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VINGANÇA DE SI: CONSIDERAÇÕES ACERCA DO RESSENTIMENTO EM NIETZSCHE

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FACULDADE CATÓLICA DE MATO GROSSO
GEAN CARLOS PEREIRA DE JESUS
VINGANÇA DE SI: CONSIDERAÇÕES ACERCA DO RESSENTIMENTO EM NIETZSCHE
VÁRZEA GRANDE – MT
2019
GEAN CARLOS PEREIRA DE JESUS
VINGANÇA DE SI: CONSIDERAÇÕES ACERCA DO RESSENTIMENTO EM NIETZSCHE
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade Católica de Mato Grosso como exigência parcial para obtenção do título de Licenciatura em Filosofia.
Orientador: Prof. Dr. Marivelto L. Xavier
VÁRZEA GRANDE – MT
2019
GEAN CARLOS PEREIRA DE JESUS
VINGANÇA DE SI: CONSIDERAÇÕES ACERCA DO RESSENTIMENTO EM NIETZSCHE
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade Católica de Mato Grosso como exigência parcial para obtenção do título de Licenciatura em Filosofia.
Orientador: Prof. Dr. Marivelto 
Aprovado em: ___/___/_____. 
BANCA EXAMINADORA
 ____________________________ 
Prof. Dr. Marivelto L. Xavier
Faculdade Católica de Mato Grosso (FACC-MT)
 ____________________________ 
Prof. Dr. Nome do Professor
Faculdade Católica de Mato Grosso (FACC-MT) 
____________________________ 
Prof. Dr. Nome do Professor 
Faculdade Católica de Mato Grosso (FACC-MT)
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
EPÍGRAFE
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
	
	O presente trabalho terá por objetivo uma abordagem acerca do Übermensch, termo encontrado na filosofia de Friedrich Nietzsche que é o Além-do-homem. O conceito de super-homem será a causa final a ser alcançada neste presente trabalho. 
	Além-do-Homem é o movimento de ultrapassagem visando à busca da superação do homem ressentido. O movimento do eterno retorno será essencial para este alcance, pois visará a luta que o homem deve travar com os valores vigentes até então e consigo mesmo sendo este último o mais desafiador e decisivo para sua autossuperação. 
	O Übermensch é o movimento que fará o homem sair desta realidade caótica e ressentida através da passagem do ressentido para o Além-homem. O homem segundo Nietzsche, deve superar todas as amarras impostas no decorrer da história, iniciando com o advento do socratismo e ganhando força com o cristianismo, estas amarras humanas e demasiadas humanas alienantes o privará de se tornar livre. 
	 O Super-Homem será aquele que passará por toda a tradição desprezando o homem ressentido que insiste em reviver tais alienações e envenenando-se com elas ao ponto de naufragar no niilismo ou pessimismo de Schopenhauer, desistindo assim da vida, e de uma possível reelaboração dos valores que o tornará além de si numa constante busca de se tornar superior, acima do bem e do mal. O bem e mal, não passam de valores humanos que não podem ser tomados como verdadeiros e eternos, pois não passam de interpretações “na maneira de pensar, agir e sentir” (PECORARO, 2008, p. 148).
 	Dessa forma, o desprezo pelo homem ressentido se tornará uma verdadeira vingança e revolta de si. Tal vingança será essencial para fazer morrer o homem velho, fraco e ressentido, para assim ressurgir o Além-homem, aquele que ouve o anúncio de Zaratustra e o concebe como possibilidade de superação de si do eterno retorno do mesmo.
	Levando em conta o que será abordado, entende-se que, para compreender os escritos que virão, é levado em consideração que tais possibilidades foram abordadas por Nietzsche e sua filosofia desprendida de pré-conceitos, tende a contribuir de forma enriquecedora de forma sistematizada e relativa. Sendo assim, Nietzsche percorrerá grandes caminhos e se tornará um grande expoente da filosofia ocidental, que nos dias de hoje tende a ser chave de leitura para a atual realidade humana que é caótica, ressentida, deprimida e necessitada de uma autossuperação que o fará interpretar e se tornar além de si.
1 NIETZSCHE NA HISTÓRIA
Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu a 15 de outubro de 1844 em Röcken, localidade próxima a Leipzig na atual Alemanha. Karl Ludwig, seu pai, pessoa culta e delicada, e seus dois avós eram pastores luteranos (protestantes); o próprio Nietzsche pensou em seguir a carreira à qual estava supostamente destinado.
Em 1849 seu pai (aos 36 anos) e seu irmão faleceram; por causa disso a mãe mudou-se com a família para Naumburg, pequena cidade às margens do Saale, onde Nietzsche cresceu, em companhia da mãe, duas tias e da avó. Criança feliz, aluno modelo, dócil e leal, seus colegas de escola o chamavam “pequeno pastor”; com eles criou uma pequena sociedade artística e literária, para a qual compôs melodias e escreveu seus primeiros versos (CHAUÍ, 1978, p. VI).
Em 1858 Nietzsche obteve uma bolsa de estudos na então famosa escola de Pforta, onde havia estudado o poeta Novalis o filósofo Fichte. Datam dessa época suas leituras de Schiller, Hölderlin e Byron, sob essa influência e a de alguns professores, Nietzsche começou a afastar-se do cristianismo (CHAUÍ, 1978, p. VI).
Excelente aluno em grego e brilhante em estudos bíblicos, alemão e latim, seus autores favoritos, entre os clássicos, foram Platão e Ésquilo. Durante o último ano em Pforta, escreveu um trabalho sobre o poeta Teógnis. Partiu em seguida para Bonn, onde se dedicou aos estudos de teologia e filosofia, mas, influenciado por seu professor predileto, Ritschl, desistiu desses estudos e passou a residir em Leipzig, dedicando-se à filologia. Ritschl considerava a filologia não apenas história das formas literárias, mas estudos das instituições e do pensamento. Nietzsche seguiu lhe as pegadas e realizou investigações originais sobre Diógenes Laércio (séc. III), Hesíodo e Homero (CHAUÍ, 1978, p. VI).
A partir desses trabalhos foi nomeado, em 1869, professor de filologia em Basiléia, onde permaneceu por dez anos. A filosofia somente passou a interessá-lo a partir da leitura de O Mundo como Vontade e Representação, de Schopenhauer (1788-1860). Nietzsche foi atraído pelo ateísmo de Schopenhauer, assim como pela posição essencial que a experiência estética ocupa em sua filosofia, sobretudo pelo significado metafísico que atribui à música (CHAUÍ, 1978, p. VI). 
 	Em 1867 Nietzsche foi chamado para prestar serviço militar, mas um acidente em exercício de montaria livrou-o dessa obrigação. Voltou então aos estudos na cidade de Leipzig. Nessa época teve início sua amizade com Richard Wagner (1813-1883), que tinha quase 55 anos e vivia então com Cosima, filha de Liszt (1811-1886) [footnoteRef:1]. [1: Na mesma época, apaixonou-se por Cosima, que viria a ser, em obra posterior, a "sonhada Ariane". Em cartas ao amigo Erwin Rohde, escrevia: "Minha Itália chama-se Tribschen e sinto-me ali como em minha própria casa (CHAUÍ, 1978, p. 6)”.] 
Em 1870 a Alemanha entrou em guerra com a França; nessa ocasião, Nietzsche serviu o exército como enfermeiro, mas por pouco tempo, pois logo adoeceu, contraindo difteria e disenteria. Essa doença parece ter sido a origem das dores de cabeça e de estômago que acompanharam o filósofo durante toda a vida. Nietzsche restabeleceu-se lentamente e voltou a Basiléia a fim de prosseguir seus cursos (CHAUÍ, 1978, p. VI).
Terminada a licença da universidade para que tratasse da saúde, Nietzsche voltou à cátedra. Mas sua voz agora era tão imperceptível que os ouvintes deixaram de frequentar seus cursos, outrora tão brilhantes. Em 1879 pediu demissão do cargo. Nessa ocasião, iniciou sua grande crítica dos valores, escrevendo Humano, Demasiado Humano, seus amigos não o compreenderam (CHAUÍ, 1978, p.).
Rompeu as relações de amizade que o ligavam a Wagner e, ao mesmo tempo, afastou-se da filosofia de Schopenhauer, recusando sua noção de “vontade culpada” e substituindo-a pela de “vontade alegre”, isso lhe parecia necessário para destruir os obstáculos da moral e da metafísica (CHAUÍ, 1978, p. VIII). “O homem, dizia Nietzsche, é o criador dos valores, mas esquece de sua própria criação e vê neles algo de ‘transcendente’, de ‘eterno’ e ‘verdadeiro’, quando os valores não são mais do que algo ‘humano, demasiado humano’” (CHAUÍ, 1978, p. VIII).
	Nietzsche, que até então interpretará a música de Wagner como o “renascimento da grande arte da Grécia”,mudou de opinião, achando que Wagner inclinava-se ao pessimismo sob a influência de Schopenhauer. Nessa época Wagner voltara-se, ao mesmo tempo, a recusa do cristianismo (CHAUÍ, 1978, VIII).
Para Nietzsche, ambos são parentes porque é a manifestação da decadência, isto é, da fraqueza e da negação. Irritado com o antigo amigo, Nietzsche escreveu:
Não há nada de exausto, nada de caduco, nada de perigoso para a vida, nada que calunie o mundo no reino do espírito, que não tenha encontrado secretamente abrigo em sua arte; ele dissimula o mais negro obscurantismo nos orbes luminosos do ideal. Ele acaricia todo o instinto niilista (budista) e embeleza-o com a música; acaricia toda a forma de cristianismo e toda expressão religiosa de decadência (CHAUÍ, 1978, p. VIII).
2 Obras de Nietzsche
Durante toda sua vida Nietzsche tentou explicar o pouco sucesso de sua literatura. O sucesso de Nietzsche sobreveio quando sua obra Assim Falou Zaratustra foi bem difundida em 1888.
[...] o filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 -1900) inspirou um número significativo de pensadores desde o fim do século XIV. O mesmo autor afirma todos têm o pensamento ou realizam a luz e à sombra de Nietzsche, seja “a favor” ou contra ele (HEIDEGGER, 1958).
	
Nietzsche considerava o Cristianismo e o Budismo como religiões da decadência, embora ele afirme haver uma grande diferença as duas concepções.
[...] o budismo e o cristianismo, poderiam ter tido a ramo de seu surgimento, sobretudo de sua súbita propagação, em um descomunal adoecimento da vontade. E assim foi na verdade: ambas as religiões encontraram um desejo que, pelo adoecimento da vontade, se acumulara até a insensatez e chegava até o desespero, o desejo de um "tu deves”; ambas as religiões foram mestras de fanatismo em tempos de adormecimento da vontade e com isso oferecia a inúmeros um amparo, uma nova possibilidade de querer, uma fruição do querer. O fanatismo é, com efeito, a única ''força de vontade “a que também se podem” levar os fracos e inseguros como uma espécie de hipnotização de todo o sistema sensório-intelectual em favor da superabundante nutrição (hipertrofia) de um único ponto de vista e de sentimento, que doravante domina - o cristão chama-o sua crença. (NIETZSCHE, 1978, §347, p. 215).
Estas religiões que aspiram ao Nada, cujos valores dissolveram a mesquinhez histórica. Na obra Ecce Homo, também se auto intitula ateu: “Para mim o ateísmo não é nem uma consequência, nem mesmo um fato novo: existe comigo por instinto” (NIETZSCHE, 2008, p. 25).
Nietzsche critica o idealismo metafísico focaliza as categorias do idealismo e os valores morais que o condicionam, propondo uma nova abordagem: a genealogia dos valores na obra genealogia da moral.
Na obra Assim falou Zaratustra, o protagonista ao deixar sua caverna dirige-se ao Sol achando-o desnecessário, tanto que ao descer da montanha para o vale evoca a morte de Deus. Chegando à cidade dirige-se ao povo reunido na praça do mercado: “Eu vos anuncio o super-homem. O homem é superável” (NIETZSCHE, 2002, III, p. 25).
Zaratustra exorta a seus ouvintes a permanecerem fiéis a Terra, ou seja, não ao Sol, pois este já está morto. Se outrora o maior delito era o cometido contra Deus, agora é ir contra a Terra. Antes a alma quem mostrava descaso pelo corpo, agora é o corpo que mostra a miséria da alma. Antes o homem é quem dava sentido ao que o cercava agora ele não passa de ponte para o além-do-homem:
É, pois, como anunciador do além-do-homem que Zaratustra se apresenta [...]: Amo todos Aqueles que são como gotas pesadas caindo uma a uma da nuvem escura que pende sobre os homens: eles anunciam que o relâmpago vem, e vão ao fundo como anunciadores (MARTON, 2016, p. 13).
Aqui é possível perceber a superação do homem antigo pautado em Deus, este já foi superado com a aurora do homem vindouro, o além-do-homem: “Vede: eu sou um anúncio do raio e uma pesada gota procedente da nuvem; mas este raio chama-se o Super-homem” (NIETZSCHE, 2002, IV, p. 28).
Assim Falou Zaratustra (1883-1885) é um livro, iniciado em 1885 pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que influenciou significativamente o mundo moderno. O livro foi escrito originalmente como três volumes separados em um período de vários anos. Depois, Nietzsche decidiu escrever outros três volumes, mas apenas conseguiu terminar um, elevando o número total de volumes para quatro (PECORARO, 2008, p.182).
O livro narra as andanças e ensinamentos de um filósofo, que se autonomeou Zaratustra após a fundação do Zoroastrismo[footnoteRef:2] na antiga Pérsia. Para explorar muitas das ideias de Nietzsche, o livro usa uma forma poética e fictícia, frequentemente satirizando o Novo testamento. [2: Zoroastrismo é uma antiga religião persa, que consiste na ideia principal do dualismo constante entre duas forças, representando a luta entre o bem e o mal.] 
3 Considerações acerca da origem do conceito de ressentimento 
Na segunda metade do século XIX, não se encontrava em língua alemã uma palavra cunhada especialmente para expressar a ideia de ressentimento.
Filósofos como Nietzsche e Dühring[footnoteRef:3] lançam mão, então, do termo francês ‘ressentiment’ para cumprir essa tarefa. O termo, cuja utilização na língua francesa remonta ao século XVI, deriva do verbo ‘ressentir’, o qual, embora possa ter uma conotação neutra, significando a possibilidade de reviver um sentimento ou sensação anteriormente experimentada, ou mesmo positiva, considerando a possibilidade de tal sensação ser boa ou agradável, via de regra, possui um acento negativo, designando uma ‘renovação de um mal sofrido, de uma dor que se ressente[footnoteRef:4]’, ou então a ‘persistência de um sentimento suscitado por uma injúria, uma injustiça, acompanhado de um desejo de vingança’, ou ainda: ‘o fato de se recordar com amargor ou o desejo de se vingar de um mal sofrido, ódio, rancor[footnoteRef:5], amargura (PASCHOAL, 2009, p. 13). [3: Dühring nasceu em Berlim no dia 12 de janeiro de 1833 e morreu em Babelsberg em 21 de setembro de 1921. Foi professor na Friedrich-Wilhelms-Universität de Berlim, atual Humboldt-Universität, entre os anos de 1864 a 1921 e ficou conhecido especialmente por suas polêmicas e pelas posições assumidas em temas como o socialismo e o antissemitismo.] [4: Tal ressentimento é a lembrança da dor que passou, o sentimento que é ressentido, agora é de fato a lembrança da dor, que embora tenha passado, continua a ruir dentro de si em suas lembranças. O res-sentimento será o mais tenebroso sofrimento a ser enfrentado pelo homem, pois nos ditados populares, que dizia mamãe, (o monstro está debaixo da cama) agora o homem ressentido não encontra mais tal monstro debaixo da cama, o mesmo se encontra dentro de si. Agora a libertação a ser feita não será mais dos valores e da religião, e sim de si próprio. (grifo nosso)] [5: O termo “rancor” que pode ser correlacionado a um malquerer e associado à cólera e à raiva contidas, bem como na expressão daquele sentimento de amargor, provém, certamente, da proximidade entre os termos “ressentimento” e “rancor”, pois a palavra “rancor”, do latim “rancōre”, possui parentesco com “rançoso”, também do latim “rancīdu”,que é traduzido como: “que cheira mal; putrefato, infecto, fétido” (OLIVEIRA, 1970), e se encontra igualmente na raiz de“derrancar”: estragar, corromper, tornar-se rançoso (PASCHOAL, 2009, p.13).] 
O ressentimento terá então de ser entendido de maneira que aquele que o possui como uma patologia que putrefata, dever-se-á assumi-lo como possibilidade de superação, embora a atual condição o remeta ao contrário, pois é um veneno que a cada passo da vida, o contamina ao ponto de levá-lo ao niilismo[footnoteRef:6], para uma total destruição putrefata de si. [6: O niilismo como sintoma daquilo que os malogrados não têm mais consolo: daquilo que eles destroem para serem destruídos, daquilo que, afastados da moral, eles não têm mais por que “se sacrificar” — daquilo que eles se colocam no terreno do princípio contrário e querem também por suavez o poder, obrigando os poderosos a serem seus verdugos. Esta é a forma européia do budismo, o fazer-negativo, uma em que toda a existência perdeu o seu “sentido”. [...] O niilismo representa um patológico estado intermediário [patológica é a enorme generalização, a conclusão de uma ausência total de sentido]: seja porque as forças produtivas não são ainda bastante poderosas; seja porque a décadence hesita e os remédios não foram ainda inventados (NIETZSCHE, 2013, p.5-6).] 
Tal putrefação, o fará perder todo sentido de viver da forma em que se encontra uma vida medíocre sem sentido e tudo que se tem como verdade e eterno não passa de construções e valores meramente humanos, ao qual ao invés de libertar o homem, o aprisiona ainda mais, pois o mesmo deverá viver condicionado, alienado e submetido a valores que o tornam fraco, amargurado e ressentido.
O termo “ressentimento” corresponde, assim, já no interior da filosofia de Nietzsche, a um problema fisiológico, algo que o homem ainda não superou e que ainda o faz padecer até o momento de sua superação: este é um “organismo sem forças para reagir frente às intempéries da vida e que também não consegue digerir os sentimentos ruins [...], passando a apresentar uma desordem psíquica que o impede de viver efetivamente o presente” (PASCHOAL, 2009, p. 14).
Esta incompreensão acerca do problema fisiológico faz com que o homem tenha este ressentimento, ou seja, sede de vingança, uma vez que a sua fraqueza perpassa o âmbito físico e psíquico desencadeando, assim, uma possível loucura.
Nesse organismo, a percepção da própria fraqueza e o sentimento de frustração que se segue à obstrução da ação gera um rancor, uma vontade de ferir e produzir sofrimento naquele que o detratou. Enfim, toma posse dele uma sede de efetuar aquela vingança que sua fraqueza não permite realizar. Trata-se, assim, como anota Nietzsche em um fragmento póstumo de outono de 1888, de uma “disposição para a vingança”, caracterizada por ele como ‘o mais pernicioso de todos os estados possíveis para o doente (PASCHOAL, 2009, p. 14-15).
 O termo ressentimento utilizado por Nietzsche é associado à ideia de um auto envenenamento através de sentimentos: a inveja, o rancor e o ódio. Ocorre um envenenamento quando esses sentimentos não são descarregados para fora e voltam para seu o interior, não o digerindo ficam re-sentidos. Esta é uma resposta apresentada frente a este estímulo vindo de fora do homem, que não é apenas sentido, mas res-senti-do, não mais externamente, mas internamente (no subterrâneo daquele homem)[footnoteRef:7] permanece produzindo seus efeitos (PASCHOAL, 2009, p. 14). [7: Nietzsche toma contato com o livro Memórias do subsolo de Dostoievski, que não utiliza o termo “ressentimento”, mas refere-se ao homem de consciência hipertrofiada e descreve o seu subterrâneo, em uma edição francesa do outono de 1886, publicada por E. Plon, Nourrit et Cie. Trata-se de uma edição resumida que reúne três novelas do autor russo: Wirthin, uma tradução resumida de Memórias do subsolo e uma terceira novela com o nome Lisa (MILLER, 1978, p. 130-131). Hoje o vocábulo “ressentimant” é encontrado nos dicionários da língua alemã e, curiosamente, na língua francesa, a apresentação do termo, muitas vezes, toma como referência a utilização feita dele por Nietzsche, como é o caso do Dictionnaire Encyclopédique Quillet (PASCHOAL, 2009, p.27).] 
Será a lembrança dos acontecimentos passados que o homem ressentido irá se deparar com sua fraqueza[footnoteRef:8] confrontando consigo mesmo em sua história. [8: O “homem fraco” dissimula para si mesmo a sua própria decadência psicofisiológica, pois finge que a sua derrota é motivada pelo “outro”; dessa maneira, o âmbito “externo” deve ser imputado como o responsável pela sua queda existencial, quando, na verdade, o próprio indivíduo que deixa prevalecer os afetos reativos seria o responsável por esse estado de declínio vital, e a memória hipertrofiada potencializa esse efeito destrutivo (BITTENCOURT, 2011 p.82).] 
A fraqueza da vitalidade na existência de um homem afetivamente ressentido, decorrente da sua dificuldade em assimilar as suas experiências afetivas recolhidas ao longo da sua conduta cotidiana, gera essa inversão do fluxo de sua capacidade para a ação. Ao invés desse tipo decadente de homem se empenhar em agir, em elaborar novos modos de valorações comprometidos com a ampliação das suas forças criativas, ele focaliza seu olhar na obscuridade dos elementos mais sombrios de sua vida psíquica, enfatizando especialmente tudo aquilo que existe de passível de se vir a sofrer do envenenamento afetivo do rancor (BITTENCOURT, 2011, p.77).
Após longa passagem pelo ressentimento[footnoteRef:9], que derivam de suas angústias e insatisfações, Nietzsche dirá que foi a tragédia grega[footnoteRef:10] e a moral cristã[footnoteRef:11] que causaram toda esta contaminação no homem ocidental. Agora surgirá um novo modo de abordar e constituir o homem. [9: Para Nietzsche, o ressentimento é um sintoma da incapacidade do homem de libertar sua consciência de uma dor qualquer sofrida. Ao homem do ressentimento é negada a verdadeira reação, a dos atos, restando-lhe somente uma vingança imaginária como forma de reparação. Assim, vingança tem a tendência de ser a desforra, ou o desconto contra algo ou alguém, pois o ressentido busca atingir aquele que é o “responsável”, o culpado por esta dor que ele sente. A busca por culpados é movida pelo interesse de despejar todo sofrimento, frustração ou dor sobre qualquer um que seja o suposto causador ou responsável dessa comoção. Contudo, o sacerdote ascético “muda a direção” desse ressentimento acumulado, que ameaça recair em um culpado, ratificando que existe a culpa, mas nega que pertença a outro, afirmando que, na verdade, ela é de quem verdadeiramente sofre por ressentir-se. Com isso, a “avalanche” é retida, de modo que o ressentimento passa a ser redirecionado, fazendo com que o ressentido tenha que aprender a conviver com sua consciência culpada (SOUSA, 2011 p. 30).] [10: O nascimento da tragédia tem dois objetivos principais: a crítica da racionalidade conceitual instaurada na filosofia por Sócrates e Platão; a apresentação da arte trágica, expressão das pulsões artísticas dionisíaca e apolínea, como alternativa à racionalidade. Razão, para o Nietzsche da época, é um modo de "representação que procede por conceitos e combinações lógicas". E a "estética racionalista" socrática é a que introduz na arte a lógica, a teoria, o conceito, no sentido em que a criação artística deve derivar da postura crítica. Subordinando a beleza à razão, essa atitude desclassifica, desvaloriza o poeta trágico por não ter consciência do que faz e não apresentar claramente o seu saber (MACHADO, 1997, p.1).] [11: Segundo Nietzsche, o cristianismo concebe o mundo terrestre como um vale de lágrimas, em oposição ao mundo da felicidade eterna do além. Essa concepção constitui uma metafísica que, à luz das ideias do outro mundo, autêntico e verdadeiro, entende o terrestre, o sensível, o corpo, como o provisório, o inautêntico e o aparente. Trata-se, portanto, diz Nietzsche, de "um platonismo para o povo", de uma vulgarização da metafísica, que é preciso desmistificar. O cristianismo continua Nietzsche, é a forma acabada da perversão dos instintos que caracteriza o platonismo, repousando em dogmas e crenças que permitem à consciência fraca e escrava escapar à vida, à dor e à luta, e impondo a resignação e a renúncia como virtudes. São os escravos e os vencidos da vida que inventaram o além para compensar a miséria; inventaram falsos valores para se consolar da impossibilidade de participação nos valores dos senhores e dos fortes; forjaram o mito da salvação da alma porque não possuíam o corpo; criaram a ficção do pecado porque não podiam participar das alegrias terrestres e da plena satisfação dos instintos da vida. "Este ódio de tudo que é humano", diz Nietzsche, "de tudo que é 'animal' e mais ainda de tudo que é 'matéria', este temor dos sentidos…este horror da felicidade e da beleza; este desejo de fugir de tudo que é aparência, mudança, deve morte, esforço, desejo mesmo, tudo isso significa... vontade de aniquilamento, hostilidade à vida, recusa em se admitir as condições fundamentais da própria vida" (CHAUÍ, 1978, p.XV-XVI).] 
 Nietzsche expõe outra maneira de jogar, ou seja, uma nova maneira de se portar frente ao homem fraco, uma vez que foi superado com o advento do além-do-homem. Nietzsche descobre o super-homem para além de dois modos de existência “humanos-demasiado humanos”, ele soube afirmar todo o acaso em vez de fragmentá-lo e deixar um fragmento falar como senhor soube fazer do caos um objeto de afirmação em lugar de colocá-lo como algo a ser negado (DELEUZE, 1962, p. 27).
3.1 O eterno retorno do mesmo como possibilidade de superação de si
	Quem fala de todas essas coisas será Zaratustra, quem é Zaratustra? A etimologia da palavra Zaratustra deseja mostra sua missão frente aos homens de anunciar o além-homem. Zaratustra é:
Um falador[footnoteRef:12]? Não. O falador é um “porta-voz”[footnoteRef:13]. Com este nome, vem-nos ao encontro uma antiga palavra da língua alemã e, na verdade, com múltiplos sentidos. "Für" (por, para, em favor de) significa, de fato, "vor" (diante de, à frente). "Fürtuch" (pano, tecido colocado à frente de, diante de) é, ainda hoje, em dialeto alemãnico, o nome usual para avental. O "Fürsprecher" (porta-voz) fala "diante de" e dirige ou conduz a palavra. Mas "für" significa, ao mesmo tempo: "a favor de", e "em defesa de" ou "para a justificação de". Por fim, o "Fürsprecher" é aquele que interpreta (ex-põe) e esclarece isso "de que" e "para que" ele fala (HEIDEGGER, 2012, p. 87). [12: (“Sprecher” termo alemão)] [13: ( “Fursprecher” termo em alemão)] 
Nietzsche sendo um grande filólogo se preocupa em trazer tais termos com seus sentidos originais, para assim futuramente anunciar o sentido verdadeiro e original, no qual o homem no decorrer do tempo se perdeu.
	Nesta análise acerca do homem e de seus valores, Nietzsche compõe a obra A Genealogia da Moral. Abordando os valores que foram mutados ou abolidos com os adventos do socratismo e posteriormente do cristianismo, prendendo o homem em si, e em seus valores, que nada mais são que humanos, demasiados humanos. É necessário transvalorar este valores para que o homem possa de fato ser de “espírito livre”[footnoteRef:14]. A liberdade virá quando o homem voltar a sua casa, sua verdadeira origem, pois lá está o verdadeiro sentido da vida. [14: Nietzsche (1978) traz como subtítulo de sua obra Humano Demasiado Humano este termo no qual o homem deve aderir escutando aquele que anuncia.] 
	A nostalgia infere aqui tal saudade que o homem ressentido[footnoteRef:15] terá de se firmar na vida, mas ainda não o faz, a dor ainda lateja, a vingança dia e noite o assombra, a vontade de retornar a casa traz aflições, estar de volta a casa será um grande desafio, a coragem embora seja forte, está trêmula. Voltar em casa já é um desafio, a dor da lembrança insiste em voltar, há um padecimento, mas tal é resultante de uma grande força de viver. Já não se sabe mais como será o retorno, a distância fez esquecer sua memória. [15: São aqueles já de início desgraçados, vencidos, destroçados - são eles, são os mais fracos, os que mais corroem a vida entre os homens, os que mais perigosamente envenenam e questionam nossa confiança na vida, no homem, em nós. Onde se poderia escapar a ele, àquele olhar velado que nos deixa uma profunda tristeza, àquele olhar voltado para trás do homem deformado na origem, que revela como tal homem fala consigo mesmo - àquele olhar que é um suspiro! "Quisera ser alguma outra pessoa", assim suspira esse olhar: "mas não há esperança. Eu sou o que sou: 'como me livraria de mim mesmo? E, no entanto - estou farto de mim/"". Neste solo de autodesprezo, verdadeiro terreno pantanoso, cresce toda erva ruim, toda planta venenosa, e tudo tão pequeno, tão escondido, tão insincero, tão adocicado. Aqui pululam os vermes da vingança e do rancor; aqui o ar fede a segredos e coisas inconfessáveis; aqui se tece continuamente a rede da mais malévola conspiração - a conspiração dos sofredores contra os bem logrados e vitoriosos, aqui a simples vista do vitorioso é odiada. E que mendacidade, para não admitir esse ódio como ódio! (NIETZSCHE, 2003, 14, p. 111-112).] 
	Agora é preciso determinar de vez quem ele é. O homem ressentido ainda tem medo. O velho assombro ainda se faz presente, mas a saudade do lar é grande, e já o avista, ele não pode mais regressar da mesma forma que era, é preciso matar de vez este homem ressentido que insiste em vir junto, o lar não o pertence, ele deve ficar na caverna, ele não vai mais mudar, ele não pode mais existir, sua vida é uma farsa, os caminhos que ele percorreu por si próprio o privou da verdadeira liberdade, liberdade esta que só o forte conhece. O fraco ressentido deve ser destruído assim como o criador de todas estas privações alienantes, nada vale ser vivido privado dos deleites da terra, o ressentido os nega, negando assim também o sentido da vida. O lar é para o forte, aquele que passa pela dor, pelo sofrimento e pelo vazio.
	Mas o homem ressentido teima em querer continuar preso às amarras e lamentar por suas dores. É preciso voltar e vingar-se deste que insiste em sofrer. O retorno a si deve-se ser firmado. O porta-voz “Zaratustra apresenta-se como o porta-voz disso, a saber, que todo real é vontade de poder[footnoteRef:16] que, enquanto criadora, padece e suporta a vontade que luta consigo mesmo e assim se quer a SÍ mesma no eterno retorno do igual” (HEIDEGGER, 2012, p. 88). [16: O conceito de poder é ambíguo. Por um lado, é o poder sobre alguma coisa ou alguém; ele remete ao domínio efetivo ou ao controle sobre alguma coisa ou alguém. Por outro, é o poder de fazer alguma coisa: ele aponta para a habilidade, a capacidade ou a eficácia. É tentador supor que a vontade de potência é apenas um desejo por domínio ou controle, e por eficácia apenas na medida em que ela é requerida para a aquisição de um domínio. Sem dúvida existe uma motivação desse tipo. Mas esse não é exatamente o tipo de motivação que Nietzsche chama de vontade de potência (REGINSTER, 2016, p. 61).] 
	Será o movimento do eterno retorno do mesmo que o possibilitará vingar de si e voltar ao lar livre e realizado. Movimento de o eterno devir[footnoteRef:17], tudo morre e tudo ressurge, o homem ressentido precisa morrer para ressurgir e se tornar além de si. Quem o fará morrer e ressurgir? Ele próprio, o homem, está nele o homem fraco e o homem forte, cabe a ele fazer morrer o fraco e fazer ressurgir o forte. [17: Tudo se destrói tudo se reconstrói eternamente se edifica a mesma coisa a mesma casa da existência. Tudo se separa tudo se saúda outra vez; o anel da existência conserva-se eternamente fiel a si mesmo (NIETZSCHE, 2002, p.170).
Evidencia-se o seguinte: antes de qualquer coisa, Zaratustra precisa vir a ser aquele que é. Diante de tal devir, Zaratustra retrai-se cheio de pavor. O pavor, que se apresenta e expõe na obra, perpassa toda ela. Este pavor determina o estilo, o andamento hesitante e crescentemente emperrado do todo da obra. Desde o começo de seu caminho, este pavor sufoca um Zaratustra todo segurança e todo arrogância. Jamais virá, a saber, quem é Zaratustra quem previamente não se der conta deste pavor e quem não o entre perceber constante e insistentemente na obra, como que ecoando em todos os discursos, que ora soam presunçosos, ora delirantes (HEIDEGGER, 2012, p.90).] 
Mas para que isso aconteça, o homem viverá eternamente nesta criação de si mesmo no círculo-vida-dor (HEIDEGGER, 2012, p. 87). Na busca pelo retorno ao lar, mergulhará nesta nostalgia, que no eterno retorno do mesmo, a dor sempre estará presente, e o desejo de firmar a vida também deve ser assumido de forma decidida, a dor existe e sempre existirá, o que deve haver aqui é que o ressentimento deve ser superado e a dor conviver, até que o novo ciclo é alcançadoe a dor superada, a mesma não se ausentará, mas não será motivo de fracasso, pois embora existindo, não o impedirá de retornar ao lar de si que se perderam devido às alienações vigente até o então.
Será no final da terceira parte de Assim falava Zaratustra, encontra-se um discurso com o título “O convalescente”[footnoteRef:18]. Zaratustra é isso. As andanças de Zaratustra irão revigorar as forças que o homem fraco e ressentido necessita para firmar sua vida e dar a ela o sentido que tanto almejas. Os padecimentos que o homem sofre devem transformar em vontade de poder, pois o mesmo deverá querer viver embora as dores e angústias digam não a vida. O ressentido aqui não é aquele pessimista como queria Schopenhauer, mas é aquele que padece, e dirá Nietzsche, “tudo que padece quer viver” (HEIDEGGER, 2012, p. 88), logo tal padecimento será motivo de soerguimento e ressurgimento para se tornar o além-homem. [18: "Convalescer" (genesen) é a mesma palavra grega ⅴέμ∝ι, vóσtoç. Isto significa: retornar ao lar; "nostalgia" é a dor provocada pela falta do lar (Heimschmerz), o sofrimento em razão da distância e da ausência do lar, da pátria (Heimweh). "O convalescente" é aquele que se integra e que junta suas forças para o retorno "à casa", "ao lar", isto é, para a volta à sua determinação. O convalescente está a caminho de si mesmo de modo tal que ele pode dizer de si quem ele é. No discurso mencionado, o convalescente diz: "Eu, Zaratustra, o porta-voz da vida, o porta-voz da dor, o porta-voz do círculo... ".
Zaratustra fala a favor da vida, da dor, do círculo - isto ele profere. Estes três, a saber, "vida - dor - círculo", se coo pertencem são o mesmo. Se estivéssemos em condições de pensar com justeza essa triplicidade como um e o mesmo, estaríamos em condições de pressentir de que Zaratustra é o porta-voz e quem ele mesmo, enquanto porta-voz gostaria de ser. Na verdade, através de um esclarecimento um pouco grosseiro, poderíamos intervir agora e dizer com indiscutível correção: na língua de Nietzsche, "vida" significa: a vontade de poder como o traço fundamental de tudo que é e não só do homem. O que "dor", "padecer" significa, Nietzsche diz com as seguintes palavras: "Tudo que padece quer viver... "(HEIDEGGER, 2012, p. 88)] 
E como naquele dia que quer há sofrimento, posto que não seja permitido querer para trás, a própria vontade e toda a vida deviam ser castigo. E assim se acumulou no espírito uma nuvem após outra, até que a loucura proclamou: ‘Tudo passa; por conseguinte, tudo merece passar!’ (NIETZSCHE, 2002, p. 115).
O forte que vence o fraco, o Übermensch acima do bem e do mal, ambos existem apesar de serem construções humanas e tais valores não serão motivo de empecilho, pois após o anúncio de Zaratustra, o homem deve se tornar o novo, aquele que mata o criador e se torna ele próprio o criador dos valores.
Indicado como anunciador da concepção dionisíaca do mundo, a aparição primeira de Zaratustra demonstra o seu traço apolíneo no desejo de produzir a eterna beleza, cujo objeto incomum e distante é um não exis-tente e ideal [...]. O Além-do-Homem é o anteparo de beleza colocado entre o homem e o mundo pensado dionisiacamente, como vontade de poder e eterno retornar de todas as coisas [...]. Pensado no sentido da nova nobreza que assimila o passado e a partir dele cria, redimindo-o [...], ele é a imagem ideal, eminentemente não cristã, que ensina uma nova forma de amor a terra e à vida: a autossuperação (BARROS, 2011, p. 110).
E será o eterno retorno que o fará firmar o novo que há de vir redimindo a dor e o ressentimento do passado que o enfraquecia.
O anseio de auto superação do homem é o estímulo com vistas a sempre prontifica-lo a adequar-se ao mundo e à vida plenamente aceitos, o que pressupõe a aceitação da própria impossibilidade de determinação da existência. Ambos têm seu valor restabelecido graças ao desmascaramento do engano da crença no “mundo verdadeiro” e na moral que a sustenta, concebidos desde então como estranhamento com relação à vida (KAULBACH, 1985 Apud BARROS, 2011, p, 110).
Nesta perspectiva abordada, Barros (2011, ) aponta a importância dos ensinamentos de Zaratustra, do Eterno Retorno e do Além-do-Homem[footnoteRef:19], nos quais Nietzsche encontrará a autossuperação e o sentido de viver[footnoteRef:20]. [19: A palavra ‘Além-do-Homem’, como designação do tipo mais altamente bem logrado, em oposição ao homem ‘moderno’, ao homem ‘bom’, aos cristãos e outros niilistas – uma palavra que, na boca de Zaratustra, do aniquilador da moral, se torna uma palavra que dá muito a pensar –, foi, quase por toda parte, com tal inocência, entendida no sentido daqueles valores cujo oposto foi apresentado na figura de Zaratustra: quer dizer, como tipo ‘idealista’ de uma espécie superior de homem, meio ‘santo’ meio ‘gênio’. Ecce Homo (NIETZSCHE, 1978, p. 375).] [20: Essa nova exigência de veracidade, no entanto, não se direciona a criação de um novo mundo mais verdadeiro, mas à supressão da dicotomia excludente entre verdadeiro e falso (GD, Mundo verdadeiro, § 5) e à aceitação de tudo o que existe como multiplicidade de perspectivas, para as quais o momento da decisão imposto pelo pensamento do Eterno retorno mostra-se como um compromisso com a criação e com o futuro [...]. É precisamente este sentido futuro que Nietzsche confere às palavras e ensinamentos de Zaratustra, que revela outro aspecto da idealidade do Além-do-Homem: a sua inexistência [...]. Entretanto isso não o impede de ser posto como ensinamento tanto para a humanidade atual como para a humanidade futura com vistas à superação e à grandeza de ambas [...]. Esses aspectos são característicos do épico, por conseguinte do apolíneo, tacitamente constatáveis no herói épico homérico, para quem todo esforço de aprimoramento, embelezamento e auto superação, são impulsionados por uma imagem apresentada a ele como modelo inspirador (BARROS, 2011, p. 110).] 
O sentido aqui se dará acerca dos personagens apolíneo e dionisíaco na concepção de Zaratustra simultaneamente inseparáveis, tendo em vista o homem ressentido e o auto superado como Além-do-Homem[footnoteRef:21]. [21: O Além-do-Homem e o herói apolíneo não podem ser os mesmos, pois este perde a sua seriedade e solenidade e dança como o vento (BARRACK, 1974, p. 122). Eles podem, porém, ser aproximados pelo desdém de Zaratustra pela fraqueza e pela armação do anseio de autossuperação (Selbstüberwindung) que marca o Além-do-Homem (WOTLING, 1995, p. 333). Desse modo, este apresenta aspectos tanto apolíneos quanto dionisíacos, haja vista que são aspectos indissociáveis. O primeiro é o desejo de autossuperação e o segundo a aceitação do perigo que tal desejo implica, pois ele deve ser compreendido em um mundo no qual o conflito, criação e destruição são aspectos inerentes. Em decorrência disso, os aspectos dionisíaco e o apolíneo em Assim falava Zaratustra não significam mais a caracterização estética dos princípios metafísicos da essência e da aparência do mundo. Eles devem ser entendidos como relacionados à superação do pessimismo filosófico, pois esta meta integra o dionisíaco como princípio afirmativo do ciclo de morte e vida que marca a filosofia de Nietzsche na fase posterior ao seu distanciamento da filosofia de Schopenhauer [...] (BARROS, 2011, p. 111).] 
“A partir desse ponto, pode-se tomar como correta a armação de que o presente de Zaratustra aos homens consiste em um novo ideal, que não aquele da tradição metafísico-cristã” (BARROS, 2011, p. 113).
O novo ideal será o homem vindouro, ou Além-do-homem. Zaratustra clama por este novo ideal, este novo homem. Mas que homem é esse?[footnoteRef:22] Heidegger (2012, p. 91-92) chega a tais convicções fazendo uma leitura minuciosa acerca de Zaratustra, pois não é somente uma ideia ou uma consideração, mas sim um pensamento que em sua época estava ganhando força, e ainda hoje continua vigente na contemporaneidade. [22: Mas de onde vem o clamor pela necessidade do super-homem? Por que o homem não é mais suficiente?Porque Nietzsche reconhece o instante histórico em que o homem se prepara para entrar na total dominação da Terra. Nietzsche é o primeiro pensador que, considerando a história do mundo tal como está pela primeira vez nos chega, coloca a pergunta decisiva e a pensa através de toda sua amplitude metafísica. A pergunta é: o homem enquanto homem, em sua constituição de essência até hoje vigente, está preparado para assumir a dominação da terra? Se não, o que então precisa acontecer com o homem. Atual, de modo que ele se "submeta" a Terra e assim cumpra a palavra de um velho testamento? Não será preciso conduzir o homem atual para além de si mesmo, para poder corresponder a esta missão? Se assim é, então o "super-homem"\ pensado corretamente, pode não ser o produto de uma fantasia desenfreada e degenerada, turbilhonando no vazio (HEIDEGGER, 2012, p. 91-92).] 
O homem dominará a terra, e será neste momento em que surgirá uma força que o impulsiona a ultrapassar a si e se tornar o além de si.
A natureza deste super-homem não se deixa, de modo algum, descobrir historicamente através de uma análise da época moderna. Por isso, jamais deveremos buscar a configuração essencial do super-homem naquelas figuras que, como "altos executivos", são empurrados para a cúpula das diferentes formas de organização de uma vontade de poder malvista e mal interpretada. Umas coisas devem observar imediatamente: este pensamento, que se põe a pensar a figura de um mestre que ensina o super-homem, diz respeito a nós, à Europa, a toda a Terra, não somente hoje, mas, sobretudo no amanhã. Assim é inteiramente independente do fato se nós afirmamos ou negamos este pensamento, se passamos por cima dele assim atropelando-o, ou se o macaqueamos. Todo pensamento essencial atravessa incólume o cortejo dos prós ou dos contras (HEIDEGGER, 2012, p. 92).
Sendo assim, Heidegger nos alerta acerca desta leitura do Zaratustra de Nietzsche, e como se deverá proceder para melhor compreender: “Cabe, pois, antes de tudo, que aprendamos a aprender do mestre e que isto seja também perguntar, com ele, para além dele. Somente assim experimentaremos um dia quem é o Zaratustra de Nietzsche - ou jamais o experimentaremos” (HEIDEGGER, 2012, p. 92).
Conclui-se então que para experimentá-lo, ouçamos também a voz daquele que anuncia, pois o anunciador ensina ao homem sair de si encontrando a si e superando o mesmo de si para tornar o Além-do-Homem, ou seja, o Übermensch. 
4 Übermensch como superação de si além do bem e do mal
	Após aprender os ensinamentos de Zaratustra[footnoteRef:23], o homem deverá assumir sua nova performance, será necessário reelaborar um novo homem, que será o advento e o tornar-se o Além-homem. Pois já o é superado, o ressentimento não impede de seguir rumo a este fim. [23: Ele ensina à medida que aponta. Ele como que antevê a essência do super-homem e assim o faz visível. Zaratustra é tão só aquele que ensina e não já o próprio super-homem. Igualmente, Nietzsche não é Zaratustra, mas o indagador, que tenta pensar a essência de Zaratustra(HEIDEGGER, 2012, p. 93).] 
	E será preciso firmar sua existência dionisíaca e apolínea simultaneamente. Pois o homem almeja este ideal, e agora nem a alienação cristã e nem os valores do estado o impedirá de se tornar o que era e estava perdido. Ultrapassando assim estas amarras, estará além do bem e do mal. “Vede: eu sou um anúncio do raio e uma pesada gota procedente da nuvem; mas este raio chama-se o Além-homem” (NIETZSCHE, 2002, p 28).
Quem é este homem superado?
Para mim o super-homem é uma conquista individual e não uma conquista de massas. Sempre frisei isso muito bem. O homem só atingiria a super-humanidade através de si mesmo, cada um através de si mesmo. Era preciso amar muito esse homem superado, e desprezar esse homem vencido [ressentido] e derrotado para que os homens pudessem compreender a grandeza de uma exceção (SANTOS, 1958, p. 57).
É necessário, pois, agora colocar em prática os ensinamentos de Zaratustra e tornar-se o mesmo de si, que se tornará o superior de si ao ultrapassar a si na concepção do eterno retorno.
Ele ensina à medida que aponta. Ele como que antevê a essência do super-homem e assim o faz visível. Zaratustra é tão só aquele que ensina e não já o próprio super-homem. Igualmente, Nietzsche não é Zaratustra, mas o indagador, que tenta pensar a essência de Zaratustra (HEIDEGGER, 2012, p. 92).
Nota-se que o surgimento do Super-homem se dará pela ultrapassagem de si. Ou seja, o Além-homem surgirá após a ultrapassagem, que será a ponte para o Übermensch, atesta Heidegger: 
O super (ultra)-homem ultra-passa o modo de ser do homem até hoje e ainda hoje vigente, sendo assim uma ultrapassagem, uma ponte. Para que, aprendendo do mestre, que ensina o super-homem, aprendamos a poder segui-lo, é preciso, insistindo na imagem, chegar propriamente à ponte (HEIDEGGER, 2012, p. 93).
Para esta autossuperação, o homem dever-se-á adotar três pontos para essenciais na tentativa de alcançar o Além-Homem: “pensamos plenamente esta ultrapassagem se, de algum modo, consideramos três aspectos: primeiro, de onde o ultrapassante vai embora; segundo a própria ultrapassagem; terceiro isto é, para onde o ultrapassante se transpõe” (HEIDEGGER, 2012, p. 93). 
Estes pontos são uma síntese de todo percurso feito pelo homem no decorrer de sua vida até o momento vigente, pois o homem vem da alienação dos valores e das amarras da religião, que o tornou preso, angustiado e ressentido nos valores e em si, por ser limitado e alienado a fazer e ser o que não gostaria. Em seguida se depara e defronta consigo desafiando e vingando-se[footnoteRef:24]. Tornando-se o igual do mesmo, ultrapassando o bem e o mal em si pela ponte que o conduz ao além de si. [24: "Pois que o homem seja redimido da vingança: isto é para mim a ponte para a mais elevada esperança e um arco-íris após longa intempérie(HEIDEGGER, 2012, p.94)."] 
É preciso principalmente que o ultrapassante o tenha em vista; mas, sobretudo o próprio mestre, que o aponta, precisa tê-lo em consideração. Na falta do olhar antecipador sobre este "para onde", a ultrapassagem fica sem direção e indeterminado desde onde o ultrapassante precisa se libertar. [...]. Para o ultrapassante e mais ainda para aquele que, enquanto mestre, deve indicar a ultrapassagem, ou seja, para o próprio Zaratustra, o "para onde" permanece insistentemente distante. O distante insiste. À medida que permanece, o distante insiste numa proximidade, a saber, naquela em que o distante se resguarda como distante, à medida que nele e em direção a ele se pensa (HEIDEGGER, 2012, p. 93).
Zaratustra é porta voz da vida, da dor, do círculo, mas também é o anunciador da superação[footnoteRef:25] e do sentido de tudo isso que será o ápice de si, ou seja, a redenção da vingança, o anunciador do Além-homem. [25: A redenção da vingança é a ultrapassagem da recalcitrância[ação ou efeito de recalcitrar, insistir ou teimar; recalcitração ou desobediência] contra o tempo para a vontade, a qual representa o real no eterno retorno do igual, à medida que a vontade se torna o porta-voz do círculo.] 
Com a ultrapassagem vem à tona para onde vai o ultrapassante. Assim pode, um tanto antecipadamente, revelar-se para nós em que medida Zaratustra, enquanto e como o porta-voz da vida, da dor e do círculo, é também e simultaneamente o mestre que ensina o eterno retorno do igual - super-homem (HEIDEGGER, 2012, p. 96).
	
Para continuarmos a desvendar acerca do super-homem, nos ressoa também a indagação. Quem é o Zaratustra de Nietzsche? Dirá Heidegger:
Zaratustra é o mestre do eterno retorno do igual e o mestre do super-homem. Mas agora vemos, e vemos talvez mais claramente para além da mera fórmula, que Zaratustra não é um mestre que ensina duas coisas distintas. Zaratustra ensina o super-homem porque ele é o mestre do eterno retorno do igual. Mas também, ao contrário. Zaratustra ensina o eterno retorno do igual porque ele é o mestre do super-homem. Ambas as doutrinas se coo pertencem num círculo.Através de sua circunvolução, as doutrinas correspondem a isso que é, a saber, ao círculo, o qual constitui o ser do real como o eterno retorno do igual, como o permanente no devir (HEIDEGGER, 2012, p. 104).
Portanto, numa visão hodierna, será a autossuperação do homem que o fará passar por toda esta ressignificação dos valores, ou melhor, pela transvaloração, e dever-se-á lançar ao além, e como Nietzsche, construir uma nova interpretação da realidade deixando seu legado e sua tentativa de transcender além de si por meio da construção de si e da vontade de potência, que não se limita na perspectiva vigente.
	O além-do-Homem é o desejo de superação de toda autoridade da tradição por meio do princípio da criação.
[...] este movimento não é um mero retornar a um estágio anterior de significação da manifestação artística do homem, mas sim que se trata de uma revalorização não conservativa, que tem por objetivo indicar a necessidade da criação a partir da demonstração da restrição das estimativas de valor em voga, pois: “Aquele que se tornou sábio nas antigas origens acabará, estais certos, por procurar fontes do futuro e novas origens (BARROS, 2011, p. 116).
O Além-do-Homem pode ser considerado como um ensinamento ideal no sentido da significação que este termo possui para Nietzsche, pois se torna uma potência vital e engrandecedora da existência humana (BARROS, 2011, p.117).
	Dessa forma, a concepção do Além-homem de Nietzsche é o movimento que todo homem deve fazer para a autossuperação de si tornando-se livre do ressentimento, das alienações e amarras criadas por si e pelos valores morais e religiosos até o tempo vigente. O homem moderno atualmente se autoproclama como um ser que superou todas as amarrações provindas de valores antigos, vive-se um novo paradigma, cujo homem novo, provindo do além-do-homem, bate no peito e se diz superior: “homens superiores! Só agora vai dar à luz a montanha do futuro humano. Deus morreu: agora nós queremos que viva o Super-homem” (NIETZSCHE, 2002, p. 217)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Friedrich Wilhelm Nietzsche(1844-1900) foi um pensador do século XIX, sua filosofia influenciou todo o ocidente. Nietzsche é lido e atualizado de forma estupenda. Escrever e ler sobre suas abordagens é um grande desafio, por ser um autor de um vasto pensamento.
A abordagem deste trabalho teve em vista as considerações acerca do homem que necessita encontrar seu sentido na existência para assim superar as adversidades da vida, como a dor, a angústia e o ressentimento, mergulhando assim no oceano de si que se vingará do homem fraco e ressentido e ao vingar-se, superará os paradigmas que o prende e o impede de superar a si.
A humanidade continua a buscar o sentido de sua existência, enfrentando sofrimentos, como o velho ressentimento que Nietzsche enfrentou lá no século XIX. O momento presente engana o homem, pois mostra que passado era melhor, e tal ilusão, o prende nestas concepções e o impede de enfrentar os problemas e lançar-se ao além de si, construindo ele mesmo o que pode de melhor.
	A filosofia de Nietzsche busca levar o homem a seguir seus próprios caminhos, fazendo-o firmar sua vida a partir de si por meio da libertação de suas angústias e dores. Tal filosofia tem grande importância em seu tempo e atualmente, exemplo disso é o crescimento de leitores de Nietzsche no Brasil e os muitos trabalhos científicos acerca de sua filosofia.
Sua filosofia influenciou a psicologia e a religião. Apesar de sua influência houve muitas leituras equivocadas de Nietzsche, não é porque era ateu ou que seu pensamento seja diferente da psicologia e da religião que se deve desprezá-lo.
	Ler e escrever sobre Nietzsche é desafiador, porém há algo positivo, pois ao ser desfiado, como o próprio Nietzsche foi, o homem irá ao além de si superando paradigmas e reelaborando sua visão de mundo acerca da realidade em que está inserido, contribuindo e deixando seu legado na história independente se irá agradar ou não, pois o importante é o homem encontrar a superação de suas limitações.
REFERÊNCIAS
	
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