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Lei 8429 92 - Improbidade Administrativa_IMP

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_1
Lei nº 8.429/92
Professor José Trindade
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
1 Na prática, ocorrem casos em que o agente pratica ato de improbidade e é preso. Entretanto, a prisão, nesses casos, ocorre 
porque o fato também constitui crime, e o agente é preso como punição criminal.
2 Sobre as controvérsias acerca do tema, ver itens 6.3 e 8 deste material
1. PREVISÃO NORMATIVA
 A improbidade administrativa tem previsão 
constitucional, no art. 37, § 4º:
§ 4º Os atos de improbidade administrativa 
importarão a suspensão dos direitos políticos, 
a perda da função pública, a indisponibilidade 
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e 
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação 
penal cabível.
 O detalhamento infraconstitucional da matéria 
se encontra na Lei n 8.429/92, que deve ser lida na 
íntegra, pois muitas questões de concurso ainda cobram a 
literalidade da lei.
 A Lei de Improbidade Administrativa (LIA) é uma 
lei nacional, ou seja, válida para todos os entes federativos 
(União, Estados, DF e Municípios), bem como para a 
administração indireta vinculada a cada um desses entes. 
Existe divergência doutrinária quanto à aplicação nacional 
de alguns dispositivos da lei, mas essa divergência é 
menos relevante para provas de concurso. No geral, pode-
se considerar a LIA como uma lei nacional, e não apenas 
federal.
2. NATUREZA JURÍDICA E ASPECTO DE PROTEÇÃO
 O próprio texto constitucional dá indícios da 
natureza jurídica da improbidade administrativa – ao 
afirmar que as sanções de improbidade serão aplicadas 
“sem prejuízo da ação penal cabível”, a Constituição 
deixa claro que a ação e as sanções de improbidade não 
possuem natureza criminal.
 A improbidade administrativa tem natureza civil-
administrativa (a ação judicial de improbidade é uma ação 
cível, e, na LIA, são previstos processos administrativos, 
notadamente no caso de apuração administrativa dos atos 
de improbidade).
 E o fato de a improbidade administrativa não 
ter natureza criminal implica algumas consequências 
importantes para concursos públicos. Em primeiro lugar, 
não existe crime de improbidade administrativa; em 
segundo lugar, não existe possibilidade de aplicação de 
pena privativa de liberdade no âmbito da improbidade 
(a prisão civil no ordenamento jurídico brasileiro é 
excepcionalíssima, somente se aplicando aos casos 
de dívida de pensão alimentícia; outros casos de pena 
privativa de liberdade somente se aplicam no âmbito 
criminal) 1.
 E, por fim, como consequência da natureza não-
penal (não-criminal) da improbidade, também se deve 
destacar o fato de que não se aplica a prerrogativa do 
foro especial (foro por prerrogativa de função) às ações 
de improbidade administrativa contra agentes políticos, 
ainda que durante o exercício do mandato eletivo2 .
 O aspecto principal de proteção da LIA é a 
probidade administrativa, elemento que integra o conceito 
da moralidade administrativa. Conforme a definição da 
Lei nº 9.784/99, o princípio da moralidade administrativa 
tem como conteúdo a “atuação segundo padrões éticos de 
probidade, decoro e boa-fé”. Nesse sentido, a probidade é 
um dos aspectos da moralidade administrativa – segundo 
jurisprudência do STF, a probidade é o aspecto mais 
relevante da moralidade administrativa.
 Assim, a LIA busca proteger o aspecto mais 
relevante da moralidade administrativa, estabelecendo 
mecanismos de proteção ao patrimônio público (tanto o 
patrimônio econômico – o erário – como o patrimônio não 
econômico – a preservação dos princípios que regem a 
atividade administrativa).
3. AGENTES DO ATO DE IMPROBIDADE
3.1 Agente ativo
 É quem pratica o ato de improbidade.
 O primeiro agente ativo do ato de improbidade 
é o agente público. Entretanto, deve-se tomar muito 
cuidado quando à definição de agente público para efeitos 
de improbidade administrativa. O conceito de agente 
público, para efeito de aplicação da Lei de Improbidade, é 
o mais amplo possível: agente público, na LIA, é qualquer 
pessoa que exerça função pública (que exerça atividade 
em nome do Estado, da Administração Pública), não 
2_
Lei nº 8.429/92
importando a natureza do vínculo (cargo efetivo ou 
em comissão, emprego, contrato, função, mandato), a 
sua duração (transitório ou não), a sua remuneração 
(remunerado ou não) e a forma de investidura (eleição, 
nomeação, designação, contratação, etc.). Englobam-
se no conceito de agente público, portanto, os agentes 
políticos, os particulares em colaboração, os servidores 
públicos estatutários ocupantes de cargo público efetivo 
ou em comissão, os agentes temporários (contratados por 
tempo determinado), empregados públicos, etc.
 Por esse motivo, até mesmo o estagiário 
voluntário de órgão público (agente público com vínculo 
transitório e não-remunerado com a administração) pode 
ser agente ativo do ato de improbidade.
 Assim, basta ter um vínculo específico com a 
administração pública, exercendo uma função pública, 
que o cidadão estará enquadrado como agente público, em 
termos de aplicação da LIA. É o que diz o art. 2º da referida 
lei:
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos 
desta lei, todo aquele que exerce, ainda que 
transitoriamente ou sem remuneração, por 
eleição, nomeação, designação, contratação ou 
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, 
mandato, cargo, emprego ou função nas entidades 
mencionadas no artigo anterior.
 Mas a aplicação da LIA não se resume aos agentes 
públicos, por mais amplo que seja seu conceito. É também 
considerado agente ativo de improbidade administrativa o 
particular (terceiro que não e enquadra no conceito amplo 
de agente público, acima detalhado).
 Nos termos do art. 3º da Lei nº 8.429/92:
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no 
que couber, àquele que, mesmo não sendo agente 
público, induza ou concorra para a prática do ato 
de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer 
forma direta ou indireta.
 Assim, o particular que induza (estimule, instigue) 
ou concorra (ajude) para a prática do ato ímprobo será 
também responsabilizado por improbidade. Também será 
responsabilizado pela LIA o particular que se beneficie, 
direta ou indiretamente, da prática de tal ato.
 Interpretando tal dispositivo, doutrina e 
jurisprudência pacíficas entendem que o particular, 
sozinho, não comete ato de improbidade administrativa; 
o terceiro somente pode se submeter às disposições da 
lei de improbidade no caso de atuar em conjunto/conluio/
concurso com algum agente público (mesmo porque, o 
3 Pet 3240 AgR, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 10/05/2018, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-171 DIVULG 21-08-2018 PUBLIC 22-08-2018 
particular somente se submete à LIA se induzir, concorrer 
ou se beneficiar, o que necessariamente pressupõe outra 
pessoa envolvida na conduta – e essa pessoa precisa 
deter a condição de agente público).
 Por fim, vale destacar a expressão “no que 
couber”, presente no artigo 3º, acima transcrito. Essa 
expressão se justifica pelo fato de que algumas sanções 
de improbidade não podem ser aplicadas ao particular 
(como, por exemplo, a sanção de perda da função pública, 
tendo em vista que o particular não possui função pública), 
sendo aplicáveis apenas as sanções cabíveis.
 Questão polêmica quanto ao agente ativo da 
improbidade diz respeito à aplicação da LIA aos agentes 
políticos. Segundo o STJ, a LIA se aplica a todos os agentes 
políticos, exceto Presidente da República e Ministros do 
STF; antigamente, o STF (em julgado no qual se apreciou 
a responsabilidade de ministro de Estado) entendia que 
os agentes políticos sujeitos à responsabilização pela 
Lei dos Crimes de Responsabilidade (Lei nº 1.079/50) 
não se sujeitariam à LIA. Seria o caso do Presidente da 
República, dos Ministros de Estado, dos Ministros do STF, 
do Procurador-Geral da República e dos Governadores.
 Todavia, o próprio STF tem julgado segundo o 
qual os governadores se sujeitam às disposições daLei de 
Improbidade Administrativa.
 Em seu julgado mais recente3, entretanto, o 
STF consignou que “Os agentes políticos, com exceção 
do Presidente da República, encontram-se sujeitos a um 
duplo regime sancionatório, de modo que se submetem 
tanto à responsabilização civil pelos atos de improbidade 
administrativa, quanto à responsabilização político-
administrativa por crimes de responsabilidade”. Dessa 
forma, o posicionamento a ser levado para a prova é: 
apenas o Presidente da República está livre da incidência 
da LIA. Entretanto, é importante ter um conhecimento 
da evolução dos entendimentos jurisprudenciais, 
sobretudo para eventuais provas discursivas. O único 
ponto realmente pacífico ao longo do tempo é o de que os 
agentes políticos municipais submetem-se à aplicação da 
Lei nº 8.429/92.
 Em provas dissertativas, vale a pena discorrer 
sobre os vários posicionamentos.
3.2 Agente passivo
 Agente passivo é quem sofre o ato de improbidade.
 E o principal agente passivo do ato de improbidade 
é a Administração Pública – Administração Pública direta 
(entes federativos e seus órgãos) ou indireta (autarquias, 
entidades autárquicas, empresas públicas e sociedades de 
_3
Lei nº 8.429/92
economia mista), de todos os entes da federação (União, 
Estados, DF e Municípios), dos 3 poderes (Executivo, 
Legislativo e Judiciário).
 Entretanto, além da administração pública, 
entidades privadas (não integrantes da administração 
pública) também podem sofrer ato de improbidade 
administrativa – as entidades privadas para cuja criação 
ou custeio o erário concorra com mais de 50% de capital 
público; as entidades privadas para cuja criação ou custeio 
o erário concorra com menos de 50% de capital público; e 
as entidades privadas que recebam subvenção, benefício 
ou incentivo, fiscal ou creditício.
 Entretanto, no caso das duas últimas espécies 
de entidades privadas (que recebam menos de 50% 
de capital público para sua criação ou custeio ou que 
recebam subvenção, benefício ou incentivo), as sanções 
patrimoniais se darão nos limites do capital público 
envolvido (limitadas à repercussão do ilícito sobre a 
contribuição dos cofres públicos). 
3. ESPÉCIES DE ATO DE IMPROBIDADE
 Existem 4 tipos/espécies de ato de improbidade 
administrativa. Para cada uma dessas 4 espécies, 
são elencadas na lei diversas condutas tipificadas. 
Essas condutas que tipificam os atos de improbidade 
administrativa compõem um rol exemplificativo.
 Assim, deve ser entendido o pressuposto que 
caracteriza cada uma das espécies de ato de improbidade, 
mas deve, também, ser decorado o rol de condutas de cada 
espécie de ato, pois são cobradas as condutas específicas 
em provas de concurso.
3.1 Ato de improbidade que importa enriquecimento 
ilícito do agente
 É a espécie mais grave de ato de improbidade.
 O pressuposto dessa espécie de ato é o 
recebimento de vantagem patrimonial/econômica 
indevida em virtude da função pública exercida pelo 
agente.
 As condutas que caracterizam ato de improbidade 
que importa enriquecimento ilícito do agente são previstas 
no art. 9º da LIA:
Art. 9° Constitui ato de improbidade 
administrativa importando enriquecimento ilícito 
auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial 
indevida em razão do exercício de cargo, mandato, 
função, emprego ou atividade nas entidades 
mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
 I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, 
bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem 
econômica, direta ou indireta, a título de comissão, 
percentagem, gratificação ou presente de quem 
tenha interesse, direto ou indireto, que possa 
ser atingido ou amparado por ação ou omissão 
decorrente das atribuições do agente público;
 II - perceber vantagem econômica, direta ou 
indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou 
locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação 
de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por 
preço superior ao valor de mercado;
 III - perceber vantagem econômica, direta ou 
indireta, para facilitar a alienação, permuta ou 
locação de bem público ou o fornecimento de serviço 
por ente estatal por preço inferior ao valor de 
mercado;
 IV - utilizar, em obra ou serviço particular, 
veículos, máquinas, equipamentos ou material de 
qualquer natureza, de propriedade ou à disposição 
de qualquer das entidades mencionadas no art. 
1° desta lei, bem como o trabalho de servidores 
públicos, empregados ou terceiros contratados por 
essas entidades;
 V - receber vantagem econômica de qualquer 
natureza, direta ou indireta, para tolerar a 
exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, 
de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de 
qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa 
de tal vantagem;
 VI - receber vantagem econômica de qualquer 
natureza, direta ou indireta, para fazer declaração 
falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas 
ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, 
peso, medida, qualidade ou característica de 
mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das 
entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
 VII - adquirir, para si ou para outrem, no 
exercício de mandato, cargo, emprego ou função 
pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja 
desproporcional à evolução do patrimônio ou à 
renda do agente público;
 VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer 
atividade de consultoria ou assessoramento 
para pessoa física ou jurídica que tenha interesse 
suscetível de ser atingido ou amparado por ação 
ou omissão decorrente das atribuições do agente 
público, durante a atividade;
 IX - perceber vantagem econômica para 
intermediar a liberação ou aplicação de verba 
pública de qualquer natureza;
 X - receber vantagem econômica de qualquer 
natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato 
de ofício, providência ou declaração a que esteja 
obrigado;
 XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu 
patrimônio bens, rendas, verbas ou valores 
integrantes do acervo patrimonial das entidades 
mencionadas no art. 1° desta lei;
 XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, 
verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial 
das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
4_
Lei nº 8.429/92
 O rol de condutas, apesar de exemplificativo, 
deverá ser decorado.
 Atenção especial para a conduta prevista no 
inciso I – receber/aceitar presente/vantagem de que 
tem interesse na atuação do agente. Basta que o agente 
receba/aceite o presente para que se caracterize a prática 
do ato ímprobo; é irrelevante a análise de qualquer outro 
elemento (se o presente interferiu na atuação do agente, 
se o “presenteador” tinha relação antiga de amizade com o 
“presenteado”, etc.)
 Atenção, também, para o inciso IV, bastante 
cobrado em provas de concurso.
 Atenção, por fim, para a conduta descrita 
no inciso VII – caso seja verificada a aquisição, pelo 
agente, de qualquer bem incompatível com sua renda/
remuneração, o agente imputado é quem deve provar 
que o bem foi adquirido por meios ilícitos; a simples 
desproporcionalidade entre o bem e sua remuneração 
induz presunção de ilegalidade na aquisição, e, portanto, 
de enriquecimento ilícito.
3.2 Ato de improbidade que causa prejuízo ao erário
 É espécie prevista no art. 10, que tem como 
pressuposto a existência de um dano econômico ao 
patrimônio público (erário = patrimônio econômico da 
Administração Pública) causado pela conduta do agente.
 Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa 
que causa lesão ao erário qualquer ação ou 
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda 
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento 
ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades 
referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
 I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para 
a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa 
física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores 
integrantes do acervo patrimonial das entidades 
mencionadas no art. 1ºdesta lei;
 II - permitir ou concorrer para que pessoa física 
ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas 
ou valores integrantes do acervo patrimonial 
das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, 
sem a observância das formalidades legais ou 
regulamentares aplicáveis à espécie;
 III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao 
ente despersonalizado, ainda que de fins educativos 
ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do 
patrimônio de qualquer das entidades mencionadas 
no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades 
legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
 IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta 
ou locação de bem integrante do patrimônio de 
qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, 
ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por 
preço inferior ao de mercado;
 V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou 
locação de bem ou serviço por preço superior ao de 
mercado;
 VI - realizar operação financeira sem observância 
das normas legais e regulamentares ou aceitar 
garantia insuficiente ou inidônea;
 VII - conceder benefício administrativo ou fiscal 
sem a observância das formalidades legais ou 
regulamentares aplicáveis à espécie;
 VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou 
de processo seletivo para celebração de parcerias 
com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los 
indevidamente;
 IX - ordenar ou permitir a realização de despesas 
não autorizadas em lei ou regulamento;
 X - agir negligentemente na arrecadação de 
tributo ou renda, bem como no que diz respeito à 
conservação do patrimônio público;
 XI - liberar verba pública sem a estrita observância 
das normas pertinentes ou influir de qualquer forma 
para a sua aplicação irregular;
 XII - permitir, facilitar ou concorrer para que 
terceiro se enriqueça ilicitamente;
 XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço 
particular, veículos, máquinas, equipamentos ou 
material de qualquer natureza, de propriedade ou à 
disposição de qualquer das entidades mencionadas 
no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor 
público, empregados ou terceiros contratados por 
essas entidades.
 XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que 
tenha por objeto a prestação de serviços públicos 
por meio da gestão associada sem observar as 
formalidades previstas na lei; 
 XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público 
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou 
sem observar as formalidades previstas na lei. 
 XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, 
para a incorporação, ao patrimônio particular de 
pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou 
valores públicos transferidos pela administração 
pública a entidades privadas mediante celebração 
de parcerias, sem a observância das formalidades 
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
 XVII - permitir ou concorrer para que pessoa 
física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas 
ou valores públicos transferidos pela administração 
pública a entidade privada mediante celebração 
de parcerias, sem a observância das formalidades 
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
 XVIII - celebrar parcerias da administração pública 
com entidades privadas sem a observância das 
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis 
à espécie; 
 XIX - agir negligentemente na celebração, 
fiscalização e análise das prestações de contas de 
parcerias firmadas pela administração pública com 
entidades privadas; 
 XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela 
administração pública com entidades privadas 
_5
Lei nº 8.429/92
sem a estrita observância das normas pertinentes 
ou influir de qualquer forma para a sua aplicação 
irregular. 
 XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela 
administração pública com entidades privadas 
sem a estrita observância das normas pertinentes 
ou influir de qualquer forma para a sua aplicação 
irregular. 
 Atenção para os incisos I, II e XII – facilitar ou 
concorrer para o enriquecimento ilícito de terceiros não é 
ato que importa enriquecimento ilícito do agente, mas ato 
que causa dano ao erário.
 Atenção, também, para o inciso VIII – frustrar 
licitude de licitação ou promover sua dispensa indevida 
–, que se aplica ainda que dessa dispensa indevida 
resulte contratação de bens ou serviços pelo valor de 
mercado (ainda assim, presume-se o dano ao erário, pois 
o procedimento licitatório poderia resultar na aquisição de 
bens ou contratação de serviços por valor ainda menor).
 Por fim, deve-se destacar que o recebimento de 
vantagem indevida para a prática dos atos descritos no 
art. 10 faz com que o ato deixe de ser enquadrado como 
causador de prejuízo ao erário para enquadrar-se na 
espécie mais grave de enriquecimento ilícito.
3.3 Ato de improbidade que atenta contra os princípios 
da Administração Pública
 É a espécie mais “leve” de ato de improbidade, 
que implica nas sanções mais brandas, e somente 
estará caracterizada quando o ato não se enquadrar 
como causador de prejuízo ao erário ou ensejador de 
enriquecimento ilícito do agente.
 Tem como pressuposto a afronta a qualquer 
dos princípios que regem a atividade administrativa 
(notadamente o LIMPE – legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência –, mas sem prejuízo 
da afronta aos princípios implícitos) – desde que o ato 
não gere enriquecimento ilícito do agente nem cause dano 
ao erário, pois, se acontecer tais hipóteses, o ato será 
enquadrado em uma das espécies já vistas anteriormente.
 O rol (exemplificativo) de condutas que atentam 
contra princípios da administração é trazido pelo art. 11 da 
LIA:
 Art. 11. Constitui ato de improbidade 
administrativa que atenta contra os princípios da 
administração pública qualquer ação ou omissão 
que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, 
legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
 I - praticar ato visando fim proibido em lei ou 
regulamento ou diverso daquele previsto, na regra 
de competência;
 II - retardar ou deixar de praticar, 
indevidamente, ato de ofício;
 III - revelar fato ou circunstância de que 
tem ciência em razão das atribuições e que deva 
permanecer em segredo;
 IV - negar publicidade aos atos oficiais;
 V - frustrar a licitude de concurso público;
 VI - deixar de prestar contas quando esteja 
obrigado a fazê-lo;
 VII - revelar ou permitir que chegue ao 
conhecimento de terceiro, antes da respectiva 
divulgação oficial, teor de medida política ou 
econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, 
bem ou serviço.
 VIII - descumprir as normas relativas à 
celebração, fiscalização e aprovação de contas de 
parcerias firmadas pela administração pública com 
entidades privadas. 
 IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos 
de acessibilidade previstos na legislação. 
 X - transferir recurso a entidade privada, em 
razão da prestação de serviços na área de saúde 
sem a prévia celebração de contrato, convênio ou 
instrumento congênere, nos termos do parágrafo 
único do art. 24 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 
1990.
 Importantíssimo destacar que, como o rol de 
condutas é exemplificativo, outras condutas que afrontam 
princípios mas não estejam previstas no rol acima também 
levam ao agente a punição por improbidade administrativa.
 
 Baseado nisso, a jurisprudência do STJ tem-se 
firmado no sentido de que a prática de tortura por agentes 
públicos configura ato de improbidade que atenta contra 
os princípios da administração (embora tal conduta não 
esteja expressamente prevista no rol do artigo 11 da LIA).
3.4 Ato de improbidade que concede indevidamente 
benefício tributário no âmbito do Imposto Sobre 
Serviços
 Tem aplicação bastante específica, pois só há 
uma conduta possível: a concessão indevida de benefício 
tributário no âmbito do imposto sobre serviços dequalquer 
natureza (imposto de competência municipal).
 A previsão normativa está no art. 10-A da LIA. 
6_
Lei nº 8.429/92
4. SANÇÕES
 Existem, ao todo, 6 sanções previstas para o 
agente que pratica ato de improbidade: 3 previstas na 
Constituição4 e 3 acrescidas pela Lei nº 8.429/92. São 
elas: a) previstas na CF e na LIA: perda da função pública, 
suspensão dos direitos políticos e ressarcimento do dano; 
b) previstas apenas na LIA: multa (civil), perda de bens ou 
valores ilicitamente acrescidos ao patrimônio e proibição 
de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou 
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, 
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja 
sócio majoritário.
 Atenção total para o fato de que não há sanção 
de perda de direitos políticos no âmbito da improbidade, 
mas apenas de sua suspensão. TAMPOUCO PODE EXISTIR 
CASSAÇÃO DE DIREITOS POLÍTICOS, pois tal hipótese é 
vedada pela Constituição, em qualquer situação.
 
 Algumas dessas sanções são aplicáveis a todas 
as espécies de ato de improbidade; outras são aplicáveis 
apenas a algumas delas. O mais importante é lembrar que 
as sanções de improbidade podem ser aplicadas isolada 
ou cumulativamente, sempre de acordo com a gravidade 
do fato. 
 E, diante de tal cenário, a lei prevê especificamente 
um conjunto de sanções para cada ato praticado, que 
devem ser memorizadas.
 Para ato que resulta em enriquecimento ilícito do 
agente, são previstas as seguintes sanções:
a hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores 
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento 
integral do dano, quando houver, perda da função 
pública, suspensão dos direitos políticos de oito a 
dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes 
o valor do acréscimo patrimonial e proibição de 
contratar com o Poder Público ou receber benefícios 
ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou 
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa 
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 
dez anos;
 Repare que a lei fala em “ressarcimento integral do 
dano, quando houver”, o que significa que pode haver ato 
que gera enriquecimento ilícito sem que necessariamente 
haja dano ao erário.
 Para ato que resulta em prejuízo ao erário, são 
previstas as seguintes sanções:
4 Apesar de a CF prever 4 consequências que ela chama de sanção, uma delas – a indisponibilidade dos bens – não possui caráter 
de sanção, mas de cautelar. Entretanto, se, na prova, for cobrada a cópia do art. 37, § 4º, da CF, afirmando que “Os atos de improbidade 
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao 
erário”, estará correta.
na hipótese do art. 10, ressarcimento integral 
do dano, perda dos bens ou valores acrescidos 
ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta 
circunstância, perda da função pública, suspensão 
dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento 
de multa civil de até duas vezes o valor do dano 
e proibição de contratar com o Poder Público. 
ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou 
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por 
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio 
majoritário, pelo prazo de cinco anos;
 Para o ato que afronta princípio, são previstas as 
seguintes sanções:
na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, 
se houver, perda da função pública, suspensão dos 
direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de 
multa civil de até cem vezes o valor da remuneração 
percebida pelo agente e proibição de contratar com 
o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos 
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda 
que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja 
sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
 Repare que, neste caso, são previstas duas 
sanções a menos: não há previsão, para os atos de 
improbidade que afrontam princípio da administração 
pública, da aplicação das penas de ressarcimento ao erário 
nem de perda dos valores ilícitos. E isso por um simples 
motivo: nos atos que afrontam princípio não há dano ao 
erário, tampouco enriquecimento ilícito; se houver dano, 
o ato será classificado como ato que gera lesão ao erário; 
se houver enriquecimento ilícito, o ato será enquadrado 
na hipótese de enriquecimento ilícito.
 E, por fim, no caso da concessão indevida de 
benefício tributário no âmbito do ISS, têm-se as seguintes 
sanções:
na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função 
pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) 
a 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o 
valor do benefício financeiro ou tributário concedido
 Em resumo, pode-se construir a seguinte tabela:
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Lei nº 8.429/92
 Quanto à aplicação dessas sanções, merecem 
destaque algumas observações:
 1. A aplicação das sanções pode se dar de forma 
cumulativa ou isolada, por expressa disposição legal. As 
sanções de improbidade são aplicadas sem prejuízo da 
aplicação de sanções de outras instâncias (especialmente 
sanções penais), sendo possível, inclusive, a utilização, 
na investigação de improbidade, a utilização de prova 
emprestada produzida na investigação criminal ou 
instrução processual penal;
 2. A aplicação das sanções deve sempre levar 
em conta a proporcionalidade/razoabilidade, sempre de 
acordo com a gravidade do ato;
 3. A efetiva ocorrência de dano ao erário é 
irrelevante para a aplicação das sanções (exceto, 
obviamente, para a sanção de ressarcimento, que só pode 
ser aplicada se houver dano):
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei 
independe:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio 
público, salvo quanto à pena de ressarcimento;
 4. A aprovação das contas do agente pelo Tribunal 
de Contas ou pelo órgão de controle interno é irrelevante 
para a aplicação das sanções aqui tratadas:
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei 
independe:
(…)
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão 
de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de 
Contas.
 5. “O sucessor daquele que causar lesão ao 
patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito 
às cominações desta lei até o limite do valor da herança” 
(art. 8º da LIA); em outras palavras, os herdeiros do agente 
ímprobo respondem pelo ressarcimento ao erário e pela 
perda dos valores ilicitamente acrescidos ao patrimônio, 
até o limite do valor da herança;
 6. Não existe responsabilidade objetiva na lei 
de improbidade; só se pode punir o agente se houver 
a presença do elemento subjetivo, e, ainda assim, de 
forma mais restrita:
 a) Ato que gera dano/lesão ao erário é punido na 
forma dolosa ou culposa;
 b) Os demais atos (enriquecimento ilícito, 
afronta a princípio e concessão indevida de benefício 
tributário) somente são punidos na modalidade dolosa;
 7. No âmbito da ação de improbidade, não se 
admite qualquer tipo de acordo, transação ou conciliação, 
pois o bem jurídico em jogo é sempre relevante, não 
podendo ser transigido (objeto de acordo) (art. 17, § 1º, da 
LIA).
 8. As sanções de perda da função pública e de 
suspensão dos direitos políticos somente se efetivam 
com o trânsito em julgado da sentença condenatória por 
improbidade, embora a perda da função pública possa ser 
aplicada pela via administrativa;
Enriquecimento ilícito Prejuízo ao erário Afronta a princípio Concessão indevida x
Ressarcimento SIM, se houver dano SIM NÃO Não há referência na lei
Perda dos valores 
ilícitos
SIM SIM, se concorrer essa 
circunstância
NÃO NÃO
Suspensão dos 
direitos políticos
8 a 10 anos 5 a 8 anos 3 a 5 anos 5 a 8 anos
Multa Até 3x valor ilícito Até 2x valor do dano Até 100x a remuneração do 
agente
Até 3x valor do benefício 
concedido
Perda da função 
Pública
SIM SIM SIM SIM
Proibição de 
contratar/receber 
benefícios ou 
incentivos
10 anos 5 anos 3 anos NÃO
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Lei nº 8.429/92
 9. Embora não seja pacífica tal posição na 
jurisprudência do STJ, o julgado mais recente desse 
tribunalsobre o tema dispôs não poder ser aplicado 
o princípio da insignificância aos atos de improbidade 
(deixar de aplicar as sanções por atos de improbidade de 
“menor importância”, ou de pequenas consequências para 
a administração pública) 5;
* Prescrição da aplicação de sanções:
 A prescrição, que é a perda da pretensão pelo 
decurso do tempo (no caso da improbidade, a perda da 
pretensão, por parte do estado, de punir o agente que 
cometeu ato ímprobo), tem, no caso da improbidade 
administrativa, aspectos peculiares.
 
 Isso porque não há um prazo prescricional 
uniforme; ademais, o termo inicial da contagem desse 
prazo também não é harmônico. Vejamos o que diz a Lei de 
Improbidade Administrativa.
 Art. 23. As ações destinadas a levar a 
efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser 
propostas:
 I - até cinco anos após o término do 
exercício de mandato, de cargo em comissão ou de 
função de confiança;
 II - dentro do prazo prescricional previsto 
em lei específica para faltas disciplinares puníveis 
com demissão a bem do serviço público, nos casos 
de exercício de cargo efetivo ou emprego.
 III - até cinco anos da data da apresentação 
à administração pública da prestação de contas 
final pelas entidades referidas no parágrafo único 
do art. 1º desta Lei.
 Sistematizando: nos casos de funções 
transitórias em geral (incluindo cargos em comissão 
e mandato eletivo), tem-se o prazo prescricional de 5 
anos, contados a partir do fim da função transitória 6; 
nos casos de cargo efetivo ou emprego público, o prazo 
é o mesmo prazo prescricional para a sanção disciplinar 
de demissão (no serviço público federal, tal prazo é de 5 
anos, contados a partir da data em que o fato se tornou 
conhecido)7 .
 Assim, pode-se considerar, em regra, o prazo 
prescricional geral de 5 anos para aplicação das sanções 
de improbidade administrativa, apenas variando o termo 
5 Essa posição mais atual do STJ já foi cobrada em questão objetiva de concurso público recente.
6 No caso de agente político reeleito para novo exercício de mandato eletivo no mesmo cargo, o prazo prescricional começa a 
contar do fim do último mandato, ainda que o ato ímprobo tenha sido cometido em mandato anterior. Isso porque a reeleição (que se dá 
para o mesmo cargo) implica a continuidade da função referente ao mandato eletivo, não sendo necessária sequer a desincompatibilização 
(afastamento) do agente para concorrer à reeleição
7 No caso de servidor ocupante de cargo efetivo que ocupe também um cargo em comissão, aplica-se a regra do prazo prescricional 
do cargo efetivo.
inicial de sua contagem.
 Entretanto, tal prazo prescricional não se 
aplica à sanção de ressarcimento decorrente de dano 
causado por ato doloso, pois ela é imprescritível. No 
caso de danos causados por atos culposos, a pretensão 
de ressarcimento prescreve normalmente.
 Por fim, quanto à responsabilização do particular 
envolvido em ato de improbidade, a jurisprudência do STJ 
fixou-se no sentido de que a prescrição das sanções de 
improbidade para o particular conta-se da mesma forma 
que a prescrição para as sanções a serem aplicadas sobre 
o particular com o qual ele concorreu para a prática do ato.
 Esse é o panorama das sanções, tema bastante 
cobrado em prova.
5. CAUTELARES
 As cautelares não são sanções, mas apenas 
medidas para garantir o resultado útil dos procedimento 
de investigação da prática de ato de improbidade e de 
punição do agente ímprobo.
 As cautelares previstas na lei de improbidade 
são 3: Indisponibilidade dos bens do agente; Sequestro de 
bens; e Afastamento cautelar.
5.1 Indisponibilidade dos bens
 Dispõe o art. 7º da Lei de Improbidade:
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao 
patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, 
caberá a autoridade administrativa responsável 
pelo inquérito representar ao Ministério Público, 
para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o 
caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem 
o integral ressarcimento do dano, ou sobre o 
acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento 
ilícito.
 A indisponibilidade dos bens consiste na proibição 
de que o agente público suspeito de ter praticado ato de 
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Lei nº 8.429/92
improbidade realize qualquer operação financeira com os 
bens de seu patrimônio.
 A medida busca evitar que o agente investigado 
dilapide, destrua ou repasse a “laranjas” o seu patrimônio, 
durante as investigações, chegando ao final do processo 
sem ter qualquer bem eu seu poder, apto a ser executado 
para efetuar o pagamento o ressarcimento do dano, a 
perda dos valores ilícitos ou o pagamento de multa.
 Mas atenção: para a concessão de uma medida 
cautelar, é necessário, em regra, comprovar-se dois 
requisitos: 1 – a probabilidade do direito alegado (fumus 
boni juris); e 2 – o perigo de que ocorra um dano irreparável 
caso a medida não seja efetivada logo (periculum in mora, 
ou perigo da demora).
 No caso da cautelar da indisponibilidade de bens, 
o STJ entende que é preciso comprovar o fumus boni juris 
- a existência de fortes indícios da prática do ato –, mas 
não é preciso comprovar o periculum in mora no caso 
específico (risco de que o agente dilapide seu patrimônio), 
pois esse risco já é presumido, implícito.
 Assim, no entendimento do STJ, para que se tenha 
a possibilidade de decretação de indisponibilidade dos bens 
do agente ímprobo, basta que estejam presentes/sejam 
demonstrados fortes/fundados indícios da prática do ato 
ímprobo; o periculum in mora não precisa ser provado no 
caso concreto, pois ele já é implícito/presumido.
 Como serve para garantir inclusive o pagamento 
de multa, a cautelar de indisponibilidade dos bens se aplica, 
inclusive, às hipóteses em que não há enriquecimento ilícito 
nem dano ao erário (ato que atenta contra os princípios da 
administração pública).
5.2 Sequestro de bens
 Nos termos do art. 16 da Lei de Improbidade:
Art. 16. Havendo fundados indícios de 
responsabilidade, a comissão representará ao 
Ministério Público ou à procuradoria do órgão para 
que requeira ao juízo competente a decretação 
do sequestro dos bens do agente ou terceiro que 
tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao 
patrimônio público.
(…)
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a 
investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas 
bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo 
indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados 
internacionais.
 Quanto à cautelar do sequestro de bens, não há 
muito o que comentar, dada, inclusive, sua semelhança 
com a cautelar de indisponibilidade dos bens.
5.3 Afastamento cautelar
 Nos termos do art. 20, § único, da Lei de 
Improbidade:
A autoridade judicial ou administrativa competente 
poderá determinar o afastamento do agente 
público do exercício do cargo, emprego ou função, 
sem prejuízo da remuneração, quando a medida se 
fizer necessária à instrução processual.
 A terceira espécie de medida cautelar no âmbito 
da lei de improbidade é, entretanto, mais grave (ainda) 
do que as outras duas, porque envolve o afastamento do 
agente de suas funções.
 Por esse motivo, sua interpretação é mais restrita 
que as demais: é necessário comprovar o periculum in 
mora no caso concreto, ou seja, a possibilidade concreta e 
real de que o agente ímprobo interfira nas investigações 
(destruindo provas, coagindo testemunhas, etc.).
 Outro ponto importante dessa cautelar é que 
ela também pode atingir, inclusive, agentes políticos 
titulares de mandato eletivo.
 E, por fim, destaque-se que o STJ entende que 
essa cautelar deve durar, no máximo, 180 dias.
6. AÇÃO DE IMPROBIDADE
 A ação de improbidade administrativa visa à 
punição do agente ímprobo; é uma ação condenatória. Isso 
a difere da ação popular, que tem como objetivo anular o 
ato administrativo eivado de vícios de legalidade (ação 
anulatória, que pode ter a condenação do agente apenas 
ao ressarcimento do dano eventualmente causado).Também há outra diferença relevante entre a 
ação de improbidade administrativa e a ação popular: a 
ação de improbidade administrativa é uma espécie de ação 
civil pública, então, diferentemente da ação popular, não 
pode ser proposta por qualquer cidadão.
 Enquanto o art. 5º, LXXIII, dispõe que “qualquer 
cidadão é parte legítima para propor ação popular que 
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade 
de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao 
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando 
o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais 
e do ônus da sucumbência”, o art. 17, caput, da Lei de 
improbidade administrativa dispõe que “A ação principal, 
que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério 
Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta 
dias da efetivação da medida cautelar”.
 Assim, a legitimidade para propositura de ação 
principal é do Ministério Público ou da pessoa jurídica 
interessada (entidade administrativa que sofreu o 
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Lei nº 8.429/92
ato ímprobo). Vale lembrar que o Ministério Público 
obrigatoriamente atuará na ação de improbidade – como 
autor ou, mesmo não sendo o autor, na condição de fiscal 
da lei (custos legis).
 Entretanto, embora o cidadão não possa ajuizar a 
ação de improbidade, qualquer pessoa pode representar 
à autoridade para que se investigue a prática de eventual 
ato de improbidade. É o que dispõe o art. 14 da Lei nº 8.429:
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à 
autoridade administrativa competente para que 
seja instaurada investigação destinada a apurar a 
prática de ato de improbidade.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida 
a termo e assinada, conterá a qualificação do 
representante, as informações sobre o fato e sua 
autoria e a indicação das provas de que tenha 
conhecimento.
 Nesse contexto, no entanto, deve-se lembrar 
que a representação caluniosa (“representação por 
ato de improbidade contra agente público ou terceiro 
beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente”) 
é crime, punível com pena de detenção de seis a dez meses 
e multa.
 Apesar de alguns julgados do STJ em sentido 
contrário, deve ser levado para a prova o entendimento de 
que o foro competente para processar e julgar inicialmente 
a ação de improbidade é a primeira instância (primeiro 
grau de jurisdição), tendo em vista a inexistência de foro 
por prerrogativa de função no âmbito da improbidade.
7. DECLARAÇÃO DE BENS
 A posse e o exercício de agente público ficam 
condicionados à apresentação de declaração de bens 
e valores que compõem o seu patrimônio, devendo ser 
anualmente atualizada e entregue também com o fim 
do exercício da função. A ausência ou falsidade dessa 
declaração leva à pena de demissão do agente público.
8. TÓPICOS JURISPRUDENCIAIS RELEVANTES
8.1 Posicionamentos relevantes do STJ:
• É inadmissível a responsabilidade objetiva na aplicação 
da Lei n. 8.429/1992, exigindo- se a presença de dolo 
nos casos dos arts. 9º e 11 (que coíbem o enriquecimento 
ilícito e o atentado aos princípios administrativos, 
respectivamente) e ao menos de culpa nos termos do 
art. 10, que censura os atos de improbidade por dano 
ao Erário.
• O Ministério Público tem legitimidade ad causam 
para a propositura de Ação Civil Pública objetivando o 
ressarcimento de danos ao erário, decorrentes de atos 
de improbidade.
• O Ministério Público estadual possui legitimidade 
recursal para atuar como parte no Superior Tribunal 
de Justiça nas ações de improbidade administrativa, 
reservando- se ao Ministério Público Federal a atuação 
como fiscal da lei.
• O termo inicial da prescrição em improbidade 
administrativa em relação a particulares que se 
beneficiam de ato ímprobo é idêntico ao do agente 
público que praticou a ilicitude.
• A eventual prescrição das sanções decorrentes 
dos atos de improbidade administrativa não obsta 
o prosseguimento da demanda quanto ao pleito de 
ressarcimento dos danos causados ao erário, que é 
imprescritível (art. 37, § 5º, da CF).
• É inviável a propositura de ação civil de improbidade 
administrativa exclusivamente contra o particular, 
sem a concomitante presença de agente público no 
polo passivo da demanda.
• É possível a decretação da indisponibilidade de 
bens do promovido em ação civil Pública por ato de 
improbidade administrativa, quando ausente (ou não 
demonstrada) a prática de atos (ou a sua tentativa) 
que induzam a conclusão de risco de alienação, 
oneração ou dilapidação patrimonial de bens do 
acionado, dificultando ou impossibilitando o eventual 
ressarcimento futuro.
• Na ação de improbidade, a decretação de 
indisponibilidade de bens pode recair sobre aqueles 
adquiridos anteriormente ao suposto ato, além de 
levar em consideração, o valor de possível multa civil 
como sanção autônoma.
• No caso de agentes políticos reeleitos, o termo inicial 
do prazo prescricional nas ações de improbidade 
administrativa deve ser contado a partir do término do 
último mandato.
• Os Agentes Políticos sujeitos a crime de 
responsabilidade, ressalvados os atos ímprobos 
cometidos pelo Presidente da República (art. 86 da CF) 
e pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não são 
imunes às sanções por ato de improbidade previstas no 
art. 37, § 4º, da CF (POSICIONAMENTO CONTROVERSO – 
VIDE TÓPICO 3.1, PARTE FINAL)
• Os agentes políticos municipais se submetem aos 
ditames da Lei de Improbidade Administrativa - LIA, 
sem prejuízo da responsabilização política e criminal 
estabelecida no Decreto-Lei n. 201/1967.
• A ação de improbidade administrativa deve ser 
processada e julgada nas instâncias ordinárias, ainda 
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Lei nº 8.429/92
que proposta contra agente político que tenha foro 
privilegiado.
• A aplicação da pena de demissão por improbidade 
administrativa não é exclusividade do Judiciário, 
sendo passível a sua incidência no âmbito do processo 
administrativo disciplinar.
• Havendo indícios de improbidade administrativa, as 
instâncias ordinárias poderão decretar a quebra do 
sigilo bancário.
• O afastamento cautelar do agente público de seu 
cargo, previsto no parágrafo único do art. 20 da Lei n. 
8.429/92, é medida excepcional que pode perdurar por 
até 180 dias.
• A indisponibilidade de bens prevista na LIA - Lei de 
Improbidade Administrativa pode alcançar tantos 
bens quantos necessários a garantir as consequências 
financeiras da prática de improbidade, excluídos os 
bens impenhoráveis assim definidos por lei.
• Aplica-se a medida cautelar de indisponibilidade dos 
bens do art. 7º aos atos de improbidade administrativa 
que impliquem violação dos princípios da administração 
pública do art. 11 da LIA.
• O ato de improbidade administrativa previsto no art. 
11 da Lei n. 8.429/92 não requer a demonstração de 
dano ao erário ou de enriquecimento ilícito, mas exige a 
demonstração de dolo, o qual, contudo, não necessita 
ser específico, sendo suficiente o dolo genérico.
• Nas ações de improbidade administrativa é admissível a 
utilização da prova emprestada, colhida na persecução 
penal, desde que assegurado o contraditório e a ampla 
defesa.
• O magistrado não está obrigado a aplicar 
cumulativamente todas as penas previstas no art. 
12 da Lei n. 8.429/92, podendo, mediante adequada 
fundamentação, fixá-las e dosá-las segundo a 
natureza, a gravidade e as consequências da infração.
8.2 Posicionamentos relevantes do STF
• Pretende a lei questionada equiparar a ação de 
improbidade administrativa, de natureza civil (CF, art. 
37, § 4º), à ação penal contra os mais altos dignitários 
da República, para o fim de estabelecer competência 
originária do Supremo Tribunal, em relação à qual a 
jurisprudência do Tribunal sempre estabeleceu nítida 
distinção entre as duas espécies (ADI 2.797);
• Improbidade administrativa. Agente político. 
Comportamento alegadamente ocorrido no exercício 
de mandato de governador de Estado. Possibilidade de 
dupla sujeição tanto ao regime de responsabilizaçãopolítica, mediante impeachment (Lei 1.079/1950), 
desde que ainda titular de referido mandato eletivo, 
quanto à disciplina normativa da responsabilização 
civil por improbidade administrativa (Lei 8.424/1992). 
(…) Regime de plena responsabilidade dos agentes 
estatais, inclusive dos agentes políticos, como 
expressão necessária do primado da ideia republicana 
(AC 3.585 AgR);
• A probidade administrativa é o mais importante 
conteúdo do princípio da moralidade pública (AP 409);
• O STF tem advertido que, tratando-se de ação civil por 
improbidade administrativa (Lei 8.429/1992), mostra-
se irrelevante, para efeito de definição da competência 
originária dos tribunais, que se cuide de ocupante de 
cargo público ou de titular de mandato eletivo ainda 
no exercício das respectivas funções, pois a ação civil 
em questão deverá ser ajuizada perante magistrado de 
primeiro grau (Pet. 4.089 AgR);
• Distinção entre os regimes de responsabilização 
político-administrativa. O sistema constitucional 
brasileiro distingue o regime de responsabilidade 
dos agentes políticos dos demais agentes públicos. 
A Constituição não admite a concorrência entre dois 
regimes de responsabilidade político-administrativa 
para os agentes políticos (…). Os ministros de 
Estado, por estarem regidos por normas especiais de 
responsabilidade (CF, art. 102, I, c; Lei 1.079/1950), não 
se submetem ao modelo de competência previsto no 
regime comum da Lei de Improbidade Administrativa 
(Lei 8.429/1992). (...) Incompetência dos juízos de 
primeira instância para processar e julgar ação civil 
de improbidade administrativa ajuizada contra agente 
político que possui prerrogativa de foro perante o STF, 
por crime de responsabilidade (…) (Rcl. 2.138).