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Renato Nogueirol Lobo, Celina Trajano de Oliveira e André Junior de Oliveira Teoria da contabilidade Sumário 03 CAPÍTULO 4 – Técnicas Contábeis ...................................................................................05 Introdução ....................................................................................................................05 4.1 Mensuração e avaliação dos ativos ............................................................................05 4.1.1 Mensuração de ativos ......................................................................................06 4.1.2 Avaliação de ativos .........................................................................................09 4.2 Mensuração e avaliação do passivo ...........................................................................10 4.2.1 Mensuração dos passivos .................................................................................11 4.3 Avaliação do passivo ................................................................................................13 4.4 Mensuração e avaliação do patrimônio e de resultados ................................................14 4.4.1 Receitas..........................................................................................................15 4.4.2 Despesas ........................................................................................................16 4.4.3 Patrimônio líquido ...........................................................................................17 4.5 Tópicos especiais em mensuração dos ativos ...............................................................18 Síntese ..........................................................................................................................21 Referências Bibliográficas ................................................................................................22 Capítulo 4 05 Introdução Você já parou para refletir na quantidade de mudanças que ocorreram no mundo empresarial desde a Revolução Industrial? Estamos falando de formas de trabalho, de gestão, de adminis- tração de processos, produtos e pessoas. São muitas, não é mesmo? E com a Contabilidade não é diferente. Em meio a tantas alterações e novidades, esta área tem buscado adaptar-se à evolução do desenvolvimento das entidades, mesmo que isso não tenha acontecido na mesma velocidade que as atividades econômicas. Por exemplo, embora tenhamos muitos estudiosos bus- cando a identificação e a mensuração do ativo, este é um assunto extremamente controvertido entre os teóricos da área. Lembre-se de que a Contabilidade tem a finalidade de prover informações úteis aos usuários. No entanto, para cumprir esse objetivo, utiliza de suas funções/técnicas, tais como: identificar, mensurar, registrar e informar as mutações que ocorrem no patrimônio das empresas com o devido fundamento. E o que são as técnicas contábeis? Elas são o conjunto de procedimentos utilizados na ciência contábil para que os fins propostos sejam atingidos. Dessa forma, fica mais fácil compreender a escrituração, a avaliação e a mensuração. Quanto à mensuração, podemos dizer que ela é traduzida no que pretendemos representar, pois mensurar é o mesmo que medir, certo? Na Contabilidade, mensurar é traduzir monetariamente o valor econômico dos itens componentes do seu patrimônio. De acordo com Iudícibus (2009), o estudo dos ativos é tão importante que poderíamos dizer que é um capítulo fundamental da Contabilidade, visto que sua definição e mensuração estão liga- das aos múltiplos relacionamentos contábeis que envolvem tanto as receitas quanto as despesas. Importante observar que a mensuração a valores históricos sempre foi a base de avaliação mais tradicional utilizada em Contabilidade. Porém, ao longo do tempo, foi possível perceber que, para alguns tipos de ativos e passivos, o consenso do mercado resultou na introdução de outras bases, como o valor justo, provendo informações mais atualizadas nas demonstrações financei- ras mais condizentes com a atualidade. E quais serão nossos objetivos neste capítulo? Vamos distinguir as mais variadas técnicas con- tábeis, classificando as avaliações de ativos, passivos e do patrimônio líquido. Vamos começar? Então, acompanhe-nos e bons estudos! 4.1 Mensuração e avaliação dos ativos O que é ativo? É a parte positiva da posição patrimonial, que identifica em que os recursos foram aplicados, representa os benefícios presentes e futuros para a empresa. O ativo com- preende o conjunto de bens e direitos das organizações, possuindo valores econômicos e que podem ser convertidos em dinheiro, assim, proporcionando ganhos para as empresas. Essa é a definição mais conhecida, porém, na teoria da Contabilidade, ela foi aperfeiçoada, tendo um direcionamento mais filosófico. Vamos conhecer? De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC, 2011), os ativos são recursos controlados pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade. Para melhor entendermos o conceito de ativos, consideremos que o senhor Alexandre juntamente Técnicas Contábeis 06 Laureate- International Universities Teoria da contabilidade com a senhora Ana resolveram abrir um negócio. Ambos vendedores de uma concessionária de veículos, abriram uma revenda autorizada de veículos, denominada “Cia Automais Ltda.”. Ao abrirem a empresa, investiram a quantia de R$ 500.000,00 cada um, totalizando assim um capital social de R$ 1.000.000,00 para que, assim, pudessem dar início às atividades. O valor de imediato será aplicado nas seguintes situações: aquisição de mercadorias, no valor de R$ 800.000,00, adequação das instalações, no valor de R$ 100.000,00, e fundo fixo de caixa, no valor de R$ 100.000,00. Podemos afirmar que todo o valor investido se transformou em ativos da empresa, pois se espera que, com as vendas das mercadorias, tenhamos um benefício futuro. As instalações também serão peças chave na atividade da empresa e o fundo fixo de caixa será o capital de giro, aquele necessário para que a empresa tenha uma folga financeira no desenvolver de sua atividade. 4.1.1 Mensuração de ativos Como medimos os ativos? As contas pertencentes ao ativo são classificadas em ordem decres- cente do grau de liquidez, ou seja, quanto mais rápido forem realizadas, mais rapidamente podem ser convertidas em dinheiro. Desse modo, deve ser compreendido como o conjunto de recursos financeiros e econômicos administrados com o objetivo de gerar mais recursos finan- ceiros e econômicos, pois a finalidade de uma empresa é a obtenção de lucros, certo? E, como já vimos, o ativo é a aplicação de bens e direitos com o objetivo de maximizar e produzir lucro. Mas para que qualquer conta possa ser considerada um ativo, é preciso o atendimento aos se- guintes requisitos: • constituir bem ou direito para a empresa; • ser de propriedade/posse ou controle da sociedade; • ser passível de mensuração monetária; e • trazer benefícios ou, até mesmo, possuir expectativa de benefícios para a empresa. O maior exemplo de ativo seria o dinheiro, pois é o meio de troca da economia e sua liquidez é plena, sendo assim, é ativo por excelência. Conforme visto anteriormente na “Cia Automais Ltda.”, o valor ora investido constituiu-se como ativo. Para que as características de um ativo fiquem mais claras, vejamos um exemplo: Um prédio que perdeu seu valor como gerador de utilidade. Seu único valor está no sucateamento dos materiais de que é composto. Porém, se o custo de remoção for igual ou superior ao valor de liquidação dos materiais, o prédio não terá valor algum, não devendo ser um ativo, certo? Com relação ao controle, pensemos que a venda de uma instalação (o contrato de venda) leva a benefícios eco- nômicos futuros para o vendedor (contas a receber). Assim que uma empresa assina um contrato, gera um benefício econômico provável sob o controleda empresa. 07 Luca Bartolomeo de Pacioli, nascido em 1445, foi um monge franciscano e célebre matemático italiano. Ele é considerado o pai da Contabilidade moderna. Em 10 de novembro de 1494, foi descrito por ele, pela primeira vez, no livro Summa de Arithme- tica, Geometria, Proportioni et Proportionalità (Conhecimentos de Aritmética, Geome- tria, Proporção e Proporcionalidade), no capítulo “Tratactus de Computis et Scripturis” (Contabilidade por Partidas Dobradas), o famoso Método das Partidas Dobradas. Ele enfatiza que a teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos. Esse método teve rápida difusão, sendo universalmente aceito e adotado desde essa época. Fonte: www.socontabilidade.com.br VOCÊ O CONHECE? Outra observação importante é que, mesmo um ativo sendo aplicado de modo que o lucro da empresa seja maximizado, as contas do ativo grupo não se encerram com a apuração do resul- tado do exercício e podem ser debitadas ou creditadas, sendo o saldo sempre devedor, salva as devidas exceções que seriam as contas do ativo, tendo sua classificação em dois grupos: o ativo circulante e o ativo não circulante. De acordo com Hendriksen e Van Breda (2012), a mensuração é o processo de atribuição de valores monetários significativos a objetos ou eventos associados a uma empresa, e obtidos de modo a permitir agregação ou desagregação, quando exigida em situações específicas. Mesmo que em Contabilidade essa mensuração seja direcionada aos itens monetários, não podemos esquecer os itens não monetários que são possíveis também de mensurar: o processo de mensu- ração em termos de avaliação de atributos. Os pontos fortes e fracos das medidas serão reexa- minados à luz dos vários objetivos de divulgação financeira. A mensuração tem a premissa de garantir que todas as medidas utilizadas em Contabilidade tenham fidelidade de representação, ou seja, tenham correspondência ou concordância em uma medida ou descrição e o fenômeno que se destina a representar. Além disso, deve concentrar- -se na utilidade ou relevância para a Contabilidade, ou seja, a capacidade da informação de fazer alguma diferença em uma decisão, auxiliando os usuários a fazer predições a respeito dos resultados. De acordo com o CPC 00-R1 (2011), como bases de mensuração temos: custo histórico e custo corrente. O que é custo histórico? É aquele que representa o valor pelo qual um elemento do ativo foi adquirido, ou construído, sem que nenhuma atenção tenha sido dada à variação da ca- pacidade aquisitiva da moeda entre a data de aquisição e outra qualquer, possuindo as seguintes vantagens e desvantagens: 08 Laureate- International Universities Teoria da contabilidade VANTAGENS DESVANTAGENS Valor que melhor atende aos conceitos de objetividade e praticabilidade, além de contribuir para proteção do capital. Defasagem de valor provoca- da pela perda de poder aqui- sitivo da unidade monetária. Exige menos premissas defini- das pelo avaliador, indepen- dente do referencial pessoal, ou seja, da leitura de quem avalia o ativo. Os valores de entrada fragilizam-se com o tempo, caracterizados pela perda de potencial preditivo das demonstrações contábeis, devido à dinâmica do próprio meio em que é gerada. Os valores são verificáveis e comprováveis por docu- mentos que deram suporte à transação. Não reconhece perdas e ganhos quando realmente acontecem, mas somente quando são realizados. Forte relação com o fluxo de caixa. Defasagem de valor provoca- da pela perda de poder aqui- sitivo da unidade monetária. Quadro 1 – Vantagens e desvantagens da utilização do custo histórico. Fonte: Adaptado de Santos (1994); Vasconcelos e Silva (2002); Martins (2012). O que é o custo corrente? É aquele que representa o preço de troca que seria exigido hoje para obter o mesmo ativo ou um ativo equivalente. Por exemplo, quando a empresa fabrica o ativo, seu custo corrente é a soma dos custos correntes dos fatores que entraram na sua produção, possuindo as seguintes vantagens e desvantagens: VANTAGENS DESVANTAGENS Avaliação mais adequada do resultado operacional por meio da utilização de bases correntes. Nem sempre é possível en- contrar mercados que possam refletir, adequadamente, o valor dos ativos da empresa. Obtenção de uma aproxi- mação razoável do valor que deveria desembolsar para obter um ativo igual ou equivalente àquele objeto de avaliação. As variações de custos cor- rentes nem sempre refletem mudanças nos preços corren- tes de venda. Identificar a parcela do lucro que não pode ser distribuída em cada operação, desde que se queira reinvestir na continuidade do mesmo negócio. A contrapartida do ganho de utilidade, proporcionado pelo uso do custo corrente, representa uma redução nos níveis de praticabilidade e objetividade. Quadro 2 – Vantagens e desvantagens da utilização do custo corrente. Fonte: Santos (1994); Martins (2001). 09 4.1.2 Avaliação de ativos Conforme já vimos, os ativos podem ser classificados como circulantes e não circulantes, porém, dentro desses grupos, existem outras classificações. Vamos compreender isso melhor? O ativo circulante constitui-se no grupo de contas que registra aquelas do subgrupo disponível (caixa, bancos, conta, movimento e aplicações financeiras), os títulos negociáveis (como duplicatas a receber), os estoques e outros créditos de realização a curto prazo, tais como: os adiantamentos a fornecedores e funcionários da empresa. Entende-se por curto prazo aquelas contas com rea- lização (transformação em dinheiro) até o exercício seguinte (prazo de 12 meses seguintes ao do fechamento do balanço). No entanto, nas empresas em que o ciclo operacional, ou seja, aquele compreendido desde a aquisição da matéria-prima até o recebimento dos clientes, tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo. Consideremos que aquisição dos veículos pela ”Cia Automais Ltda.”, o pagamento dessa aquisição, a venda e o recebimento seja realizado no prazo de 70 dias. Dessa forma, o prazo a ser considerado como ciclo operacional segue o critério dos 12 meses, porém naquelas empresas, tais como as de construção civil e indústria naval, tem um ciclo mais demorado, po- dendo passar dos 12 meses. No ativo não circulante são registrados os direitos que serão realizados após o final do exercício (ano) seguinte (longo prazo), assim como os bens de uso para manutenção das atividades (ve- ículos, máquinas, imóveis, entre outros) e de renda da empresa (aluguéis, imóveis para vendas etc.). No ativo não circulante são incluídos todos os bens de natureza permanente (duráveis) cuja finalidade é o funcionamento das atividades da sociedade e do seu empreendimento. De acordo com a legislação vigente, o ativo não circulante está dividido em quatro grupos, sendo eles: o realizável a longo prazo, os investimentos, o imobilizado e o intangível. O ensaio teórico “Teoria da contabilidade: Evolução e tendências”, cujo autor é um importante teórico da contabilidade: Sérgio de Iudícibus. O estudo analisa aspectos relevantes relacionados à teoria da Contabilidade. Acesso o link e conheça mais: <www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/rcmccuerj/article/view/5389/4102> NÃO DEIXE DE LER... Os ativos são avaliados pelos critérios expostos no artigo 183 da Lei 6.404/1976, que estabe- lece que os direitos e títulos de crédito, como exemplo pode se dizer dos empréstimos efetuados, ou vendas a prazo para clientes e quaisquer valores mobiliários não classificados como investi- mentos em outras empresas, serão avaliados pelo valor justo (o que o mercado está disposto a pagar) ou pelo custo de aquisição. Caso o valor dos bens constantes no ativo imobilizado seja considerado defasado, a Lei 6.404/76 estabelece, também, que pode haver uma reavaliação desses ativos, sendo o valor da reavalia- ção do ativo imobilizado a diferença entre o valor líquido contábildo bem e o valor de mercado, com base em laudo técnico elaborado por três peritos ou entidade especializada. Contudo pode se afirmar que a reavaliação é a adoção do valor de mercado para os bens rea- valiados, em substituição ao princípio do registro pelo valor original. Os ativos da empresa, tanto aqueles com vida útil definida ou não, devem ser avaliados perio- dicamente pelo teste de impairment, que na prática é a mensuração dos ativos que geram be- nefícios presentes e futuros. O impairment é o instrumento utilizado para adequar o ativo a sua real capacidade de retorno econômico. Sendo aplicado em ativos fixos (ativo imobilizado), ativos 10 Laureate- International Universities Teoria da contabilidade de vida útil indefinida (goodwill), ativos disponíveis para venda, e investimentos em operações descontinuadas. 4.2 Mensuração e avaliação do passivo O patrimônio das empresas é composto por bens, direitos e obrigações. Por sua vez, estes bens e direitos são classificados no grupo intitulado ativo, enquanto as obrigações são classificadas no passivo. As obrigações também podem ser chamadas de exigibilidades, podendo ser próprias ou de terceiros. E qual a diferença entre elas? As obrigações próprias são aquelas oriundas de relação existente entre os sócios e a organização. Quer ver um exemplo? O momento em que os sócios integralizam o capital social, e que surgem recursos para que a empresa possa executar as suas atividades, porém a classificação da conta capital social no passivo seria um lembrete, a todo momento, de que aquele capital que foi investido é dos sócios e que a empresa existe graças a eles e, em um anseio de ampliar as suas próprias riquezas, viram uma oportunidade nessa personalidade jurídica. Durante muito tempo, os passivos foram considerados contrapartida dos ativos. Quando não havia débito, não havia crédito. Para que existisse um crédito, era necessário existir um débito correspondente, ou seja, para que houvesse uma conta a pagar, primeiramente, era comprado um bem, e quando era feita uma aquisição de recursos junto ao mercado, nesse caso, um em- préstimo só era registrado como dívida quando se lançava a aplicação desse recurso. Somente após isso resultava um passivo a pagar. Os créditos sempre vinham depois dos débitos. Porém, as circunstâncias têm forçado uma mudança importante de atitude: com o passar do tempo, os passivos assumiram sua posição de direito como medidas diretas de obrigações de empresas. Algumas circunstâncias, tais como o reconhecimento da magnitude e o crescimento das obriga- ções econômicas decorrentes de reestruturação societária, as crescentes obrigações decorrentes de benefícios de aposentadorias, os prêmios de milhagem de voos, os arrendamentos mercantis, e a existência de novos tipos de passivos (a votação do Código Florestal, no dia 25 de maio de 2012), motivaram uma importante mudança nessa relação. O aumento da diversidade de passivos tem sido alimentado, em parte, pelo uso de operações alavancadas em processo de reestruturação societária, mais especificamente em casos de fusões e aquisições. A PriceWaterhouse Cooper (PwC) faz levantamentos anuais sobre o assunto, con- forme gráfico a seguir: Figura 1 – Transações referentes à reestruturação societária, 2003/2015. Fonte: PwC, 2015. 11 De acordo com o Relatório da PwC e este gráfico, podemos observar que, no ano de 2015, 114 transações de reestruturação societária foram concluídas, um número inferior à média apresen- tada entre os anos de 2011 a 2014. Importante ressaltar que, no período compreendido entre os anos de fevereiro de 2014 e fevereiro de 2015, a desvalorização da moeda brasileira, com- parada com a moeda americana, pode ser entendida como uma vantagem para os investidores internacionais, porém, as incertezas do mercado brasileiro e a instabilidade política foram fatores de redução de credibilidade e, consequentemente, na redução dos volumes de fusões, cisões e incorporações. 4.2.1 Mensuração dos passivos Os passivos são as obrigações assumidas diante dos credores sendo eles de terceiros ou pró- prios, e de acordo com SFAC.6 (1986), passivos são prováveis porque podem ou não acontecer, sacrifícios futuros de benefícios econômicos decorrentes de obrigações presentes de uma dada entidade, quanto à transferência de ativos ou prestação de serviços a outras entidades no futuro, em consequência de transações ou eventos passados. Nesse conceito, é possível dimensionar os seguintes quesitos: • os sacrifícios futuros são obrigações presentes que, em determinado momento, deverão ser pagas; • estes sacrifícios serão financeiros; • as obrigações presentes são como um dever ou responsabilidade de agir ou desempenhar determinada tarefa; • a transferência de ativos ou prestação de serviço seriam o sacrifício propriamente dito, sendo formas de liquidação do passivo ora assumido; • transações ou eventos passados deixa bem claro que as ações já foram efetuadas. Como exemplo da situação acima citada, imagine que a “Cia Automais Ltda.” no ato do inves- timento dos sócios no capital social, no valor de R$ 1.000.000,00 está assumindo junto aos sócios a obrigação de, no futuro, reembolsá-los, ou seja haverá um sacrifício financeiro futuro, de ordem financeira. Segundo o CPC (2011), passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos. A obrigação presente caracteriza-se por evidência disponível de que é mais provável de que vai existir, surgem em decorrência de uma necessidade da empresa e não possuir dinheiro para tal aquisição, estas obrigações são advindas de eventos passados, visto que as obrigações são criadas quando a entidade não tem outra alternativa, senão liquidar a obrigação, gerada por meio evento passado, seja por imposição ou pelo fato de o mesmo criar expectativas válidas em terceiros, dada a prática da empresa. Por fim, e não menos importante, destacamos o conceito de Iudícibus (2009), em que trata o pas- sivo como sinônimo de exigibilidades, ressaltando que, em um sentido mais amplo, estaríamos nos referindo a todas as contas de saldo credor, constantes no lado direito do balanço patrimo- nial. Esta é uma definição mais condizente e óbvia, que concorda com os conceitos básicos de Contabilidade, deixando clara a noção de que exigibilidades são passivos, que ocupam o lado do Balanço Patrimonial, representativo das contas credoras. Em atenção ao CPC (2011), um requisito essencial para a existência de um passivo é que a entidade tenha uma obrigação presente, ou seja, um dever ou responsabilidade de agir ou fazer de certa maneira, podendo ser legalmente exigíveis em consequência de um contrato ou de re- quisitos estatutários, sendo normalmente as contas a pagar por mercadorias e serviços recebidos. 12 Laureate- International Universities Teoria da contabilidade As obrigações surgem também de práticas comuns de negócios, usos, costumes e o desejo de manter boas relações comerciais ou agir de maneira equitativa. Conforme apresentamos anteriormente, as obrigações presentes têm liquidação certa, uma vez que foram assumidas por meio de compromisso, assim, gerando uma responsabilidade de existir sacrifícios futuros, neste caso, a transferência de ativos para que as obrigações sejam liquidadas, sendo consideradas, portanto, como obrigações realizadas. Segundo Hendriksen e Van Breda (2012), essas características são, na verdade, combinações complexas de várias condições distintas, por exemplo, a obrigação presente, quando oriunda de despesas referentes ao próximo exercício, não pode ser considerada como passivo do exercício corrente. As obrigações têm que ser entre entidades, exclui o auto seguro de sua propriedade, impede que uma empresa crie uma reserva para a aquisição de propriedades futuras. Tendo que haver um momento no qual a obrigação será cumprida, não se pode incluiruma obrigação inteiramente em aberto como passivo. As obrigações podem ser classificadas em: legais, justas e construtivas. Acompanhe-nos para compreender melhor cada uma delas. • A obrigação legal é derivada de um contrato por meio de termos explícitos ou implícitos. Por exemplo: pode ser criada uma obrigação trabalhista, advinda de uma legislação específica, nesse caso, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). • As obrigações justas são resultado de limitações éticas ou morais, sendo que seu cumprimento pelas organizações independe de lei. Nesse caso, temos a clara definição da questão da consciência de responsabilidade social ou preocupação com a reputação da empresa, sendo muito importante na atualidade, uma vez que a preocupação com causas ambientais é bastante crescente. Por exemplo: podemos citar a restauração de área devastada pela empresa sem instrumento legal que obrigue sua execução. • As obrigações construtivas são aquelas resultantes dos costumes e das práticas negociais tradicionais. Acontecem quando as empresas, conscientes de sua responsabilidade social, estão interessadas em usar todos os meios necessários e disponíveis, visando, assim, proporcionar o bem-estar da comunidade na qual estão inseridas. Por exemplo: podemos citar a redução de uma contaminação para níveis inferiores aos exigidos pela legislação, visto que a empresa considera como sua responsabilidade diminuir tais riscos. Outro exemplo bastante atual é o caso do empresário Dan Price. De acordo com informações do jornal americano New York Times, o empresário aumentou o salário mínimo de sua empresa, localizada nos Estados Unidos, planejando, assim, aumentar o salário de todos os seus 120 funcionários. A explicação para tal feito é simplesmente o bem-estar de seus empregados. Interessante, não é mesmo? NÃO DEIXE DE VER... O professor José Carlos Marion, no vídeo “Aspectos da teoria da Contabilidade”, faz uma leitura sobre a teoria e as mudanças da teoria da Contabilidade ao longo do tem- po. Acesse e compreenda melhor o assunto no link: <www.youtube.com/watch?v=msnbsAfI188> Afinal, o que é mensurar? O termo significa determinar a medida, calcular, isto é, um sinônimo para a palavra “medir”. Os passivos são mensuráveis, ou seja, podem ser medidos, porém a de- terminação da medida foge das referências de medição padrão, não sendo medidos em metros, hectares e outras unidades de medidas. A mensuração do passivo pode ser feita por meio dos seguintes critérios: custo histórico, custo corrente, valor realizável, valor presente e valor justo. 13 Vamos compreender cada um deles melhor? Então, acompanhe-nos! • No custo histórico, os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa que serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações. Ou seja, é o valor propriamente dito da negociação que foi efetuada: em caso de contrato, seu valor nominal; em caso de nota fiscal emitida, o valor da nota fiscal. • De acordo com o critério custo corrente, os passivos são reconhecidos pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que se espera que seriam necessários para liquidar a obrigação se ela fosse quitada na data do balanço. Por exemplo: temos o valor atualizado do bem; é como se as dívidas fossem atualizadas para a data de fechamento do balanço patrimonial, em que pudessem incorrer acréscimos de valores até a data do balanço. • O valor realizável consiste no valor de realização ou de liquidação, sendo o valor atual de mercado. Por exemplo: podemos citar o caso da aquisição de um passivo; o valor obtido se na data do balanço patrimonial a obrigação for desfeita. • O valor presente refere-se ao valor histórico deduzido os ônus financeiros acrescentados na data do acordo. Por exemplo, podemos citar as compras a prazo, visto que em todas compras a prazo são adicionadas de custo financeiro; o registro é feito costumeiramente pelo valor total da nota fiscal, resultando, assim, em fornecedores. Resumindo: o valor presente é o valor total da nota fiscal menos o custo financeiro embutido nessa nota. • O valor justo refere-se ao valor que um ativo pode ser negociado ou ao valor que um ativo possa ser liquidado. Podendo as transações acontecerem entre partes interessadas, independentes entre si e com conhecimento do negócio, com ou sem fatores que pressionem a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória. Em resumo, pode-se dizer que o valor justo é o valor que o mercado está disposto a pagar pela aquisição de tal bem ou quanto está disposto a receber para que seja paga determinada obrigação. Outra classificação existente para os passivos são os contingentes. Contingência é uma condição ou situação em que o resultado final poderá ser favorável ou desfavorável, dependendo, assim, de eventos futuros incertos. Em Contabilidade, essa definição se restringe às situações existentes à data das demonstrações e informações contábeis, cujo efeito financeiro será determinado por eventos futuros que possam ocorrer ou deixar de ocorrer. No caso dos passivos, contingentes não devem ser registrados, porque são obrigações consideradas possíveis, visto que ainda há de ser confirmado se a entidade tem ou não uma obrigação presente que possa conduzir a uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos. Somente quando estiver efetivamente assegurada a sua obtenção é que devem ser reconhecidos contabilmente. 4.3 Avaliação do passivo De acordo com a Lei 6.404/76, os elementos que compõem o passivo serão avaliados confor- me os seguintes critérios: as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclusive imposto sobre a renda a pagar, com base no resultado do exercício, serão computados pelo valor atualizado até a data do balanço e as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na data do balanço. 14 Laureate- International Universities Teoria da contabilidade 4.4 Mensuração e avaliação do patrimônio e de resultados As receitas são o fluído vital da empresa e, na prática, a mensuração, o reconhecimento e o registro de receitas decorrem de definições comumente associadas a procedimentos contábeis específicos. Muitos autores recorrem a definições de receitas que não estão ligadas a uma defini- ção de lucro. Em lugar disso, apoiam-se em variações de ativos e passivos. O resultado é que o lucro tende a decorrer de definições de receita e despesa, e não o contrário. Assim, de um ponto de vista teórico, o reconhecimento de receitas e despesas tende a obedecer à prática usual, e não à prática ideal, para não falar da teoria. As empresas têm frequentemente feito uso das defici- ências de definições para apresentar cifras discutíveis a título de receitas, inflacionando o lucro. Tal como o termo receita, a despesa também é um conceito de fluxo. Porém, representa as va- riações desfavoráveis dos recursos da empresa. Dessa forma, as despesas são os custos assu- midos para gerar receitas. Contudo, frequentemente é difícil determinar uma associação entre receitas e despesas, de modo que diversas regras relativamente arbitrárias são utilizadas para reconhecimento das despesas. O resultado é comumente utilizado como medida de performance da empresa, tais como: o retorno do investimento ou o resultado por ação. Os elementos direta- mente relacionados com a mensuração do resultado são as receitas e as despesas. De maneira análoga, as empresas têm encontrado brechas com as quais evitam incluir certos itens, como despesa de determinado exercício, assim, inflacionando seu lucro. No passado, as discussões sobre a elaboração de demonstrações úteis para tomada de decisão resultou em duas abordagens, apresentadas no SFAC 6: ativos-passivos (direto) e receitas- despesas (indireto). Em funçãodas deficiências de interpretação do método indireto, o enfoque ativos-passivos prevaleceu, nos pressupostos de que garantia o cumprimento dos objetivos da Contabilidade. Pergunta: Sabendo que o ativo ocupa o lado positivo do balanço patrimonial e o pas- sivo o lado negativo, como se obtém uma situação líquida positiva? E uma situação líquida negativa? E uma situação líquida neutra? Resposta: Situação líquida positiva: quando ativo > passivo Situação líquida negativa: quando ativo < passivo Situação líquida neutra: quando ativo = passivo NÓS QUEREMOS SABER! À medida que uma boa evidenciação dos elementos constitutivos do patrimônio líquido possa auxiliar no discernimento dos interesses dos usuários, a principal finalidade das demonstrações contábeis estará sendo cumprida. Isto é, ajudar o investidor a avaliar a continuidade do negó- cio. Nesse sentido, o capital residual que é resultante da abordagem ativos-passivos remete à definição de patrimônio líquido, tendo efeitos importantes sobre mensuração, reconhecimento e manutenção dos elementos do patrimônio das empresas. 15 De acordo com a Lei 6.404/76, o patrimônio líquido é composto pelo capital social, pelas reser- vas de capital, pelos ajustes de avaliação patrimonial, pelas reservas de lucros, pelas ações em tesouraria e pelos prejuízos acumulados. Importante salientar que não existe uma forma de men- surar as reservas, uma vez que, conforme abordado anteriormente, os critérios de mensuração dos itens que compoem o patrimônio líquido são, na verdade, as mesmas bases de mensuração do ativo e passivo. O capital social corresponde ao investimento dos acionistas, podendo este ter sido em espécie ou em bens. As reservas de capital correspondem à contribuição dos investidores que ultrapassar o valor nominal das ações, ou seja, o ágio existente no valor de uma ação é classificado como reserva de capital. Os ajustes de avaliação patrimonial são a conta que tem a função de receber os valores que pertencem ao patrimônio da entidade e que tiveram seus valores revistos, ou seja, as correções dos valores de ativos e passivos em relação ao valor justo. As reservas de lucros são constituídas pelos lucros obtidos no decorrer das atividades da empre- sa, retidos com finalidade específica com base nos critérios estabelecidos, sendo feita a transfe- rência da conta lucros ou prejuízos acumulados para as respectivas reservas. Ações em tesouraria são àquelas emitidas por uma companhia e que foram posteriormente rea- dquiridas no mercado pela mesma companhia. Os motivos para tal fato são diversos, podendo ser como forma de obter ações para os programas de incentivo de empregados ou para serem dadas na forma de proventos aos acionistas da empresa, ou até mesmo para revende-las no futuro, ou seja, esperando um melhor momento de avaliação das ações para que assim esta seja melhor avaliada e vendida. Os lucros ou prejuízos acumulados representam os resultados acumulados obtidos decorrentes da atividade da empresa. Quando lucros foram retidos sem finalidade específica e quando prejuízo estão à espera de absorção futura, ou seja, caso o resultado seja positivo é feito a composição das reservas caso negativo, este valor fica sob controle até acontecer uma absorção específica. 4.4.1 Receitas As receitas representam produtos da empresa, medidas pela quantidade de novos ativos que são recebidos dos clientes, por meio do pagamento resultante das vendas dos produtos da empresa. Por meio delas, é possível distinguir as atividades produtoras de riqueza da empresa (atividades próprias tais como venda de mercadorias), das transferências inesperadas de riqueza decorrentes de doações ou eventos imprevistos, sendo esses eventos e transações de caráter significativamen- te diferente das atividades típicas ou usuais da entidade, os quais não devem ocorrer frequen- temente nem serem considerados fatores recorrentes na avaliação do processo operacional da empresa. Como exemplo, tem-se a venda de determinado bem, aquele que um dia foi útil nas atividades empresariais e na atualidade apenas ocupa espaço. Todas as atividades, sejam relacionadas ou não às atividades produtoras de riqueza da empresa, seriam incluídas na categoria geral de receita, resultando, assim, em uma visão mais abrangente das receitas. O critério de que ela deve ser medida pelo valor presente do dinheiro ou do equiva- lente monetário a ser finalmente recebido pressupõe que as devoluções de vendas, os descontos concedidos aos clientes e outras reduções do preço faturado (impostos sobre as vendas) devem ser traduzidos da receita resultante de transações específicas, dessa forma, devem ser tratados como as reduções de receita e não como despesa. Quando os bens ou serviços forem objeto de troca ou permuta por bens ou serviços de natureza e valor semelhantes, a troca não é vista como transação que gera receita. Por outro lado, quando os bens são vendidos ou os serviços são prestados em troca de bens ou serviços não semelhan- tes, tais trocas são vistas como transações que geram receita. Vejamos um exemplo: citações 16 Laureate- International Universities Teoria da contabilidade envolvendo petróleo ou leite em que os fornecedores trocam ou realizam permuta de estoques em vários locais para satisfazer a procura. A maior parte das mensurações contábeis baseia-se em fluxos de caixa passados, presentes ou esperados. As receitas são, geralmente, medidas em termos do valor líquido de numerário que se espera receber em função da venda de bens ou da prestação de serviços. Uma vez que a receita é uma parte do lucro, as regras de reconhecimento de receitas fazem parte das regras de reconhecimento do lucro. Ainda com relação às receitas, a determinação de quando foi obtida e realizada é essencial, portanto, para o entendimento de quando o lucro deve ser reconhecido. Um item deve ser reco- nhecido como receita de uma empresa quando é parte do produto da organização, quando pode ser medido, quando possui valor preditivo ou valor como feedback, e quando pode ser verificado com precisão. Ainda, as regras gerais de reconhecimento em Contabilidade dizem que o item deve corresponder à definição do elemento e ser mensurável, relevante e confiável. 4.4.2 Despesas De acordo com o SFAC 6, as despesas são saídas ou outros usos de ativos ou ocorrências de passivos (ou ambos) para entrega ou produção de bens, prestação de serviços ou realização de outras atividades que representem as principais operações em andamento da entidade. As recei- tas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos, ou aumento ou diminuição de passivos que resultam em aumentos do patrimônio líquido e não se confundem com os que resultam de contribuições dos proprietários da entida- de. Por outro lado, as despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída de recursos, ou redução de ativos, ou existência de passivo que resultam em decréscimo do patrimônio líquido e não se confundem com os que resultam de dis- tribuições dos proprietários da entidade. Ao falar de despesas, é importante falar em perdas, sendo estas as reduções de ativos líquidos, originadas de transações periféricas, aquelas que acontecem fora do ambiente da empresa, tais como a incidência de uma multa ou incidentais, aquelas envolvidas nas atividades de uma enti- dade, como exemplo pode se citar a quebra de uma peça e de todas as outras transções, eventos ou circunstâncias que afetam a entidade. As perdas representam outros itens que se enquadram na definição de despesas e podem ou não surgir no curso das atividades ordinárias da entidade, representando decréscimos nos benefícios econômicos e, como tal, não são de natureza diferen- te das demais despesas. De acordo com Silva e Niyama (2011), podemos afirmar que a diferença básica entre receitas e perdas consiste no seguinte: por meio das despesas, temos a obtenção de receita,estando estritamente vinculadas, enquanto que as perdas, em sua essência, não geram benefício futuro e não estão vinculadas à receita. Por fim, é importante destacar que é preciso distinguir despesas e reduções de receitas. As devoluções, os descontos e as perdas com clientes devem ser tratados como reduções da receita bruta, e não como despesas. No entanto, nenhum deles representa o uso de bens ou serviços para gerar receitas; cada um representa uma redução do valor a ser recebido em troca do produto. De forma geral, podemos dizer que o grande fato gerador de despesa é o esforço continuado para produzir receita, já que tanto despesa é consequência de receita, como receita pode derivar de despesa, ou melhor dizendo, a receita futura pode derivar de gastos passados ou correntes (futuros). Pensemos na seguinte situação: certa empresa adquiriu 10 camisetas pelo valor de R$ 210,00, e vende os itens para o cliente Xpela quantia de R$ 300,00 à vista. Como a venda foi à vista, ele 17 concedeu desconto de 10%. Diante disso, registra-se como vendas o montante de R$ 300,00; como deduções da receita o desconto concedido no valor de R$ 30,00; e como custo de mer- cadoria vendida, o valor de R$ 210,00. Dessa forma, a empresa obteve o lucro de R$ 60,00 (300-30-210). 4.4.3 Patrimônio líquido De acordo com Tostes (2009), o patrimônio líquido está diretamente relacionado com os elemen- tos da equação patrimonial. Em uma formulação geral, a soma do ativo representa o patrimônio dos financiadores do ativo. Patrimônio líquido é o valor residual dos ativos da entidade, depois de deduzidos todos os seus passivos. Em uma empresa, o patrimônio líquido é o Direito do Pro- prietário. Iudicibus (2010) relaciona que o patrimônio líquido contém elementos que constituem os iin- teresses residuais em casos de liquidação; os interesses em participar em distribuição de divi- dendos e fluxos de caixa; os direitos de participação no patrimônio líquido de uma entidade em continuidade, com direito de venda ou aumento de sua participação. Quando o empresário diz que o “patrimônio de minha empresa” é de dez milhões de reais, ele quer dizer o “ativo de minha empresa” é de dez milhões de reais. Ativo e patrimônio são usados como sinônimos. “Meu patrimônio na empresa” é de dez milhões: podemos interpretar como o capital que ele tem investido na empresa é de dez milhões. Nesse caso, patrimônio significa a parcela de capital que o investidor considera como seu direito de propriedade. As principais fontes do patrimônio líquido são: os valores pagos por acionistas; o excesso de lu- cro líquido sobre dividendos pagos (reservas); os valores resultantes de reavaliações e correções de ativos; as doações para investimentos realizados por terceiros. O patrimônio líquido pode ser representado graficamente da seguinte forma: Patrimônio líquido Capital Capitalsocial Reservas de capital Reservas de lucros Reservas Ajustes de avaliação patrimonial Ações em tesouraria Prejuízos acumulados Figura 2 – Demonstração gráfica do patrimônio líquido. Fonte: Iudicibus, 2009. 18 Laureate- International Universities Teoria da contabilidade 4.5 Tópicos especiais em mensuração dos ativos O ativo é dividido em circulante e não circulante, sendo que, no Não circulante, são classificados os bens e direitos realizáveis em prazo superior ao exercício seguinte. Estes bens são classificados em três subgrupos: investimentos, imobilizado e intangível. Acompanhe-nos para conhecê-los melhor. O ativo imobilizado é formado pelo conjunto de bens necessários para a manutenção das atividades da empresa, caracterizados por apresentarem-se na forma tangível, isto é, palpável (edifícios, máquinas, equipamentos, veículos, entre outros), abrangendo, também, os custos das benfeitorias realizadas em bens locados ou arrendados. No imobilizado, ainda são classificados os recursos aplicados ou já destinados à aquisição de bens de natureza tangível, mesmo que ainda não em operação, tais como: construções em andamento, importações em andamento etc. sejam mantidos por uma entidade para uso na produção ou na comercialização de mercadorias ou serviços, para locação, ou para finalidades administrativas; tenham a expectativa de serem utilizados por mais de 12 meses; exista a expectativa de auferir benefícios econômicos em decor- rência da sua utilização; e que possa o custo do ativo ser mensurado com segurança. Os ativos imobilizados são passíveis de depreciação e, para que você saiba mais so- bre o assunto, Leia este material intitulado “A depreciação segundo os critérios da Lei 11.638/2007”. Disponível em: <www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/depre- ciacao_lei11638.htm>. NÃO DEIXE DE LER... Quais contas compõem o grupo imobilizado? Imóveis que fazem parte da empresa e que podem ser utilizados para o desenvolvimento das atividades necessárias, assim como os terrenos de uso da empresa. As edificações, isto é, as construções de uma forma geral, por exemplo, casas, prédios, viadutos e indústrias também estão no grupo imobilizado. Resumindo: é uma forma ge- nérica de se referir às construções. As máquinas e equipamentos são aqueles que a empresa usa para desenvolver as suas atividades. Vejamos o exemplo de uma padaria, onde o padeiro precisa usar as máquinas de fazer pães em grande escala para desenvolver o produto que venderá. Os móveis e utensílios são aqueles usados na empresa, como as mesas e cadeiras da sala da administração, os utensílios de uma empresa de restaurante (garfos, facas, pratos, colheres), entre outros. Os veículos são os carros, motos, camionetes, caminhões etc. que são usados para o desenvolvimento da organização, seja para entrega de produtos, deslocamento dos funcionários e para qualquer outra atividade da empresa. As ferramentas compreendem qualquer instrumento utilizado para a realização de determinados trabalhos. Servem para facilitar a realização de uma tarefa mecânica que requer o uso de força. Como exemplo, temos as chaves de fenda, alicate, martelo, entre outros. Como calcular o custo de um bem do imobilizado? É preciso considerar: • o preço de compra; • (+) impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra; 19 • (-) descontos comerciais e abatimentos; • (+) custos diretamente atribuíveis para instalar e colocar o ativo em condições operacionais para o uso pretendido. Como exemplos de custos diretamente atribuíveis existem os custos com empregados, incluindo todas as formas de remuneração e encargos proporcionados por uma entidade a seus funcio- nários ou a seus dependentes originados diretamente da construção ou da aquisição do item do imobilizado; o custo da preparação do local; o custo de entrega inicial e manuseio; o custo de instalação e montagem; o custo de testes para verificação do funcionamento do bem, deduzido das receitas líquidas obtidas durante o período de teste, tais como amostras produzidas quando o equipamento era testado; e os honorários profissionais. Importante salientar que o custo estimado para desmontar e remover o ativo, deve considerar a restauração o local no qual na qual o bem estava instalado, permitindo assim que este es- paço seja utilizado novamente. Por fim, o custo de um bem do imobilizado é o preço pago ou equivalente na data da aquisição. Os encargos financeiros de empréstimos e financiamentos de terceiros para a construção ou montagem de bens do imobilizado devem ser capitalizados até o momento em que o bem estiver em condições de operação. Os bens corpóreos registrados no ativo imobilizado são passiveis de depreciação. O que signi- fica isso? Corresponde ao encargo periódico que determinados bens sofrem seja por uso, obso- lescência ou desgaste natural. A taxa anual de depreciação de um bem será fixada em função do prazo, durante o qual se possa esperar utilização econômica. A quota de depreciação a ser registrada na escrituração contábil da pessoa jurídica, como custo ou despesa operacional, serádeterminada mediante a aplicação da taxa de depreciação sobre o valor do bem em reais. É importante observarmos que o limite de depreciação é o valor do próprio bem. Dessa forma, deve-se manter um controle individualizado por bem, do tipo “ficha do imobilizado” ou “planilha de item do imobilizado”, para que o valor contabilizado da depre- ciação somado às quotas já registradas anteriormente não ultrapasse o valor contábil do respec- tivo bem. Como exemplo, citamos uma empresa que possui um veículo para uso comercial, de acordo com critérios estabelecidos pela Receita Federal do Brasil, por meio da IN SRF 162, de 1998, que diz que a vida útil dos veículos é de quatro anos, contudo seu percentual de deprecia- ção é de 25% ao ano (100% dividido por 4 pela vida útil). Ou seja, ao longo de o anos o veículo estará totalmente depreciado. Em termos numéricos, caso este veículo tenha sido adquirido por R$ 100.000,00, vai ser depreciado em R$ 25.000,00 ao ano e, ao longo de quatro anos, será totalmente depreciado. O ativo investimentos são as participações em caráter permanente em outras empresas, assim como os direitos de qualquer natureza que não são classificados no ativo circulante e que não se destinem à manutenção da atividade da empresa investidora. Com relação aos investimentos, é importante destacar o que seria influência significativa, que pode ser entendido como o poder de participar nas decisões de políticas financeiras e operacionais da investida, sem controlar de forma individual ou conjunta essas políticas. Portanto, em casos em que os investimentos efetu- ados em participações societárias representem percentual acima de 20% do patrimônio líquido das entidades investidas, há a existencia de influência significativa. E o que são bens intangíveis? São os bens que não podem ser tocados ou vistos, já que são incor- póreos, isto é, não têm corpo. Eles possuem valor econômico, mas carecem de substância física (material), tendo o valor patrimonial nos direitos de propriedade imaterial que são conferidos a seus possuidores. De acordo com o inciso VI do artigo 179 da Lei 6.404/76 (incluído pela Lei 11.638/2007), as contas no intangível serão classificadas da seguinte forma: "Os direitos que 20 Laureate- International Universities Teoria da contabilidade tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido.” Por meio do CPC, foi aprovado o CPC 04, que trata de ativos intangíveis. Essa norma diz que as entidades devem seguir as novas definições para o novo tratamento contábil dos ativos intangí- veis, assim como seguir os critérios para seu o reconhecimento e mensuração, além de analisar e efetuar as divulgações específicas referentes a esses ativos. O que isso significa na prática? Que a empresa deve reconhecer um ativo intangível somente se determinados critérios forem atendi- dos, além de especificar como devem ser avaliados e quais são as divulgações necessárias para esse novo subgrupo do ativo. É importante saber que o intangível passou a existir e fazer parte do balanço patrimonial com a chegada da Lei 11.638/2007. O livro Avaliação dos ativos intangíveis dos autores Jose Luiz dos Santos e Paulo Shi- midt,. Nele, os autores discorrem sobre vários aspectos de itens do ativo, tais como: avaliação de ativos intangíveis, goodwill, capital intelectual, marcas e patentes, pro- priedade intelectual, pesquisa e desenvolvimento. NÃO DEIXE DE LER... O maior exemplo de bem intangível é o goodwill, que pode ser definido como o capital intelec- tual das organizações, surgido, na maioria das vezes, em função da aquisição de uma empresa por outra. O goodwill é normalmente a diferença entre o que uma empresa paga para adquirir outra e o valor patrimonial dessa mesma empresa. Podemos afirmar que o goodwill é o reflexo do valor intangível de uma empresa que se consubstancia, por exemplo, no valor da sua marca, na sua carteira de clientes, nos seus recursos humanos, o ponto onde é estabelecida, entre outras características, que podem, assim, agregar valor àquela empresa. Vejamos o exemplo de uma empresa que tenha um capital próprio (valor patrimonial) reduzido, mas que tenha uma carteira de clientes muito vasta ou inovações tecnológicas no seu processo produtivo, que lhe permitam antever um grande crescimento. Então, dizemos que elaterá um grande goodwill. De acordo com Cavalcanti (2012), os ativos intangíveis são usados na manutenção dos negó- cios e diferenciam-se do imobilizado por não terem existência física, além do goodwill. Outros exemplos de intangível são as marcas (aquisição de marca de um produto bastante conhecido no mercado) e patentes (fórmulas de novos produtos); os gastos de organização; os direitos autorais de livros, revistas e produções artísticas; licenças para empresas de telecomunicações; direitos de concessão ou explorações de serviços de água, esgoto, eletricidade e transporte de jazidas de petróleo ou de minas; e os gastos com pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. O patrimônio das empresas tem sua mensuração e avaliação fundamentada na Lei 6.404/76, que estabelece a classificação nos grupos de controle (ativo e passivo) e resultado (receita e despesa). No decorrer das atividades da empresa, esses grupos interagem entre si de forma a maximizar o patrimônio dos sócios. O capital social, aquele originado no investimento efetuado pelos sócios no início das atividades, é aplicado em bens, direitos e obrigações, de forma que, dependendo da dinâmica apresentada no texto na elaboração do balanço patrimonial e da de- monstração do resultado do exercício, tem-se o resultado para aquele período apurado. Caso as receitas sejam superiores às despesas, o resultado é positivo, ou seja, representa que houve lucro. Se ocorrer o inverso, o resultado é negativo, então temos prejuízo. 21 Síntese Neste capítulo, você pôde compreender que: • a Contabilidade é uma ciência social aplicada, que registra e informa as mutações ocorridas no patrimônio de pessoas físicas e jurídicas. • a mensuração é uma das principais técnicas utilizadas, a qual consiste em traduzir monetariamente o valor econômico dos itens componentes do patrimônio das organizações. • o balanço patrimonial é composto por ativos, passivos e patrimônio líquido. • o ativo é a parte positiva da posição patrimonial, identificando em que os recursos foram aplicados. • o passivo é a parte negativa do balanço patrimonial. Nele constam as obrigações, também chamadas de exigibilidades, podendo ser próprias ou de terceiros. • as obrigações próprias são aquelas oriundas de relação existente entre os sócios e a organização. Por outro lado, as obrigações para com terceiros são aquelas assumidas no decorrer da atividade empresarial com os fornecedores, com as instituições bancárias, governo e outros credores. • as receitas são transferências resultantes de ingressos nas empresas provenientes das atividades operacionais das organizações. • as despesas são decréscimos nos benefícios econômicos, durante o período contábil, sob a forma de saída de recursos, redução de ativos ou existência de passivo, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido, e não se confundem com os que resultam de distribuições dos proprietários da entidade. Síntese 22 Laureate- International Universities Referências BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Dis- ponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 07 jul. 2015. ______. Lei 11.638, de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Aces- so em: 07 jul. 2015. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOSCONTÁBEIS. CPC 00 R1 - Estrutura Conceitual para a Ela- boração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Disponível em: <http://static.cpc.me- diagroup.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2015. _________. CPC 04 R1 – Ativo Intangível. Disponível em: <http://static.cpc.mediagroup.com.br/ Documentos/187_CPC_04_R1_rev%2006.pdf>. Acesso em: 06 jul.2015. _________. CPC 15 R1 – Combinação de negócios. Disponível em: <http://static.cpc.media- group.com.br/Documentos/235_CPC_15_R1_rev%2006.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2015. CAVALCANTI, Marcelo Almeida. 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