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Curso Gratuito Controle de 
Infecções em Serviços de 
Saúde 
 Carga horária: 55hs 
 
 
 
 
 
Conteúdo Programático: 
 
A infecção relacionada à assistência à saúde 
Principais infecções relacionadas à assistência à saúde 
Vigilância Epidemiológica 
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) 
Programa de Controle de Infecção Hospitalar 
Os serviços de saúde 
Segurança dos profissionais de saúde 
Imunização dos profissionais de saúde 
Os resíduos dos estabelecimentos de saúde 
A história e as leis que regem o controle de infecção 
Prevenindo infecções 
Cuidados com os instrumentos 
A limpeza do ambiente 
Medidas preventivas de infecção relacionada à assistência à saúde 
Precauções para os profissionais de saúde 
Higienização das mãos 
Bibliografia 
 
 
 
 
 
 A Infecção relacionada à Assistência à Saúde 
 
 Infecções são doenças causadas por micro-organismos que 
entram no corpo do ser humano, ou outro animal, causando sérias 
consequências. Os seres vivos que têm seu corpo invadido por 
esses micro-organismos nocivos são chamados de hospedeiros. 
 Este micro-organismos podem ser representados por fungos, 
bactérias, vírus ou mesmo vermes e eles necessitam de outro seres 
vivos para sobreviver, por isso são chamados de parasitas. 
 Quando os micro-organismos já estão no interior do 
corpo do hospedeiro, eles se reproduzem e alcançam outros 
órgãos, ou mesmo o corpo todo quando entram na corrente 
sanguínea. 
 Sempre que um parasita invade o corpo de outro ser vivo, ele 
vai causar uma doença. Se o hospedeiro vier a falecer, os parasitas 
morrem com ele, a não ser que tenham conseguido deixar 
descendentes em outros locais. 
 A Infecção Relacionada à Assistência à Saúde, IrAS, é uma 
infecção que vai ocorrer no período de internação do paciente. Em 
alguns textos será encontrado o termo Infecção Hospitalar, IH, 
entretanto, trata-se do mesmo assunto. 
 Atualmente, busca-se a substituição do termo Infecção 
Hospitalar por Infecção Relacionada à Assistência à Saúde pelo 
fato de esse último ser mais abrangente , incluindo também as 
infecções adquiridas em ambulatórios, durante cuidados feitos 
em casa e as que acometem os próprios profissionais da saúde. 
 Antes de ingressar no estabelecimento de saúde, o 
paciente não apresentava quatro infeccioso e, por conta de 
algumas condutas profissionais ou outros fatores, adquiriu a 
infecção no estabelecimento. 
 
 Um estabelecimento de saúde, de acordo com o Portal Geo, é 
o “estabelecimento que presta serviços de saúde com um mínimo 
de técnica apropriada, segundo critérios estabelecidos pelo 
Ministério da Saúde, para o atendimento rotineiro à população, 
como posto de saúde, centro de saúde, clínica ou posto de 
assistência médica, unidade mista, hospital (inclusive de 
corporações militares), unidade de complementação diagnóstica e 
terapêutica, clínica radiológica, clínica de reabilitação, ambulatório 
de sindicato e clínica odontológica”. 
 Nos estabelecimentos de saúde existem três áreas 
classificadas de acordo com o risco de infecção. São elas: 
 
 - Áreas críticas: são as que oferecem maior risco de infecção 
por conta do estado mais crítico dos pacientes ou por conta dos 
procedimentos invasivos lá realizados. 
 Exemplos de áreas críticas: área de isolamento de pacientes, 
salas de cirurgia, salas de parto, unidade de quimioterapia, Centro 
de Tratamento de Queimados (CTQ), laboratório, área do 
atendimento emergencial, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), etc. 
 
 - Áreas semicríticas: são as áreas em que há pacientes 
internados ou aguardando atendimento, mas que não estejam 
em situação de contaminação. Aqui o risco de infecção é menor do 
que nas áreas críticas. 
 Exemplos de áreas semicríticas: enfermaria, ambulatório, 
consultórios médicos, etc. 
 - Áreas não-críticas: são as áreas em que os pacientes não 
têm acesso. Nesse caso, o risco de contaminação é quase zero, o 
que pode causar uma infecção nessas áreas é a falta de higiene 
adequada. 
 Exemplos de áreas não críticas: áreas 
administrativas, salas de reunião, auditório, banheiro/vestiário dos 
funcionários, etc. 
 As IrAS são diagnosticadas depois de transcorridas 72 
horas da internação ou mesmo depois da alta hospitalar, quando o 
paciente já está em casa, mas nesse caso, a infecção deve ter 
relação com algum procedimento realizado no estabelecimento de 
saúde. 
 Se a infecção ocorrer antes do período de 72 horas, só 
será considerada hospitalar se tiver relação com algum 
procedimento diagnóstico e/ou terapêutico, realizados durante este 
período de internação. 
 O paciente que adquirir uma infecção em um estabelecimento 
de saúde pode permanecer mais tempo internado, o que torna a 
internação mais custosa e arriscada. As infecções também podem 
ser muito severas levando o paciente a óbito. 
 Elas são responsáveis por muitas mortes de pacientes 
internados ou por deixar algumas sequelas, caso o paciente 
sobreviva. Entretanto, a medicina tem evoluído muito, salvando 
muitas vidas. 
 A transmissão das infecções nos estabelecimentos de saúde 
pode acontecer por várias razões. O estado do paciente também 
influencia muito na evolução da infecção, ou seja, se ele estiver 
com o sistema imunológico debilitado, certamente sofrerá com a 
infecção. 
 Outros fatores que aumentam o risco de contrair infecção são: 
 - o histórico médico do paciente, ou seja, que tratamentos já 
fez e que medicamentos já fez uso; 
 - agressões tóxicas, ou seja, se o paciente usa álcool, drogas, 
ou se usou algum medicamento ou contraiu doença que causou 
algum dano; 
 - o tempo de internação do paciente; 
 - os hábitos de higiene dos profissionais de saúde, e outros. 
 
 Os micro-organismos que causam infecções podem estar 
presentes nas mãos das pessoas, na água ou alimentos 
contaminados, no ar, na poeira, na saliva e em outros locais. 
 De acordo com o portal do Hospital Albert Einstein, os riscos 
de se contrair uma infecção podem ter relação com: 
 - Os cuidados prestados: quando os micro-organismos 
estão presentes nas mãos dos profissionais de saúde que não 
fizeram a devida higienização, no ambiente e até mesmo no 
organismo do paciente. 
 Nesses casos, os procedimentos invasivos, que são aqueles 
em que é necessário perfurar a pele ou fazer uma abertura, são a 
porta de entrada para os micro-organismos. 
 Se o ambiente, as mãos do profissional, ou os instrumentos 
cirúrgicos não estiverem desinfetados e esterilizados há um grande 
risco de contaminação, já que é pela abertura na pele que os micro-
organsmos invadem o cporpo do hospedeiro. 
 A prevenção de algumas dessas infecções, especialmente as 
que ocorrem após cirurgias, podem ser prevenidas com o uso de 
antibióticos receitados unicamente por profissionais habilitados. 
 
 - A organização : diz respeito a fatores como a quantidade de 
pessoas em um mesmo quarto de hospital, a proximidade entre 
elas, a situação dos sanitários, se há formas de lavar as mãos 
e secar com produtos descartáveis, quantas enfermeiras atendem 
deteminados numeros de pessoas entre outros. 
 Aqui pode haver a transmissão de doenças de paciente para 
paciente diretamente ou por meio de sanitários, produtos de 
higiene não descartáveis, e até mesmo os médicos eenfermeiros podem ser os intermediários da transmissão de 
doenças infecciosas. 
 - A situação do paciente: a infecção pode ser mais prejudicial às 
pessoas, que possuem graves doenças ou que estão com a 
imunidade mais baixa. 
 Há os pacientes que têm seu corpo invadido pelos micro-
organismos da infecção, mas que não terão sintomas tão fortes 
quanto os pacientes mais debilitados. 
 Os que estão mais suscetíveis a adquirir essas infecções são 
as pessoas com câncer, os recém-nascidos, os idosos, portadores 
de diabetes, e transplantados, pois possuem um sistema 
imunológico mais fraco. 
 A realidade é que qualquer pessoa que se interna para 
algum procedimento médico tem chances de contrair uma infecção. 
Para aquelas que vão realizar uma cirurgia, as chances são 
maiores. 
 Os locais que possuem mais focos infecciosos são as 
Unidades de Terapia Intensiva, UTI, aonde ficam as pessoas com 
casos mais graves, e os Centros Cirúrgicos, pois lá são realizados 
procedimentos invasivos e usados instrumentos cortantes. 
 
Precursores do Controle de Infecções 
 
 Atualmente, nos hospitais e outros estabelecimentos de saúde 
são tomadas algumas medidas de higiene como prevenção de 
doenças e mortes. 
 Entretanto, nem sempre foi assim. Não se tinha consciência 
de que algumas pequenas atitudes poderiam salvar vidas. 
 Por isso, quando o assunto é infecção relacionada à 
assistência à saúde, alguns nomes devem ser considerados. 
 Ignaz Philipp Semmelweis 
 Médico obstetra, nascido na Hungria em 1 de julho de 1818 e 
falecido em 13 de agosto de 1865. Ele foi o responsável por salvar 
muitas mães e filhos depois do parto. 
 
 
 Semmelweis observou que o número de mortes de mulheres 
e bebês logo após o parto era consideravelmente alto na clínica em 
que atuava. Mesmo os partos realizados por parteiras não 
tinham uma taxa de mortalidade tão elevada, entretanto, a causa 
dos óbitos ainda era desconhecida. 
 Acreditava-se que o que acometia as mulheres e os bebês era 
uma febre que acontece por conta do parto, chamada febre 
puerperal. Por um longo tempo, o médico e toda a equipe do 
hospital acreditou ser essa a causa. 
 Quando as mulheres estavam prestes a falecer um padre 
era chamado para aplicar a extrema unção. Ao final da 
bênção, os padres tocavam um sino. Semmelweis pediu aos 
padres que não fizessem mais isso, pois os sinos deixavam as 
outras mulheres com medo, o que, supostamente, poderia 
agravar a febre puerperal, mas nada mudou. 
 A equipe do hospital chegou até mesmo a acreditar que as 
mortes eram causadas por estudantes de medicina, especialmente 
os estrangeiros, que causavam uma lesão na vagina das mulheres 
na hora dos exames. 
 Foi proibido aos estudantes o acesso ao hospital e foram 
contratados apenas os húngaros. Inicialmente, o número de mortes 
diminuiu, mas depois voltou a subir. 
 O obstetra realizou diversos estudos, montou tabelas, 
observou trabalhos, mas não chegava a nenhuma conclusão. 
Cansado, tirou férias fora de seu país, e quando retornou, um 
colega havia falecido depois de um estudante tê-lo ferido 
acidentalmente com um bisturi. 
 Na autópsia do colega, Semmelweis constatou que as lesões 
eram idênticas às das mulheres e bebês mortos após o parto. 
Concluiu, então, que se o bisturi estava contaminado, as mãos dos 
médicos e estudantes também estariam. 
 O médico fixou um cartaz na porta da maternidade com a 
seguinte ordem: 
 “A partir de hoje, 15 de maio de 1847, todo estudante ou 
médico, é obrigado, antes de entrar nas salas da clínica obstétrica, 
a lavar as mãos, com uma solução de ácido clórico, na bacia 
colocada na entrada. Esta disposição vigorará para todos, sem 
exceção”. 
 Depois dessa medida, a taxa de mortes entre mães e bebês, 
que era de 18,27%, reduziu para 3,04% em um prazo de dois 
meses. 
 
 
 
 Na ilustração, Semmelweis depois da prática de lavar as 
mãos antes de realizar os partos. 
 
 Florence Nightingale 
 Enfermeira, nascida em Florença em 12 de maio de 1820 e 
falecida em 13 de agosto de 1910. Conhecida como a “dama da 
lâmpada”, ficou famosa por cuidar de feridos da Guerra da Crimeia 
(1854-1856). 
 
 
 Florece Nightingale recusou à vida típica de mulheres que se 
casam e têm filhos para se dedicar à enfermagem e a ajuda ao 
próximo. 
 Sempre lutava por melhoria no tratamento de saúde de 
pessoas pobres, fazendo parte do Comitê de Lei para os Pobres. 
Mas foi por exigir melhores condições de higiene aos soldados da 
Guerra da Crimeia que Florence ficou mais conhecida. 
 Durante a guerra, a enfermeira viu que as condições de 
higiene do hospital para os feridos eram muito precárias, o que fazia 
com que o número de infecções crescesse levando muitos soldados 
à óbito. 
 Ela organizou toda a infra-estrutura do hospital e treinou a 
equipe de enfermeiras, fazendo com que a taxa de morte dos 
feridos caísse de 42,7% para 2,2%. 
 
 William Stewart Halsted 
 Cirurgião norte-americano, nascido no ano de 1852 e falecido 
em 1922. Ele foi considerado o médico pioneiro na área cirúrgica 
nos Estados Unidos. 
 
 Halsted foi responsável por diversas descobertas e 
avanços na tecnologia voltada à medicina. Dentre elas, podemos 
elencar a mastectomia radical que é a retirada do seio no 
tratamento de câncer de mama e a introdução dos gráficos que 
apontam os sinais vitais do paciente. 
 Outra conquista importante do médico foi a utilização de 
cocaína como anestésico, mas acabou ficando dependente dessa 
substância e da morfina. Recuperou-se do vício depois de um 
tratamento. 
 Para a área do controle de infecções, Halsted introduziu o uso 
de luvas no momento da cirurgia. Isso ocorreu em 1889 e, desde 
então, as luvas têm sido usadas em praticamente todos os 
procedimentos de saúde. 
 Louis Pasteur 
 Cientista francês nascido em 27 de dezembro de 1822, em 
Dôle. e falecido em 28 de setembro de 1895. Pasteur foi um grande 
estudioso dos processos biológicos dos micro-organismos. 
 
 
 
 
 Dentre os diversos trabalhos e estudos de Pasteur, o que 
mais teve contribuição para a área do controle de infecções em 
serviços de saúde foi certamente o que trata da fermentação e dos 
micro-organismos. 
 O cientista observou que, durante o processo de fermentação, 
alguns micro-organismos modificavam a matéria inicial e criavam 
outra, assim como ocorre na fabricação do vinagre, um vinho que 
sofreu fermentação. Esse passo foi bastante relevante para 
entender como algumas infecções ocorriam. 
 O resultado de alguns estudos levou Pasteur a descobrir a 
causa de doenças contagiosas como a “doença do bicho-da-seda”, 
em que o inseto transmitia uma doença chamada pebrina, a 
origem dos furúnculos, das infecções no parto transmitidas pela 
bactéria estreptococo, entre outras. 
 Pasteur também desenvolveu vacinas contra doenças 
contagiosas, como a vacina contra a “cólera das galinhas” e a 
vacina contra a raiva. 
 
 Joseph Lister 
 Médico cirurgião britânico nascido em 5 de abril de 1827 e 
falecido em 10 de fevereiro de 1912. Suas pesquisas 
descobriram uma poderosa substância antisséptica. 
 
 Lister era cirurgião da Enfermaria Real Inglesa e 
observou que ocorriam muitas mortes por infecção, especialmente 
em pacientes amputados 
 Havia, na época, umateoria que afirmava que os micro-
organismos que causavam infecções nasciam sozinhos, mas Lister 
acreditava que esses micro-organismos vinham de fora do corpo da 
pessoa, e confirmou suas suspeitas nos estudos de Luis Pasteur. 
 O cirurgião, acreditando que os micro-organismos 
causadores de infecção pudessem estar no ar, desenvolveu um 
método de desinfetar o ambiente onde ocorreriam as cirurgias. 
 Improvisou, com um spray de perfume, um vaporizador 
de ácido carbólico, o fenol, e aplicou na mesa de cirurgia antes de 
operar um garoto. Durante a cirurgia o fenol também foi pulverizado. 
 A experiência, que ocorreu em 12 de agosto de 1865, foi 
muito bem sucedida e o método de pulverização foi aperfeiçoado. 
Lister deu origem à chamada medicina antisséptica. 
 O termo antisséptico diz respeito às substâncias capazes de 
inibir a ação de micro-organismos que causam infecções. 
 
Principais infecções relacionadas à assistência à saúde 
 
 Existem inúmeras infecções que podem ser adquiridas devido 
a uma internação ou a um procedimento feito em estabelecimento 
de saúde. Serão citadas as principais infecções de acordo com 
os critérios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a 
ANVISA. 
 
Infecção do Trato Urinário 
 A infecção do trato urinário (ITU) representa um grande 
número das IrAS, pois entre 35% e 45% do total de infecções 
ocorrem no sistema urinário. Um paciente internado que adquiriu 
uma ITU tem sua internação prolongada por mais ou menos dois 
dias. 
 O sistema urinário, também chamado de aparelho 
urinário, é o sistema do corpo que produz, armazena e elimina a 
urina. Ele é formado por dois rins, dois ureteres, uma bexiga e uma 
uretra. 
 
 A ITU tem grande ligação com o uso do cateter vesical, ou 
sonda, como também é conhecida. Esses cateteres são 
colocados pela uretra, diretamente na bexiga ou no ureter e são 
utilizados nos casos em que a urina não sai, ou não deva sair, pelas 
vias normais. 
 Uma das extremidades do cateter fica na bexiga ou no 
ureter, enquanto que na outra extremidade fica uma bolsa coletora, 
onde a urina fica armazenada até ser desprezada. 
 Embora o cateter seja um sistema de drenagem fechado, ou 
seja, em que não há abertura para a entrada de ar ou outra 
substância, e por mais 
que tenha sido colocado de forma correta, há chances de 
ocorrer uma infecção. 
 De todas as ITUs adquiridas nos hospitais, 80% são devido ao 
uso do cateter; o restante é adquirido por outras formas. Metade 
dos pacientes que usam cateter urinário têm grandes chances de 
adquirir a infecção depois de 10 a 14 dias com o aparelho. 
 A contração da infecção tem relação com o tempo de 
permanência do cateter no sistema urinário, ou seja, quanto mais 
tempo com o cateter, maiores serão os riscos de contrair infecção. 
 De acordo com informações da ANVISA, entre os pacientes 
que usam o cateter sem estar com infecção, de 10% a 20% terão 
ITU depois do procedimento. 
 Cada dia a mais com o cateter, o risco de infecção aumenta. 
Um dia já traz um risco de 3% a 10%. No 15º dia, a pessoa tem 
50% de chances de estar com infecção. Se o paciente usar o 
cateter por 30 dias, as chances de adquirir uma infecção sobem 
para 100%. 
 A bolsa coletora do cateter vesical não deixa com que a urina 
se esvazie totalmente, um agravante para adquirir infecção. Os 
micro- organismos que causam ITU provêm da contaminação da 
flora microbiana do ânus e de mãos contaminadas dos 
profissionais. 
 Muitos dos micro-organismos que atingem o trato urinário vêm 
do trato intestinal. Eles alcançam o aparelho urinário migrando pelo 
interior do cateter vesical ou pelo canal da uretra. 
 Há fatores agravantes para adquirir a infecção do trato 
urinário como idade avançada, gravidez e parto, sobra de urina na 
bexiga, uso frequente de medicamentos para tratar infecções, 
diabetes, entre outros. 
 As mulheres têm maiores chances de contrair uma ITU, pois, 
além de sua uretra ser mais curta que a uretra masculina (a 
primeira tem cerca de 5cm, enquanto a segunda alcança 20cm), ela 
fica mais próxima do ânus e há uma flora microbiana maior, ou seja, 
as bactérias que existem em nosso organismo. 
 Como já dissemos, quando a bexiga não é totalmente 
esvaziada, há grande risco de contrair ITU. Os fatores que levam a 
um não esvaziamento total da bexiga podem ser má formação 
congênita, ou seja, que ocorre no nascimento, ou antes dele; uretra 
estreita; cálculos na bexiga; cistocele, que é a chamada “bexiga 
caída”, entre outros. 
 A ITU pode ser no trato urinário inferior que corresponde à 
bexiga e à uretra, ou no trato urinário superior que atinge o ureter e 
os rins. 
 Quando a infecção é no trato urinário inferior, a pessoa pode 
ter sintomas ou não. Se há sintomas eles podem ser: 
 - urina escurecida e até mesmo com sangue (geralmente a 
urina, nesses casos, pode ter um odor mais forte e diferente do 
normal); 
 - dor ou ardência ao urinar; 
 - dor na região da bexiga, ou até mesmo nas costas; 
 - sensação constante de necessidade de urinar. 
 
 A pessoa acometida de infecção no trato urinário inferior pode 
ou não ter febre, mas se tiver, a febre costuma ser baixa. 
 Se a infecção alcançar o trato urinário superior, os sintomas 
são mais fortes. São eles: 
 - febre alta, superior a 38 ºC; 
 - dor na região da cintura, no abdômen e nas costas; 
 - mal estar com náuseas e cansaço anormal; 
 - calafrios, tremores ou suor intenso, especialmente durante o 
sono; 
 - confusão mental. 
 
 Os idosos, por já apresentarem alguns desses sintomas sem 
qualquer relação com a ITU, têm um diagnóstico mais difícil, sendo 
que, algumas vezes, o único sintoma é a confusão mental. 
 
Infecção do Sitio Cirúrgico 
 As infecções do sítio cirúrgico (ISC) são aquelas adquiridas 
por conta de uma cirurgia. Elas representam de 14% a 16% das 
infecções hospitalares. Quando adquirida uma ISC, o tempo de 
internação do paciente pode ser prolongado em média oito dias. 
 Quando não há a colocação de prótese, as ISC são 
diagnosticadas, no máximo, 30 dias após a cirurgia. Se o paciente 
tiver colocado prótese, a infecção só será considerada hospitalar se 
ocorrer em até um ano depois do procedimento. 
 
Dependendo do local onde ocorre, a ISC pode ser classificada em: 
 - Infecção do sítio cirúrgico superficial: ocorre somente nos 
tecidos da pele ou no tecido subcutâneo de onde foi feita a cirurgia. 
 - Infecção do sítio cirúrgico profundo: atinge locais mais 
profundos do corpo como ossos, músculos, tecidos que envolvem 
órgãos, etc. 
 - Infecção do sítio cirúrgico em órgão: ocorre no 
órgão, ou cavidade, em que foi feita a cirurgia. 
 
 Como durante a cirurgia há cortes e no corte há sangramento, 
há a presença da fibrina. A fibrina é uma proteína do sangue 
responsável pela sua coagulação. 
 A fibrina tem uma característica: ela adere às bactérias 
mais próximas, o que vai afetar os mecanismos de defesa do 
organismo. Se durante o procedimento ocorrer um grande 
sangramento, vai haver maior quantidade de fibrina, o que pode 
contribuir para uma infecção. 
 Além de classificações tradicionais, as cirurgias também 
podem ser classificadas de acordo com seu potencial de 
contaminação. 
 São elas: 
 
 - Cirurgias limpas: feitas em áreas do corpo onde não há 
infecção nem inflamação, e que não é feita em órgãos do 
aparelho respiratório, digestivo, órgãos genitais e nem no trato 
urinário não infectado. 
 Nessascirurgias, usa-se o dreno fechado. O dreno é um 
aparelho que retira os líquidos ou o ar que se acumulam no local da 
cirurgia, atrapalhando o procedimento ou prejudicando o paciente. 
 No dreno fechado não há a entrada de ar, é um sistema 
vedado, por isso, os riscos de infecção são menores. 
 Entre as cirurgias limpas estão as feitas na pele, nos 
ossos e músculos, as cardiovasculares, entre outras. 
 
 - Cirurgias potencialmente contaminadas: são as cirurgias 
feitas em áreas do corpo onde não há infecção ou inflamação, mas 
alcançam os órgãos do aparelho respiratório, digestivo, órgãos 
genitais ou trato urinário. 
 Entre essas cirurgias estão as feitas nas vias respiratórias, ou 
seja, boca, nariz e garganta, apêndice, vagina, entre outras. 
 
 - Cirurgias contaminadas: são as realizadas em feridas 
abertas devido a um acidente ou em áreas do corpo onde há 
naturalmente um maior número de flora microbiana. 
 Nesses casos não há infecção, mas pode haver alguma 
inflamação ainda sem pus. Entre as cirurgias contaminadas estão 
as feitas no ânus, reto, no crânio quando há traumatismo, entre 
outras. 
 
 - Cirurgias infectadas: são as cirurgias feitas em qualquer 
parte do corpo desde que haja infecção detectada antes do 
procedimento. Por exemplo, as cirurgias feitas em feridas abertas 
há algum tempo ou quando há perfuração das vísceras, que são os 
órgãos que realizam a digestão, respiração, armazenamento ou 
secreção de fluidos. 
 Exemplos de vísceras são o estômago, a bexiga, o intestino, e 
outros. Quando são perfurados, tudo o que está dentro desses 
órgãos vaza para os locais próximos espalhando micro-organismos. 
 De acordo com as informações da ANVISA, cada tipo de 
cirurgia tem um percentual de infecção esperado. Veja: 
 
Classificação Taxa de Infecção operatória 
Ferida limpa 1 a 5% 
Ferida limpa contaminada 3 a 11% 
Ferida contaminada 10 a 17% 
Ferida suja 27% 
 O que transmite a ISC pode ser o próprio paciente com sua 
flora microbiana, a equipe médica que tem contato com o paciente, 
o ambiente e os instrumentos cirúrgicos. 
 Segundo informações da ANVISA, existem fatores que 
contribuem para que ocorra uma infecção do sítio cirúrgico. 
 Os relacionados aos pacientes são: 
 
 - Idade: os pacientes mais vulneráveis são os que têm menos 
de um ano ou mais de cinquenta anos. 
 - Doenças preexistente: os pacientes portadores de doenças 
sistêmicas (que acometem todo o organismo) graves, doenças 
sistêmicas que deixam o paciente com alguma incapacidade e 
pacientes com risco de morte, apresentam, estatisticamente, 
maior taxa de infecções do sítio cirúrgico. 
 
 A diabetes também contribui para contrair uma infecção, 
pois ela altera a cicatrização, a circulação sanguínea e os 
mecanismos de defesa. 
 - Obesidade: a obesidade também configura um fator 
agravante para a infecção. O tecido adiposo, onde há as células de 
gordura, tem pouca circulação de sangue e também faz com que a 
cirurgia dure mais tempo. 
 O corte feito para ter acesso ao local da cirurgia é maior 
devido ao fato de a camada de gordura dificultar sua localização. 
Assim, uma maior parte dos tecidos internos, fica exposta, 
facilitando a entrada de micro- organismos. 
 - Desnutrição: embora seja difícil comprovar a relação 
entre a desnutrição e a infecção do sítio cirúrgico, sabe-se que a 
falta de nutrientes faz cair a imunidade do paciente. 
 
 - Tabagismo: o cigarro pode contribuir para a aquisição de 
uma ISC, especialmente em pacientes que realizam cirurgia no 
coração. 
 - Infecções fora do sítio cirúrgico: se o paciente tem uma 
infecção em um local diferente do qual será operado, esta pode 
contribuir para que haja uma infecção do sítio cirúrgico, 
especialmente se as infecções forem no trato urinário e no acesso 
vascular. 
 Quando isso ocorre, é necessário tratar a infecção antes de 
realizar a cirurgia, caso não seja urgência nem emergência. 
 Em relação à cirurgia, os fatores agravantes para a aquisição 
de ISC são: 
 - Antibioticoprofilaxia: quando o pacoente não faz a 
antibioticoprofilaxia, que é o uso de antibióticos ou antimicrobianos 
antes da infecção acontecer, no caso, antes da cirurgia, há um risco 
aumentado de contrair uma infecção. 
 - Retirada de pelos: a retirada de pelos aumenta o risco de 
ISC por conta de lesões provocadas na pele. Por isso, a retirada de 
pelos, também chamada de tricotomia, só deve ser feita se 
estritamente necessário. 
 Quando ocorrer, deve ser feita em um período inferior a duas 
horas antes da cirurgia e usar, de preferência, os aparelhos 
elétricos e evitar as lâminas. Se a tricotomia for feita com o paciente 
internado, ela deve ocorrer antes do banho. 
 - Preparo pré-operatório da pele: é uma limpeza com 
produtos antissépticos feita na pele, próxima ao local da cirurgia. O 
objetivo é evitar uma ISC por micro-organismos presentes na pele. 
 - Campo cirúrgico: são plásticos ou tecidos usados para 
manter a temperatura do paciente e evitar que sua flora microbiana 
chegue ao local do procedimento. 
 Os campos cirúrgicos podem ser de plástico aderente com ou 
sem produto antisséptico, de tecido e são reutilizáveis ou de TNT 
(tecido-não- tecido, semelhante ao material de lenços umedecidos) 
descartáveis. Todos eles devem estar esterilizados. 
 - Técnica cirúrgica: é a forma como a cirurgia é feita, se há 
cortes grandes, se há apenas pequenos furos, a manutenção 
da temperatura corporal do paciente,cuidado na manipulação dos 
materiais e equipamentos, entre outras. 
 A utilização de técnicas e aparelhos adequados pode reduzir 
muito as chances de contrair uma infecção do sítio cirúrgico. 
 - Drenos: os drenos, por serem uma poderosa via de entrada 
dos micro-organismos, devem ser muito bem manipulados. 
 Sua colocação deve ser discutida e ele só deve ser usado se 
muito necessário. Deve ser colocado com cuidado e higiene e 
retirado assim que não estiver mais em uso. 
 - Instrumentos cirúrgicos: eles representam uma grande 
fonte de contaminação, por isso, todos devem ser esterilizados. Se 
a embalagem for violada ou o instrumento tocar algum objeto 
contaminado, ele não deve mais ser usado no procedimento e 
necessita de nova esterilização. 
 - Duração da cirurgia: o tempo da cirurgia influencia na 
aquisição de ISC. Quanto mais tempo durar o procedimento, 
maiores os riscos de contrair uma infecção, mas cada tipo de 
cirurgia tem um tempo específico. 
 - Perfuração de luvas: caso o profissional note que suas 
luvas foram perfuradas, deve trocá-las imediatamente para evitar 
contaminação do paciente e de si próprio. 
 - Duração da internação antes da cirurgia: quanto mais 
tempo o paciente permanecer internado, maiores os riscos de 
contrair uma infecção. Para isso, pede-se que o paciente só se 
interne no dia da cirurgia, quando possível. 
 
 
 
Pneumonia Hospitalar 
 A Pneumonia Hospitalar é uma infecção respiratória adquirida 
durante a internação. Nos Estados Unidos, é a segunda infecção 
hospitalar mais comum e tem uma taxa de 15% a 18% do total de 
infecções, atingindo cerca de 250.000 pacientes por ano. 
 No Brasil, um estudo envolvendo 99 hospitais localizados em 
capitais, mostrou que a pneumonia hospitalar representa 28,9% 
das infecções hospitalares. Dos pacientes na UTI pediátrica, 
21,9% adquiriramessa infecção; da UTI adulto, 20,3% e da UTI 
neonatal, 16,9% tiveram pneumonia hospitalar. 
 Para os pacientes que estão em estado grave e que 
necessitam da ajuda de aparelhos para respirar, há um risco 
maior de contrair a pneumonia. As chances aumentam de 10 a 20 
vezes e é uma infecção que causa muitas mortes e de difícil 
prevenção. 
 Os pacientes que têm mais riscos de contrair essa infecção 
são os que fazem uso de ventilação mecânica, pois nesse 
procedimento há o risco de ir secreções de outros locais do 
corpo para o pulmão. A ventilação mecânica é um método que 
substitui a respiração normal, levando ar até os pulmões. 
 As maiores taxas de incidência de pneumonia hospitalar 
estão: 
 Caso Taxa 
Trauma do tórax 20% a 25% 
Traumatismo craniano e internados em UTI neurológica 23% a 42,2% 
Grande queimadura 14% 
Câncer e transplantados de medula óssea 20% 
Cirurgia torácica ou de abdômen superior 3,8% a 17,5% 
 
 
 As cirurgias realizadas na região do tórax e do abdômen 
trazem um risco de pneumonia hospitalar 38 vezes maior do que 
em cirurgias em outros locais. 
 A pneumonia hospitalar pode prolongar a internação do 
paciente em 10 a 13 dias e também é responsável por muitas 
mortes. O número de mortes nos Estados Unidos, causadas por 
pneumonia hospitalar, está entre 13% e 43%. 
 A situação piora para os pacientes internados em UTI, pois o 
número de mortes entre pacientes com essa infecção é de 2 a 10 
vezes maior do que entre pacientes da UTI sem pneumonia. 
 Existem alguns fatores de risco que podem desencadear a 
infecção respiratória. Em todos os pacientes, que tenham sido 
ventilados, entubados, ou nenhum dos dois, foram considerados 
relevantes para a evolução da infecção os seguintes fatores: 
 - doença pulmonar crônica e sua gravidade; 
 - cirurgia torácica ou abdominal superior; 
 - pacientes acima de 60 anos; 
 - aspiração de grande volume do conteúdo gástrico (do 
estômago); 
 - sonda naso-entérica (que vai do nariz ao duodeno), e 
 - antibioticoterapia, ou seja, tratamento com antibióticos. 
 
 Para os pacientes não ventilados, o que pode ter contribuído 
para a aquisição de pneumonia hospitalar foram os seguintes 
fatores: 
 - duração da cirurgia (quanto mais tempo, maiores as 
chances); 
 - estado nutricional deficiente (cai a imunidade); 
 - terapia imunossupressora (tratamento que inibe a ação do 
sistema imunológico do indivíduo); 
 - queda do nível de consciência; 
 - respiração prejudicada; 
 - doença neuromuscular; 
 - sexo masculino (homens têm maiores chances de contrair 
pneumonia hospitalar) 
 - presença de bacilos Gram negativos na orofaringe; 
 - esofagite de refluxo (inflamação na mucosa do esôfago), e 
 - pneumonia prévia. 
 
 Assim como a maioria das infecções hospitalares, a 
pneumonia hospitalar ocorre quando a própria flora microbiana do 
paciente entra em conflito com suas defesas. 
 Ela também pode ocorrer se o paciente aspirar alguma 
bactéria presente no ar ou se as bactérias naturais do intestino 
passam para os pulmões, mas a forma mais comum de contrair 
essa infecção é aspirando as bactérias naturais da orofaringe 
(espaço entre a raiz lingual, o palato mole e a epiglote). 
 Os procedimentos de ventilação e entubação fazem com 
que os micro-organismos naturais do organismo humano migrem 
de seu lugar de origem para outro estranho, causando a infecção. 
 Se os micro-organismos oriundos da orofaringe vão para o 
pulmão, por exemplo, há o risco de infecção, pois eles não fazem 
parte desse órgão. Quanto maior o tempo de entubação e 
ventilação, maiores os riscos de adquirir pneumonia hospitalar. 
 Quando o sistema imune do paciente está baixo, há um maior 
risco de contrair infecção. Muitos fatores podem fazer com que os 
mecanismos de defesa do indivíduo fiquem anormais, como 
cigarro, edema pulmonar, medicamentos imunossupressores, 
inalação de substâncias tóxicas, entre outros. 
 
 Outros contribuem para falhas no reflexo de fechamento da 
garganta, possibilitando que sejam aspirados para o pulmão os 
micro-organismos da orofaringe. Isso pode ocorrer durante o sono, 
em estados de alteração no nível de consciência, o que ocorre no 
coma; convulsões; intoxicação por drogas; anestesia; embriaguez, 
etc. 
 O diagnóstico da pneumonia hospitalar deve ser feito por meio 
da observação de sintomas juntamente com exames de raio-X. Os 
sintomas são febre, escarro com pus, área comprometida no 
pulmão, infiltrado pulmonar (área onde houve infiltração de micro-
organismo com início de infecção), tosse, dor nos pulmões e falta 
de ar. 
 Entretanto, os médicos precisam observar se esses sintomas 
têm ligação com a pneumonia, pois alguns deles podem ser 
sintomas de outras infecções ou de outras doenças. 
 Por isso é importante unir os resultados do raio-X com os 
outros sintomas e verificar se não estão sendo causados por outras 
razões como insuficiência cardíaca congestiva ou derrame pleural, 
por exemplo. 
 
Infecção da corrente sanguínea e relacionada ao acesso vascular 
 
 O acesso vascular, também chamado de cateter venoso, 
é um aparelho usado para injetar medicação diretamente na 
corrente sanguínea, por meio das veias, ou para retirar sangue. 
 Assim como ocorre nos cateteres vesicais, há o risco de 
adquirir infecção por meio desse aparelho caso haja a entrada de 
micro-organismos. Os que oferecem mais riscos de infecção são os 
cateteres venosos centrais. 
 Esse tipo de cateter é colocado em uma veia e tem um “cano” 
que chega até a veia cava, a maior veia do corpo, localizada 
próxima ao coração. Observe: 
 
 
 
 Se ocorrer a entrada de micro-organismos causadores de 
infecção, a infecção será na corrente sanguínea, podendo ainda 
atingir outros órgãos como pulmão, válvulas do coração, entre 
outros. 
 Além de funcionar como uma espécie de entrada para 
micro- organismos na corrente sanguínea, o próprio cateter pode 
ocasionar um processo infeccioso, pois ele é um corpo estranho no 
organismo. 
 Quando o organismo detecta em si um corpo estranho ele 
desencadeia um processo inflamatório, o que vai diminuir as 
defesas anti-infecção naquele local. 
 As fontes de infecção no cateter venoso podem ser: 
 - o próprio cateter que está contaminado; 
 - a pele no local da abertura pode conter micro-organismos; 
 - contaminação do canhão (parte que fica entre a agulha e o 
cano do acesso vascular); 
 - contaminação do líquido que entra pelo cateter; 
 - contaminação dos produtos que facilitam a entrada do 
cateter; 
 - infecção em outros locais que ficam presentes na 
corrente sanguínea; 
 - contaminação dos medicamentos usados para dilatar os 
vasos sanguíneos. 
 
 Dessas possíveis causas a que tem maior incidência é a 
contaminação pelos micro-organismos presentes na pele do 
paciente que entram no cateter. 
 Em segundo lugar está a contaminação pelo canhão e a 
agulha que contém micro-organismos que migraram das mãos dos 
profissionais. Nesse caso, os micro-organismos já estarão dentro do 
cateter e a infecção aparece após a primeira ou a segunda semana 
de uso. 
 A infecção hospitalar na corrente sanguínea faz com que o 
paciente permaneça internado em média sete dias a mais do que o 
esperado. Mesmo ocorrendo em menor número em relação àsoutras infecções, ela é bastante grave, pois dos pacientes que a 
adquirem, entre 25% e 50% chegam a óbito. 
 As infecções da corrente sanguínea podem ser 
classificadas em primárias e secundárias. 
 Nas infecções primárias não há um foco infeccioso 
conhecido, ou o foco é o próprio sistema vascular (sistema de 
circulação). Foco infeccioso é o local onde há acúmulo de micro-
organismos causadores de infecção. Já nas infecções secundárias 
há um foco infeccioso identificado. 
 Os pacientes mais vulneráveis a esse tipo de infecção são as 
crianças menores de um ano e os adultos com mais de sessenta 
anos por terem as defesas do organismo mais sensíveis. 
 O tempo de internação, a doença que está sendo tratada, a 
habilidade do profissional, o curativo e sua manutenção, o local de 
inserção e material do cateter, entre outros, também são fatores 
que podem aumentar o risco de infecção. 
 Os cateteres colocados nos membros inferiores e em áreas 
periorificiais ( boca, olhos, nariz e ânus), são os que têm maior risco 
de infecção. 
 De acordo com a ANVISA, os cateteres com maior risco de 
infecção são os inseridos por flebotomia (furo na veia com 
agulha), os de hemodiálise, os de múltiplos lumens (mais de uma 
entrada para medicação) e o cateter umbilical. 
 Os cateteres Swan-Ganz (flexíveis e fabricados em 
poliuretano), arteriais e periféricos apresentam risco intermediário. 
 Os de menor risco de infecção são os implantáveis e 
semi- implantáveis. Algumas Instituições de saúde, consideram 
aqueles com agulha de aço, também de menor risco, porém, 
devem-se evitar agulhas de aço para administração de fluídos e 
medicamentos que possam causar necrose tecidual se ocorrer 
extravasamento, assim é recomendável restringi- las para situações 
como coleta de amostra sanguínea, administração de dose única ou 
bolus de medicamentos. 
 Os sintomas da infecção do acesso vascular podem ser a 
presença de pus no local do cateter, dor, calor e vermelhidão da 
pele. Se esses sintomas estiverem até 2cm de proximidade do 
cateter, a infecção é periorificial, ou seja, próxima à abertura na 
pele. Mas se esses sintomas se estendem a locais maiores, a 
infecção é no túnel de acesso (interior do corpo onde há o cateter). 
 Sintomas mais severos podem ser observados quando a 
infecção é mais profunda, como lesões com pus, febre, dores, e até 
necrose da pele no local do cateter. 
 Se a infecção for para a corrente sanguínea, o paciente pode 
sentir calafrios, pressão baixa, falência respiratória, dor no 
abdômen, vômitos, diarreias, confusão mental e convulsões. 
 Para diminuir o risco de infecções, o cateter não deve 
permanecer mais tempo no corpo do que o recomendado. Os 
cateteres arteriais periféricos são trocados a cada quatro dias. 
Os cateteres usados para entrada de sangue ou medicamentos 
para o sangue devem ser trocados a cada 24 horas. Os outros 
cateteres centrais ou periféricos devem ser trocados a cada 72 
horas. 
 Os curativos também devem ser trocados a cada 72 horas, 
mas se estiverem sujos ou úmidos, esse tempo deve ser menor. 
 
Infecção da queimadura (IQ) 
 
 A pele é o órgão do corpo humano responsável pela proteção 
do organismo. Ela impede que os micro-organismos nocivos entrem 
em nossos sistemas causando doenças. 
 Quando há uma queimadura, algumas camadas da pele são 
perdidas, o que causa uma situação favorável à entrada de micro-
organismos. Em razão disso, os pacientes internados devido a 
queimaduras têm muito mais chances de contrair uma infecção 
hospitalar. 
 Desde o momento da queimadura, até o fechamento das 
lesões, há o risco de contrair infecção, mesmo depois de limpar a 
pele. Nos primeiros dois dias da queimadura, há a presença dos 
micro-organismos chamados bacilos Gram-positivos. Do 3º ao 21º 
dia, há a presença dos bacilos Gram- negativos. Cada tipo desses 
micro-organismos causa doenças diferentes e eles se proliferam em 
locais diferentes. Como a pele da queimadura vai se modificando 
com o tempo, ela pode ficar mais favorável a um ou a outro tipo de 
bacilo. 
 Nos pacientes queimados, o que transmite as infecções pode 
ser: 
 - os micro-organismos presentes na própria pele do paciente; 
 - a flora microbiana do trato digestivo; 
 - a pele dos profissionais de saúde que entram em contato 
com os pacientes queimados; 
 - outros pacientes e os instrumentos utilizados para o 
tratamento das queimaduras; 
 - a superfície dos móveis do quarto. 
 
Os fatores de risco para a infecção da queimadura são: 
 - o tamanho da queimadura (quanto maior, maiores os riscos); 
 - a profundidade da queimadura (quanto mais profunda, 
maiores os riscos); 
 - a duração da hospitalização (quanto mais tempo no 
hospital, maiores os riscos); 
 - transfusões de sangue; 
 - a presença de micro-organismos resistentes aos 
medicamentos. 
 
 É muito difícil diagnosticar uma IQ, pois são necessários 
alguns exames de evolução da doença e também uma biópsia 
do local da queimadura. Entretanto, cada parte queimada mostra 
um resultado diferente nos exames. Os números são muito 
imprecisos nos resultados, sendo necessário fazer exames de 
sangue juntamente com os exames na pele. 
 
Os principais sintomas da IQ são: 
 - a ferida fica escurecida, podendo ter coloração negra, 
marrom ou violeta; 
 - a crosta da ferida descola rapidamente; 
 - debaixo da crosta descolada há uma coloração muito 
avermelhada; 
 - a pele em volta da ferida fica arroxeada; 
 - hipotermia (temperatura baixa do corpo) – mais frequente 
quando há os bacilos Gram-negativos; 
 - hipertermia (temperatura alta do corpo) – mais frequente 
quando há os bacilos Gram-positivos; 
 - pressão baixa; 
 - aumento dos glóbulos brancos do sangue - mais frequente 
nas infecções por Gram-positivos; 
 - redução dos glóbulos brancos do sangue - mais 
frequente nas infecções por Gram-negativos; 
 - diminuição da produção de urina; 
 - interrupção temporária dos movimentos do intestino; 
 - Intolerância a glicose e hiperglicemia (muito açúcar no 
sangue) – mais frequente nas infecções por Gram-negativos; 
 - alteração do estado mental – mais frequente nas 
infecções por Gram-positivos. 
 
Infecção em Neonatologia 
 
 As infecções em neonatologia são as que acometem os 
recém- nascidos, porém nem todas as infecções em recém-
nascidos podem ser consideradas hospitalares. 
 De acordo com o Ministério da Saúde, as infecções em 
recém- nascidos associadas ao rompimento da bolsa há mais de 24 
horas e as adquiridas por meio da placenta não podem ser 
consideradas hospitalares. 
 Os recém-nascidos são naturalmente mais frágeis em suas 
defesas. Só o contato com o ambiente vai amadurecer seu sistema 
imunológico. 
 Esse tipo de infecção pode ser adquirida por meio da equipe 
médica, por meio da mãe ou por objetos que entram em 
contato com o bebê. Quando o recém-nascido vai para um 
berçário com berços inadequados, pode ocorrer contaminação. 
 Também pode haver a contaminação quando a equipe médica 
não realizou a higiene de forma adequada ou quando o bebê 
recebeu medicamentos ou alimentos infectados. 
 
Há mais riscos de adquirir essa infecção nos seguintes casos: 
 - quando a mãe tem infecção do trato urinário, presença de 
micro- organismos nocivos na pele, higiene precária ou 
doenças sexualmente transmissíveis; 
 - quando o bebêé prematuro ou tem baixo peso; 
 - quando ele aspira um líquido da placenta chamado mecônio; 
 - ausência de oxigênio no parto; 
 - internação prolongada do bebê, especialmente se houver 
excesso de pacientes e poucos funcionários para seus cuidados; 
 - procedimentos invasivos no recém-nascido. 
 
 As visitas também devem tomar cuidados de higiene antes de 
ter contato com os recém-nascidos como lavar as mãos. Se o 
visitante estiver com diarreia, doenças da pele ou respiratórias, o 
contato deve ser evitado. 
 Existem diversos sintomas que a infecção neonatal 
desencadeia, por isso, seu diagnóstico é bastante complicado. 
Muitos recém-nascidos chegam a óbito por conta de infecções, por 
isso, o tratamento deve ser iniciado o quanto antes. 
 Muitos recém-nascidos com sintomas estranhos iniciam o 
tratamento e só depois que o diagnóstico aponta ou não a infecção. 
Caso o bebê não tenha infecção, o tratamento é interrompido 
imediatamente. 
 
Vigilância Epidemiológica 
 
 Em 19 de setembro de 1990 foi criada a Lei nº 8.080, a 
chamada Lei Orgânica de Saúde, que fala sobre a promoção e 
recuperação da saúde e os serviços que o fazem. Essa lei instituiu 
o Sistema Único de Saúde, o SUS. 
 De acordo com essa lei, Vigilância Epidemiológica (VE) 
é: “um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a 
detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores 
determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, 
com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção 
e controle das doenças ou agravos”. 
 O SUS é o responsável por executar a Vigilância 
Epidemiológica entre outras ações. A epidemiologia aborda 
questões sobre saúde e doença da população. 
 Entre as responsabilidades da Vigilância Epidemiológica, 
estão: 
 - permitir que se conheçam as taxas que apontam a 
realidade epidemiológica de um hospital; 
 - identificar surtos antes que eles se alastrem; 
 - verificar se as medidas de prevenção têm funcionado; 
 - verificar o que pode aumentar ou diminuir as doenças, e 
 - divulgar as informações mais úteis. 
 
 Ao se tomar qualquer atitude, é necessário antes 
conhecer o problema. Somente dessa forma é que se sabe como 
agir e quais ações trarão resultados mais satisfatórios. 
 A Vigilância Epidemiológica é um dos pontos centrais de 
atuação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, a CCIH. 
Os profissionais da CCIH devem atuar na VE, entretanto, ela não é 
a única função deles, e não deve tomar mais do que 30% do seu 
tempo de trabalho. 
 As informações conseguidas por meio da VE devem ser 
divulgadas aos administradores do hospital e, se necessário, a 
outros órgãos. 
 Existem duas formas de se realizar a VE e elas ocorrem em 
conjunto. 
 São elas: 
 - Vigilância por setores: é realizada nas áreas onde a 
infecção relacionada à assistência à saúde representa grande risco 
e ocorre com frequência e maior gravidade. Essas áreas são 
berçários, UTI adulto e pediátrica, unidade de cuidados de 
pacientes com o sistema imunológico prejudicado e nas unidades 
de diálise. 
 - Vigilância por objetivos: aborda as situações de risco 
específicas, independente de local ou procedimento em que 
ocorrem. Assim são as vigilâncias da infecção do sítio cirúrgico, da 
infecção relacionada ao acesso vascular, entre outras. 
 
 Como a Vigilância Epidemiológica tem relação com o hospital 
e a população que o utiliza, os resultados serão únicos e as 
ações serão eficazes naquele estabelecimento. Mas independente 
disso, ela deve ocorrer com frequência e ser avaliada mensalmente 
e, ocasionalmente, deve ser feita uma avaliação trimestral. 
 
 Os profissionais da CCIH devem observar as ocorrências de 
infecção relacionada à assistência à saúde, registrar as 
ocorrências e realizar cálculos que permitirão saber se há uma 
frequência de casos. 
 Sabe-se que o risco de adquirir uma infecção relacionada 
à assistência à saúde depende de diversos fatores como idade do 
paciente, estado de seu sistema imunológico, gravidade de sua 
doença, entre outros. 
 O tempo de internação é também um agravante para 
aquisição de infecção relacionada à assistência à saúde, ou seja, 
quanto mais tempo internado, maiores as chances de adquirir uma 
infecção. 
 Para entender como o tempo de exposição pode contribuir 
para o aparecimento da doença, os profissionais do hospital utilizam 
uma fórmula chamada densidade de incidência. 
 Ela é uma expressão matemática: 
 
Densidade de incidência = nº de casos novos de IH no mês x 1.000 
 nº de pacientes-dia no mês 
 
 Se o objetivo é saber a quantidade de pneumonias 
hospitalares, por exemplo, faz-se o seguinte cálculo: 
 nº de pneumonias x 1.000 
 nº de pacientes-dia no mês 
 
 Sabendo que o que agrava o risco de pneumonia é o 
uso de ventilação mecânica, para saber em quais casos houve 
infecção por conta do respirador, onde está “nº de pacientes-dia no 
mês”, usa-se o “nº de respiradores por dia”. 
 
 Veja: 
 Nº de pneumonias x 1.000 
 nº de respiradores-dia no mês 
 Veja um exemplo sugerido pela ANVISA: 
 Suponhamos que, em uma UTI onde foi constatado um 
caso de pneumonia, dois pacientes estiveram entubados por quatro 
dias, e dois por seis dias. Se o denominador for a densidade de 
incidência, então o número de dias expostos à ventilação mecânica 
é que será utilizado: 
 
Taxa de pneumonias = nº de pneumonias x 1000 = 1 x 1.000 = 50 
 nº de ventiladores-dia 4+4+6+6 
 
A taxa nessa UTI será de 50 pneumonias por mil ventiladores-dia. 
 Esses valores ajudam a equipe da CCIH a terem indicadores 
sobre as infecções para que sejam analisados seus 
comportamentos e evoluções. 
 Diversos cálculos devem ser feitos antes de medidas serem 
tomadas. Um baixo número de casos de infecção hospitalar não 
deve ser considerado um surto, mas deve ser observado com 
atenção. 
 Caso haja aumento nesses indicadores, deve-se obervar o 
que está acontecendo para buscar controlar as infecções e tomar 
novas medidas preventivas. 
 
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) 
 
 Em 24 de junho de 1983, o Ministério da Saúde lançou uma 
portaria, a nº 196, que determinou que todos os hospitais deveriam 
ter uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). 
 Futuramente, esta portaria foi revogada pela portaria nº 930, 
de 27 de agosto de 1992. Essa última também foi revogada pela 
portaria nº 2.616, de 12 de maio de 1998. 
 A CCIH é um órgão que tem a função de prestar assistência 
às autoridades dos hospitais além de planejar e normatizar ações 
para controlar as infecções relacionadas à assistência à saúde. 
 A portaria nº 196 foi muito relevante para o controle de 
infecções hospitalares no Brasil, pois foi a partir dela que se buscou 
normatizar e regulamentar medidas com o objetivo de prevenir 
quadros de IrAS. 
 Desde a primeira portaria, diversas ações vêm sendo 
feitas para controlar e diminuir as infecções hospitalares. Para 
cumprir com o que diz as referidas portarias, os hospitais devem 
constituir uma CCIH. 
 Se o hospital não obedecer ao que se determina nessas 
portarias fica configurada negligência e os profissionais 
responsáveis pelos hospitais (diretores, administradores e/ou 
proprietários) responderãocivil e criminalmente. 
 A CCIH deve ser composta somente por profissionais da área 
de saúde que tenham se formado em um curso superior. Os 
membros podem atuar como consultores ou como executores. 
 Os consultores são os profissionais que dão suporte com 
as informações sobre infecções. Os executores são os que vão agir 
nos leitos dos hospitais de acordo com as informações definidas 
pela comissão. 
 Antes de essa portaria entrar em vigor, os membros 
executores eram chamados de Serviço de Controle de Infecção 
Hospitalar. Atualmente, eles são os membros executores. 
 De acordo com a portaria nº 2.616, os membros consultores 
da CCIH devem ser: 
 - serviço médico (clínico e cirúrgico); 
 - serviço de enfermagem; 
 - serviço de farmácia; 
 - laboratório de microbiologia; 
 - administração. 
 
 Se o hospital tiver um número de leitos menor ou igual a 70, 
os membros consultores podem ser somente dos serviços 
médicos e de enfermagem. 
 Já para constituir os membros executores, é necessário 
dois profissionais da área da saúde que possuam curso superior 
para atender duzentos leitos ou menos. Um dos membros 
executores deve ser, de preferência, um enfermeiro. 
 A carga horária desses profissionais é de 6 horas diárias para 
os enfermeiros e de 4 horas diárias para os outros profissionais. 
 Se o hospital possuir uma ala para cuidados de pacientes em 
estado crítico, a CCIH deve ter outros profissionais da área da 
saúde com curso superior. 
 São considerados pacientes em estado crítico os que 
estiverem na UTI (recém-nascidos, crianças ou adultos), pacientes 
do berçário de alto risco, pacientes queimados, transplantados, em 
tratamento de câncer e com AIDS. 
 Como consta na portaria nº 2.616, é trabalho da CCIH 
elaborar, implementar, manter e avaliar o programa de controle de 
infecção hospitalar, adequado às características e necessidades da 
instituição, contemplando no mínimo, ações relativas a: 
 
 - implantação de um Sistema de Vigilância 
Epidemiológica das Infecções Hospitalares; 
 - adequação, implementação e supervisão das normas e 
rotinas técnico-operacionais, visando à prevenção e controle das 
infecções hospitalares; 
 - capacitação do quadro de funcionários e profissionais da 
instituição, no que diz respeito à prevenção e controle das infecções 
hospitalares; 
 - uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais 
médico- hospitalares; 
 
 Também é função da CCIH: 
 - avaliar, periódica e sistematicamente, as informações 
providas pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica das infecções 
hospitalares e aprovar as medidas de controle propostas pelos 
membros executores de CCIH; 
 - realizar investigação epidemiológica de casos e surtos, 
sempre que indicado, e implantar medidas imediatas de controle; 
 - elaborar e divulgar, regularmente , relatórios e comunicar, 
periodicamente, à autoridade máxima de instituição e às chefias de 
todos os setores do hospital, a situação do controle das 
infecções hospitalares, promovendo seu amplo debate na 
comunidade hospitalar; 
 - elaborar, implantar e supervisionar a aplicação de normas e 
rotinas técnico-operacionais, visando limitar a disseminação de 
agentes presentes nas infecções em curso no hospital, por meio de 
medidas de precaução e de isolamento; 
 - adequar, implementar e supervisionar a aplicação de 
normas e rotinas técnico-operacionais, visando à prevenção e 
ao tratamento das infecções hospitalares; 
 - definir, em cooperação com a Comissão de Farmácia e 
Terapêutica, política de utilização de antimicrobianos, germicidas e 
materiais médico- hospitalares para a instituição; 
 - cooperar com o setor de treinamento ou responsabilizar-se 
pelo treinamento, com vistas a obter capacitação adequada do 
quadro de funcionários e profissionais, no que diz respeito ao 
controle das infecções hospitalares; 
 - elaborar regimento interno para a Comissão de Controle de 
Infecção Hospitalar; 
 - cooperar com a ação do órgão de gestão do SUS, 
bem como fornecer, prontamente, as informações 
epidemiológicas solicitadas pelas autoridades competentes; 
 - notificar, na ausência de um núcleo de epidemiologia, ao 
organismo de gestão do SUS, os casos diagnosticados ou 
suspeitos de outras doenças sob vigilância epidemiológica 
(notificação compulsória - Aids, tuberculose, meningite 
meningocócica, entre outras), atendidos em qualquer dos serviços 
ou unidades do hospital, e atuar cooperativamente com os 
serviços de saúde coletiva; 
 - notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e 
Sanitária do organismo de gestão do SUS, os casos e surtos 
diagnosticados ou suspeitos de infecção associadas à utilização de 
insumos e/ou produtos industrializados. 
 
 O hospital também deve assistir o trabalho da CCIH 
nomeando funcionários e cooperando para o bom andamento de 
seus serviços no controle das infecções hospitalares. A CCIH 
precisa estar formalmente nomeada pela diretoria do hospital. 
 
Programa de Controle de Infecção Hospitalar 
 
 O Programa de Controle de Infecção Hospitalar, o PCIH, é 
elaborado pela CCIH e consiste em “um conjunto de ações 
desenvolvidas, deliberadas e sistematizadas, com vistas à redução 
máxima possível da incidência e da gravidade das infecções 
hospitalares”. 
 Entre as atividades inclusas do PCIH, estão: 
 - Vigilância Epidemiológica (VE) cujas funções são: 
coletar os dados sobre infecções; diagnosticá-los; analisá-los, 
verificar medidas de prevenção de infecções e se elas têm surtido 
efeito. Se os resultados forem positivos, diminuindo o número de 
casos de IrAS, essas medidas são divulgadas e padronizadas. 
 De acordo com informações da ANVISA, as informações 
adquiridas na VE ajudam a entender a situação para propor 
medidas de controle e prevenção. Por isso, o modelo de VE 
que será usado depende das características do hospital, da 
população que o frequenta e dos recursos 
disponíveis. 
 - Normas para uso racional de antimicrobianos, 
germicidas e materiais medico hospitalares. O uso 
indiscriminado desses medicamentos pode fazer surgir micro-
organismos resistentes às suas composições. Dessa forma, os 
medicamentos usados no tratamento das infecções, surtirão pouco 
ou nenhum efeito. 
 - Processos para prevenção de transmissão de mocro-
organismos. Essa medida visa evitar que um paciente transmita 
micro-organismos infecciosos para outros pacientes ou profissionais 
de saúde. 
 
 - Normas e rotinas técnicas operacionais. Os 
procedimentos utilizados no controle e prevenção de infecções 
devem ser repassados para todos os profissionais do hospital. Isso 
deve ser feito, preferencialmente de forma escrita em local que 
todos tenham acesso. 
 
 - Padronizações das medidas de prevenção e controle 
de infecção hospitalar. Cada instituição possui características 
próprias. Por isso, as medidas de controle e prevenção de infecções 
devem obedecer a um padrão para que todos saibam usá-las. 
 - Treinamento dos profissionais da saúde em relaão à 
prevenção e ao controle da IH. Os profissionais que atuam no 
controle e prevenção de infecções devem ter conhecimento sobre 
meios de transmissão e medidas de higiene. Todos os funcionários 
da área da saúde são responsáveis por evitar infecções. 
 Todas as unidades hospitalares podem sofrer inspeções para 
verificar se estão sendo cumpridastodas as determinações do 
Programa de Controle de Infecção Hospitalar. 
 Para isso, a ANVISA publicou a Resolução RDC nº 48, de 2 
de junho de 2000 que visa estabelecer o Roteiro de Inspeção 
do Programa de Controle de Infecção Hospitalar. 
 Esse roteiro é composto por perguntas acerca da existência 
de uma CCIH, como é sua atuação e quais medidas de prevenção e 
controle de infecções estão sendo tomadas. 
 Quem faz a inspeção são inspetores devidamente qualificados 
e o relatório final é enviado à ANVISA. Muitas vezes, a própria 
equipe do hospital aplica o roteiro como forma de autoavaliação. 
 Para ter acesso à Resolução e ao Roteiro de Inspeção do 
Programa Hospitalar, 
http://www.ccih.med.br/resolucaordc.html 
Leitura Complementar 
 
 Prevenção de Infecções Hospitalares 
 Entrevista com a Profª. Dra. Anna S. Levin 
 
Coordenadora do Grupo de Controle de Infecção Hospitalar do 
HC/FMUSP 
 
 Embora as infecções hospitalares sejam um grande problema 
mundial, eventos não infecciosos decorrentes da assistência à 
saúde em geral (não apenas hospitalar) também têm gerado 
complicadas situações no apoio a pacientes, de tal maneira que 
vem surgindo a necessidade de se utilizar a metodologia que é 
aplicada ao controle de infecções hospitalares, sendo preciso, 
inclusive, traçar novas estratégias de prevenção. 
 Com o crescimento da assistência prestada fora do 
ambiente hospitalar, a preocupação do profissional de controle 
de infecção passa a deixar de ser exclusivamente com o 
hospital, mas também com o atendimento domiciliar (home care), 
ambulatorial ou em clínicas particulares. 
 A orientação e a conscientização dos profissionais da saúde 
dentro dos hospitais já têm sido extremamente trabalhosas para as 
Comissões de Controle de Infecções Hospitalares e descentralizar o 
problema das infecções deste ambiente hospitalar será um desafio 
ainda maior. 
 A formação dos profissionais tem contribuído com o problema. A 
capacitação é necessária e urgente para que todos aqueles ligados 
à área de saúde coloquem em prática, seja nos hospitais ou em 
qualquer outro tipo de assistência, todas as medidas adequadas de 
prevenção a eventos inoportunos que possam complicar a situação 
clínica do paciente. 
 A Profª. Dra. Anna Sara Levin, coordenadora do Grupo de 
Controle de Infecção Hospitalar do HC/ FMUSP, aborda todas estas 
questões e outros relevantes tópicos sobre prevenção e infecção 
em entrevista à Prática Hospitalar. Confira os destaques desta 
entrevista. 
Prática Hospitalar - Qual a situação dos hospitais brasileiros em 
relação à atuação das CCIHs? Estão satisfatórios os índices de 
atuação das CCIHs em relação ao número de hospitais existentes? 
Profª. Dra. Anna Sara Levin - Na verdade, até por exigência da lei, 
estão sendo mantidas as Comissões de Controle de Infecções 
Hospitalares. No Estado de São Paulo, mais de 65% dos hospitais 
possuem a CCIH montada. No entanto, quando analisamos se a 
CCIH tem programa essa porcentagem diminui, e se avaliarmos o 
funcionamento do programa diminui ainda mais. Na verdade, pela 
lei, a exigência é que as CCIHs tenham um programa, mas na 
prática a maioria desses programas não funciona. Os grandes 
hospitais universitários e hospitais particulares normalmente têm. 
Acredito que a falta de profissionais de CCIHs contribua com o 
problema. Existe a necessidade de profissionais bem formados e 
capacitados, mas há pouco interesse dos hospitais em fazer 
cumprir a lei. 
P. H. - Como a Sra. vê a adesão dos profissionais em relação às 
medidas de controle de infecções? 
Dra. Anna Sara - Quando temos uma comissão ela funciona um 
pouco como legislativo, ou seja, tem que atuar em todas as áreas 
do hospital, discute quais os grandes problemas e define os 
grandes rumos. No entanto, para implantar a CCIH no hospital é 
necessário o serviço de profissionais que só trabalhem com 
infecção hospitalar. A maioria dos hospitais não tem este serviço, 
porque eles acabam não montando ou contam com profissionais 
que não estão bem capacitados. Porém, o grande problema é que 
mesmo com bons profissionais e um bom serviço, quem lida com o 
paciente não é o profissional da CCIH, que conhece profundamente 
as medidas de controle e prevenção, mas sim o profissional que 
não conhece essas medidas. Então, acredito que o maior problema 
é educativo e não somente no sentido de ensinar informações ao 
profissional, mas sim educar para que seus conhecimentos teóricos 
sejam aplicados. 
 No treinamento que fazemos aqui no hospital, observamos que 
os profissionais têm um grande nível de informação sobre 
infecção hospitalar, mas não põem em prática, de forma que não 
lavam as mãos quantas vezes deveriam, não fazem o isolamento 
como se deveria, não tomam cuidado quando fazem um 
procedimento invasivo, embora, se for realizada uma prova escrita 
de múltipla escolha, todos saberão responder corretamente, desde 
o auxiliar de enfermagem até o médico-chefe, mas se fizermos uma 
observação, não estão aplicando os conhecimentos. 
 Então existe esta dissociação entre informação e atitude, que é 
uma barreira muito difícil de transpor. 
 Os profissionais das CCIHs detêm as informações de como 
prevenir, mas quem tem que praticar são os outros profissionais. 
 
P. H. - Quais acredita serem hoje os principais objetivos das 
CCIHs? Esses objetivos estão sendo atingidos? 
Dra. Anna Sara - O objetivo principal é a prevenção. 
Podemos trabalhar o tratamento, o tratamento pós-exposição 
ocupacional, desenvolver profilaxia após acidente com o 
profissional, mas o objetivo é prevenir. Algo muito importante é a 
postura da direção do hospital. É preciso que ela enxergue a 
importância dessa prevenção. No hospital em que atuo, desde a 
década de 70 consideramos muito importante não lesar a pele do 
paciente na hora de retirar os pelos antes da cirurgia. Passando a 
gilete antes da cirurgia, aumenta-se o risco de infecção. Se antes 
da cirurgia não se usar lâmina, mas sim um barbeador que não 
machuca a pele, o risco de infecção cai. 
 O papel da diretoria do hospital consiste em abolir as 
lâminas e comprar os barbeadores (tricotomizadores). Outra 
decisão foi parar de fazer a tricotomia na enfermaria, mas sim no 
centro cirúrgico (houve resistência quanto a isso por parte das 
equipes, que estavam acostumadas com a enfermagem fazer isso 
na noite anterior da cirurgia no quarto). Quando a administração do 
hospital concordou, a ideia foi implantada. Houve reuniões, 
algumas áreas de resistência, mas foi implantada, por isso é 
fundamental o papel da administração do hospital. Quando a 
administração enxerga a importância da atuação, tudo funciona 
bem. Quando a administração de um hospital compra uma ideia, 
contrata um bom profissional, apoia as iniciativas, os resultados 
ficam bem melhores. 
P. H. - Como deve ser feito o procedimento de prevenção nos 
serviços home care e ambulatorial? 
Dra. Anna Sara - Não podemos pensar somente em infecção em 
hospitais, pois existe assistência que é feita fora do hospital. Temos 
a hemodiálise (existem muitas clínicas de hemodiálise não ligadas a 
hospitais, aonde o paciente vai três vezes por semana sofrer um 
acesso vascular, ou seja, um procedimento invasivo), o 
atendimento em casa, o home care. Existe o hospital-dia, também, 
e hoje o paciente está ficando cada vez menos no hospital e 
optando por tratamentofora. Nosso problema de infecção está 
associado à assistência à saúde. Acredito que deveríamos 
prestar atenção não somente às infecções, mas nos eventos 
adversos Metodologias que utilizamos para infecção hospitalar 
deveriam ser utilizadas para eventos não infecciosos, tais como 
formação de escara e complicações de acesso venoso da diálise. 
Obviamente é necessário primeiramente fazer um estudo 
detalhado dos eventos mais complicados dessas situações de 
assistência à saúde. 
 Além disso, é preciso traçar estratégias de prevenção. 
Provavelmente, em um serviço home care é mais difícil avaliar a 
qualidade do serviço que está sendo destinada ao paciente. Em 
diálise utilizamos uma série de indicadores que não são infecciosos. 
Enfim, precisamos enxergar além dos hospitais e das infecções, isto 
é, considerar a infecção hospitalar como o evento adverso do 
atendimento especializado. Sabemos que o uso de cateteres, UTIs 
e procedimentos invasivos traz uma série de complicações. Por 
isso, é preciso cautela no uso de cateteres para diminuí-las. 
P. H. - Quais têm sido as infecções mais frequentes no Brasil? 
Dra. Anna Sara - Todas as infecções associadas a procedimentos 
invasivos: as infecções por cirurgia em que se submete o paciente a 
um procedimento cirúrgico. Há também o grupo de pacientes com 
infecções associadas a tratamentos muito agressivos, como 
quimioterapia ou transplante. Procedimentos realizados em 
Unidade de Terapia Intensiva também têm grande incidência de 
infecções, por exemplo, associadas à ventilação mecânica e ao 
cateter venoso. As infecções urinárias têm sido as mais incidentes e 
todas estas infecções estão relacionadas a algum procedimento. É 
quase zero o risco de infecção urinária sem procedimento, pois o 
paciente tem uma sonda ou uma cirurgia urológica. Desta forma, 
para a precaução devemos nos preocupar com os 
procedimentos, por exemplo: 
- lidar com a sonda da melhor maneira possível; 
- um maior cuidado na instalação da sonda; 
- no cuidado da sonda; 
- não violação da sonda; 
- a própria indicação de uso. 
 
 Tudo isso porque sabemos que este é o fator de risco. Então, à 
medida que se conhece os fatores de risco dos pacientes é preciso 
minimizá-los. 
P. H. - Qual a situação do Brasil, hoje, em relação à resistência 
bacteriana? Quais as perspectivas em relação à terapêutica 
antibacteriana? 
Dr. Anna Sara - Os dados que temos dos grandes hospitais 
brasileiros indicam que existem altas taxas de resistência 
bacteriana. Acredito que ao se falar em resistência bacteriana 
temos que considerar os antibióticos, que aumentam o risco à 
medida que vão sendo utilizados. O antibiótico deve ser controlado, 
evitando que o paciente use de maneira inadequada; mas de 
qualquer forma, ele sempre será usado e temos que considerar que 
não é somente o mau uso que gera resistência, mas sim o uso. Um 
segundo ponto é que, se você não usa as técnicas adequadas de 
controle de infecções, são transmitidos germes multirresistentes de 
um paciente para outro. 
Acredito que as estratégias no controle de antimicrobianos são 
importantes, mas não são fundamentais. A administração do 
hospital gosta porque tem uma redução de custos, ou seja, o 
controle de antimicrobianos é melhor para o paciente porque usa o 
mínimo de antimicrobiano necessário, e é uma estratégia de 
controle de custo. Já do ponto de vista da infecção, acredito que 
este controle ajuda, mas não é tudo. Estou convencida de que as 
práticas básicas de infecção hospitalar são o que controlam a 
resistência, porque controlam a disseminação. Acredito que o 
grande problema no Brasil nessa área, atualmente, seja a falta 
de laboratórios de microbiologia, até porque o custo de 
procedimentos nestes laboratórios é muito alto e paga-se pouco 
pelo exame. 
Segurança dos profissionais de saúde 
 
 Na área da saúde, por tratar de doenças e haver o contato 
entre profissionais e pacientes, sempre há uma maior exposição e 
maior risco de contrair alguma doença. 
 Os profissionais da área da saúde (PAS) são os estudantes, 
médicos, enfermeiros, funcionarios da limpeza, dentistas, entre 
outros, que “desempenham atividades que envolvem contato com 
pacientes, sangue ou outros fluidos orgânicos, em ambientes de 
assistência à saúde, laboratórios e correlatos”, de acordo com a 
definição do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), 
em português Centro de Controle e Prevenção de Doenças. 
 Por conta disso, é imprescindível pensar em maneiras de 
prevenir contaminações. Todos os estabelecimentos da área da 
saúde (EAS) precisam desenvolver um Programa de 
Biossegurança e divulgar a todos os profissionais da instituição. 
 Nos Programas de Biossegurança devem estar expostas 
formas de prevenção de acidentes e redução dos riscos que o 
trabalho oferece. Cada tipo de estabelecimento possui um 
Programa diferente, pois cada um trabalha com instrumentos 
específicos. 
 Biossegurança (bio significa vida) é um conjunto de ações que 
têm o objetivo de proteger a saúde do trabalhador, seja de que área 
for, além da preocupação com o meio ambiente. 
 De acordo com o Centro Cultural do Ministério da Saúde, 
órgão que promove o direito à informação e ao conhecimento 
em saúde, na biossegurança em estabelecimentos de saúde: 
Todo profissional que trabalha com substâncias químicas de risco, 
com material biológico que esteja sujeito a radiações, ou que 
manipule material pérfuro-cortante ou, ainda, equipamentos com 
bases de funcionamento físico (micro-ondas, ultrassom, autoclaves 
etc.), deve: 
- estar atento e não fazer uso de drogas que afetem o raciocínio, 
autocontrole e comportamento; 
- ler a recomendação da biossegurança de saúde e procedimentos 
operacionais padrão do setor; 
- agir com tranquilidade e sem pressa; 
- prevenir-se de eventuais acidentes utilizando, de acordo a 
sua necessidade, os equipamentos de proteção individual e 
coletivo (jaleco, avental, óculos, protetor facial, cabelos presos, 
luvas, botas, máscara, avental de chumbo, câmara de exaustão, 
cabina de segurança biológica e química). 
Nos setores de maior trânsito e fluxo de pessoas, as sinalizações 
gerais das áreas restritas e permitidas devem ser frequentes e 
devem estar visíveis. As referidas sinalizações devem ser 
expressas, também, em "braile" para os deficientes visuais; ou com 
indicação simbólica ou monitor para os analfabetos. 
 Os maiores riscos de contaminação estão relacionados ao 
sangue ou outros líquidos do corpo que estejam contaminados. Nos 
hospitais, a chance de contaminação é maior do que em outros 
estabelecimentos da área da saúde. 
 Os ferimentos com materiais pérfuro-cortantes (que podem 
perfurar ou cortar) são os que causam mais contaminação. 
Dependendo do tamanho do corte, da quantidade de sangue 
infectado e da gravidade do paciente, o risco pode ser maior ou 
menor. 
 Esses materiais podem transmitir mais de 20 tipos de 
doenças, dentre as quais, as mais comuns são o vírus HIV, a 
hepatite B e a hepatite C. 
 Pela definição do Ministério da Saúde, as exposições capazes 
de transmitir esses vírus são: 
- exposições percutâneas: lesões provocadas por materiais perfuro- 
cortantes como agulhas, bisturis, pedaços de vidros, entre outros; 
- exposições em mucosas: quando o material contaminado atinge 
olhos, nariz, boca ou genitália; 
- exposições cutâneas (pele machucada ou aberta): contato com 
pele com dermatite ou feridas abertas;

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