transportadas, sem que percam a identidade. Nesse 
sentido, NÃO há coincidência com o conceito do direito civil. 
 
Abrange, portanto, os bens móveis, semoventes e imóveis por equiparação (ex. azulejo na parede), da 
classificação do Direito Civil. 
 
Que crime pratica aquele que estiver num navio e no momento de perigo, subtrai os coletes salva-vidas e vai 
embora? 
O indivíduo terá cometido o crime previsto no art. 257 do CP (Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de 
incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio 
destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal 
natureza: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa). 
 
O famulato é o furto praticado por empregado, motivo pelo qual também é chamado por furto "doméstico". 
 
Não confundir o furto com o peculato-furto (art. 312, §1º, "peculato impróprio"): o funcionário público subtrai 
dinheiro, valor ou bem que não está na sua posse, valendo-se da facilidade que lhe proporciona o cargo. 
 
 
6. TIPO SUBJETIVO 
Trata-se de crime punido a título de dolo. É imprescindível a vontade de apoderamento definitivo. 
 
O elemento subjetivo do furto é o dolo (animus furandi). Não há furto culposo. O único crime contra o 
patrimônio que admite a forma culposa é a receptação. 
 
Não basta o dolo, exige-se também o elemento subjetivo específico "para si ou para outrem", que é o ânimo 
de assenhoreamento definitivo (animus rem sibi habendi). O agente subtrai o bem para se comportar como 
dono. Se faltar esse ânimo de assenhoreamento, estará caracterizado o furto de uso, que não é crime. 
 
O furto independe da intenção de lucro (animus lucrandi). Embora presente em regra, a intenção de lucro 
não é exigida. O furto pode ser praticado por vingança, por superstição, por fanatismo religioso, por amor 
etc. 
 
Não pode o agente fazer justiça com as próprias mãos, para satisfazer pretensão, ainda que legítima, pois, 
caso contrário, cometerá o crime de exercício arbitrário das próprias razões, art. 345). 
 
Cabe o princípio da insignificância no furto simples. 
 
E se o agente age com ânimo de uso. Haverá crime? 
O crime desaparecerá, desde que: 
i) a intenção, desde o início, seja o uso momentâneo da coisa; 
ii) se trate de coisa não consumível pelo uso e 
iii) haja sua restituição imediata e integral à vitima. 
 
E aquele que subtrai o veículo, devolve-o para o seu proprietário, mas com o tanque vazio? Haverá crime? 
Há jurisprudência a qual entende que o fato de se ter restituído com o tanque vazio impede a configuração 
do “furto do uso”. De todo modo, Rogério Sanches não concorda com esse entendimento. 
 
Furto famélico é crime? Quais são os requisitos para que o furto famélico seja considerado estado de 
necessidade? 
i) que o fato seja praticado para mitigar a fome; 
ii) que seja inevitável (derradeiro e único recurso do agente); 
iii) que haja a subtração de coisa capaz de diretamente contornar a emergência; 
iv) a insuficiência dos recursos adquiridos ou a impossibilidade de trabalhar. 
Obs. Tratam-se de requisitos cumulativos. 
 
 
7. CONSUMAÇÃO 
Quando o crime se consuma? 
 
- Existem algumas teorias clássicas quanto à consumação do furto: 
 
a) teoria da “contrectatio” 
A consumação se dá pelo simples contato entre o agente e a coisa alheia, dispensando o deslocamento. 
 
b) teoria da “ablatio” (Pessina) 
A consumação ocorre quando o agente, ao apoderar-se da coisa, consegue deslocá-la de um lugar para 
outro. 
 
c) teoria da “ilatio” ou da posse mansa e pacífica 
A consumação pressupõe apoderamento, deslocamento e posse mansa e pacífica. Foi adotada no Brasil 
durante muito tempo. 
 
d) teoria da apprehensio 
O furto se consuma no momento em que o agente, segura o bem. 
 
e) teoria da “amotio” ou da inversão da posse (Francesco Carrara) 
A consumação se dá quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo que num curto espaço 
de tempo, dispensando deslocamento ou posse mansa e pacífica. 
 
Estabelece que há consumação quando o agente se apodera do bem, retira-o da esfera de vigilância da 
vítima e tem a disponibilidade do bem, ainda que por breve período. É adotada pelo STF (HC 113.563/2013)1. 
No caso de perseguição do agente (pela vítima ou por terceiro), ainda está ocorrendo tentativa. 
 
Obs. 01. No STF e no STJ, prevalece a teoria da “amotio” ou da inversão da posse, inclusive no crime de roubo. 
“SÚMULA 582 DO STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de 
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e 
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.” 
 
Obs. 02. Nelson Hungria considera o crime consumado, mesmo que a coisa não saia da esfera de vigilância 
da vítima (ex.: empregada doméstica que esconde as joias da patroa embaixo do sofá). 
 
Havendo destruição, inutilização ou ocultação do bem pelo agente, ocorre consumação, ainda que o 
agente não tenha livre disponibilidade do bem. Nessas situações, a conduta do agente resulta em ofensa ao 
patrimônio da vítima. 
 
O furto é crime material (ou causal), poisexige resultado naturalístico. Em regra, também é crime instantâneo, 
pois se consuma em momento determinado, sem continuidade no tempo. Excepcionalmente é crime 
permanente, como ocorre no furto de energia elétrica. 
 
 
8. TENTATIVA 
É possível a tentativa? 
Sim, ou seja, trata-se de delito plurissubsistente, admitindo a tentativa. 
 
Qual o crime pratica o indivíduo que, visando subtrair dinheiro do bolso da calça da vítima, se depara com o 
bolso vazio. Haverá tentativa ou crime impossível? 
Nelson Hungria (corrente majoritária) entende que há tentativa, pois, a impossibilidade foi meramente 
acidental. Já Cezar Bittencourt afirma que, não trazendo a vítima qualquer valor consigo, existe crime 
impossível. 
 
Havendo vigilância eletrônica no estabelecimento, haverá tentativa de crime ou crime impossível? 
Tentativa de crime. A vigilância constante, eletrônica ou não, NÃO configura, por si só, crime impossível, 
conforme a súmula nº 567 do STJ. 
“SÚMULA 567 STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de 
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime 
de furto.” 
 
 
9. FURTOS TRAZIDOS NO TIPO PENAL 
 
A) FURTO MAJORADO PELO REPOUSO NOTURNO 
Trata-se de majorante (causa de aumento de pena). NÃO se trata de qualificadora. 
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. 
 
O furto noturno (§1º) é causa de aumento da pena, denominando-se também de "furto circunstanciado". 
 
O fundamento é a maior reprovabilidade do furto quando há menor vigilância da vítima sobre seus bens. 
 
A causa de aumento do repouso noturno pode ser aplicado as causas de furto qualificado? 
A causa de aumento referente ao repouso noturno no crime de furto, de acordo com a orientação 
majoritária, restringia-se ao furto simples, previsto no caput do artigo 155, podendo o juiz, em se tratando de 
furto qualificado (§ 4º), considerar o período de cometimento na análise das circunstâncias judiciais (artigo 59 
do Código Penal). 
 
O STJ, todavia, decidiu ser possível a aplicação da majorante também no furto qualificado, pois não há 
incompatibilidade entre esta circunstância e aquelas que qualificam o delito, nem há prejuízo para a 
dosimetria da pena, tendo em vista que o juiz parte da pena-base relativa à forma qualificada e faz incidir o 
aumento de um terço na terceira fase de aplicação. Além disso, não se justifica a imposição de óbice porque, 
lançando mão de critério de interpretação semelhante, o tribunal firmou o entendimento de que é possível 
 
1 “A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que, para a consumação do crime de furto ou de roubo, não se faz 
necessário que o agente logre a posse mansa e pacífica do objeto do crime, bastando a saída, ainda que breve, do bem da chamada 
esfera de vigilância da vítima”. 
aplicar sobre o furto qualificado o privilégio do § 2º do art. 155 (REsp 1.730.288/SC, j. 22/05/2018). O mesmo 
decidiu o STF (HC 130.952/MG, rel. min. Dias Toffoli, j. 13/12/2016). 
 
Que é repouso noturno? 
Repouso noturno é o intervalo entre dois períodos: quando as pessoas se recolhem e despertam para a vida 
cotidiana. O conceito é variável. Deve se considerar os hábitos da localidade. Não é preciso que as pessoas 
estejam efetivamente dormindo. Trata-se de um nítido exemplo de costume interpretativo. 
 
O repouso noturno não se confunde com a noite, mas essa causa dificilmente será aplicada em crimes 
durante o dia, ainda que a vítima esteja dormindo. 
 
Para a doutrina majoritária, a finalidade da lei é proteger o local da moradia. Logo, NÃO se aplica a majorante 
no furto de estabelecimento comercial. De todo modo, há alguns julgados do STJ aplicando a majorante do 
repouso noturno em estabelecimento comercial. 
 
Para Cézar Bittencourt, a interpretação deve ser restritiva abrangendo apenas imóvel. 
 
O imóvel deve estar, necessariamente, habitado ou poderá estar ocasionalmente desabitado? Caso esteja 
habitado, os moradores devem estar necessariamente repousando ou podem estar acordados? 
Nelson Hungria e Cézar Roberto Bittencourt defendem que o imóvel deve ser habitado e com seus moradores 
repousando. 
 
Já para o STJ, STF e Magalhães Noronha, o imóvel pode estar ocasionalmente desabitado, desde que durante 
o período de repouso noturno. Não se exige que a casa esteja habitada ou vazia, ambas as situações são 
acobertadas, podendo ser realizado mesmo fora da casa (STJ, HC 29.153). 
 
 
B) FURTO PRIVILEGIADO ou FURTO MÍNIMO 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão 
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
 
Quais são os requisitos? 
i) primariedade do agente, isto é, não reincidente. 
ii) pequeno valor da coisa. 
 
Que significa o pequeno valor da coisa? 
Não se trata de coisa insignificante (a qual irá gerar fato atípico). Pois bem, para a jurisprudência, pequeno 
valor é aquele que não ultrapasse 1 salário mínimo. 
 
O pequeno valor da coisa não se confunde com pequeno prejuízo da vítima. É um critério subjetivo, que leva 
em consideração a situação econômica da vítima. 
 
Também não se confunde com coisa de valor ínfimo. A coisa de pequeno valor vale até um salário mínimo, 
existindo crime de furto privilegiado. No furto de coisa de valor ínfimo, o fato é atípico, por aplicação do 
princípio da insignificância. O STJ tem admitido o limite próximo a 20% do salário mínimo. Cf. STF, HC 84.424. 
 
O privilégio se aplica ao furto qualificado? 
A primeira corrente entende não ser cabível, por força da interpretação topográfica do Código e da 
incompatibilidade lógica entre o privilégio e a qualificadora. Até 2005, essa posição era predominante, não 
se admitindo o furto privilegiado qualificado. 
 
A segunda corrente (hoje: STF, HC 94.765, HC 98.265/2010; STJ) admite o "furto híbrido", por razões de política 
criminal. O STF coloca a ressalva de que é possível cumular, desde que disto não resulte a aplicação exclusiva 
da pena de multa. 
 
A aplicabilidade do furto privilegiado se estende ao furto simples (caput) e circunstanciado (§1º). 
 
A consequência do reconhecimento do privilégio é que o juiz pode: 
i) substituir a pena de reclusão pela de detenção; 
ii) diminuir a pena de 1/3 a 2/3; 
iii) aplicar somente a pena de multa. 
 
As duas primeiras consequências podem ser cumuladas entre si. Em que pese o CP dizer que o juiz "pode", a 
doutrina e a jurisprudência entendem se tratar de dever, por se tratar de direito subjetivo do réu. 
 
 
I) CLÁUSULA DE EQUIPARAÇÃO 
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. 
Subtração de energia elétrica é furto. 
 
Que significa “qualquer outra que tenha valor econômico”? 
Ex.: energia genética (esperma de animais), energia mecânica, energia térmica e radioatividade. 
- Ex.: Dois vizinhos possuíam cachorros da mesma espécie (macho e fêmea). Um dos vizinhos NÃO quis que o 
seu cachorro cruzasse com a cadela do vizinho. O vizinho, dono da cadela, à noite, durante o repouso 
noturno, destruiu o tapume que divida as casas, enviando a sua cadela, a qual, depois de passar a noite com 
o macho, voltou prenha. Houve crime? 
Sim, furto qualificado por rompimento de obstáculo com subtração de energia genética. 
 
Que crime ocorre na subtração de sinal de TV a cabo? 
Para uma 1ª corrente (Bittencourt e 2ª Turma do STF), a energia se consome, se esgota, diminui e pode, 
inclusive, terminar, ao passo que sinal de televisão não se gasta, não diminui, configurando fato atípico. O 
STF, no HC 97.261/20112, entendeu não se tratar de furto. 
 
Para uma 2ª corrente (Nucci e 5º Turma do STJ), o furto de sinal de televisão é válido para encaixar-se na figura 
prevista no §3º, pois é uma forma de energia. 
 
Esse mesmo raciocínio se aplica para “pulsos telefônicos”. 
 
 
C) FURTO QUALIFICADO§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
 I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
 II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
 III - com emprego de chave falsa; 
 IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
 § 4º- A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou 
de artefato análogo que cause perigo comum. 
 § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado ou para o exterior. 
 § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de 
produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. 
 § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias 
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou 
emprego. 
Trata-se de delito de grande potencial ofensivo. 
 
As qualificadoras do §4º dizem respeito aos meios de execução do furto, os quais facilitam a prática do furto. 
Todas são de natureza objetiva, de modo que se comunicam aos demais agentes, salvo a qualificadora do 
abuso de confiança (natureza subjetiva, não se comunica). 
 
A lei 13.654 de 23 de abril de 2018 incluiu mais duas hipóteses de furto qualificado: 
 § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou 
de artefato análogo que cause perigo comum. 
 
 § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias 
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou 
emprego. 
 
 
São elas: 
 
I - Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa 
Obstáculo é um empecilho qualquer que protege o bem, dificultando a subtração. Pode ser externo ou 
interno, ativo (protege e ataca, ex. cachorro, cerca elétrica) ou passivo (só protege, ex. grade). 
 
Na destruição, o obstáculo desaparece. Ex. explodir uma parede. A "explosão" só é crime autônomo se há 
risco a um número indeterminado de pessoas. Se não houver risco, é qualificadora do furto. 
 
No rompimento, o obstáculo continua a existir, de forma deteriorada. Ex. quebrar cadeado. 
 
Em ambos os casos existe violência contra a coisa, não contra a pessoa. Se houver violência contra a pessoa, 
há roubo. 
 
Deve ser provada por exame de corpo de delito, pois deixa vestígios materiais. 
 
2 O sinal de TV a cabo não é energia, e assim, não pode ser objeto material do delito previsto no art. 155, § 3º, do Código Penal. Daí 
a impossibilidade de se equiparar o desvio de sinal de TV a cabo ao delito descrito no referido dispositivo. Ademais, na esfera penal 
não se admite a aplicação da analogia para suprir lacunas, de modo a se criar penalidade não mencionada na lei (analogia in 
malam partem), sob pena de violação ao princípio constitucional da estrita legalidade” 
 
A qualificadora reclama destruição ou rompimento do obstáculo antes ou durante a subtração, elas visam à 
subtração. O crime de dano (art. 163) fica absorvido. Se há destruição ou rompimento depois da subtração, 
o agente responde pelo furto sem qualificadora e dano, em concurso material. 
 
Obs. A mera remoção do obstáculo não caracteriza a qualificadora. 
 
O alcance da qualificadora é objeto de divergência. 
A primeira posição (majoritária no STF, HC 98.406, e no STJ, HC 104.316) entende que o obstáculo deve ser 
estranho à coisa. A destruição da própria coisa a ser subtraída NÃO gera a aplicação da qualificadora. Deve 
ser destruído o obstáculo entre o agente e a coisa. 
Ex. Quebra de janela para furtar carro não qualifica. Já a quebra de janela para furtar objeto dentro do carro 
qualifica. 
 
A segunda posição (já foi acolhida no STF, HC 77.675; é crescente no STJ, HC 152.833) entende que o obstáculo 
pode integrar a própria coisa. 
 
Obs: Temos decisões (minoritárias) no STJ no sentido de que a destruição do vidro do veículo para a subtração 
de objetos existentes no seu interior NÃO caracteriza a qualificadora. É que, se a violação tivesse sido feita 
para a subtração do próprio automóvel, o furto seria simples (HC 152.833). De todo modo, no próprio STJ e no 
STF, há decisões no sentido contrário (majoritárias) qualificando o furto. 
 
E aquele que corta a mochila de uma pessoa para subtrair os bens que estão no seu interior? 
Para Fernando Capez, NÃO haverá qualificação, pois, a mochila não serve para proteger o bem, mas 
simplesmente para carregá-lo. Haveria qualificadora se houvesse a destruição do cadeado da mochila. 
 
Ligação direta, no furto de veículo, configura rompimento de obstáculo? 
Prevalece o entendimento de que NÃO haverá qualificadora. Para haver a configuração da qualificadora, 
deve-se destruir o obstáculo. Nesse sentido, aquele que simplesmente desabilita um alarme de segurança 
NÃO comete furto qualificado, mas sim furto simples. 
 
- No HC 109.609, o STF reiterou jurisprudência firmada pela 2a Turma, no sentido de que NÃO é possível a 
incidência do princípio da insignificância nos delitos contra o patrimônio praticados mediante ruptura de 
barreira. Ocorre que, por outro lado, a mesma 2a Turma do STF, a exemplo do HC 109.363, possui decisões no 
sentido de que é possível SIM aplicação do princípio da insignificância nos casos de furto qualificado 
mediante ruptura de barreira. 
 
 
II - Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza 
 
i) “Furto com abuso de confiança” 
É a única qualificadora de natureza subjetiva, não se comunica no concurso de pessoas. 
 
Confiança é o sentimento de credibilidade que uma pessoa deposita na outra. Quando uma pessoa confia 
na outra, diminui os cuidados sobre o bem, o furto é facilitado. Para incidir a qualificadora é imprescindível 
tratar-se de confiança incomum, facilitando a execução. 
 
Exige dois requisitos: 
a) a vítima deposita no agente a especial confiança; 
b) o agente se aproveita dessa facilidade para subtrair o bem. 
 
Obs. Se a confiança é obtida ardilosamente, é aplicada a qualificadora da fraude. 
Obs. Não incide a qualificadora quando, mesmo com a confiança da vítima, o agente subtrai o bem de 
forma comum. 
 
Obs. O furto por empregado é chamado "famulato". A relação empregatícia não representa, por si só, 
confiança entre as partes. 
 
Obs. Não se exige vínculo antigo para configurar confiança (STJ, HC 82.828). 
 
Essa confiança pode se dar com a: 
a) relação de parentesco; 
b) relação de amizade; 
c) relação de emprego. 
 
A confiança pode ser espontânea ou provocada pelo agente. 
 
Há que se diferenciar o furto com abuso de confiança do delito de apropriação indébita 
 
FURTO COM ABUSO DE CONFIANÇA APROPRIAÇÃO INDÉBITA 
Infração de grande potencial ofensivo. Infração de médio potencial ofensivo. 
O agente tem contato com a coisa visada. O agente tem posse desvigiada da coisa. 
A vontade criminosa antecede a posse. A vontade criminosa é posterior à posse. 
 
 
ii) “Furto mediante fraude”; 
Fraude é artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento, como se extrai do art. 171. 
Artifício é a fraude material, uso de instrumento. 
Ardil é a fraude "moral" (ou "intelectual"), é a conversa enganosa. 
 
Na fraude, o agente se vale do artifício ou do ardil para enganar a vítima, fazendo com que diminua a 
vigilância sobre o bem. 
 
Qual é a diferença entre furto mediante fraude e o estelionato? 
O furto qualificado pela fraude não se confunde com o estelionato (art. 171). Ambos são crimes contra o 
patrimônio e tem a fraude como meio de execução. 
 
A diferença diz respeito à finalidade visada pela fraude. 
 
O furto tem como núcleo "subtrair". O agente utiliza a fraude para diminuir a vigilância da vítima sobre o bem, 
permitindoa subtração deste. 
 
No estelionato, o agente utiliza a fraude para viciar a vontade da vítima, de modo que a vítima entrega o 
bem voluntariamente. Cf. STJ, CC 86.862. 
 
FURTO MEDIANTE FRAUDE ESTELIONATO 
- Infração de grande potencial ofensivo. - Infração de médio potencial ofensivo. 
- A fraude busca diminuir ou retirar a vigilância da 
vítima sobre a coisa, facilitando a subtração. 
- A fraude busca fazer com que a vítima incida em 
erro e entregue espontaneamente a posse 
desvigiada da coisa. 
- A transferência da posse do bem entre a vítima e 
o infrator é unilateral. 
- A transferência da posse do bem entre a vítima e 
o infrator é bilateral. 
 
- No caso do agente que, fingindo ser funcionário da Telefônica, realiza a subtração dos bens de uma casa, 
haverá “furto mediante fraude”. No furto há subtração de coisa alheia móvel, só que com o emprego de 
fraude. 
 
E no caso em que o agente troca a embalagem (retirando o produto barato, colocando o produto caro), 
levando o produto caro? 
Trata-se de “furto mediante fraude”. 
 
E no caso da troca de preço de mercadoria? 
Nesse caso, haverá estelionato. 
 
- E o falso manobrista? 
Trata-se de estelionato, pois a vítima entrega o veículo para ele. 
 
- E se o agente vai a uma loja, recebe quatro blusas para experimentar, vindo a sair com uma das blusas por 
baixo do casaco? 
Haverá furto mediante fraude. Isso porque, para haver estelionato, deve se estar diante de posse desvigiada. 
 
Quanto ao golpe do test drive? 
O golpe do test drive tecnicamente configura estelionato, pois a vítima livremente entrega o bem ao agente, 
mas a jurisprudência entende ser furto qualificado pela fraude (STJ, REsp 672.987), por razão de política 
criminal para proteger a vítima (seguro cobre furto, não cobre estelionato). 
 
- Configuram “furto mediante fraude” (e não estelionato) as seguintes hipóteses: 
a) agente que, a pretexto de auxiliar a vítima a operar caixa eletrônico, apossa-se de seu cartão magnético, 
trocando-o por outro; 
b) agente que simula interesse na compra de motocicleta, com pretexto de testá-la, apossa-se do moto, não 
mais retornando;* 
c) agente que, como empregado da empresa, coloca aparelho de maior valor em caixa de aparelho de 
menor valor, apossando-se da coisa. 
 
 
iii) “Furto mediante escalada” 
Qual é o conceito de escalada? 
Trata-se do uso de via anormal para ingressar no local em que se encontra a coisa visada. Ex.: salto de muro, 
construção de túnel subterrâneo. Nesse sentido, NÃO implica, necessariamente, subida. 
- A jurisprudência exige que a escalada seja fruto de um esforço fora do comum do agente. 
 
Essa via anormal pode ser superada com emprego de objeto ou com especial condição física do agente. O 
STJ já reconheceu a qualificadora quando o agente pulou muro de 1,80m (REsp 680.743). 
 
Só existe a qualificadora quando o recinto é completamente fechado, não existindo outra forma de entrar no 
local. Se existir, não qualifica. Ex. muro com buraco, o agente pula, não há qualificadora. 
 
Não se exige o ingresso total do agente no local do crime. 
Ex. furto do homem aranha. 
 
 
iv) “Furto mediante destreza” 
- Trata-se da peculiar habilidade física ou manual, permitindo ao agente praticar o crime sem que a vítima 
perceba que está sendo despojada dos seus bens. 
Ex.: caso dos “batedores de carteira”. 
- A jurisprudência condiciona a aplicação desta qualificadora ao fato de a vitima trazer o bem junto ao corpo. 
 
O furto qualificado pela destreza admite tentativa. Se a vítima percebe a subtração, há tentativa de furto 
simples, pois o agente não tinha destreza. Se um terceiro percebe a subtração, há tentativa de furto 
qualificado pela destreza. 
 
 
III - Com emprego de chave falsa 
Chave falsa consiste em todo instrumento, com ou sem o formato de chaves, destinado a abrir fechadura 
sem arrombá-la. Também se considera chave falsa, a cópia da verdadeira obtida sem a autorização do 
titular, chave diferente da verdadeira, mas alterada para abrir o dispositivo e gazuas (qualquer instrumento 
capaz de abrir uma fechadura sem arrombá-la, ex. grampo, chave de fenda). 
 
O uso de chave verdadeira ilicitamente obtida pelo agente não caracteriza a qualificadora. 
 
- A utilização de “chave mixa” para abrir fechadura de automóvel, visando a sua subtração, configura a 
qualificadora do art. 155, §4º, Inciso III (STJ – HC 152.079). 
 
- E a “ligação direta”? 
Prevalece que a “ligação direta” NÃO foi prevista como qualificadora e não pode ser considerado como uso 
de chave falsa, pois não há o emprego de qualquer chave falsa na ignição do veículo. (STJ, REsp 43.047). 
 
 
IV - Mediante concurso de duas ou mais pessoas 
Computam-se partícipes? 
Para uma 1ª corrente (Nelson Hungria), NÃO se computam partícipes, mas apenas executores. 
Já para uma 2ª corrente (Guilherme Nucci, corrente majoritária), computam-se SIM os partícipes no número 
mínimo de 2 pessoas. Computam-se inimputáveis e agentes não identificados. Não precisa ter agido, basta 
que tenha ido no local do cometimento do crime. 
 
Se o furto tiver sido praticado por associação criminosa, essa qualificadora NÃO incidirá sob pena de haver 
“bis in idem”. 
 
V - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado ou para o exterior. 
Trata-se da subtração de veículo que venha a ser transportado para outro estado-membro ou para o exterior. 
Pune-se aquele que concorreu de qualquer modo para o crime patrimonial, sabendo que a intenção era o 
transporte do veículo para outro estado-membro ou para o exterior. 
 
A pessoa contratada apenas para o transporte, que não concorreu de qualquer modo no furto, mas sabe da 
origem ilícita do veículo, responde por receptação ou favorecimento real, a depender do caso concreto. 
Caso a pessoa não saiba da origem ilícita do veículo, o fato será atípico. 
 
O objeto material desse dispositivo somente pode ser veículo automotor. 
 
É pressuposto para a aplicação desta qualificadora que o veículo efetivamente ultrapasse os limites do 
estado-membro ou país. 
 
E se o veículo vier a ser transportado para o DF ou vice-versa? 
A maioria da doutrina entende que, nesse caso, aplica-se a referida qualificadora. 
 
Pode haver furto qualificado pelo §4º, cumulado com o §5º, a exemplo do furto de automóvel, mediante 
chave falsa, transportado para outro estado-membro? 
Nesse caso, aplica-se o §5º e se considera o §4º como circunstância judicial desfavorável na fixação da pena-
base. 
 
 
VI - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de 
produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. 
Trata-se do abigeato. 
 
Neste crime, segundo Nucci, o que se pune é o furto de semoventes (animais que sempre foram considerados 
para efeito de furto, como coisas) domesticáveis (apto a se tornar caseiro, manso, domado, como são os 
cães) de produção (algo decorrente do trabalho humano, com ou sem instrumentos específicos, para atingir 
larga escala de produtos, com o fim de comércio e lucro). 
 
Por ser o animal domesticável, exclui-se todos os animais selvagens, como onças, leões, zebras etc. 
 
Para Nucci, não deveria a lei nº 13.330/2016 ter trazido mais uma hipótese de qualificadora, pelo problema 
de não poder se aplicar uma qualificadora sobre qualificadora (ex. o agente subtrai o caminhão, que 
transportavas porcos, usando chave falsa, levando para o exterior). Neste caso, o juiz deve optar sempre, 
pelo parágrafo que prevê a mais elevada qualificadora. (art. 155 §5º). 
 
Deveria o legislador ter criado mais uma hipótese de causa de aumento de pena. 
 
 
VII - A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de 
artefato análogo que cause perigo comum. 
O objetivo declarado desse novo parágrafo foi o de punir com mais rigor os furtos realizados em caixas 
eletrônicos localizados em agências bancárias ou em estabelecimentos comerciais(ex: drogarias, postos de 
gasolina etc.). Isso porque tem sido cada vez mais comum que grupos criminosos, durante a noite, explodam 
caixas eletrônicos para dali retirar o dinheiro depositado. 
Dessa forma, o objetivo da lei foi o de, em tese, punir mais severamente o réu. 
 
O entendimento que prevalecia era o de que o agente respondia por furto qualificado pelo rompimento de 
obstáculo a ̀ subtração da coisa, nos termos do art. 155, § 4o do CP em concurso formal impróprio com o crime 
de explosão majorada (art. 251, § 2o do CP): 
 
Desse modo, perceba o contrassenso: o objetivo do legislador ao criar o novo § 4o-A foi o de aumentar a 
pena dos agentes que praticam furto mediante explosão de caixas eletrônicos. No entanto, o que a Lei fez 
foi tornar mais branda a situação dos réus. Vamos comparar: 
 
Antes da Lei 13.654/2018 Depois da Lei 13.654/2018 
O agente respondia pelo art. 155, § 4o, I c/c o art. 251, § 
2o do CP. 
Pena mínima: 6 anos. 
O agente responde apenas pelo art. 155, § 4o-A 
do CP. 
Pena mínima: 4 anos. 
 
Com a previsão específica do art. 155, § 4o-A não se pode mais falar em concurso porque seria bis in idem. 
Logo, por mais absurdo que pareça, a Lei 13.654/2018 melhorou a situação penal dos indivíduos que praticam 
ou que praticaram furto a bancos mediante explosão dos caixas eletrônicos. 
 
 
VIII - A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas 
ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
 
 
ROUBO – ARTIGO 157 
 
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS 
- O roubo é um crime complexo, sendo formado por: constrangimento ilegal + furto. 
 
ROUBO 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, 
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: 
 Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou 
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
 
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: 
 I – (revogado); 
 II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
 III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. 
 IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o 
exterior; 
 V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
 VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, 
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
 
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): 
 I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
 II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato 
análogo que cause perigo comum. 
 
§ 3º Se da violência resulta: 
 I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; 
 II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. 
 
Subtrair coisa alheia móvel, para si ou para outrem, “mediante violência ou grave ameaça a pessoa” 
(violência própria e roubo próprio), “ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de 
resistência” (violência imprópria, mas roubo próprio) “ou quando a violência ou ameaça é exercida após a 
subtração, para assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiros” (roubo 
impróprio). 
 
A estrutura do tipo é da seguinte ordem: 
a) o caput do art. 157 contém o roubo simples próprio, enquanto o §1º apresenta o roubo simples impróprio 
ou "por aproximação". Ambos são tidos como simples por terem a mesma pena: reclusão de 4 a 10 anos e 
multa. 
 
b) No §2º, tem-se o roubo circunstanciado e as causas de aumento da pena, não são qualificadoras. 
 
c) O §3º prevê as qualificadoras: roubo qualificado pela lesão grave e roubo qualificado pela morte 
("latrocínio"). Em regra, o roubo não é crime hediondo. O roubo só é crime hediondo quando qualificado 
pela morte (latrocínio), consumado ou tentado (art. 1º, II, Lei 8.072/90). 
 
O roubo é um crime complexo, pois resulta da fusão de dois outros crimes: furto + lesão corporal ou ameaça. 
 
Obs. Crimes ultra complexos: Entende-se por crime ultra complexo quando um crime complexo é acrescido 
de outro, sendo que este serve como majorante ou qualificadora. Por exemplo, o crime de roubo praticado 
com o emprego de arma. 
 
O Brasil é um dos poucos países que faz a distinção entre furto e roubo. A Alemanha foi o primeiro país a fazer 
essa distinção ("raub"). 
A semelhança entre ambos são: "subtrair" é a conduta típica, a coisa móvel alheia é o objeto material, o 
elemento subjetivo específico é "para si ou para outrem". 
 
 
2. OBJETO JURÍDICO 
O roubo é um crime pluriofensivo, pois ofende dois ou mais bens jurídicos: patrimônio, integridade física 
(violência), liberdade individual (grave ameaça). 
 
O princípio da insignificância não se aplica ao crime de roubo. Ainda que a coisa móvel tenha valor 
insignificante, a violência e a grave ameaça têm relevância material (STF, HC 96.671; STJ, HC 117.436). 
 
 
3. SUJEITO ATIVO 
- Trata-se de crime comum. 
- Não existe roubo de coisa própria, o qual poderá configurar exercício arbitrário das próprias razões. 
 
 
4. SUJEITO PASSIVO 
- A vítima do crime é o proprietário, possuidor ou mero detentor, bem como a pessoa contra quem se dirige 
a violência ou grave ameaça, ainda que alheia à lesão patrimonial. 
 
 
5. ROUBO PRÓPRIO (ART. 157, CAPUT) 
 
COMPORTAMENTO ANTECEDENTE COMPORTAMENTO SUBSEQUENTE 
- Violência 
- Grave ameaça 
- Qualquer outro meio capaz de impossibilitar a 
resistência da vítima (violência imprópria), a 
exemplo do uso de psicotrópicos como o “boa 
noite cinderela”. 
- Subtração 
 
- Ex.: aquele que põe a arma na cabeça da vítima, vindo depois a subtrair a carteira. 
 
Em que pese a identidade com o núcleo do furto, o roubo é muito mais grave em virtude dos meios de 
execução utilizados para a subtração: grave ameaça, violência à pessoa (roubo próprio) ou violência 
imprópria. No roubo próprio, os meios são empregados antes ou durante a subtração do bem. 
 
A grave ameaça (ou "violência moral" ou "vis compulsiva") é a promessa de um mal grave, iminente (prestes 
a ocorrer) e verossímil (possível de ser concretizado). O roubo é de forma livre, pois a grave ameaça admite 
qualquer tipo de exteriorização. Ex. gestos, verbal. O caráter intimidatório deve ser avaliado no caso concreto, 
levando em conta o local do crime, o horário, as condições do agente e da vítima. Também configuram 
grave ameaça o porte simulado de arma, o uso de arma de brinquedo ou de arma com defeito ou 
desmuniciada. A discussão se coloca se configuram causa de aumento da pena (§2º, I). 
 
A violência à pessoa ("violência própria", "violência física", "vis corporalis" ou "vis absoluta") é o emprego de 
força física contra a vítima, podendo ser uma lesão corporal ou vias de fato. 
 
A violência se divide em: 
a) direta (ou imediata) é usada contra a pessoa de quem se quer subtrair o bem; 
b) indireta (ou mediata) é empregada contra pessoas ligadas à vítima da subtração ou contra coisas ou 
animais. Desse modo, a violência pode ser empregada contra o titular da coisa subtraída ou contra terceira 
pessoa ou coisa/animal. 
 
A trombada (subtração por arrebatamento) pode ser furto ou roubo, a depender do caso concreto. Se o 
agente só quer desviar a atenção da vítima por meio de contato leve, há furto. Se o contato é brusco, 
configura violência física e roubo. Cf. STJ, REsp 778.800. 
 
A subtração de bem preso ao corpo da vítima é roubo (STJ, REsp 631.368). 
 
A violência imprópria ("meio subreptício") se configura na parte final do caput: "depois de havê-la [avítima], 
por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência". O legislador lançou mão da interpretação 
analógica. Violência imprópria significa meio de execução diverso da violência ou grave ameaça, mas que 
produz os mesmos efeitos: tirar da vítima a capacidade de resistência. Ex. embriagar a vítima, sonífero. A 
redação do tipo exige que o agente dolosamente coloque a vítima em impossibilidade de resistência. Se a 
vítima já estava sem resistência, não configura roubo. Ex. a vítima se embriagou. 
 
 
6. ROUBO IMPRÓPRIO OU POR APROXIMAÇÃO (ART. 157, §1º) 
 
COMPORTAMENTO ANTECEDENTE COMPORTAMENTO SUBSEQUENTE 
- Subtração. 
Obs. Pressupõe prévio apoderamento da coisa. 
- Violência. 
- Grave ameaça. 
Obs. Para assegurar a impunidade do crime ou a 
detenção. 
 
 Roubo próprio (caput) Roubo impróprio (§1º) 
Meios de execução Grave ameaça, violência à 
pessoa e violência imprópria 
Grave ameaça e violência à 
pessoa 
Momento do emprego do meio 
de execução 
Antes ou durante a subtração "Logo" após a subtração 
Finalidade do meio de execução Permitir a subtração do bem Assegurar a detenção do bem 
ou a impunidade do crime 
 
O roubo impróprio é um furto que, diante do caso concreto, se torna um roubo. 
- No roubo impróprio NÃO existe violência imprópria. 
- Ex.: o agente apodera-se da televisão dentro da casa vítima, vindo, ao sair, a encontrar a vítima, apontando 
a arma. 
 
Obs.: quando o agente ia se apoderar de televisão, o dono da casa aparece, vindo o agente a agredi-lo, 
saindo correndo. Nesse caso, haverá tentativa de furto em concurso com lesão corporal. Isso porque, se não 
houve prévio apoderamento, não há que se falar em roubo impróprio. 
 
 
7. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES 
Não existe roubo privilegiado, nem mesmo em caso de o agente ser primário e coisa de pequeno valor. Esse 
privilégio só existe para o furto (art. 155, §2º). Não se admite analogia. No Direito Penal, o privilégio só é 
possível nas hipóteses expressamente previstas na lei. 
 
 
8. TIPO SUBJETIVO 
- O caput é punido a título de: dolo + enriquecimento próprio ou alheio; 
- O §1º é punido a título de: dolo + (i) assegurar impunidade ou (ii) detenção da coisa para si ou para outrem. 
 
É irrelevante o motivo do crime. Não se exige a intenção de lucro (animus lucrandi). Não admite a 
modalidade culposa. 
 
- E se o agente agir com ânimo de uso? 
De acordo com o STF e o STJ, roubo de uso é crime, não importando se a real intenção do agente era subtrair 
para ficar ou subtrair apenas para usar momentaneamente. 
 
Rogério Greco entende que se o ânimo for de uso, não haverá crime. Isso porque, o roubo é formado por 
constrangimento ilegal + furto. Nesse sentido, como o ânimo de uso é incompatível com o furto, o agente 
somente poderia ser punido por constrangimento ilegal. 
 
 
9. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 
1) No caput (roubo próprio) 
O crime consuma-se com a subtração violenta, dispensando locupletamento do agente, isto é, não 
pressupõe posse mansa e pacífica (teoria da amotio). 
 
STF e STJ adotam a Teoria da Amotio ou Apprehensio, consoante a qual o crime se consuma no momento em 
que o agente obtém a posse da res furtiva, ainda que não seja mansa e pacífica e/ou haja perseguição 
policial, sendo prescindível que o objeto do crime saia da esfera de vigilância da vítima (STJ, AgRg no REsp 
1214179). 
 
“SÚMULA 582 DO STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de 
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e 
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. “ 
 
- A tentativa é possível. 
Ex.: o agente emprega violência ou grave ameaça, mas não consegue contato com a coisa. 
 
A destruição ou perda do bem subtraído culmina na consumação, independentemente da teoria adotada, 
vez que atinge imediatamente o patrimônio da vítima. 
 
No caso de prisão em flagrante de um dos agentes e fuga de outro agente com o bem há roubo 
consumado para ambos. O art. 29, caput, estabelece a teoria unitária no concurso de pessoas, de modo 
que quem concorre para um crime responde por ele, na medida de sua culpabilidade. 
 
 
2) No §1º (roubo impróprio) 
- O crime consuma-se com a subtração, seguida da violência ou grave ameaça. Nesse caso, também se 
dispensa a posse mansa e pacífica (teoria da amotio). 
 
O roubo impróprio é crime formal ("de consumação antecipada" ou "de resultado cortado"), bastando o 
emprego da violência ou grave ameaça com a finalidade específica, ainda que não se alcance essa 
finalidade. Ex. se o agente subtrai e emprega violência, mas apanha da vítima, tem-se consumação. Cf. STJ, 
HC 92.221. 
 
- No tocante à tentativa, há divergência. 
Para uma 1ª corrente (doutrina clássica), não se admite a tentativa, pois ou a violência é empregada, e tem-
se consumação, ou não é empregada, havendo mero crime de furto. 
 
Para uma 2ª corrente (doutrina moderna), admite-se a tentativa na hipótese em que o agente, após 
apoderar-se do bem, é impedido de empregar a violência. Ex. agente é imobilizado antes de alcançar uma 
barra de ferro com que agrediria a vítima. 
 
 
10. MAJORANTES PREVISTAS NO §2º 
As causas de aumento da pena (§2º) elevam de 1/3 até metade. 
Tem-se roubo circunstanciado, com causas de aumento. 
São aplicáveis para o roubo próprio e impróprio. 
Não se aplicam às figuras qualificadas do §3º. No §3º, os limites da pena já foram alterados em abstrato. 
 
10.1. Previsão Legal 
 
2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: 
I – REVOGADO – foi para o §2º -A com pena maior; 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
 
 
10.2. Hipóteses 
O §2º traz as hipóteses do roubo circunstanciado, com causa de aumento e deve esta em conforme com a 
súmula 443/STJ, que diz “o aumento deve ser fundamentado, não podendo considerar apenas o número de 
majorantes”, são elas: 
 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
O concurso de pessoas pode abranger a coautoria e a participação. É causa de aumento da pena, pois 
facilita a execução do roubo, há maior risco para a vítima. O roubo circunstanciado é um crime 
acidentalmente coletivo, podendo ser praticado por uma pluralidade de agentes ou não. Em caso positivo, 
configura modalidade mais grave. 
 
Basta que um dos agentes seja imputável. 
Se um maior e um menor de idade praticam crime, incide a causa de aumento da pena. O art. 244-B do ECA 
prevê o crime de corrupção de menor, que tipifica a conduta de corromper ou facilitar a corrupção de menor 
de 18 anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la. O agente maior responde pelo 
roubo circunstanciado e por corrupção de menor, em concurso de crimes. Não há bis in idem. Súmula 500/STJ: 
"A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se 
tratar de delito formal". O art. 244-B é crime formal, basta a conduta do menor para consumar o crime pelo 
maior. 
 
Se um dos agentes é desconhecido, incide o aumento da pena para o agente identificado. Pode ser provado 
por outros meios de prova. 
 
Não se exige que todos os agentes estejam no local do crime, nem que todos pratiquem atos de execução. 
Ex. roubo em condomínio, com informações dadas pelo empregado. 
 
A absolvição de um dos agentes não necessariamente exclui a causa de aumento do outro. Pode ocorrer de 
um dos agentes ser absolvido por negativa de autoria, mas subsistem provas de que o crime foi praticado em 
concurso. 
 
 
FURTO ROUBO 
- Pena de 01 a 04 anos. 
- Havendo concurso de pessoas, a pena passa a ser 
de 02 a 08 anos. - QUALIFICADORA 
A pena dobrou. 
- Pena de 04 a 10 anos. 
- Havendo concurso de pessoas, a pena é 
majorada de 1/3até 1/2. CAUSA DE AUMENTO 
A pena será, no máximo, aumentada de metade. 
 
Diante disso, há doutrinadores que sugerem a aplicação do art. 157, §2º, Inciso II ao furto numa verdadeira 
analogia in bonam partem. De todo modo, isso NÃO é admissível. Nesse sentido, a súmula 442 do STJ 
determina que: há impedimento de majorante de roubo no furto com qualificadora de concurso de agentes. 
 
 
 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. 
Que significa “estar em serviço”? 
A vítima deve estar prestando serviço a outrem. Quando a vítima estiver no transporte de bens próprios, não 
haverá a incidência da majorante. 
 
O transporte de valores pode ser realizado por dever de ofício (ex. carro-forte) ou acidentalmente. 
 
Que significa “valores”? 
A palavra “valores” deve ser entendida no seu sentido amplo. Nesse sentido, num roubo de caminhão de 
cervejas, haverá a incidência da majorante. Pode ser em dinheiro ou bens de outra natureza. 
 
O agente deve conhecer a circunstância do transporte. Isso evita responsabilidade penal objetiva. 
 
 
IV – se a subtração de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou exterior 
No furto, é qualificadora. No roubo, é causa de aumento. 
A subtração de veículo automotor exige resultado posterior à subtração. 
 
Depende de dois requisitos: 
a) o objeto material é veículo automotor. A definição de veículo automotor está no Anexo I do CTB (ex. 
motocicleta, jet-ski); 
b) transporte para outro Estado ou exterior. 
 
Observações 
Não configura aumento se partes do veículo forem transportados. 
Abrange também o DF. 
Exige a efetiva transposição das fronteiras. 
Se pegar ainda no Estado de origem não configura aumento. 
 
Que ocorre quando, havendo contrato exclusivo de transporte, o agente que roubou contrata terceiro para 
transportar o automóvel para outro Estado ou exterior? 
 
Três situações possíveis: 
a) terceiro contratado antes da subtração e ciente da sua prática. Configura as causas de aumento do 
concurso de pessoas e transporte para outro Estado/exterior (art. 157, §2º, II e IV); 
b) terceiro contratado após a subtração e ciente da origem criminosa do bem. Configura apenas receptação 
(art. 180); 
c) terceiro não tinha conhecimento da origem do bem. O terceiro não responde por qualquer crime, pois o 
fato é atípico. 
 
 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
 
A restrição da liberdade deve durar por tempo juridicamente relevante. O agente permanece com a vítima 
por tempo superior ao necessário para execução do roubo, seja para assegurar o produto do crime, seja para 
escapar da ação policial. Se mantém a vítima em seu poder somente para a execução do roubo, não incide 
causa de aumento. 
 
A restrição da liberdade não se confunde com privação da liberdade. Na privação da liberdade, o agente 
fica com a vítima em seu poder em tempo superior ao necessário para consumar a subtração, com total 
restrição da liberdade da vítima (ex. prender no porta-malas). Esta caracteriza o crime de sequestro ou 
cárcere privado (art. 148), podendo ou não cumular com o crime de roubo em outras modalidades. Cf. STF, 
HC 68.497/19913. 
 
 
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem 
sua fabricação, montagem ou emprego. 
 
 
 
10.3. Considerações Gerais sobre o §2º - CUMULAÇÃO DE MAJORANTES 
- O §2º determina que a pena é aumentada de 1/3 até a metade. 
 
Qual será o critério utilizado pelo juiz nesse aumento? 
Para uma 1ª corrente, quanto maior o número de causas de aumento, mais próxima da metade. 
Para uma 2ª corrente (súmula 443 do STJ), o aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de 
roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera 
indicação do número de majorantes. Nesse sentido, o juiz não conta o número de majorantes, mas sim as 
valora no caso concreto. 
 
 
3 "CARCERE PRIVADO - ROUBO DE VEÍCULO - CERCEIO NA LIBERDADE DE IR E VIR DA VÍTIMA. A manutenção da vítima, por curto espaço de tempo, no interior 
do veículo não consubstancia o delito de que cogita o artigo 148 do Código Penal. Exsurge como meio violento utilizado na implementação do roubo, isto 
visando retardar a comunicação do fato delituoso as autoridades. No caso, falta a autonomia indispensável a caracterização do crime, pois a vontade do 
agente e direcionada não, em si, a restrição da liberdade, mas a subtração violenta do veículo sem o risco de uma perseguição quase que imediata, ou seja, 
ao êxito do roubo". 
 
10.4. Majorantes do §2º A. 
 
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): 
 I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
 II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato 
análogo que cause perigo comum. 
 
 
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
Os fundamentos dessa causa são que o emprego de arma facilita a prática do crime, o emprego de arma 
representa maior risco à vítima e outras pessoas. 
 
- Basta o porte ostensivo? Há divergências. 
Para uma 1ª corrente (Luiz Régis Prado - majoritária na jurisprudência), é suficiente que o sujeito porte a arma 
ostensivamente, de modo que ameace a vítima. 
Já para uma 2ª corrente (Cezar Roberto Bittencourt), é necessário o emprego efetivo da arma, sendo 
insuficiente o simples porte. 
 
Em caso de concurso de pessoas com apenas um dos agentes com arma, a qualificadora incide para todos 
os agentes. 
 
 
Que significa arma? Há divergências. 
Para uma 1ª corrente (sentido estrito), arma é instrumento fabricado com finalidade bélica (arma própria). Ex.: 
Pistola. Faca de cozinha NÃO é arma. 
Já para uma 2ª corrente (sentido amplo - majoritária), arma é todo instrumento, com ou sem finalidade bélica, 
mas que sirva para o ataque ou defesa (arma imprópria). Ex.: faca de cozinha é arma. Ex.: pedra. 
 
A arma branca tem ponta ou gume, podendo ser própria ou imprópria. Punhal é arma branca própria. 
Machado é arma branca imprópria. 
 
Obs. Agora, com a alteração feita pela Lei nº 13.654/2018, o tipo penal somente aceita a arma de fogo como 
causa de aumento, cometendo roubo simples aquele que comete o crime com uma faca. 
 
- Arma de brinquedo gera majorante? 
O uso de arma de brinquedo ("arma fantasia" ou "arma finta") não configura causa de aumento. 
 
Súmula 174/STJ cancelada: "No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza o 
aumento da pena". No REsp 213.054/2001, o STJ cancelou a súmula. 
 
Passou a dominar o entendimento que o emprego de arma de brinquedo não aumenta a pena do roubo. A 
teoria objetiva (STF, HC 94.237/20084; STJ, HC 117.801) sustenta que a arma de brinquedo não é causa de 
aumento, por força dos princípios da lesividade (ofensividade), da taxatividade e da tipicidade plena. Arma 
de brinquedo não é "arma" e não representa risco à vítima. Pela teoria subjetiva, configura-se causa de 
aumento, pois há intimidação da vítima do mesmo modo. 
 
 
Haverá incidência da majorante com o emprego de arma verdadeira, mas desmuniciada? 
Com relação à arma desmuniciada existem dois posicionamentos: 
1º) STF: “É irrelevante saber se a arma de fogo estava ou não desmuniciada, visto que tal qualidade integra a 
própria natureza do artefato. Não se mostra necessária, ademais, a apreensão e perícia da arma de fogo 
empregada no roubo para comprovar o seu potencial lesivo - HC 102263; - majoritária 
 
2º) STJ: “A utilização de arma inidônea (constatado pela perícia), como forma de intimidar a vítima do delito 
de roubo, caracteriza a elementar grave ameaça, porém, não permite o reconhecimento da majorante de 
pena” - HC 175495. Rogério Sanches concorda com esse entendimento, vez que a potencialidade lesiva de 
arma de brinquedo é a mesma de uma arma desmuniciada. 
 
O uso de arma com defeito resulta emineficácia do meio utilizado. Em caso de ineficácia absoluta, não 
configura causa de aumento da pena. Se a ineficácia é relativa, há aumento de pena. Cf. STJ, HC 
247.669/20125. 
 
- É dispensável a apreensão e perícia da arma? 
 
4 "V - A arma de fogo, mesmo que não tenha o poder de disparar projéteis, pode ser empregada como instrumento contundente, 
apto a produzir lesões graves. VI - Hipótese que não guarda correspondência com o roubo praticado com arma de brinquedo". 
5 "Verificando-se que a arma de fogo empregada no cometimento do delito de roubo foi apreendida e periciada, tendo a perícia 
concluído pela sua inaptidão para a realização de disparos, mostra-se devido o afastamento da majorante em questão, dada a 
ausência de potencialidade lesiva do instrumento". 
Não há necessidade de apreensão e perícia da arma (STF, HC 96.099/2009)6. A causa de aumento da pena 
pode ser demonstrada por outros meios de prova. Ex. testemunhal, oitiva da vítima. Caso contrário, a causa 
de aumento só incidiria nos casos de prisão em flagrante. 
 
 
-É possível art. 157, §2º, Inciso I (emprego de arma) + art. 288, parágrafo único (associação criminosa)? 
Prevalece no STF ser possível a cumulação, pois são infrações independentes, protegendo cada qual bens 
jurídicos próprios. 
Nucci discorda desse posicionamento. Isso porque, para ele, caso haja cumulação, haverá bis in idem, deve 
responder pela associação armada que estava formada antes do roubo. 
 
 
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo 
que cause perigo comum. 
 
 
11. ROUBO QUALIFICADO - §3º 
 
11.1. Considerações Gerais 
 
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; 
se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. 
 
Os resultados qualificadores devem ser frutos da violência. NÃO há qualificadora quando os resultados são 
decorrentes da grave ameaça. As figuras qualificadas só existem quando há violência à pessoa (própria): "se 
da violência resulta lesão corporal grave ... morte". Não incidem quando decorrem de grave ameaça ou 
violência imprópria. Ex. agente aponta arma (grave ameaça) e a vítima morre de ataque cardíaco. Não há 
qualificadora. 
 
Entende-se que a violência deve ser dolosa e durante o roubo, ao passo que o resultado morte pode ser 
doloso ou culposo. Ex.: o latrocínio pode ser um crime doloso ou preterdoloso. Ex. agente atira na parede 
(violência dolosa) e a bala ricocheteia na parede e mata a vítima (morte culposa). Pode, portanto, ser crime 
preterdoloso, mas não o é necessariamente. 
 
A violência deve ser empregada durante o crime (nexo temporal), e em razão do crime (nexo causal). 
Faltando qualquer um desses fatores (fator-tempo e fator-nexo), não haverá roubo qualificado. 
Ex.: agente, duas semanas depois do roubo, mata uma testemunha que o reconheceu. Pois bem, nesse caso, 
NÃO se trata de roubo qualificado, pois não existe o fator-tempo. Haverá roubo + homicídio qualificado pela 
conexão. 
 
Somente o §3º, “in fine” é considerado hediondo, ou seja, apenas quando houver o resultado morte 
(latrocínio). 
 
Não incide sobre o §3º as causas de aumento previstas no §2º. De todo modo, as circunstâncias previstas no 
§2º podem ser consideradas pelo juiz na fixação da pena-base (mas NÃO servem como causa de aumento). 
As causas de aumento da pena (§2º) não se aplicam às qualificadoras do §3º, pela interpretação topográfica 
e pelo fato de as penas já serem abstratamente maiores na modalidade qualificada. 
 
STF, RHC 116676-MG, 2013: Aumento decorrente da existência de majorantes: se houver pluralidade de causas 
de aumento no crime de roubo, o juiz não poderá incrementar a pena aplicada com base unicamente no 
número de majorantes nem se valer de tabelas matemática com frações de aumento. Para se proceder ao 
aumento é necessário que o magistrado apresente fundamentação com base nas circunstâncias do caso 
concreto. 
 
A lesão corporal grave é usada pelo CP em sentido amplo, abrangendo a lesão grave propriamente dita (art. 
129, §1º) e a lesão gravíssima (§2º). A lesão leve é absorvida pelo roubo, pois é seu meio de execução. 
 
 
11.2. Latrocínio – Considerações Especiais 
 
O latrocínio tem a segunda maior pena privativa de liberdade do Brasil (20 a 30 anos), só perde para a 
extorsão mediante sequestro qualificada pela morte (24 a 30 anos). O latrocínio é crime hediondo. O latrocínio 
é crime complexo, pois resulta da fusão de roubo com homicídio. Também é crime pluriofensivo, pois ofende 
dois bens jurídicos: patrimônio e vida. 
 
A terminologia significa "matar para roubar". A palavra "latrocínio" não tem previsão no CP é criação 
doutrinária e jurisprudencial, e veio a ser positivada na Lei dos Crimes Hediondos (art. 1º, II, Lei 8.072/90). 
 
 
6 "ROUBO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE ARMA DE FOGO. APREENSÃO E PERÍCIA PARA A COMPROVAÇÃO DE SEU POTENCIAL OFENSIVO. 
DESNECESSIDADE. CIRCUNSTÂNCIA QUE PODE SER EVIDENCIADA POR OUTROS MEIOS DE PROVA". 
Trata-se de crime contra o patrimônio, qualificado pela morte (dolosa ou culposa). O fim buscado pelo crime 
é o patrimônio, ao passo que o meio utilizado para alcançar tal fim é a morte. 
 
- Trata-se de crime julgado pelo juiz singular (e NÃO pelo tribunal do júri). Nesse sentido, é o teor da súmula 
603 do STF segundo a qual: “a competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e 
não do tribunal do júri”. 
 
- Se a intenção inicial é a morte e, somente depois, o agente resolve subtrair os bens da vítima, NÃO haverá 
latrocínio. Nesse caso, haverá homicídio + furto. 
 
 
Quando um agente mata o outro para ficar com o produto do roubo há latrocínio? 
A doutrina entende haver concurso de roubo e homicídio qualificado (ao menos, pela torpeza), sendo 
julgado pelo tribunal do júri - e não latrocínio - quando um dos assaltantes mata o outro, para, por exemplo, 
ficar com todo o dinheiro subtraído, ainda que a morte ocorra durante o assalto. Isso porque, no caso, o 
resultado morte atingiu o próprio sujeito ativo do roubo. 
 
Por outro lado, se o agente efetua um disparo para matar a vítima, mas, por erro de pontaria, acaba atingindo 
e matando seu comparsa, o crime é de latrocínio. Nesse caso, ocorre a chamada aberratio ictus (art. 73), em 
que o agente responde como se tivesse atingido a pessoa visada. 
 
Que ocorre se houver pluralidade de vítimas numa só subtração, a exemplo do caso em que, para assaltar o 
carro, o agente mata o motorista e o passageiro? 
 
Há duas situações possíveis: 
 
1) Se o agente deseja subtrair patrimônio único e causa pluralidade de mortes: haverá um só crime de 
latrocínio. O fato de ter havido mais de uma morte servirá para agravar a pena na 1ª fase da dosimetria, com 
base nas consequências do crime, circunstância judicial prevista no artigo 59, CP. (STF, MAIORIA DA DOUTRINA 
- Cézar Roberto Bittencourt). 
 
2) Se o agente deseja subtrair pluralidade de patrimônios e causa pluralidade de mortes: haverá pluralidade 
de latrocínio cometidos em concurso formal (próprio ou impróprio, a depender das circunstâncias) (Tese 
institucional do MP de São Paulo). 
 
A jurisprudência do STF é firme no sentido de “configurar-se concurso formal a ação única que tenha como 
resultado a lesão ao patrimônio de vítimas diversas, e não crime único”, desde que no mesmo contexto fático 
(HC 91615). Tratando-se de crime contra o patrimônio, entende o STF que se houver várias mortes, mas apenas 
um patrimônio, trata-se de crime único de latrocínio (HC71267 e STF. 1a Turma. RHC 133575/PR, Rel. Min. Marco 
Aurélio, julgado em 21/2/2017 (Info 855). 
 
E a consumação? 
O latrocínio é um crime complexo, formado por subtração + morte. O que vai dizer se foi consumado ou não 
vai ser a morte. 
 
Obs. Crimes ultra complexos: Entende-se por crime ultra complexo quando um crime complexo éacrescido 
de outro, sendo que este serve como majorante ou qualificadora. Por exemplo, o crime de roubo praticado 
com o emprego de arma. 
 
Lembrar da Súmula 610/STF (“Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize 
o agente a subtração de bens da vítima”), de a acordo com a qual se infere que a consumação ou tentativa 
do latrocínio dependerá da consumação ou tentativa de morte da vítima, sendo indiferente a consumação 
ou tentativa da subtração. 
 
STJ, HC 201.175-MS, 2013: Latrocínio é o crime de roubo qualificado pelo resultado, em que o dolo inicial é o 
de subtrair a coisa, sendo que as lesões corporais ou a morte são decorrentes da violência empregada. 
 
Embora haja divergência, prevalece no STJ que, se o agente consegue subtrair o bem da vítima, mas não 
tem êxito em matá-la, há tentativa de latrocínio, desde que fique comprovado que havia o dolo de subtrair 
e o dolo de matar. Por esta razão, a jurisprudência do STJ pacificou-se no sentido de que o crime de latrocínio 
tentado se caracteriza independentemente da natureza das lesões sofridas pela vítima (leve, graves ou 
gravíssimas), bastando que o agente, no decorrer do roubo, tenha agido com desígnio de matá-la. Assim, 
como a gravidade das lesões experimentadas pela vítima não influencia para a caracterização da tentativa 
de latrocínio, pouco importa que o laudo pericial que atestou as lesões tenha irregularidades. 
 
 
SUBTRAÇÃO MORTE LATROCÍNIO 
Consumada Consumada Consumado 
Tentada Tentada Tentado 
Consumada Tentada Tentado 
Obs. No HC 91.585/RJ, a 2ª turma 
do STF decidiu que o fato melhor 
se subsume ao delito de roubo 
consumado em concurso com o 
crime de tentativa de homicídio 
qualificado pela conexão 
teleológica, remetendo o caso 
ao julgamento pelo Tribunal do 
Júri. 
Tentada Consumada 
Consumado 
Obs. Nesse sentido é o teor da 
súmula 610 do STF. 
 
Obs. Qual é a crítica que se faz a 
sumula 610 do STF? Rogério Greco 
ensina que a referida súmula 
desconsidera o conceito legal de 
crime consumado trazido pelo 
art. 14, Inciso I do CP (o crime se 
considera consumado, quando 
nele se reúnem todos os 
elementos de sua definição 
legal).

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