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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 2 INFECÇÃO HOSPITALAR: IMPORTÂNCIA GLOBAL ....................................... 4 2.1 Estratégias para medidas de prevenção ............................................................. 6 2.2 Higienização das Mãos (HM) .............................................................................. 8 2.3 Limpeza do ambiente ........................................................................................ 11 2.4 Uso de jalecos/batas de uso individual ............................................................. 13 3 INFECÇÕES NO CONTEXTO GERAL .............................................................. 15 3.1 O Impacto da pandemia do Coronavírus X Controle das infecções hospitalares ...........................................................................................................................22 4 TIPOS DE INFECÇÕES ..................................................................................... 25 4.1 Conjuntivite ....................................................................................................... 30 4.2 Controle de infecções em Pediatria .................................................................. 32 5 ÉTICA E CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE ...................................................................................................................... 35 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 37 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 INFECÇÃO HOSPITALAR: IMPORTÂNCIA GLOBAL Fonte: shre.ink/myEb A infecção hospitalar (IH) é um termo que foi substituído por Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), acontece quando o período de incubação do patógeno for desconhecido e não houver evidência clínica e/ou dado laboratorial de infecção no período da internação, ou ainda, o aparecimento a partir de 72 horas após a admissão de alguma manifestação clínica de infecção. Destaca-se que a IRAS não está restrita ao ambiente hospitalar, existe casos em que após a alta do paciente, o mesmo apresente sintomas, contudo, para o diagnóstico de IH, tais sintomas necessitam estar relacionados com a hospitalização, por exemplo, no caso de infecção de sítio cirúrgico, a infecção poderá advir até 30 dias após o ato cirúrgico. Outro exemplo a ser citado, é no caso de introdução de prótese, na qual esse prazo pode ser de até 1 ano após o procedimento (PEREIRA, et al., 2014). Tais infecções adicionam-se às disfunções físicas e estresse emocional do paciente, podendo conduzir a condições incapacitantes, diminuindo a qualidade de vida e, consequentemente, levando ao aumento da letalidade. O aumento nos custos relacionados à assistência à saúde é um dos resultados, no qual a prorrogação do tempo de internação do paciente com IRAS é um elemento importante, produzindo não só uma ampliação nos custos diretos como também nos indiretos, devido a perdas de dias de trabalho. O aumento do número de drogas usadas, a precisão de procedimentos de isolamento e precauções, exames laboratoriais e outros estudos 5 diagnósticos adicionais também produzem efeitos nos custos atribuídos (CORREIA, 2013). As infecções hospitalares apresentam um problema global, visto que a execução de programas de prevenção de infecções recebeu um reconhecimento especial baseada na experiência do COVID-19 e da resistência a antibióticos. Houve um aumento muito significativo de pacientes internados apresentando suspeita ou colonização conhecida por determinados patógenos epidemiológicos, fazendo com que estes pacientes possam sentir-se só, devido a vulnerabilidade durante sua internação. Sendo assim, recomenda-se a permissão e envolvimento de acompanhantes para visitas, pois possuem um impacto positivo na recuperação do paciente. Quando o paciente se encontra colonizado, ele apresenta risco de transmissibilidade dos patógenos, ou seja, cuidados deverão ser executados para à prevenção da saúde do acompanhante ou visitante (AV), porém não existem diretrizes que garantam a adesão da criação de sugestões para esses indivíduos, resultando em risco à saúde. A transmissão de microrganismos no ambiente hospitalar, é uma grande preocupação e as infecções associadas à assistência à saúde (IRAS) encontra-se entre as principais causas de morbimortalidade (SINÉSIO et al, 2018; TAUFFER et al, 2019). Se fizermos uma comparação entre os países desenvolvidos, iremos observar que os percentuais de IRAS aumentaram 20 vezes mais do que quando comparadas às de países desenvolvidos, ou em países em desenvolvimento. Fato este relacionado ao baixo capital conduzido aos gastos com a saúde. A razão pela preocupação com as IRAS, está relacionado à resistência aos antibióticos, devido seu uso frequente na área da saúde beneficiando a escolha de cepas resistentes que podem multiplicar facilmente no ambiente, caso não adotarem as medidas preventivas apropriadas (PADOVEZE et al, 2019; SINÉSIO et al. 2018). 6 2.1 Estratégias para medidas de prevenção Fonte: bityli.com/SLQHutJC As estratégias consideradas mais importantes para a prevenção da transmissão de microrganismos resguardando tanto o trabalhador quanto ao paciente, são as precauções padrão. Medidas essas que se baseiam no princípio de que todo o sangue, fluidos corporais, secreções e excreções, exceto suor, pele não intacta e membranas mucosas, são capazes de conter agentes infecciosos transmissíveis, sendo necessário que se evite o contato com tais líquidos. Essas medidas incluem à higienização correta das mãos (HM), o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), etiqueta respiratória, descarte adequado de resíduos e o reprocessamento de produtos para à saúde. Ao selecionar o EPI, os riscos potenciais de exposição à sangue ou outros fluidos corporais devem ser avaliados (BRASIL, 2017; SIEGEL et al. 2007). No âmbito de prevenção específica, o aumento do número de internações hospitalares aumentou significativamente, refletindo em um número crescente de doentes com infecções ou colônias, a pandemia provocada pelo SARS-CoV-2 (Covid- 19) e também o ressurgimento destacando os casos de sarampo, em foco na América do Sul (GÉNÉREUX et al, 2020; CHATZOPOULOU et al, 2020; OPAS, 2016; ROSELLI et al, 2020; ZHOU et al, 2020). O estabelecimento de boas práticas em Precaução Específica (PE), possui uma grande importância para prevenir a transmissão de microrganismos de um paciente 7 para outro ou para o meio ambiente ou para a segurança de pacientes, profissionais e demais envolvidos na assistência à saúde. Os pacientes em precauçãoespecífica, podem se sentir vulneráveis, desenvolvendo múltiplos sentimentos como: o medo da piora de sua saúde ou que se torne uma ameaça para a comunidade, devido sua condição ser contagiosa (JESUS; DIAS; FIGUEREDO, 2019). O acompanhante é um representante da rede social do paciente que o acompanha durante todo o período da internação, visando buscar melhorias em termos de uma internação mais humanizada (BRASIL, 2010). Eles poderão ser bastante úteis para prevenir a transmissão de infecções, sendo indispensável que ambos recebam todas orientações necessárias sobre a PE, em materiais informativos para pacientes, acompanhantes e visitantes, o que pode ser a justificativa da precaução e medidas, os riscos, caso as medidas recomendadas e as instruções de uso dos EPIs não forem corretamente seguidas (SIEGEL et al, 2007). A Higienização das mãos (HM) é uma medida simples que deve ser utilizada para prevenir à transmissão de microrganismos. É necessário ensinar a forma adequada dessa higienização, não apenas para os envolvidos no cuidado à saúde do paciente, mas a todos que estão em contato com ele (AZEVEDO et al, 2018). Ao se ter contato com superfícies, objetos ou pessoas contaminadas, as mãos tornam-se uma das principais vias de transmissão de patógenos, sendo imprescindível ser higienizadas de maneira correta com água e sabão ou com desinfetantes a base de álcool, principalmente soluções etanólicas ou isopropílicas (SEQUINEL et al, 2020; WHO, 2009). A maneira correta de se utilizar os EPIs, também foi sinalizada como uma das principais ações de não conformidade feita pelos Acompanhantes e Visitantes (AV), se forem utilizados corretamente, os EPIs como luvas, máscaras cirúrgicas e aventais, os mesmos servirão como uma barreira física à transmissão de partículas infecciosas presentes nos fluidos corporais (BROWN et al, 2019). A Lei Federal nº. 9.431, de 06 de janeiro de 1997, e a Portaria nº. 2616 de 12 de maio de 1998, dispõem sobre a obrigatoriedade da existência de uma CCIH e de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH), respectivamente, nos hospitais brasileiros. Constitui parte da CCIH/CCIRAS uma equipe multiprofissional que atua de forma conjunta para evitar a transmissão e disseminação de 8 microrganismos. Contudo, no que concerne à formação dos profissionais de saúde, o tema de controle de IRAS não é abordado com a devida relevância, sendo raros os cursos de graduação que abordem adequadamente essa temática, tendo como consequência um grande hiato entre a prática e as recomendações do PCIH (SINÉSIO et al, 2018; LÔBO et al, 2018; MENEGUETI et al, 2015; PADOVEZE et al, 2014). Deste modo, é imprescindível o treinamento da equipe multidisciplinar para a obtenção do êxito nos aspectos que tangem à prevenção e controle das IRAS (SINÉSIO et al, 2018). Além disso, há necessidade de mudanças relacionadas as atitudes e comportamentos dos profissionais de saúde para melhora da adesão em relação às medidas preventivas específicas (GONZÁLEZ-ESTRADA et al, 2016). Observa-se que muitas vezes, o significado e a utilidade das medidas de PE não são bem esclarecidos aos AV, possibilitando o risco de contaminação ou da transmissão de microrganismos para demais pessoas (JUSKEVICIUS et al, 2016; PADOVEZE et al, 2019; SIEGEL et al, 2009). Outra situação que merece destaque se refere à utilização equivocada dos EPIs. Em alguns casos, o uso de EPIs por AV é negligenciado pois envolve sentimentos de desconforto ao ter como imposição uma barreira física, como avental e luvas, para lidar com o paciente (MARQUES et al, 2014; REIS et al, 2015). Por outro lado, estudos apontam que frequentemente, a utilização de EPIs não é totalmente esclarecida ou compreendida, ocasionando muitas vezes o uso desnecessário desses equipamentos sucedendo a elevação dos custos relacionados ao aumento do seu uso (REIS et al, 2015; SANTOS et al, 2018). 2.2 Higienização das Mãos (HM) Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que existam 1,4 milhões de casos de infecções provenientes dos serviços de saúde, a maioria dos quais, poderia ser impedida com a adoção de uma técnica simples: a higienização das mãos. 9 Fonte: shre.ink/my0G Estudos epidemiológicos indicam que pacientes recentemente hospitalizados apresentam alto risco de contaminação em ambientes anteriormente ocupados por outro indivíduo sabidamente infectado, principalmente por microrganismos multirresistentes. Os profissionais de saúde estão constantemente expostos a superfícies e materiais potencialmente contaminantes, aumentando a possibilidade de contaminação das mãos durante o atendimento aos pacientes e/ou procedimentos clínicos. A higienização das mãos é considerada a forma mais importante para reduzir a transmissão de doenças infectocontagiosas. Em 1846, o médico húngaro Ignaz Philip Semmelweis relatou a ocorrência de febre em mulheres que recentemente haviam dado à luz com os cuidados médicos que elas recebiam. Após Semmelweis observar que os médicos saíam das salas de autopsia e iam diretamente para as salas de parto, sem higienizar as mãos, ele identificou que esses mesmos médicos possuíam um odor desagradável nas mãos. Então, Semmelweis deduziu que a alta incidência de febre era originada de partículas cadavéricas, sendo transmitidas das salas de autopsia para a ala de obstetrícia pelas mãos de estudantes e médicos. Em seguida, ele orientou que todos realizassem a higienização das mãos com solução clorada a cada realização de procedimento, seja ele no início ou término. Com isso, no mês seguinte, foi percebido para surpresa de todos, a queda da taxa de infecção e mortalidade de 12,2% para apenas 1,2%, 10 evidenciando a importância da limpeza das mãos na prevenção de doenças infectocontagiosas (STAPENHORST, 2019). A higienização das mãos (HM) tem duas finalidades: ➢ retirada de sujeira, suor, oleosidade, pelos, células descamativas e microbiota da pele, interrompendo a transmissão de infecções relacionadas ao contato direto; ➢ prevenção e diminuição das infecções causadas pelas transmissões cruzadas. Orienta-se à higienização das mãos regularmente para todos os profissionais da saúde que mantêm contato direto ou indireto com pacientes, manipulam medicamentos, alimentos ou materiais estéreis ou contaminados. Os sabonetes comuns (barra, líquidos ou em espuma) favorecem a eliminação da sujeira e da microbiota transitória. Entretanto, só terá eficácia a utilização de sabonete comum quando associada ao uso correto da técnica de higienização das mãos e da fricção mecânica durante o processo de lavagem. Condutas para o controle de infecções para o contato direto em geral e para a maioria das atividades práticas laboratoriais ou ambulatoriais. A utilização de sabonete líquido (com refil) nos serviços de saúde, é recomendação da ANVISA devido ao menor risco de contaminação do produto. Alguns estudos mostraram que os sabonetes em barra possuem grandes concentrações de bactérias, respectivo ao uso coletivo, e que a contaminação poderia ocorrer facilmente se a manipulação do suporte para o refil, não for realizada de forma correta durante a troca do produto (STAPENHORST, 2019). Os produtos antissépticos empregados na higienização das mãos não podem possuir apenas ação antimicrobiana, mas também ação residual ou prolongada. Os álcoois etanol, isopropanol e n-propanol são comumente utilizados como produtos para a higienização das mãos. Desses três, o etanol é o mais utilizado e reconhecido como agente antimicrobiano há séculos. A forma de ação desses produtos constitui na desnaturação (alteração da conformação) e na coagulação de proteínas. Esses produtos acarretam também uma quebra da integridade da membrana celular, levando à ruptura desta. Os álcoois possuem rápida ação e eficaz contra a atividadebacteriana e fungicida. Para que a eficácia do produto seja aumentada, as soluções alcoólicas necessitam ter entre 60 e 11 80% de concentração, visando que quanto maior a quantidade de água presente, menor a capacidade do produto de interferir na integridade da membrana celular bacteriana (STAPENHORST, 2019). A ciclodextrina é um produto antisséptico empregado há, cerca de, 70 anos e sua atividade antimicrobiana, tais como os álcoois, também é atribuída à ruptura da membrana plasmática de consequente coagulação de proteínas. Contudo, apesar de a ciclodextrina ter ação residual mais forte (de aproximadamente 6 horas), a sua ação imediata é mais lenta quando comparada com produtos à base de álcoois. Mas, é de grande importância citar que a ciclodextrina, por causa do seu efeito residual prolongado, é considerada como o melhor antisséptico disponível no mercado. Ela apresenta alta eficácia contra bactérias Gram-positivas e fungos, porém, não possui ação contra esporos fúngicos. O iodo, propriamente dito, desde de 1821 é usado como antisséptico, porém, como o composto ocasiona irritações e manchas cutâneas, em 1960, ele foi suprido pela polivinilpirrolidona iodo (PVIP). Então, ao realizar a escolha do produto que você utilizará, considere sempre a indicação, a eficácia, a técnica utilizada e os recursos disponíveis. Porém, grande parte dos manuais de higienização das mãos orienta a lavagem simples, seguida do uso de solução alcoólica, como o método mais eficaz. 2.3 Limpeza do ambiente A higiene do ambiente é considerada, pela ANVISA, como um dos critérios mínimos para o funcionamento e a qualidade oferecida pelos serviços de saúde. O ambiente de trabalho é um ambiente coletivo, onde várias pessoas, com hábitos e costumes diferentes, convivem, portanto, é necessário adotar procedimentos de higienização, visando à redução dos riscos associados aos serviços da saúde. A realização da limpeza do ambiente, desde bancadas até mesmo o chão, deve ser concretizada seguindo os princípios simples preconizados pelas Normas de Biossegurança. É importante sempre realizar a limpeza no sentido da área mais limpa em direção à mais suja ou da área menos contaminada para a mais contaminada, sempre de cima para baixo, no mesmo sentido e mesma direção, ou seja, se você começar pelo lado esquerdo da área, passe o pano com o produto de trás para frente e refaça o mesmo movimento na área adjacente àquela que foi higienizada. Jamais 12 utilize movimentos de vai e vem ou circulares durante a higienização das bancas, pois esses movimentos espalham sujidade (STAPENHORST, 2019). Os métodos de limpeza de superfícies em serviços de saúde abrangem a limpeza concorrente (diária) e a limpeza terminal. A limpeza terminal é, principalmente, utilizada em ambientes hospitalares e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), pois é realizada com máquinas de lavar piso e com produtos químicos mais fortes. O serviço de saúde que mais faz uso desse tipo de limpeza são os hospitais e as upas. Fonte: shre.ink/my01 A limpeza concorrente deve ser executada diariamente, com o objetivo de limpar, organizar o ambiente de trabalho, repor os insumos de consumo diário, separar e organizar os materiais que serão processados para a esterilização. Devendo ser realizada em todas as superfícies horizontais de móveis e equipamentos, portas, maçanetas, piso e instalações sanitárias. A limpeza dos pisos diariamente deve ser feita sempre que houver necessidade, varrendo, essencialmente, os resíduos existentes. Use um pano embebido em água e sabão e utilize sempre dois baldes com água: um contendo água limpa e o produto e o outro com água apenas para o enxague do pano, removendo, assim, o excesso de sujidade. Posteriormente, o produto desinfetante, comumente 13 hipoclorito, necessita ser aplicado em toda a superfície do piso, utilizando um pano limpo (STAPENHORST, 2019). 2.4 Uso de jalecos/batas de uso individual Sabe-se que jalecos (batas brancas) de uso individual usados pelos profissionais de saúde agregam inúmeras bactérias e vírus transmissores de doenças, principalmente de infecções hospitalares que se alojam no tecido da vestimenta. Alguns tipos de bactérias se conservam por dias até 2 meses na peça/roupa, e pelo menos 90% delas resistem no tecido durante 12 h. Fonte: shre.ink/myHu Existe contaminação por microrganismos nos diferentes artigos utilizados pelos profissionais de saúde durante a assistência, entre eles, estão respectivamente segundo a presença de microrganismos patogênicos, as canetas, estetoscópios, telefones celulares e aventais (PANDEY, 2010). A utilização de jalecos e/ ou aventais é prática comum entre a equipe de saúde. Contudo, reconhece-se que estes são progressivamente contaminados durante os atendimentos realizados aos pacientes, tornando os uniformes veículos potenciais 14 para a transmissão de microrganismos, o que poderia contribuir para o aumento das infecções associadas aos cuidados de saúde (CARVALHO, 2009). Ressalta-se também que essas vestimentas não constituem apenas risco para a transmissão de microrganismos aos pacientes, pois os profissionais de saúde, de forma geral, realizam a higienização de suas vestimentas em seus domicílios, o que potencialmente gera riscos para a família e comunidade onde estão inseridos (HIGGINSON, 2011). Grande parte dos profissionais de saúde acredita que as roupas podem ser veículos de transmissão de infecções hospitalares, o que é suportado por evidências científicas frágeis. Assim, para comprová-las, é necessário que sejam testadas e examinadas, quantificando-se e qualificando-se os microrganismos presentes nas vestimentas (CARVALHO, 2009). Em alguns hospitais, o uso de jalecos/batas de uso individual vem sendo restrito às áreas de assistência a pacientes. Orientados por normas internas, os colaboradores devem retirar o jaleco antes de saírem das unidades, em especial da unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal/pediátrica e até de adultos, para entrarem no refeitório sem esse equipamento de proteção individual (EPI). Recomenda-se também que os profissionais de saúde utilizem um jaleco/bata de uso individual novo (limpo) todos os dias, promovendo, assim, maior controle de infecções dentro e fora dos hospitais, visto que também não está aconselhado esse tipo de roupa em áreas e/ou vias públicas (Recife – Lei no 17.601/2009/São Paulo – Projeto Lei no 687/2009). É importante diferenciar os jalecos/batas de uso pessoal dos aventais (descartáveis/tecido) indicados em casos de risco de contaminar a roupa das equipes multiprofissionais e para proteger a pele no contato com sangue e fluidos corporais. A indicação e a escolha do tipo de avental baseiam-se na natureza da intervenção com o paciente, incluindo o grau esperado de contato com material infectante e o potencial de penetração de sangue e fluidos no avental. Se os aventais forem do tipo impermeável a líquidos, a utilização de cobertura de pernas, botas ou de sapatos aumenta a proteção da pele quando há presença ou possibilidade de respingos ou grande quantidade de material infectante (HINRICHSEN, 2018). É importante lembrar que os aventais deverão ser retirados após contato com pacientes e não deverão ser reutilizados antes de serem reprocessados, devendo ser 15 retirados na saída do quarto/enfermaria/unidade assistencial, seguindo-se a higienização das mãos. Além disso, eles não devem ser reutilizados de um paciente para o outro e, após uso, precisam ser depositados em recipiente apropriado, não devendo ser pendurados para uso posterior, especialmente em unidades de neonatologia, pediatria e berçários. A cultura de prevenção de infecções hospitalares deve contemplar não só a mudança de comportamento da equipe e dos profissionais de saúde, mas também da família queacompanha o paciente e permanece no ambiente hospitalar, bem como da comunidade a que pertence. A atualização e o treinamento das equipes são essenciais para garantir boas práticas de saúde e minimizar o risco de contágio (CAETANO, 2020). 3 INFECÇÕES NO CONTEXTO GERAL Fonte: shre.ink/my0b Além da suscetibilidade individual a processos infecciosos, deve-se levar em consideração a existência de múltiplos fatores que colaboram para a manifestação de infecções relacionadas à assistência à saúde (IrAS) em pacientes. Observam-se entre eles o estado clínico e/ou a suscetibilidade do hospedeiro; a falta de adoção de medidas preventivas na realização dos procedimentos; a manipulação imprópria de 16 substâncias particulares (uso indiscriminado de antissépticos e antimicrobianos); os descuidos de medidas de segurança na preparação e conservação do sangue para transfusões ou nas prescrições da alimentação parenteral, que acrescentam a probabilidade da introdução de bactérias no organismo do paciente. Outras causas de IrAS são: ➢ transmissão direta do microrganismo; ➢ utilização de dispositivos invasivos, uma vez que essas substâncias são administradas por meio de cateteres, em veias periféricas ou centrais, para a corrente sanguínea; ➢ utilização indevida de antissépticos cutâneos, que podem não criar barreiras ou contaminação a partir do ponto de introdução do cateter venoso na artéria. O aumento do número de leitos e de internações leva uma maior convivência de pacientes no hospital, resultando na necessidade de contratação de mais funcionários para o cuidado com o paciente, bem como para a realização de atividades com maior agilidade, aumentando o risco de transmissão da infecção de um doente para outro, como também a transferência de pacientes para outras instituições hospitalares, diagnósticas e terapêuticas (HINRICHSEN, 2018). Um ambiente bastante propício à ocorrência de IrAS é a unidade de terapia intensiva (UTI) de um hospital, por uma série de motivos: os pacientes admitidos em ambiente de terapia intensiva se encontram habitualmente em estado crítico, com seus mecanismos de imunidade afetados, sendo suscetíveis a infecções; o próprio ambiente da UTI agrupa muitos doentes com infecções graves, por vezes por microrganismos resistentes, facilitando assim as infecções cruzadas, caso não tenha mecanismos adequados de barreira implementados. Os pacientes que se submetem a inúmeros procedimentos invasivos, criam portas de entrada para os microrganismos da própria microbiota do paciente e do ambiente. Vale ressaltar que muitos destes pacientes estão intubados e submetidos a ventilação mecânica (VM), que é potencialmente contaminante do sistema respiratório, principalmente se não houver cuidado adequado em procedimentos de aspiração orotraqueal ou se houver abertura desnecessária do circuito do ventilador. 17 O uso de filtros higroscópicos e de sistemas de aspiração fechada pode acarretar benefício por diminuir a frequência de desconexão do ventilador. Da mesma forma, os procedimentos que utilizam circulação extracorpórea, como hemodiálise e oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), aumentam as chances de infecção de corrente sanguínea por contaminação dos circuitos e até mesmo das soluções as quais foram utilizadas no procedimento. A prática da automedicação induz ao consumo incorreto e indiscriminado de medicamentos, especialmente antibióticos. Isso contribui para que cepas resistentes e seletivas surjam no ambiente hospitalar, favorecendo infecções (HINRICHSEN, 2018). A Lei Federal no 9.431, de 1997, regulamentada pela Portaria no 2.616, exige que os hospitais mantenham um programa de controle de IrAS (infecções hospitalares – IH), e estabeleçam dados epidemiológicos, pesquisar de vigilância epidemiológica para identificação de eventos, determinar causas e possibilitar a proposição de medidas administrativas coerentes e oportunas, obrigando ter um controle dos procedimentos invasivos, à aplicação efetiva de técnicas de limpeza, desinfecção, antissepsia, esterilização e isolamento. Os processos judiciais a que estão expostos os hospitais, são outra razão importante para prevenção e controle de IrAS/IH. O hospital possui a responsabilidade de resguardar a incolumidade do paciente em tudo que possa lhe causar dano. O artigo 159 do Código Civil mostra que aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, causar prejuízo a outrem fica obrigado a reparar o dano. É de responsabilidade do hospital o trabalho de seus funcionários. Em um processo jurídico, o prestador avaliado culpado poderá ser obrigado a indenizar o paciente ou familiares, e, além dos danos à sua imagem, também poderá vir a perder seu alvará, afetando sua lucratividade e viabilidade. Os profissionais, estão sujeitos às sanções do código de ética e órgãos de classe. O artigo 1.545 do Código Civil estabelece que médicos, cirurgiões, farmacêuticos, parteiras e dentistas ficam obrigados a satisfazer o dano sempre que, da imprudência, negligência ou imperícia em atos profissionais, resultar morte, inabilitação de servir ou ferimento. O artigo 1.538 aborda da liquidação das obrigações resultantes de ato ilícito, enquadrando-se neste as IrAS por imperícia, imprudência ou negligência. 18 O próprio Ministério da Saúde coloca a IrAS/IH como a provável quarta causa de óbito. As vantagens de um programa ativo de prevenção e controle das infecções são inquestionáveis, destacando-se a diminuição da morbimortalidade e dos custos. Quando se trata de saúde é especificamente delicado, principalmente abordar a questão econômica, mas a falta de recursos financeiros, tem exigido dos administradores e profissionais de saúde a busca da eficácia e eficiência do tratamento ao menor custo possível. A redução de custos não implica a perda de qualidade assistencial, ao contrário: um hospital com bom gerenciamento financeiro tem condições de reverter o resultado desse trabalho na educação continuada de seus profissionais, em hotelaria (na modernização do espaço físico) e na aquisição de equipamentos de última geração que trarão mais conforto, proporcionando maior confiabilidade na assistência aos pacientes (HINRICHSEN, 2018). Os custos dessas IrAS são três: diretos, quando efetuados pelo hospital e pelo paciente; indiretos, quando há parada ou descontinuidade do trabalho e da produção decorrentes do afastamento do paciente; e intangíveis, que são relacionados com as alterações emocionais e psicológicas no paciente resultantes da doença. Atualmente, a maioria das instituições de saúde do Brasil não dispõe de um sistema técnico, detalhado e consistente de custos para estabelecer o preço de seus serviços, além de apresentarem desperdício ou má aplicação de seus recursos, visto que uma instituição de saúde que não conheça seus custos, provavelmente terá graves problemas na administração de seu fluxo de caixa. Portanto as IrAS constituem em um problema grave e um desafiador, exigindo trabalho ininterrupto. Todos no hospital, pacientes, familiares, funcionários, médicos e fornecedores, são responsáveis pela prevenção e controle da IH. Uma CCIH/gerência de risco/qualidade, estruturada e eficaz, com uma equipe de profissionais comprometida em obter a diminuição dos índices de infecção, acarretará melhoria significativa na qualidade da assistência aos pacientes e expressiva redução de custos, assim como de processos judiciais (HINRICHSEN, 2018). O processo de qualidade nos serviços de saúde ligada à questão das IrAS é uma temática que continua evocando atenção no cenário mundial para a concepção da cultura de segurança do paciente. Trata-se de evento não somente biológico, mas histórico e social, que causa impacto direto na segurança da assistência à saúde, e 19 constitui um dos principais desafiosmundiais para a qualidade dos cuidados em saúde. Critérios para definição de irAS/IH Qualquer processo infeccioso adquirido em ambiente hospitalar, diagnosticado especialmente durante sua internação, é considerado IrAS/IH, porém pode ser detectado após comprometendo também qualquer outra pessoa presente no hospital. O diagnóstico e a localização são adquiridos com o conjunto de dados clínicos e laboratoriais. Para que se defina a infecção o tempo de acompanhamento do paciente é de até 48 h após a alta da unidade de terapia intensiva (UTI), 30 dias após a cirurgia sem colocação de prótese e 1 ano após colocação de prótese. Qualquer infecção do neonato até 28 dias de vida é classificada como hospitalar (nosocomial – IrAS), desde que a via de aquisição não seja transplacentária (HINRICHSEN, 2018). Segundo a Portaria no 2.616 do ministério da saúde (MS), um processo infeccioso relacionado ao ambiente hospitalar é definido quando pode estar relacionado à internação ou procedimentos complementares. Deve-se considerar também a suscetibilidade individual a infecções, que podem ser endógenas (pelos próprios microrganismos do paciente, que podem ser induzidos por doenças ou medicamentos, como antibióticos, corticosteroides, anti-helmínticos, gases anestésicos e imunossupressores); ou exógena, que aparece a partir de microrganismos estranhos ao paciente, sendo veiculada pelas mãos da equipe de saúde, por nebulização, uso de respiradores, vetores, medicamentos ou alimentos contaminados. Antibioticoprofilaxia A utilização em cirurgia geral de antibióticos profiláticos pode não ser necessário quando realiza é realizada uma cirurgia limpa, exceto quando existe algum certo risco de infecção. Quando utilizados, seguem protocolos com base em evidências científicas, que levam em conta os microrganismos mais frequentemente relacionados aos procedimentos cirúrgicos, segundo microbiota hospitalar, cujos agentes mais frequentes são bactérias gram-positivas (Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis) e coliformes aeróbios (Escherichia coli). 20 A indicação de antibioticoprofilaxia cirúrgica, quando realizada, visa à prevenção de infecção cirúrgica, local, porém não previne outras infecções já existentes, como as urinárias, pneumonia ou infecção de cateter. Deverá ser iniciada 1 h antes do procedimento (coincidindo geralmente com o momento da indução anestésica) e descontinuada logo após. Cirurgias com mais de 4 h, deve-se repetir a dose após 2 h da primeira e suspender posteriormente. Os antibióticos empregados como profiláticos em procedimentos cirúrgicos são a cefazolina e a cefalotina, ambas cefalosporinas de primeira geração e com espectro semelhante para microrganismos comuns como Staphylococcus aureus/epidermidis e Escherichia coli. A cefazolina é preferida à cefalotina, por sua meia-vida sérica tecidual maior (4 h), possibilitando uma excelente ação sobre as principais bactérias de interesse cirúrgico (HINRICHSEN, 2018). Devido a cefalotina, possuir meia-vida mais curta (2 h), obriga ao aumento do número de doses a cada hora. A repetição do antibiótico profilático intraoperatório deverá ocorrer se o tempo cirúrgico ultrapassar a meia-vida do antibiótico escolhido. Translocação bacteriana Definida como translocação bacteriana a passagem de bactérias viáveis ou endotoxinas por intermédio da mucosa e da lâmina própria do sistema gastrintestinal para os linfonodos mesentéricos e outros órgãos. Este fenômeno tem sido associado a bacteremia e síndrome da falência de múltiplos órgãos e sistemas. Espera-se que, para acontecer a passagem de microrganismos e endotoxinas do lúmen intestinal para a corrente sanguínea, exista precisão da existência isolada ou em conjunto de queda da imunidade do paciente, alteração da flora intestinal e de quebra da barreira defensiva do intestino, representada pela mucosa intestinal (HINRICHSEN, 2018). Diferentes situações clínicas, incluindo obstrução intestinal, têm sido implicadas na ocorrência de translocação bacteriana. Alguns estudos apontam que pacientes com obstrução intestinal, mostram a presença de bactérias gram-negativas em linfonodos mesentéricos. A translocação bacteriana também tem sido demonstrada na obstrução experimental do intestino delgado, tanto nos linfonodos quanto no fígado, baço e sangue. Existem evidências, experimentalmente, de que a obstrução aguda do cólon esquerdo facilita a translocação bacteriana. 21 A função intestinal normal abrange um complexo processo de digestão e absorção de alimentos. Devido à quantidade imensa de bactérias em seu lúmen, o intestino grosso possui um intricado sistema de defesa, o qual ajuda a reconhecer nutrientes que serão absorvidos de endotoxinas e bactérias que necessitam ser excluídos. Esse mecanismo de prevenção engloba um sistema imune ativo, a barreira mucosa e a peristalse, entre outros (HINRICHSEN, 2018). Em ocasiões em que existe deficiência imunológica, como idade avançada; doenças associadas a diabetes melito; depressão; epilepsia; instabilidade hemodinâmica após procedimentos cirúrgicos prolongados (maiores que 3 h), com ampla perda sanguínea (sangramentos durante cirurgias e ou após estas); precisão de reposição sanguínea (hemotransfusões de concentrado de hemácias); desnutrição; episódios de constipação intestinal com uso de medicamentos laxantes que possam levar a desequilíbrio hídrico (desidratação), seguidos de diarreia e/ou alterações gastrintestinais, podem causar quebra física da barreira mucosa, aumento da permeabilidade mucosa e estase intestinal. A translocação bacteriana para linfonodos mesentéricos tem sido demonstrada. Em episódio de obstrução intestinal, as causas possíveis para o aumento da translocação bacteriana seriam a estase fecal, que determina uma quebra de balanço ecológico da microflora intestinal (com rápido aumento da população bacteriana), e a isquemia, que leva a déficit de irrigação e lesão da barreira mucosa. Escherichia coli (E. coli), Proteus mirabilis e Klebsiella pneumoniae são bactérias gram-negativas, aeróbias bastante encontradas em culturas. São as bactérias, principalmente a E. coli, que mais se translocam, em particular quando há fatores de risco associados, que afetam a imunidade do indivíduo. Os patógenos mais envolvidos nas infecções do paciente grave são E. coli, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e Enterococcus spp., acontecendo principalmente em infecções ginecológicas, obstétricas e intraperitoneais. Outro fator importante na incidência de translocação, é o aumento da população bacteriana sobretudo porque o intestino delgado exibe maior suscetibilidade em relação ao colo, devido às diferenças estruturais e fisiológicas entre os intestinos delgado e grosso, e, ainda, porque ele é um órgão frequentemente afetado nos estados de hipoperfusão ou na evolução de doenças inflamatórias abdominais (HINRICHSEN, 2018). 22 3.1 O Impacto da pandemia do Coronavírus X Controle das infecções hospitalares Fonte: bityli.com/TpYKhFAH Foi descoberto em novembro de 2019, um surto de doenças respiratórias fomentada pelo Coronavírus (SARS-CoV-2) em Wuhan conhecida, mundialmente como Coronavirus Disease 2019 (COVID-19). Este vírus multiplicou-se ligeiramente entre os países, interferindo mundialmente a vida diária de bilhões de pessoas, sendo declarado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em março de 2020, como uma pandemia (ANDRADE et al., 2021). A pandemia gerada pela SARS-CoV-2, estabeleceu números expressivos mundialmente de pessoas contaminadas, tendo gravidade do quadro acarretando em óbitos, ocasionando assim uma nova realidade para todo o mundo, principalmente para os profissionais da saúde que adentraram para a linha de frente. O maior desafio sanitário encontrado neste século acontece através da pandemia de COVID-19, aomesmo tempo, trazendo um desafio para as equipes de saúde onde mundialmente os profissionais de saúde, passaram por uma realidade surreal especialmente durante a assistência, e a grande demanda nos atendimentos das Unidades de Terapia Intensiva (UTI,s), culminando na ampliação de novos leitos de UTI em todo país (WERNECK & CARVALHO, 2020). 23 É importante saber que quando mencionamos sobre leitos de UTI’s é necessário saber quantos existem no país, essas informações facilmente podemos encontrar no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) que em 2020 indicavam a totalidade de 86.392 leitos complementares, sendo 51,6% públicos ou contratados pelo SUS e os remanescentes 48,4% de propriedade privadas. Contudo, 31.940 são leitos de UTI Adulto e 4.938 de UTI Pediátrica, sendo, respectivamente, 15.322 (48,0%) e 2.669 (54,1%) ‘leitos do Sistema Único de Saúde (SUS)’ (BRASIL, 2020; ARAÚJO et al., 2021). A Portaria GM/MS nº 237 e 414/GM/MS, de 18 de março de 2020, autoriza a habilitação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva Adulta e Pediátrica, para acolhimento exclusivo dos pacientes COVID-19, por esta razão, é necessário a inclusão na Tabela de Leitos do CNES, Tipo 03 - Complementar, o Leito 51 - UTI II Adulto - COVID-19 e o Leito 52 - UTI II Pediátrica - COVID-19. Entretanto, em julho de 2020, continuaram cadastrados 20.203 leitos COVID- 19 Adultos e 729 leitos COVID-19 Pediátricos, sendo, simultaneamente, 10.228 (50,6%) e 200 (27,4%) SUS (VITÓRIA & CAMPOS, 2020). Este acréscimo nas UTI,s simboliza cerca de 35,3% sobre a totalidade de leitos complementares do período imediato anterior à pandemia aos meses de janeiro e fevereiro onde 58,7% de ampliação, sobre o somatório dos leitos de UTI Adulto e Pediátrico existentes em janeiro e fevereiro de 2020 (35.682 leitos à época). O maior desenvolvimento proporcional aconteceu na Região Sudeste (48,3%), seguido das Regiões Nordeste (24,7%), Sul (13,0%), Norte (6,0%) e Centro-Oeste (8,0%) (CAMPOS & CANABRAVA, 2021). Exclusivamente foram oferecidos a habilitação de leitos de UTI,s durante a pandemia de COVID-19, pelo Ministério da Saúde (MS) onde foi regulamentada pela Portaria GM/MS nº 568, de 26 de março de 2020. No período de abril a agosto de 2020, foram habilitados 12.244 leitos de UTI,s COVID-19 adultos e 249 leitos de UTI,s COVID-19 pediátricas, a partir de 156 diferentes portarias ministeriais. Neste cenário atual foram habilitados 100% dos leitos SUS COVID-19, tanto adulto quanto pediátrico estão prontos para receber os pacientes de Coronavírus (BRASIL, 2020; MARQUES et al., 2021). 24 De acordo com Oliveira, Lucas e Iquiapaza (2020), a SCIH precisou intervir nas medidas de precaução devido ao potencial de sobrevivência do vírus no ambiente por vários dias, e nas instalações e áreas com grande potencialmente de contaminados por SARS-CoV-2. Essas medidas de precaução são para todos os ambientes hospitalares comuns e restritos, onde antes de serem reutilizadas, devem ser limpas com produtos que contenham agentes antimicrobianos conhecidos por sua eficácia contra os Coronavírus. Segundo Neri et al. (2021), os testes realizados com álcool 70% exibiram um efeito de desinfecção esperado para dois tipos de Coronavírus (vírus da hepatite de camundongo e vírus da gastroenterite transmissível) em seguida um minuto de contato em comparação com 0,06% de sódio hipoclorito também. Exames realizados com SARS-CoV-2 mostraram que o hipoclorito de sódio possui eficácia em uma concentração de 0,05% a 0,1% após cinco minutos quando é agregado a um material contendo SARS-CoV-2. Conforme Moreira, Meirelles e Cunha (2022), relata que a transmissão do SARS-CoV-2 acontece de pessoa para pessoa que através da autoinoculação do vírus em membranas mucosas (nariz, olhos ou boca) e do contato com superfícies inanimadas infectadas, por este motivo, se fazendo necessário uma prevenção de medidas de proteção humana a fim de evitar a contaminação de pessoas. Essas medidas são imprescindíveis para a prevenção da transmissão relacionada à higienização das mãos, considerada uma medida de baixo custo e alta efetividade, por serem as mãos o principal veículo de contaminação cruzada. Segundo Dias et al. (2021), comenta que a higienização das mãos, que contempla todas as metas internacionais de segurança do paciente, trabalhadas em cima da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), protocoladas como medidas assistenciais como barreira essencial e eficaz para a proteção do paciente e do trabalhador de saúde. Considerando essa perspectiva no momento atual, observa-se que o trabalhador passou a perceber quando existe a falta dos insumos essenciais a essa prática, como lavatórios e torneiras danificados, ou se os dispensadores de álcool gel, sabões e papel toalha estão vazios. Já Silva, Emily e Souza (2022), relatam que o monitoramento entre os colegas de trabalho quanto à realização da técnica correta da higiene das mãos, uma vez que 25 a disseminação do SARS-CoV-2, do mesmo modo, alcançava toda a equipe interdisciplinar. A promoção da higiene das mãos é essencial para minimizar a transmissão do SARS-CoV-2 de outras patologias. Os Equipamentos de Proteção Individual (EPI,s) e Coletivo (EPC,s), ambos em contato com o pacientes contaminados por várias patologias entre elas o Coronavírus. Entretanto Teixeira et al. (2020) comenta que a exposição dos profissionais de saúde nas UTI’s com relação ao vírus da COVID-19 tem uma magnitude de riscos ocupacionais, devidos as horas exaustivas, não somente voltados aos perfurocortantes e riscos biológicos em geral, por executar inúmeros e diferentes procedimentos. Por este motivo, se faz necessário o uso regular e intermitente dos EPI’s veste de sua relevância na minimização das possibilidades de se desenvolver uma doença ou acidentes provenientes do trabalho executado. A SCIH tem um papel fundamental que é a fiscalização nestes ambientes hospitalar, que é um local altamente periculoso, que nenhum profissional da saúde está isento de acidentes causados por materiais biológicos ou doenças ocupacionais, o uso de EPI’s é fundamental para os profissionais, cabe a eles julga-se útil o uso e incentivar o uso frequente desse recurso durante a atividade laboral. Ainda assim, todos os profissionais de saúde tiveram que passar por treinamentos intensivos, principalmente com os cuidados direto com os pacientes (ROCHA; ROCHA; MADUREIRA, 2021). 4 TIPOS DE INFECÇÕES A infecção comunitária é aquela detectada na admissão do paciente ou em fase e incubação, desde que não relacionada com internação anterior no mesmo hospital. Também são comunitárias as infecções conexas a complicação ou extensão de infecção já existente por ocasião da admissão, a menos que exista troca de microrganismos com sinais ou sintomas fortemente sugestivos da aquisição de nova infecção, as infecções de recém-nascidos, cuja aquisição por via transplacentária seja conhecida ou tenha sido comprovada e que se tornaram evidentes logo após o nascimento, e as infecções de recém-nascidos associados a bolsa rota superior a 24 horas. 26 Fonte: shre.ink/myxO Os indivíduos que exercem seu trabalho em hospitais estão potencialmente expostos a uma diversidade de doenças infectocontagiosas e podem adquirir IrAS. Esse tipo de infecção diz-se ocupacional. IrAS são complicações infecciosas correlacionadas com o paciente e a diminuição de sua capacidade de defesa anti-infecciosa, podem ser endógenas, exógenas, cruzadas e inter-hospitalares. A infecção endógena ocorre quando é gerada pelos próprios microrganismos do paciente, comumente imunodeprimido, e que corresponde aproximadamente a 66% das infecções hospitalares. A infecção exógena é a que se verifica a partir de microrganismos estranhos ao paciente, sendo veiculadapelas mãos da equipe de saúde, nebulização, uso de respiradores, vetores, por medicamentos ou alimentos contaminados. A infecção cruzada é a que se transmite de paciente para paciente, geralmente pelas mãos da equipe de saúde. A infecção inter-hospitalar foi criada para definir as IrAS que são levadas de um hospital para outro com a alta e subsequente internação do mesmo paciente em diferentes hospitais. Os agentes etiológicos mais frequentemente encontrados nos processos infecciosos são as bactérias. Entretanto, fungos, vírus ou protozoários, na dependência da infecção, tipo e gravidade da doença de base do paciente, assim como dos antibióticos usados previamente e do tempo de hospitalização, podem ser igualmente frequentes e graves. 27 Os pacientes que apresentam maior risco de contrair IrAS nos hospitais são os neutropênicos, os submetidos a cirurgias, os internados em UTI, os politraumatizados e os grandes queimados (HINRICHSEN, 2018). As infecções podem gravíssimas ou assintomáticas, como, por exemplo, as bacteriúrias assintomáticas, associadas ao uso do cateter vesical. Em geral, as mais graves, com maior taxa de letalidade, são as pneumonias associadas à ventilação mecânica (PAV). Estima-se que 90% das IrAS/IH sejam causados por bactérias, 9% por fungos e 1% por vírus, protozoários e helmintos. A taxa de incidência de IrAS/IH depende da técnica de vigilância epidemiológica, dos critérios de diagnóstico e fatores de risco presentes em determinada unidade em um dado tempo. Os fatores de risco podem ser intrínsecos ou extrínsecos. Os intrínsecos ocorrem quando há predisposição para a infecção, determinada pelo tipo e gravidade da doença de base do hospedeiro e que pode ser modificado pela terapêutica habitual da doença. Os fatores de risco extrínsecos são vários, como: disponibilidade de técnicas invasivas; metodologia da coleta de dados; grau de atuação e atualização do serviço de controle da IrAS; qualidade técnica e nível de compromisso da equipe de saúde e higiene hospitalar, que compreende higienização de mãos da equipe de saúde, métodos de assepsia e antissepsia utilizados nos procedimentos invasivos, limpeza ambiental, desinfecção e esterilização do equipamento e instrumental, qualidade do ar e da água. As doenças microbianas são fenômenos multicausais que decorrem da existência de um agente infeccioso em número suficiente; uma via de acesso ao hospedeiro; uma porta de entrada e um hospedeiro suscetível (HINRICHSEN, 2018). A primeira condição é fácil de ser atendida, pois o hábitat humano é um riquíssimo reservatório de microrganismos. O próprio corpo humano tem abundante microbiota composta de bactérias, vírus, fungos e protozoários de baixa virulência que permanentemente nele habitam. Para que se inicie o processo infeccioso, é necessário que a população microbiana seja suficientemente virulenta ou numerosa para superar a resistência anti-infecciosa do hospedeiro. A dose infectante (mínimo de organismos para iniciar o processo infeccioso) varia de acordo com a virulência do agente, a porta de entrada e o hospedeiro. A via de transmissão entre o reservatório infeccioso (local em que o agente vive e se reproduz) e o hospedeiro pode ser: contato direto (profissional, familiar, social, 28 sexual); água, alimentos; fômites (roupas e objetos); vetores mecânicos (utilizados como meios de transporte do agente) e vetores biológicos (usados como meios de transporte, instrumentos para incubação e, algumas vezes, como hospedeiros intermediários). A porta de entrada pode ser a via digestiva, a pele, a conjuntiva ou o sistema geniturinário. A suscetibilidade à infecção está relacionada com patrimônio genético, idade, inibição dos mecanismos de defesa naturais e/ou adquiridos, integridade anatômica dos tecidos e, em alguns casos, sexo. O termo infecção está associado à ideia de doença mais do que à ocorrência de um agente infeccioso sem conotação patológica (HINRICHSEN, 2018). Diz-se que há contaminação quando os microrganismos estão transitoriamente presentes na superfície do corpo humano sem invasão tissular ou reação fisiológica. Esse termo também se refere a microrganismos em objetos inanimados. A colonização é o crescimento de um microrganismo em um hospedeiro sem nenhuma manifestação clínica ou reação detectável no momento do isolamento. Há infecção quando se registram efeitos anatômicos e fisiopatológicos resultantes da interação anormal do hospedeiro com um microrganismo qualquer. As doenças infectocontagiosas decorrem da agressão direta ou indireta de um agente infeccioso inexistente na microbiota do hospedeiro. São etiologicamente específicas e tipicamente comunitárias, pois acometem os indivíduos saudáveis. As complicações infecciosas resultam de um desequilíbrio entre os mecanismos anti- infecciosos do hospedeiro e sua microbiota normal (HINRICHSEN, 2018). A frequência das complicações de IrAS varia de acordo com a causa da internação, o estado do paciente e o tipo de assistência que recebe. A suscetibilidade à infecção pode ser de origem congênita ou adquirida. As imunodeficiências adquiridas são encontradas em condições como AIDS, algumas viroses, prematuridade, trauma, neoplasias malignas, desnutrição, diabetes, sarcoidose, fibrose cística e envelhecimento; além de receptores de órgãos, que são suscetíveis a IH devido à supressão da imunidade celular. A suscetibilidade também pode ser induzida por medicamentos, como antibióticos, corticosteroides, anti-helmínticos, gases anestésicos e imunossupressores. Infecção broncopulmonar, supuração de ferida cirúrgica, infecção do sistema urinário e sepse de outros focos (primária e secundária) representam 80% das 29 complicações infecciosas hospitalares. Entre as menos frequentes estão: gastroenterites (3%); supuração de úlceras por pressão (2%); infecção intra- abdominal em paciente não operado (1%); impetigo (1%); conjuntivite (1%); otite (1%); e outras. A maioria das complicações IrAS está associada a um procedimento de risco. Em torno de 65 a 80% das complicações infecciosas do sistema urinário ocorrem após cateterização vesical, podendo chegar a mais de 90% em pacientes ginecológicas; e 60 a 65% dos casos de sepse hospitalar manifestam-se após instrumentação vascular (dissecção venosa, punção para acesso venoso profundo, inserção de cateter de Swan-Ganz ou cateterização arterial), podendo chegar a 80% em pacientes cirúrgicos. Cerca de 50 a 55% das complicações do sistema respiratório inferior ocorrem após intubação oro ou nasotraqueal com ou sem ventilação mecânica, podendo chegar a mais de 80% em pacientes cirúrgicos (HINRICHSEN, 2018). Inserção de Cateteres e Drenos As sondas, os drenos e os cateteres são rotineiramente utilizados no ambiente hospitalar, principalmente nos pacientes cirúrgicos. Esses dispositivos possuem como principal finalidade é a contribuição para o tratamento e a recuperação do paciente. A maioria deles é inserida pelo enfermeiro, que também podem ser responsáveis pelos cuidados diários que esses dispositivos demandam, supervisionando-os e manipulando-os (ANDRADE, 2021). Todos os dispositivos que são inseridos em nosso corpo, bem como sondas, drenos e cateteres, ambos possuem uma permanência específica tolerável, onde que se desobedecermos ao tempo permitido nosso corpo começará a dar inicio ao processo dos sinais flogísticos, acarretando assim uma possível infecção. Existem os cateteres venosos para inserção periférica (CVP) e para inserção central (CVC). O cateterismo venoso periférico é amplamente usado na rotina hospitalar e consiste na inserção de um cateter de tamanho curto na circulação venosa periférica (BARROS, 2016). É um procedimento simples e apresenta baixo risco de infecção, podendo ser realizado pelo técnico de enfermagem, porém deve-se respeitar os protocolos paracada procedimento, bem como usar luvas, fazer a assepsia correta entre outros. 30 4.1 Conjuntivite Fonte: shre.ink/myDw A conjuntivite é o tipo mais comum de infecção ocular. Caracteriza-se por inflamação na conjuntiva, a membrana mucosa que recobre a parte interna da pálpebra e a superfície da esclera, e apresenta-se com hiperemia e exsudato ocular. A conjuntivite neonatal é definida como conjuntivite do RN que ocorre nos primeiros 28 dias de vida, em geral contraída durante o nascimento, a partir do contato com secreções genitais maternas contaminadas. Em partos cesarianos, as crianças nascidas podem vir a desenvolver conjuntivite neonatal por infecção por via ascendente (HINRICHSEN, 2018). Os agentes infecciosos mais comumente relacionados são Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. Entretanto, outros podem estar associados, como herpes simples, Streptococcus viridans, Staphylococcus aureus, Haemophilus influenzae, Streptococcus do grupo D, Moraxella catarrhalis, Escherichia coli e outras bactérias gram-negativas. RN com conjuntivite devem ser colocados em precaução de contato, de modo a evitar transmissão da infecção para outros pacientes. As instituições de saúde/hospitais, de modo geral, devem estar atentas para manter a esterilidade de produtos para uso ocular, como os colírios. Em geral, eles contêm substâncias preservativas para manter a estabilidade da medicação e diminuir a probabilidade de contaminação. Os colírios do tipo multidose (com preservativos) e de uso domiciliar devem ser usados por um tempo máximo de 1 mês. Já os sem 31 preservativo, contendo alcaloide ou antibiótico, devem ser utilizados por até 1 semana, desde que conservados à temperatura entre 2 e 8°C. Deve-se evitar o uso fracionado de medicações intravítreas, assim como o uso de solução antisséptica (iodopovidona ou clorexidina) em almotolias reenvasadas, dando-se preferência a frascos descartáveis de uso único. Não se deve, também, reaproveitar sobras de solução viscoelástica. Os critérios diagnósticos das infecções oculares nosocomiais devem classificá- las como conjuntivites e outras infecções oculares, não devendo ser relatadas as causadas por instilação ocular de nitrato de prata e as que ocorrerem como manifestação de uma doença viral disseminada. Infecções oculares pós-cirurgias são definidas como aquelas que ocorrem no período de até 30 dias após o procedimento cirúrgico, ou no período de até 1 ano após o procedimento, se houver implante ocular. Infecções oculares que se desenvolvam 7 a 14 dias após a alta hospitalar também devem ser vistas como IrAS na ausência de vínculo epidemiológico sugerindo aquisição na comunidade (HINRICHSEN, 2018). As infecções oftalmológicas relacionadas a cirurgias e procedimentos oftalmológicos devem ser notificadas e discutidas com equipe multiprofissional, para a elaboração de planos de ação para evitar o surgimento de novos casos na instituição de saúde/hospital. Assim, a introdução de práticas e cuidados gerais, em especial durante os procedimentos de manipulação ocular, cirúrgicos ou não, é essencial para prevenção de infecções oculares. Por isso, medidas gerais deverão ser sistematizadas para a prevenção de infecção ocular relacionada a procedimentos não cirúrgicos e/ou cirúrgicos, como a higienização das mãos com água e sabão e/ou solução alcóolica antes e após a manipulação ocular e o uso domiciliar de medicamentos tópicos. É também importante não compartilhar com outras pessoas frascos de medicamentos oculares tópicos, assim como evitar contato do conta-gotas dos frascos de medicamentos com pálpebras, cílios, sobrancelhas e pele facial. Ao sinal de blefarite, conjuntivite ou outras infecções sistêmicas e/ou locais, os procedimentos cirúrgicos deverão ser adiados. 32 4.2 Controle de infecções em Pediatria Fonte: shre.ink/my0s O controle de infecções em pediatria envolve tanto a assistência direta ao paciente pediátrico como o ambiente que o acolhe. A origem das IrAS, tanto no adulto como na criança, pode ser endógena (a partir da própria microbiota do paciente) ou exógena (a partir do ambiente, de outros pacientes ou de profissionais de saúde). A transmissão de infecções exógenas pode ocorrer por contato direto (de paciente para paciente) ou indireto (através das mãos contaminadas de equipes multiprofissionais), por via respiratória (aerossóis e gotículas), por meio de vetores (picada de mosquito) e através de veículos comuns (alimento, água, medicamentos, soluções intravenosas). São fatores de risco de IrAS comuns a adultos e crianças: tempo prolongado de hospitalização; exposição a procedimentos invasivos; uso não adequado de antimicrobianos; uso de cateter venoso central, uso de cateter vesical, intubação traqueal, além de outros fatores peculiares à assistência prestada. Em relação aos brinquedos/brinquedoteca em unidades de pediatria, devem ser instituídas rotinas de higienização nos ambientes assistenciais. É importante que sejam escolhidos brinquedos que permitam a limpeza com água e sabão, preferencialmente os de plástico, borracha, acrílico, metal, sem orifícios que favoreçam o acúmulo de água em seu interior. Além disso, esses brinquedos devem ser atóxicos e fabricados em material que permita a desinfecção com produtos como álcool a 70% ou biguanidas. Também é importante que sejam definidos locais de 33 acondicionamento desses brinquedos, como caixas laváveis com tampa ou armários que sejam acessíveis a uma limpeza periódica e eficaz (HINRICHSEN, 2018). Fatores de risco para IrAS em adultos e crianças: ➢ Imaturidade imunológica; ➢ Ausência de contato anterior com patógenos; ➢ Anomalias congênitas que propiciem quebras de barreiras anatômicas; ➢ Doenças de base motivadoras de internação; ➢ Falta de controle esfincteriano (nas de pouca idade); ➢ Fase oral do desenvolvimento; ➢ Contato físico com pessoas aumentado, possibilitando exposição a microrganismos patogênicos; ➢ Atividades em salas de jogos/brinquedos não adequadamente limpos/higienizados; ➢ Contato com animais de estimação para fins terapêuticos sem controle e acompanhamento. Todos os que manusearem os brinquedos, incluindo as crianças, devem receber orientações quanto aos hábitos de higienização das mãos antes e após contato com os brinquedos e ambientes em que estes se encontram. Os brinquedos em áreas de isolamento devem ser de uso individual. Em qualquer que seja a situação, quando do contato de brinquedos com fluidos corpóreos, estes deverão ser imediatamente limpos/higienizados. Brinquedos de material não lavável deverão ser descartados após uso, embora não sejam recomendados. Em caso de serem de tecido, se não puder ser evitado, o uso deverá ser individual. Os livros e/ou revistas, assim como dispositivos eletrônicos (tablets, computadores, outros) poderão ser usados, mas plastificados para que possam ser higienizados após o uso. Se não for possível a plastificação, eles deverão ser descartados, se contaminados. A instituição de saúde/hospital deverá implantar um procedimento operacional relacionado aos brinquedos e livros, definindo periodicidade de limpeza/desinfecção e responsáveis (HINRICHSEN, 2018). As unidades de terapia intensiva pediátrica também devem ter rotinas específicas para os riscos de infecções relacionadas ao ambiente. A presença 34 constante de acompanhantes, nem sempre esclarecidos sobre as chances de infecção cruzada e de contaminação de dispositivos, e os deslocamentos/movimentos da criança (berço/cama-colo e vice-versa) aumentam as possibilidades de infecções cruzadas; portanto, devem ser controlados e preveníveis. Na pediatria, assim como com os adultos, as equipes de controle de infecções institucionais devem focar suas atividades na implantação de pacotes de medidas que diminuam os riscosassociados a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), infecção urinária associada ao cateterismo vesical e infecção de cateter venoso central (HINRICHSEN, 2018). Na inserção do cateter venoso central é fundamental que as equipes multiprofissionais sejam treinadas para tal manejo segundo protocolos de indicação de uso, lembrando-se da importância da higienização das mãos antes, durante e após a manipulação dos cateteres. Na prevenção de infecção urinária associada a cateterismo vesical é importante que sejam elaborados protocolos institucionais para identificar e remover cateteres que não sejam mais necessários, focados em: ➢ Realizar revisão diária da necessidade de manter o CV, com suspensões automáticas, lembretes eletrônicos ou impressos e visitas diárias em beira de leito; ➢ Desenvolver protocolo para manuseio da retenção urinária pós-cirúrgica, incluindo cateterismo intermitente e monitoramento por ultrassom; ➢ Estabelecer sistemas de análise e notificação do uso e eventos adversos relacionados a cateteres urinários, assim como monitoramento de desfechos adversos relacionados ao cateter vesical (CV), incluindo obstrução, remoção não programada, traumas e reinserção nas primeiras 24 h após a remoção. 35 5 ÉTICA E CONTROLE DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE Fonte: shre.ink/myHf O programa nacional de controle de IrAS/IH está vinculado à Associação Brasileira dos Profissionais em Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar, à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ao Center for Disease Control (CDC). O programa de controle de IrAS/IH é o conjunto de medidas destinadas a reduzir incidência e gravidade de processos infecciosos. Em 1958, a Associação Americana de Hospitais criou os comitês de IH. No Brasil, existe a CCIH, que define as diretrizes para a ação de controle de IH. Já o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) elabora, implanta e mantém o programa de controle e o sistema de vigilância epidemiológica e também propõe e coordena a aplicação de normas e as motiva para a prevenção e o tratamento de IrAS/IH (HINRICHSEN, 2018). É importante estar consciente que, independentemente da situação e a qualquer que seja a instituição, sempre existirão pessoas insatisfeitas nos serviços que prestam assistência à saúde, sendo a CCIH responsável por todas as situações de conflitos como assessora, mas não como participante ativa na relação médico- paciente. É fundamental também que o médico e todos os outros profissionais da equipe multiprofissional entendam as inúmeras legislações vigentes; melhor integração das diversas equipes; menor custo hospitalar; maior proteção ao paciente, 36 com menor incidência de infecções cruzadas, superinfecções e/ou multirresistência aos antimicrobianos; assim como maior facilidade e aprimoramento na revisão de protocolos para melhor controle de riscos e IH. Do aspecto ético, existem alguns questionamentos com que os controladores de infecções se deparam dia a dia, como: ➢ Os pacientes e os familiares devem ser informados de ocorrência de IH/IrAS? ➢ Os pacientes e os familiares devem ser informados de ocorrência de surtos? ➢ As práticas de isolamento ferem direitos essenciais do indivíduo? ➢ A identificação de um paciente isolado fere o sigilo da informação? Compreende-se que o paciente tem direito a ter seu diagnóstico e tratamento por escrito, identificado com o nome do profissional de saúde e seu registro no respectivo Conselho Profissional, de forma clara e legível. O Código de Ética Médica diz que é vedado ao médico: ➢ Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta ao mesmo possa provocar-lhe dano, devendo, nesse caso, a comunicação ser feita ao seu responsável legal; ➢ Não permitir ao paciente ter acesso a seu prontuário médico, ficha clínica ou similar, bem como deixar de dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionar riscos para o paciente ou para terceiros. O médico deve manter sigilo quanto às informações confidenciais de que tiver conhecimento no desempenho de suas atribuições, e o mesmo se aplica ao trabalho em empresas, exceto nos casos em que seu silêncio prejudique ou ponha em risco a saúde do trabalhador ou da comunidade. 37 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Fabiana Martins Dias. Cuidados de enfermagem com sondas, drenos e cateteres. SAGAH,2021. ANDRADE, Geovana Dombrowski et al. Residência multiprofissional em unidade de terapia intensiva: experiências exitosas em tempos de pandemia. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 4, p. e7264-e7264, 2021. ARAUJO, João Marcos Batista Gomes et al. O direito à saúde e o papel do Sistema Único de Saúde em tempos de pandemia no Brasil. Research, Society and Development, v. 10, n. 11, p. e566101118005-e566101118005, 2021. AZEVEDO, A. P. de; CRISTINO, J. S.; VIANA, M. F.; MEDEIROS, F. P.; AZEVEDO, L. S. de. Educação em saúde para acompanhantes de pacientes internados. 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